Treinamento Manual de Poda - Impressao

Secretaria Municipal de Meio Ambiente
Poda e Corte de Árvores
Ana Carolina Silva Vilhena

Bióloga
Mat.: 937-6
Centro Administrativo 25 de Novembro , Rua Ana Ferreira de Oliveira 47, Bondarovsky, Quatis/RJ, CEP 27410-270 – Tel: 1
24 33533749 – E-mail: tecambientequatis@gmail.com
Conteúdo
• Estrutura dos Galhos ...........................................................................................................3

• Local Correto do Corte ........................................................................................................3
• Compartimentalização/ Cicatrização...................................................................................5
• Tipo de Poda ........................................................................................................................7
• Época Correta para Poda ...................................................................................................14
• Metodologias de Poda e Corte...........................................................................................17
• Direcionamento e Ancoragem de Árvores com Auxílio de Corda .....................................36
• Referências ........................................................................................................................39
Os elementos básicos da base do galho podem ser observados nas
figura 1 e 2
Galhos que apresentam a fossa basal devem

ser sempre retirados. Isso porque a fossa basal
indica que o galho está em processo de
rejeição pela árvore, sendo que mais cedo ou
mais tarde ele irá se romper e cair, podendo
causar acidentes com pedestres, veículos, etc.
Figura 1. Morfologia da base do galho e linha de corte final na poda de galhos. Fonte: SEITZ (1996)
Figura 2. Corte efetuado logo acima de uma gema vegetativa
Compartimentalização/ Cicatrização Correta
Compartimentalização Correta
Quando o corte do ramo é realizado no local correto, ocorre a “cicatrização” da lesão, com o
fechamento do corte pelos tecidos do ramo/tronco (figura 3). Por outro lado, o corte muito
rente ao tronco, retirando a “crista” e/ou o “colar” impedem a “cicatrização” prejudicando
severamente a árvore (figura 4).
Inicial Avançada Completa

Figura 3. Etapas do processo de compartimentalização. Fonte: CEMIG (2011) Figura 4. Cicatrização. Fonte: Prefeitura de
Fernandópolis - SP(2005)
Envassouramento
Já quando o corte é realizado no local incorreto poderá resultar no “envassouramento”

(ramos epicórmicos) que enfraquece o ramo ou tronco podado e a própria árvore (Figura 5).
Figura 5. Envassouramento – intensa brotação após a poda severa ou incorreta de um ramo ou tronco. .
Tipos de Poda
De acordo com CPFL Energia (2008), tem-se como regra básica que a poda de mais de 30% do
volume foliar da copa de uma árvore é inadequada e drástica, devendo ser aplicada apenas
em casos especiais. Assim, se necessário, recomenda-se retirar até 30% do volume de copa de
uma árvore, promovendo o arejamento e a renovação da planta, bem como o
redirecionamento de sua ramagem.
• Poda de Limpeza
• Poda de Levantamento de Base de Copa
• Poda em V/U
• Poda de afastamento lateral
• Rebaixamento de Copa
• Poda Ornamental
Poda de Limpeza
Na poda de limpeza são retirados os galhos doentes ou mortos que perderam
sua função na copa da árvore (AES-ELETROPAULO, 2011). Este tipo de poda pode
ser aplicado em qualquer tipo de árvore, tanto nas de baixa, como nas de
elevada densidade foliar (Figura 6)(CPFL, 2008).
Figura 6. Exemplar de Caesalpinea ferreav. leiostachya (pau-ferro) após uma poda de limpeza. Fonte: CPFL (2008).
Poda de levantamento de base de copa
Árvores cuja base de copa atrapalhe a passagem de pedestres pelas calçadas, o trânsito ou as
paradas de veículos nas ruas, o aumento dos níveis de iluminação noturna das vias e calçadas
necessitam passar por manejo específico, denominado poda de levantamento de saia ou poda de
base de copa (Figura 7). Pode ser aplicado para corrigir mudas pequenas ou mal produzidas e
conduzidas ou, ainda, as que tenham sido mutiladas durante seu crescimento. A maioria das
plantas aceita bem esse procedimento, desde que estejam em estádio de desenvolvimento juvenil,
em processo de crescimento (CPFL, 2008).
Figura 7. Árvore de Schinus mole(aroeira salsa ou falso-chorão)antes e depois da poda de levantamento de base de
copa. Fonte: CPFL(2008).
Poda em V/U
Tipo de poda que, usualmente, é realizada de forma drástica ou severa, devido ao grande
contato com as redes de distribuição aérea, comprometendo a confiabilidade do
fornecimento de energia elétrica. Quando realizada em espécies adultas esta poda é bastante
traumática, podendo desequilibrar a árvore(AES-ELETROPAULO, 2011), entretanto se esta for
bem planejada, não danifica a árvore (figura 8).
Figura 8. Exemplo de poda em V, a situação a direita é consequência da anterior. Fonte: AES-Eletropaulo (2011)
Poda de afastamento lateral
Utiliza-se geralmente este tipo de poda em caráter emergencial, visando liberar postes e a
rede secundária de distribuição. Na maioria das vezes provoca alterações no formato
original da copa (figura 9). A árvore que sofreu este tipo de intervenção deve passar por
outra poda de caráter corretivo, visando minimizar e/ou restaurar sua conformação original
(AES-ELETROPAULO, 2011).
Figura 9.Exemplo de poda com a fiação passando livremente no interior e acima de sua copa. Fonte: AES-Eletropaulo (2011).
Rebaixamento de copa
Tipo de poda drástica que só deve ser utilizada quando há risco de queda, pois é bastante
prejudicial(AES-ELETROPAULO,2011). Deve ser aplicada reduzindo-se a altura da árvore em
toda a extensão de sua copa, na intensidade mínima e que não modifique sua forma e
estrutura (CPFL, 2008) (figura 10). Este tipo de poda é geralmente utilizado em eucalipto e
pinus.
Figura 10. Rebaixamento de copa.

Poda ornamental
A poda ornamental é uma modificação da poda de rebaixamento, mediante a qual se
confere à copa um formato diferente do original. São comuns as formas cilíndrica, piramidal
e cúbica (figura 11). Embora descaracterizem a originalidade, essas podas têm evitado a
aplicação de intervenções mais drásticas nessas plantas (CPFL, 2008).
Figura 11. Exemplares de Ficus submetidos à poda ornamental. Fonte: CPFL (2008).
Quando podar?
Metodologia de Poda
Ramo de grande diâmetro e volumoso (maiores que 5 cm de diâmetro)

Pelo próprio peso, quando em queda, podem lascar e provocar ferimentos nas cascas, os
quais não cicatrizarão. Um ramo volumoso deve ser seccionado em partes menores,
respeitando uma sequência de cortes ascendentes precedendo cortes descendentes (figura
12). O tipo de corte visa evitar o descascamento do tecido e lesões no tronco da árvore.
Deve-se atentar para as distâncias do corte do ramo ao tronco, à profundidade dos cortes e
à sequência dos cortes a ser seguida (AES-ELETROPAULO, 2011).
Figura 12.Método correto e incorreto de corte de ramos de grande diâmetro. Fonte: AES-Eletropaulo (2011).
Ramo seco ou danificado de grande diâmetro e volumoso (maiores que 5
cm de diâmetro)
Os ramos secos/senis, doentes, praguejados ou parasitados podem, em algumas
circunstâncias, ter dimensões acima de 5 cm. Para esses casos, a poda deverá ser
executada em 3 cortes. O terceiro corte deve preservar o colar e a crista da casca
intactos (figura 1 3).
Figura 13.Poda em 3 cortes e localização do corte e cicatrização. Fonte: Prefeitura de Fernandópolis - SP(2005)
Ramo vital de grande diâmetro e volumoso (maiores que 5 cm de diâmetro)
A poda aplicada a um ramo vital, de dimensão superior a 5cm, que não está preparado
pela planta para a remoção, deve ser realizada sempre que possível em duas etapas. Na
primeira etapa, o ramo é cortado à distância de 0,5m a 1,0m do tronco. Esse primeiro
corte debilitará o ramo e ativará os mecanismos de defesa. Na segunda, um ou dois
períodos vegetativos após o primeiro corte, é concluída a remoção do ramo cortando-o
junto ao tronco, sempre mantendo intactos a crista de casca e o colar da base do ramo
(figura 14).
Figura 14. Poda em etapas para adequação da planta ao espaço disponível. Fonte: Prefeitura (2005)
Ramo longo
A redução parcial de ramos longos, deixando-se parte deles para rebrotação, deve ser
criteriosa, observando-se a existência e posição das gemas e a posição dos cortes, que
devem ser feitos inclinados (em bisel), para impedir a penetração da água de chuva e de
microrganismos patogênicos no seu interior (figura 15) (CPFL, 2008).
Figura 15.Corte correto em ramos longos. Fonte: CPFL (2008).
Ramo pequeno
Nos galhos mais leves, normalmente, executam-se dois cortes. O 1º junto ao seu ponto de
derivação, de baixo para cima. O 2º no sentido inverso (de cima para baixo), também
junto ao seu ponto de derivação (figura 16) (AES-ELETROPAULO,2011).
Figura 16. Corte correto em ramo pequeno. Fonte: AES-Eletropaulo (2011).
Ramo vertical
Serão necessários três cortes: os dois primeiros do lado do tombamento do ramo, em forma
de cunha, sem atingir a linha de eixo do ramo, sendo o 3° corte do lado aposto, de cima
para baixo na direção do 2° e até encontrá-lo (figura 17).
Figura 17.Método correto de corte em ramo vertical. Fonte: Copel, 2019
Ramo alto
A poda de ramos altos sob a rede elétrica deve utilizar o sistema de cordas de sustentação,
apoiadas em forquilhas superiores ao ramo que será cortado, orientando a direção da
descida do galho à medida que vão se soltando as cordas de sustentação (AES-
ELETROPAULO,2011) (figura 18).
Figura 18. Método correto de poda de ramo alto sob rede elétrica. Fonte: AES-Eletropaulo(2011).
Intenção de rebrota do ramo
O corte deve ser feito sempre inclinado para facilitar o escoamento da água,
em bisel de 45°, para fora da gema (figura 19).
Figura 19. Corte correto em reação a gema. Fonte: Copel, 2019.
Escolha dos Ramos
Para efeitos paisagísticos, recomenda-se na poda sempre eliminar os ramos ladrões (1),
verticais que obstruem a copa (2), ramos cruzados que se roçam (3) e pendentes
inadequados (4), assim será mantida a arquitetura original da copa (figura 20).
Figura 20. Retirada de ramos ladrões Fonte: Copel, 2019.

Árvores embaixo de redes elétricas
Porém eliminando tais ramos, a árvore ganhará crescimento em altura, o que não é
interessante para a arborização levando em conta a presença da rede elétrica. Assim será
necessária uma poda estratégica no ramo primário, visando delimitar o crescimento vertical
da árvore, desviando-o para as laterais (figura 21 e 22).
Figura 21. Diminuir crescimento vertical. Fonte: Copel, 2019.

Exemplificação, em diferentes Arquiteturas de Copas:
Ex.: Amendoeira da
Ex.: Ipês
Praia e Pinheiros
Figura 22. Poda estratégica. Fonte: Copel, 2019.
Ex.: Embaúba Ex.: Cássias
Certo e Errado da Poda
Figura 23. Poda estratégica. Fonte: Prefeitura de São Paulo

Metodologia de Corte
Para o corte de árvores, a metodologia é quase a mesma da poda de galhos verticais, fazem-se dois
cortes para formar a cunha (sem atingir a linha de eixo do tronco). A escolha do local no tronco a
fazer a cunha é importante para direcionar o corte, afim de não ocorrer nenhum acidente. A
abertura da “boca” é um corte horizontal no tronco (sempre no lado de queda da árvore) a uma
altura de 20 cm do solo. Esse corte deve penetrar no tronco até atingir cerca de um terço do
diâmetro da árvore. Em seguida, faz-se um outro corte, em diagonal, até atingir a linha de corte
horizontal, formando com esta um ângulo de 45 graus. Por último, é feito o corte de abate de
forma horizontal, no lado oposto à “boca”. A altura desse corte em relação ao solo é 30 cm, e a
profundidade atinge metade do tronco. A parte não cortada do tronco (entre a linha de abate e a
"boca"), denominada dobradiça, serve para apoiar a árvore durante a queda, permitindo que esta
caia na direção da abertura da “boca”. A largura da dobradiça deve equivaler a 10% do diâmetro da
árvore (figura 24).
3º corte
2º corte
1º corte
Figura 24.Método correto de corte de árvores. Fonte: Copel, 2019
Corte em Árvores com sapopemas
São árvores com raízes laterais situadas na base da arvore fazendo com que a base do tronco
fique maior com aparência de um cone (figura 25).
Figura 25. Detalhe dos cortes de sapopema. Fonte: Copel, 2019.
Exemplos de árvores com Sapopemas
(figuras 26 e 27)
Figura 27. Sumaúma. Fonte: Escola Britânica, 2020
Figura 26. Fonte: Mongabay, 2008

Direcionamento de Árvore
É a derrubada que exige ancoragem da árvore através de técnicas de tracionamento
específico. O objetivo é o direcionamento da árvore para situações em que haja risco de
queda sobre a rede ou construções durante sua derrubada.
Tipos de ancoragens
Estática – É feito um pré-tensionamento com amarração/fixação de corda/cabo de aço/fita
de tração no alto da árvore a um ponto fixo no solo resultando na estabilização da árvore
em um ou mais sentido.
Notas: Esse procedimento tem por objetivo, apenas evitar a queda da árvore no seu
sentido natural de queda, mas necessariamente não direciona a queda para um ponto
específico. Este pré-tensionamento pode ser feito através de Tirfor, Nó Carioca, catraca,
moitão.
Dinâmica – É feito um pré-tensionamento com amarração/fixação de corda/cabo de aço/fita
de tração no alto da árvore a um ponto no solo, porém auxiliado por dispositivos para
puxada, tais como: Tirfor, veículo, trator, catraca ou força humana, permitindo o
direcionamento exato da queda.
Direcionamento com corda
Utilizados onde não se exige muito esforço, praticamente em árvores de
pequeno porte. Sempre amarrar em pontos firmes da árvore. Os executores que forem
efetuar a puxada devem ficar a uma distância segura para evitar que sejam atingidos pela
árvore no momento da sua queda, utilizando-se de cordas com tamanho e resistência
suficientes. Caso tenha que utilizar patesca ou mitão procurar sempre ancorar em um ponto
resistente. Em caso de direcionamento preciso de queda esticar as cordas em pelo menos
três sentidos diferentes (Figura 28).
Figura 28. Detalhe da puxada manual. Fonte: Copel, 2019.
Referências
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16246-1: Florestas Urbanas - Manejo de Árvores
e Arbustos e Outras Plantas Lenhosas. 1 ed. Rio de Janeiro, 2013. 14 p.
• CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE. GUIA DE PODA DE FERNANDÓPOLIS: Arborização e
Manejo. 1 ed. Fernandópolis, 2019. 20 p. Disponível em:
<https://www.fernandopolis.sp.gov.br/uploads/arquivos/guia-d-e-poda-de-fernandopolis.pdf>. Acesso
em: 21 jan. 2020.
• DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS INÚBIA PAULISTA. MANUAL
TÉCNICO DE ARBORIZAÇÃO URBANA: PLANTIO E PODAS.: Manual Técnico de Arborização Urbana:
Plantio e Podas.. Inúbia Paulista, 2018. 12 p. Disponível em: <https://www.inubiapaulista.sp.gov.br/meio-
ambiente/download/2/>. Acesso em: 21 jan. 2020.
• SECRETARIA DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO. MANUAL TÉCNICO DE PODA DE
ÁRVORES: Manual Técnico de Poda de Árvores. São Paulo, 2016. 72 p. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/publicacoes_svma/index.php?p=3
792>. Acesso em: 21 jan. 2020.
• SUPERINTENDÊNCIA DE ENGENHARIA DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO;
DEPARTAMENTO DE PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO; DIVISÃO DE
ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO DE REDES E LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO. PROCEDIMENTOS DE PODA E
CORTE DE ÁRVORES: MIT 165101: VEGETAÇÃO - MANUTENÇÃO DE REDES DE BAIXA E MÉDIA TENSÃO E
LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ALTA TENSÃO. Paraná, 2019. 75 p. Disponível em:
<https://www.copel.com/hpcopel/root/pagcopel2.nsf/0/7C3B6FB536545D3983258425006767B6/$FILE/
MIT%20165101%20-%20Junho2019%20V4%20-%20MANUAL%20DE%20PODA%20E%20CORTE.pdf>.
Acesso em: 21 jan. 2020.

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Figura 10. Rebaixamento de copa.

Ramo de grande diâmetro e volumoso (maiores que 5 cm de diâmetro)

Figura 15.Corte correto em ramos longos. Fonte: CPFL (2008).

Figura 16. Corte correto em ramo pequeno. Fonte: AES-Eletropaulo (2011).

Figura 17.Método correto de corte em ramo vertical. Fonte: Copel, 2019

Figura 19. Corte correto em reação a gema. Fonte: Copel, 2019.

Figura 20. Retirada de ramos ladrões Fonte: Copel, 2019.

Figura 21. Diminuir crescimento vertical. Fonte: Copel, 2019.

Figura 22. Poda estratégica. Fonte: Copel, 2019.

Ex.: Embaúba Ex.: Cássias

Figura 23. Poda estratégica. Fonte: Prefeitura de São Paulo

Figura 24.Método correto de corte de árvores. Fonte: Copel, 2019

Figura 25. Detalhe dos cortes de sapopema. Fonte: Copel, 2019.

Figura 27. Sumaúma. Fonte: Escola Britânica, 2020

Figura 26. Fonte: Mongabay, 2008

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