PRocedimentos Gerais para SPT

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA

BANCO DE DADOS GEOLÓGICO – GEOTÉCNICOS COM BASE EM


SONDAGENS À PERCUSSÃO E USO DE SIG: ANÁLISE ESPACIAL DA
PROFUNDIDADE DO LENÇOL FREÁTICO E DO NSPT PARA OBRAS DE
FUNDAÇÃO EM JOÃO PESSOA – PB

Eng. WANESSA CARTAXO SOARES

Tese apresentada à Escola de Engenharia de


São Carlos da Universidade de São Paulo, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de
Doutor em Ciências, Programa de Pós Graduação
em Geotecnia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Oswaldo Augusto Filho

São Carlos – SP

2011
2
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13

2 HIPÓTESES DE TRABALHO E OBJETIVOS .............................................................. 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 18

3.1 Sondagens a percussão e o Standard Penetration Test (SPT) ............................. 18

3.1.1 Aspectos Gerais, Execução e Representação ............................................... 18


3.1.2 Utilização, Parâmetros e Correlações ............................................................ 23
3.2 Bancos de Dados e SIG ........................................................................................ 27

3.2.1 Aspectos Gerais ............................................................................................ 28


3.2.2 Modelo Entidade e Relacionamento – MER (modelo conceitual) ................... 29
3.2.3 Modelo Relacional ......................................................................................... 30
3.2.4 Bancos de Dados Geográficos ...................................................................... 33
3.2.5 Sistemas de Informação Geográfica (SIG) .................................................... 34
3.2.6 Bancos de dados e SIG ................................................................................. 38
3.2.7 Bancos de dados geotécnicos ....................................................................... 39
3.3 Métodos de Interpolação ....................................................................................... 44

3.3.1 Determinísticos .............................................................................................. 44


3.3.1.1 - Triangulação com Interpolação Linear – TIN............................................ 44
3.3.1.2 Inverso Ponderado da Distância ................................................................ 45
3.3.1.3 Spline ......................................................................................................... 46
3.3.1.4 Topo to Raster ........................................................................................... 46
3.3.2 Geoestatística................................................................................................ 47
3.3.2.1 Variáveis Regionalizadas ........................................................................... 48
3.3.2.2 Variograma ................................................................................................ 49
3.3.2.3 Krigagem ................................................................................................... 53
3.3.2.4 Exemplos de Aplicação .............................................................................. 54

4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................................... 57

4.1 Localização, Aspectos Físicos e Sociais ............................................................... 57

4.2 Aspectos Geológicos ............................................................................................ 58

4.3 Aspectos Geomorfológicos e Pedológicos ............................................................ 61

4.4 Aspectos Geotécnicos........................................................................................... 63

4.5 Aspectos da Hidrologia ......................................................................................... 67

4.6 Aspectos da Hidrogeologia ................................................................................... 70


4

4.7 Aspectos do Clima................................................................................................. 71

4.8 Aspectos da Vegetação ......................................................................................... 72

5 MÉTODO ..................................................................................................................... 73

5.1 Planejamento ......................................................................................................... 74

5.2 Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 75

5.3 Coleta e tratamento dos dados ............................................................................. 75

5.3.1 Base Topográfica Digital ................................................................................ 75


5.3.2 Modelo Digital do Terreno (MDT) ................................................................... 77
5.3.3 Mapa de declividade ...................................................................................... 79
5.3.4 Mapa de Bacias Hidrográficas ....................................................................... 79
5.3.5 Mapa Geológico............................................................................................. 79
5.3.6 Seleção e organização dos boletins de sondagens ....................................... 80
5.3.7 Estruturação das planilhas do banco de dados das sondagens ..................... 81
5.3.8 Entrada dos dados de sondagens ................................................................. 84
5.3.8.1 Cotas das bocas dos furos de sondagens .................................................. 85
5.4 Interpolações......................................................................................................... 86

5.4.1 Superfície Freática......................................................................................... 86


5.4.2 Índice de Resistência a Penetração (NSPT)..................................................... 87
5.4.3 Impenetrável .................................................................................................. 89
5.4.4 Validação ....................................................................................................... 90
5.4.5 Cartas para Fundações ................................................................................. 90
5.4.6 Etapas de Campo .......................................................................................... 90

6 RESULTADOS E ANÁLISES ....................................................................................... 92

6.1 Base Topográfica Digital ....................................................................................... 92

6.1.1 MDT e Mapas Derivados ............................................................................... 92


6.2 Boletins de Sondagens, Locação e Inserção dos Furos no Banco de Dados....... 100

6.2.1 Estruturação das Planilhas do Banco de Dados das Sondagens ................. 104
6.3 Interpolações....................................................................................................... 108

6.3.1 Superfície Freática....................................................................................... 108


6.3.1.1 Topo To Raster ........................................................................................ 114
6.3.1.2 Krigagem ordinária ................................................................................... 116
6.3.2 MDT Menos a Superfície Freática ............................................................... 120
6.3.3 Comparação Entre Períodos De Chuvas – Seco ......................................... 122
5

6.3.4 Índice de Resistência à Penetração (Nspt ) ................................................... 125


6.3.5 Setor 1 ......................................................................................................... 127
6.3.5.1 Parâmetros Geoestatísticos ..................................................................... 128
6.3.5.2 Profundidade: 1 a 5 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster ........... 131
6.3.5.3 Profundidade: 6 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster ................. 135
6.3.5.4 Profundidade: 10 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster ............... 139
6.3.5.5 Profundidade: 14 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster ............... 142
6.3.6 Setor 2 ......................................................................................................... 146
6.3.6.1 Parâmetros Geoestatísticos ..................................................................... 147
6.3.6.2 Profundidade: 1 a 5 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster............ 149
6.3.6.3 Profundidade: 12 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster ............... 152
6.3.7 Setor 3 ......................................................................................................... 156
6.3.7.1 Parâmetros Geoestatísticos ..................................................................... 157
6.3.7.2 Profundidade: 1 a 5 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster........... 159
6.3.7.3 Profundidade:12 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster ................ 162
6.3.8 Impenetrável à Percussão; NSPT > 50 .......................................................... 166
6.4 validação das estimativas ................................................................................... 170

6.5 Mapas para uso de Fundaçoes ........................................................................... 177

6.5.1 Tensão admissível para Fundações Diretas / Superficiais ........................... 177


6.5.2 Fundações Profundas.................................................................................. 184

7 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 188

8. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 193

APÊNDICE A ............................................................................................................... 211


6

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Esquema ilustrativo do aparato de realização do SPT (Schnaid,2000). .............. 20

Figura 3.2 Boletim de sondagem (Concresolo, 2008). ........................................................ 22

Figura 3.3 Exemplo de semivariograma (Camargo, 1997). .................................................. 50

Figura 3.4 Representação gráfica de semivariogramas experimentais e modelos teóricos


(Camargo, 1997). ................................................................................................................. 52

Figura 4.1 Localização do município de João Pessoa – PB (Nascimento, 2008). ................ 58

Figura 4.2 Quadro resumo da situação estratigráfica das unidades geológicas da área de
estudo. Fonte: Coutinho (1967) e de Martins (2006). ........................................................... 59

Figura 4.3 Mapa com as principais unidades geológicas presentes na área de estudo. Fonte:
Coutinho (1967) e Martins (2006). ....................................................................................... 60

Figura 4.4 Falésias mortas. Timbó (fotos: A. S. T. de MELO, 1998 apud MELO; ALVES;
GUIMARÃES, 2001). ........................................................................................................... 62

Figura 4.5 Perfil praial de trecho da praia de Manaíra em janeiro de 2005 (a) e em junho de
2005 (b) (as rochas aflorando são na verdade de obras anteriores de contenção do processo
erosivo – na foto (a) elas se encontram soterradas pelos sedimentos). Furrier (2007). ....... 63

Figura 4.6 Mineração em área urbana na cidade de João Pessoa. ...................................... 64

Figura 4.7 Mapa com as principais bacias hidrográficas presentes na área de estudo. ....... 69

Figura 4.8 Pluviosidade média mensal de João Pessoa, no período de 1912 a 1985
(SUDENE, 1990 apud FURRIER, 2007). ............................................................................. 72

Figura 5.1 Ilustração do arquivo txt com os parâmetros de entrada do módulo Topo to raster.
............................................................................................................................................ 78

Figura 5.2 Esquema ilustrativo da estrutura das tabelas ...................................................... 83

Figura 5.3 Esquema representando a diferença de nível entre a cota da boca do furo de
sondagem nos casos com realização de cortes no terreno anteriores a execução do ensaio.
............................................................................................................................................ 86

Figura 6.1 Articulação das folhas topográficas. .................................................................... 93


7

Figura 6.2 Segmento das folhas topográficas de João Pessoa – PB. .................................. 94

Figura 6.3. Segmento da Base topográfica digital (elementos vetorizados). ........................ 95

Figura 6.4 Ilustração do Mapa Hipsométrico obtido a partir do MDT no formato grid . ........ 96

Figura 6.5 Comparação entre as curvas de nível originais e as interpoladas a partir do MDT
grid com 4 m de espaçamento. ............................................................................................ 97

Figura 6.6 Mapa de declividade obtido a partir do MDT. ...................................................... 99

Figura 6.7 Croqui com locação dos furos de sondagem SP1 e SP2 (Concresolo, 2007). .. 100

Figura 6.8 Perfil de sondagem SP1 (Concresolo, 2007). ................................................... 101

Figura 6.9 Perfil de sondagem SP2 (Concresolo, 2007). ................................................... 102

Figura 6.10 Distribuição das sondagens inseridas no banco de dados e especificação das
utilizadas nas modelagens. ................................................................................................ 103

Figura 6.11 Tabela de atributos do arquivo shape de pontos referentes aos furos de
sondagem. ......................................................................................................................... 105

Figura 6.12 Tabela em formato dBase contendo os atributos das sondagens que variam
com a profundidade. .......................................................................................................... 106

Figura 6.13 Comando join, que gerencia a ligação entre tabelas. ...................................... 107

Figura 6.14 Tabela resultante da ligação. .......................................................................... 108

Figura 6.15 Disposição dos furos em que foi alcançado o NA. .......................................... 109

Figura 6.16 Exemplo de perfil de sondagem com NA referente a aqüífero suspenso. ....... 112

Figura 6.17 Localização dos poços utilizados como dados adicionais. .............................. 113

Figura 6.18 Superfície freática para o período seco do ano por meio do Topo to Raster. .. 115

Figura 6.19 Variograma omnidirecional para a variável cota do NA. .................................. 117

Figura 6.20 Validação cruzada com a krigagem ordinária para a variável N.A.. ................. 117

Figura 6.21 Superfície freática para o período seco do ano por meio de krigagem ordinária.
.......................................................................................................................................... 118
8

Figura 6.22 Subtração: MDT menos a superfície freática (diferença em metros). ............. 121

Figura 6.23 Superfície freática para o período chuvoso do ano por meio do Topo to Raster.
.......................................................................................................................................... 123

Figura 6.24 Superfície freática para o período seco do ano por meio do Topo to Raster. .. 124

Figura 6.25 Setores utilizados nas interpolações do NSPT. ................................................. 126

Figura 6.26 NSPT nos diferentes níveis de profundidade no setor 1. ................................... 127

Figura 6.27 Variograma omnidirecional para o NSPT médio entre as profundidades de 1 e 5m.
.......................................................................................................................................... 129

Figura 6.28 Variograma omnidirecional para o NSPT a profundidade de 6 m....................... 129

Figura 6.29 Variograma omnidirecional para o NSPT a profundidade de 10 m..................... 130

Figura 6.30 Variograma omnidirecional para o NSPT a profundidade de 14 m..................... 130

Figura 6.31 Interpolação do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade no setor 1


(Krigagem ordinária). ......................................................................................................... 132

Figura 6.32 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 1(Topo to Raster). ................................................................................................ 133

Figura 6.33 Interpolação dos valores de NSPT a 6 m de profundidade no setor 1 (Krigagem


ordinária). .......................................................................................................................... 136

Figura 6.34 Interpolação dos valores de NSPT a 6 m de profundidade no setor 1(Topo to


Raster). .............................................................................................................................. 137

Figura 6.35 Quadro com amostras obtidas nos ensaios com NSPT ≤ 2 a 6 metros de
profundidade no Setor 1..................................................................................................... 138

Figura 6.36 Interpolação dos valores de NSPT a 10 m de profundidade no setor 1 (Krigagem


Ordinária) ........................................................................................................................... 139

Figura 6.37 Interpolação dos valores de NSPT a 10 m de profundidade no setor 1(Topo to


Raster ................................................................................................................................ 141

Figura 6.38 Interpolação dos valores de NSPT a 14 m de profundidade no setor 1(Krigagem


Ordinária). .......................................................................................................................... 142
9

Figura 6.39 Interpolação dos valores de NSPT a 10 m de profundidade no setor 1(Topo to


Raster) ............................................................................................................................... 144

Figura 6.40 Quadro com amostras obtidas nos ensaios com NSPT ≤ 2 a 14 metros de
profundidade no Setor 1. ................................................................................................... 145

Figura 6.42 Variograma omnidirecional para o NSPT médio entre as profundidades de 1 e 5m


no Setor 2. ......................................................................................................................... 148

Figura 6.43 Variograma omnidirecional para o NSPT médio 12 m no Setor 2. ..................... 148

Figura 6.44 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 2 (Krigagem Ordinária). ........................................................................................ 150

Figura 6.45 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 2 (Topo to Raster). ............................................................................................... 151

Figura 6.46 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 2 (Krigagem


ordinária). .......................................................................................................................... 154

Figura 6.47 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 2 (Topo to


Raster). .............................................................................................................................. 155

Figura 6.48 Histogramas do NSPT no Setor 3...................................................................... 156

Figura 6.49 Variograma omnidirecional para o NSPT médio entre as profundidades de 1 e 5m


no setor 3........................................................................................................................... 158

Figura 6.50 Variograma omnidirecional para NSPT a 12 metros de profundidade no setor 3.


.......................................................................................................................................... 158

Figura 6.51 Interpolação do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade no setor 3


(Krigagem ordinária). ......................................................................................................... 159

Figura 6.52 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 1(Topo to Raster). ................................................................................................ 160

Figura 6.53 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 3 (Krigagem


ordinária). .......................................................................................................................... 162

Figura 6.54 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 3 (Topo to


Raster). .............................................................................................................................. 163
10

Figura 6.55 Contexto urbano e geologia no Setor 3. ........................................................ 165

Figura 6.56 Profundidade do impenetrável à percussão (NSPT > 50) para o Setor 1. ....... 167

Figura 6.57 Profundidade do impenetrável à percussão (NSPT > 50) para o Setor 2. ......... 168

Figura 6.58 Profundidade do impenetrável à percussão (NSPT > 50) para o Setor 3. .......... 169

Figura 6.59 Sondagens utilizadas na validação das estimativas do Setor 1. ...................... 171

Figura 6.60 Sondagens utilizadas na validação das estimativas do Setor2. ....................... 172

Figura 6.61 Sondagens utilizadas na validação das estimativas do Setor 3. ...................... 173

Figura 6.62 Tensão Admissível no Setor 1 em MPa. ........................................................ 178

Figura 6.63 Tensão Admissível no Setor 2 em MPa. ......................................................... 179

Figura 6.64 Tensão Admissível no Setor 3 em MPa. ......................................................... 180

Figura 6.65 Setor 1: Mapa com áreas propícias ao apoio de estacas de compactação
(profundidade – 6 metros). ................................................................................................. 183

Figura 6.66 Mapa de uso para fundações – 14 metros (Setor 1). ....................................... 185

Figura 6.67 Mapa de uso para fundações – 12 metros (Setor 2)........................................ 186

Figura 6.68 Mapa de uso para fundações – 12 metros (Setor 3)........................................ 187
11

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 Principais etapas e atividades da pesquisa. .................................................. 73

Tabela 5.2 Códigos das folhas que compõem a Carta Plani-altimétrica de João Pessoa – B.
....................................................................................................................................... 76

Tabela 5.3 Sondagens utilizadas na pesquisa ................................................................ 85

Tabela 5.4 Intervalos obtidos para as classes de valores de NSPT, de acordo com a
consistência/ compacidade dos solos ............................................................................. 89

Tabela 6.1 Classes de declividade e áreas. .................................................................... 98

Tabela 6.2 Parâmetros básicos do modelo variográfico ajustado para a superfície freática
..................................................................................................................................... 116

Tabela 6.3 Parâmetros básicos do modelo variográfico ajustado para as interpolações do


Setor 1. ......................................................................................................................... 128

Tabela 6.4 Camada 1 – 5 m: Setor 1. ........................................................................... 134

Tabela 6.6 Camada 1 – 5 m: Setor 2. ........................................................................... 149

Tabela 6.7 Parâmetros básicos do modelo variográfico ajustado para as interpolações do

Tabela 6.8 Camada 1 – 5 m: Setor 3. ........................................................................... 161

Tabela 6.9 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT
médio entre 1 e 5 metros (RMS = 1,53) ........................................................................ 174

Tabela 6.10 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT a
6 metros (RMS = 3,2) ................................................................................................... 174

Tabela 6.11 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT a
10 metros (RMS = 4,8) ................................................................................................. 175

Tabela 6.12 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT a
14 metros (RMS = 5,4) ................................................................................................. 175

Tabela 6.13 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 2 para o valor do NSPT
médio entre 1 e 5 metros (RMS = 3,1) .......................................................................... 176
12

Tabela 6.14 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 2 para o valor do NSPT a
12 metros (RMS = 4,2).................................................................................................. 176

Tabela 6.15 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 3 para o valor do NSPT
médio entre 1 e 5 metros (RMS = 5,3) .......................................................................... 177
13

1 INTRODUÇÃO

É de conhecimento geral que o meio ambiente vem sofrendo freqüentes e intensas


modificações e impactos, os quais, na maioria das vezes, são relacionados à atividade
antrópica.

No que diz respeito ao solo, alguns desses processos implicam em conseqüências


negativas sobre questões sócio-econômicas, claramente vinculadas aos fenômenos
ambientais. Tais conseqüências geralmente se mostram na ocorrência de erosão,
inundações, recalques, comprometimento da fertilidade de solos, contaminação de águas
superficiais e subterrâneas e em muitas outras manifestações da natureza. Esses impactos
negativos devem-se em parte ao não conhecimento do homem em relação ao meio físico,
com suas potencialidades e vulnerabilidades frente aos diferentes tipos de uso e ocupação.

Mostra-se necessário uma constante inovação e aprimoramento de conhecimentos e


procedimentos técnicos e científicos direcionados a atividades de planejamento e gestão,
como forma de previsão e auxílio à prevenção dos efeitos indesejáveis.

Bancos de dados geológico-geotécnicos têm se mostrado importantes ferramentas


de auxílio a tais atividades. Entretanto, as informações utilizadas nessas ferramentas nem
sempre se encontram disponíveis e com fácil acessibilidade.

Este trabalho trata da estruturação de um sistema de apoio à decisão em ambiente


de SIG; envolve a implementação de um banco de dados geológico-geotécnicos da cidade
de João Pessoa – PB, a partir de sondagens à percussão com Standard Penetration Test
(SPT), a ser utilizado como ferramenta de auxílio às ações de planejamento e gestão
14

urbanas do município, assim como instrumento adicional e alternativa técnico-científica em


atividades do meio acadêmico e profissional.

As sondagens com realização do ensaio SPT representam o tipo de investigação


geotécnica de campo mais comum na prática brasileira. As informações obtidas com o
ensaio atuam como subsídio fundamental ao planejamento, projeto e execução de obras
geotécnicas, uma vez que permitem a disponibilização de parâmetros essenciais às etapas
de cálculo, análise e monitoramento dos mais diversos fins em obras civis (textura do solo,
índice de resistência à penetração (NSPT), profundidade do nível d’água (N.A.),
compacidade/consistência, etc).

A cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, já evidencia diversas


manifestações ambientais negativas decorrentes da má utilização ou ausência de recursos
direcionados às atividades de planejamento.

A pesquisa viabiliza a obtenção de informações geológico-geotécnicas importantes,


de forma simples e concentrada, por meio do banco de dados digital que permitirá o
armazenamento, fácil consulta e visualização dessas informações. Esse tipo de recurso
atuará como valioso subsídio aos órgãos responsáveis pelo gerenciamento urbano e
também ao meio acadêmico.

Dentro deste contexto mais geral, a pesquisa abrangeu atividades preparatórias


fundamentais para a estruturação do Banco de Dados e para o posterior desenvolvimento
das análises e modelagens espaciais propriamente ditas, destacando-se entre estas, a
construção da base topográfica digital da área de estudo, a produção do Modelo Digital do
Terreno e o processo de localização e incorporação das informações geológicos-
geotécnicas obtidas nos boletins impressos das sondagens à percussão.

Nas atividades de análise e modelagens espaciais foram utilizados métodos de


interpolação determinísticos (Topo to Raster) e geoestatísticos (Krigagem Ordinária). As
principais variáveis espaciais estudadas foram profundidade do lençol freático (N.A.) e NSPT ,
visando subsidiar obras de fundação.

Os principais produtos cartográficos gerados foram mapas do lençol freático, assim


como mapas com uso sugerido para fundações em três setores distintos da área de estudo
e para diferentes profundidades.

Outra etapa importante da pesquisa envolveu a realização de um estágio no exterior,


na Universidad de Granada, Espanha, sob a supervisão do professor Clemente Irigaray
15

Fernandez, integrante do Departamento de Engenharia Civil da mencionada universidade,


com larga experiência com o desenvolvimento de modelagens espaciais em ambiente do
SIG ArcGis.

O estágio permitiu enriquecer teórica e praticamente o trabalho realizado, permitindo


análises e tratamentos do objeto de estudo e promovendo intercâmbio técnico e científico
entre as instituições envolvidas.

A pesquisa teve o apoio financeiro viabilizado com uma bolsa de doutorado da


FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); assim como o estágio
no exterior contou com uma bolsa de doutorado sanduíche pela CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Além da presente introdução (Capítulo 1), esta tese está estruturada nos capítulos
descritos a seguir.

O Capítulo 2 expõe as hipóteses e os objetivos propostos na pesquisa.

O Capítulo 3 contempla a revisão bibliográfica abrangendo os temas técnico –


científicos que deram embasamento teórico para o trabalho.

O Capítulo 4 apresenta a caracterização da área de estudo.

O Capítulo 5 apresenta e analisa os resultados obtidos com a pesquisa.

O Capítulo 6 sintetiza as conclusões obtidas com os trabalhos realizados e propõe


algumas linhas de investigação para continuidade da pesquisa.
16

2 HIPÓTESES DE TRABALHO E OBJETIVOS

As hipóteses de trabalho que nortearam a presente pesquisa foram:

 É técnico e cientificamente viável utilizar os métodos de interpolação


determinísticos e geoestatísticos disponíveis nos programas SIG para
generalizar e estimar as variáveis geotécnicas espaciais (profundidade do NA
e NSPT) obtidas em furos individuais de sondagens à percussão.
 É possível estabelecer previsões do comportamento do terreno para obras de
fundações e de outros aspectos geológico – geotécnicos de interesse aos
projetos de engenharia civil a partir destas interpolações

Com base nas hipóteses de trabalho mencionadas anteriormente foram definidos os


objetivos da pesquisa.

O objetivo geral proposto foi a estruturação de um banco de dados em SIG com


variáveis espaciais de natureza geológico geotécnica obtidas em furos individuais de
sondagens à percussão com ensaio Standard Penetration Test (SPT).

Vinculados a este objetivo geral foram definidas metas específicas para permitir a
análise e a previsão de comportamento geológico – geotécnico dos terrenos utilizando este
banco de dados em SIG. Tais metas específica abrangeram:

- Aplicação e avaliação de métodos determinísticos e probabilísticos de interpolação


das profundidades do nível d’água (lençol freático ou livre) e dos valores de NSPT obtidos nas
sondagens à percussão
17

- Geração de documentos cartográficos com as generalizações espaciais obtidas


para subsidiar a avaliação preliminar dos terrenos com relação às obras de fundações e
outras aplicações geotécnicas.
18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A síntese da revisão bibliográfica realizada durante a pesquisa foi organizada em


quatro grandes blocos que cobrem os principais temas técnico – científicos abrangidos pelo
estudo, a saber: Sondagens à Percussão, Banco de Dados e SIG, Métodos de Interpolação
Probabilísticos – Geoestatísticos.

3.1 SONDAGENS A PERCUSSÃO E O STANDARD PENETRATION TEST (SPT)

3.1.1 Aspectos Gerais, Execução e Representação

A sondagem a percussão, ou sondagem de simples reconhecimento, é executada


com a finalidade de se obter amostras pouco deformadas e valores quantitativos de
resistência dos solos por meio de ensaios expeditos padronizados, denominados SPT
(Standard Penetration Test) - também conhecidos como ensaios de penetração (SOUZA;
SILVA; IYOMASA, 1998).

Ultimamente, vem crescendo o campo de mapeamento com caracterização


geológico – geotécnica e estimativas de comportamento a partir de informações obtidas em
sondagens de simples reconhecimento (LIMA, 1997; LOLLO, 1999; CULSHAW E
NORTHMORE, 2002).
19

O Standard Penetration Test (SPT), segundo Schnaid (2000), é reconhecidamente a


mais popular, rotineira e econômica ferramenta de investigação em praticamente todo o
mundo, permitindo uma indicação da densidade de solos granulares, também aplicado à
identificação da consistência de solos coesivos e mesmo de rochas brandas. O autor afirma
que apesar da normalização do ensaio em 1958 pela ASTM, é comum em todo o mundo o
uso de procedimentos não padronizados e equipamentos diferentes do padrão internacional
(IRTP / ISSMFE), considerado como referência para normas de características variáveis em
diversos países. Na América do Sul a normalização norte-americana é utilizada com
freqüência, enquanto o Brasil tem normalização própria, na qual se incluem a NBR
6484/2001, NBR 8036/83 e NBR 7250/82.

O ensaio consiste basicamente na cravação de um amostrador padrão no solo,


através da queda livre de um peso de 65 kg caindo de uma altura determinada (75 cm).
Para cada metro de profundidade, são registrados os números de golpes necessários à
penetração de cada 15 cm, dos primeiros 45 cm. O índice de resistência à penetração (NSPT)
é dado pela soma de golpes para a penetração dos últimos 30 cm (dentro dos 45 cm já
citados). A penetração persiste até o limite de sondagem, especificado pela norma e
algumas vezes dado pelo impenetrável no substrato rochoso. Pelo ensaio, obtém-se
amostras dos tipos de solo por metro penetrado, profundidade do nível d`água e do limite de
sondagem, entre outros dados.

A norma NBR 6484 considera como procedimentos executivos das sondagens de


simples reconhecimento: a perfuração a trado, o avanço por lavagem e a realização do SPT.
Os equipamentos utilizados para a execução de sondagens de simples reconhecimento com
SPT são: tripé com roldana, tubos de revestimento, sapata de revestimento, hastes de
lavagem e penetração, amostrador padrão, martelo padronizado para cravação (65kg),
cabeças de bater dos tubos de revestimento e das hastes de cravação, haste-guia do
martelo, baldinho com válvula de pé, bomba d’água, trépano de lavagem, trados concha e
helicoidal, medidor do nível d’água, fita métrica ou trena e recipientes para amostras
(esquema ilustrado na Figura 3.1). A norma também exibe especificações, dimensões e
detalhes desses elementos utilizados (tubos, hastes e trados).
20

Figura 3.1 Esquema ilustrativo do aparato de realização do SPT (Schnaid,2000).

O processo de perfuração é iniciado com uso do trado concha, seguindo com o uso
do trado helicoidal quando não for mais possível prosseguir com o primeiro. A etapa de
perfuração a trado segue executada até acima do nível freático. Ao lençol ser atingido ou de
condições de impenetrabilidade ao trado, o avanço é realizado mediante a utilização do
trépano de lavagem com circulação de água, atendendo aos critérios apresentados na NBR
6484. A partir desta fase, torna - se obrigatório do uso dos tubos de revestimentos e o
emprego de lamas de estabilização em situações mais particulares de instabilidade das
paredes do furo.

O limite de sondagem é especificado pela NBR 6484 de acordo com vários critérios
de contagem do NSPT em função de determinadas penetrações obtidas. A ABGE (1999)
indica como material impenetrável o correspondente à penetração inferior a 5 cm após 10
golpes consecutivos ou nos casos em que o número de golpes for superior a 50. Entretanto,
Fonteles (2003) adverte que o limite de impenetrabilidade é condicionado pelo tipo de
solução de elemento estrutural de fundação a ser utilizado, dentre outras restrições.

De posse dos perfis individuais preliminares de cada sondagem obtidos após a


realização do ensaio, desenha-se, com as respectivas convenções, o perfil do subsolo de
cada sondagem, que deve mostrar todas as camadas ou horizontes de solo encontrados, as
21

posições do nível d’água, o número de golpes NSPT necessários à cravação dos últimos 30
cm do amostrador, profundidade do limite de sondagem e demais informações úteis que
forem observadas (Quaresma et al., 1998). A Figura 3.2 exibe um perfil esquematizado em
um boletim de sondagem.

Fonteles (2003) pontua que o baixo custo de operação em relação a outros ensaios
de campo são contrastados pela gama de fatores envolvidos na execução propriamente dita
da sondagem que, por conseqüência, acabam influenciando os valores do NSPT. Os fatores
são basicamente de duas ordens: material, representado pelos equipamentos e; humana, ou
seja, as ações empreendidas pelos operadores do equipamento. Em comparação entre os
processos executivos e equipamentos de sondagens com SPT segundo as normas da
ABNT e da ASTM, Baillot & Ribeiro Júnior (1999) observam que as falhas humanas
inerentes ao processo de liberação manual, tais como a imprecisão da altura de soltura,
podem constituir fatores influentes nos valores do NSPT, em detrimento dos valores
analisados obtidos com o mecanismo automático de alçamento e liberação do martelo.

Diversos autores vêm estudando a influência da energia de ensaio nos resultados do


SPT, tais como: Belincanta (1998), Aoki e Cintra (2000), Howie et. al. (2003), Odebrecht et.
al. (2005), e, mais recentemente, Lukiantchuki, Oliveira e Esquivel (2011), Lukiantchuki,
Esquivel e Bernardes (2011).

No Brasil, como um dos primeiros que pode ser mencionado é o de Belincanta


(1998) que, em trabalho que avalia tais aspectos, e no qual experimenta um conjunto de
equipamentos e procedimentos, busca identificar que componentes e quais suas
contribuições no processo de transferência de energia mecânica geratriz do fenômeno de
penetração do amostrador no solo. Com uso de instrumentação, o autor utiliza mecanismos
manuais e automáticos de alçamento e liberação do martelo, composição de hastes novas e
usadas, a utilização de cabo de aço e cordas flexíveis, entre outros.
22

Sondagem de Reconhecimento com SPT REL. 045/2008


FURO: SP 01 CLIENTE:
Consultoria em Concreto e Solos Ltda.
R. Prof. Batista Leite, 229 - Róger - João Pessoa/PB
COTA: (-)0,65 m
Fone(fax): 55 83 3222 0100 / 55 83 3241 5944 OBRA:
INÍCIO: 22/02/2008
email: engenharia@soloonline.com.br EDIFÍCIO DE APARTAMENTOS
homepage: www.soloonline.com.br TÉRMINO: 26/02/2008
R. Severino Massa Spineli, s/n, Tambaú - João Pessoa/PB
Penetração

Nível d'Água
Prof. (m)

Resistência à Penetração

Gráfico
(golpes/15 cm)
Classificação do Solo N SPT

Perfil
(golpes/ últimos 30 cm)
1 2 3 10 20 30 40
8 7 8 15/30
Areia fina, com aterro; cor marrom
( medianamente compacta )
1,0 5 6 6 12/30
1,40

2,0 3 3 2 5/30
Areia fina; cor marrom ( pouco compacta )

(-)1,80 m
3,0 2 2 3 5/30
3,50

4,0 Areia grossa, pouco siltosa; cor marrom 2 2 2 4/30


( fofa a medianamente compacta )
4,80
5,0 5 6 7 13/30
Silte arenoso; cor cinza
( pouco compacto a medianamente compacto )
6,0 2 2 3 5/30
6,30

Areia média, pouco argilosa; cor marrom


7,0 ( pouco compacta ) 3 3 5 8/30
7,50

8,0 6 11 11 22/30
Areia grossa, pouco siltosa, com pedregulho;
cor marrom ( compacto )
9,0 6 12 13 25/30

9,80
10,0 Areia fina, siltosa, pouco argilosa; cor marrom claro 4 5 6 11/30
10,60
( medianamente compacta )

11,0 4 5 6 11/30

12,0 3 4 5 9/30

13,0 4 4 5 9/30
Areia média, pouco siltosa; cor variegada
( pouco compacta a medianamente compacta )
14,0 3 3 5 8/30

15,0 4 4 5 9/30

16,0 3 4 4 8/30
16,50

17,0 3 3 4 7/30

18,0 Areia fina, argilosa; cor marrom 4 4 5 9/30


( pouco compacta a medianamente compacta )

19,0 3 3 5 8/30

20,0 continua

Nível d´Água = (-)1,80 m (22/02/2008) R.N.(0,00) = cota do meio fio da R. Severino M. Spineli (indicado em planta)

Profundidades Processos de Perfuração Características das Composições de Perfuração


Revestimento: de 0,0 a 2,0 m
CA (circulação de água): de 2,0 a 22,45 m. Øext: 50,8 mm Peso: 65 kg
Amostrador Padrão Martelo
Observações: Øint: 34,9 mm Altura de queda: 75 cm

Revestimento: Øext = 76 mm
SONDADOR: ESCALA: DATA: ENGRESPONSÁVEL: PÁGINA:
GEFERSON 05/03/2008

Figura 3.2 Boletim de sondagem (Concresolo, 2008).


23

Fonteles (2003) lista como principais observações acerca da eficiência do SPT, em


função dos aparatos e procedimentos abordados, segundo Belincanta (1998) e Belincanta &
Cintra (1998):

- o procedimento de cravação direta do amostrador sem a prévia perfuração por


trado implica em valores de NSPT mais altos do que aqueles obtidos em conformidade com o
procedimento preconizado pela ABNT;

- o estado de conservação das hastes influenciam a eficiência, ou seja, composições


mais antigas tendem a diminuir a eficiência;

- a eficiência foi maior nos ensaios em que se utilizou acionamento da queda do


martelo por gatilho em contraposição àqueles com acionamento manual;

- não foi constatada diferença significativa de eficiência nos ensaios em que se


utilizou cabo de aço e corda, estando ambos em bom estado de conservação;

- o uso ou não do coxim não se mostrou relevante do ponto de vista executivo e,


portanto, pouco influencia a medida de eficiência do SPT.

A NBR 6122/96 cita as sondagens de reconhecimento à percussão como


indispensáveis ao reconhecimento geotécnico para fins de projeto e execução de
fundações. O índice de resistência à penetração é um guia útil na exploração de solos e na
avaliação de condições do subsolo, desde que os resultados sejam interpretados
corretamente (DAS, 2002). As abordagens modernas recomendam a correção do valor
medido do NSPT devido às limitações do ensaio, causadas por fatores que influenciam os
resultados sem se relacionarem às características do solo, como o efeito da energia de
cravação e do nível de tensões (SCHNAID, 2000).

3.1.2 Utilização, Parâmetros e Correlações

Segundo Schnaid (2000), os dados de NSPT geralmente são tratados sob duas
classes de métodos: os indiretos e diretos. Os métodos indiretos utilizam os dados na
previsão de parâmetros constitutivos, representativos do comportamento do solo obtidos por
correlação com resultados de ensaios de campo e/ou laboratório. Nos métodos diretos, os
dados são aplicados em formulações empíricas e/ou semi-empíricas com o intuito de prever
um valor de tensão admissível ou o recalque de um elemento de fundação.
24

Vários autores sugerem correlações diversas a partir do NSPT, usadas em estimativas


de parâmetros geotécnicos (SKEMPTON, 1986; DÉCOURT, 1989; TEIXEIRA, 1996;
TEIXEIRA; GODOY, 1996) e de módulo de deformabilidade em função da resistência de
ponta do ensaio de cone (SCHMERTMANN, 1970). Também são apresentadas correlações
utilizadas em cálculos de tensão admissível (MILITITSKY; SCHNAID, 1995) e de
capacidade de carga (DÉCOURT; QUARESMA, 1978).

Aoki & Velloso (1975), desenvolveram um método assumindo que a carga


admissível, para um elemento isolado, é representada pela soma das parcelas de
resistência de ponta e da resistência lateral ao longo do fuste da fundação. Neste método,
leva-se em consideração: os solos do perfil estratigráfico, valores de NSPT para as
resistências de ponta (Rp) e lateral (Rl) (obtidos por correlação com CPT) e coeficientes de
correção relacionados ao tipo de elemento estrutural envolvido no cálculo.

A NBR 6484/2001 apresenta a compacidade dos solos grossos e os estados de


consistência dos solos finos em função do NSPT, mostrados nas Tabelas 3.1 e 3.2:

Tabela 3.1compacidade de areias e siltes Tabela 3.2 Consistência de argilas e siltes


arenosos em função do NSPT. argilosos em função do NSPT.

NSPT Compacidade N S P T Consistência


≤4 Fofa (o) ≤2 Muito mol
5–8 Pouco compacta (o) 3–5 Mole
9 -18 Medianamente compacta o) 6 -10 Média
19 – 40 Compacta 1– 9 Rija
> 40 Muito compacta ≥ 20 Dura

Teixeira & Godoy (1996) propõem a seguinte correlação para a estimativa do módulo
de deformabilidade quando não se dispõem de dados de ensaios de laboratórios nem de
prova de carga sobre placa:

E = α K NSPT (Equação 1)

em que α é um fator de correlação e K um coeficiente que relaciona a resistência


de ponta do cone (qc) com o índice de resistência a penetração (NSPT) da sondagem SPT,
25

cujos valores, em função do tipo de solo, são apresentados nas Tabelas 3.3 e 3.4,
respectivamente.

Tabela 3.3 Fator α(TEIXEIRA; GODOY, 1996).

Solo α
Areia 3
Silte 5
Argila 7

Tabela 3.4 Coeficiente K (TEIXEIRA; GODOY, 1996).

Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,7
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,3
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,2

Alves, Lopes e Aragão (2000) propõem um método de projeto de fundações


superficiais em solo granular fofo melhorado com estacas de compactação. Foi sugerida a
correlação para obtenção do módulo de deformabilidade do terreno melhorado em função
do índice de resistência a penetração da sondagem SPT (NSPT):

E =  NSPT (Equação 2)

Na qual  depende do tipo de solo e, segundo os autores, se situa em uma faixa


entre 1,5 e 3,0, sendo o valor mais baixo correspondente a solos arenosos e o valor mais
alto a solos finos. O valor 2,5 é freqüentemente encontrado em areias finas ou siltosas ou
argilosas.
26

Teixeira (1996) demonstrou fórmulas para a estimativa da tensão admissível de solos


argilosos e arenosos, em função do índice de resistência à penetração (NSPT):

- Solos argilosos: Partindo-se da fórmula de Skempton (1951), para capacidade de


carga de fundações por sapata: r = Su Nc = 6 Su. Considerando-se a correlação entre a
resistência ao cisalhamento não-drenado e o NSPT: Su = 10 N (kPa) e o coeficiente de
segurança em relação à ruptura de 3 resulta a tensão admissível , em MPa, de:

NSPT
a  (Equação 3)
50

Recomenda-se utilizar esta correlação para o intervalo de 5 < NSPT < 25

- Solos arenosos: Partindo-se da fórmula clássica de Terzaghi para capacidade de


carga de fundações por sapata quadrada apoiadas em areia:

 r    H  N q  0,4    B  N  (Equação 4)

Considerando-se a correlação entre ângulo de atrito interno das areias com o N:

  20  N  15 , para H = 1,5 m,  (peso específico) = 18 kN/m3 e coeficiente de segurança


em relação à ruptura de 3, resulta a tensão admissível:

a = 50 + (10 + 4B) NSPT (Equação 5)

Onde: B = lado da sapata; NSPT= índice de resistência à penetração (5 < NSPT < 25)
(B em metros e a em kPa).

Cintra, Aoki e Albiero (2003) mencionam a seguinte fórmula (correlação empírica)


como muito conhecida no meio técnico brasileiro para se estimar tensão admissível em
fundações diretas por sapatas, em função do índice de resistência à penetração (NSPT):

N
a  +q (Equação 6)
50
27

Em que o resultado é dado em MPa e N é o valor médio do NSPT no bulbo de tensões


(duas vezes a largura da sapata) e estaria idealmente entre 5 e 20 golpes. Os autores
adicionam que a parcela q torna –se significativa em caso de tubulões.

Para fundações profundas, Cintra e Aoki (2010) listam valores limites de NSPT para
paradas (cotas de apoio) de diversos tipos de estacas (Tabela 3.5).

Tabela 3.5 valores limites de NSPT para paradas das estacas.

Elemento estrutural Limite de NSPT para execução


D < 30 cm 15 < NSPT < 25
Estaca pré – moldada
de concreto D > 30 cm 25 < NSPT < 35

Estaca de perfil metálico 25 < NSPT < 55

Estaca tubada 20 < NSPT < 40

Estaca Strauss 10 < NSPT < 25

arenosos 8 < NSPT < 15


Estaca Franki
argilosos 20 < NSPT < 40

Estaca escavada com lama 30 < NSPT < 80

Ar comprimido 20 < NSPT < 60


Tubulão
Céu aberto 20 < NSPT < 60

Estaca hélice contínua 20 < NSPT < 45

Estaca ômega 20 < NSPT < 40


Estaca raiz NSPT > 60

3.2 BANCOS DE DADOS E SIG

Bancos de dados eletrônicos, comentados e analisados por vários autores, entre


eles Bastos e Zuquette (2002), têm se mostrado instrumentos de gestão importantes no
armazenamento e tratamento de informações, com potencial para serem largamente
utilizados em diversas áreas.

Rengers et al. (2002) acentuam que o campo de sistemas de bancos de dados de


armazenamento e recuperação de superfícies geotécnicas e informações de sondagens
28

sofre importante desenvolvimento, que se torna possível com a crescente velocidade de


cálculo e capacidade de manejo de dados a baixo custo.

Augusto Filho (2005a) acrescenta que a implementação de banco de dados


eletrônicos na gestão urbana vem se ampliando e consolidando em paralelo ao
desenvolvimento e disseminação das ferramentas computacionais no que diz respeito a
programas e computadores. Entretanto, o emprego específico de bancos de dados
geotécnicos como mais um instrumento de gestão urbana já não conta com muitas
experiências consolidadas nos municípios brasileiros.

3.2.1 Aspectos Gerais

Ao longo dos anos, desde o surgimento dos primeiros sistemas gerenciadores de


banco de dados (SGBD), foram criados vários modelos de dados geográficos que, apesar
de muitas vezes terem a pretensão de se constituírem em ferramentas genéricas, refletem
as condicionantes tecnológicas dos SGBDs à época de sua criação (BORGES; DAVIS,
2005).

Date (2004) define os bancos de dados como um método moderno de


armazenamento e organização das informações ou certo número de arquivos referentes a
uma determinada área de aplicação, seja um conjunto de aplicações circundando um
conjunto de dados, ou ainda, um sistema computadorizado que guarda registros com
objetivo geral de armazenar, manter e tornar a informação disponível aos diversos usos.

Essencialmente, um banco de dados é estruturado por arquivos de dados (data-


base), um conjunto de softwares e uma linguagem de manipulação do banco de dados
(sendo a linguagem de exploração padronizada a structure query language - SQL)
(BASTOS, 2005).

A autora define que os bancos de dados possuem células básicas para


armazenamento das informações especificadas como campos,que constituem espaços
reservados aos diferentes tipos de dados (similares às colunas das tabelas) e os registros
que devem ser tratados, como uma unidade de informação de um dado (as linhas das
tabelas).
29

Independente de sua natureza e dos seus objetivos específicos de aplicação, um


banco de dados em meio eletrônico deve envolver uma coleção integrada de informações
interrelacionadas (texto, número, imagens, vídeos, sons, etc.), organizadas em meios de
armazenamento (programas) de tal forma que podem ser tratados por vários usuários e para
diferentes fins (AUGUSTO FILHO, 2005).

O autor enfatiza que a criação de um banco de dados passa pelo estabelecimento do


seu projeto com a determinação dos elementos (informações) que serão incluídos e quais
serão suas relações internas.

As principais estruturas dos bancos de dados modernos são do tipo hierárquica,


relacional e em rede. O sistema gerenciador de um banco de dados - SGBD abrange um
conjunto de módulos de programas que respondem pela organização, o armazenamento, o
acesso, a segurança e a integridade das informações, atuando como interface entre os
usuários, os programas de aplicação e os sistemas operacionais (BASTOS, 2005).

O Banco de dados em modelo relacional representa os dados e os relacionamentos


por um conjunto de tabelas, cada uma com número de colunas e nomes únicos. O modelo
relacional difere do modelo de rede e do hierárquico no que diz respeito ao uso de ponteiros
ou elos, uma vez que os modelos relacionais recorrem a ligação lógica, que corresponde a
intersecção entre as linhas (registros) e as colunas (campos) das tabelas. Atualmente, os
sistemas de gerenciamento de bancos de dados estruturam-se à base do modelo relacional,
que será abordado mais adiante.

3.2.2 Modelo Entidade e Relacionamento – MER (modelo conceitual)

Conforme Setzer e Silva (2005), ao elaborar um projeto para organização de uma


base de dados, inicialmente, deve-se entender de modo aprofundado a informação a ser
trabalhada, por meio de um processo de abstração. Os autores menciona que o modelo
conceitual é importante na abstração das informações, podendo ser elaborado juntamente
com o modelo descritivo. Um dos modelos conceituais mais usados em banco de dados é o
modelo entidade relacionamento (MER), que se mostra mais simples e abrangente, usado
para a representação das estruturas de informação. O MER é composto, além dos atributos,
por entidades e relacionamentos. As entidades são os objetos do mundo real, enquanto o
relacionamento é uma entidade que, por sua vez, une entidades, sendo os atributos, por fim,
os valores dados às entidades e/ou aos relacionamentos.
30

3.2.3 Modelo Relacional

O modelo relacional é um dos mais utilizados no armazenamento de informações.


Date (2004) caracteriza esse modelo como um sistema em que, no mínimo, os dados são
vistos pelo usuário como tabelas que realizam operações do tipo seleção (restrição),
projeção e junção. Setzer e Silva (2005) também definem um modelo relacional como um no
qual os dados são representados por tabelas de valores, denominadas de relação, são
bidimensionais e organizadas em linhas e colunas.

Um sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD) é um software que


manipula o acesso à base de dados, executando operações necessárias à mesma (DATE,
2004). Assim, um SGBD realiza as seguintes funções: define os dados que serão
trabalhados no banco; manipula os mesmos (recuperação e atualização); garante a
segurança e a integridade dos dados; garante a existência de um dicionário de dados, esse
contém informações sobre os dados (metadados) e assegura um bom desempenho do
banco de dados, garantindo a realização das funções anteriormente citadas.

Bastos (2005) define o termo Structure Query Language (SQL) como uma linguagem
padrão para exploração e comunicação dos dados, utilizada nos sistemas de gerenciamento
de banco de dados relacionais. A SQL é usada como linguagem de definição de dados
(DDL) e linguagem de manipulação de dados (DML). Significa uma linguagem estruturada
para formulação de consultas ao banco de dados.

A autora lista os seguintes SGBDs comerciais existentes, dentre os quais alguns se


destacam por serem os mais utilizados e completos:

- ORACLE - um dos mais conhecidos, sendo potente e eficiente, com extensão para
orientação a objeto, apresentando uma linguagem proprietária de extensão ao SQL bem
completa (PL/SQL), admite o uso de banco de dados distribuídos (em rede), pode ser
executado em vários sistemas operacionais, inclusive, o Windows;

- INTERBASE - SGBD não muito popular, porém bastante eficiente para aplicações
de pequeno e médio porte, tratando-se de um programa que está disponível livremente para
cópia (política de expansão do software); sua concepção de SQL também é boa, o que
facilita a programação da base de dados e possibilitando sua utilização para aplicações com
multiusuários;
31

- DB2 (Database 2) – software histórico, sendo, assim como o ORACLE, um dos


mais potentes e eficientes sistemas de gerenciamento de banco de dados, e ambos são
mais usados em grandes aplicações;

- ACCESS - uma das mais conhecidas implementações do modelo relacional de


banco de dados, representa uma plataforma para computador pessoal, (Elmasri, Navathe,
2000). Esse sistema de gerenciamento de banco de dados vem sendo bastante difundido
dentro do mapeamento geotécnico pela sua facilidade na aquisição e de interação com
alguns SIG existentes no mercado, como é o caso do ARCINFO, do IDRISI, do ARCGIS e
do SPRING.

A maioria dos SGBDs comerciais utiliza o modelo relacional para organizar,


armazenar e manipular sua base de dados. Setzer e Silva (2005) e Date (2004), apresentam
os seguintes termos sobre o modelo relacional:

- Relação - pode ser pensada, como uma tabela de valores, ou um arquivo plano
(bidimensional);

- Tupla - corresponde a uma linha de uma tabela, quando se pensa numa relação
como uma tabela de valores, assim, observa-se numa tupla um conjunto de valores de
dados que estão relacionados entre si;

- Atributo - corresponde a uma coluna de uma tabela, que apresenta sempre dados
da mesma natureza na referida coluna;

- Cardinalidade - número de tuplas de uma relação;

- Grau - número de atributos de uma relação;

- Valores - dados do mundo real (que podem ser representados por números,
caracteres, dados alfanuméricos, etc.);

- Chave primária - identificador único de uma tabela, sendo uma coluna ou uma
combinação de colunas, que tem a propriedade de que nenhum par de linhas e colunas
tenha valores iguais ao desta coluna;

- Base de dados ou banco de dados - conjunto de relações (tabelas);

Setzer e Silva (2005) citam ainda algumas propriedades que caracterizam um


modelo relacional tradicional, tais como:
32

- as tabelas devem ter nomes diferentes uma das outras;

- cada célula de uma relação pode ser vazia ou conter um único valor, ser atômica,
monovalorada;

- não podem existir duas linhas iguais; cada coluna deve ter um nome; duas colunas
distintas devem ter nomes diferentes;

- a ordem das linhas é irrelevante do ponto de vista do usuário;

- a ordem das colunas deve também ser irrelevante,

- os valores de uma relação devem pertencer a um mesmo universo, que é o domínio


da coluna;

- duas colunas podem pertencer ao domínio.

Date (2004) define ainda uma propriedade do modelo relacional, segundo a qual
qualquer operação (seleção, inserir, apagar, etc.) entre relações (tabelas) sempre resulta em
outra relação.

Bastos (2005) acrescenta que os operadores usados na SQL são os relacionais,


lógicos e aritméticos. Os relacionais destinam-se a fazer operações condicionais ou de
seleção, são estes: = (igual); > (maior que); >= (maior ou igual); < (menor); < = (menor ou
igual); < > (diferente). like se mostra um poderoso operador, que permite selecionar apenas
a linha que é especificada. Os operadores lógicos são usados em operações de decisão,
comparação e seleção, e resultam das operações falso (false) ou verdadeiro (true). Podem
ser destacados os seguintes operadores lógicos:

- and - usados para unir duas ou mais condições, o resultado da operação será
verdadeiro (true) se as condições forem verdadeiras;

- or - operador usado para unir duas condições sendo o resultado da operação


verdadeiro se, pelo menos, uma das condições for verdadeira.

Os operadores matemáticos ou aritméticos são basicamente quatro: + (adição); -


(subtração); * (multiplicação); / (divisão) e, ainda, % (módulo).
33

3.2.4 Bancos de Dados Geográficos

Banco de dados denominados de geográficos ou geoespaciais são sistemas de


gerenciamentos capazes de armazenar e manipular dados com representações geométricas
(ponto, linha e polígonos) e informações referenciadas geograficamente (SILBERSCHATZ;
KORTH; SUDARSHAN, 2006). Lisboa Filho e Iochpe (1996); Antenucci (1991) apresentam
conceitos de alguns termos relacionados a banco de dados geográficos, propostos pelo U.S.
National Digital Cartografic Standard, e listados por Bastos (2005) da maneira a seguir:

Identidade é a denominação pela qual os elementos modelados em bancos de dados


geográficos podem se apresentar; Atributo é a característica da entidade, normalmente não-
espacial, a que se podem associar valores qualitativos e quantitativos.

Camada é a representação pela qual os objetos espaciais podem ser agrupados em


temas. É acrescentado que os dados manipulados em bancos de dados geográficos
apresentam as seguintes características: podem ser qualitativos e quantitativos; possuir
localização geográfica e uma geometria; ter um relacionamento topológico (relações de
vizinhança espacial); possuir um componente temporal, com características sazonais,
temporais ou periódicas.

A aquisição dos dados geográficos depende da obtenção dos dados que, por sua
vez, podem ser por meio de mapas e/ou levantamento de campo. Como métodos de
aquisição de dados podem-se mencionar a digitalização em mesas ou com base em
materiais obtidos por scanner e GPS. O armazenamento desses dados envolve a maneira
como os quais serão modelados, os tipos de objetos gráficos utilizados, os tipos de
relacionamentos entre os objetos espaciais (gráficos), a topologia dos objetos e os modelos
de representação dos dados. Como objetos gráficos encontram-se os pontos, as linhas e os
polígonos, e, ainda, a representação das entidades em superfícies contínuas, como é o caso
dos modelos digitais de terreno e imagens (BASTOS, 2005).

Quanto ao tipo de relacionamento, os dados geográficos podem ser: os usados para


construção de objetos complexos com base nos objetos mais simples; os que podem ser
calculados com apoio em coordenadas; e os que precisam ser fornecidos no momento da
entrada de dados gerando os relacionamentos entre os objetos espaciais (pontos, linhas e
polígonos), entre eles a topologia. Tais relacionamentos entre os objetos gráficos podem
proporcionar a realização de análises geográficas e espaciais com os dados armazenados.
34

3.2.5 Sistemas de Informação Geográfica (SIG)

A tecnologia dos sistemas de informação geográfica – SIG permite a captura de


dados referenciados espacialmente, assim como a integração, análise e apresentação no
gerenciamento dos mesmos. Muito usados em trabalhos de mapeamento geotécnico, o uso
de SIG tem se mostrado de extrema importância em tais atividades, como as de
caracterizações geológico - geotécnicas (VIEIRA et al.,2005) e outras também envolvidas
com planejamento urbano (WALSBY, 1998; RUIZ; RAMON; ALORDA, 2002; CHACÓN et
al., 2006; FERNÁNDEZ et al., 2008; PALACIOS, 2010).

Barros (1998) define os SIG como ferramentas de apoio ao geoprocessamento que


consistem de dados integrados e controlados através de utilitários de software e hardware.
Goodchild (1985) apud Barros (2000) conceitua SIG como um sistema integrado para
capturar, armazenar, manipular, e analisar informações referentes ás relações em uma
natureza geográfica.

Ozemoy (1981) apud Paredes (1994) especifica os sistemas de informações


geográficas da seguinte maneira: um conjunto automático de funções que provê aos
profissionais especializados o armazenamento, a recuperação, manipulação e reprodução
gráfica dos dados localizados geograficamente.

Rocha (2000) define o SIG como um sistema com capacidade para aquisição,
armazenamento, tratamento, integração, processamento, recuperação, transformação,
manipulação, modelagem, atualização, análise e exibição de informações digitais
georreferenciadas, topologicamente estruturadas, associadas ou não a um banco de dados
alfanuméricos.

Os SIG modernos resultaram da junção de várias disciplinas e técnicas de


processamento de dados espaciais, tais como, desenho digital e computação gráfica;
fotogrametria, análises espaciais utilizando dados raster, interpolação de dados pontuais e
sensoriamento remoto (AUGUSTO FILHO, 2005).

Outra característica básica de um SIG é sua capacidade de armazenar a topologia


de um mapa, ou seja, uma estrutura de relacionamentos espaciais, envolvendo vizinhança,
proximidade e pertinência (CÂMARA, 1994). O autor ainda menciona que eles fornecem a
estrutura ideal para as análises em diferentes escalas e utilizando diferentes formas de
representação dos dados e resultados (mapas, imagens, tabelas, gráficos de tendência,
etc). Também oferecem ferramentas que possibilitam a elaboração de modelagens
35

matemáticas, implantação de sistema de entrada e análise de dados em tempo real e a


personalização do sistema para diferentes usuários.

A capacidade de acessar diversos modelos matemáticos e estatísticos, as


informações nas bases de dados e delas retirar subsídios para o processo de tomada de
decisões, permite estruturar o sistema de avaliação de riscos geológico-geotécnicos e
ambientais em SIG como um Sistema de Apoio à Decisão – SAD, tornando-o uma
ferramenta efetiva da política de melhoria contínua, principio básico da gestão ambiental
(JANSSEN, 1992; STAIR, 1998).

Borges (2004) informa que, ao trabalhar em um ambiente de sistema de informação


geográfica, existem dois tipos de dados a serem armazenados: os dados gráficos –
cartográficos; e os não gráficos - alfanuméricos.

O autor acrescenta que nos dados gráficos ou cartográficos existem duas formas a
serem consideradas para a representação dos dados espaciais: o formato vetorial (vetor) e
o matricial (raster). A estrutura do formato vetorial é composta por primitivas gráficas
conhecidas como ponto, linha e polígono, que são representadas por coordenadas x e y em
um sistema cartesiano (Tabela 3.6). No formato matricial os dados são representados em
uma matriz de células composta por n linhas e m colunas. Cada célula da matriz é
denominada de pixel (picture element). Cada pixel tem como peculiaridade um terceiro valor
z que indica o valor do nível de cinza que pode variar de 0 – 255 tons (0 preto e 255
branco).
36

Tabela 3.6 Características das primitivas gráficas. (Yuaça – 1997, adaptado por Borges,
2004)

PONTOS LINHAS POLÍGONOS

FORMATO FORMATO FORMATO

 Única coordenada x, y;  Cadeia de coordenadas x,  Cadeia de coordenadas


y com ponto inicial e final; com mesmo ponto inicial;
 Sem comprimento;
 Tem comprimento mas não  Tem comprimento e área.
 Sem área. área.

EXEMPLOS EXEMPLOS EXEMPLOS

 Acidente de trânsito;  Estradas;  Parcelas;

 Árvore de rua;  Redes de drenagem;  Rodovias;

 Altitude;  Linhas de rotas;  Construções;

 Título de árvores;  Linhas de falhas;  Solos;

 Início e final de linhas.  Limites de áreas.  Distritos.

A tabela 3.7 apresenta a comparação entre os dois formatos, apresentando suas


vantagens e desvantagens.
37

Tabela 3.7 Comparação entre formatos vetorial e raster (Carvalho, 2000)

MODELO VANTAGENS DESVANTAGENS

VETORIAL  Estrutura compacta;  Estrutura complexa exigindo


programas sofisticados e
 Eficiência da análise de caros;
relacionamentos espaciais;
 Operações de superposição de
 Feições são representadas níveis de informação, mais
precisamente, por pontos, linhas e complexas.
polígonos.

MATRICIAL  Simplicidade de implementação  Dificuldade de representação


das operações de superposição; de relacionamentos
topológicos;
 Programas mais baratos e simples
de usar;  Dificuldades na associação de
atributos a feições;
 Representação mais adequada de
fenômenos contínuos no espaço.  Arquivos muito grandes.

No que diz respeito aos dados alfanuméricos ou não gráficos, constituem os


atributos, em meio tabular, concernentes às primitivas gráficas. Segundo ROCHA (2000),
esses atributos podem ser: Atributos dos dados espaciais, que fornecem informações
descritivas através de identificadores comuns,normalmente chamados de geocódigos, que
estão armazenados tanto nos registros alfanuméricos como nos espaciais. E os Atributos
Georreferenciados, onde a preocupação é apenas georreferenciar alguma característica
específica, sem descrever as suas feições espaciais. O autor também indica que um SIG
pode atuar como um Sistema de Apoio à Decisão que permite a integração de dados
espaciais e não espaciais na solução de problemas.

Em João Pessoa, o uso de SIG em atividades de geoprocessamento cresce


constantemente, segundo informações da Secretaria de Planejamento Urbano e também de
profissionais do meio acadêmico.

Com essa ferramenta, Borges (2004) realiza o mapeamento das áreas de conflito
com a legislação ambiental e de riscos decorrentes da instalação de postos de combustíveis
na cidade. Por meio de um sistema de informações geográficas, Silva (2002) faz a análise
espacial de riscos ambientais na bacia do Rio Cuiá, localizada em João Pessoa, que, de
acordo com o autor, vem sofrendo com uma ocupação urbana desordenada, a qual exerce
grande influência sobre os processos ambientais que ocorrem na área.
38

Com esse recurso, Mendes e Lorandi (2002) indicam áreas susceptíveis a


construções residenciais de pavimento térreo com fundações diretas por sapatas, na região
de São José do Rio Preto, a partir de informações de 1500 sondagens. Teixeira (2003)
implementa esse mesmo tipo de estudo de viabilidade para a região de Belo Horizonte.

3.2.6 Bancos de dados e SIG

De acordo com Yuaça (2003), os bancos de dados georreferenciados e interligados


a Sistemas de Informação Geográfica – SIG, também têm alcançado grande expansão de
aplicação prática em vários municípios brasileiros, subsidiando ações de gerenciamento de
finanças, como atualização cadastral para cálculo de impostos territoriais, ou de
planejamento de infra-estrutura urbana, como seleção de locais para implementação de
postos de saúde ou escolas públicas.

Os SGBD acoplados em sistemas de informação geográfica – SIG, onde as


informações armazenadas apresentam um atributo específico de coordenada geográfica
(dados georreferenciados), apresentam o perfil mais adequado para a implementação de
uma banco de dados geotécnicos. A espacialização (objetos geográficos: pontos, linhas,
polígonos, células, etc.) constitui-se em importante atributo para o correto gerenciamento,
interpretação e modelagem das informações armazenadas (AUGUSTO FILHO, 2005a). O
autor acrescenta que um projeto genérico de banco de dados em SIG pode ser
caracterizado por duas linhas principais de coleta de dados quanto às suas naturezas:
atributos (texto e números) e dados espaciais (objetos geográficos), conforme sintetizado na
Figura 3.3.

O autor enfatiza que propostas de estruturas gerais auxiliam na modelagem dos


bancos de dados antes do início de sua implementação, permitindo otimizações e
minimizando decisões errôneas no seu projeto. Esta modelagem envolve a definição mais
precisa possível dos seguintes parâmetros do banco de dados: seus usuários potenciais; os
tipos de dados (atributos e objetos geográficos) a serem armazenados; os tratamentos
prévios eventualmente necessários; as funções de pesquisa e análise destes dados; as
formas de consulta e saída de resultados; a eventual necessidade de interfaces
customizadas; as bases cartográficas a serem utilizadas como referência para o
georreferenciamento do banco de dados.
39

COLETA DE DADOS

ATRIBUTOS LIGAÇÃO A ID´S* DADOS ESPACIAIS


ÚNICOS

INSERÇÃO DE GEORREFEREN-
TEXTOS CIAMENTO

EDIÇÃO E
TOPOLOGIA

LIGAÇÃO ATRIBUTOS
E DADOS ESPACIAIS
* - ID: IDENTIFICADOR

BANCO DE DADOS
DO SIG

Figura 3.3 Projeto genérico de um banco de dados em ambiente de SIG (Teixeira &
Christofoletti, 1997).

3.2.7 Bancos de dados geotécnicos

Sobre países da Europa em que foram desenvolvidos bancos de dados com


informações de sondagens, Bastos e Zuquette (2005) mencionam a Itália, Inglaterra,
França, Escócia, Espanha e outros. No Brasil, pode-se citar Valente (2000) e Fonteles
(2003), entre outros que são mencionados ao longo desta revisão bibliográfica.

Segundo Ellison et al. (2002), um banco de dados proveniente de sondagens,


juntamente com o modelo digital do terreno (MDT) e mapas geológicos, é essencial para
possibilitar relações 3D de geologia, para uma melhor visualização e entendimento.

Como exemplo de bancos de dados geotécnicos, pode–se mencionar o caso dos


mapas geológicos da região de Wrexam, Inglaterra, produzidos pelo Serviço Geológico
Britânico (BGS), em escala de 1:10.000, que são armazenados por Laxton e Becken (1996)
em um banco de dados. Como objetivos, os autores buscam fazer uma conexão entre os
dados dos mapas digitalizados e as tabelas de bancos de dados relacionais contendo
40

informações básicas e espaciais; estruturar as consultas espaciais e não-espaciais, e com a


união de dados alcançadas, produzir mapas derivados; aperfeiçoando a qualidade da
cartografia dos mapas geológicos da referida região.

Colman-Sadd, Ash e Nolan (1997) desenvolvem um banco de dados para elaborar


legendas de mapas geológicos, o GEOLEGEND, com estrutura relacional para
gerenciamento de unidades de mapas geológicos em um sistema de informação
geográficas, no Canadá. O GEOLEGEND tem como objetivos produzir mapas que
descrevem detalhes da geologia, habilitar o usuário a ser capaz de selecionar uma área
independente da topografia ou do mapa de contornos geológicos, elaborar um sistema
alfanumérico para legenda, e estabelecer um padrão na descrição das unidades geológicas
(BASTOS, 2005).

Na Finlândia, Tarveinem e Paukola (1998) utilizam um banco de dados para


armazenar informações geoquímicas das argilas, sedimentos orgânicos e águas
subterrâneas, observando uma concentração natural de Arsênico, Floreto e de outros
elementos com teores acima do recomendado.

Com dados de sondagens, Nathanail e Resenbaum (1998) recorrem a um sistema


de banco de dados para gerenciar informações geotécnicas espaciais, com a finalidade de
selecionar um local favorável à instalação de um forno de uma indústria de aço, na porção
nordeste da Inglaterra. Os dados são armazenados em um banco e desenvolveram-se
técnicas para o gerenciamento espacial, usando-se um sistema de informação geográfica e
geoestatística. No tratamento das informações, os autores utilizam Dbase (gerenciamento
do banco de dados); IDRISI (sistema de informação geográfica); GEOEAS e GSLIB
(modelagem geoestatística); SURFER (modelagem de superfícies de contornos) e
GRAPHER (plotagem de gráficos).

Elaborado para armazenar dados provenientes de furos de sondagens, o banco de


dados estruturado por Brodie (1998) com tabelas e gerenciado pelo ORACLE foi utilizado na
modelagem da superfície freática, com o software MODFLOW, que tratava os dados
armazenados para gerar modelos da hidrogeologia.

Interagindo com um banco de dados e SIG, Kim, Pyeon e Eo (2000) desenvolvem


um mapa para o sistema de transportes (ITS) da Coréia, com a finalidade criar um sistema
que unisse imagens de vídeos a mapas digitais de rodovias, usando, como área-teste, as
vias da Universidade Nacional de Seoul (SNU).
41

Para aquisição dos dados, os autores consideram como área-alvo uma via de
circulação, estradas parciais e suas construções periféricas da SNU. Foram usados
equipamentos de aquisição de imagemde vídeo, um modelo de GPS para localização dos
pontos, um programa para processamento de imagens e um SIG. Os dados que
alimentaram o banco eram extraídos de mapas de vias e topográficos, fotos aéreas
digitalizadas, imagens de vídeo, e aquisição de dados locacionais com o DGPS.

Com a finalidade de construir um sistema de visualização gráfica, Ferreira (1988)


apresenta o sistema DATAGEO, que conta com um subsistema de digitalização de mapas
e, ainda, subsistemas de tratamento discreto e estatístico da informação, todos eles
integrados. O banco de dados é desenvolvido mediante o uso de algoritmos construídos em
Pascal, com estrutura de armazenamento das informações na forma hierárquica.

Caracterizando um sistema de captura para a geração de mapas, Moreira (1993)


elabora um banco de dados, GEOBASE, com informações geotécnicas para produzir um
mapa de unidades geotécnicas do terreno. Nesse trabalho, o autor elabora um sistema de
aquisição ou entrada de dados (campo e laboratório) e, após a armazenagem dos mesmos,
são elaborados mapas com auxílio de um SIG.

Em Recife – PE, Coutinho, Monteiro, Oliveira (1996) elaboram um banco de dados


para armazenar as informações das argilas orgânicas, moles e médias, que foi
implementado em uma planilha eletrônica com construções de macros (são rotinas de
programa computacional ou bloco de instruções identificadas por uma única palavra ou um
rótulo) na linguagem de programação Visual Basic. As informações armazenadas no banco
de dados eram provenientes de ensaios de campo e laboratoriais realizados em pontos na
região metropolitana de Recife. Os autores implementaram o banco em uma planilha
eletrônica.

Bastos (2005) menciona os trabalhos de Meira e Calijuri (1996); e Meira (1996),


como os responsáveis por automizar o processo de elaboração de mapeamento geotécnico
na Universidade Federal de Viçosa, desenvolvendo um sistema auxiliar chamado GeoGIS,
elaborado com a finalidade de unir o mapeamento geotécnico convencional com a
cartografia geotécnica digital. Para tanto, foram desenvolvidos módulos para gerenciamento
das investigações de campo, para ensaios laboratoriais, mapoteca digital e um módulo para
análises geotécnicas.

Diniz (1998) coordena um projeto para elaboração de um banco de dados


geoambiental do Estado de São Paulo, partindo das várias cartas geotécnicas já existentes.
A autora realiza a compilação dessas cartas, integrando os produtos numa única base de
42

dados e disponibilizando essas informações de maneira mais eficiente para os diversos


usuários, por meio de um aplicativo em CD-Room.

Para exemplificar e justificar a importância de criar um banco de dados de


metadados, Moretti (1998) cita o mapeamento sistemático do Brasil, com os mapas
produzidos pelo Projeto Radam, IBGE e DSG, no qual se tem um mapa-índice que abrange
as escalas de 1:1.000.000, 1:250.000, 1:100.000, e 1:50.000, e permite a visualização das
informações secundárias (o conteúdo do banco de dados, consultas, relatórios de saída).

Com informações da cidade de Curitiba, pode-se citar os trabalhos de Talamini Neto


& Celestino (2001), Salamuni e Stellfeld (2001) e Chamecki et al (2001). Estes últimos
utilizam um banco de dados, com informações geotécnicas de estudos de solos para a
fundação de 300 edificações da cidade. Salamuni e Stellfeld (2001) elaboram uma base de
dados com informações georreferenciadas da geologia e da geomorfologia da Bacia
sedimentar do município. Os dados eram provenientes de mapas geológicos e
geomorfológicos, sondagens e ainda fotografias de afloramentos rochosos.

Talamini Neto & Celestino (2001) usam SIG na integração de informações


provenientes de cartas topográficas, de boletins de sondagens, levantamento de campoe
análises geoestatísticas e, assim, elaborar o mapeamento do subsolo da cidade, o qual teve
a finalidade de orientar o planejamento do uso do espaço subterrâneo.

Augusto Filho (2005a), em relatório técnico que trata de banco de dados geológico –
geotécnico a partir de sondagens em Belo Horizonte, trata das etapas de desenvolvimento
de tal recurso, desde a determinação e relações internas dos elementos incluídos até a
modelagem em ambiente de SIG dos mesmos. Tais etapas e procedimentos são descritos a
sequir.

O objeto geográfico primário utilizado para o armazenamento dos furos de sondagem


no banco de dados geotécnicos em SIG é o ponto, representando os furos de sondagem
georreferenciados em uma base cartográfica. A este objeto geográfico podem ser
acrescentados várias tabelas de atributos, cujos os campos poderão ser do tipo texto,
numérico, imagens, sons, etc.

As tabelas de atributos das sondagens podem ser estruturadas utilizando programas


de planilha eletrônica ou de banco de dados da linha Office do sistema operacional
Windows. Posteriormente, estes dados podemser incorporados na plataforma de SIG a ser
utilizada para gestão e análise dos dados cadastrados das sondagens.
43

Para fins de modelagem preliminar do banco de dados geotécnicos foram definidos


dois formatos básicos de planilhas como estrutura inicial de armazenagem dos dados das
sondagens à percussão. Uma destas planilhas apresenta os dados gerais dos furos de
sondagem a ser cadastrados, destacando seu identificador (id), suas coordenadas
geográficas (coordx e coordy), cotas da boca, do fim do furo e do nível d’água (cotaboca,
cotafinal e cota_na), conforme ilustrado na Figura 3.4.

Cabe observar que esta planilha principal também gera os pontos (objetos
geográficos) representativos da posição dos furos de sondagem na base cartográfica
utilizada. Outros atributos de interesse (numérico, texto, data ou imagem), tais como
descrições mais detalhadas do local da sondagem, obra associada, firma executora, data da
execução, etc. poderão ser incorporados a esta planilha geral.

Uma segunda planilha, trazendo a descrição em profundidade de cada furo de


sondagem será interligada em ambiente de SIG a planilha geral anterior, através de um
campo de identificador comum, que no exemplo apresentado na Figura 3.5 é o campo id.

O autor enfatiza que os SIG modernos dispõem de ferramentas estatísticas que


facilitarão o desenvolvimento destas correlações. A utilização combinada da distribuição
espacial das principais unidades geológico-geotécnicas, os furos de sondagem cadastrados,
permite uma melhor controle das condições de contorno e da validação dos resultados
obtidos por estas correlações.

Figura 3.4 Exemplo de planilha geral para cadastramento dos furos de sondagem (Augusto
Filho, 2005a).
44

Figura 3.5 Exemplo de planilha com a descrição em profundidade de cada furo de


sondagem (AUGUSTO FILHO, 2005a).

3.3 MÉTODOS DE INTERPOLAÇÃO

Landim (2000) define como métodos geoestatísticos aqueles que levam em


consideração as características espaciais de autocorrelação de variáveis regionalizadas;
enquanto os métodos determinísticos não consideram esse aspecto, pois utilizam apenas os
valores envolvidos nos processos.

3.3.1 Determinísticos

3.3.1.1 - Triangulação com Interpolação Linear – TIN

Operando com a triangulação de Delauney, na qual triângulos são criados a partir de


pontos originais de entrada, sem que nenhum venha a interceptar o outro formando uma
rede triangular irregular.

O processo conecta os pontos amostrados através desses triângulos interpolando os


valores entre eles. É considerado um método direto, pois os contornos derivam do padrão
original dos dados (LANDIM, 2000).
45

O autor lista, como vantagens do método, a seguintes características: é fácil de ser


entendido, rápido, fiel aos dados originais, e bom para uma visualização rápida. Como
desvantagens, menciona: gera superfícies triangulares (não indicado para mapas que
devem apresentar contornos suaves), valores acima ou abaixo dos reais não podem ser
extrapolados, e acrescenta que a triangulação não permite a extrapolação além das
posições das amostras, então as estimativas se limitam estritamente à área amostrada.

Tem ainda como vantagens tratar-se de um método exato e sem viés. Muito utilizado
para visualizações 3D, pois tem uma estrutura de dados compacta, que facilita o
processamento mais rápido das modelagens tridimensionais. Apresentam a vantagem de
não exigir grades regulares nos processos de interpolação.

3.3.1.2 Inverso Ponderado da Distância

Nos métodos com inverso ponderado da distância, o peso dado durante a


interpolação é tal que a influência de um ponto amostrado em relação a outro diminui
conforme aumenta a distância ao nó do grid a ser estimado. Sendo assim, os pontos
amostrados de localização próxima ao nó a ser estimado recebem peso maior que os
pontos amostrados de localização mais distante, e ao calcular o valor de um nó, a soma de
todos os pesos dados aos pontos amostrados é igual a 1, o que promove uma
proporcionalidade entre os pesos da vizinhança.

Landim (2000) lista como vantagens desse método: é fácil de se entender


matematicamente, o algoritmo é bem conhecido e discutido, é disponível em muitos
softwares, utiliza pouco tempo de computação e é razoavelmente fiel aos valores
amostrados originais. Ele acrescenta que como o método não estima valores maiores que
os máximos nem menores que os mínimos, é bom para estimativas de espessura,
concentração química e propriedades físicas, sendo indicado para analisar variações de
pequena amplitude entre os dados irregularmente distribuídos. Como desvantagens, pode –
se citar que a influência de valores locais anômalos é dificilmente removida, pois os dados
em clusters podem influenciar as estimativas de modo bastante tendencioso.
46

3.3.1.3 Spline

A função spline interpola os dados amostrais em pequenos grupos de poucos


pontos, obtendo polinômios com graus menores e mantendo assim a continuidade da
função de aproximação quanto de suas derivadas. Esse processo suaviza a superfície
resultante, que passa exatamente pelos pontos originais.

3.3.1.4 Topo to Raster

A interpolação pelo método topo to raster é essencialmente uma técnica discretizada


de funções do tipo spline, modificada para se ajustar a modelos digitais de terreno
identificando mudanças abruptas, como vales de drenagem e topos de morros. Utiliza - se
uma técnica interativa de diferenças finitas, sendo otimizada para ter a eficiência
computacional dos métodos de interpolação locais, sem perder a continuidade de superfície
de métodos globais de interpolação.

Topo to Raster consiste num método designado especificamente para a criação de


modelos digital de terreno (MDT) hidrologicamente corretos. É baseada no programa
desenvolvido por Michael Hutchinson (1988, 1989). O processo é direcionado a obter
vantagens dos tipos de dados de entrada disponíveis e mais comuns. O manual do ArcGis
enfatiza que a água é a força primária erosiva determinante das formas gerais de relevo. Por
essa razão, a maioria da forma das superfícies resulta de um padrão de drenagem
conectado. Topo to Raster faz uso dessa premissa e impõe condições ao processo de
interpolação para que o mesmo obedeça ao mencionado padrão de drenagem conectado.

Essas condições produzem superfícies com mais acurácia mesmo utilizando poucos
dados de entrada. A condição de drenagem global também elimina a necessidade de edição
para remover pontos irreais de fundos de vales ou outros aspectos com profundidades não
suavizadas (sinks).

O programa não impõe condições de drenagem que contradigam os dados de


elevação de entrada; ou seja, ele não negligencia valores definidos e inseridos em função
do processo de interpolação.
47

O processo de reforço de drenagem (drainage enforcement process) tem como


objetivo a remoção dos pontos com profundidade não suavizados que não tenham sido
identificados previamente nos dados de entrada. Ele tem como suplemento a incorporação
de dados de fluxo em elementos de linha (rios, etc).

No início do processo, Topo to Raster usa informações inerentes a dados de


contorno (curvas de nível), identificando áreas de máxima curvatura em cada curva e
também as de taludes mais íngremes para a criação de redes de cursos d’água. Essas
informações são usadas para assegurar as propriedades hidrogeomorfológicas do modelo
de saída e podem também ser usadas para verificar a sua acurácia em relação às linhas de
fluxo também utilizadas. Existe uma condição de viés mínimo no algoritmo que delega aos
contornos de entrada um efeito mais forte na superfície de saída.

3.3.2 Geoestatística

Os métodos estatísticos clássicos constituem uma etapa preliminar praticamente


obrigatória, segundo Sturaro (1994), quando se trabalha com amostragens e processamento
de uma quantidade significativa de dados e de variáveis. O autor acrescenta que além
desses métodos classificarem e depurarem as informações possibilitam também análises
interpretativas quanto aos modelos de distribuição de probabilidade, correlações e ajustes
de funções de regressão.

Entre as diversas situações relacionadas à geotecnia que podem surgir para a


aplicação da Estatística, destaca-se a avaliação espacial de padrões de distribuição de
propriedades quantitativas (GENEVOIS, 1992; PACHECO; LIMA, 1996; RIBEIRO, 2000;
CULSHAW et al, 2002).

Entretanto, a variabilidade de natureza espacial e temporal de propriedades


geotécnicas exibe comportamento demasiadamente complexo para ser avaliada pelos
métodos estatísticos usuais, necessitando de análises que permitam a modelagem e
estimativas apropriadas à obtenção de distribuições representativas no espaço,
possibilitadas pela geoestatística (LANDIM, 1988; NATHANAIL; FERGUSON; TUCKER,
1998a).

A geoestatística, como estudo que envolve fenômenos espaciais, é utilizada em


diferentes campos na modelagem de variáveis regionalizadas, como engenharia de minas
48

(AVSAR; OZTURK; BOUAZZA, 2002), avaliação de riscos (NATHANAIL et al. 1998b),


estabilidade de taludes e maciços rochosos (LANA; GRIPP; GRIPP, 2001) e sondagens
(SCRADEANU; MARUNTEANU, 1998; AUGUSTO FILHO; RIDENTE JR; ALVES,1999;
MENDES, 2001). Destacam-se a seguir os trabalhos relacionados a este último tema, uma
vez que se trata de assunto chave no desenvolvimento da pesquisa proposta.

3.3.2.1 Variáveis Regionalizadas

A variabilidade espacial de algumas características do solo vem sendo uma das


preocupações de pesquisadores praticamente desde o início do século. Os procedimentos
usados inicialmente baseavam-se na estatística clássica e utilizavam grandes quantidades
de dados amostrais, visando caracterizar ou descrever a distribuição espacial da
característica em estudo.

Krige (1951), em trabalho com dados de concentração de ouro, conclui que somente
a informação dada pela variância seria insuficiente para explicar o fenômeno em estudo.
Para tal, seria necessário levar em consideração a distância entre as observações. A partir
daí surge o conceito da geoestatística, que leva em consideração a localização geográfica e
a dependência espacial.

Matheron (1963, 1971), baseado nas observações de Krige, desenvolveu a teoria


das variáveis regionalizadas, a partir dos fundamentos da geoestatística, segundo a qual
uma variável regionalizada é uma função numérica com distribuição espacial, que varia de
um ponto a outro com continuidade aparente, mas cujas variações não podem ser
representadas por uma função matemática simples.

A teoria das variáveis regionalizadas pressupõe que a variação de uma variável pode
ser expressa pela soma de três componentes (BURROUGH, 1987): uma componente
estrutural, associada a um valor médio constante ou a uma tendência constante; uma
componente aleatória, espacialmente correlacionada; um ruído aleatório ou erro residual.

Para tanto, algumas hipóteses são necessárias, como a da Estacionariedade de 2a


Ordem, e a Hipótese Intrínseca, que são discutidas de maneira mais aprofundada em David
(1977), Burrough (1987), Camargo (1997), Isaaks e Srivastava (1989), Yamamoto (1994),
Landim (2003), Fonteles (2003), entre outros.
49

Segundo Olea (1975, 1977), as principais características de uma variável


regionalizada são:

- Localização: uma variável regionalizada é numericamente definida por um valor, o


qual está associado a uma amostra de tamanho, forma e orientação específicos. Essas
características geométricas da amostra são denominadas suporte geométrico. O suporte
geométrico não necessariamente compreende volumes, podendo se referir também a áreas
e linhas. Quando o suporte geométrico tende a zero, tem-se um ponto ou amostra pontual e
o suporte geométrico é imaterial. Ou seja, a teoria das variáveis regionalizadas considera a
geometria das amostras, distintamente da estatística clássica onde a forma, o tamanho e a
orientação não são considerados. Um experimento estatístico clássico como o lançamento
de moedas têm resultados que são independentes se a moeda é grande ou pequena, leve
ou pesada, e de como é lançada.

Anisotropia: algumas variáveis regionalizadas são anisotrópicas, isto é, apresentam


variações graduais numa direção e rápidas ou irregulares em outra.

Continuidade: dependendo do fenômeno sendo observado, a variação espacial de


uma variável regionalizada pode ser grande ou pequena. Apesar da complexidade das
flutuações, uma continuidade média geralmente está presente. A continuidade espacial da
variável regionalizada pode ser analisada a partir do variograma, conforme descrito a seguir.

3.3.2.2 Variograma

O variograma é uma ferramenta que permite representar quantitativamente a


variação de um fenômeno regionalizado no espaço (Huijbregts, 1975).

Considere - se uma variável regionalizada, onde X = Z(x) e Y = Z(x + h). Neste caso,
referem-se ao mesmo atributo (por exemplo, o teor de zinco no solo) medido em duas
posições diferentes, em que x denota uma posição em duas dimensões, com componentes
(xi , yi), e h um vetor distância (módulo e direção) que separa os pontos.

O nível de dependência entre essas duas variáveis regionalizadas, X e Y, é


representado pelo variograma, 2(h), o qual é definido como a esperança matemática do
quadrado da diferença entre os valores de pontos no espaço, separados pelo vetor distância
h.
50

A Figura 3.6 ilustra um semivariograma experimental com características muito


próximas do ideal. O seu padrão representa o que, intuitivamente, se espera de dados de
campo, isto é, que as diferenças {Z(xi) - Z(xi + h)} decresçam à medida que h, a distância
que os separa decresce. É esperado que observações mais próximas geograficamente
tenham um comportamento mais semelhante entre si do que aquelas separadas por
maiores distâncias. Desta maneira, é esperado que (h) aumente com a distância h.

Figura 3.6 Exemplo de semivariograma (Camargo, 1997).

Os parâmetros do semivariograma observados são :

Alcance (a): distância dentro da qual as amostras apresentam-se correlacionadas


espacialmente.

Patamar (C): é o valor do semivariograma correspondente a seu alcance (a). Deste


ponto em diante, considera-se que não existe mais dependência espacial entre as amostras,
porque a variância da diferença entre pares de amostras (Var[Z(x) - Z(x+h)]) torna-se
invariante com a distância.

Efeito Pepita (C0): por definição, (0)=0, Entretanto, na prática, à medida que h
tende para 0 (zero), (h) se aproxima de um valor positivo chamado Efeito Pepita (C0). O
valor de C0 revela a descontinuidade do semivariograma para distâncias menores do que a
menor distância entre as amostras. Parte desta descontinuidade pode ser também devida a
erros de medição (Isaaks e Srivastava, 1989), mas é impossível quantificar se a maior
51

contribuição provém dos erros de medição ou da variabilidade de pequena escala não


captada pela amostragem.

Contribuição (C1): é a diferença entre o patamar (C) e o Efeito Pepita (Co)

É importante que o modelo ajustado represente a tendência de (h) em relação a h.


Deste modo, as estimativas obtidas a partir da posterior krigagem serão mais exatas e,
portanto mais confiáveis. O procedimento de ajuste não é direto e automático, como no caso
de uma regressão, mas interativo, pois nesse processo o intérprete faz um primeiro ajuste e
verifica a adequação do modelo teórico. Dependendo do ajuste obtido, pode-se ou não
redefinir o modelo, até obter um que seja considerado satisfatório.

Os modelos aqui apresentados são considerados modelos básicos, denominados de


modelos isotrópicos por Isaaks e Srivastava (1989). Estão divididos em dois tipos: modelos
com patamar e modelos sem patamar. Modelos do primeiro tipo são referenciados na
geoestatística como modelos transitivos. Alguns dos modelos transitivos atingem o patamar
(C) assintoticamente. Para tais modelos, o alcance (a) é arbitrariamente definido como a
distância correspondente a 95% do patamar (Camargo, 1997).

Modelos do segundo tipo não atingem o patamar, e continuam aumentanto enquanto


a distância aumenta. Tais modelos são utilizados para modelar fenômenos que possuem
capacidade infinita de dispersão.

- Modelo Efeito Pepita - muitos semivariogramas experimentais apresentam uma


descontinuidade na origem. Quando |h|=0, o valor do semivariograma é estritamente zero.
Porém quando |h| tende a zero, o valor do semivariograma pode ser significativamente
maior que zero, isto é, ocorre uma descontinuidade na origem. Tal descontinuidade é
modelada através do modelo de efeito pepita. Na literatura geoestatística, aparece como
uma constante (Co) na equação do semivariograma, e deve ser entendido que Co = 0
quando |h| = 0.

- Modelo esférico - O modelo esférico é um dos mais utilizados e no qual se constata,


geralmente, que a tangente na origem atinge o patamar a uma distância de 2/3 da amplitude
variográfica a.

- Modelo exponencial - Este modelo atinge o patamar assintoticamente, com o


alcance prático definido como a distância na qual o valor do modelo é 95% do patamar
(Isaaks e Srivastava, 1989).
52

- Modelo gaussiano - O modelo gaussiano é um modelo transitivo, muitas vezes


usado para modelar fenômenos extremamente contínuos (Isaaks e Srivastava, 1989).
Semelhante no modelo exponencial, o modelo gaussiano atinge o patamar assintoticamente
e o parâmetro a é definido como o alcance prático ou distância na qual o valor do modelo é
95% do patamar (Isaaks e Srivastava, 1989). O que caracteriza este modelo é seu
comportamento parabólico próximo à origem.

A Figura 3.7 exibe a representação gráfica desses modelos.

Figura 3.7 Representação gráfica de semivariogramas experimentais e modelos teóricos


(Camargo, 1997).

A anisotropia pode ser facilmente constatada através da observação dos


semivariogramas obtidos para diferentes direções (Camargo, 1997). No caso de similaridade
bastante grande entre diferentes variogramas (caso simples e menos freqüente), a
distribuição espacial do fenômeno é denominada isotrópica. Neste caso, um único modelo é
suficiente para descrever a variabilidade espacial do fenômeno em estudo.

Por outro lado, se os semivariogramas não são iguais em todas as direções, a


distribuição é denominada anisotrópica. Se a anisotropia é observada e é refletida pelo
mesmo Patamar (C) com diferentes Alcances (a) do mesmo modelo, então ela é
denominada Geométrica. O fator de anisotropia geométrica é definido como a razão entre o
53

alcance na direção de menor continuidade (a2) e o alcance na direção de maior


continuidade (a1). Neste caso, o fator de anisotropia geométrica é sempre menor que a
unidade e o ângulo de anisotropia é igual ao ângulo da direção de máxima continuidade.

Existe ainda um outro tipo de anisotropia em que os semivariogramas apresentam os


mesmos Alcances (a) e diferentes Patamares (C). Neste caso, a anisotropia é denominada
Zonal. Como a isotropia, a anisotropia zonal também é um caso menos freqüente presente
nos fenômenos naturais.

O mais comum é encontrar combinações da anisotropia zonal e geométrica,


denominada anisotropia combinada. Segundo Isaaks e Srivastava (1989), a anisotropia
zonal pode ser considerada como um caso particular da anisotropia geométrica, ao se supor
um fator de anisotropia muito grande. Nesta condição, o alcance implícito na direção de
menor continuidade é muito grande. A estrutura do semivariograma é então adicionada
somente para a direção de maior continuidade.

3.3.2.3 Krigagem

Diferente dos métodos convencionais de estimação, a krigagem está fundamentada


na teoria das variáveis regionalizadas. Inicialmente, o método de krigagem foi desenvolvido
para solucionar problemas de mapeamentos geológicos, mas seu uso expandiu-se com
sucesso no mapeamento de solos (Burgess e Webster, 1980a,b), mapeamento hidrológico
(Kitanidis e Vomvoris, 1983), mapeamento atmosférico (Lajaunie, 1984) e outros campos
correlatos.

A krigagem ordinária foi e tem sido bastante empregada na estimativa pontual e na


estimativa de blocos, mais especificamente no caso de recursos minerais (DAVID, 1977;
BROOKER, 1979; 1991). Trata-se de uma combinação linear de pesos e amostras mais
próximas para o caso dos dados se adequarem a uma distribuição normal com média e
variância conhecidas.

A diferença entre a krigagem e outros métodos de interpolação é a maneira como os


pesos são atribuídos às diferentes amostras. No caso de interpolação linear simples, por
exemplo, os pesos são todos iguais a 1/N (N = número de amostras); na interpolação
baseada no inverso do quadrado das distâncias, os pesos são definidos como o inverso do
quadrado da distância que separa o valor interpolado dos valores observados. Na krigagem,
54

o procedimento é semelhante ao de interpolação por média móvel ponderada, exceto que


aqui os pesos são determinados a partir de uma análise espacial, baseada no
semivariograma experimental. Além disso, a krigagem fornece, em média, estimativas não
tendenciosas e com variância mínimas (Camargo, 1997).

Os estimadores lineares e não-lineares dos krigagem, ao contrário da análise de


superfície de tendência, são métodos de interpolação para estimativas locais (Yamamoto,
1998). Faz-se necessária a definição dos pontos a serem utilizados na estimativa por
interpolação. Os pontos selecionados, segundo critérios específicos descritos adiante,
constituem a vizinhança local de estimativa. Estes pontos podem estar distribuídos,
formando agrupamentos com arranjos aleatórios e/ou semi-regulares dentro de um raio de
influência relacionado à amplitude modelada na etapa de análise variográfica exploratória
(Rivoivoirard, 1987).

Yamamoto (2001) explica que os critérios de seleção de pontos visam garantir a


pesquisa dos melhores pontos a serem interpolados, evitando assim algum vício sistemático
que possa ser refletido em uma eventual sobrestimativa. Basicamente são aplicados três
critérios, a saber: i) n pontos mais próximos; n/4 pontos mais próximos por quadrante e; n/8
pontos mais próximos por octante.

Para mais detalhes e deduções matemáticas do método, pode –se indicar os


trabalhos de David (1977), Burrough (1987), Camargo (1997), Isaaks e Srivastava (1989),
Yamamoto (1994), Peres (1998), Landim (2003), Fonteles (2003), entre outros.

3.3.2.4 Exemplos de Aplicação

Sturaro (1994), em trabalho com uso de um banco de dados de sondagens de


simples reconhecimento (SPT), aplica técnicas de krigagem ordinária, para estimativas de
resistência de solo, e cokrigagem para a estimativa do nível do lençol freático e topo do
impenetrável. Xavier (1999), que utilizou as mesmas técnicas e procedimentos no sítio da
Usina Nucelar de Angra dos Reis, realiza trabalho semelhante.

Ribeiro Jr. (1995) apresentou um estudo da variabilidade espacial da densidade do


solo, ilustrando e discutindo conceitos geoestatísticos como análise descritiva espacial,
variografia, krigagem ordinária e validação cruzada.
55

Aplicando a metodologia geoestatística da krigagem ordinária, Sturaro e Landim


(1996) verificam o comportamento espacial de sondagens SPT por meio de 720 furos em
Bauru – SP, no mapeamento de valores médios de SPT para a camada superficial
delimitada no perfil de alteração da área. Também para essa região e com a mesma
metodologia, Peres (1998) produz mapas estimados do SPT para diversas profundidades,
perfis e seções esquemáticas mostrando detalhes da área estimada. Com base na análise
variográfica, verificaram a presença de uma elevada componente aleatória (efeito pepita),
justificada por uma série de problemas de execução ou, mesmo, de não padronização deste
ensaio, realizado por diversas empresas de prospecção.

Marinoni & Tiedemann (1998), em trabalho com centenas de furos de sondagem em


Berlim, mostram que dentro de uma análise geoestatística, o conhecimento da correlação
espacial de dados geométricos inseridos tais como dados morfológicos ou espessuras de
camadas pode ser usado para criar modelos geológicos.

Augusto Filho et al. (1999) usaram a geoestatística para subsidiar a


compartimentação geotécnica da área urbana do município de São José do Rio Preto (SP),
visando à elaboração de um plano de controle de erosões para o município. Os autores
apresentaram conclusões relacionadas à escarificabilidade e condições de fundação da
área de estudo; aos compartimentos geotécnicos e à ocorrência de erosões; à aplicabilidade
da geoestatística na estimativa de variáveis geotécnicas.

Sturaro et al. (2000) apresentam uma técnica geoestatística pelo emprego da


krigagem indicativa, que permite a geração de mapas probabilísticos de variáveis, os quais
podem ser integrados para a obtenção de mapas indicativos. Os autores exemplificam a
metodologia a partir de sondagens de simples reconhecimento da região de Bauru – SP,
com a avaliação de mapas geotécnicos de favorabilidade à locação de aterros sanitários,
pela integração de mapas probabilísticos referentes às variáveis espessura do solo e
profundidade do lençol freático.

Folle et al. (2001) apresentaram a krigagem ordinária como uma ferramenta eficiente
para geração de mapas de resistência de solo NSPT, realizadas em três níveis distintos,
definidos de acordo com a variação média do índice de penetração com a profundidade. Em
continuação, Folle (2002) explorou a krigagem ordinária para a estimativa dos valores de
NSPT e aplicou o processo de simulação sequencial Gaussiana, a fim de avaliar a precisão
das estimativas realizadas pelo método de krigagem ordinária, quantificando as incertezas
associadas.
56

Dyminski et al. (2002) e Miqueletto e Dyminski (2004) utilizaram duas metodologias


na análise de um banco de dados composto por informações de NSPT: krigagem ordinária e
e redes neurais para estimativa das informações do NSPT.

No Ceará, Fonteles (2003) realiza a caracterização geotécnica da porção nordeste


do município de Fortaleza com dados de sondagens de simples reconhecimento, com
atividades que se desenvolveram desde a montagem de um banco de dados geotécnicos,
aplicação de geoestatística para a elaboração do mapa de superfície freática, construção de
um modelo geológico 3D de superfície até o mapeamento de uma superfície do
impenetrável ao amostrador do SPT. O autor conclui que a krigagem ordinária pode ser uma
boa ferramenta para a modelagem da superfície freática, acrescentando mais conclusões
sobre o tema em Fonteles et. al (2006).

Visando ao zoneamento de áreas que apresentassem risco de deslizamento, Jesus


et al. (2005) realizaram uma aplicação em mapeamento geotécnico por meio da krigagem
ordinária, para auxílio no no planejamento urbano de ocupações futuras da cidade de
Salvador/BA. Os parâmetros geotécnicos estimados foram o ângulo de atrito, a coesão, o
peso específico dos grãos e o índice de vazios do solo.

A partir do Banco de Dados da Carta Geotécnica do Recife, que conta com cerca de
1500 sondagens SPT da cidade, Genevois e Oliveira (2005) aplicam a geoestatística para o
estudo da variável espessura de camadas de argila orgânica do município, que apresenta
subsolo com grandes bolsões de solo mole. Como produto, os autores geram mapas de
distribuição de camadas de argila orgânica.

Para mais trabalhos sobre geoestatística e NSPT pode-se citar Folle et al. (2006b) e
Schuster et al. (2007, 2008), que também utilizaram dados de ensaios de cone (CPT).
57

4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

4.1 LOCALIZAÇÃO, ASPECTOS FÍSICOS E SOCIAIS

A cidade de João pessoa, capital da Paraíba, localiza-se na zona costeira (porção


leste) do estado e conta com a particularidade de abrigar o ponto mais oriental das
Américas. O município situa-se entre as coordenadas geográficas 34°52’30’’ de Longitude
Oeste e 7°7’30’’ de Latitude Sul (Figura 4.1). Limita-se ao norte com o município de
Cabedelo (18km); ao sul com o município do Conde (13km); a oeste com os municípios de
Bayeux (6km) e Santa Rita (12km); e a leste com o Oceano Atlântico. Abrange uma área de
210 km2, dos quais 160,6 km2 são de área urbana e 49,4 km2 de preservação ambiental
(BORGES, 2004).

Com população recenseada pelo IBGE em 2007 de 674.762 habitantes, João


Pessoa apresenta, de acordo com Silva, Filho e Silva (2002), um índice de urbanização
bastante alto, não dispondo de zona rural, uma vez que os vazios urbanos correspondem
praticamente a áreas de preservação (mata atlântica, manguezais, vegetação de restinga,
espelhos d’água) e loteamentos ainda não ocupados.
58

Figura 4.1 Localização do município de João Pessoa – PB (Nascimento, 2008).

4.2 ASPECTOS GEOLÓGICOS

Regionalmente, a área de estudo está inserida no contexto geológico da Bacia


Sedimentar Pernambuco-Paraíba, que ocupa uma extensa faixa ao longo do litoral dos
estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. As principais unidades geológicas
presentes na região de João Pessoa são constituídas, basicamente, de sedimentos
inconsolidados recentes de origem fluvial e marinha e de rochas sedimentares brandas,
abrangendo os períodos geológicos Holoceno a Cretáceo (MABESOONE; ALHEIROS,
1988; BORGES, 2004).

A Figura 4.2 apresenta o quadro resumo da situação estratigráfica das principais


unidades geológicas presentes na área de estudo, segundo Coutinho (1967) e Martins
(2006). A Figura 4.3 apresenta a distribuição espacial destas unidades.

Na área de estudo podem ser identificados três grandes unidades de sedimentos


inconsolidados recentes (Quartenário): os depósitos aluvionares, os depósitos marinhos
com contribuição fluvial e os depósitos arenosos de origem predominantemente eólica.
59

IDADES
UNIDADES GEOLÓGICAS
ERA PERÍODO
Sedimentos inconsolidados de origem aluvio-coluvionar.
CENOZÓCIA

Sedimentos inconsolidados de origem marinha com


QUATERNÁRIO
contribuição fluvial.

Sedimentos arenosos inconsolidados (dunas).

TERCIÁRIO Argilitos, siltitos e arenitos brandos das Formações Riacho


MESOZÓICA

Morno (superior) e Guararapes (inferior) do Grupo


Barreiras.

Calcários, calcários argilosos e calcoarenitos da Formação


CRETÁCEO
Gramame do Grupo Paraíba.

Figura 4.2 Quadro resumo da situação estratigráfica das unidades geológicas da área de
estudo. Fonte: Coutinho (1967) e de Martins (2006).

Os aluviões fluviais são sedimentos predominantemente arenosos com lentes de


material siltoso e argilosos e níveis de cascalho variegado. São encontrados também áreas
de sedimentos argilo-siltosos ricos em matéria orgânica. Esta unidade ocorrem nos vales
das principais drenagens presentes na área de estudo (Rios Paraíba, Gramame, Jaguaribe,
etc., Figura 4.2).

Os depósitos marinhos compõem uma estreita faixa costeira, com maior expressão
no extremo nordeste da área estudada. São constituídas de areias bem classificadas, de
granulação fina a média e contendo restos de animais marinhos (conchas). Constituem as
praias e restingas atuais. Nos estuários das principais drenagens, estes sedimentos
recebem contribuição de material mais fino (silte e argila) e matéria orgânica, podendo
ocorrer áreas de mangues.

Os depósitos arenosos de origem eólica e marinha (material retrabalhado) são


constituídos por areias e ocorrem na forma de bolsões restritos nas porções central e leste
de área, sobre os platôs, cerca de 40 metros acima do nível de costa atual (Figura 4.2).
60

Figura 4.3 Mapa com as principais unidades geológicas presentes na área de estudo. Fonte:
Coutinho (1967) e Martins (2006).
61

Sob estas formações quaternárias, ocorre o Grupo Barreiras de idade terciária,


englobando as Formações Guararapes (superior) e Riacho Morno (inferior), constituídas
predominantemente de arenitos sílticos-argilosos, argilas areno-siltosas e leitos
conglomeráticos, sem a presença de fósseis. Os sedimentos são comumente mal
selecionados e com predominância de areia e argila. Apresentam cores avermelhadas,
variegadas e horizontes esbranquiçados associados à ocorrência de intercalações
cauliníticas (MABESOONE; CAMPOS e SILVA; BEURLEN, 1972; BIGARELLA, 1975). Esta
unidade predomina amplamente em termos de área de ocorrência no município de João
Pessoa (76% da área total), de acordo com o mapa geológico apresentado na Figura 4.3.

A unidade geológica mais antiga aflorante na região estudada é representada pela


Formação Gramame do Grupo Paraíba de idade cretácea (mesozóico). Esta formação
apresenta cerca de 40 metros de espessura, compreendendo rochas sedimentares químicas
com contribuição detrítica (sedimentos clásticos), formadas por calcários (de água rasa),
calcoarenitos litorâneos e horizontes de fosfato na sua porção basal. Presença de fósseis
(amonóides e foraminíferos). A denominação original da formação ocorreu em 1940,
referindo-se às ocorrências de afloramentos de calcário no vale do Rio Gramame, na porção
sul da área de estudo. Esta unidade também está presente de forma descontinua e
associadas à vales de drenagem nos setores norte e central investigada (Figura 4.3).

4.3 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS E PEDOLÓGICOS

A área de estudo está inserida, basicamente, em dois domínios geomorfológicos


distintos, cada um abrangendo várias unidades morfológicas. Caracterizados por Furrier
(2007), os domínios recebem as denominações de Baixos Planaltos Costeiros e Baixada
Litorânea.

Os Baixos Planaltos Costeiros estão inseridos na macrocompartimentação dos


Tabuleiros Litorâneos, sustentada pelos sedimentos areno-argilosos mal consolidados do
Grupo Barreiras. Constituem superfícies aplainadas e suavemente inclinadas para o leste,
sendo abruptamente interrompidos pelos entalhes fluviais.

Os limites desse domínio com a planície marinha são assinalados por uma linha de
falésias (vivas) esculpidas, na atualidade, por processos marinhos, ou por uma linha de
falésias mortas (inativas – Figura 4.4), nas quais os processos marinhos influentes na sua
forma cessaram.
62

Figura 4.4 Falésias mortas. Timbó (fotos: A. S. T. de MELO, 1998 apud MELO; ALVES;
GUIMARÃES, 2001).

A Baixada Litorânea corresponde a terrenos relativamente planos de baixa altitude,


formados por sedimentos depositados no Quaternário. Possuem altitudes modestas,
geralmente inferiores a 10 metros, embora ocorram planícies fluviais mais afastadas da linha
de costa com altitudes superiores (FURRIER, 2007).

A Baixada é composta de formas variadas que resultam da acumulação de


sedimentos marinhos, fluviais e flúvio-marinhos. Suas feições geomorfológicas são divididas
em praias, terraços marinhos, planícies marinhas, planícies flúvio-marinhas, planícies
fluviais e terraços fluviais.

As praias do litoral de João Pessoa sofrem forte variação sazonal quanto ao seu
perfil, apresentando acumulação nos períodos de verão (Figura 4.5(a)) e erosão nos
períodos de inverno (Figura 4.5 (b).
63

(a) (b)

Figura 4.5 Perfil praial de trecho da praia de Manaíra em janeiro de 2005 (a) e em junho de
2005 (b) (as rochas aflorando são na verdade de obras anteriores de contenção do processo
erosivo – na foto (a) elas se encontram soterradas pelos sedimentos). Furrier (2007).

Em conversão da nomenclatura do Mapa Pedológico do Estado da Paraíba (2004)


para o novo Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (EMBRAPA, 1999), Borges
(2004) menciona que a distribuição dos solos em João Pessoa está intimamente relacionada
ao relevo local.

Sobre os Tabuleiros Litorâneos do Grupo Barreiras predominam: Argilossolos


Vermelho-Amarelos, muitas vezes associados aos Latossolos Vermelho-Amarelos e aos
Espodossolos (Podzóis) (arenosos e argilosos de baixa fertilidade e lixiviados sobre os
sedimentos terciarios). Nas planícies fluviais, desenvolvem-se Neossolos Flúvicos e
Gleissolos (de várzea aluviais e hidromórficos), nas flúvio-marinhas, são encontrados os
Solos Indiscriminados de Mangue, e nas marinhas, ocorrem os Neossolos Quartzarênicos
(arenosos de praias, restingas e cordões litoraneos) (NASCIMENTO, 2008).

4.4 ASPECTOS GEOTÉCNICOS

Tuma (2004), em trabalho de mapeamento geotécnico da Grande João Pessoa (a


capital mais as cidades de Cabedelo, Santa Rita e Bayeux), aborda aspectos dentre os
quais alguns são mencionados a seguir. O autor identificou que os principais usos e
ocupações do solo são destinados para fins habitacionais, instalações industriais, pecuária,
agricultura e mineração (Figura 4.6).
64

Figura 4.6 Mineração em área urbana na cidade de João Pessoa.

A rede hidrográfica está representada por pequenos, médios e grandes afluentes,


com destaque para o rio Paraíba do Norte onde nas suas margens se concentra a atividade
de extração de areia através de desmonte hidráulico.

Entre os materiais inconsolidados residuais, aqueles resultantes da alteração das


rochas sem ação de transporte, estão representados os solos superficiais da Formação
Gramame e do Grupo Barreiras. Já entre os materiais inconsolidados retrabalhados,
aqueles resultantes da ação dos agentes externos, fazem parte os materiais de praia,
sedimentos aluvionares, depósitos de colúvio e os sedimentos de mangue (TUMA;
SOARES, 2001).

Sobre potencial a erosão, os autores apresentam as seguintes considerações:

 as áreas consideradas de alto potencial à erosão somam 19% da superfície


total e concentram-se, principalmente, nas margens dos rios a partir do
trabalho progressivo das águas correntes nos materiais de cobertura onde os
declives passam de 10% e, secundariamente, na ação da erosão marinha
que atua na destruição das saliências e reentrâncias do relevo representado
pelas falésias abruptas do Grupo Barreiras, na porção sudeste da área.
 A atuação dos processos erosivos de intensidade média ocorre em 76% da
área total, em terrenos contendo solos residuais com comportamento
mecânico variável de acordo com a inclinação natural do terreno, proteção da
65

cobertura vegetal e o desenvolvimento de processos antrópicos. A instalação


de processos erosivos dos tipos sulcos e ravinamentos são mais visíveis nos
horizontes superficiais do solo em locais de desmatamento clandestino, áreas
de empréstimo abandonadas, cortes de barrancos em vias de acesso e
ocupações urbanas em áreas inadequadas.
 Já onde os terrenos possuem baixas altitudes e baixas declividades, ao longo
do litoral nordeste da área mapeada, ou onde afloram litologias calcárias
caracterizadas por certa resistência mecânica, os processos erosivos atuam
com baixas intensidades em 5% da superfície total.

Para Tuma et al. (2003), entre os principais impactos ambientais observados


destacam-se os assentamentos urbanos em locais desfavoráveis, edificações na orla
costeira, contaminações dos mananciais hídricos, entre outros problemas.

É acrescentado que a área apresenta uma vocação geológica privilegiada quanto à


ocorrência de grandes quantidades e variedades de materiais empregados na construção
civil. Esta diversidade decorre da área estar situada numa bacia sedimentar marginal da
costa Atlântica. O potencial natural da região está representado por extensos depósitos de
areia, de argilas e importantes jazidas de calcário.

Na margem do rio Paraíba do Norte ocorrem enormes depósitos de areia, argila e


cascalho, provenientes do trabalho de erosão do rio nos tabuleiros do Grupo Barreiras. Os
materiais argilosos são usados para cerâmica comum (telhas e tijolos) e areia e brita como
argamassas, concretos, etc. Nessas áreas são mais visíveis os impactos ambientais
gerados pela execução irregular das atividades de mineração.

A posição estratigráfica dos materiais da Formação Gramame está abaixo do pacote


sedimentar do Grupo Barreiras, sendo assim, as camadas do calcário afloram somente nas
áreas topograficamente arrasadas do terreno. As jazidas desse material destinam-se,
principalmente, a fabricação de cimento. A lavra deste material é conduzida por empresas
legalizadas por processo mecanizado a céu aberto, mas também ocorre a extração irregular
por grupos de garimpeiros que operam na ilegitimidade.

Com respeito as atividade de fundações em João Pessoa, Soares (2005), em função


dos equipamentos disponíveis e economicamente viáveis e das áreas de maior demanda
em construção, os tipos de estacas mais utilizados são:

- Estacas de compactação (Tripé ou torre);


66

- Estacas escavadas (perfuratriz sobre caminhão);

- Estacas Franki (Franki);

- Estacas metálicas (torre);

- Estacas pré-moldadas de concreto (torre).

O autor divide o relato em função de duas áreas: a primeira sendo a parte alta de
João Pessoa, em relação ao nível do mar, com predominância do Grupo Barreiras. Nessa
região, na grande maioria dos casos, o perfil geotécnico apresenta a existência de solos
coesivos (siltes argilosos) e inexistência de lençol freático, pelo menos até profundidades
mais resistentes que oferecem boa capacidade de suporte. Dessa forma, a solução
escolhida para as fundações são estacas escavadas (perfuratriz sobre caminhão)
geralmente a 12 metros de profundidade na região do grupo barreiras ao norte do Rio
Jaguaribe ou tubulões a céu aberto. No trecho que corresponde ao sul do rio, na região da
Cidade Universitária (Bairros do Castelo Branco, Bancários, etc) o autor menciona a
ocorrência de fundações diretas (superficiais) com profundidade variando entre 1 e 1,5
metros.

A outra área é a região litorânea, com perfil geotécnico constituído por solos
granulares (areias, areias siltosas) e presença de lençol freático. Por razões óbvias, as
estacas escavadas e os tubulões a céu aberto se tornam inadequados para essa área. Às
vezes há ocorrência de uma camada intermediária compressível que ora se apresenta como
silte arenoso, ora silte argiloso, ou argila siltosa mole, variando de 7,0 m a 12,0 m de
profundidade.

Soares (2000) menciona a ocorrência de argila orgânica mole em trecho da planície,


de 13,5m a 23,0m de profundidade; e Conceição (1977), em trabalho com realização de
vários ensaios geotécnicos de laboratório e in situ estuda uma argila situada próxima ao leito
do Rio Jaguaribe no trecho em que este desemboca na base da falésia. O autor encontra
uma camada de 10 metros de espessura de argila mole e ao final dos ensaios
(classificação, palheta (Vane Test), consolidação, compressão não confinada, triaxial não
consolidado não drenado e consolidado drenado), observa que é pré – adensada.

Soares (2005) lista as soluções de fundações mais usuais nesta área (planície) em
ordem de maior ocorrência:

 Melhoria com Estaca de Compactação – aumenta a capacidade de carga de


solos arenosos e reduz os recalques das fundações, viabilizando o uso de
67

fundações diretas. As sapatas de fundação são assentadas sobre as estacas,


que, geralmente, são de areia e brita, ou traços fracos de solo cimento. Com
espaçamentos eixo a eixo entre 80 e 100 cm, alcançando no máximo 5 m de
profundidade, as estacas não são projetadas como elemento estrutural e sim
como parte de um sistema em que o solo tem sua resistência aumentada
para valores de tensões admissíveis da ordem de 5 kgf/cm2. Com poucas
quantidades de finos, a compactação do solo litorâneo é bastante eficiente e
têm-se prédios com mais de 30 lajes com esse tipo de solução de fundação.
Pelo fato de utilizarem-se materiais de menor custo, reduzir o volume de
sapatas e de escavações, de mão de obra e de ter uma alta produção, em
torno de 60 m diários, essa solução se torna bastante econômica em relação
às demais, e desde que os estudos de recalques e distorções angulares
sejam favoráveis, a melhoria de solo com estacas de compactação é
aprovada e utilizada como solução de fundação da obra.
 Estacas Tipo Franki - No caso de inviabilidade para a solução em melhoria, é
necessário atravessar a camada compressível de modo que a ponta da
estaca se encontre em profundidades inferiores ou iguais a 14,0 m, por
questão de custos;
 Estacas Metálicas – Para profundidades ainda maiores (de 18,0 m a 34,0 m)
 Estacas Pré-Moldadas de Concreto – Ainda no caso cujo alcance necessário
é para maiores profundidades (de 15,0 m a 21,0 m) e as sondagens SPT não
apresentam, ao longo da cravação, valores superiores a 20/30;
 Tubulões Pneumáticos – Em obras como pontes ou viadutos.

Ultimamente, vem crescendo bastante o uso de estacas tipo hélice contínua, em


ambos os setores da cidade (parte alta e baixa), uma vez que esse tipo de fundação não
apresenta limitações com o lençol freático. Nas praias, as estacas hélice contínua costumam
alcançar mais de 20 metros de profundidade, onde o NSPT atinge mais de 50 golpes.

4.5 ASPECTOS DA HIDROLOGIA

João Pessoa está situada na bacia do Baixo Paraíba e seus principais cursos d’água
são os rios Paraíba e Gramame. O primeiro rio citado é margeado por exuberantes
manguezais formando um grande estuário na sua desembocadura no oceano Atlântico,
enquanto que o vale do rio Gramame, possui na sua foz, extensas barras arenosas
68

configurando a este estuário uma característica lagunar. De maior importância para o


abastecimento de João pessoa, são os rios Marés, Sanhauá, Jaguaribe e Mumbaba-
Gramame que são os grandes provedores de água da cidade. A Figura 4.7 mostra as bacias
hidrográficas de João Pessoa com a rede hidrográfica principal.

Segundo Coutinho (1967), o curso dendrífico da rede hidrográfica localizada no


território foi definido pela inclinação do terreno, já que as formações geológicas estão
dispostas em arranjo tabular horizontal; acrescenta que a Formação Guararapes do Grupo
Barreiras, situada mais ao sul tem uma horizontabilidade nas camadas e um aspecto mais
estratificado. De acordo com Carvalho (1999), esta situação é típica de áreas que possuem
rochas sedimentares que provocam uma “estratificação da permeabilidade”.

Também merecendo destaque encontra-se o rio Jaguaribe, que corta a cidade no


sentido sul e norte. Nóbrega (2002) lembra que o rio Jaguaribe, até a década de trinta, tinha
sua foz na divisa entre as praias do Bessa (última praia ao norte de João Pessoa) e de
Intermares (primeira praia do sul do município de Cabedelo, este ao norte de João Pessoa).
O Jaguaribe então foi desviado com o objetivo de melhorar as condições sanitárias dos
terrenos do bairro do Bessa que apresentava-se como área doentia pela presença dos
alagados que dominavam toda sua extensão. O rio tem uma extensão aproximada de 21 km
desde a sua nascente ao sul de João Pessoa, até a sua desembocadura no mar da praia do
Intermares. Trata-se de um rio que percorre vários níveis topográficos e que tem sofrido
alterações antrópicas, inclusive com ocupação de assentamentos subnormais nas suas
vertentes. (LEMOS, 2004).
69

Figura 4.7 Mapa com as principais bacias hidrográficas presentes na área de estudo.
70

4.6 ASPECTOS DA HIDROGEOLOGIA

Melo e Alves (2001), em capítulo (a partir do qual foi baseado este item) sobre águas
subterrâneas na região de João Pessoa, especificam dois sistemas que ocorrem na área:

- um sistema livre, contido, sobretudo no Barreiras e nos sedimentos inconsolidados


do Quartenário, e, de maneira mais restrita, nos calcários da Formação Gramame e nos
arenitos da Formação Beberibe.

- Um sistema confinado nos sedimentos Beberibe, caso se encontrem sotopostos à


Formação Gramame ou sob níveis confinantes, argilosos das formações do Barreiras.

O aqüífero Beberibe é um dos mais importantes da região nordeste, pois além de ser
relativamente profundo (>100m), está, na sua porção mais oriental, confinado pelos
calcáreos das formações Gramame, sendo, portanto, de difícil contaminação.
(FURRIER,2007).

A formação Beberibe apresenta uma espessura superior a 165 metros. O aqüífero


encontra-se numa área com pluviometria relativamente elevada e boas condições de
alimentação indireta. Acrescenta-se a sua posição geológica favorável, com suave
inclinação para o mar e com superposição de níveis impermeáveis diversos. Esses fatores
contribuem para a formação de um aqüífero artesiano que, dependendo da dissecação,
produz excelentes condições de emanações, ressurgências e fontes, quando situadas longe
das zonas de recarga direta. A alimentação é feita de duas maneiras:

Direta, pelas precipitações ao longo de suas faixas de exposição planas e arenosas,


com taxas de infiltração que variam de 15% a 30% da pluviosidade anual (SUDENE, 2001);
ou indireta, por meio de infiltração vertical do lençol freático que lhe é sobreposto (Barreiras
ou depósitos quaternários).

O aqüífero Gramame, referente aos calcários, produz quantidade reduzida de água


subterrânea e de qualidade química medíocre. Sua alimentação se faz verticalmente:
ascendente, quando proveniente do aqüífero Beberibe e descendente, a partir do Barreiras
ou dos sedimentos quaternários. As possibilidades de uma circulação cárstica existem nos
calcários puros, mas a permeabilidade média é sempre baixa uma vez que as camadas
margosas são predominantes.

Os sedimentos que constituem o Barreiras ocupam uma extensão considerável na


área estudada. Quanto à espessura, o grupo é mais possante na faixa litorânea, variando de
71

40 a 70 metros, mas podem existir setores em que essas espessuras podem ultrapassar os
80 metros.

O aqüífero Barreiras é de relativa importância na área, produzindo água de boa


qualidade. No geral, apesar de sua extensão, o aqüífero Barreiras apresenta, no seu todo,
possibilidades hidrológicas relativamente fracas em virtude de sua baixa permeabilidade, da
existência de ressurgências nas encostas dos vale e da alimentação dos rios e desempenha
um papel importante como reservas de água subterrânea.

Essas reservas de água subterrânea são restritas aos níveis mais arenosos e
conglomeráticos, encerrados entre níveis mais finos e argilosos. A circulação subterrânea se
realiza com substancial perda de carga por três razões: drenagem permanente do aqüífero
para os cursos d’água que dissecam a área; drenagem para o nível confinado sub-
superficial (Formação de Beberibe, se a diferença do potencial hidrodinâmico o permitir);
escoamento para o oceano.

A alimentação desse aqüífero é feita, exclusivamente, pela infiltração das águas das
chuvas anuais, cujas taxas são estimadas em 15%, variando para mais ou para menos, em
função do seu condicionamento morfológico. A circulação ocorre diretamente ou
indiretamente para o mar, condicionada pela rede hidrográfica, configuração
geomorfológica, constituição geológica e relações tectono-estruturais (LUMMERTZ, 1977).

Os depósitos quaternários constituem sistemas aqüíferos livres e acham-se bem


distribuídos pela planície aluvial dos rios Jaguaribe e Timbó e pela planície litorânea. Sua
permeabilidade está relacionada com o seu conteúdo em silte e argila. Nos locais mais
afastados do litoral, predominam depósitos areno-argilosos de granulação média e fina,
ocasionalmente grosseira e até conglomerática (coluviões do Barreiras e sedimentos
aluviais). Nos setores mais próximos da costa, esses depósitos são fluviomarinhos,
tornando-se síltico-argilosos e apresentam coloração cinza-escuro a preto.

4.7 ASPECTOS DO CLIMA

De acordo com a classificação de W. KÖPPEN, o clima é do tipo As` caracterizado


como quente e úmido com chuvas de outono e inverno. A média térmica anual é de: mínima
de 23º C; máxima de 28º C; e amplitude térmica de 5º C (BORGES, 2004).
72

No contexto pluviométrico, a cidade de João Pessoa apresenta períodos de estações


seca (primavera-verão) e chuvosa (outono-inverno) bem definidos. A pluviosidade média
mensal em mm de João Pessoa é exibida na Figura 4.8; Furrier (2007) comenta a
observação dos períodos mais chuvosos (março – agosto) e mais secos (setembro –
fevereiro).

Figura 4.8 Pluviosidade média mensal de João Pessoa, no período de 1912 a 1985
(SUDENE, 1990 apud FURRIER, 2007).

4.8 ASPECTOS DA VEGETAÇÃO

A vegetação de João Pessoa aparece, segundo Carvalho, F. e Carvalho, M. (1985),


representada por formação vegetal pioneira, caracterizada por uma formação do tipo
herbácea, de fisiologia própria para ambientes salinos; campos e matas de restinga,
manguezais, mata úmida – latifoliada perenifólia costeira – ou mata atlântica e cerrado.
73

5 MÉTODO
A pesquisa foi estruturada segundo as etapas e atividades apresentadas na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 Principais etapas e atividades da pesquisa.


Etapas Atividades
Revisão bibliográfica preliminar
Definição do tema, hipóteses de trabalho e objetivos
Planejamento
Definição da ferramenta computacional
Definição da área de estudo
Revisão Fundamentação teórica orientada para atender às diretrizes definidas na
Bibliográfica etapa do planejamento
Base topográfica digital
MDT
Mapa de Declividade
Coleta e
Mapa de Bacias Hidrográficas
Tratamento
Mapa Geológico
dos Dados
Seleção e organização dos boletins de sondagem
Estruturação das planilhas do banco de dados
Entrada dos dados das sondagens no banco de dados
Interpolações
Interpolação da superfície freática com métodos determinísticos (Topo to
a partir do
Raster) e geoestatísticos (krigagem ordinária)
Banco de
Interpolação do NSPT com Topo to Raster e Krigagem Ordinária
Dados
Análise dos Validação das interpolações
Resultados Premissas quanto ao comportamento do terreno frente à obras de fundações
Elaboração das conclusões obtidas com a pesquisa
Conclusões
Desmembramentos potenciais para o estudo
74

5.1 PLANEJAMENTO

Esta etapa englobou atividades voltadas à preparação da pesquisa, envolvendo a


realização de uma revisão bibliográfica preliminar, a definição do tema, das hipóteses de
trabalho e dos objetivos discutidos anteriormente.

Dado a natureza da pesquisa relacionada à utilização de ferramentas


computacionais e banco de dados, nesta etapa também foi feita a escolha do SIG para
cumprir esta função. Optou-se pelo uso de SIG visto que se trata de um programa que
agrega muito bem as funções de gerenciamento e análise de uma base de dados de
natureza espacial, característica intrínseca das variáveis geotécnicas a serem estudadas.

Em particular, optou-se por utilizar o ArcGIS, pois o Departamento de Geotecnia


dispõe de licença de uso e ele apresenta uma estrutura organizacional que permite a
realização das atividades relacionadas ao projeto em questão (banco de dados relacional),
incluindo ferramentas avançadas de edição, suporte a metadados, interfaces
convenientemente facilitadas à utilização do usuário e leitura direta de uma variedade
considerável de dados.

Mais importante que estas características, dado o escopo da presente pesquisa, o


ArcGIS também possui ferramentas de análise estatísticas, assim como de métodos de
interpolação determinísticos e geoestatísticos.

Outro fator condicionante a opção pelo software apresentou-se na observação de


que os órgãos municipais de João Pessoa (Secretaria de Meio Ambiente – SEMAM e
Secretaria de Planejamento – SEPLAN) colaboradores e diretamente interessados no
melhor andamento da pesquisa utilizam o ArcGIS como plataforma das atividades de
geoprocessamento. Diante desse contexto, a escolha de um SIG cujos produtos
resultassem em formatos compatíveis aos dos gerenciados pelos usuários em potencial foi
influenciada de maneira relevante.

A definição da área de estudo também aconteceu na etapa de planejamento. O


município de João Pessoa (PB) foi escolhido pela possibilidade de acesso a um acervo
muito grande de boletins de sondagem à percussão realizados neste município, fornecidos
gentilmente pela empresa Concresolo - Consultoria em Concreto e Solos Ltda.

Além disso, a própria Prefeitura Municipal de João Pessoa manifestou interesse na


pesquisa e disponibilizou uma série de dados que foram utilizados nos estudos realizados.
75

5.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A etapa de revisão bibliográfica sistemática iniciou-se em seguida à etapa de


planejamento da pesquisa, buscando consolidar uma fundamentação teórica nos principais
temas técnicos envolvidos no trabalho. Uma síntese dessa revisão foi apresentada no item 2
deste texto.

5.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

5.3.1 Base Topográfica Digital

Como início das atividades de levantamento e preparação das bases cartográficas


digitais, foi adquirida a carta com as folhas topográficas do município de João Pessoa, em
escala 1:10.000, disponibilizada pelo INTERPA – Instituto de Terras e Planejamento
Agrícola do Estado da Paraíba. A Tabela 5.2 apresenta os códigos das folhas constituintes
da carta.

A carta apresenta Projeção UTM - Meridiano Central 33o; Datum Horizontal : SAD 69
Chuá (MG); Datum Vertical: Marégrafo de Imbituba (SC). Tais especificações correspondem
à Zona UTM 25S (Fuso 25).

As folhas (Tabela 5.2) foram convertidas em imagens de formato Bitmap


(escaneadas) e resolução de 400 d.p.i. Foram então georreferenciadas individualmente em
coordenadas geográficas com o Datum SAD 69.

Seguiu –se então do recorte de cada folha e, ainda em coordenadas geográficas, as


folhas foram articuladas em um mosaico. O mosaico foi então projetado para coordenadas
plano - retangulares no sistema de projeção UTM.
76

Tabela 5.2 Códigos das folhas topográficas em escala 1:10.000 de João Pessoa – PB.

Código Folha

H12 SB – 25 – Y – C – III – I – NE – C

I11 SB – 25 – Y – C – III – I – N0 – F

I12 SB – 25 – Y – C – III – I – NE – E

J11 SB – 25 – Y – C – III – I – SO – B

J12 SB – 25 – Y – C – III – I – SE – A

J13 SB – 25 – Y – C – III – I – SE – B

K10 SB – 25 – Y – C – III – I – SO – C

K11 SB – 25 – Y – C – III – I – SO – D

K12 SB – 25 – Y – C – III – I – SE – C

K13 SB – 25 – Y – C – III – I – SE – D

L11 SB – 25 – Y – C – III – I – SO – F

L12 SB – 25 – Y – C – III – I – SE – E
L13 SB – 25 – Y – C – III – I – SE – F

Como etapa seguinte à obtenção e georreferenciamento do mosaico, partiu-se para


a etapa de vetorização dos elementos presentes no documento e necessários à posterior
geração do MDT. Tais elementos correspondem às curvas de nível, com espaçamento de 5
metros e amplitude de cotas variando de 0 a 70 metros, a rede de drenagem e pontos
cotados, totalizando 1812 com cotas variando de 1 a 71 metros.

Como dados auxiliares, foram utilizados arquivos em formato shape fornecidos pelas
Secretarias de Meio Ambiente e de Planejamento do município, com as curvas de nível, os
lotes e ruas da cidade. O arquivo que continha as curvas de nível representou um impasse
ao andamento do projeto, visto que as curvas, apesar de especificadas com o mesmo
sistema de projeção da base georreferenciada, apresentavam-se de maneira discordante e
muitas vezes com erros de ajuste inaceitáveis (mais de 10 metros de distância), além de
haver trechos não digitalizados ou com especificação de elevação não compatível às da
Carta Plani-altimétrica.

Tais arquivos foram adequados e ajustados à base topográfica digital produzida na


etapa anterior, e, adicionalmente, foram digitalizados a rede de drenagem e os pontos
contados representados na carta.
77

Para realização dessas etapas foram utilizados comandos do software ArcGis 9.1
referentes à inserção ou exclusão de vértices constituintes das feições de classe das linhas,
mudança de posição de tais vértices, além da digitalização manual (comando sketch).
Também foi necessária a quebra de elementos vetoriais compostos por linhas (split tool)
para o aumento de curvas que não se encaixavam adequadamente ao traçado original da
carta.

Como os boletins de sondagens (melhor detalhados mais adiante) utilizados


apresentam locações dos furos em função do endereço, o qual exibe o nome da rua e
número do terreno, foi necessário também o ajuste do arquivo em formato shape contendo
os lotes do município, fornecido pelas secretarias mencionadas, uma vez que representa um
dos temas fundamentais à locação das sondagens. Tal arquivo, representado por elementos
vetoriais de polígonos, cujo atributo de maior interesse ao trabalho é o número do lote, foi
ajustado às representações correspondentes na Base Topográfica Digital.

5.3.2 Modelo Digital do Terreno (MDT)

No âmbito da pesquisa, o MDT se mostrou fundamental ao processo de inserção dos


furos de sondagem (na definição das cotas de boca dos furos) e atuou como base para as
modelagens posteriores.

Foram testados dois métodos na elaboração do modelo: a triangulação por


interpolação linear (TIN) e o Topo to Raster.

Com o Topo to Raster, o MDT no formato grid foi produzido a partir do módulo
Spatial Analyst utilizando-se a rotina topo to raster by file. Para definição do espaçamento de
malha máximo, considerou – se o critério do erro cartográfico admissível, que corresponde a
0,5 mm da escala e trabalho adotada. Na escala de 1:10.000, este erro corresponde a 5
metros. Para dados de entrada, a rotina requer as curvas de nível, pontos cotados e linhas
de drenagem; e para controlar o modelo de interpolação, são definidos parâmetros
especificados através de um arquivo no formato texto (Figura 5.1).
78

Figura 5.1 Ilustração do arquivo txt com os parâmetros de entrada do módulo Topo to raster.

Foram realizados vários testes com o intuito de refinar os resultados da interpolação


do MDT, tal como a redução do espaçamento da malha. Ao tentar definir o tamanho de
célula a partir de 2,5m, observou-se como efeito negativo um aumento significativo no tempo
de processamento e nos arquivos produzidos, assim como a necessidade de capacidade de
memória computacional muito maior que a disponível. Em medida alternativa a esse fator, a
área de estudo foi dividida em quatro setores e as interpolações realizadas separadamente,
para obter o espaçamento mínimo de malha 4m. Após esse processo, reuniram-se os
setores já interpolados com a ferramenta de mosaico, obtendo, assim, o MDT para a toda a
área de estudo com uma melhor precisão, devido à redução do espaçamento da malha.

Também foi analisado o MDT gerado pela Triangulação de Delaney (TIN). Para
direcionar a escolha e validação do algoritmo de interpolação que melhor definisse o MDT,
entre os métodos Topo to Raster (malha de 4 e 5 m) e TIN, foram extraídos deles os valores
de cota interpolados (estimados) nos locais dos pontos cotados originais, previamente
obtidos da Base Topográfica Digital. Para a extração destas cotas, recorreu-se ao comando
Extract values to points do módulo Spatial Analyst Tools. Em seguida, os valores extraídos
foram utilizados em conjunto aos originais no cálculo do Root Mean Square Error – RMS ou
erro médio quadrático, calculado pela equação:

√∑ (Equação 7)
79

em que n é o número total de pontos; z o valor do ponto original e zi o valor estimado.

Seguindo recomendação do manual do ArcGis 9.1, foram geradas curvas de nível a


partir do MDT produzido (comando 3D Analyst >Surface Analysis > Contour) com
espaçamento entre si de 2,5 metros (metade do intervalo das curvas iniciais interpoladas –
5m), as quais foram comparadas visualmente as curvas de nível originais vetorizadas das
folhas topográficas. Essa comparação representa uma das formas de validação do resultado
obtido.

5.3.3 Mapa de declividade

A partir do MDT, foi gerado o mapa de declividade (comando slope), organizada em


classes destacando restrições potenciais ao parcelamento dos solos (em função de
aspectos como controle de erosão, dificuldades para implantação de serviços de infra-
estrutura, movimentos de massa, etc) com intervalos: [0 – 6]; [6,1 – 12]; [12,1 – 20]; [20,1 –
30]; [30,1 – 98] (%) (Lei Federal 6.766/79, IPT, 1991).

5.3.4 Mapa de Bacias Hidrográficas

Foi elaborado também o Mapa de Bacias Hidrográficas, por meio do módulo Arc
Hydro e dos arquivos de drenagem. As bacias hidrográficas obtidas automaticamente
forama agrupadas de forma a definir as principais áreas de captação e fluxo d’água
superficial que posteriormente subsidiaram as interpolações e análises das profundidades
do lençol freático na área estudada.

5.3.5 Mapa Geológico

O mapa geológico de João Pessoa foi cedido ainda não finalizado pela SEMAM-
Secretaria de Municipal de Meio Ambiente. Foi então ajustado ao publicado por Coutinho
(1967) e citado por Martins (2006).
80

5.3.6 Seleção e organização dos boletins de sondagens

O processo de coleta e reunião dos boletins de sondagens e informações referentes


aos mesmos, como relatórios técnicos e locações dos furos, foi realizado em João Pessoa -
PB. Os dados foram disponibilizados do acervo técnico da empresa Concresolo –
Consultoria em Concreto e Solos Ltda, que atua na área de investigações geotécnicas,
particularmente em sondagens à percussão com o ensaio SPT, na cidade de João Pessoa -
PB.

A empresa realiza as sondagens segundo as normas vigentes da ABNT (NBR


6484/2001; NBR 8036/1983).

Os furos são nivelados em relação a RN indicado em planta com cota arbitrada de


0,0 m. O relatório do ensaio inclui as sondagens representadas em perfis individuais com:
determinação do tipo de solo e suas respectivas profundidades de ocorrência, a posição do
nível d’água, os índices de resistência à penetração (NSPT) a cada metro, cota do furo em
relação ao RN adotado e demais informações pertinentes. A última folha mostra planta do
local da obra contendo a posição da referência de nível (RN) e localização dos furos.

Entre as informações exibidas em cada boletim, correspondentes a cada furo,


destacam-se:

• Obra associada;

• Endereço do local em que os furos foram realizados, com nome da rua,


número do terreno e bairro;

• Data da realização da sondagem;

• Cota da boca do furo, dada em relação ao meio fio da rua;

• Profundidade do nível d’água;

• Profundidade do topo e base das camadas de solo;

• Características das amostras de solo, como cor, compacidade e


granulometria;

• Valores do índice de resistência à penetração N de cada metro de


profundidade;
81

• Profundidade do impenetrável ou limite de sondagem.

Em observação do material referente aos relatórios disponíveis na empresa, foi


constatada a existência de arquivos organizados por ano, desde 1975. Optou-se por copiar
todo o acervo, em virtude da pesquisa ser realizada no estado de São Paulo e com o intuito
de diminuir a necessidade de deslocamentos para coleta de material, além de permitir à
aluna a opção de trabalhar com o maior número de sondagens possível. Ao todo, foram
realizadas mais de 10.000 cópias, incluindo perfis de sondagens e croquis com locações.

Após o processo de coleta e de reunião dos boletins de sondagens, deram-se início


as etapas de triagem do material para observação da distribuição das sondagens na área de
estudo.

Dentro do montante de material copiado, a amostragem de estudo utilizada na


pesquisa alcançou mais de 4.500 perfis de furos, que representam quantidade considerável
de dados quando comparada a trabalhos com caráter semelhante. A tarefa de separar as
sondagens por localização se mostrou extensa e laboriosa, principalmente pela opção de
reorganizar o acervo por códigos referentes ao número do relatório de cada perfil, ao ano
realizado e ao bairro em que se localiza, de modo a evitar repetição de perfis ao contabilizar
o total de boletins.

Ao final da triagem, obtiveram-se as quantidades de boletins de sondagens


referentes à observação preliminar da distribuição dos furos na área de estudo.

5.3.7 Estruturação das planilhas do banco de dados das sondagens

A estruturação das tabelas utilizadas como instrumentos de captura e


armazenamento das informações contidas em cada boletim de sondagem foi obtida em
função dos seguintes dados:

• Data da realização da sondagem;

• Profundidade do nível d’água;

• Profundidade do topo e base das camadas de solo;


82

• Características das amostras de solo, como cor, compacidade e


granulometria;

• Valores do índice de resistência à penetração NSPT de cada metro de


profundidade;

• Profundidade do impenetrável ou limite de sondagem.

A premissa básica adotada que direcionou a elaboração do modelo de tabela


utilizado consiste na constatação de que a disposição dos campos referentes às
informações de cada boletim possibilite a execução das interpolações posteriores, incluindo
os métodos geoestatísticos.

Para tanto, foi concebida uma rotina de estágios que envolvem a geração e relação
de camadas e tabelas que atendessem às necessidades do projeto por meio das
ferramentas do ArcGIS 9.1.

Inicialmente, procede-se a geração de um arquivo em formato shape de pontos que


representam a localização dos furos de sondagem, inseridos manualmente (comando
sketch) na base de dados digital a partir dos temas (planos de informação) contendo os
lotes e nomes das ruas, de acordo com as especificações de locação de cada croqui dos
relatórios de sondagem.

Após a inserção dos pontos que representam os furos, foram acrescentados, na


tabela de atributos do shape, campos referentes às informações contidas nos boletins de
sondagem que não variam com a profundidade e apresentam valores únicos para cada furo
(coord. X, corrd. Y, ID do furo, data, nível d’água, limite de sondagem, etc.).

No decorrer do processo, são geradas linhas nas tabelas que representam cada
ponto inserido e, por conseguinte, cada furo de sondagem e suas respectivas informações
relevantes a pesquisa.

Mostrou-se necessário, adicionalmente, a concepção de uma tabela que permitisse,


por sua vez, a captura, armazenamento e manipulação das informações contidas nos perfis
de sondagem que variassem com a profundidade (valores de N, tipo de solo, cor, textura,
compacidade, etc.).

Optou-se então pelo formato dBase file (.dbf), pois o mesmo possibilita a realização
de edições em programas auxiliares como Excel assim como o retorno para a plataforma
83

ArcGIS, além de ser compatível com o relacionamento e junção de tabelas (aspecto


fundamental à interação com a tabela de atributos do arquivo shape gerado anteriormente).

Nas versões do ArcGis 9.3 em diante já é possível vincular as tabelas no formato


básico do Excel (formato .xls), sem necessidade de elaboração de uma em formato .dbf.

Após a etapa de geração desses arquivos, é realizada a ligação entre as duas


tabelas (comando join). O esquema da Figura 5.2 ilustra o princípio básico do processo
(junção em função do ID).

Id

FURO prof. NSPT

FURO N.A. DATA 1 1 3

1 1,5 12/4/2006 1 2 7
1 3 4
2 2 30/9/2003
2 1 9
3 1,3 31/3/2000
2 2 10

Figura 5.2 Esquema ilustrativo da estrutura das tabelas

A tabela resultante reúne todos os campos provenientes das originais, repetindo,


inclusive, as linhas referentes às informações contidas nos campos que não variam com a
profundidade, oriundas da tabela do arquivo shape.

Entretanto, para a realização das interpolações e modelagens seguintes, é


necessário que os campos que contêm os atributos e informações de estudo pertençam a
um arquivo em formato shape, o que não ocorre com a tabela ligada, em formato dBase.
Procedeu-se, então, a geração de um segundo arquivo no formato desejado, a partir da
tabela ligada (comando display X e Y). Como resultado, obteve-se um novo plano de
informação representando a um shape de pontos envolvendo todos os campos de atributos
correspondentes às informações que serão utilizadas nas etapas posteriores.
84

5.3.8 Entrada dos dados de sondagens

Pelo fato das sondagens não apresentarem coordenadas provenientes de nenhum


procedimento de georreferenciamento, foi necessário localizar os furo por dados de
endereço dos croquis existentes. Para isso, foram recorridos aos nomes de ruas, números
de lotes, bairros, e qualquer outra informação que pudesse auxiliar a busca.

Uma vez que a referência principal para a localização eram os lotes (terrenos, que,
por sua vez, encontram-se dispostos em função de ruas, praças, e outros elementos da
malha urbana), foi utilizado o auxílio adicional de imagens de satélite em alta resolução,
juntamente aos outros planos de informação, para a verificação e localização dos furos
dispostos nos croquis impressos, referenciados de acordo com os tipos de obras. Diante das
áreas disponíveis e porcentagem de cobertura de nuvens, optou - se pelas imagens em
formato Quickbird com 0,6 m de resolução espacial colorida (3 bandas).

Dos furos analisados na triagem inicial muitos não apresentavam a localização de


maneira adequada e foi impossibilitada a sua localização.

Não obstante, foi permitido localizar a posição de 1.881 sondagens. Observaram-se


cerca de três furos por lote encontrado, uma vez que cada campanha geralmente é
realizada dentro de um só lote. Para distribuir melhor os componentes dessa amostra (visto
que muitos se encontram com distância muito próxima em relação a outros), foram
inseridos, no banco de dados, 705 furos (cerca de um por lote). Essa medida demonstrou-se
necessária devido às escalas de trabalho do estudo, pois ao realizar os primeiros testes de
interpolação com todos os furos de cada lote, a krigagem informava a presença de furos
muito próximos e solicitava um tratamento inicial (trabalhar com a média dos furos, o maior
valor, etc).

Em função disso, para cada um dos 705, existem cerca de um ou dois furos a mais,
a distâncias próximas, pertencentes às campanhas correspondentes. Assim, 1176 foram
deixados em separado por se incluírem no grupo dos furos extras, ainda não inseridos, mas
com localização confirmada (cada furo inserido foi indexado aos extras com mesma
localização - lote). Esses furos extras foram reservados, então, para etapa posterior as
análises, como forma de verificar os modelos obtidos. Suas informações e valores foram
comparados aos estimados a partir dos modelos. Dessa forma, foi possível realizar uma
etapa de validação dos resultados obtidos. A Tabela 5.3 resume um quantitativo do número
de sondagens utilizado.
85

Tabela 5.3 Sondagens utilizadas na pesquisa

N. de sondagens Situação
705 Inseridas no banco de dados

Não inseridas e reservadas para


1176
comparação / validação das estimativas

1881 Total

5.3.8.1 Cotas das bocas dos furos de sondagens

Um aspecto importante considerado no trabalho diz respeito às cotas de boca dos


furos (nível em que a perfuração e cravação são iniciados e a partir do qual é feita a
contagem de profundidade).

Numa situação ideal, a boca dos furos seria considerada como coincidente com o
nível de superfície, ou o valor de cota do MDT. Entretanto, devido à realização de
escavações e aterros para diversos fins (assim alterando-se a disposição de cotas originais
do terreno) antes de alguns ensaios de sondagem, considerou- se a hipótese dos perfis
apresentarem bocas dos furos em níveis discrepantes do que seria o nível de superfície.

A altura relativa em que se inicia o ensaio é obtida a partir do desnível entre a boca
do furo e um RN adotado – na maioria das vezes sendo o meio fio da rua em que o lote se
encontra, e admitido aqui como exatamente o valor de cota do MDT, ou seja, supondo- se
que não há diferença de níveis entre o RN e o terreno.

Nos perfis de sondagem, a altura da boca do furo é dada em valores negativos


quando o ensaio se inicia em níveis abaixo do RN e em valores positivos na situação
inversa.

Como etapa de testes e avaliação da relevância dos efeitos dessa diferença, esse
aspecto foi então levado em conta para a entrada dos dados nas tabelas, visto que
influenciam diretamente os valores de profundidade atingida. Caso o furo se inicie com
desnível negativo em relação ao MDT, a profundidade real das camadas atingidas em
86

relação à superfície seria mascarada pela profundidade de ensaio alcançada (ex.: um valor
de profundidade de ensaio a 4 m seria na verdade 5 m se no início do ensaio a boca do furo
se encontrava a 1 m abaixo do RN (superfície)). A Figura 5.3 exibe um esquema ilustrativo
da situação.

Para ajustar essa condição, foi considerada, além da profundidade de ensaio


(correspondente às variações de metro em metro até a parada) a profundidade corrigida.
Essa é encontrada somando-se (furo abaixo do RN  prof. aumentada) ou subtraindo- se
(furo acima do RN  prof. diminuída). Tal critério foi adotado para os casos em que o H da
boca do furo ultrapassasse 1 m de diferença.

Por meio da definição dessa correção, foram analisados então os efeitos e a


necessidade de considerar tal procedimento nas modelagens posteriores.

Figura 5.3 Esquema representando a diferença de nível entre a cota da boca do furo de
sondagem nos casos com realização de cortes no terreno anteriores a execução do ensaio.

5.4 INTERPOLAÇÕES

5.4.1 Superfície Freática

Para a interpolação da superfície freática, separaram-se os furos que dispunham de


dados referentes ao nível dágua em função de dois períodos: março – agosto (período de
chuvas) e setembro – fevereiro (estação mais seca). Os furos realizados no período seco
ultrapassaram em número os realizados no período de chuvas, por isso os testes para toda
a área de estudo foram realizados com o primeiro grupo. Juntamente a estes, foram
utilizados, como forma de auxílio, pontos tirados das linhas de drenagem e dados de poços
87

fornecidos pela empresa HIDROTEC, localizados nos trechos em que as sondagens não
persistiram até profundidades que alcançassem o nível d’água.

Utilizaram – se dois métodos para a modelagem do lençol freático: Topo to Raster e


Krigagem Ordinária. O modelo obtido com o Topo to Raster se mostrou mais satisfatório, por
isso as análises posteriores dos produtos derivados do N.A. foram realizadas utilizando
apenas este método.

Tais análises incluíram a subtração da superfície freática obtida do MDT, como forma
de se avaliar a adequabilidade do modelo e também de se obter um modelo que
representasse a profundidade do nível d’água, fator limitante na escolha de tipos de
fundações.

As análises de comparação da variação de nível da superfície freática entre os dois


períodos (estações) – seco /chuvoso foram realizadas somente para a planície Costeira,
pois é onde os furos com valores de N.A. correspondentes ao período chuvoso encontram-
se na sua maioria.

5.4.2 Índice de Resistência a Penetração (NSPT)

Para as interpolações dos valores de NSPT os testes iniciais foram realizados para
diferentes profundidades que abrangiam toda a área que continha os furos de sondagem.
Entretanto, a diferença de comportamento geotécnico das diferentes unidades geológicas
não se mostrava bem caracterizada ao se avaliar a área como um todo. Além disso, foram
observadas incompatibilidades nos processos de modelagem (tais como definição do passo
do variograma, que é influenciado pela distribuição/regularidade das sondagens em planta)
ao se avaliar a variabilidade do índice de resistência englobando todos os furos.

Também havia muitas porções de sondagens nas extremidades da área total que se
encontravam isoladas em relação às demais, e, em alguns casos, separadas por redes de
drenagem. As estimativas realizadas nos espaços entre essas porções, especialmente nos
vales de drenagem, não sugeriram valores reais.

Decidiu-se então realizar as análises desta etapa de forma a compartimentar a área


de estudo em três diferentes setores, exibidos na seção de resultados (Capítulo 6). Os
88

setores foram determinados de acordo com as áreas que apresentavam maior densidade de
sondagens.

Para a interpolação dos valores de NSPT, selecionaram –se as profundidades mais


adequadas para o suporte de fundações, tal como proposto por Zuquette (1987).

No caso de fundações superficiais ou diretas, em todos os três setores, optou – se


por avaliar a tensão admissível das camadas superficiais com a formulação empírica muito
comum no meio técnico brasileiro (segundo Cintra, Aoki e Albiero, 2003):

Tensão admissível = NSPT / 50 (Equação 8)

em que o NSPT é o valor médio no bulbo de tensões e o resultado é dado em MPa.

Considerou -se uma sapata quadrada de lado 2 metros, apoiada a 1 metro de


profundidade (uma simplificação para a cota de apoio mais comum de 1,5 metros, já que as
camadas eram regulares de metro em metro), o que promoveria um bulbo de tensões de
raio 4 metros.

Então foram utilizadas as camadas de solo referentes as profundidades entre 1 e 5


metros. O NSPT médio entre esses níveis foi calculado para cada ponto de sondagem e
depois utilizado nos testes de interpolações.

Para fundações profundas, no Setor 1 utilizaram-se os NSPT às profundidades de 6 e


14 metros de profundidade por serem estas as cotas de apoio da estacas mais
freqüentemente executadas nesta área: estacas de compactação como melhoria do terreno
(6 metros) e estaca tipo Franki (14 metros).

Após análises dos perfis neste setor se observou a ocorrência de uma camada com
faixa de valores com índices de resistência menores (solo mole/fofo), situada entre 9 e 11
metros de profundidade. Optou-se então por realizar testes de interpolação do NSPT também
na profundidade de 10 metros, de forma a refinar a caracterização geotécnica da área de
estudo.

Para as áreas do grupo barreiras (Setores 2 e 3), optou-se por interpolar os valores
do índice a uma profundidade de 12 m devido à predominância de execução de estacas
escavadas à este nível.
89

Definidos os níveis a ser analisados em cada setor, as estimativas foram realizadas


por meio da krigagem ordinária e do Topo to Raster.

As classes de valores exibidos foram estabelecidas de acordo com as tabelas da


NBR 6484 (2001) para o grau de compacidade das areias e consistência das argilas em
função dos valores de NSPT.

Diante da quantidade de furos e variedade de descrição das texturas dos solos, nos
casos em que os intervalos da norma para areias e argilas não se equivalem totalmente,
buscaram-se valores intermediários e obtiveram-se as seguintes classes:

Tabela 5.4 Intervalos obtidos para as classes de valores de NSPT, de acordo com a
consistência/ compacidade dos solos

NSPT Consistência / Compacidade


≤2 Argilas muito moles / Areias fofas
3–5 Argilas moles / Areias fofas
6 -10 Argilas médias / Areias médias
11 – 19 Argilas rijas / Areias compactas
20 - 40 Argilas duras / Areias compactas
> 40 Argilas duras / Areias muito compactas

5.4.3 Impenetrável

No critério de definição do impenetrável, levaram-se em conta as sugestões


propostas pela ABGE (1999) (Manual de Sondagens), resultando na profundidade em que
se atingisse NSPT > 50 golpes. Também se buscou utilizar o critério de parada de sondagens
recomendado pela ABNT (observar se o valor se repete por três metros seguidos). Utilizou –
se o método Topo to Raster.
90

5.4.4 Validação

A etapa de validação das estimativas obtidas foi realizada com a seleção de 21 furos
de sondagens não utilizados nas interpolações, distribuídos pelos três setores. Buscaram -
se pontos situados tanto em trechos com mais amostras interpoladas como não, assim
como nas extremidades dos setores.

Os valores estimados para o NSPT foram comparados com os reais e calculado o


RMS.

5.4.5 Cartas para Fundações

A carta para fundações diretas ou superficiais foi obtida com a divisão do mapa de
NSPT médio obtido para a camada entre 1 e 5 metros, e o resultado exposto em forma de
tensão admissível, em MPa.

Para fundações profundas, foi utilizada a tabela proposta por Cintra e Aoki (2010),
que relaciona intervalos do NSPT com cotas de apoio a tipos de estaca.

5.4.6 Etapas de Campo

Após alcançar um número razoável de informações inseridas no banco de dados e


depois de uma etapa de realização de interpolações das principais variáveis, era necessário
o contato com os profissionais geotécnicos da área de estudo para sessões de consulta,
discussões e análises com respeito aos dados e produtos reunidos e gerados.

Ao longo da pesquisa, foram feitas etapas de campo na cidade de João Pessoa, PB,
com visitas a empresa fornecedora dos dados. Além da Concresolo (empresa
disponibilizadora das sondagens), também foi visitada a Copesolo – Estacas e Fundações
Ltda, empresa do município que desenvolve e executa projeots geotécnicos incluindo as
principais obras de fundações Realizaram -se reuniões com checagem dos dados e
sugestões de abordagem segundo um contexto de prática geotécnica local (ex: camadas de
91

solo mais importantes, como trechos de argila mole e o alcance do calcário como
impenetrável ao amostrador em certos pontos).

Como exemplo, pode-se citar o aspecto mencionado de que é muito comum a


realização de cortes com cerca de 1 m de profundidade na área em que são realizadas as
estacas de compactação na planície costeira. Então a cota de apoio das estacas,
especificada como até 5 m, torna-se, na realidade, 6 m no enfoque desta pesquisa. Por isso,
para a interpolação dos valores do índice na cota de apoio das mencionadas estacas, optou-
se por utilizar a profundidade de 6 m.

Na segunda etapa, foram realizadas discussões dos resultados e análises dos


modelos interpolados de acordo com a experiência local e de projetos de obras de
fundações mais realizados no município.

As reuniões referentes à pesquisa de campo englobaram muitos aspectos – desde


caracterização da área (predominância de determinados tipos de solo em respectivas áreas,
espessura de certas camadas, etc), comportamento e variação do NSPT, profundidade em
que é alcançado o calcário, até características e detalhes dos tipos de obras e fundações do
município. As etapas de campo em João Pessoa compuseram a primeira parte do processo
de validação dos modelos, uma vez que os mesmos foram expostos e discutidos com os
diretores técnicos da Concresolo e Copesolo, com a verificação e confirmação de alguns
detalhes e considerações.
92

6 RESULTADOS E ANÁLISES

6.1 BASE TOPOGRÁFICA DIGITAL

As Figuras 6. 1 a 6.3 esquematizam a articulação das folhas topográficas da base


digital da área de estudo e os elementos digitalizados (curvas de nível, drenagem e pontos
cotados).

6.1.1 MDT e Mapas Derivados

As Figuras 6.4 a 6.5 apresentam, respectivamente, a hipsometria obtida a partir do


MDT (gerado pelo método Topo to Raster com malha de 4 m) e as curvas intermediárias
geradas a partir dele visando à comparação com as curvas topográficas de entrada.

Observa-se que as curvas interpoladas a partir do MDT grid apresentam traçados


razoavelmente coincidentes com os das curvas de nível da base topográfica original. Além
disso, a maioria das curvas intermediárias geradas a partir do MDT (intervalo de 2,5 m)
também apresenta um traçado compatível com a base topográfica de entrada.

Pelo Topo to Raster, os RMS obtidos foram de 0,67 (malha de 4 m) e 0,61 (malha de
5 m). A partir do TIN, foi obtido o RMS de 1,3.
93

Figura 6.1 Articulação das folhas topográficas.


94

Figura 6.2 Segmento das folhas topográficas de João Pessoa – PB.


95

Figura 6.3. Segmento da Base topográfica digital (elementos vetorizados).


96

Figura 6.4 Ilustração do Mapa Hipsométrico obtido a partir do MDT no formato grid .
97

Figura 6.5 Comparação entre as curvas de nível originais e as interpoladas a partir do MDT
grid com 4 m de espaçamento.
98

Optou-se então pelo MDT obtido com topo to raster e malha de 4 m considerado
aceitável para a validação da interpolação e estimativa. Foi então gerado o mapa de
declividade do município, exibida na Figura 6.6, com intervalos em (%) de [0 – 6]; [6,1 – 12];
[12,1 – 20]; [20,1 – 30]; [> 30].

A Tabela 6.1 exibe a área correspondente às classes de declividade e sua


percentagem em relação ao total. Observa-se a predominância de regiões planas, assim
como já mencionado em referências citadas no capítulo de caracterização, e muito pouca
ocorrência de maiores declividades, diante da área total do município.

Tabela 6.1 Classes de declividade e áreas.

Declividade(%) Área (km2) Área (%)


0–6 174,61 78,7
6,1 – 12 24,05 10,8
12,1 – 20 12,71 5,7
20,1 - 30 6,41 2,9
> 30 4,0 1,8
99

Figura 6.6 Mapa de declividade obtido a partir do MDT.


100

6.2 BOLETINS DE SONDAGENS, LOCAÇÃO E INSERÇÃO DOS FUROS NO BANCO


DE DADOS

As Figura 6.7 a 6.9 ilustram os perfis e locações de furos relativos a uma campanha
de sondagens realizada pela empresa disponibilizadora dos boletins. Por sua vez, a Figura
6.10 apresenta um esquema com a distribuição das sondagens que foram inseridas no
banco de dados, e identificadas as utilizadas nas interpolações e modelagens espaciais.

AV. MARECHAL HERMES DA FONSECA

RN ( cota 0,00 )
9,00

AB - 01
1,00

SP - 01
7,00
RESIDÊNCIA

30,00

8,00
RUA FRANCISCA BENTO DE FARIAS

SP - 02
10,00

14,00

RESIDENCIAL

Figura 6.7 Croqui com locação dos furos de sondagem SP1 e SP2 (Concresolo, 2007).
101

OBRA : RESIDENCIAL MARIA CATÃO RELATÓRIO: 141/2007


LOCAL : AV. MAL. HERMES DA FONSECA / R. FCA B. DE FARIAS, JD AMÉRICA, BESSA - JPA/PB INÍCIO : 30/07/2007
CLIENTE : CONSTRUTORA HEZA LTDA TÉRMINO : 30/07/2007

PENETRAÇÃO Nº DE GOLPES PARA

PERFIL
(golpes p/15cm)
PENETRAÇÃO DOS
DESCRIÇÃO DO SOLO
ÚLTIMOS 30 cm.
1º 2º 3º
10 20 30 40
Areia fina, fofa, variegada 2/15 1/15 3/15 4/30
0,70
1,0
N.A. 4/15 3/15 4/15 7/30

30/07/2007
2,0 Areia fina, pouco compacta a mediamente
compacta, cinza claro 4/15 4/15 4/15 8/30

3,0
4/15 5/15 5/15 10/30
3,80
4,0
Areia fina, siltosa, mediamente compacta, 6/15 10/15 7/15 17/30
marrom
5,0
3/15 2/15 3/15 5/30
Areia grossa, pouco compacta a mediamente
6,0 compacta, variegada
3/15 7/15 8/15 15/30
6,70
7,0
12/15 10/15 12/15 22/30

Silte arenoso, mediamente compacto a


8,0
compacto, cinza escuro 7/15 7/15 10/15 17/30

9,0
5/15 5/15 5/15 10/30
9,50

10,0
3/15 3/15 3/15 6/30

11,0
Silte argiloso, mole a médio, cinza escuro 2/15 2/15 1/15 3/30

12,0
1/15 1/15 2/15 3/30

13,0
7/15 10/15 14/15 24/30

14,0
15/15 15/15 21/15 36/30

15,0
17/15 16/15 23/15 39/30
Areia fina, compacta, cinza
16,0
17/15 20/15 20/15 40/30

17,0
15/15 15/15 24/15 39/30

18,0
16/15 17/15 20/15 37/30
18,45
Limite de Sondagem
19,0

20,0

OBSERVAÇÕES: R.N.= 0,00 = partiu do meio fio da Av. Marechal Hermes da Fonseca, conforme
De 0,00m à 2,00m, furo revestido; indicado em planta.
De 2,00m à 18,45m, furo executado com circulação de
NÍVEL DA ÁGUA: COTA DA BOCA DO FURO:
água.
1,50 m ( - ) 0,16 m

DATA: SONDADOR: ENGº ALTURA DE QUEDA DO MARTELO H=75 cm


02/08/2007 Antônio Lourenço PESO DO MARTELO P=65 kgf

Figura 6.8 Perfil de sondagem SP1 (Concresolo, 2007).


102

OBRA : RESIDENCIAL MARIA CATÃO RELATÓRIO: 141/2007


LOCAL : AV. MAL. HERMES DA FONSECA / R. FCA B. DE FARIAS, JD AMÉRICA, BESSA - JPA/PB INÍCIO : 31/07/2007
CLIENTE : CONSTRUTORA HEZA LTDA TÉRMINO : 31/07/2007

PENETRAÇÃO Nº DE GOLPES PARA

PERFIL
(golpes p/15cm)
PENETRAÇÃO DOS
DESCRIÇÃO DO SOLO
ÚLTIMOS 30 cm.
1º 2º 3º
10 20 30 40
Aterro arenoso, com metralha, variegado 3/15 3/15 2/15 5/30
0,54
Areia fina, pouco compacta, cinza claro
1,0
N.A. 2/15 3/15 3/15 6/30
1,15

Areia fina, siltosa, pouco compacta a

31/07/2007
2,0
mediamente compacta, marrom escuro 3/15 5/15 4/15 9/30

3,0
4/15 5/15 5/15 10/30

4,0 Areia fina, siltosa, mediamente compacta a


compacta, variegada 5/15 8/15 14/15 22/30

5,0
5/15 7/15 8/15 15/30
5,50

6,0 Areia grossa, siltosa, compacta, marrom 7/15 10/15 14/15 24/30
6,80
7,0
10/15 13/15 17/15 30/30

Silte arenoso, compacto, cinza escuro


8,0
9/15 10/15 11/15 21/30

9,0
6/15 4/15 4/15 8/30

10,0
2/15 3/15 2/15 5/30

11,0 Silte argiloso, muito mole a médio, cinza escuro 1/15 2/15 1/15 3/30

12,0 -
1/27 1/35 1/35

13,0
2/15 2/15 2/15 4/30
13,70
14,0
5/15 12/15 15/15 27/30

15,0
10/15 15/15 15/15 30/30

16,0
Areia fina, compacta a muito compacta, cinza 17/15 22/15 22/15 42/30

17,0 - -
30/10 30/10

18,0 - -
30/13 30/13

19,0 - -
19,15 30/15 30/15
Limite de Sondagem

20,0

OBSERVAÇÕES: R.N.= 0,00 = partiu do meio fio da Av. Marechal Hermes da Fonseca, conforme
De 0,00m à 2,00m, furo revestido; indicado em planta.
De 2,00m à 19,15m, furo executado com circulação de
NÍVEL DA ÁGUA: COTA DA BOCA DO FURO:
água.
1,50 m ( - ) 0,17 m

DATA: SONDADOR: ENGº ALTURA DE QUEDA DO MARTELO H=75 cm


02/08/2007 Antônio Lourenço PESO DO MARTELO P=65 kgf

Figura 6.9 Perfil de sondagem SP2 (Concresolo, 2007).


103

Figura 6.10 Distribuição das sondagens inseridas no banco de dados e especificação das
utilizadas nas modelagens.
104

A disposição dos furos corresponde a uma área que se inicia de forma abrangente
em toda a planície costeira do município, e pertence à unidade geológica caracterizada pela
presença de sedimentos marinhos – fluviais recentes. Constatou-se uma grande
concentração de furos na região correspondente aos bairros situados ao longo da planície,
com um decréscimo em direção aos locais da cidade mais afastados do litoral. A isso se
atribui a conjuntura da expansão urbana de João Pessoa, na qual a maior parte da demanda
para execução do ensaio é direcionada à implantação de edifícios residenciais, os quais são
construídos, em sua maioria, em terrenos próximos à praia.

Foi possível localizar sondagens em quase todos os setores do município,


entretanto, observa-se uma diferença significativa de concentração e ocorrência dos furos
na distribição dos mesmos na área. Em função disso, das 705 sondagens inseridas no
banco, somente 529 foram efetivamente utilizadas nas etapas de interpolação e
modelagens, uma vez que as 139 restantes encontravam-se com distâncias maiores entre si
do que do resto do grupo que apresentou a maior densidade por área.

6.2.1 Estruturação das Planilhas do Banco de Dados das Sondagens

A Figura 6.11 exibe um exemplo da tabela de atributos do arquivo shape de pontos


gerados. Os pontos representam os furos de sondagem, e a tabela contém campos
referentes às informações contidas nos boletins de sondagem que não variam com a
profundidade e apresentam valores únicos para cada furo (coord. X, corrd. Y, ID do furo,
data, nível d’água, etc.). As linhas nas tabelas representam cada ponto inserido e, por
conseguinte, cada furo de sondagem e suas respectivas informações relevantes a pesquisa.

A Figura 6.12 fornece um exemplo de tabela em formato. dbf contendo as


informações dos perfis que variam com a profundidade (valores de N, tipo de solo, cor,
textura, compacidade, etc.). Pode-se observar o campo comum (ID_SOND) à tabela do
arquivo de pontos (Figura 6.11), necessário ao processo de junção das duas tabelas. Nela já
se encontram inclusive os valores extraídos do MDT correspondentes as posições dos furos,
que direcionaram a obtenção de todas as informações posteriores e relacionadas a cotas ou
profundidade (ex. NA_cota, NA_prof, etc).
105

Figura 6.11 Tabela de atributos do arquivo shape de pontos referentes aos furos de
sondagem.

Após a etapa de geração desses arquivos, é realizada a ligação entre as duas


tabelas (comando join) ilustrado pela Figura 6.13.

A tabela resultante reúne todos os campos provenientes das originais, repetindo,


inclusive, as linhas referentes às informações contidas nos campos que não variam com a
profundidade, oriundas da tabela do arquivo shape (Figura 6.14).
106

Figura 6.12 Tabela em formato dBase contendo os atributos das sondagens que variam
com a profundidade.
107

Figura 6.13 Comando join, que gerencia a ligação entre tabelas.


108

Figura 6.14 Tabela resultante da ligação.

6.3 INTERPOLAÇÕES

6.3.1 Superfície Freática

Com a separação dos furos trabalhados em função do NA (furos em que o lençol foi
alcançado e furos que não alcançaram o lençol), foi encontrada a disposição da Figura 6.15.
109

Figura 6.15 Disposição dos furos em que foi alcançado o NA.


110

A figura também exibe a disposição, dentro da amostra analisada, dos furos


realizados no período considerado chuvoso (março a agosto) e os no período considerado
seco (setembro a fevereiro).

Dos 529 furos trabalhados, 299 apresentam informações referentes ao NA, sendo
158 delas realizadas durante o período considerado seco e 141 no período considerado
chuvoso.

Além desses, 4 boletins de sondagem apresentavam a observação de que a


profundidade de NA encontrada não se referia ao lençol freático, mas a porções de água
que caracterizariam um aqüífero suspenso, de caráter intermitente, coloquialmente citado
como “água empoçada”, ou “empoleirada”, represadas sobre camadas menos permeáveis.
Tais furos foram executados na região do Barreiras correspondente ao bairro dos Bancários,
com cotas em torno de 40 metros, onde em alguns trechos alcança-se arenito a poucas
profundidades. A Figura 6.16 exibe um desses perfis como exemplo de caso.

As sondagens que alcançaram o nível d’água estão quase que totalmente


localizadas na Baixada Litorânea, com terrenos apresentando cotas altimétricas entre 0 e 5
m, enquanto que as sondagens nos Tabuleiros sustentados pelo Grupo Barreiras
apresentando cotas altimétricas entre 25 e 50 m.

A maioria dos valores de cota do do NA situa-se entre -1 m (lençol abaixo da cota


zero, principalmente nos locais mais próximos ao mar) e 5m, indicando a predominância na
planície litorânea.

Observa-se que o da estação mais seca apresenta menores valores de cota que o
da estação de chuvas. Para as interpolações da superfície freática na área de estudo, foram
utilizados só os furos realizados no período seco, por sua maior representatividade amostral,
tanto em número de dados como em termos de área, uma vez que abrangeram as partes
correspondentes as outras unidades geológicas.

Como os furos com valores de NA correspondentes ao período chuvoso encontram-


se todos nesta área, as análises de comparação da variação de nível da superfície freática
entre os dois períodos (estações) – seco /chuvoso foram realizadas somente para a
planície. Então as interpolações para a análise da variação do lençol em diferentes épocas
foram realizadas somente com os furos localizados dentro da unidade geológica de
sedimentos recentes, pertencentes à zona costeira.
111

A Figura 6.17 exibe a localização dos poços utilizados juntamente aos dados da
sondagem para o modelo da superfície freática.

A adição dos dados dos poços permitiu um refinamento no modelo da superfície


freática, visto que conferiu a este um aumento de profundidade na área do grupo barreiras
em que a não observação do NA nas sondagens indicava níveis mais baixos da ocorrência
do lençol.

Os parâmetros estatísticos dos dados utilizados para a interpolação do NA


encontram-se dispostos no Apêndice A.
112

Sondagem de Reconhecimento com SPT REL. 234/2007


FURO: SP 01 CLIENTE:
Consultoria em Concreto e Solos Ltda. MARIA EUGÊNIA DA COSTA
R. Prof. Batista Leite, 229 - Róger - João Pessoa/PB COTA: (+)0,30m
Fone(fax): 55 83 3222 0100 / 55 83 3241 5944
INÍCIO: 24/08/2007 OBRA:
email: engenharia@soloonline.com.br EDIFÍCIO DE APARTAMENTOS
homepage: www.soloonline.com.br
TÉRMINO: 24/08/2007 R. Paulino dos Santos Coelho, s/n, Bancários - JPA/PB

Nível d'Água
Penetração
Prof. (m)

Gráfico
Resistência à Penetração

Perfil
(golpes/15 cm)
Classificação do Solo N SPT (golpes/ últimos 30 cm)
1 2 3 10 20 30 40
3 4 4
Areia fina, pouco siltosa; cor cinza escuro
1,0 ( pouco compacta a medianamente compacta ) 3 5 5

(-) 0,60 m (Água empoçada)


1,80
2,0 30/10 - -

Arenito; cor marrom claro


3,0 ( muito compacto ) 30/12 - -

4,0 30/10 - -
4,10 Limite de Sondagem

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

11,0

12,0

13,0

14,0

15,0

16,0

17,0

18,0

19,0

20,0
Nível d´Água = (-) 0,60 m (24/08/2007) R.N. (0,00) = cota do meio fio da R. Paulino dos S. Coelho. (indicado em planta).

Profundidades Processos de Perfuração Características das Composições de Perfuração


Revestimento: de 0,0 a 2,0 m
CA (circulação de água): de 2,0 a 4,10 m. Øext: 50,8 mm Peso: 65 kg
Amostrador Padrão Martelo
Observações: Altura de queda: 75 cm
Øint: 34,9 mm
O nível d´água apresentado refere-se à água
empoçada. Revestimento: Øext = 76 mm
SONDADOR: ESCALA: DATA: ENGRESPONSÁVEL: DESENHO:
ERIVAN FLORÊNCIO 1/100 24/08/2007 LEONÍDIO PEREIRA NETO

Figura 6.16 Exemplo de perfil de sondagem com NA referente a aqüífero suspenso.


113

Figura 6.17 Localização dos poços utilizados como dados adicionais.


114

6.3.1.1 Topo To Raster

A Figura 6.18 exibe o modelo de nível freático obtido para a área de estudo pelo
método Topo to Raster, com os furos obtidos no período seco e também dos poços.

A superfície interpolada apresenta uma disposição espacial bastante aderente às


diferentes condições de relevo e unidades geológico-geotécnicas presentes na área
analisada. Os valores de cota desta superfície tendem a ser nulos a negativos próximo a
linha de costa, aumentando gradualmente ao longo da Baixada Litorânea à medida que se
avança para o interior do continente, ocupando cotas em torno de 4 a 5 m.

A partir desse limite, acompanhando a elevação do terreno pertinente ao


comportamento da falésia e da transição entre os sedimentos marinhos e o Grupo Barreiras,
as cotas da superfície freática se elevam até obter níveis de 35 metros. Observa –se
também uma boa aderência nos fundos de vale.

Os valores abaixo de zero chegam a alcançar a cota de – 7 metros. Entretanto, a


maioria das áreas com cota do lençol abaixo de zero correspondem a valores de até – 2
metros. As área que apresentam cotas mais baixas que estas representam situações
pontuais, localizadas, sendo: uma na parte oeste dos sedimentos do Barreiras (causada por
um poço subterrâneo que apresentou cotas do lençol significantemente mais baixas que as
demais, por isso a zona em vermelho no mapa); e outra também no Barreiras, porém
situada a direita do Rio Timbó (também causada por um poço subterrâneo que apresentou
cota do N.A. relativamente mais baixa).
115

Figura 6.18 Superfície freática para o período seco do ano por meio do Topo to Raster.
116

6.3.1.2 Krigagem ordinária

Para os testes com krigagem ordinária, foi gerado o variograma omnidirecional


(direção 0˚ e abertura de 90˚), exibido na Figura 6.19 (saída do ArcGis), para avaliar a
possível ocorrência de anisotropias e suas direções. O modelo que apresentou menos
discrepâncias no ajuste foi o esférico, e a Tabela 6.2 exibe o passo utilizado e o alcance
obtido com o ajuste do variograma.

Tabela 6.2 Passo e alcance do modelo variográfico ajustado para a superfície freática

Modelo Passo (h) (m) Alcance (a) (m)


Esférico 300 2.016

A nuvem de pontos delimitada pelos pares selecionados na realização do processo


apresentou um modelo de variabilidade caracterizado. Pode-se observar que a zona de
influência de correlações mostrou atingir um alcance com mais de 2 km, com transição
definida ao alcançar a zona em que a variável já não responde a influência espacial.

Tal valor não se mostra muito diferente dos obtidos em trabalhos similares para esta
variável, como os de Sturaro (1988), Fonteles (1997), Mendes (2001), Fontelles et al (2006),
que também analisaram o comportamento geoestatístico do nível piezométrico/N.A. de
sondagens e poços, encontrando o alcance entre 1.200 e 3.500 metros.

Na análise por validação cruzada, as estimativas por krigagem ordinária a partir do


variograma obtido se mostraram satisfatórias, como se pode constatar na reta gerada
durante a validação, exibida na Figura 6.20.

No trecho da reta em que há uma maior presença de amostras, pode-se dizer que o
ajuste foi razoável; entretanto observa-se um distanciamento entre as retas (pobreza de
correlação) ao mesmo tempo em que diminui-se o número de pontos.

A Figura 6.21 apresenta então a superfície freática gerada a partir da krigagem


ordinária.
117

Figura 6.19 Variograma omnidirecional para a variável cota do NA.

Figura 6.20 Validação cruzada com a krigagem ordinária para a variável N.A..
118

Figura 6.21 Superfície freática para o período seco do ano por meio de krigagem ordinária.
119

Assim como a superfície interpolada pelo Topo to Raster, a obtida com a krigagem
também apresenta uma disposição espacial coerente às diferentes condições de relevo na
unidade geológica dos sedimentos recentes; com valores de cota tendendo a ser nulos a
negativos em alguns trechos próximos a linha de costa.

Em direção ao continente, ao longo da Baixada Litorânea, as cotas aumentam


gradativamente até alcançar valores em torno de 4 m. A partir desse limite, acompanhando
a elevação do terreno pertinente ao comportamento da falésia e da transição entre os
sedimentos marinhos e o Grupo Barreiras, as cotas da superfície freática se elevam até
obter níveis de 40 metros.

Também se observa o formato e influência das redes de drenagem na superfície


resultante. Apesar disso, em alguns pontos os valores estimados nos trechos com linhas de
drenagem resultaram diferentes dos originais inseridos, aspecto que pode ser melhor
observado na linha do Rio Jaguaribe que delimita a transição entre a planície e os tabuleiros
(falésia). Nestes pontos, houve um aumento dos valores de cotas em relação aos originais,
que inicialmente encontravam-se na classe inferior (0 a 2 m), e, na superfície modelada,
incluem-se na faixa de 2 a 5 metros.

O modelo obtido com o Topo to Raster ilustra bem essa diferença. Nele, constata-se
a transição de cotas ao se aproximar das drenagens, sem negligenciar os valores originais,
que inclusive mantiveram-se na mesma faixa dos valores estimados).

Outra consideração importante a ser levada em conta no processo da krigagem


ordinária são os valores estimados para as cotas extremas (mais altas). Com o Topo to
Raster, é possível estabelecer limites de valores estimados de acordo com as observações
prévias (analisando a profundidade de todas as sondagens em que não foi alcançado nível
d’água e também os poços com maiores cotas de NE observado). Para isso, foi delimitada a
cota de 35 metros para as estimativas com este método. Já a krigagem ordinária não
permitiu esse tipo de delimitação, fornecendo cotas muito mais altas para o lençol onde se
sabe que não poderiam ocorrer.

Não obstante, os dois mapas obtidos se mostraram satisfatórios e coerentes com o


esperado, sem diferenças gritantes quando comparados. A krigagem se mostra uma
ferramente interessante na observação da regionalização da variável, indicando tendências
com transições e também anisotropias.

Optou-se então por utilizar o método Topo to Raster para todas as análises
seguintes envolvendo a superfície freática, como a analisada a seguir.
120

6.3.2 MDT MENOS A SUPERFÍCIE FREÁTICA

Uma forma rápida de avaliação de adequabilidade da interpolação da superfície


freática é a realização da subtração desta superfície (obtida para o período seco, método
Topo to Raster) da superfície do terreno obtida pelo MDT.

O resultado da subtração entre o MDT e a superfície freática demonstra-se


particularmente importante por representar o que seria a profundidade do lençol, parâmetro
essencial e influenciador na escolha dos tipos de fundação. Foram escolhidas classes de
profundidades de forma que se destacassem: valores menores que zero (onde o lençol pode
aflorar), valores até 5 metros (buscando algum paralelismo com a curva de nível 5 metros na
planície costeira), valores maiores que 12 metros (visto que a maior parte das estacas
escavadas e tubulões executados no grupo Barreiras situam-se apoiados a esta
profundidade, sendo limitados pela presença do lençol), seguidos por valores maiores que
20 e 30 metros. A Figura 6.22 apresenta o resultado desta operação (MDT – NE; sendo NE
o termo utilizado para a superfície obtida com as sondagens e os poços que, indicam o
lençol freático como NE = nível estático).

Observa-se que os valores anômalos negativos indicando áreas com o nível d’água
acima da superfície do terreno estão associados a áreas de vales de drenagem. A diferença
atingiu até o valor negativo de -8, que indica, entretanto, trechos pontuais no mapa.

Aparentemente, o procedimento de subtração da superfície freática evidenciou então


um melhor ajuste do modelo aos fundos de vale das drenagens, visto que nestes trechos é
natural que a cota do nível dágua realmente apresente-se mais alta que a cota do terreno.
Tais características parecem corroborar os resultados obtidos na interpolação.

Entretanto, também foram identificados poucos pontos com resultados anômalos na


Baixada Litorânea. Num primeiro momento, pode-se atribuir a alguns deles o fato de
representar trechos com poucas densidades de furos de sondagem.

Cabe lembrar que muitas áreas da planície litorânea possuem registros de


alagamentos na época de chuva, além de ser muito comum nesta região a necessidade de
realização de operações de rebaixamento de lençol freático para execução de escavações e
obras de infra-estrutura.
121

Figura 6.22 Subtração: MDT menos a superfície freática (diferença em metros).


122

6.3.3 Comparação Entre Períodos De Chuvas – Seco

As análises de comparação da variação de nível da superfície freática entre os dois


períodos (estações) – seco /chuvoso foram realizadas somente para a planície, pois os furos
com valores de NA correspondentes ao período chuvoso encontram-se quase todos nesta
área.

Foram geradas superfícies freáticas para o período seco e o chuvoso pelo modelo
Topo to Raster, para os valores pertencentes aos furos contidos apenas na zona costeira, e
então se seguiu a uma comparação entre as duas situações.

A Figura 6.23 apresenta o resultado da interpolação da superfície freática utilizando


a rotina topo to raster e as sondagens realizadas durante a estação de chuvas, enquanto a
Figura 6.24 exibe o modelo obtido para a estação seca.

As superfícies interpoladas apresentam uma disposição espacial bastante


compatível às diferentes condições de relevo presentes na área analisada. Pode-se
constatar esse efeito com a análise conjunta das curvas de nível expostas. Os valores de
cota desta superfície tendem a ser nulos a negativos próximo a linha de costa, aumentando
gradualmente ao longo da Baixada Litorânea à medida que se avança para o interior do
continente, ocupando cotas em torno de 4 a 5 m. Novamente, percebe –se uma boa
aderência aos fundos de vale.

A superfície obtida para a época de chuva aparentemente apresenta valores mais


altos de cotas, na qual pode-se observar inclusive uma diminuição significativa das faixas
com cotas menores que zero (cor vermelha).

Analisando a diferença entre superfícies (período chuvoso – período seco),


observam-se trechos com cotas que oscilariam entre as estações do ano em até de 5
metros de amplitude.
123

Figura 6.23 Superfície freática para o período chuvoso do ano por meio do Topo to Raster.
124

Figura 6.24 Superfície freática para o período seco do ano por meio do Topo to Raster.
125

Entretanto, deve – se lembrar que foi utilizada uma generalização no processo de


modelagem. Os valores de nível d’água correspondem a vários anos de observação, sem
levar em conta as diferenças que podem ocorrer com o tempo (anos com maior
pluviosidade, outros com menos). Além disso, a consideração pontual do início do período
seco apresenta as cotas mais altas devido ao final recente do que foi considerado o período
de chuvas. Essas considerações enfatizam então o caráter de modelo aproximado obtido,
podendo ocorrer trechos que não sejam perfeitamente representativos (ex. cota no período
seco mais alta que no chuvoso).

6.3.4 Índice de Resistência à Penetração (Nspt )

A Figura 6.25 exibe os setores utilizados nas interpolações no NSPT. São eles:

 Setor 1: área contendo os sedimentos recentes da planície costeira, com 10,7


km2 e 276 furos de sondagens;
 Setor 2: área nos sedimentos do Barreiras situada ao norte do curso de
drenagem do Rio Jaguaribe, com 13,8 km2 e 181 sondagens;
 Setor 3: área também situada nos sedimentos do Barreiras, só que contida ao
sul dos afluentes do Rio Timbó, com 3,2 km2 e 72 furos.

No total, foram utilizadas 529 sondagens nas atividades de interpolação e estimativas dos
valores do NSPT.
126

Figura 6.25 Setores utilizados nas interpolações do NSPT.


127

A seguir são apresentados os resultados e análises referentes ao comportamento do


índice de resistência à penetração nos diferentes setores e profundidades mais importantes.
Também são exibidos os mapas obtidos com as estimativas de ocorrência do NSPT por meio
dos métodos de Krigagem Ordinária e Topo to Raster, assim como as considerações mais
relevantes sobre os produtos de cada um deles.

6.3.5 SETOR 1

A Figura 6.26 exibe os histogramas de ocorrência do índice a estas três


profundidades. Os parâmetros estatísticos dos dados encontram-se dispostos no Apêndice
A.

SETOR 1: Nmédio - Prof. 1 a 5 m SETOR 1: NSPT - Prof. 6 m


100 100
Freqüência
Freqüência

75 75
50 50
25 25
0 0
0 2 5 10 20 40 Mais 0 2 5 10 20 40 Mais
NSPT NSPT

SETOR 1: NSPT - Prof. 10 m SETOR 1: NSPT - Prof. 14 m


100 100
Freqüência
Freqüência

75 75
50 50
25 25
0 0
0 2 5 10 20 40 Mais 2 5 10 20 40 Mais
NSPT NSPT

Figura 6.26 NSPT nos diferentes níveis de profundidade no setor 1.


128

Na camada superficial que vai de 1 a 5 metros predominam valores de NSPT médio


entre 5 e 20 golpes, enquanto a 6 metros, os valores analisados apresentam faixas dos
intervalos mais freqüentes significativamente altos para um nível não muito profundo, com o
índice predominando entre 10 a 40 golpes. Ainda contrariando o comportamento esperado,
a 10 metros de profundidade os valores de resistência caem de maneira, caracterizando
uma camada mais fraca, com maioria de valores do NSPT entre 0 e 5, e apresentando poucos
pontos com o índice maior que 10 golpes. O acréscimo de resistência com a profundidade
aparece então com o histograma do índice no nível de 14 metros, no qual observa-se a
maioria de golpes maiores que 20.

6.3.5.1 Parâmetros Geoestatísticos

Para as modelagens variográficas do NSPT, nas quatro situações, foi avaliado o


variograma omnidirecional (direção 0˚ e abertura de 90˚), na busca de interpretação sobre
possível anisotropia. Os variogramas foram processados com passo (h) de 50 metros
(nesse caso evidencia-se a maior densidade de sondagens nessa unidade, com
espaçamentos variando entre 50 até cerca de 300 metros, daí o melhor valor obtido para h).
A Tabela 6. 3 exibe os parâmetros básicos obtidos com o ajuste dos variogramas, e as
Figuras 6.27 a 6.30 mostram os gráficos obtidos.

O modelo esférico, em todos os casos, apresentou estruturação e relativamente um


bom ajuste para a variável Nspt, quanto às transições entre zona de alcance e patamar,
podendo-se constatar, inclusive, a correspondência dos valores de variância a priori com os
ajustados para a obtenção dos patamares.

Tabela 6.3 Passo e alcance do modelo variográfico ajustado para as interpolações do Setor
1.

Profundidade Modelo Passo (m) Alcance (m)


1a5m Esférico 50 108
6m Esférico 50 130
10 m Esférico 50 110
14 m Esférico 50 90
129

Figura 6.27 Variograma omnidirecional para o NSPT médio entre as profundidades de 1 e 5m.

Figura 6.28 Variograma omnidirecional para o NSPT a profundidade de 6 m.


130

Figura 6.29 Variograma omnidirecional para o NSPT a profundidade de 10 m.

Figura 6.30 Variograma omnidirecional para o NSPT a profundidade de 14 m.


131

Para a profundidade de 6m, a ocorrência de anisotropia foi sugerida de maneira sutil


(na direção SW - NE), que pode ser observada nos resultados das estimativas nos mapas
de ocorrência e distribuição do índice (exibidos posteriormente). A 10 metros, a anisotropia
sugerida assume uma direção contrária (NW – SE), assim como para 14 metros.

Para os valores médios do índice da camada de 1 a 5 metros, o alcance (raio de


influência em que uma amostra ainda apresenta correlação espacial com a outra) foi de 108
metros. Às profundidades de 6, 10 e 14 metros, obtiveram-se os alcances de 130, 110 e 90
metros, respectivamente. Esses valores mostram-se menores que os encontrados em
outros trabalhos do gênero, mas isso se deve a escolha do passo (h) de apenas 50 metros,
o que permitiu enfatizar e avaliar melhor o aspecto local do método, limitando também o
número de vizinhos utilizados nas estimativas.

6.3.5.2 Profundidade: 1 a 5 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.31 a 6.32 exibem os mapas obtidos para o NSPT médio entre as
profundidades de 1 a 5 metros, pelos dois métodos. A Tabela 6.4 descreve as
características gerais encontradas nos perfis utilizados para essa camada (entre 1 e 5
metros de profundidade).

Comparando os valores médios de cada metro, observa-se um aumento do índice


com a profundidade, o que seria um comportamento esperado para essa variável. A
predominância de areias também é compatível para esse nível em uma unidade geológica
costeira com sedimentos marinhos, já que a maioria das sondagens foi realizada nas linhas
mais próximas a costa.
132

Figura 6.31 Interpolação do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade no setor 1


(Krigagem ordinária).
133

Figura 6.32 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 1(Topo to Raster).
134

Tabela 6.4 Camada 1 – 5 m: Setor 1.

Profundidade/metro Textura NSPTmín NSPTmáx NSPTmédio

Areia; areia fina, areia fina a


2 média pouco siltosa, areia média 1 28 6,8
a grossa

Areia; areia fina, areia fina a


3 média pouco siltosa, areia média 1 39 9
a grossa

Areia fina, areia fina, areia fina a


4 média pouco siltosa, areia fina 0 47 10,3
siltosa com marisco e pedregulho

Areia fina, areia fina, areia fina a


média pouco siltosa, areia fina
5 siltosa com marisco, areia média a 0 49 14,7
grossa pouco siltosa com
pedregulho e marisco

Como os valores médios para cada metro dessa camada ficaram entre 6 e 15
golpes, o resultado foi um mapa com ausência de classes com valores extremos (com
exceção da pequena área indicando mais de 20 golpes no modelo obtido pelo topo to
raster), como áreas em vermelho (menos de 2 golpes) e laranja (entre 2 e 5 golpes), e os
tons de azul (NSPT > 20 golpes). Diante disso, o mapa com as estimativas do índice médio no
bulbo de tensões apresenta a predominância de áreas amarelas (entre 5 e 10 golpes) e
verdes (entre 10 e 20 golpes), resultado que se encaixa perfeitamente no critério para
utilização da fórmula de tensão admissível.

Com ambos os métodos, os mapas demonstraram-se bastante parecidos, com


classes iguais e anisotropia não muito bem definida. Entretanto, a krigagem ordinária
aparentemente reduziu as áreas com valores mais baixos e também mais altos presentes
nos dados, mostrando um caráter suavizador do método.
135

6.3.5.3 Profundidade: 6 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figura 6.33 e Figura 6.34 exibem os mapas obtidos para a profundidade de 6


metros, pelos dois métodos.

A esta profundidade, predomina a ocorrência de solos arenosos, com a textura


variando de areia fina a média ou grossa, siltosa ou argilosa, com poucas menções a argilas
siltosas ou arenosas.

Como anteriormente indicado pelo histograma, observa-se uma predominância de


valores de NSPT na faixa de 10 a 20 golpes, demonstrando uma compacidade/rigidez
considerável a tão pouca profundidade. Observa-se a descrição da presença de mariscos
nas areias siltosas de granulometria fina e também de pedregulhos nas areias médias a
grossas, o que realmente pode conferir esse valor significativo do índice de resistência.

Neste nível, a região correspondente aos sedimentos recentes apresenta trechos


ainda mais compactos/rijos, com faixas de valores de Nspt alcançando 20 a 40 golpes. Tal
comportamento comprova e justifica a utilização das estacas de compactação, uma vez que
representa uma cota de apoio aceitável a esse tipo de fundação diante de valores tão altos
do índice de resistência à penetração.

As poucas ocorrências de solo muito mole/fofo a 6 metros de profundidade


correspondem às amostras descritas na Figura 6.35 em que pode-se verificar a menção de
um ponto com argila orgânica com turfa, situado na base da falésia no trecho muito próximo
ao Rio Jaguaribe, quando este já se encontra em sentido sul - norte (vide mapa obtido com
o Topo to Raster).

Tal ponto pertence à sondagem com ID 96, e apresenta um perfil com esta argila
mole/muito mole a partir de 3 metros de profundidade que persiste até a profundidade de 13
metros, depois da qual se observa um aumento brusco de resistência à penetração (NSPT
com 40 golpes).
136

Figura 6.33 Interpolação dos valores de NSPT a 6 m de profundidade no setor 1 (Krigagem


ordinária).
137

Figura 6.34 Interpolação dos valores de NSPT a 6 m de profundidade no setor 1(Topo to


Raster).
138

Figura 6.35 Quadro com amostras obtidas nos ensaios com NSPT ≤ 2 a 6 metros de
profundidade no Setor 1.

Cabe lembrar que esta sondagem situa-se a cerca de 1 km de distância do trecho


estudado por Conceição (1977), o qual se localiza a 5 m da margem do Rio Jaguaribe
justamente no encontro com a unidade geológica dos sedimentos marinhos recentes após
deixar o Barreiras. O autor também encontrou um perfil com argila muito mole a partir da
profundidade de 2 metros até 12; a qual resultou sendo pré-adensada após ensaios e
análises de laboratório e in situ. Tais características indicam uma tendência de
comportamento esperada ao longo do trecho de drenagem, com solos menos resistentes
nas camadas mais superficiais.

Não obstante, essas observações sobre pré-adensamento neste trecho despertam


interesse em direcionar estudos posteriores e mais detalhados tais como os de Massad
(1999 e 1985), que, a partir de análises das argilas quaternárias da Baixada Santista,
avaliou mecanismos de sobreadensamento e como estes interferem nas propriedades
geotécnicas das argilas marinhas.

Em ambos os mapas, observa-se um aumento de resistência em no sentido SW -


NE, o que pode remeter a anisotropia sugerida na análise variográfica. Apresenta-se uma
certa concordância com as curvas de nível, o que indica que o trecho situado em cotas mais
baixas (visto que a profundidade de 6 metros corresponde, na verdade, a diferentes cotas
altimétricas no setor analisado) encontra-se mais compactado, como esperado.
139

Novamente, os dois mapas demonstram coerência com o esperado; sendo que o


obtido com o Topo to Raster demonstra um pouco mais de fidelidade na representação de
todas as classes, como se o primeiro houvesse suavizado um pouco mais os valores
extremos.

Para tentar evitar esse efeito, foram realizados inúmeros testes com a variação de
vizinhança, tanto na forma como no ângulo da elipse que abrange as amostras utilizadas
nas estimativas, assim como o uso de superfícies de tendência para cada caso. Essas
medidas ajudaram na obtenção de mais faixas representativas de cada classe de valores,
entretanto não o suficiente para evidenciá– las como foi conseguido ao utilizar o topo to
raster.

6.3.5.4 Profundidade: 10 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.36 e 6.37 exibem os mapas obtidos para a profundidade de 10 metros,


pelos dois métodos.

Nesta profundidade, já não se observa uma correspondência com as formas da


topografia (curvas de nível), demonstrando o efeito do confinamento do solo. Apesar de não
totalmente definida, pode-se constatar um leve efeito da anisotropia na direção NW – SE,
como presumido pelo variograma. Novamente, o mapa obtido com o Topo to Raster
demonstra mais fidelidade na representação de todas as classes, enquanto o modelo da
krigagem ordinária mais uma vez suavizou os valores extremos.
140

Figura 6.36 Interpolação dos valores de NSPT a 10 m de profundidade no setor 1 (Krigagem


Ordinária)
141

Figura 6.37 Interpolação dos valores de NSPT a 10 m de profundidade no setor 1(Topo to


Raster
142

Contrariamente ao mapa obtido para profundidade de 6 metros, nesta camada


predomina a ocorrência de solos de baixa resistência, com valores de NSPT menores que 5
golpes, e também com outra faixa de solos com valores até 10 golpes. Classes com o índice
ultrapassando este valor mostram-se escassas, tal como foi mostrado no histograma.

Continua o padrão de maior observação de solos arenosos, com a textura variando


de areia fina a média ou grossa, siltosa ou argilosa, silte argiloso ou arenoso, ambos com
muito marisco (estes aparecendo nas faixas bem próximas ao mar em que os valores do
índice de resistência são menores que 5 – vide áreas em vermelho/laranja na figura com o
modelo do Topo to Raster - adentrando a planície somente no centro-sul da unidade
geológica).

Ainda observa-se a presença de argila orgânica com turfa e marisco no mesmo furo
mencionado na profundidade de 6 metros, e ainda nas áreas em vermelho (NSPT < 2)
próximas a esta.

As poucas ocorrências de solo muito compacto a 10 metros de profundidade


correspondem à área ao sul da unidade, um trecho estreito já muito próximo a falésia que
apresentou texturas com a observação de laterita, nas amostras de areia siltosa/argilosa
(uma amostra inclusive apenas contendo a descrição: “laterita”).

Devido a esse conjunto de características mencionadas, fica evidenciada a presença


dessa camada menos resistente no perfil geotécnico que representa os solos da Planície
Costeira. Tal camada deve ser levada em conta em projetos da Engenharia de Fundações
que abordem edificações cujas cargas proporcionem propagação de tensões até esses
níveis, ou ultrapassando os mesmos.

6.3.5.5 Profundidade: 14 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.38 a 6.39 exibem os mapas obtidos para a profundidade de 14 metros,


pelos dois métodos. Ainda observa-se uma certa predominância de valores de Nspt na faixa
de 10 a 20 golpes, entretanto pronuncia-se a ocorrência de solos mais moles/fofos (Nspt < 5
golpes) em alguns trechos mais próximos da linha de costa.
143

Figura 6.38 Interpolação dos valores de NSPT a 14 m de profundidade no setor 1(Krigagem


Ordinária).
144

Figura 6.39 Interpolação dos valores de NSPT a 14 m de profundidade no setor 1(Topo to


Raster)
145

As zonas com valores de Nspt maiores que 10 permitem e corroboram a utilização


de estacas do tipo Franki a esta profundidade e neste setor da cidade, devendo-se estudar,
com mais detalhes, a ocorrência dos trechos da camada menos resistente.

Percebe-se um aumento de resistência no sentido que vem do oceano em direção a


falésia, indicando uma tendência anisotrópica. Predominam neste nível a textura de areia
fina siltosa argilosa, silte arenoso, argila siltosa pouco arenosa, e ainda argila orgânica muito
mole (NSPT ≤ 2), no trecho em que o Rio Jaguaribe encontra a base da falésia (vide Figura
6.39). A Figura 6.40 exibe a textura das amostras dessa faixa de valores.

Figura 6.40 Quadro com amostras obtidas nos ensaios com NSPT ≤ 2 a 14 metros de
profundidade no Setor 1.
146

A Krigagem Ordinária, apesar de demonstrar coerência com a representação da


anisotropia e regionalização, deixa de evidenciar as áreas com solos menos resistentes ao
norte desse setor (valores menores que 2 golpes); informação importante que influencia
tanto os cálculos de tensão admissível pra fundações diretas como nas parcelas de atrito
lateral que contribuem para a capacidade de carga de sistemas de fundações profundas. A
presença dessas zonas de valores limita a utilização da profundidade de 14 metros como
cota de apoio para as estacas de fundação, o que já indica que, na zona norte do setor 1,
deve-se ultrapassar esse nível nas etapas de projetos, ao menos em edificações de grande
porte que exijam maiores capacidades de suporte.

6.3.6 SETOR 2

A Figura 6.41 ilustra os histograma de frequência dos valores do índice no setor 2.


Os parâmetros estatísticos dos mesmos encontram-se no Apêndice A.

SETOR 2: Nmédio - Prof. 1 a 5 m SETOR 2: NSPT - Prof. 12 m

100 100

75 75
Freqüência
Freqüência

50 50

25 25

0 0
0 2 5 10 20 40 Mais 0 2 5 10 20 40 Mais
NSPT NSPT

Figura 6.41 Histogramas do NSPT no setor 2.

O NSPT médio obtido para a camada situada entre 1 e 5 metros de profundidade


resultou com a faixa de valores mais predominantes sendo a que alcança até 10 golpes,
seguida pela faixa com golpes até 20. Demonstrando o comportamento esperado, percebe-
se um acréscimo de resistência com a profundidade, aparece então com o histograma do
índice no nível de 12 metros, no qual os intervalos mais comuns são os que compreendem
valores entre 20 até um pouco mais de 50 golpes.
147

6.3.6.1 Parâmetros Geoestatísticos

A Tabela 6.5 exibe os parâmetros básicos obtidos com o ajuste dos variogramas, e
as Figuras 6.42 e 6.43 mostram os gráficos obtidos. Nas duas situações (camada superficial
entre 1 e 5 metros e profundidade de 12 metros), optou-se por avaliar o ajuste do
variograma omnidirecional (direção 0˚ e abertura de 90˚).

Em ambas as situações do Setor 2 não foi possível obter um modelo de variabilidade


bem definido, mesmo após diversas tentativas com variados tamanhos de passo, número e
forma dos setores de vizinhança e inclusive superfícies de tendência.Tais dificuldades já
foram mencionadas em trabalhos com este mesmo tipo de variável (Mendes, 2001; Peres,
1998), nos quais é encontrada uma forte componente aleatória em análises variográficas
com NSPT.

Ainda assim, já se observa a diferença significativa entre os parâmetros das


unidades geotécnicas pertencentes aos setores 1 e 2. No Setor 2, o passo que gerou menos
discrepâncias para a camada superficial foi o de dimensão de 400 metros (oito vezes maior
que o obtido para os variogramas do Setor 1), e o alcance resultou em 716 metros. A 12
metros de profundidade, o passo ajustado foi de 350 metros e alcance de 2338. Esses
aspectos são fortemente influenciados pelo afastamento das amostras utilizadas, que
realmente varia muito entre os dois primeiros setores.

Uma vez observada a pobreza na caracterização de um variograma bem definido,


também não foi possível obter indicativos sobre a anisotropia do índice neste setor contido
nos sedimentos do Barreiras.

Tabela 6.5 Passo e alcance dos variogramas obtidos para o Setor 2

Profundidade Modelo Passo (m) Alcance (m)


1a5m Esférico 400 716
12 m Esférico 350 2338
148

Figura 6.42 Variograma omnidirecional para o NSPT médio entre as profundidades de 1 e 5m


no Setor 2.

Figura 6.43 Variograma omnidirecional para o NSPT médio 12 m no Setor 2.


149

6.3.6.2 Profundidade: 1 a 5 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.44 e 6.45 mostram os mapas estimados do índice de resistência à


penetração correspondente ao NSPT médio entre 1 e 5 metros de profundidade para o Setor
2 pelos métodos da Krigagem Ordinária e Topo to Raster.

A Tabela 6.6 descreve as características gerais encontradas nos perfis utilizados


para essa camada (entre 1 e 5 metros de profundidade).

Tabela 6.6 Camada 1 – 5 m: Setor 2.

Profundidade/metro Textura NSPTmín NSPTmáx NSPTmédio

Areia fina pouco siltosa, argila


arenosa pouco siltosa, silte
arenoso, silte argiloso, argila
2 0 40 7,4
orgânica, presença de arenito,
laterita e pedregulhos em poucos
pontos

Areia fina siltosa, areia fina


argilosa, silte arenoso, silte
3 argiloso, argila orgânica, arenito, 0 60 11,8
presença de arenito, laterita e
pedregulho em poucos pontos

Areia fina argilosa ou siltosa, silte


arenoso ou argiloso,argila orgânica,
4 0 57 9,2
argila arenosa, observações com
laterita, arenito e pedregulho

Areia fina siltosa ou argilosa, argila


arenosa e siltosa, argila orgânica,
5 predominância de silte arenoso e 1 53 10,5
argiloso, pontos com arenito,
laterita e pedregulho
150

Figura 6.44 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 2 (Krigagem Ordinária).
151

Figura 6.45 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 2 (Topo to Raster).
152

Quanto à textura, já se observa a ausência de solos puramente arenosos e de maior


granulometria (com exceção dos pedregulhos), enquanto se constata a predominância de
características mais coesivas e principalmente de siltes arenosos e argilosos. Confirmam-se
os aspectos texturais esperados para a unidade geológica do Grupo Barreiras, e a presença
de argila orgânica em ponto próximo à linha de drenagem (leito do Rio Sanhauá), no
extremo oeste do setor analisado.

Diferente do Setor 1, comparando-se os valores médios de cada metro, observa-se


uma constância do índice com a profundidade, sugerindo pouca variação de resistência
nesses primeiros metros.

Apesar disso, observa-se uma grande amplitude de valores para cada metro (tal
como esperado devido à extensão do setor analisado), nos quais se encontram mínimos de
0 a 1 golpes até máximos com cerca de 60 golpes.

Destaca-se também o aspecto mais resistente da camada superficial dos sedimentos


marinhos, visto que nestes mapas obtidos para o Setor 2 já aparecem mais trechos com
faixas de valores do índice entre 2 e 5 golpes, que indicam consistências moles e
compacidades fofas. Todavia, o mapa com as estimativas do índice médio no bulbo de
tensões apresenta a ocorrência considerável de áreas amarelas (entre 5 e 10 golpes) e
verdes (entre 10 e 20 golpes), novamente um resultado que se adequa ao critério para
utilização da fórmula de tensão admissível.

Para os dois métodos, os mapas demonstraram-se bastante parecidos, com classes


semelhantes e anisotropia não muito bem definida, entretanto o obtido com o Topo to Raster
apresentou estas classes de forma um pouco mais coerente com a localização dos pontos
originais, o que não invalida o método geoestatístico.

6.3.6.3 Profundidade: 12 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.46 e 6.47 exibem os mapas obtidos para a profundidade de 12 metros,


pelos dois métodos.

Os altos valores de NSPT correspondem ao que foi indicado pelo histograma de


freqüências a essa profundidade, em que predominam os índices maiores que 20 golpes. As
texturas descritas nas amostras correspondem a areia siltosa/argilosa, argila arenosa/
153

siltosa, silte arenoso e predominância de silte argiloso; todas com presença de arenito, ou
laterita, ou pedregulhos, ou associados.

As identificações de áreas com as faixas de valores mostraram-se semelhantes em


ambos os métodos, no sentido de que não se observam discrepâncias gritantes ao se
avaliar a distribuição das classes resultantes.

Entretanto, avaliando-se individualmente os valores das amostras utilizadas,


percebe-se mais uma vez que a krigagem ordinária resulta um pouco menos fiel aos valores
originais, produzindo estimativas diferentes nos locais em que haviam valores reais.

A magnitude dos valores de índice encontrados neste setor a esta profundidade,


associados à ausência de lençol freático promovem condições favoráveis a vários tipos de
opções por fundações profundas, tanto com estacas como por tubulões.
154

Figura 6.46 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 2 (Krigagem


ordinária).
155

Figura 6.47 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 2 (Topo to


Raster).
156

6.3.7 SETOR 3

A Figura 6.48 exibe os histogramas com freqüência do índice nas camadas


analisadas do Setor 3. Os parâmetros estatísticos do mesmo são apresentados no Apêndice
A.

SETOR 3: Nmédio - Prof. 1 a 5 m SETOR 3: NSPT - Prof. 12 m

100 100

Freqüência
Freqüência

75 75

50 50

25 25

0 0
0 2 5 10 20 40 Mais 0 2 5 10 20 40 Mais
NSPT NSPT

Figura 6.48 Histogramas do NSPT no Setor 3.

Constata-se a um aumento de valores do índice ao comparar os dois níveis. Até 5


metros de profundidade, predominam valores até 10 golpes, com o NSPT ainda atingindo
mais freqüentemente até 20 golpes, o que corrobora a possibilidade de prática de fundações
superficiais neste trecho.

O índice cresce com o alcance de níveis mais profundos, mostrando que realmente
os sedimentos do Barreiras apresentam um comportamento esperado em termos de
resistência (aumento com a profundidade) nessa área de estudo.

Já para 12 metros de profundidade, é freqüente a ocorrência de mais de 30 golpes


até mais de 50, também demonstrando essa profundidade como cota de apoio propícia aos
tipos de estacas realizadas no local.
157

6.3.7.1 Parâmetros Geoestatísticos

Assim como nos casos anteriores, foi ajustado o varigograma omnidirecional (direção
0˚ e abertura de 90˚), de modelo esférico. A Tabela 6.7 mostra os parâmetros básicos dos
variogramas ajustados.

Tabela 6.7 Passo e alcance dos variogramas ajustados para o Setor 3.

Profundidade Modelo Passo (m) Alcance (m)


1a5m Esférico 30 208
12 m Esférico 25 155

Entre 1 e 5 metros, para a camada com valores médios do índice, o passo de 30


metros permitiu modelar um variograma com 208 metros de alcance. A 12 metros, o
variograma também esférico foi o melhor ajustado para o passo de 25 metros e alcance de
155. As Figuras 6.49 e 6.50 exibem os modelos variográficos obtidos.

Para a camada entre 1 e 5 metros, não foi possível obter uma direção bem definida
de anisotropia, apesar do modelo indicar de forma sutil a referida NE – SW, enquanto que a
12 metros sugeriu-se a direção oposta (NW – SE).
158

Figura 6.49 Variograma omnidirecional para o NSPT médio entre as profundidades de 1 e 5m


no setor 3.

Figura 6.50 Variograma omnidirecional para NSPT a 12 metros de profundidade no setor 3.


159

6.3.7.2 Profundidade: 1 a 5 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.51 e 6.52 exibem os mapas obtidos para o NSPT médio entre as
profundidades de 1 a 5 metros, pelos dois métodos.

Figura 6.51 Interpolação do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade no setor 3


(Krigagem ordinária).
160

Figura 6.52 Interpolação dos valores do valor médio do NSPT entre 1 e 5 m de profundidade
no setor 1(Topo to Raster).

A Tabela 6.8 descreve as características gerais encontradas nos perfis utilizados


para essa camada (entre 1 e 5 metros de profundidade).

Novamente, observa-se um aumento do valor médio do índice com a profundidade, o


que seria um comportamento esperado para essa variável. Já aparecem picos com valores
de NSPT muito altos, correspondente aos trechos com ocorrência de arenito puramente e
também laterita. Ao contrário da unidade dos sedimentos marinhos, já se observa um alta
freqüência de amostras com argila (arenosa), que por sua vez se mostra compatível para
esse nível nesta unidade geológica.
161

Tabela 6.8 Camada 1 – 5 m: Setor 3.

Profundidade/metro Textura NSPTmín NSPTmáx NSPTmédio


Areia fina, areia fina a média
siltosa, silte arenoso, silte
2 1 60 11
argiloso, argila arenosa, silte
argiloso com laterita, arenito
Areia fina, areia fina a média
siltosa, silte arenoso, silte
3 2 90 11,8
argiloso, argila arenosa, silte
argiloso com laterita,
Areia fina, areia fina a média
siltosa, silte arenoso, silte argiloso,
4 2 90 14,3
argila arenosa, silte argiloso com
laterita, arenito, laterita

Areia fina, areia fina a média


siltosa, silte arenoso, silte argiloso,
5 1 90 20
argila arenosa, silte argiloso com
laterita, arenito, laterita

Como no Setor 1, a maioria dos valores médios para cada metro dessa camada
ficaram entre a faixa de 5 a 20 golpes, a qual é mais indicada para a utilização da fórmula
empírica para tensão admissível. As estimativas do índice médio no bulbo de tensões
apresenta a predominância de áreas amarelas (entre 5 e 10 golpes) e verdes (entre 10 e 20
golpes).

Entretanto, neste setor já aparecem valores extremos como áreas em vermelho


(menos de 2 golpes) e laranja (entre 2 e 5 golpes), e os tons de azul (NSPT > 20 golpes), este
últimos em porções significantes. Apesar disso, deve-se atentar que as áreas estimadas
com baixos valores ocorrem em trechos com ausência ou pouca presença de
furos/amostras, o que deve ser levado em consideração e melhor detalhado em futuros
estudos.

Novamente, com ambos os métodos, os mapas demonstraram-se bastante


parecidos, com classes iguais e anisotropia não muito bem definida. Entretanto, neste caso
a krigagem ordinária aparentemente interpolou melhor entre as áreas sem pontos, uma vez
que o topo to raster se mostrou tendenciosa estimando valores extremos nestas zonas não
amostradas.
162

6.3.7.3 Profundidade:12 m - NSPT : krigagem ordinária x topo to raster

As Figuras 6.53 e 6.54 exibem os mapas obtidos para a profundidade de 12 metros,


pelos dois métodos.

Figura 6.53 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 3 (Krigagem


ordinária).

Os altos valores de NSPT correspondem ao que foi indicado pelo histograma de


freqüências a essa profundidade, em que predominam os índices maiores que 20 golpes.
Como texturas, encontram-se descritas amostras de areia siltosa/argilosa com pedregulho;
163

argila arenosa; areia argilosa e ainda silte argiloso pouco areno so, todos comlaterita e
pedregulho.

Figura 6.54 Interpolação dos valores de NSPT a 12 m de profundidade no setor 3 (Topo to


Raster).

Neste caso, percebe-se que a krigagem ordinária não representou bem os valores do
índice nas extremidades do setor, que correspondiam à classe com NSPT variando entre 11 e
20. Apesar disso, as interpolações a essa profundidade nesse setor foram a que menos
demonstraram diferenças entre os dois métodos, talvez pela homogeneidade de valores
envolvidos e menor quantidade de sondagens utilizadas, uma vez que ao selecionar a
164

vizinhança do estimador krigagem, quanto mais amostras adjacentes, mais fatores


influenciam na obtenção da estimativa, o que pode justamente causar a suavização vista
nos resultados anteriores.

Ainda neste setor, observa-se a ocorrência de duas unidades geológicas: a maior


área com os sedimentos do grupo barreiras, e uma zona com depósitos arenosos/dunas do
quaternário. Entretanto, não foi constatada nenhuma diferença de comportamento entre as
amostras (texturas) e valores do índice de resistência entre as duas unidades. A Figura 6.55
exibe o contexto em questão, em que pode-se observar, devido à ocupação urbana, a
ausência de diferenças significativas entre as duas áreas (sedimentos do barreiras e
depósitos arenosos/dunas).
165

Figura 6.55 Contexto urbano e geologia no Setor 3.


166

6.3.8 Impenetrável à Percussão; NSPT > 50

As Figuras 6.56 a 6.58 exibem as superfícies obtidas com a interpolação da


profundidade do impenetrável a percussão (NSPT > 50) com o método Topo to Raster.

Para o Setor 1, observa-se um certo paralelismo da profundidade interpolada com as


curvas de nível, como esperado para a variável analisada e também devido ao método
dispor de aspectos que contribuem com uma influência da morfologia.

Entretanto, a quantidade de sondagens que alcançaram golpes maiores que 50 é


visivelmente menor que a de furos que não relataram o alcance de tal limite.
Conseqüentemente, a superfície interpolada exibiu trechos fiéis aos pontos originais
utilizados, mas as estimativas em partes que não continham amostras não se adequaram as
sondagens em que não foi alcançado o impenetrável. Ou seja, observou-se que, em muitos
casos, as sondagens sem golpes maiores que 50 ultrapassavam em profundidade a
superfície interpolada. A situação inversa também ocorreu (sondagens com limite de
profundidade menores que o impenetrável estimado), mas para casos desse tipo não se
pode concluir que as estimativas estejam erradas de fato, uma vez que não se alcançaram
profundidades suficientes para a comparação.

No Setor 2, pode-se fazer uma análise comparativa com o mapa gerado para os
valores de NSPT a profundidade de 12 metros. Neste último, os trechos que apresentam
valores mais elevados de golpes (> 40, cor azul escuro), apresentam poucas vezes alguma
correspondência com a superfície do impenetrável. Trata-se dos casos em que a
profundidade obtida para golpes maiores que 50 se encontra em torno de 12 metros.

Apesar disso, ocorre o mesmo problema constatado no Setor 1, que é a diferença de


pontos utilizados na modelagem do impenetrável em relação a todos os pontos do setor.
Esse aspecto também resultou em falta de representatividade, ao se verificar as sondagens
não utilizadas no impenetrável, que na realidade alcançaram profundidades maiores que a
estimada nos pontos em que se encontram.
167

Figura 6.56 Profundidade do impenetrável à percussão (NSPT > 50) para o Setor 1.
168

Figura 6.57 Profundidade do impenetrável à percussão (NSPT > 50) para o Setor 2.
169

Figura 6.58 Profundidade do impenetrável à percussão (NSPT > 50) para o Setor 3.

O Setor 3 apresenta um quadro diferente dos anteriores. De antemão já se pode


observar que a maioria das sondagens (55 furos) alcançou o impenetrável considerado no
critério aqui estudado, enquanto que as que não alcançaram (18) se encontram bem
distribuídas na área, com pontos isolados que não participaram na geração do modelo. Este
setor é o que resultou com menores profundidades para a superfície com NSPT > 50,
influenciado pela forte presença de laterita, pedregulhos e o alcance do arenito a poucas
profundidades (entre 2 e 10 metros).

Constata-se então que a superfície do impenetrável obtida alcança na sua maioria


profundidades entre 6 a 9 metros e também 10 a 12, o que confirma o mapa gerado para os
170

valores do NSPT neste setor para a profundidade de 12 metros. Neste, fica clara a
predominância de alta resistência a penetração, em que a parte centro-oeste do setor
apresenta grande coerência com a superfície do impenetrável (trechos com NSPT menores
que 40 encaixam-se com os que o impenetrável foi estimado para mais profundo que 12
metros). Não obstante, a parte leste do setor não promoveu semelhante correspondência.
Pode-se atribuir ao fato de que justamente neste trecho verifica-se a presença de mais furos
que não alcançaram NSPT > 50, situados entre as sondagens utilizadas na geração do
modelo.

6.4 VALIDAÇÃO DAS ESTIMATIVAS

As Figuras 6.59 a 6.61 mostram as sondagens que não participaram dos processos
de estimativa e que foram utilizadas na validação (comparação dos dados reais, obtidos em
campo, com os estimados) dos mapas obtidos. Os testes de validação foram realizados com
os mapas obtidos pelo Topo to Raster, uma vez que após as observações preliminares,
esse método se mostrou um pouco mais satisfatório.

As Tabelas 6.9 a 6.15 exibem os valores obtidos com o processo de comparação.


Foi calculado o RMS para cada camada de cada setor, com o intuito de se avaliar o erro
obtido. Obviamente que o RMS é mais indicado para casos com mais densidade de pontos,
mas foi utilizado também aqui com um caráter mais ilustrativo.

Analisando-se as diferenças individuais, percebe-se que as sondagens situadas nas


regiões centrais dos setores apresentaram menos discrepâncias com os valores estimados.
Também mostraram esse comportamento as sondagens em pontos que se encontram em
trechos com maior densidade de amostras utilizadas nas interpolações.

Os pontos com piores resultados encontram-se justamente nos extremos dos setores
ou em seções com poucas amostras e quantidade de sondagens. Ainda assim, alguns dos
erros correspondem a estimativas que conseguiram encaixar-se nos intervalos estimados.
171

Figura 6.59 Sondagens utilizadas na validação das estimativas do Setor 1.


172

Figura 6.60 Sondagens utilizadas na validação das estimativas do Setor2.


173

Figura 6.61 Sondagens utilizadas na validação das estimativas do Setor 3.

Observa-se que o RMS tende a aumentar com a profundidade (de 1, 53 a 5,4


golpes), pois as estimativas feitas a maiores profundidades contaram com menos pontos
originais que as superiores, uma vez que nem todas as perfurações persistem igualmente a
todos os metros. Sendo assim, os modelos obtidos para estes níveis acabam sendo
processados com menos amostras/valores originais, o que geraria resultados menos
detalhados ou refinados.

A profundidade de 12 metros do Setor 3 apresentou a validação mais precária; muito


provavelmente pelo motivo já mencionado de que a esta profundidade, já não se
174

encontravam muitos das sondagens realizadas no setor, observação corroborada pelas


poucas profundidades em que foi alcançado o impenetrável nesta área.

Tabela 6.9 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT
médio entre 1 e 5 metros (RMS = 1,53)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


1 10 9,5 0,5
2 19 16,1 2,9
3 8,3 6,8 1,5
4 9,5 9,6 0,1
5 9,7 11,2 1,5
6 4,3 4,5 0,2
7 14,7 12,4 2,3
8 7,2 6,7 0,5

Tabela 6.10 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT a
6 metros (RMS = 3,2)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


1 7 2,0 5
2 18 16,1 1,9
3 25 25,7 0,7
4 18 12,7 5,3
5 11 6,5 4,5
6 7 8,3 1,3
7 37 36,3 0,7
8 6 7,7 1,7
175

Tabela 6.11 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT a
10 metros (RMS = 4,8)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


1 4 10,6 6,6

2 1 1,2 0,2
3 5 4,7 0,3
4 26 18,5 7,5
5 19 16,0 3
6 13 20,1 7
7 2 2,4 0,4
8 26 31,4 5,4

Tabela 6.12 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 1 para o valor do NSPT a
14 metros (RMS = 5,4)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


1 56 68,3 12,3

2 3 2,9 0,1

3 10 14,0 4

4 24 21,0 3

5 5 3,3 1,7

6 8 15,4 7,4

7 13 12,0 1

8 12 12,3 0,3
176

Tabela 6.13 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 2 para o valor do NSPT
médio entre 1 e 5 metros (RMS = 3,1)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


9 11 12,0 1

10 4 7,0 3

11 2 10,0 8

12 4 5,0 1

13 6 7,0 1

14 4 4,0 0

15 5 6,2 1,2

16 7 7,8 8

Tabela 6.14 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 2 para o valor do NSPT a
12 metros (RMS = 4,2)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


2
9 22 20,0
2
10 33 31,8
7
11 28 35,0
0
12 23 23,0
0
13 36 36,0
8
14 50 42,0
2
15 50 52,0
4,8
16 60 55,2
177

Tabela 6.15 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 3 para o valor do NSPT
médio entre 1 e 5 metros (RMS = 5,3)

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


17 17 26,2 9,2

18 10 22,0 12

19 14 15,2 1,2

20 16 17,1 1,1

21 6 5,5 0,5

Tabela 6.16 Comparação entre estimativas e valores reais no Setor 3 para o valor do NSPT a
12 metros

Ponto NSPT real NSPT estimado ΔNSPT


19 43 55,9 12,9

20 50 32,0 18

21 29 12,5 16,5

6.5 MAPAS PARA USO DE FUNDAÇOES

6.5.1 Tensão admissível para Fundações Diretas / Superficiais

As Figuras 6.60 a 6.62 exibem os mapas com tensão admissível para os três
setores.O mapa obtido para o Setor 1 ( Figura 6.62) apresenta faixas de valores de MPa
coerentes aos esperados com a utilização da formulação empírica, uma vez que foi
originado a partir dos índices contidos no intervalo que é o mais indicado para a aplicação
da correlação (NSPT médio do bulbo de tensões entre 5 e 25).
178

Figura 6.62 Tensão Admissível no Setor 1 em MPa.


179

Figura 6.63 Tensão Admissível no Setor 2 em MPa.


180

Figura 6.64 Tensão Admissível no Setor 3 em MPa.

As faixas com tensão admissível a partir de 0,25 MPa já se mostrariam aplicáveis ao


auxílio em cálculo de projetos de fundações, de acordo com as características e porte das
determinadas obras. Os trechos com tensões admissíveis alcançando 0,5 MPa sugerem
ótimas condições de capacidade de carga mesmo para edificações de grande porte, visto
que correspondem ao valor de 50 tf/m2, taxas utilizadas na prática local em edifícios de até
30 pavimentos.

Pode-se observar a grande ocorrência de trechos com tensão admissível inferiores a


0,24 MPa. Apesar de menores que as mencionadas anteriormente, essa faixa de valores se
181

adequa muito bem à aplicação de soluções alternativas de projeto como as estacas de


compactação, que já foram largamente utilizadas neste setor de estudo.

A escolha por esta técnica é favorecida pela presença de solo mais resistente já a
cerca de 5 metros de profundidade, que permite o emprego da melhoria nesta cota de apoio,
associada às características predominantemente arenosas das camadas situadas acima. O
solo resultante (melhorado) recebe então um acréscimo de resistência que permite o
alcance de tensões admissíveis maiores que as anteriores ao processo de melhoria. Por
isso, mesmo as áreas que não apresentaram altos valores de tensão admissível indicam o
contexto adequado a esta solução devido as menores compacidades iniciais.

O mapa de tensões obtido para o Setor 2 apresenta condições menos satisfatórias


que as observadas no Setor 1, visto que boa parte da área apresenta baixos valores para
este parâmetro, principalmente se forem considerados os casos de edificações de maior
porte. Tal observação corrobora a prática local neste trecho, visto que aparte das menores
edificações ou térreas, é comum a utilização de estacas que alcancem maiores
profundidades para a capacidade de carga do sistema.

O Setor 3 resultou com um mapa coerente com o perfil de ocupação dessa área
dentro do município. Até recentemente, esta parte da cidade contava com a ocupação
predominantemente de construções residenciais ou obras de pequeno porte, como
pequenos prédios com poucos pavimentos. Para tais finalidades, a presença das faixas em
laranja e amarelo se adequam satisfatoriamente (tensão admissível entre 0,16 e 0,46 MPa).

Entretanto, ultimamente vem crescendo nesta área a construção de prédios que


necessitam de capacidades de suporte maiores que as obtidas superficialmente, o que
influencia a utilização de estacas, principalmente escavadas com trado mecânico,
geralmente situadas com cotas de apoio a 12 metros de profundidade.

Levando-se em conta que, no Setor 1, as estacas de compactação utilizadas com


apoio em 6 metros de profundidade são utilizadas como subsídio à execução de fundações
diretas, atuando como um reforço do solo, o mapa gerado para esta profundidade será
exposto nesta seção e exibido na Figura 6.65 .

Constata-se que uma parcela significante do Setor 1 resulta favorável a utilização


das estacas de compactação apoiadas a 6 metros, o que corrobora a prática e experiência
local. As áreas favoráveis correspondem a trechos que apresentaram NSPT > 20, e com o
isolamento desta zona, pode-se evidenciar que há uma queda de resistência no sentido
leste-oeste, pois as curvas de nível mais altas do setor (5 m) situam – se justamente na
182

parte não incluída da área isolada. Ou seja, sugere-se um aumento de resistência com a
profundidade, neste nível (pois a 6 metros abaixo do terreno, correspondem cotas
altimétricas diferentes e paralelas à topografia).
183

Figura 6.65 Setor 1: Mapa com áreas propícias ao apoio de estacas de compactação
(profundidade – 6 metros).
184

6.5.2 Fundações Profundas

As Figuras 6.66 a 6.68 exibem os mapas obtidos com as sugestões de cotas de


apoio para diferentes tipos de estacas nos três setores, nas principais profundidades
(geralmente mais utilizadas em suas respectivas áreas para fundações profundas).

No Setor 1, a 14 metros de profundidade observa uma inversão na anisotopia, em


termos de resistência, pois agora se constata que o índice decai no sentido oeste – leste ;
contrário o observado na camada anterior. Neste caso, os trechos com valores mais altos do
NSPT encontram-se nas áreas correspondentes as curvas de nível mais altas, indicando que
o índice cai, a profundidade de 14 metros, com a diminuição de cota altimétrica.

Este setor apresenta a limitação da presença do lençol freático a pequenas


profundidades, o que limita a execução de estacas que não dependam do nível dágua em
seus processos construtivos, tais como as de ponta fechada (franki, compactação) ou pré-
moldadas e metálicas e ainda as do tipo hélice contínua.

O Setor 2 já apresenta a situação contrária: a 12 metros de profundidade, ainda não


se observa a presença do lençol e esse contexto já permite, além dos tipos de estacas
mencionados no Setor 1, a execução de tubulões à céu aberto e estacas escavadas com
trado mecânico (tipo broca), em que é necessária a integridade do furo após a escavação e
antes do período de concretagem.

O terceiro setor já não apresenta a totalidade da área considerada para as análises


superficiais; uma vez que para a locação de fundações profundas a 12 metros abaixo do
terreno, foi levado em conta a posição do impenetrável estimado (visto que o mesmo se
apresentou em profundidades baixas, na maioria da área, o que impediria que os processos
executivos das estacas atravessassem camadas tão resistentes).

Nos três setores, as profundidades analisadas mostraram que os valores de


resistência se adequam muito bem ao indicado como referência para as limitações em
função do NSPT . Essa verificação confirma as opções mais realizadas na prática geotécnica
local.
185

Figura 6.66 Mapa de uso para fundações – 14 metros (Setor 1).


186

Figura 6.67 Mapa de uso para fundações – 12 metros (Setor 2)


187

Figura 6.68 Mapa de uso para fundações – 12 metros (Setor 3)


188

7 CONCLUSÕES

Este trabalho tratou o desenvolvimento de um banco de dados (relacional) geológico


– geotécnicos com informações provenientes de sondagens à percussão com ensaios SPT
do município de João Pessoa – Paraíba. Foram descritas as etapas correspondentes à
preparação e estruturação do banco de dados, desde o levantamento, vetorização e
inserção dos dados constituintes (da base topográfica digital até os boletins de sondagem),
até o gerenciamento, operações e análises espaciais das informações armazenadas.

Essas atividades envolveram, principalmente, a geração do MDT e o emprego de


529 furos de sondagem inseridas digitalmente. Foi permitida a avaliação do processo como
um todo, incluindo todos os estágios operacionais e analíticos, o que promoveu à prática e
familiarização com a ferramenta utilizada (software ArcGis 9.1), assim como dos formatos
dos dados envolvidos, de maneira mais eficiente para o desenvolvimento da pesquisa.

O software ArcGis 9.1 se mostrou um subsídio imprescindível a realização de todas


as etapas envolvidas, desde a geração da base de dados até a estruturação do banco em
si, complementadas com tratamento em análises espaciais das informações. A sua interface
favoreceu de maneira prática tanto as operações de georreferenciamento, ajuste e
vetorização dos elementos do banco, como as de relacionamento, junção e integração de
tabelas, seleção de dados e modelagens e interpolações das informações.

Para a obtenção do MDT, foram testados o modelo TIN e também a rotina Topo to
Raster. Esta última se demonstrou mais adequada, tanto pela análise do RMS mínimo,
como pelo fato de ser um método que leva em conta aspectos da morfologia e hidrologia,
produzindo uma superfície resultante mais fiel às características do terreno, com suavização
189

de fundos de vale e outras transições que resultam mais bruscas e até grosseiras quando
analisadas em outros métodos.

A interpolação da superfície freática foi direcionada pela comparação entre dois


métodos: o Topo to Raster e também a krigagem ordinária. O primeiro obteve resultados
mais satisfatórios, permitindo a modelagem do lençol levando em conta a rede de
drenagem, aspecto importante no comportamento da variável NA e negligenciado pela
maioria dos outros algoritmos.

As possibilidades de operações e interações entre os produtos obtidos com as


modelagens por meio das extensões de análise espacial do SIG (subtrações de arquivos
raster como a operação realizada entre as superfícies freáticas obtidas para diferentes
épocas do ano e comparação dessas superfícies em relação ao MDT) se mostraram
estimulantes devido à praticidade de execução e fácil visualização dos produtos de modo a
favorecer a interpretação dos resultados.

O processo de realização dos cálculos geoestatísticos pela extensão Geoestatistical


Analyst apresentou-se extremamente prático por tratar as variáveis numa sequência de
operações concisa e integrada (escolha do método/tipo de krigagem  ajuste do variograma
seleção de pontos da vizinhança interpolaçãovalidação cruzada (e outras medidas de
avaliação de erro)  relatório com parâmetros), sem a necessidade de recorrer a softwares
adicionais para a conclusão de todas as etapas de modelagens geoestatísticas, permitindo
flexibilidade de opções de vários critérios, parâmetros e métodos na realização das
estimativas.

Cabe lembrar que utilização do ArcGis nas análises geoestatísticas se mostrou


satisfatória devido ao caráter mais prático da pesquisa, em que não se objetivava realizar
um trabalho de geoestatística em si, com aprofundamentos no método, porém sem
desrespeitar os parâmetros básicos do processo de modo a não equivocar resultados.

Para as análises de comportamento espacial do índice de resistência à penetração,


foram separados três setores de estudo de acordo com a diferença de concentração das
sondagens. Com a separação, obtiveram-se: um setor contido nos sedimentos marinhos
recentes da planície costeira do município, e dois contidos nos sedimentos terciários do
Grupo Barreiras. A divisão permitiu avaliar separadamente as características de
comportamento geotécnico de cada área, em função das informações extraídas dos boletins
de sondagem, para cada setor estudado.
190

Para a escolha da melhor ferramenta matemática nas interpolações do SPT, foram


avaliados também os métodos Topo to Raster e Krigagem Ordinária; o primeiro por
contemplar as características já mencionadas de consideração da morfologia e hidrologia
(sendo o SPT uma variável geotécnica, supõe-se que entre esses dois fatores). O segundo,
por ser largamente utilizado em pesquisas envolvendo dados de sondagem a percussão
com o ensaio SPT.

O comportamento do índice com a profundidade no setor correspondente à planície


costeira com sedimentos recentes se mostrou peculiar, no sentido de que o mesmo
apresentou camadas de alta resistência a baixas profundidades (6 metros), seguidas por
uma queda nos valores do NSPT (a 10 metros), para depois voltar a crescer com a
profundidade (a 14 metros), mesmo assim não em toda a área, o que resulta em um
contexto interessante que pode ser objeto de estudo em pesquisas posteriores.

Já nos dois setores contidos no Grupo Barreiras, o índice de resistência apresentou


um comportamento esperado, com o aumento de acordo com o avanço na profundidade.

Com ambos os métodos (Topo to Raster e Krigagem Ordinária), os mapas


demonstraram-se bastante parecidos. Entretanto, a krigagem ordinária aparentemente
reduziu as áreas com valores mais baixos e também mais altos presentes nos dados,
mostrando um caráter suavizador do método, porém de maneira pouco acentuada. Sendo
um dos objetivos do trabalho a caracterização geotécnica da área de estudo, era importante
que trechos ou áreas com comportamento extremo (áreas menos resistentes, com solos
moles / fofos, ou trechos com picos do índice, representando muitos golpes para cada 30
cm) não fossem negligenciados na representação dos produtos cartográficos finais.

Sendo assim, no geral os resultados obtidos com o Topo to Raster se mostraram


mais satisfatórios, porém não discrepantes com os da krigagem ordinária. A krigagem foi de
contribuição importante para a avaliação da variabilidade in situ do NSPT, assim como nos
processos de busca por reconhecer anisotropias. Pode-se dizer então que os dois métodos
trabalharam em complemento um com o outro, sendo o Topo to Raster o escolhido para a
realização das etapas seguintes de modelagens: a estimativa de profundidade do
impenetrável à percussão (considerado aqui como NSPT > 50 golpes) e geração de mapas
para uso sugerido de fundações.

Foram realizadas etapas de campo, no município de João Pessoa, por meio de


reuniões com profissionais do meio geotécnico local que englobaram muitos aspectos –
desde caracterização da área (predominância de determinados tipos de solo em respectivas
áreas, espessura de certas camadas, etc), comportamento e variação do NSPT,
191

profundidade em que é alcançado o calcário, até características e detalhes dos tipos de


obras e fundações do município.

As estimativas para a profundidade do impenetrável à percussão não se mostraram


satisfatórias para o setor contido na planície costeira e um dos pertencentes ao Grupo
Barreiras, pois as sondagens que alcançaram golpes maiores que 50 foram poucas em
relação aos furos que não relataram o alcance de tal limite. Conseqüentemente, a superfície
interpolada exibiu trechos fiéis aos pontos originais utilizados, mas as estimativas em partes
que não continham amostras não se adequaram as sondagens em que não foi alcançado o
impenetrável. Ou seja, observou-se que, em muitos casos, as sondagens sem golpes
maiores que 50 ultrapassavam em profundidade a superfície interpolada. A situação inversa
também ocorreu (sondagens com limite de profundidade menores que o impenetrável
estimado), mas para casos desse tipo não se pode concluir que as estimativas estejam
erradas de fato, uma vez que não se alcançaram profundidades suficientes para a
comparação.

Apesar disso, no Setor 3, a maioria das sondagens alcançou o impenetrável


considerado no critério aqui estudado, enquanto que as que não alcançaram (18) se
encontram bem distribuídas na área, com pontos isolados que não participaram na geração
do modelo. Como resultado foram encontradas menores profundidades para a superfície
com NSPT > 50, influenciado pela forte presença de laterita, pedregulhos e o alcance do
arenito a poucas profundidades (entre 2 e 10 metros).

As etapas de campo em João Pessoa corresponderam à primeira parte do processo


de validação dos modelos, uma vez que os mesmos foram expostos e discutidos com a
verificação e confirmação. A próxima parte do processo de validação consistiu na utilização
dos furos de sondagem que não foram inseridos no banco de dados digital (porém
indexados para facilitar a localização). Os valores de NSPT contidos nesses furos foram
comparadas com os valores estimados pelos modelos de interpolação.

No geral, as estimativas se mostraram satisfatórias, com pequenos erros,


principalmente nos pontos que se encontram em trechos com maior densidade de amostras
utilizadas nas interpolações. Os pontos com piores resultados encontram-se justamente nos
extremos dos setores ou em seções com poucas amostras e quantidade de sondagens.
Ainda assim, alguns dos erros correspondem a estimativas que conseguiram encaixar-se
nos intervalos estimados.

Para a obtenção dos resultados finais (mapas com aptidão aos tipos de fundação),
foram realizadas análises integradas desses mapas de resistência aos da superfície freática,
192

visto que a profundidade do nível dágua representa um fator limitante ao se tratar de alguns
tipos de fundações.

Os mapas obtidos se mostraram coerentes com as utilizações de fundações de


acordo com as práticas locais, o que corroborou a validação do banco de dados como
ferramenta e subsídio útil às atividades de planejamento e gestão urbanas do município.

É imprescindível enfatizar, entretanto, o caráter regional e inicial do estudo aqui


realizado, o qual não pode nem deve substituir a realização de sondagens com o SPT, nem
indicar de antemão, com caráter definitivo, qual determinado tipo de fundação pode ser
utilizado em detrimento de outro. A escolha de uma solução geotécnica depende do estudo
detalhado de todas as camadas de solo envolvidas no problema, com o máximo de
parâmetros possível e auxílio de trabalhos de campo.

Os produtos aqui expostos servem como um passo inicial à caracterização


geotécnica do município, visto que esse pode servir como ponto de partida para diversos
outros tipos de estudo que permitam avaliações mais detalhadas e também diversificadas,
devido à natureza das informações manipuladas com a ferramenta (texturas, cores,
resistência, nível d’água,etc).

A implementação desse banco de dados abre um precedente importante para o meio


técnico e científico local, uma vez que reuniu um número considerável de informações que
agora se encontram em um formato trabalhável e concentrado, de maneira muito mais
prática se comparada à situação inicial do acervo de sondagens que até então não havia
sido avaliado nem estudado, por mais de 30 anos.

As possibilidades de aplicação desta ferramenta oferecem uma gama de alternativas


ainda a serem mensuradas, diante dos diversos tipos de abordagens geotécnicas possíveis,
como correlações de parâmetros com os valores do índice de resistência à penetração,
variação de comportamento ao longo do tempo (visto que o material corresponde a mais de
30 anos de período), etc.

O potencial desse banco de dados contempla ainda a oportunidade de sua


manutenção e acréscimo com mais informações de novos furos ou também provenientes de
outros tipos de investigação geotécnica, uma vez que sua interface permite fácil
manipulação.

Desta forma considera-se que as Hipóteses de Trabalho e objetivos propostos na


pesquisa foram alcançados.
193

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210
211

APÊNDICE A
212
213

Tabela A.1: Parâmetros estatísticos da variável NA (cota em metros) utilizados na


interpolação do lençol freático (período seco + poços subterrâneos + pontos extraídos da
drenagem)

Total 415
Valor Mínimo -9,2
Valor Máximo 41,7
Média 6,9
Desvio 7,8

Tabela A.2: Parâmetros estatísticos da variável NSPT médio entre 1 e 5 metros de


profundidade no Setor 1

Total 220
Valor Mínimo 2,3
Valor Máximo 22
Média 10,2
Desvio 4,0

Tabela A.3: Parâmetros estatísticos da variável NSPT a 6 metros de profundidade no Setor 1

Total 275
Valor Mínimo 0
Valor Máximo 69
Média 18,0
Desvio 12,9

Tabela A.4: Parâmetros estatísticos da variável NSPT a 10 metros de profundidade no Setor 1

Total 276
Valor Mínimo 0
Valor Máximo 60
Média 7,9
Desvio 8,1
214

Tabela A.5: Parâmetros estatísticos da variável NSPT a 14 metros de profundidade no Setor 1

Total 269
Valor Mínimo 0
Valor Máximo 180
Média 15,1
Desvio 16,3

Tabela A.6: Parâmetros estatísticos da variável NSPT médio entre 1 a 5 metros de


profundidade no Setor 2

Total 151
Valor Mínimo 1,3
Valor Máximo 46,3
Média 9,7
Desvio 7,2

Tabela A.7: Parâmetros estatísticos da variável NSPT a 12 metros de profundidade no Setor 2

Total 137
Valor Mínimo 0
Valor Máximo 90
Média 31,7
Desvio 16,3

Tabela A.8: Parâmetros estatísticos da variável NSPT médio entre 1 a 5 metros de


profundidade no Setor 3

Total 66
Valor Mínimo 2,3
Valor Máximo 75,8
Média 14,3
Desvio 14
215

Tabela A.9: Parâmetros estatísticos da variável NSPT a 12 metros de profundidade no Setor 3

Total 34
Valor Mínimo 12
Valor Máximo 90
Média 47,3
Desvio 20,2

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