Volumetria Precipitação PDF
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I - Introdução
A volumetria de precipitação se baseia em reações com formação de compostos pouco
solúveis. As titulações de precipitação estão entre os métodos analíticos mais antigos, mas
são muito limitadas porque muitas reações de precipitação não obedecem a alguns
requerimentos básicos para o sucesso de uma titulação como estequiometria e/ou velocidade
da reação e visualização do ponto final.
A co-precipitação do analito ou do titulante leva muito freqüentemente a reações não
estequiométricas. As técnicas de digestão e envelhecimento dos precipitados, usadas para
minimizar a co-precipitação na gravimetria, não podem ser aplicadas nas titulações diretas
uma vez que requerem um tempo considerável para tornarem-se efetivas.
A velocidade de formação de alguns precipitados, particularmente na titulação de
soluções diluídas, é comumente bastante baixa. À medida que se aproxima o ponto de
equivalência e o titulante é adicionado lentamente, não existe um alto grau de supersaturação
e a velocidade da precipitação pode se tornar muito pequena.
Em um número reduzido de casos é possível conduzir a titulação sob observação visual
até o ponto em que a formação do precipitado deixa de ocorrer. Mais comumente, adota-se o
uso de indicadores. Muitos métodos volumétricos de precipitação empregam indicadores mais
ou menos específicos, isto é, apropriados para uma dada reação de precipitação. Há, no
entanto, uma classe especial de indicadores, os indicadores de adsorção, que encontram um
campo mais amplo de aplicação. As possibilidades do uso das reações de precipitação na
análise titulométrica se ampliam consideravelmente com a utilização de métodos físico-
químicos para a localização do ponto final.
A Tabela 5 relaciona alguns métodos volumétricos de precipitação com caráter
específico. Todavia, o mais importante deles é a argentimetira que se baseia na formação de
sais de prata (haletos, cianeto e tiocianato) pouco solúveis.
Reagente
Íon determinado Produto Indicador
titulante
- -
Br , Cl Hg2(NO3)2 Hg2X2 Azul de bromofenol
2-
C2O4 Pb(OAc)2 PbC2O4 Fluoresceína
F- Th(NO3)4 ThF4 Vermelho de alizarina
2-
MoO4 Pb(OAc)2 PbMoO4 Eosina A
Vermelho de
2+ MgMoO4 PbMoO4
Pb solocromo B
K2CrO4 PbCrO4
Ortocromo T
3-
PO4 Pb(OAc)2 Pb3(PO4)2 Dibromofluoresceína
2- BaCl2 BaSO4 Tetraidroxiquinona
SO4
Pb(NO3)2 PbSO4 Eritrosina
2+
Zn K4Fe(CN)6 K2Zn3[Fe(CN)6] Difenilamina
1-Soluções padrão
2-Indicadores
Os indicadores usados nas titulações de precipitação são usualmente específicos, isto é,
reagem seletivamente com o titulante para formar uma substância colorida. Tanto o analito, A,
como o indicador, In, podem reagir com o titulante, T, assim, ambos podem ser considerados
como competidores.
Como a reação do indicador é a responsável pela mudança de cor, que sinaliza o ponto
final da titulação, ela não deve ocorrer até que todo o analito tenha reagido com o titulante. A
extensão na qual o analito reage preferencialmente ao indicador é governada basicamente
pela diferença nas constantes de equilíbrio das duas reações. Quanto maior a constante de
equilíbrio para a reação de titulação relativa à reação do indicador maior a preferência do
titulante pelo analito.
A reação do indicador com o titulante deve resultar em uma mudança de cor significativa
com um consumo negligenciável do titulante para que o erro da titulação seja pequeno. Duas
condições são necessárias para que isto ocorra:
1)a reação do indicador deve proceder apreciavelmente para a direita mesmo na presença de
uma pequena quantidade do titulante;
2)o produto da reação do indicador deve ser intensamente colorido de modo que possa ser
visualizado mesmo em baixa concentração.
Um outro tipo de indicador usado na argentimetria é o indicador de adsorção. Esses
indicadores são corantes orgânicos, com caráter de ácidos ou bases fracos (aniônicos ou
catiônicos, respectivamente), que acusam o ponto final através de uma mudança de coloração
sobre o precipitado. A mudança de coloração se deve à adsorção ou dessorção do corante,
como conseqüência de uma modificação da dupla camada elétrica em torno das partículas do
precipitado na passagem do ponto de equivalência.
3-Aplicações
Ao longo da história da ciência as pessoas que fazem descobertas importantes são
freqüentemente homenageadas tendo os seus nomes ligados às descobertas. Embora essa
prática não seja muito comum atualmente, os métodos mais antigos tais como os métodos
argentimétricos recebem o nome dos químicos responsáveis pelo seu desenvolvimento.
Esse método foi desenvolvido para a determinação de íons cloreto, brometo e iodeto
usando como titulante uma solução padrão de nitrato de prata e como indicador uma solução
de cromato de potássio.
+ -
Reação de titulação: Ag + Cl AgCl(s) (precipitado branco)
+ 2-
Reação do indicador: 2 Ag + CrO4 Ag2CrO4(s) (precipitado vermelho tijolo)
-12
A solubilidade molar do Ag2CrO4 (Kps = 1,1 x 10 ) é cerca de 5 vezes maior do que a
-10
do AgCl (Kps = 1,75 x 10 ), conseqüentemente o AgCl precipita primeiro. Imediatamente
após o ponto de equivalência a concentração de íons prata torna-se grande o suficiente para
iniciar a precipitação do cromato de prata, que sinaliza o fim da titulação.
Como a concentração de íons no ponto de equivalência é conhecida, a concentração de
íons cromato necessária para iniciar a precipitação do cromato de prata pode ser calculada.
Normalmente, é usada uma concentração de cromato de 0,005 a 0,01 mol/L, o que contribui
com um erro muito pequeno para concentrações de cloreto em torno de 0,1 mol/L. Em
concentrações mais baixas de cloreto o erro é suficientemente grande para ser ignorado e
deve ser feita uma correção para determinar o branco do indicador, isto é, determinar a
quantidade de nitrato de prata necessária para titular o indicador. Esta prova em branco é
feita usando uma suspensão de um sólido branco inerte, usualmente, carbonato de cálcio,
livre de cloreto. Como alternativa para determinar o branco do indicador, a solução de nitrato
de prata é padronizada com uma solução padrão de cloreto de sódio, usando o método de
Mohr. Se os volumes de nitrato de prata necessários para titular o padrão e a amostra forem
próximos, os erros do indicador para as duas titulações serão cancelados.
A limitação mais séria do método de Mohr é a necessidade do controle cuidadoso do pH
da solução, que deve ficar entre 6,5 e 10,5.
Quando o pH é inferior a 6,5 o cromato de prata torna-se excessivamente solúvel devido
à reação:
2- + 4- 2-
2 CrO4 + 2H 2 HCrO Cr2O7 + H2O
Os cátions dos metais de transição são interferentes para o método de Mohr porque
formam hidróxidos insolúveis ou sais básicos em meio neutro ou em soluções alcalinas que
tendem a co-precipitar os íons cloreto e brometo. Além disso, alguns hidróxidos são bastante
coloridos, como o Fe(OH)3, e mascaram a cor do indicador. Chumbo e bário não devem estar
presentes por formarem cromatos pouco solúveis.
Ânions como fosfato, arseniato, carbonato e oxalato interferem por formarem sais pouco
solúveis com a prata em soluções neutras e alcalinas. Se essas espécies estiverem presentes
em quantidades apreciáveis devem ser separadas da amostra ou deve ser usado um método
alternativo.
A aplicação desse método à determinação de cianeto só é viável em soluções
ligeiramente alcalinas. A titulação de iodeto e tiocianato não são satisfatórias apesar das
solubilidades relativamente baixas desses sais de prata; o iodeto de prata e o tiocianato de
prata adsorvem tão fortemente o íon cromato que eles não floculam no ponto final resultando
em uma mudança de cor insatisfatória. A prata não pode ser titulada diretamente com o
cloreto usando cromato como indicador, pois o cromato de prata, inicialmente presente, se
dissolve muito lentamente próximo do ponto de equivalência. Contudo, pode-se adicionar um
excesso de solução padrão de cloreto e, então, contratitular usando o cromato como
indicador.
O método de Volhard envolve a titulação do íon prata, em meio ácido, com uma solução
padrão de tiocianato e o íon Fe (III) como indicador, que produz uma coloração vermelha na
solução com o primeiro excesso de tiocianato.
+ -
Reação de titulação: Ag + SCN AgSCN (s) (precipitado branco)
3+ - 2+
Reação do indicador: Fe + SCN FeSCN (complexo solúvel vermelho)
-
O íon Fe (III) é um indicador extremamente sensível para o íon SCN . Cálculos mostram
que o erro do indicador varia muito pouco à medida que a concentração dos íons Fe (III)
aumenta de 0,005 a 1,5 mol/L. Na prática, concentrações maiores que 0,2 mo/L devem ser
evitadas porque os íons Fe (III) dão à solução uma coloração amarela que mascara a
mudança de cor do indicador.
O método pode ser usado para a titulação direta de prata com solução padrão de
tiocianato ou para a titulação indireta de cloreto, brometo e iodeto. Na titulação indireta, um
excesso de solução padrão de nitrato de prata é adicionado e a quantidade que não reage
- - -
com os íons Cl , Br e I é contratitulada com solução padrão de tiocianato.
+ -
Reação do analito: Ag (excesso) + Cl AgCl(s)
+ -
Reação de titulação: Ag (sem reagir) + SCN AgSCN(s)
3+ - 2+
Reação do indicador: Fe + SCN FeSCN
Esse método usa os indicadores de adsorção para sinalizar o ponto final da titulação. Na
aplicação desses indicadores à argentimetria é preciso considerar que a sensibilidade do
haleto de prata à luz é aumentada pelos corantes. Em vista disso, a titulação deve ser
efetuada rapidamente e sob luz difusa.
O mecanismo de atuação desses indicadores foi explicado por Fajans e pode ser
exemplificado considerando-se a titulação direta de íons cloreto com solução padrão de nitrato
de prata. Antes do ponto de equivalência, partículas coloidais de AgCl são carregadas
-
negativamente devido à adsorção dos íons Cl existentes na solução.
- +
(AgCl) . Cl ׀ M excesso de cloreto
camada primária camada secundária
-
Os íons Cl adsorvidos formam uma camada primária, tornando as partículas coloidais
negativamente carregadas. Essas partículas atraem os íons positivos da solução para formar
uma segunda camada, mais fracamente ligada.
+ -
Além do ponto de equivalência, o excesso de íons Ag desloca os íons Cl da camada
primária e as partículas se tornam positivamente carregadas.
+ -
(AgCl) . Ag ׀ X excesso de prata
camada primária camada secundária
1)O precipitado deve separar-se com uma superfície específica relativamente grande, pois o
funcionamento dos indicadores de adsorção envolve um fenômeno de superfície. Um colóide
protetor, como a dextrina, pode ser adicionado para manter o precipitado altamente disperso;
3)O pH do meio deve ser controlado para garantir uma concentração eficiente do ácido ou da
-7
base. A fluoresceína, por exemplo, tem um Ka ~10 e em solução mais ácidas do que pH = 7
-
a concentração dos íons FI é tão pequena que nenhuma coloração é observada. Portanto,
esse indicador só pode ser usado em uma faixa de pH de 7 a 10. A diclorofluoresceína tem
-4
um Ka ~10 e pode ser usada em soluções com pH variando entre 4 e 10;
4)É preferível que o íon do indicador tenha a carga contrária à do íon adicionado como
titulante. A adsorção do indicador não ocorrerá até que um excesso de titulante esteja
presente.
Uma lista de indicadores de adsorção é dada na Tabela 6 abaixo:
1)Pesar a massa de nitrato de prata necessária para preparar 100mL de solução de concentração
c.a. 0,1 mol/L;
3.2 - Padronização de uma solução de nitrato de prata c.a. 0,1 mol/L – Método de Mohr
3.2.1-Planejamento:
a)Reagente
Para ser usado como padrão primário, o cloreto de sódio p.a. deve ser previamente
secado a 500-600°C por 20-30 minutos ou durante 1 hora a 110-130 °C e resfriado em
dessecador.
b)Indicador
Como será usado o método de Mohr, o indicador será uma solução 5% m/v de cromato
de potássio em um meio com pH entre 6,5 e 10,5.
3.2.2- Procedimento:
5)Titular com solução de nitrato de prata sob agitação constante até o aparecimento do
precipitado vermelho tijolo (até a mudança de coloração de amarelo para avermelhada)
3.3.1-Planejamento:
3.3.2 – Procedimento
1)Com uma pipeta volumétrica, transferir 3,00 mL da solução de soro fisiológico para um
erlenmeyer de 125 mL.
4)Titular com uma solução padrão de nitrato de prata 0,1mol/L, sob agitação constante, até a
mudança da coloração da solução de amarela para levemente cor-de-rosa (observar a
formação de um precipitado cor-de-rosa no fundo do erlenmeyer)