Mobilização Sistema Nervoso
Mobilização Sistema Nervoso
Mobilização Sistema Nervoso
Introdução
A mobilização do sistema nervoso (Elvey, Butler) tem se tornado recentemente um
meio popular de tratamento físico da dor neurogênica. Parece haver um enorme potencial
para este método, pois, em circunstâncias apropriadas, proporciona uma forma de
direcionar a terapia mecânica especificamente para os nervos, mais que para outras
estruturas.
Uma vez alcançado este objetivo, o resultado será a obtenção de movimento sem dor,
com conseqüente melhora do nível de habilidade funcional do paciente, o que,
geralmente, é o objetivo final do tratamento. As bases da propriedade do sistema nervoso
para o deslizamento e transmissão de tensão têm sido profundamente pesquisadas.
A análise dos dados demonstrou que o teste de tensão do nervo mediano gerou uma
tensão máxima sobre o nervo mediano, ao nível do túnel do carpo, da ordem de 7.6%,
sendo o maior aumento da tensão durante a posição de extensão do cotovelo (3,5%). Os
elementos do teste de tensão do nervo mediano diminuíram a tensão sobre o nervo ulnar,
ao nível do túnel radial. Os achados destes pesquisadores embasam a utilização de uma
seqüência de posições, na atividade clínica, para induzir tensão sobre o nervo, durante a
avaliação de uma disfunção deste (Byl et al, 2002).
Aspectos gerais
Mecanocepção
A mecanocepção é uma via de entrada para a dor neurogênica, e ocorre quando as
fibras nervosas convertem eventos mecânicos em impulsos aferentes. Este mecanismo ocorre
tanto nos nervos normais como nos nervos com alterações patológicas. Quando fibras
nervosas normais são comprimidas ou estiradas experimentalmente, impulsos são gerados a
partir do local de stress mecânico.
Diabetes
Não é somente a mecânica que pode influenciar a fisiologia do nervo, mas também
a fisiologia alterada pode interferir sobre a mecânica do nervo. O diabetes é uma condição
metabólica que pode tornar os nervos vulneráveis a disfunções.
Inflamação neurogênica
Inflamação neurogênica é uma inflamação evocada ou mediada pelas fibras C
aferentes. Estas fibras nervosas são neurônios nociceptivos que se estendem a partir do
tecido inervado em direção à medula espinhal, via nervos periféricos e raízes nervosas
dorsais. As fibras contêm neuropeptídeos, especialmente substância P e o peptídeo
relacionado ao gene da calcitonina. Quando ativadas por estímulos nocivos aplicados aos
tecidos, as fibras C liberam os neuropeptídeos no interior dos tecidos. Esta liberação
eferente de neuropeptídeos é o que causa a inflamação neurogênica.
Este tipo de dor é considerada como dor patológica ou clínica. A dor patológica é
atribuída a um baixo limiar sensitivo do tecido nervoso, devido ao efeito sensibilizante
da inflamação. É aceito que esta sensibilização envolveria o nervi-nervorum e o sistema
nervoso central. Em geral, a dor que é considerada de origem no tronco nervoso é resultado
de um estímulo mecânico ou manual que influencia o nervi nervorum sensibilizado.
Através de observação clínica, Elvey considerou esta resistência como uma atividade
reflexa muscular fásica protetora, cujo objetivo é responder à dor patológica produzida
pelo teste. Esta hipótese tem sido suportada por evidências eletromiográficas.
A atividade muscular reflexa gerada pelo teste irritativo do tecido nervoso e nervos
periféricos é a mensuração “objetiva”, que forma a base para a interpretação clínica dos
testes. Quando a resposta ao teste irritativo é patológica, o clínico encontrará um aumento
progressivo no tônus muscular enquanto aumenta a intensidade do estímulo, produzindo
uma “sensação através da ADM” diferente.
Uma resposta ao TPN considerada anormal não envolve apenas dor, mas
principalmente a reprodução exata dos sintomas do paciente, como proposto por Elvey
(1980b) e Keneally et al. (1988), e demonstrado por Elvey et al. (1986) e Quintner (1989;
1990). Esta resposta dolorosa seria classificada como uma resposta patológica de dor (Elvey
1997).
Vários testes são descritos na literatura, vamos descrever e citar aqueles os quais
clinicamente utilizamos com maior freqüência em nossa formação de terapia manual
recomenda-se literatura complementar aos testes não citados nesta obra.
1) TESTE DE FLEXÃO PASSIVA DO PESCOÇO
• Cervical Alta – deslizamento caudal
• Cervical baixa – deslizamento cefálica
• Cérebro – para baixo através do forame magno
• Torácica e Lombar – deslizamento cefálico
(Shacklock et al 1994; Shacklock, Michael – 2.005)
PROBLEMAS TÉCNICOS
• Não flexão adequada do pescoço
• Não manutenção correta do tórax
Manobra com muita força e gerando muito alongamento
RESPOSTAS NORMAIS
• Tração sobre a região torácica alta no final de ADM.
• Não é normal dores lombares, dores irradiadas para os MMSS ou MMIIss, dores de
cabeça.
• Picadas, alfinetadas, formigamento nos pés, suspeita de lesão medular indicando
melhor investigação neurológica.
ULNT1 (Teste Neurodinâmico para Membro Superior 1)
• O teste neurodinâmico básico para membro superior provoca movimento em todos
os nervos entre o pescoço e mão, incluindo nervos mediano, radial,ulnar,plexo braquial,
nervos espinhais e raízes nervosas cervicais.
• Maior foco no trajeto do nervo mediano (Kenneally et al 1988).
O SLUMP TESTE
INTRODUÇÃO
O Slump Teste é uma forma de realizar o TEPE (Teste de Elevação da Perna
Estendida) em uma posição sentada. Desta forma, podem ser acrescentados ao teste
movimentos da cabeça, pescoço e tronco, que irão adicionar mais tensão aos tecidos e mais
aferências (input) no Sistema Nervoso Central (SNC). Este teste é, freqüentemente, mais
sensível para a dor lombar que os outros testes neurodinâmicos (Massey 1985), embora
nem sempre.
A. POSIÇÃO INICIAL
Solicite ao paciente para sentar-se ereto e bem para trás na maca com seus
tornozelos descruzados. A fossa poplítea deve estar em contato com a borda da maca. Peça
ao paciente para posicionar seus joelhos unidos e relaxar as pernas. Os quadris estarão um
pouco abduzidos. Peça ao paciente para juntar suas mãos às costas. Esta posição das mãos
nas costas não é absolutamente necessária, mas tornou-se uma parte tradicional do Slump
Teste, e ajuda a manter os braços do paciente fora do caminho do teste. Sente-se próximo
ao paciente, como na figura, com suas mãos prontas para guiar o movimento.
B. FLEXÃO DA COLUNA
Peça ao paciente ao paciente para flexionar, ou “dobrar-se ao meio”, e permaneça
olhando para a frente. Algumas vezes um empurrão suave sobre o estômago facilitará este
movimento. Procure guiar o movimento de forma que a pelve na rode para trás. Irá ajudar
se você pedir ao paciente para “manter-se para cima e dobrar sua espinha”. Geralmente
não há necessidade de adicionar pressão extra para baixo sobre a coluna, embora isto
possa ser realizado posteriormente, se necessário. Observe se este movimento produz algum
sintoma ou altera algum sintoma que estava presente no início do teste.
C. FLEXÃO CERVICAL
Com a posição de flexão da coluna mantida, peã ao paciente para levar sua cabeça
para baixo: “leve o queixo ao peito”. Você pode guiar gentilmente este movimento com uma
mão no occipital. Esta suave pressão significa que, caso a flexão cervical seja dolorosa, o
paciente terá total condição de estender a região cervical, se necessário. Alguns pacientes
irão curvar sua cabeça para baixo, mas a sua coluna cervical superior continuará em
extensão.
Observe como o paciente realiza o teste e, se você achar que deve colocar mais tensão
sobre o sistema nervoso, peça ao paciente para levar seu queixo “para dentro” e depois
flexionar a coluna cervical. Para os pacientes em que o Slump Teste é uma novidade este
método de colocação suave das mãos pode não ser uma ameaça.
D. EXTENSÃO DO JOELHO
Agora peça ao paciente para estender seu joelho. Eu geralmente peço ao paciente
para estender primeiro o lado não doloroso ou o menos doloroso, ou se não há um lado
dominante, peço para estender o lado esquerdo primeiro. Alguns pacientes irão realizar
dorsiflexão do tornozelo automaticamente, mas peça para manter o tornozelo relaxado.
F. EXTENSÃO DO JOELHO
Mantendo a posição descrita acima peça ao paciente para estender o joelho o
máximo possível. Freqüentemente isto será possível. Observe se isto faz reaparecer os
sintomas novamente. Explique seus achados ao paciente e faça-o ficar atento, se for o caso,
que ele possa alterar os sintomas movimentos nos movimentos em “ambos os finais‟.
RESPOSTAS NORMAIS
As respostas normais ao Slump Teste, conforme descritas abaixo, foram observadas
em um grande grupo de estudantes da Universidade do Sul da Austrália, e fornecem
alguma informação sobre o que poderia ser esperado em outros grupos de populações. Estes
estudos foram resumidos por Butler (1991). As três respostas normais mais importantes são:
1. Metade dos sujeitos (com média de idade de aproximadamente 20 anos) sentiu uma dor
central na região de T8-T9, quando a flexão cervical foi acrescentada à posição de flexão.
Este achado é menos comum em pacientes idosos.
2. A maioria dos sujeitos não será capaz de estender completamente sua perna, na posição de
extensão do joelho, devido a sintomas geralmente sentidos na região posterior do joelho e
coxa.
3. Os sintomas do joelho geralmente aliviam quando a coluna cervical é estendida, e o joelho
pode ser estendido um pouco mais.
4. Testes executados bilateralmente e comparativamente. Aconselha-se não realizar este teste
diante de quadros agudos ou mesmo em grandes espondilolisteses graus II e III.
Teste do nervo safeno – executado com o paciente em decúbito ventral, mão cefálica
estabiliza a sacro ilíaca e quadril do mesmo lado testado, leve abdução de coxa com
extensão leve sobre o membro inferior do Fisioterapeuta, mão caudal segurando o calcâneo
e executando em segundo plano a dorsi flexão do tornozelo e rotação externa de tíbia,
deslocando o membro inferior testado para extensão de joelho.
Desordens Irritáveis
• Escolha da técnica á distância dos sintomas
• Posicionar com alívio da dor (procuramos posição antálgica)
• Não provocar sintomas no local ou projetado
• Grande ADM grau II – lento e rítmico (séries de 1 minuto com movimentos em
torno de 20 repetições)
Em casos crônicos estáveis escolhemos técnicas através da mobilização do sistema
nervoso no local da disfunção.
Desordens não irritáveis
• Tratar de acordo com o grau de irritabilidade
• Tratar até sentir alguma resistência
• Sintomas provocados podem diminuir quando
Diminui-se a tensão
PRECAUÇÕES
• Presença de sinais neurológicos
• Irritabilidade do Sistema Nervoso
• Tonturas
• Distúrbios circulatórios
• Saúde Geral
• Piora de quadros patológicos
• Outras estruturas envolvidas
CONTRA-INDICAÇÕES
• Lesões neurológicas recentes ou piora de quadros neurológicos
• Lesões da cauda equina
• Lesões Medulares
• Síndrome de compressão Medular
(grandes hérnias discais e espondilolisteses)
Exemplos clínicos:
MOBILIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO NA PATOLOGIA
DE QUERVAIN OU EPICONDILITE
Em 40% dos pacientes com diagnóstico de Quervain apresentam um
comprometimento do nervo radial superficial e não uma inflamação da bainha sinovial
dos tendões do primeiro compartimento extensor. Uma condição músculo-esquelética pode
ser consequência do envolvimento neural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mobilização do sistema nervoso tem sido abordada nos últimos vinte anos com o
objetivo terapêutico e recentemente a técnica vem sendo utilizada também com o objetivo
de diagnóstico, avaliando as mais diversas patologias que acometem as raízes nervosas.
Nota-se que a técnica foi eficaz no tratamento de seus pacientes com quadros de
lombalgia e também que um paciente portador da síndrome do escrivão apresentou
redução da dor e melhora da coordenação durante a atividade de escrita após utilizar esta
técnica.
Referência