Iyami Osoronga
Iyami Osoronga
Iyami Osoronga
TRADUÇÃO
NOSSA MÃE! NOSSA MÃE! NOSSA MÃE!
OPIKI, A DONA DO PÉ DE OSUN
OLHANDO AQUI, VENDO LÁ
ESPALHADA PELO MUNDO INTEIRO
FIZEMOS A OFERENDA À VOCÊS
CUIDAREMOS DA OFERENDA DE VOCÊS
SÃO VOCÊS QUE BRIGAM COM ALGUÉM SEM PRECISAR POR A MÃO
SÃO VOCÊS QUE ESTÃO NAS ENCRUZILHADAS GUERREANDO
QUE CHORAM EM CIMA DAS ÁRVORES HEN-HEN-HEN
SE O URUBU COMER A OFERENDA
COME SEM LHE FAZER MAL ALGUM
SE O PÁSSARO AKALA COMER A OFERENDA
COME E DESAPARECE
AQUELAS QUE FAZER BARULHO PELA MADRUGADA
VOCÊS SÃO AS DONAS DAS CASAS EM CIMA DAS ÁRVORES
E FAZEM REUNIÃO NAS ENCRUZILHADAS
SAÚDO À VOCÊS, OS PÁSSAROS DAS MÃES FEITICEIRAS
SAÚDO À VOCÊS, OS PÁSSAROS DO CÉU
PORQUE SE FALAMOS DE ALGUÉM PODEROSO, PASSAMOS A
ESPADA NO CHÃO
SAÚDO À VOCÊS HOJE
QUE A MINHA SAUDAÇÃO TENHA ASE
IYA MI
O princípio ancestral feminino, energia genérica, tratado sempre de forma
coletiva é conhecido por vários nomes, dentre eles, IYA MI OSORONGA.
Outras formas de tratamento encontradas, traduzindo sempre sua essência,
são IYA MI (minhas mães), ELEYE (senhoras dos pássaros, ou aquelas que se
transformam em pássaros), AJE (feiticeiras), APANI MA YODA (aquelas que
matam sem espada, ou seja, sem arma), OLOKIKI ORU (aquelas que fazem
barulho de madrugada, ou seja, que fazem reunião de madrugada), ONILE
ORITA (aquelas que possuem a casa nas encruzilhadas), AJEFUN,
JEDO (aquelas que se alimentam com fígado e intestinos), ASENI BANI
DASO (falsas, aquelas que fazem e ainda fingem que não são elas).
As tradições transmitem uma duplicidade de imagem sobre IYA MI, num
primeiro aspecto, menos conhecido, que é o da divindade que recebe
de OLODUNMARE uma cabaça, representação do mundo, na qual está contido
e representado o seu poder. Em outro, o de mulheres velhas, donas de uma
cabaça contendo um pássaro, transformando-se elas próprias em pássaros e
organizando, entre si, reuniões noturnas na floresta para se alimentarem do
sangue de suas vítimas e se entregarem a trabalhos maléficos variados.
Tendo em vista sua natureza coletiva e genérica é comum tratar o princípio e
aquelas que possuem seu conhecimento e poderes pelos mesmos nomes, mas em
qualquer dos casos observa-se sempre sua atuação como agente moderador em
relação aos excessos de poder e monopolização da riqueza.
Muitos Itan Odu tratam do mito, da vida e das ações das IYA MI. Um deles
do Odu OSA MEJI, relatado a seguir, conta como elas receberam o poder de
atuar sobre a vida dos homens.
Eye, pássaros como igun (urubus), adan (morcegos), e outros conhecidos
e eniyan, seres humanos, quando vierem do orun (plano invisível) para
o aiye (plano visível) fizeram um juramento na encruzilhada que une os dois
mundos – ikorita meta.
Nele comprometeram-se frente a OLODUNMARE (DEUS) que nenhum deles
iria trair ao outro no sentido de matarem-se entre si.
Porém chegou uma época em que não havia mais nada para os seres humanos
comerem, eles começaram a passar fome e a morrer. Só os ELEYE davam um
jeito de sobreviver.
Então um dia chegou um homem (ESU) e perguntou-lhes porque estavam
morrendo de fome se havia tantos pássaros voando? Os seres humanos
responderam que não poderiam matá-los, pois haviam prometido
a OLODUNMARE que nenhum deles iria trair um ao outro, melhor dizendo,
nenhum ser humano poderia matar os pássaros e nem os pássaros a eles.
Após a partida de ESU, que os havia incitado, os homens decidiram começar a
matar os ELEYE e comê-los. Estes últimos então, muito irritados com a quebra
do pacto, levaram o caso ao Ser Supremo.
Os seres humanos foram considerados culpados e OLODUNMARE deu
aos ELEYE o poder de marcar os homens, de verem tudo o que se passava na
terra e assim, envenenar a vida desses; podendo fazer deles o que bem
entendessem. Isso se deu através de uma cabaça que se chamava IGBA AIYE (a
cabaça do mundo).
Os pássaros perguntaram o que poderiam fazer com a cabaça,
e OLODUNMARE falou que daquele dia em diante eles poderiam fazer tudo
aquilo que quisessem com a ajuda dela, ou seja, esta representava um poder para
eles. Qualquer coisa que quisesse saber a respeito dos seres humanos era só olhar
para dentro dela e poderiam ver tudo, só falar dentro e qualquer coisa que
quisessem se tornaria realidade.
As IYA MI podiam então ver e destruir a vida com o poder que possuíam através
da cabaça. Foi assim que começaram a manipular os ENIYAN (seres humanos).
Outro Itan, do Odu OGBE OSA, relata a chegada de IYA MI à terra: “narra
que elas vieram para a terra querendo ter uma residência, ou melhor, sete
residências nos sete pilares da terra.
Estes pilares constituíam-se em sete árvores e quando as IYA MI foram
questionadas sobre o que fariam, após “agarrarem-se às árvores”, elas
responderam que, em três delas, fariam o mal, destruindo, matando, trazendo
doença e infelicidade a alguém; em outras três, fariam o bem, permitindo
felicidade, vida longa, saúde e alegria. Na última, sua principal casa e sede da
essência de seu poder, fariam toda a coisa que quisessem fazer, trabalhando para
a felicidade ou para a infelicidade conforme lhes agradasse”.
O primeiro Itan fala da cabaça, símbolo do poder genitor feminino, útero
repositório do mundo e da sua força e conta que a traição feita pelos homens
deixou-os entregues à própria terra.
Dessa forma quando pensamos que a matéria genérica de formação do homem
está impregnada pela matriz ancestral feminina, temos que o desequilíbrio na
relação provoca no homem disfunções intrínsecas.
No outro Itan destaca-se “ a questão do conjunto de residências das IYA MI.
Um grupo voltado para a ação ligada ao “bem”, outro voltado para a ação ligada
ao “mal”, representando um equilíbrio de dois potenciais opostos; e o terceiro,
movimento pendular que define predominância ora de um, ora de outro, num
processo que “parece” refletir reação aos comportamentos humanos, ajustados ou
não aos sistemas por IYA MI regidos.
Sem dúvida, essa movimentação traduz-se em ruptura do equilíbrio existente
entre os dois blocos e define, por consequência, uma dinâmica “ação-reação” nas
relações homem-terra. Assim mais uma vez, sempre que o homem age
desequilibrando o sistema ou contrariando o programa da terra ele é afetado pela
reação consequente, irrita e desencadeia a cólera de IYA MI”.
A interpretação destes dois Itan permite inferir que as reações violentas das IYA
MI para com os homens estão sempre associadas a ações que desencadearam o
desequilíbrio do sistema e visam, invariavelmente, a correção do rumo para o
cumprimento efetivo dos programas.
Dizem muitas vezes que IYA MI por sua natureza e essência, inveja todas as
pessoa que tem vida feliz e realização, sendo por isso necessárias oferendas que
aplaquem permanentemente sua cólera. Na realidade, coloca-se uma questão:
Será que as oferendas a IYA MI não se tornam necessárias no intuito de repor ao
sistema os componentes energéticos consumidos na dinâmica das relações
humanas?
A cólera de IYA MI seria portanto, uma explicação das doenças da sociedade e
de seus remédios. Esta cólera constante seria também uma explicação da
inquietude e da angústia metafísica, que não podem nos meios Yorubas
tradicionais, ser racionalizados pela noção do “pecado original”.
AS FEITICEIRAS OU DETENTORAS DOS PODERES DAS MÃES
ANCESTRAIS
Basicamente as ELEYE ou IYA MI são as detentoras do poder feminino, as
senhoras dos pássaros, poder das feiticeiras, que recebendo-os tornam-se AJE.
São mulheres que possuem poderes que as outras não tem, pois utilizam-se da
magia .
Diferentemente das feiticeiras na Europa medieval que eram consideradas a
personificação do mal, as AJE para os Iorubá representam os poderes místicos da
mulher em seu potencial mais perigoso e destrutivo.
Esse poder – ASE – de IYA MI não é em si mesmo bom ou mal, moral ou
perverso, importando apenas a maneira como é empregado, sendo a feitiçaria o
seu exercício ilegítimo ou mal dirigido.
Nos meios tradicionais os sentimentos são matizados em relação a ele.
As AJE não são banidas da sociedade, evita-se porém maldizê-las abertamente,
pois acredita-se que possuam uma força agressiva e perigosa. Uma atitude de
prudente reserva face a um poder estabelecido, malévolo e ativo, é observada,
acarretando discrição a seu respeito.
É dito existirem dois tipos de AJE: AJE FUNFUN ( as feiticeiras brancas),
consideradas como aquelas que fazem o bem e as AJE PUPA (as feiticeiras
vermelhas), aquelas que fazem o mal.
As AJE FUNFUN usam seus poderes para salvar, proteger e ajudar quem estiver
precisando, existindo algumas mulheres que entram na sociedade das IYA
MI somente para proteger aos seus filhos, o marido e as pessoas por quem elas se
interessam.
Ao contrário, as AJE PUPA usam seus poderes para dificultar a vida dos
homens, acabando com os negócios das pessoas, realizando separações, fazendo
de tudo para tornar indivíduos normais em deficientes físicos,
como ARO (aleijado), AFOJU (cego) ou ADITI (surdo). As IYA MI
PUPA tem, também, poderes para matar.
As AJE possuem o poder de tornarem-se invisíveis, podendo ver e ouvir tudo
que a pessoa está fazendo, mesmo com as portas fechadas, ou ir a qualquer lugar
que quiserem. É por isso que os Iorubá chamam as pessoas que tem este tipo de
poder de OJUTOLE (quer dizer, ver tudo que estiver acontecendo dentro da
casa) e de OJUTODE (ver tudo que estiver acontecendo fora de casa).
As IYA MI são associadas a animais de hábitos noturnos, demonstrando assim
sua característica de movimentar-se e agir durante a noite, em um mundo em que
predominam escuridão, silêncio, ausência de formas definidas e o anonimato dos
agentes ativos do ambiente.
Elas podem se metamorfosear em várias coisas, tais como: pássaros (como
o igun – urubu e o adan – morcego), animais (ologbo dudu – gato preto, malu –
gado, ejo – cobra) ou qualquer espírito quando precisarem.
As mães feiticeiras compõem uma sociedade que se
chama EGBE AJE (sociedade das mães feiticeiras). Elas saem para suas
reuniões quando todo mundo está dormindo e acredita-se que, embora elas se
tornem invisíveis quando querem ir a tais reuniões, seus corpos fiquem no lugar,
quer dizer, apenas os espíritos se desloquem.
São, ao mesmo tempo, seus espíritos e os pássaros que fazem os trabalhos
maléficos. Conforme mencionado anteriormente durante as expedições do
pássaro, até o momento da sua volta, o corpo de uma feiticeira fica em casa,
estendido e inerte em seu leito. Para combater a AJE, seria suficiente esfregar
pimenta vermelha no seu corpo, pois quando o espírito voltasse não poderia mais
ocupar o corpo lambuzado pela substância que lhe é proibida.
Elas se encontram em lugares especiais para fazerem suas reuniões, tais
como: orita meta (encruzilhada), igi odan (árvores de seringueira fechada), iti
ogede (árvore de bananeira).
È dito que as mães feiticeiras só se alimentam com EJE (sangue) na sociedade,
quer dizer, cada vez que precisam se alimentar, uma delas pode oferecer qualquer
pessoa, como alimento, consumindo o EJE, aos poucos até a vítima morrer.
Reproduzimos aqui um trecho de um ORIKI de louvação à IYA MI, referente a
isso:
“IYA MI OSORONGA
ELEYE COM BOCA REDONDA
PÁSSARO ATIORO QUE DESCE DOCEMENTE
(ELES SE REUNEM PARA BEBER O SANGUE)
VOA SOBRE O TETO DA CASA (…)”
O poder das mães feiticeiras ainda se mantém, porque elas não escondem o
interesse de passar tal poder a outra pessoa. Podem passá-lo para a filha ou
qualquer outra mulher interessada que possa manter o segredo existente nessas
sociedades.
EBO (oferenda)
As oferendas das mães feiticeiras podem ser realizadas de várias formas,
dependendo do jogo, ou IKIN – IFA ou ERINDINLOGUN nos búzios.
As oferendas são realizadas ou deixadas num desses lugares: ikorita meta (
encruzilhada em y), abe igi odan (no pé da árvore da seringueira), abe igi
ogede ( no pé da bananeira).
Os constituintes do Ebo, (oferenda) das IYA MI podem
ser: akara (acarajé), epo (dendê), eje (sangue), elede (porca), obuko (cabrito), el
eye (pombo), obi (fruto africano, apenas os com quatro gomos), orogbo (fruto
africano), ape (alguidar), ekuru (feijão fradinho cozido com ou sem dendê) etc.
Algumas árvores (igi), estão ligadas às mães feiticeiras: igi iyeye (árvore de
caja), igi iroko (tipo de uma árvore sagrada), igi odan (seringueira).
YAMI E OS OVOS
Por tudo isso o ovo é o principal e maior símbolo da fertilidade, utilizado amplamente nos rituais
de purificação, iniciação, Borí e èbós de propiciação e defesa. Existem vários contos de Ifá
relatando a grande importância do Ovo. Uma delas conta que, Òlódúnmàré (Deus) estava para
dar origem ao universo, tinha num pote de barro “4 Ovos”, com o 1º ovo deu origem
primeiramente a Òòrìsànlà-Òbátálàsurgindo na explosão da luz sem forma quando literalmente
Deus disse haja luz assim Òòrìsànlà surgiu no mundo, com o 2º deu origem a Ògún a forma, o
3º deu origem a Òbálúwàiyé a estrutura, o 4º ovo acidentalmente caiu de sua mão estourando
no chão revelando sua riqueza originando assim a primeira mulher universal chamada Ìyàmi-
òsòróngà, expondo o segredo de sua riqueza para o grande pai, ou seja, mostrando seu poder
de fertilidade e sobrenatural exposto a olho nu diante do Deus Supremo, nascendo assim, a
fonte mantenedora da vida o Ovo possui três diferente cores associado as cores principais e
primordiais do universo; o ovo de casca azul representando a cor preta relacionada ao “Aba” =
a escuridão as trevas das profundezas da terra e mares, o ovo de casca branca relacionada ao
“Iwà” = a explosão da luz, e finalmente o ovo de casca vermelha relacionada ao “Àsé” = fogo
mantenedor da fertilidade totalmente relacionado ao poder sobrenatural. Seu conteúdo possui
diversas características, o qual na maioria das vezes é branco, frágil e oval. Dele nasceu um
novo ser, associado a idéia de que o universo surgiu primordialmente dele próprio, na forma de
um protótipo do mundo. Como um filho de asas negras = ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ que foi cortejada
pelo vento = ÒÒRÌSÀNLÀ-ÒBÁTÁLÀ. O ovo é uma célula reprodutora feminina dos animais
chamada macro-gameta, ou seja, rudimento de um novo ser organizado, primeiro produto do
encontro dos dois sexos, pelos quais desenvolve a possibilidade de existência do fato. Germe,
origem, princípio. Uma imagem viva do grande mundo (O Universo), em oposição ao
microcosmo (o homem). O Ovo é resultante da composição e fecundação de óvulos, possuindo
4 partes; a 1º parte é a casca que representa o útero (invólucro mítico), a 2º parte é membrana
interna que representa a bolsa, placenta uterina (parede defensora), a 3º parte é a clara,
matéria viscosa e esbranquiçada, do grupo das proteínas que representa o útero, a 4º parte é a
gema amarela, parte intima, central e globular suscetível de reproduzir, a qual representa o
feto, um novo ser engendrado preparado para nascer e autuar no que for necessário.
O mito do ovo está presente em todas as culturas antigas, entre elas a Yorubà, Polonesa,
Fenícia, Chinesa, Eslava, Polinésia, Finlandesa, Hindu, Germânica, Hebraica entre outras. A
força germinal contida no ovo, esta associada à energia vital com grande desenvolvimento
através de èsú, motivo pelo qual, tanto o ovo comoÈsú, desempenha uma função
importantíssima no culto Yorubà principalmente no culto de ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ, ÒSÚN,
IYEWÁ, OYÀ, ÒMÒLÚ e etc...
Só o que no contexto do ovo, acontece mais rapidamente não existindo nenhum tipo de vinculo
biológico entre a mãe e o filho, ou seja, não existe cordão umbilical. Isto explica o poder contido
no ovo por si só, o qual foi um elemento criado diretamente pelo todo poderoso Òlódúnmàré
(Deus), que colocou primeiramente o Ovo no mundo, logo depois surgindo dele a vida, ou seja,
a ave. Por isso, o ovo é um elemento originado do criador, o símbolo mais importante
representante do poder de ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ a mãe universal que necessita intrinsecamente
do poder masculino deÒÒRÌSÀNLÀ-ÒBÁTÁLÀ, o qual faz o ovo um elemento de muito Àsé
(poder realizador).
O ovo é utilizado amplamente nos rituais sob várias formas depois de encantados por palavras
mágicas; na finalidade de neutralizar o mal, purificar a cabeça de umIyawó antecedendo a
iniciação, purificar a cabeça das que habitualmente irá receber sacrifícios no Orí, antecedendo
o borí, purificar o caminho de pessoas que tem obstáculos na vida, tirar problemas de
confusão, purificar uma pessoa com maus espíritos, tirar doença de mulheres e bebes tirar a
Ikú das ou do caminho de alguém. O ovo e também utilizado nos rituais de propiciação; na
finalidade de obter fertilidade, atrair dinheiro, produtividade nós negócios e apaziguamento de
certa situação quando utilizado em èbós de seu a ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ. O ovo quando cozido
não possuindo mais então é utilizado inteiro sobre as oferendas das divindades, tendo somente
a função de neutralizar doenças negativas. Já quando cozido e esfarinhado misturado ao
“EKURU” também esfarinhado, este tipo de comida é utilizada para espalhar sobre o solo da
casa de òrìsá, na finalidade de agradar os “AYES” (espíritos que residem na terra) espantando
o mal ou neutralizando as energias negativas, quando é invocado neste ritual; os AYE sob o
domínio de Ìyàmi-òsòróngà, Èsú e Òbálúwàiyé, assim propiciando abundancia e prosperidade
para casa.
O ovo cru com seu frescor, quando utilizado inteiro em oferenda tem a função tranqüilizar e
refrescar. Por isso, é comum vermos muitos ovos crus depositados no chão aos pés de certos
Ajùbò (assentamentos dos òrìsas) na finalidade de atrair abundancia e proteção, fazendo todas
as divindades compreenderem perfeitamente que o èbò é uma súplica de fertilidade,
germinação de filhos, dependendo da atuação da Divindade, ela não só atuará no tocante a
fertilidade no útero, mais também propiciaria dinheiro, sorte, saúde e desenvolvimento na vida,
por ser ovo um agente naturalmente fértil. Já os ovos crus, quando “quebrando” diretamente
passando na cabeça, têm a função poderosa de purificar e livrar até 80% qualquer tipo de
feitiço ou qualquer outro tipo de negatividade que esteja sobre o Orí de uma pessoa. Quando
num èbò ovos crus são atirados no chão ou quebrados encima do corpo de uma pessoa num
sacrifício de purificação vulgarmente chamados de descarrego, é na finalidade de desobstruir
os caminhos tirando as dificuldades da vida ou qualquer espírito de força contrária que esteja
acoplado no corpo (obsessores). Ao ser quebrado ele revela sua riqueza e seu poder tanto
sobrenatural como concreto, pois no exato momento que é quebrado, o ovo não terá mais a
possibilidade de germinar, ou seja, nascer algo dele, assim num tipo de substituição ou troca
matará o problema que aflige uma pessoa possibilitando o fim de algo ou de uma situação
negativa. Por este motivo que o ovo cru deve ser quebrado principalmente no Òrí de uma
pessoa, numa preparação da cabeça que logo depois irá levar ritos sacrifica-tórios; começando
pelo 1º sangue negro o Agbo-tutu (sumo de ervas fresca) em seguida o sangue vermelho de
aves ou quadrúpedes e finalmente o sangue branco do igbin (caracol) que é espremido por
cima de tudo, assim purificando, possibilitando a existência da força sobrenatural, acalmando e
fertilizando a cabeça que esta no momento recebendo o puro ase , com a união dos três
sangues primordiais após ter sido purificada com o ovo cru, possibilitando a pessoa obter sorte,
dinheiro, felicidade, fertilidade, saúde e tranqüilidade. Quando um ovo é quebrado em qualquer
ritual, o nome Ìyàmi-òsòróngà é respeitosamente citada e reverenciada, porque qualquer que
seja o ovo lhe pertence, como relata vários Itãn-Ifá. Quebrar um ovo na rua (atirando no chão)
pela manha por três ou sete dias consecutivos, chamando Èlegbara e Ìyàmi-òsòróngà e
espargindo dendê por cima do ovo cru, este, é um simples e poderoso ritual do culto de Ìyàmi-
òsòróngà, o qual tem a finalidade de afastar qualquer tipo de dificuldade ou prejuízo acalmando
qualquer energia avessa do caminho de uma pessoa.
Como relata ifá, o ”Ovo de pato” é o símbolo da vida e umas das proibições de Ikú (morte), a
utilização do ovo de pata cru, é essencial principalmente em certos rituais e seu, com finalidade
de quebrar a força da morte, doença e perdas, assim uma pessoa sairá vitoriosa obtendo
longevidade, saúde e ganhos. Quando cozido e esfarinhado é utilizado como agente purificador
passando pelo corpo de uma pessoa em èbós de Egungun ou Onilé (para dentro da terra),
também como casca e tudo é transformado a pó (seco ao sol) utilizado no igbà-Orì e
assentamentos dos Òrìsá de relação com ikú Ex: Èsú, Ògún, Òbálúwàiyé, Iyewá, Òmòlú,
Erinlè, Ibeji, Sàngó, Oyà, Iyémowo, Òòrìsànlà, Ajaguémó, Iroko, Yòbá, Onilé, Egungun e
Gèlèdè.
Como relata Ifá, o único Òrìsá que não possui relação com ikú é o òrìsá Òsún, por ela não
aceitar qualquer relação com situação de morte, também não aceita que os animais em seu
culto sejam sacrificados (mortos) encima de seu Okuta. Por motivo não admiti a utilização de
qualquer utensílio de cor escura, marfim, osso, buraco, agressividade e doença, os quais
possuem totais relações com a morte. Isto também explica o porquê Òsún não aceita que suas
filhas morram facilmente, assim Òsún os protege dando longa-vida numa ação de prolongar o
Maximo o contato com a morte, todos esses aspectos de Òsún estão relatados nos Itãns do
Odu Ósé.
Fica claro que o ovo utilizado na casa de Òrìsá é um elemento de Ìyàmi-òsòróngà sendo um
utensílio de muito àsé.
Ovo de D’angola – propicia dinheiro, sorte, prosperidade riqueza e sucesso nos negócios
Em uma tigela branca de louça, coloque 5 ovos amarelos, e cubra com dendê, coloque 5
moedas douradas e 5 búzios, coloque na frente da porta de entrada de sua casa, isso
ajudará a quebrar o mal olhado, a má sorte.
Classificação dos Ovos:
Ovo de galinha cru - purifica e tranqüiliza.Ovo de galinha cozido - tirar doenças.Ovo de galinha
esfarinhado - neutraliza a negatividade do ambiente, atrai prosperidade e abundância.
Ovo de pata cru - enfraquece a força da morte, doenças graves e perdas.
Ovo de codorna - neutraliza feitiços.
Ovo de Galinha D'angola - propicia dinheiro, sorte, prosperidade riqueza e sucesso nos
negócios.
Ovo de pombo - propicia tranqüilidade e fertilidade.
Segundo um Ìtòn as 7 ávores das Ìyámìs seriam:
Porém outra ìtàn nos da outra apresenta uma relação diferente das sete árvores
estas seria as árvores sagradas das Mães Ancestrais:
Ìyàmì-Ako = Poderosa Mãe que é o pássaro Ako. Titulo referente ao 3o dia da lua
cheia e a seu culto exatamente na sociedade das Geledes.
Ìyàmì-Oga Igi= Poderosa Mãe que faz o alto das árvores de trono. Umareferencia
ao fato dos Pássaros pousarem no cume das grandes árvores.
Ìyàmì-Apaki = Poderosa Mãe que mata. Uma referencia ao fato que no decorrer
da vida acontece a morte.
Ìyàmì-Naré = Poderosa que o próprio ventre.
Ìyàmì-Olotojú = Poderosa Mãe que espia do alto. Uma referencia ao fato dos
pássaros pairarem no Ar e observarem tudo de cima.
Ìyàmì-Arajado = Poderosa Mãe que olha para o Céu. Uma referencia ao fato da
Terra esta coberta pelo Céu.
Ìyàmì-Mase malè (Abrev.: Iyamase malè) = Poderosa mãe que não permite o
mal chegar na noite... Uma alusão às noites em que sobrevoa na sua forma de
pássaro, nos lugares em que é invocada e reverenciada com louvores e saudações.
Título este muito reverenciada nas rodas de Sango (Egungun)quando e enquanto
dançam em volta da fogueira ao ar livre, fato memorável ao poder sobrenatural que
possibilita Sàngó como o grande Egungun (ancestral) voltar à Terra possuindo
seus Eleguns durante as festividades.
Itans:
ORÚNMILÁ CALMA AS ÌYÀMÍ ÒSÒRÒNGÀ
Chegando ao mundo, os filhos das pessoas e os filhos das Eleye brigam; os
primeiros sendo perseguidos pelos segundos. Os filhos das pessoas vâo pedir
portecâo a diversos Òrìsà sucessivamente. Nim Òrìsànlá, nem Sàngó, nem Oiá
ou Obá tem forca suficiente para lutar contra Ìyàmí-eleye. Eles pedem a
Orúnmilá para protegé-los. Este conhece gracas a Èsù, os segredos de Ìyàmí-
eleye. Ele sabe que, chegando ao mundo, elas vâo beber água em sete rios
cujos nomes ele conhece.
Tendo consultado, ele fez as oferendas prescritas de folhas de ojúsájú, óyoyó,
àánú, e agogo ògún, mel, uma pena de papagaio, giz (efún) e pô vermelho
(osûn).
Assim protegido, ele é capaz de enfrentar ìyàmí, pois as oferendas intercedem
a seu favor; a folha de óyoyó declara que ìyàmí esta satisfeita (yonú) com ele;
e de ojúsájú que ela respeita (sájú) ...
Ìyàmí-eleye está satisfeita. Entretanto impôe uma condicâo antes de dar seu
perdâo: Orùnmilá deverá descifrar um enigma que le será apresentado. Ele
deverá adivinhar o significado da frase: “Elas dizem: atirar; Orúnmilá diz
apanhar”, e isto sete vezes. Orúnmilá responde que elas vâo atirar ovo sete
vezes e ele deverá apanha-lo dentro da borra do algodâo. Orúnmilá é entâo
perdoado e os filhos das pessoas também. A história termina com um canto no
qual Orúnmilá revela o segredo dos sete ríos; das quatro folhas, do mal, da
pena de papagaio, e dos pôs vermelho e branco. Ìyàmí satisfeita diz
aOrúnmilá que ele ficará velho , que si tiver necessidade de sua ajuda bastará
cantar aquela cancao, fazendo também as mesmas oferendas; onde quer que
seja o lugar que ele se encontre, os sete céus de cima; os sete Zeus de baixo,
ou em qualquer dos quatro cantos do mundo seu desejo será atendido.
(“Grandeur et décadence do culte de Ìyàmí Òsòròngà, Journal de la Societé des
Africanistes, tomo XXXV, f. I Prís, 1965)
Oriki:
Olókiki-kàtákàta
l'ekùn npa eran mã ni yan.
Olú gbóhún-gbóhún ki ni
Òsun ebá èjé.
Osún-g' ó wo èw´`u èjé.l'pá eni tiko fe ki hun ká dùn.
Ani e sìn òni kànge.Odò bara òto-lú.
Omi a dake je pá eni.
Omo Opaára
Òga ti dâmu sese ìbà o!
Ìbá Ìyámi o!
N"ìmò moje ni koje ti Àroni.
Èmí wa forí-bale fún sese,
Olú-igbò-pé.
Eleye kí ntúka ni lóke òrun.
Ìyá tèmi mi ni gbá li àkókò.
Enyin akoni alà molè-gbada.
Èmi wá k'lyá onilè. ibà yin o.
Àse! Àse! Àse!
tradução:
Famosa aqui e acolá,
leopardo que mata o animal e continua a caminhar soberanamente.
Chefe escuta, escuta,
Òsun viaja no sangue, vermelho,
vermelho, ela se veste com roupa de sangue,
e mata a pessoa de má vontade de surpresa para que não resmungue a sua
volta atormentando-a.
Eu sei que ela conduz o dia de hoje e irá bater à porta.
O rio agitado não é trapaceiro, ele avisa.
A água calma deixa matar as pessoas .
O filho de Òsun ,
Ògà ( o camaleão) que deixa perplexa ÌYÁMI, saudções!
Saudações ìyámi!
Aquela que sabe reponder o chamado de Aroni (espírito da floresta)
Espírito venha curva se para ìyámi, a Dona da floresta.
O passaro que se distancia no alto do céu.
Minha mãe, eu a reconheço a qualquer tempo.
Vós sois a pessoa forte que possui o brilho da espada.
Eu vim aqui, mãe terra, saudar sua origem e disparar vossa arma.
Assim seja!
Odabò!
Os Ovos de Iyá Mi Osoronga
O ovo é o principal e
maior símbolo da fertilidade, utilizado amplamente nos rituais de
purificação, iniciação, Borí e èbós de propiciação e defesa.
Origem e história
Iyá Mi Osorongá (Ìyá Mi Osorongà)
é a síntese do poder feminino, claramente manifesto na
possibilidade de gerar filhos e, numa noção mais ampla, de povoar
o mundo. Quando os Yorubás dizem "nossas mães queridas" para se
referirem às Iyá Mi, tentam, na verdade, apaziguar os poderes
terríveis dessa entidade.