Livro - Quimica Inorganica II PDF
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F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma ins�tuição que par�cipa do Sistema Universidade Aberta do
Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação
Química
Química Inorgânica II
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e
massificação dos computadores pessoais.
Comprome�da com a formação de professores em todos os níveis e
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado,
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade
estabelecidos pelos norma�vos legais do Governo Fede-
ral e se ar�culam com as demandas de desenvolvi-
Química Inorgânica II
mento das regiões do Ceará.
12
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plás�cas Computação Física Matemá�ca Pedagogia
Química
Química Inorgânica II
Geografia
1ª edição
Fortaleza - Ceará 9
12
História
2015
Educação
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Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
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prévia autorização, por escrito, dos autores.
Editora Filiada à
Apresentação.....................................................................................................5
Capítulo 1 – Revisando a estrutura do átomo..............................................7
Introdução.................................................................................................................9
1. Solução e interpretação da equação de onda...................................................9
Capítulo 2 – Compostos de coordenação...................................................15
Introdução...............................................................................................................17
1. O desenvolvimento da teoria de Werner..........................................................18
2. Definições de termos usados na Química dos compostos
de coordenação.................................................................................................19
3. Tipos de ligantes.................................................................................................21
4. Estrutura e Isomeria...........................................................................................23
4.1. Estrutura e número de coordenação.........................................................23
4.2. Isomeria.......................................................................................................25
5. Efeito quelato......................................................................................................30
6. Nomenclatura.....................................................................................................31
Capítulo 3 – Simetria molecular....................................................................39
Introdução...............................................................................................................41
1. Relembrando conceitos de geometria..............................................................43
2. Elementos e operações de simetria..................................................................45
3. Grupos pontuais.................................................................................................51
4. Tabela de caracteres..........................................................................................56
4.1. Representações irredutíveis e redutíveis..................................................60
Capítulo 4 – Teoria da ligação de valência..................................................65
Introdução...............................................................................................................67
1. Desenvolvimento da teoria................................................................................67
2. Possíveis orbitais híbridos a partir de argumentos de simetria.......................70
Capítulo 5 – Teoria do campo cristalino......................................................79
Introdução...............................................................................................................81
1. Diagrama de energia dos orbitais d para diferentes geometrias
moleculares............................................................................................................83
1.1. Complexo octaédrico..................................................................................83
1.2. Distorção tetragonal proveniente da simetria octaédrica
e do efeito Jahn-Teller................................................................................90
1.3. Complexo Tetraédrico.................................................................................92
1.4. Desdobramento do campo cristalino para diferentes geometrias...........94
1.5. Energia de estabilização do campo cristalino para diferentes
geometrias moleculares..............................................................................96
2. Aplicações da teoria do campo cristalino.........................................................97
Capítulo 6 – Teoria dos orbitais moleculares...........................................103
Introdução.............................................................................................................105
1. Teoria dos Orbitais Moleculares......................................................................105
1.1 Orbitais moleculares para molécula diatômicas homonucleares...........105
1.2. Orbitais moleculares para moléculas poliatômicas
heteronucleares........................................................................................110
Apêndices.......................................................................................................125
Apêndice A – Alfabeto grego...............................................................................127
Apêndice B – Elementos Químicos – Nome, Símbolo,
Origem do Nome, Número Atômico e Data da Descoberta..............................128
Apêndice C – Tabelas de Caracteres dos Grupos............................................133
Sobre o autor..................................................................................................147
Apresentação
O autor
Capítulo 1
Revisando a estrutura
do átomo
9
Química Inorgânica II
Objetivos
Introdução
A estrutura atômica dos átomos tem um papel de fundamental importância
para a compreensão da Química e, por essa razão, aprofundaremos esse
estudo, objetivando fornecer subsídios suficientes para melhor entendimen-
to da Química Inorgânica.
Daremos destaque à orientação espacial dos orbitais atômicos, em
especial aos orbitais d, considerando que estudaremos a química dos me-
tais de transição, ou seja, do bloco d.
Iniciaremos, relembrando que a estrutura atômica moderna baseia-se
na solução da equação de ondas de Schrödinger.
A equação de onda foi resolvida apenas para o átomo de hidrogênio
e, para tanto, dividimos a função de onda em função de onda radial e função
de onda angular.
Para átomos polieletrônicos usaremos então aproximações conheci-
das como funções de ondas hidrogenoides, isto é, como as do hidrogênio.
Figura 1 – Distribuição radial para elétrons 1s, 2s, 2p, 3s, 3p, 3d.
Figura 4 – Orbitais atômicos situados nos planos xy, xz, yz, respectivamente
Síntese do Capítulo
Com o objetivo de revisar os conceitos sobre estrutura do átomo abordamos
a solução da equação de onda de Schrödinger, dando ênfase a interpretação
das funções de onda radial e angular assim como a variação dos números
quânticos oriundos da solução da equação de onda.
Discutimos as informações dados pela densidade de probabilidade ra-
dial em relação a penetração dos elétrons no núcleo. No final da unidade ana-
lisamos a orientação espacial dos orbitais atômicos s, p e d.
Capítulo 2
Compostos
de coordenação
17
Química Inorgânica II
Objetivos
Introdução 1
Filho de Jean-Adam A.
O desenvolvimento da teoria da química dos compostos de coordenação re- Werner e Salomé Jeannette
Thesché, Alfred Werner
monta ao final do século XIX e início do século XX com os trabalhos Alfred nasceu em 12 de dezembro
Werner1 e Sophus Mads Jörgensen. A motivação que tiveram estes pesquisa- de 1866 e faleceu em 15
de novembro de 1919,
dores deveu-se ao fato de ter-se detectado naquela época compostos que for- aos 53 anos. Em 1913,
malmente tinham características dos então conhecidos sais duplos. Ao serem Werner tornou-se o primeiro
analisadas, porém, algumas propriedades bem simples, como a solubilidade, químico suíço a receber um
prêmio Nobel assim como
apresentavam propriedades diferentes. Vejamos o comportamento de ambos também foi a primeira vez
os sais duplos e os compostos de coordenação quanto à solubilidade. que um químico recebia
este prêmio por trabalhos
Sal duplo em Química Inorgânica.
NaKSO4(s) Na+(aq) + K+(aq) + SO42-(aq) O prêmio foi dado em
“reconhecimento pelos seus
Composto de Coordenação2 trabalhos sobre ligação
de átomos em moléculas
CoCl3.6NH3(s) [Co(NH3)6]3+(aq) + 3Cl-
em que lançou uma luz
Podemos observar que, em solução, todos os íons do sal duplo disso- sobre velhos problemas
e abriu novos campos de
ciam-se enquanto que, nos compostos de coordenação, algumas moléculas pesquisa, particularmente
neutras ou mesmo ânions permanecem ligados, ou seja, temos menos espé- em Química Inorgânica”.
cies em solução. Outras características, tais como condutividade, cor, com-
postos com a mesma composição molecular, mas com cor e momento de 2
A prata (I) reage
dipolo diferentes foram observadas nesta nova classe de compostos. Dentre quantitativamente com o
as divergências encontradas, destaca-se o fato de que as regras de valência íon cloreto, Cl-, formando o
cloreto de prata, AgCl.
não eram respeitadas.
18
COELHO, AUGUSTO LEITE
Com exceção dos dois últimos compostos da Tabela 1, todos têm condu-
tividade diferente e a reação com nitrato de prata (AgNO3) produz quantidade di-
ferente de cloreto de prata (Quadro 3). Esta experiência demonstra que os íons
cloretos têm um comportamento químico diferente nos compostos. Novamente,
como na condutividade, os dois últimos eram bastante semelhantes. Werner
então propôs que o cobalto (III) possuía, fugindo às regras de valência vigentes
na época, seis espécies ligadas a ele que poderiam ser moléculas neutras ou
ânions, além do íon cloreto que ainda estaria presente na forma livre.
Quadro 3
Tabela 2
Antiprisma 3 isômeros
Octaédrica 2 isômeros
Átomo doador: átomo pertencente a uma molécula ou íon composto que doa
um par de elétrons, como, por exemplo, na amônia NH3, o átomo doador é o
nitrogênio; na água, é o oxigênio; no cianeto, tanto o carbono quanto o nitro-
gênio podem ser o átomo doador, pois possuem um par de elétrons livres para
serem doados ao metal. No íon cloreto, ele é o próprio átomo doador.
Complexo e íon complexo: o conjunto formado pela espécie central e os
ligantes, podendo ser uma molécula neutra, um cátion ou um ânion, por exem-
plo: [V(CO)6], [Co(NH3)6]3+, [CoF6]3-.
Contra-íon: cátion ou ânion usado para possibilitar a neutralização de um
íon complexo formando um sal, como, por exemplo, [Co(NH3)6]Cl3, Na3[CoF6],
onde o Cl- e o Na+ são os contra – íons.
Carga do íon complexo4: o resultado da soma das cargas negativas e positi-
vas oriunda dos ligantes e da espécie central [Co(NH3)6]3+. Neste complexo é
3+, pois a amônia tem carga neutra e, portanto a carga do íon complexo fica
4
A carga do íon complexo
pode ser igual à carga da igual à da espécie central Co3+. Para o [CoF6]3-, a carga do íon complexo é -3
espécie central, mas nem porque temos 6 F-, logo os ligantes dando uma contribuição de -6 e o cobalto
sempre isto é verdade. uma carga +3, a soma será (-6) + (+3) = (-3).
Escrevendo a fórmula molecular: sempre a fórmula do íon complexo deve
ser escrita entre colchetes [Co(NH3)6]3+, [CoF6]3-; os ligantes quando são íons
compostos e moléculas são escritas entre parênteses [Co(NH3)6]3+ [Fe(CN)6]4-.
Ligantes presentes em um mesmo complexo
Podemos ter diferentes ligantes coordenados a um mesmo átomo central,
como, por exemplo, [CoCl2(NH3)4]+, [PtBrCl(NH3)].
Para refletir
1. Escreva a fórmula molecular dos seguintes compostos a partir das informações dadas.
Espécie central NC Ligante
Co(II) 6 NH3
Cr(III) 6 4NH3, XCl-
Ni(II) 6 Cl-
[Fe(II) 6 xCN-, NH3
Pt(II) 4 2Cl-, xNH3
Ir(I) 4 CO, Cl-, x PF3
3. Tipos de ligantes
Os ligantes, como já observamos, podem ser íons mononucleares (Cl-, F-) ou
polinucleares (SO42-, NO3-, CN-) ou moléculas neutras dinucleares (Cl2, O2,
CO) ou polinucleares (H2O, H2N-CH2-CH2-NH2).
Podemos classificar estes ligantes quanto ao número de átomos doa-
dores que eles possuem. Quando um ligante tem apenas um átomo doador,
ele é dito ser monodentado, como, por exemplo: amônia (NH3), água (H2O),
íon cloreto (Cl-). Quando tivermos dois átomos doadores que podem ligar-se
simultaneamente à espécie central, denominaremos de bidentado, e três ou
mais átomos doadores chamaremos de polidentados (Quadro 4).
Alguns ligantes, que possuem dois átomos doadores, mas geometrica-
mente estão impossibilitados de ligarem-se simultaneamente à espécie cen-
tral, são chamados de ambidentados (Figura 6).
H2N CH2
Etilenodiamina (en) CH2 NH 2N Bidentado
2
22
COELHO, AUGUSTO LEITE
Quadro 4
Oxalato 2O Bidentado
N
CH2 H CH2
N-(2-aminoetil)etano-1,2-
diamino H2C CH2 3N Tridentado
dietilenotriamina (dien)
NH2H2N
N CH
CH2 2
N,N-bis(2-aminoetil)etano-1,2- H2C H C
2 CH2
diamino CH2 4-N Tetradentado
Trietilenotetraamina trien
NH2 NH H2N
2
Para refletir
1. Classifique os seguintes ligantes conforme o número de átomos doadores que
ele possui e que podem ligar-se simultaneamente à espécie central:
(a) fluoreto;
(b) íon sulfato;
(c) monóxido de carbono;
(d) íon etilenodiaminatetraacético;
(e) trifenilfosfina.
4. Estrutura e Isomeria
Tabela 3
ESTRUTURAS PROVÁVEIS PARA OS NC DE 1 A 6
NC Estrutura Designação
1 Linear
2 Linear
3 Triângulo plano
4 Tetraedro
4 Quadrado plano
24
COELHO, AUGUSTO LEITE
Tabela 3
ESTRUTURAS PROVÁVEIS PARA OS NC DE 1 A 6
5 Bipirâmide trigonal
6 Octaédrica
6 Octaédrica anti-prisma
6 Prisma trigonal
A explicação para esta distorção do octaedro regular é conhecida como efeito (a) (b)
Jahn-Teller, o que será discutido posteriormente. Alongamento (a) ou
compressão(b) do
octaedro ao logo do eixo.
4.2. Isomeria
Abreviadamente, a isomeria é o fenômeno pelo qual duas substâncias com-
partilham a mesma fórmula molecular mas apresentam estruturas diferentes,
ou seja, a forma como os mesmos átomos arranjam-se no espaço tri-dimen-
sional é diferente em cada caso.
Os compostos de coordenação apresentam os seguintes tipos de iso-
meria: geométrica, ótica, de ligação, de coordenação, de ligante, de ionização
e de solvatação.
a) Isomeria Geométrica
O composto do tipo [MA4B2] pode apresentar dois tipos de isômeros.
Quando os ligantes B estão em posição oposta um em relação ao outro, cha-
mamos este isômero de trans (Figura 7a); quando os ligantes encontram-se
vizinhos um do outro (Figura 7b) o isômero recebe a denominação de cis.
26
COELHO, AUGUSTO LEITE
L A L A
M M
A A L A
L L
7
Podemos definir
Isomeria como sendo (a) mer (b) fac
dois ou mais compostos
que apresentam a mesma Figura 8 – Isômeros geométricos meridionais e faciais
fórmula molecular,
mas diferente estrutura Podemos observar na Figura 8a que os três ligantes A estão no mes-
molecular. mo plano. Marcamos o plano apenas para dar destaque que os ligantes A
Isômeros são os
estão no mesmo plano, assim como os ligantes L também encontram-se em
compostos que têm a
mesma fórmula molecular. um mesmo plano. Na Figura 8b, podemos agora observar que os ligantes A
estão compondo os vértices de uma das face do octaedro, o mesmo acon-
tecendo com os ligantes L.
8
A luz propaga-se na forma
de ondas eletromagnéticas
em que as vibrações b) Isomeria Ótica
ocorrem em todas as
direções, ou seja, a
A isomeria7 ótica é observada quando os isômeros podem desviar a
radiação eletromagnética luz polarizada8 para a direita ou para a esquerda. Quando este desvio ocorre
ocorre em todos os planos. para a direita, estas substâncias são dextrogiro (d); e quando o desvio é para
Usando filtros apropriados,
podemos permitir que as a esquerda, elas são levogiro (l). Estes isômeros são chamados de enanciô-
vibrações ocorram em meros, e uma mistura deles é chamada de mistura racêmica. Quando temos
apenas um plano. Nesta uma mistura contendo 50% de cada um dos isômeros, não ocorre o desvio
situação dizemos que a
luz é polarizada. Existem da luz polarizada. As propriedades físicas destes compostos são idênticas,
determinados compostos portanto eles diferem um do outro apenas diante da luz polarizada.
de coordenação e outras
substâncias químicas Estes compostos, assim como nossas mãos, não podem ser superpos-
compostas que podem tas (Figura 9), e um isômero é a imagem do outro em um espelho (Figura 10).
desviar a luz polarizada.
27
Química Inorgânica II
Figura 9 – As duas estruturas não podem ser superpostas, similarmente às nossas mãos.
CH2 CH2
H2C NH
H H HN CH2
NH N N NH
CH2 H2C
M M
N CH2 H2C N NH
NH
H
H2C NH H HN CH2
CH2 CH2
Como a figura ficou alterada (Figura 13b), podemos então afirmar que o 9
Através da molécula
plano mostrado não é um plano de simetria9 e, portanto a molécula apresenta podemos imaginar muitos
isômeros óticos, ou seja, o íon complexo é uma substância oticamente ativa. planos, mas somente
aqueles que após a
reflexão deixam a molecula
Para refletir
inalterada é que são
1. Quantos planos de simetria os isômeros geométricos da molécula do [PtCl2(NH3)2] (estru- considerados como plano
tura quadrado plano) possui? de simetria.
2. Para a molécula [CoBrCl(NH3)2(en)]+, determine o estado de oxidação da espécie central, o
número de coordenação do íon cobalto, os ligantes e os átomos doadores. Quais os tipos
de isomeria que estes compostos apresentam?
5. Efeito quelato
Observa-se que compostos de coordenação, contendo ligantes bidentados
ou polidentados, apresentam uma estabilidade maior do que os compostos
do mesmo metal coordenado a um ligante monodentado através do mesmo
átomo doador do ligante bidentado (Tabela 4).
Tabela 4
6. Nomenclatura
Neste capítulo, temos nos referido aos compostos de coordenação utilizando
as suas fórmulas moleculares. Descreveremos agora regras normatizadas pela 11
IUPAC - União
IUPAC11 para darmos nomes aos compostos de coordenação. Inicialmente, po- Internacional de Química
Pura e Aplicada -
deremos sentir alguma dificuldade, mas veremos que são regras lógicas e de abreviatura do nome em
fácil compreensão precisando, entretanto, exercitá-las para aprender a usá-las. inglês: International Union of
Pure and Applied Chemistry
As regras são divididas em duas: para íons complexos catiônicos e mo-
léculas neutras e para íons complexos aniônicos. Iniciaremos com generalida-
des pertinentes às duas regras.
Para escrever a fórmula molecular de um complexo, a espécie central é
escrita em primeiro lugar precedida de um colchete ( [ ), [Co, seguida do nome
dos ligantes iônicos em ordem alfabética [CoBrCl, e depois daqueles que
são moléculas neutras também em ordem alfabética [CoBr(NH3). Quando o 12
Para facilitar a
ligante12 é uma substância composta molécula neutra como amônia, água compreensão, quando nos
referimos aos ligantes,
ou iônica, como o íon tiocianato (SCN-), o cianeto (CN-), são escritos entre antes e após a formação
parênteses. Após o símbolo do ligante, devemos incluir um índice que indica dos complexos, usaremos a
seguinte terminologia:
a quantidade de cada espécie presente no composto, [CoBrCl(NH3)2(en)]. Pré-ligante - a espécie
Finalmente fechamos a fórmula com um colchete ( ] ), seguido de um expo- antes de formar a ligação
ente que representa a carga do íon complexo quando for iônico. Exemplos: com a espécie central.
Ligante - após a
[Co(NH3)6]3+, [CoCl2(NH3)4]+, [CoCl3(NH3)3], [CoBrCl(NH3)2(en)]+, [Cr(CN)6]3-. coordenação a espécie
central.
a) Complexos catiônicos e moléculas neutras.
Para darmos nome aos compostos de coordenação a partir da fórmula
molecular, seguiremos as seguintes observações:
Usaremos os prefixos di, tri, tetra, penta, hexa para designar a quantidade
de um determinado ligante;
Os ligantes são escritos em ordem alfabética, sem levarmos em conta os
32
COELHO, AUGUSTO LEITE
13
Para o composto prefixos acima mencionados;
[(CO)5Cr-H-Cr(CO)5]-.
Temos para o cromo(0): Escrevemos no final o próprio nome da espécie central, seguida do seu
• número de coordenação estado de oxidação escrito entre parênteses e em algarismos romanos,
é6
inclusive quando o estado de oxidação for zero;
• 5 ligantes monodentados
carbonil (CO) Todos os nomes são escritos sem deixar espaço entre os nomes;
• 1 ligante de ponte hidrido
(H-) Não tem necessidade de especificar a carga do íon complexo e se é uma
molécula neutra.
Quando o ligante tiver um nome composto, como, por exemplo, dimetilsul-
fóxido, etilenodiamina, não usamos os prefixos di, tri, tetra, etc., mas bis,
tris, tetraquis, para indicar o número de ligantes presentes na fórmula.
b) Regras para designar os ligantes:
Haleto ou cianeto: substituímos a terminação eto por o, exemplo. Fluoreto é
o pré-ligante, e fluoro é o ligante (Tabela 5).
Tabela 5
C C Oxalato Oxalato(ox)
O O
-
H3C C CH3
C C Acetilacetonato
Acetilacetonato
(acac)
O O
S Dimetilsulfóxido Dimetilsulfóxido
H3C CH3
Figura 15 – (a) Nitrito atuando como ambidentado e bidentado (quelato); (b) Nitrito
sendo o ligante de ponte entre dois centros metálicos.
Exemplos de fixação
[Co(NH3)6]3+: hexaaminocobalto(III)
[CoCl2(NH3)4]+ tetraaminodiclorocobalto(III)
[CoCl3(NH3)3] – triaminotriclorocobalto(III)
[CoBrCl(NH3)2(en)]+ diaminobromocloro(etilenodiamino)cobalto(III)
14
Em complexos que
contêm ligantes aniônicos
os mesmos são escritos c) Complexos aniônicos14
na fórmula após o átomo Para este tipo de complexo, por exemplo [Co(CN)6]4-, usamos todas as
central e em ordem
alfabética. Quando regras acima descritas, exceto na denominação da espécie central que usa-
escrevemos o nome do mos a terminação ato em substituição à última letra no nome do metal. Exem-
complexo colocamos todos plos: [Co(CN)6]4—hexacianocobaltato(II).
os ligantes em ordem
alfabética. Veja exemplo de Observe que, se tivéssemos o seguinte complexo [Co(H2O)6]2+, o nome
fixação na página 33. seria hexaaquocobalto(II).
35
Química Inorgânica II
Síntese do Capítulo
Temos, no presente capítulo, um breve histórico da origem da teoria dos com-
postos de coordenação, destacando os trabalhos de Albert Werner e Sophus
Mads Jorgensen. Uma relação de termos comumente encontrados na quí-
mica dos compostos de coordenação são introduzidos para, a seguir, classi-
ficarmos os ligantes quanto à quantidade de átomos doadores, sendo então
definido o efeito quelato.
Discutimos as geometrias moleculares possíveis dos mais comuns nú-
meros de coordenação encontrados. Os tipos de isômeros encontrados nos
complexos são mostrados. Discutimos no final da unidade a nomenclatura
dos compostos de coordenação.
37
Química Inorgânica II
Atividades de avaliação
1. Determine para os seguintes compostos de coordenação:
(a) número de coordenação;
(b) estado de oxidação da espécie central;
(c) quantos e quais os ligantes (dando o nome do pre-ligante) e o tipo de ligante
(quanto ao número de átomos doadores);
(d) qual o nome do composto ou a fórmula.
• [Co BrCl(NH3)2(en)]
• [Cr(OH)(NH3)2(H2O)3](NO3)2
• Tetrafluorooxocromato(V) de potássio
• K3[Fe(CN)5(NO)]
• [Ru(NH3)5(N2)]Cl2
• [OsCl2F4]2-,
• - oxo-bis(pentafluorotantalato(V)
• K2[SbF5]
• [(CO)5Mn-Mn(CO)5]
2. Quais os possíveis isômeros geométricos dos seguintes compostos e quais
apresentam isômero ótico?
(i) [CoBrCl(NH3)2(en)] (ii) [PtBrCl (NH3)2)]
3. Escreva o nome dos seguintes compostos:
(a) [CoCl(NH3)5](NO3)2;
(b) trans-[CoCl(NO2)(en)2]Cl;
(c) [Ru(dipy)3]3+.
4. Classifique os seguintes ligantes quanto ao número de átomos doadores.
(a) PO43-;
(b) CH3-O-CH2-O-CH3,
(c) (CH3)3N,
(d) NO3-,
(e) (NH2CH2CH2NH2)3NH2 (f) (NH2CH2CH2NH2).
5. O efeito quelato é observado em composto de coordenação que apresenta
que tipo de ligante? Justifique a sua resposta.
6. Qual dos dois possíveis complexos deve ter maior estabilidade e por quê?
[M(LL)3]n+ e [M(L)6]n+, onde LL é um ligante bidentado e L é um ligante mo-
nodentado tem o mesmo átomo doador do ligante LL.
7. Utilize as informações dadas abaixo para escrever as fórmulas, as geome-
trias e o nome das espécies complexas. Discuta também os possíveis tipos
de isomeria que podem ser esperados em cada caso.
Objetivos
Conhecer a razão por que estudar simetria molecular.
Definir objetos simétricos.
Definir elementos e operações de simetria.
Determinar os elementos de simetria em uma molécula.
Introduzir a Teoria dos Grupos.
Determinar o grupo pontual de uma molécula.
Apresentar e utilizar a Tabela de Caracteres.
Introdução
Quando olhamos para dois determinados objetos, como, por exemplo, as duas
árvores (Figura 16), podemos avaliar qual a mais simétrica das duas somente
pelo significado 3 da palavra simetria encontrada no dicionário Michaelis.
simetria
si.me.tri.a
sf (símetro+ia1) 1 Qualidade de simétrico. 2 Correspondência em ta-
manho, forma ou arranjo, de partes em lados opostos de um plano, seta ou
ponto, tendo cada parte em um lado a sua contraparte, em ordem reversa, no
outro lado. 3 Proporção correta das partes de um corpo ou de um todo entre
si, quanto a tamanho e forma. 4 Bot Disposição simétrica das partes de uma
flor. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues
carnaubeira Cajueiro
Figura 16 – Pé de carnaúba e de caju
42
COELHO, AUGUSTO LEITE
o
90
(b)
(c)
Figura21 – A reta (a) é perpendicular ao plano (c) e à reta (b). A reta (b) está con-
tida no plano (c)
Bissetriz: segmento de reta que divide um ângulo ao meio. Na Figura 22, te-
mos que AB é a bissetriz do ângulo porque divide este ângulo em duas partes
iguais.
(A)
(B)
(C)
Na Figura 23, como a interseção dos planos (B) e (C) é a reta (A), pode-
mos afirmar que esta reta está contida em ambos os planos.
15
Usaremos para ligantes a molécula da amônia. Observamos que, através da ligação N-H, por H mar-
idênticos índices numéricos
cado por 2 podemos passar um plano de simetria. Se fizermos a operação
apenas para distinguir
os ligantes que sofreram de reflexão, a molécula permanece inalterada; se esta operação for repetida
uma operação de simetria duas vezes, teremos novamente a posição original da molécula (Figura 24).
e trocaram de lugar com
outros ligantes iguais.
16
Podemos fazer uma
rotação de 90o na
molécula, mas observe
que ela fica alterada
em relação à posição
original. Concluímos que
esta rotação não é uma
operação de simetria para a
bipirâmide trigonal.
torno do eixo C4. Observamos que as figuras 25A e 25B são idênticas, portanto
não é possível afirmarmos que houve rotação. Se realmente giramos a molé-
cula, podemos dizer que a ação de dar uma rotação de 90o nesta molécula nos
leva a uma molécula inalterada, portanto este eixo é um elemento de simetria.
Nas figuras 25C e 25D, marcamos os ligantes com a numeração de 1 a 6 ape-
nas para demonstrar que, após a rotação, os ligantes realmente mudam de
lugar. Como a numeração é apenas para marcar e não significa ligantes diferen-
tes, podemos dizer que a molécula, após a rotação, permaneceu inalterada. Os
ligantes L1 e L4, como estão situados no eixo de rotação, não mudam de posição.
No exemplo acima, descrevemos uma rotação própria que designare-
mos genericamente de eixo de rotação Cn. A denominação C4, dada na Figura
25, significa que n = 4 e que a rotação foi de 360o/4 = 90o. Uma rotação de
180o que chamaremos de C2 porque 360o/2 = 180o. Pelo mesmo motivo uma
rotação de 120o será chamada de C3.
O elemento de simetria é Cn e a operação de simetria é a rotação de
360/n, que também chamamos de Cn. 17
Podemos fazer uma
Uma molécula pode ter mais de um eixo de rotação Cn. Na Figura 26,
17 rotação de 90o na
molécula, mas observe
mostramos a molécula do tetraaminoplatina (II), [Pt(NH3)4]2+, que apresenta que ela fica alterada
uma estrutura quadrado planar. Esta molécula apresenta quatro eixos de ro- em relação à posição
tação C218, situados no plano molecular, sendo que dois passam por cada original. Concluímos que
esta rotação não é uma
um dos ligantes amino opostos, como mostra a Figura 26 e mais dois eixos operação de simetria para a
C2, que passam pelas bissetrizes das ligações N – Pt – N.. Temos um quinto bipirâmide trigonal.
eixo C2, que é coincidente com o eixo C4. Vamos definir como sendo o eixo
de maior ordem aquele que apresenta um maior valor de n, portanto, neste
exemplo, o eixo C4 é o eixo de maior ordem.
18
O eixo C2 não apresenta
a operação C2m porque C22
significa duas rotações de
180o, o que leva a molécula
à situação original, ou seja,
à identidade, E.
F3 B F3 B F2 B F2 B F1 B
F2 F2 F1 F1 F3
o
C 3 rotação de 120 C 3 rotação de 120
o
s´
Ha Ha s´
s´
Ha Hb
Figura 29 – Plano que passa pela bissetriz do ângulo de ligação H-O-H
49
Química Inorgânica II
s"
C2
Figura 30 – Elementos de simetria da molécula da água.
Como podemos observar na Figura 30, o eixo C2 encontra-se na in-
terseção dos dois planos e está contido em ambos, logo estes são planos
verticais.
O plano de simetria diedral é um plano que contém o eixo de maior or-
dem assim como o plano vertical. Consideremos como exemplo para mostrar
o plano driedal a íon complexo [Pt(NH3)4)2+, (Figura 31). Para diferenciarmos os
dois, consideraremos como sendo o plano de simetria vertical aquele que passa
sobre as ligações químicas ou pelos vértices do quadrado planar, neste exem-
plo e, portanto contém um maior número de átomos (Figura 31). Então o plano
diedral passa pela bissetriz do ângulo de ligação N-Pt-N.
50
COELHO, AUGUSTO LEITE
3. Grupos pontuais
Existe um tratamento matemático chamado de Teoria dos Grupos, que con-
siste em agrupar elementos segundo determinadas regras (COTTON, 1971;
OLIVEIRA, 2009). Observou-se que os elementos de simetria de uma molé-
cula obedecem a estas regras e, portanto podemos assim classificá-las em
grupos que têm os mesmos elementos em Grupos Pontuais. Por exemplo: a
água e a piridina possuem os seguintes elementos E, C2, ’ ,”, então pertencem
ao mesmo grupo de pontos.
As moléculas são então classificadas entre os diferentes grupos pontu-
ais que são designados de acordo com regras, sendo genericamente denomi-
nados de: Grupos não axiais – C1, Cs, Ci; grupos - Cn; grupos - Dn; grupos - Sn;
grupos - Cnv; grupos - Cnh; grupos - Dnh,; grupos - Dnd; grupos cúbicos - Th, Td,,
O e Oh; grupos - Cv, Dh para moléculas lineares.
Para determinarmos a qual grupo pontual uma molécula pertence deve-
mos ter capacidade para reconhecer os elementos de simetria das moléculas
e percorrer o fluxograma (Figura 34) mostrado a seguir, respondendo as per-
guntas com sim ou não. Explicaremos o uso deste fluxograma com exemplos.
1. Qual o grupo pontual da molécula do CO?
20
Toda molécula linear
Primeira pergunta: Esta molécula é linear20? tem um eixo C∞, porque
A resposta é sim? ele pode girar de qualquer
ângulo (∞ ângulos) através
Segunda pergunta Esta molécula tem um plano horizontal? do eixo de ligação que
Não, portanto ela pertence ao grupo Cv a molécula permanece
inalterada. Este é o eixo
2. Qual o grupo pontual do [Co(NH3)6]3+? de maior ordem para as
moléculas lineares.
Primeira pergunta: Esta molécula é linear? Plano horizontal é aquele
Resposta – não que é perpendicular ao eixo
de maior ordem.
Segunda pergunta: A geometria desta molécula é de um sólido perfeito (tetra-
edro, octaedro, icosaedro)?
52
COELHO, AUGUSTO LEITE
Exemplos Ilustrativos
Qual o grupo pontual da amônia?
A molécula é linear? não.
É um sólido perfeito? não.
Tem eixo de rotação próprio? sim, tem um eixo C3.
Tem 3 C2 perpendicular a C3? não.
Tem plano de simetria horizontal, h? não.
Tem 3 planos de simetria vertical, v? sim.
A molécula pertence, portanto, ao grupo C3v.
Qual o grupo pontual do complexo trans-[PtCl2(NH3)2] (geometria quadrado
planar)?
A molécula é linear? não.
É um sólido perfeito? não.
Tem eixo de rotação próprio? sim, tem um eixo C2.
Tem 2 C2 perpendicular a C2? sim.
Tem plano de simetria horizontal, h? sim.
A molécula pertence, portanto, ao grupo D2h.
Qual o grupo pontual do complexo trans-[CoBrCl(NH3)4] (geometria octaedro
distorcido)?
A molécula é linear? não.
É um sólido perfeito? não.
Tem eixo de rotação próprio? sim, tem um eixo C4.
Tem 4 C2 perpendicular a C4? não.
Tem plano de simetria horizontal, h? não.
Tem 4 planos de simetria vertical? sim.
A molécula pertence, portanto, ao grupo C4V.
Qual o grupo pontual do complexo ferroceno? (figura ao lado)
A molécula é linear? não.
É um sólido perfeito? não.
Tem eixo de rotação próprio? sim, tem um eixo C5, passado no centro dos
anéis e pelo átomo de ferro.
Tem 5 C2 perpendicular a C5? sim. Os eixos passam somente pelo ferro em
posições paralelas a cada átomo de carbono idêntico nos dois anéis. (Veja
numeração ilustrativa para carbonos e eixos).
Tem plano de simetria horizontal, h? sim, passando pelo ferro e contendo os
eixos C2.
55
Química Inorgânica II
Planar
A molécula é linear? não.
É um sólido perfeito? não.
Tem eixo de rotação próprio? sim, tem um eixo C3, perpendicular ao plano da
molécula.
Tem 3 C2 perpendicular a C3? não.
Tem plano de simetria horizontal, h? sim, o plano da molécula.
A molécula pertence, portanto, ao grupo C3h.
Na tabela 12, mostramos exemplos de moléculas para diversos grupos
pontuais.
Tabela 12
EXEMPLOS DE COMPOSTOS CLASSIFICADOS EM DIFERENTES GRUPOS PONTUAIS
Grupo Elementos de simetria
Geometria Exemplos
Pontual do grupo
C1 E CBrClFH
Ci E, i C2Br2Cl2H2
Cs E, h NHF2, NOCl
cont. Tabela 12
EXEMPLOS DE COMPOSTOS CLASSIFICADOS EM DIFERENTES GRUPOS PONTUAIS
Grupo Elementos de simetria
Geometria Exemplos
Pontual do grupo
D3 E, 23, 32 [Co(en)3]3+
F
F P
D3h E, 2C3, 3C2, h, 2S3, 3v [PF5]
F
F
4. Tabela de caracteres
As operações de simetria de uma molécula, como já vimos, pertencem a um
grupo de pontos que, por ser um grupo matemático, possui inter-relações que
são coerentes com determinados critérios. Devido a estas relações matemáti-
cas no grupo de pontos, podemos decompor os elementos de simetria em um
número fixo de representações irredutíveis que nos permitem analisar proprie-
dades eletrônicas e moleculares.
Discutimos os elementos de simetria até o momento apenas para anali-
sarmos a posição dos átomos quando realizamos as operações de simetria do
grupo, mas a tabela de caracteres nos permite analisar outros parâmetros, tais
como o movimento de translação nas três direções das coordenadas cartesia-
nas assim como a rotação em torno destes eixos. Também podemos verificar
57
Química Inorgânica II
I II
III IV V VI
Tabela 13
Tabela 14
C3v E 2C3 3v
A1 1 1 1 z x2+ y2, z2,
A2 1 1 -1 Rz
E 2 -1 0 (x, y), (Rx, Ry) (x2-y2, xy ) (yz, xz)
1
3 0 -1
2
2 2 0
3
4 -1 1
C3v E 2C3 3v
A1 1 1 1 z x2+ y2, z2,
A2 1 1 -1 Rz
E 2 -1 0 (x, y), (Rx, Ry) (x2-y2, xy ) (yz, xz)
4
5 -1 -1
Síntese do Capítulo
A simetria molecular é uma importante ferramenta para a interpretação de
diferentes aspectos teóricos da química inorgânica em que podemos desta-
car a interpretação de polarizabilidade, espectros vibracionais e eletrônicos e
construção de orbitais híbridos e moleculares entre outras aplicações.
Consideramos primeiramente uma visão cotidiana sobre simetria quan-
do verificamos que existem na natureza diferentes exemplos de plantas, flo-
res, insetos, que são simétricos, e outros que apresentam pouca simetria.
Antes de definirmos os elementos de simetria, fizemos uma pequena revisão
sobre os conceitos de geometria que utilizamos neste estudo.
A diferença entre operações de simetria e elementos de simetria é dis-
cutida e, posteriormente, aplicada na determinação dos elementos de simetria
de várias moléculas. O conceito matemático de teoria dos grupos é introduzi-
do e aplicado à química através da determinação de grupos de ponto das mo-
léculas. Finalizamos a unidade com a análise e o uso da tabela de caracteres
dos diferentes grupos de ponto.
Atividades de avaliação
1. a) Qual o grupo pontual da molécula de fac-[MA3B3]? Quais os seus ele-
mentos de simetria?
b) Quais os elementos de simetria para a molécula abaixo?
Fe
(ferroceno)
O
P
Cl Cl
Cl
b) Quais os elementos de simetria para a seguinte molécula?
H H
C C C
H H
4. Determine o grupo pontual das moléculas:
a) cis-diaminodicloroplatina(II);
b) Trans-tetraaminodiclorocobalto(III).
5. Decomponha a seguinte representação redutível em suas componentes
irredutíveis e diga quais orbitais atômicos transformam-se segundo estas
representações irredutíveis.
C2h E C2 i h
a 3 -1 1 -3
(a) D5h
(b) C4v?
13. O íon complexo tris(etilenodiamino)cobalto(III) pertence ao grupo de ponto
D3. Identifique quais os elementos de simetria, qual a ordem do grupo,
quantas e quais são as representações irredutíveis e a simetria dos orbi-
tais p e d.
Capítulo 4
Teoria da ligação de
valência
67
Química Inorgânica II
Objetivos
Introdução
Heitler e London (1927), tomando como base a ideia de Lewis sobre a forma-
ção da ligação química através do emparelhamento de elétron, apresentaram
uma explicação para a formação da ligação química, utilizando um tratamento
da mecânica quântica. Posteriormente, Linus Pauling e J. C. Slater, assim
como Coulson, aprofundaram-se neste assunto, que abordaremos a seguir.
1. Desenvolvimento da teoria
Na evolução desta teoria, primeiramente para a molécula de hidrogênio, su-
põe-se que a função de onda para a molécula após a formação da ligação
química podia ser dada pela seguinte equação:
Ψ = ΨA(1)ΨB(2)
onde ΨA(1) representava a função de onda do átomo A contendo o elétron
1 e ΨB(2); consequentemente era a função de onda do átomo B contendo o
elétron 2.
Os cálculos de energia e comprimento de ligação, entretanto, deram
resultados que não eram consistentes com os valores experimentais conhe-
cidos E(calculada)=24kJmol-1, Distância(calculada)= 24pm; E(encontrada) = 458,0 kJmol-1,
Distância(encontrada)= 74,1 pm.. (Huheey, 1993, p. 142). O resultado para a energia
apresentava uma discrepância muito grande. A distância de ligação era razo-
ável. O passo seguinte foi dado por Heitler e London quando incluíram neste
68
COELHO, AUGUSTO LEITE
Tabela 21
F F
F
s1 s1
s1
s3 s3
s3 F B
F B F B s2
s2 s2
F F
F
Operação identidade E
F F
F
s1 s3
s1 s2
F s3 B s3 F B
F B s1
s2 s2
F F
F
Operação C3 - rotação de 120o
Eixo C3 passando
27
Operação C327 - rotação de 120o
somente pelo átomo de
boro e perpendicular ao Portanto, para a operação identidade E, o caractere será 3 (c(E) = 3) e,
plano da molécula. para a operação C3, será igual a 0 (c(C3) = 0) porque para a identidade, E as
ligações não mudaram de lugar e, para C3, todas mudaram de lugar, isto é,
permutaram entre si (esquemas acima).
Ler sobre Propriedades
23
Uma importante aplicação de matriz28 é expressar a transformação de
de Matrizes, principalmente
um ponto ou coleção de pontos que definem um corpo no espaço. As opera-
sobre traço e multiplicação
de matrizes. ções de simetria podem então ser representadas por uma matriz, como, por
exemplo, a matriz identidade dada por
o que significa dizer que, após a operação ter sido realizada, as novas posições
são s1’, s2’ e s3’, determinadas através do produto das duas primeiras matrizes.
s1’ = 1s1 + 0s2 + 0s3 ou s1’ = s1;
s2’ = 0s1 + 1s2 + 0s3 ou s2’ = s2;
s3’ = 0s1 + 0s2 + 1s3 ou s3’ = s3
Observe que s1’ = s2; s2’ = s1; s3’ = s3. Somente a ligação σ3 não muda
de posição. Por esta razão o traço da matriz é 1, e o caractere da representação
redutível das ligações é s; para a operação de simetria C2 é igual a 1.
Mostramos a seguir a representação redutível das ligações sigmas na
molécula do BF3 ou de qualquer outra molécula do tipo AB3 que seja triângulo
plano e, portanto, pertença ao grupo de ponto D3h.
Tabela 22
TABELA DE CARACTERES DO GRUPO PONTUAL D3H E A REPRESENTAÇÃO REDUTÍVEL DAS LIGAÇÕES Σ (ΓΣ)
D3h E 2C3 3C2 σh 2S3 3σv
A1’ 1 1 1 1 1 1 X2+y2, z2
A2’ 1 1 -1 1 1 -1 Rz
E’ 2 -1 0 2 -1 0 (x,y) (x2-y2,xy)
A1” 1 1 1 -1 -1 -1
A2” 1 1 -1 -1 -1 1 z
E” 2 -1 0 -2 1 0 (Rx,Ry) (xz, yz)
Γσ 3 0 1 3 0 1
Devemos lembrar que temos três orbitais híbridos para cada uma das
possibilidades listadas acima, conforme mostramos genericamente nas equa-
ções 1, 2 e 3. Vamos ilustrar esta afirmação para o orbital híbrido ψhib.1
ψhib1,, = s + px + py = sp3
ψhib1,,, = s - px - py = sp3
ψhib1 = s + px - py = sp3
Sabemos que para um composto tetraédrico, temos os seguintes orbi-
tais híbridos: sp3 e sd3. Vejamos por que.
76
COELHO, AUGUSTO LEITE
Síntese do Capítulo
Apresentamos a Teoria de Ligação de Valência desde o seu desenvolvimento
e aspectos teóricos de um tratamento que usa a mecânica quântica para expli-
car as ligações covalentes, através do emparelhamento de elétrons, conforme
descrito por Lewis.
Destacamos as conclusões sobre estas ligações, tais como a deloca-
lização dos elétrons sobre dois ou mais núcleos, o efeito de blindagem e o
parcial caráter iônico. A teoria da ligação de valência explica a geometria das
moléculas devido à diminuição de energia e às distâncias de ligação.
Chamamos a atenção para o fato de que a existência de orbitais híbridos
não justifica sozinha determinadas estruturas moleculares, mas que a hibridiza-
ção proíbe certas estruturas e permite outras, sem escolher uma preferida.
Finalmente mostramos como determinar os possíveis orbitais híbridos
em uma determinada estrutura a partir de argumentos e usando a simetria
molecular.
77
Química Inorgânica II
Atividades de avaliação
1. Mostre, aplicando a equação dos operadores de projeção para as repre-
sentações irredutíveis A1”, A2” e E” do grupo de ponto D3h, que as mesmas
não estão contidas na representação redutível Gs mostrada para a molécu-
la do BF3
2. Decomponha as seguintes representações redutíveis em suas componen-
tes irredutíveis e diga que orbitais atômicos se transformam segundo estas
representações irredutíveis.
C2h E C2 i sh
Γa 3 -1 1 -3
Objetivos
• Conceituar a Teoria do Campo Cristalino.
• Mostrar o desdobramento do campo cristalino sobre diferentes orbitais d
para diversas simetrias moleculares.
• Entender o efeito Jahn-Teller.
• Analisar os fatores que afetam o desdobramento do Campo Cristalino.
• Escrever a configuração eletrônica em orbitais 3d para complexos octaédricos.
• Diferenciar complexos spin alto e spin baixo
• Calcular a energia de estabilização do Campo Cristalino.
• Escrever a série espectroquímica
• Discutir as propriedades magnéticas.
• Entender as propriedades óticas.
Introdução
No capítulo em que estudamos a química dos com-
postos de coordenação, mostramos que este tipo
de composto caracteriza-se por possuir proprieda-
des bastante diferentes dos sais duplos e das outras
classes de compostos conhecidos. Dentre estas
características, podemos citar o fato de compostos
com a mesma espécie central no mesmo estado de
oxidação possuírem propriedades magnéticas dife-
rentes; de todos eles apresentarem-se coloridos; de
o comportamento da energia de hidratação para os
íons hidratados fugir ao comportamento encontrado
para os lantanídeos; e de apenas os íons Mn2+ e
Zn2+ poderem apresentar um comportamento se-
melhante, como mostramos nas Figura 35 e 36.
Figura 35 – Variação da entalpia de rede em kJmol-1 para os
íons M2+ hidratados da primeira série de transição
82
COELHO, AUGUSTO LEITE
Analisaremos esta interação para cada uma das geometrias mais co-
muns dependendo do número de coordenação do complexo.
Tabela 24
Tabela 25
DESDOBRAMENTO DO CAMPO CRISTALINO DEVIDO À POSIÇÃO DE ÍON
METÁLICO EM GRUPO NA TABELA PERIÓDICA
Complexo ∆o (cm-1) ∆o (kJmol-1)
[Co(NH3)6]3+ 28.800 296
[Rh(NH3)6]3+ 34.000 406
[Ir(NH3)6]3+ 41.000 490
Fig. 6A
Do
Dο
3
d
1 d2 d
D o <EP D o<EP
4
d d
5 d6 d7
Do Do
d8 d
9
d10
Fig. 6B
Campo forte - spin baixo
D o >EP
D o >EP
d4 d5 d6 d7
eg
D o < EP D o > EP
t 2g
t 2g
5 5
d d
Íon metálico sob simétria esférica Campo fraco - spin alto Campo forte - spin baixo
Para refletir
Qual a energia de estabilização do campo cristalino (EECC) para os complexos
[Fe(NH3)6]3+ e [Fe(H20)6]3+, sabendo-se que estes compostos são campo forte e cam-
po fraco, respectivamente?
Resolução do exercício
O primeiro passo é determinarmos a geometria dos compostos. Tendo ambos o mes-
mo número de coordenação, seis, é de se esperar que sejam octaédricos. Devemos
agora escrever a configuração eletrônica do íon ferro, mas antes determinamos o
estado de oxidação do íon central que, no caso, é III. Fe3+ ⇒ 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3d5. Para
o complexo alto spin, teremos a seguinte configuração dos elétrons d: t2g3, eg2. Usando
A Eq. 1 pode ser escrita
36 a Eq. 136, teremos:
na forma de números EECC = 3(-2/5)Do + 2(3/5)∆o portanto EECC = 0
decimais assumindo o Para o complexo baixo spin, a configuração eletrônica será t2g5, logo a EECC será: EECC
seguinte formato: = 5(-2/5)∆o + 0(3/5)∆o. + 2EP.
EECC = x(-0,4)o + y(+0,6)o. EECC = (-10/5)∆o + 2EP ou EECC = -2∆o + 2EP
Como sabemos que o
= 10Dq, a expressão da
EECC pode ser: 1.2. Distorção tetragonal proveniente da simetria octaédrica e
EECC = x(-4)Dq + y(+6)Dq. do efeito Jahn-Teller
Discutimos no item 2.1 o efeito do campo cristalino sobre os orbitais d em
uma simetria octaédrica [ML6]. Vejamos agora o comportamento destes or-
bitais quando temos um complexo do tipo [ML4A2], estando os ligantes A em
posição trans. Temos que a distorção tetragonal pode ser por um alongamento
das ligações na direção z ou uma compressão (Figura 44).
39
Esta molécula pertence
ao grupo pontual C4v e,
portanto os orbitais d têm a
seguinte simetria (dxz, dyz) –
e, dxy – b2, dz2 – a1, dx2 - y2
– b1, cujas notações são
encontradas consultando a
tabela de caracteres deste
grupo.
toda a série com um mesmo íon metálico, mas apenas com uma tendência já
consagrada. Poderíamos generalizar que esta tendência do desdobramento
do campo cristalino varia na seguinte ordem: halogênios < ligantes cujo átomo
doador é o O < ligantes cujo átomo doador é o N < CN-.
Mostramos, na Tabela 30, os valores do desdobramento do campo
cristalino para diferentes compostos octaédricos e tetraédricos. Chamamos a
atenção para os valores de ∆t que são aproximadamente iguais a 4/9∆o para o
complexo com o ligante em uma geometria octaédrica.
Tabela 30
Síntese do Capítulo
A teoria do campo cristalino foi desenvolvida por Hans Bethe (1929) e amplia-
da por Van Vleck (1935). Esta teoria possibilita a explicação de diferentes pro-
priedades dos compostos de coordenação. Abordamos inicialmente a teoria
utilizando os compostos de coordenação de simetria octaédrica. Através da
interação dos ligantes vistos como cargas pontuais, analisamos a quebra de
degenerescência dos orbitais d, assim como os fatores que afetam os desdo-
bramentos destes orbitais atômicos, ou seja, a geometria molecular, a nature-
za dos ligantes, o estado de oxidação da espécie central e a posição no grupo
da tabela periódica que a espécie central ocupa.
Como o desdobramento muda conforme os fatores citados, podemos
classificar a natureza do campo cristalino como forte ou fraco, dependendo se
ele é maior ou menor do que a energia de emparelhamento dos elétrons. A
existência do desdobramento dos orbitais ocasiona a estabilização na formação
do complexo que é avaliada através do cálculo da energia de estabilização do
campo cristalino. O cálculo desta energia é mostrado para diferentes geome-
trias moleculares.
Discutimos também o efeito Jahn-Teller e a série espectroquímica. Ana-
lisamos ainda algumas aplicações da teoria visando explicar as propriedades
dos compostos de coordenação.
Atividades de avaliação
1. Calcule a energia de estabilização do campo cristalino para um íon d8,
como o Ni2+, em complexos octaédricos e tetraédricos. Use unidades ∆o
em ambos os casos. Qual é o mais estável? Informe quais as suposições
necessárias.
2. Represente diagramas de níveis de energia e indique a ocupação dos orbi-
tais nos seguintes complexos:
(a) d6, octaédrico, spin baixo.
(b) d9, octaédrico, com alongamento tetragonal.
(c) d8, quadrado planar.
(d) d6, tetraédrico.
Calcule, em função de ∆o, a diferença na energia de estabilização do campo
cristalino entre os complexos (a) e (b) supondo que os ligantes são campo forte.
3. O que é a série espectroquímica e qual a sua importância?
101
Química Inorgânica II
Objetivos
Introdução
Como estudamos na unidade anterior, a Teoria do Campo Cristalino nos per-
mite explicar diversas propriedades dos compostos de coordenação. Entre-
tanto, considerando que a teoria envolve um modelo eletrostático, como pode-
ríamos justificar que, na série espectroquímica, pré-ligantes como os haletos
apresentem um desdobramento de campo cristalino menor do que o de molé-
culas neutras, como água, amônia, etilenodiamina e outras?
Outro questionamento também que se faz é por que o pré-ligante cia-
neto apresenta um campo tão forte? As aproximações feitas por Van Vleck
introduzindo o caráter covalente na ligação como realmente existe minimizam
estes problemas. A Teoria do Orbital Molecular, que considera naturalmente a
ligação covalente, explica com muito mais racionalidade as lacunas deixadas
pela teoria do campo cristalino.
s s
s p Ligações p
p p
d
Ligações s
d
Ligações δ
ss*
e+a
a
e 1s 1s
-a
e−a
ss
HA H2 HB
+ +
+
- + + - +
- -
-
s p
(a ) Interpenetramento efetivo (b) sem interpenetramento
a) Moléculas Octaédricas
As moléculas octaédricas a serem estudadas são aquelas dos compos-
tos de coordenação, cujo átomo central é um metal de transição e os diferen-
tes ligantes são monodentados, bidentados ou polidentados e cujos átomos
doadores são principalmente haletos, oxigênio, nitrogênio, enxofre e fósforo.
Usaremos, como nos exemplos anteriores, o método da Combinação Linear
de Orbitais Atômicos (CLOA).
Nesse método, as condições para que os orbitais atômicos estejam en-
volvidos na ligação química são: (i) possuírem energias iguais ou semelhan-
tes, (ii) possuírem a mesma simetria, (iii) possuírem o grau de recobrimento
relativo. As energias dos orbitais atômicos de valência dos metais de transição
e dos átomos doadores citados são semelhantes.
A determinação da simetria dos átomos pode ser feita utilizando-se ar-
tifícios de simetria molecular. Outra condição, que é o grau de recobrimento
dos orbitais atômicos, também deve ser levada em consideração. Para os
objetivos deste livro, usaremos uma aproximação na qual não analisaremos a
simetria dos orbitais atômicos dos ligantes, mas determinaremos a qual sime-
tria pertence cada uma das ligações químicas, sigma ou pi.
L
s1 s
L 2 L
s6
M s3
L s5 s4
L
gia e representados com um asterisco, por exemplo a1g*; e não ligantes, que
são aqueles orbitais do metal que não têm uma ligação sigma com energia
e simetria correspondente no ligante ou vice-versa. Na Figura 58, temos que
os orbitais moleculares a1g, eg, e t1u são ligantes, os orbitais a1g*, eg*, t1u* são
antiligantes, e o orbital t2g é não ligante.
Para refletir
Qual é o diagrama de orbital molecular do composto de coordenação [Cr(NH3)6]3+,
considerando-se apenas as ligações sigma?
Solução: Primeiramente, devemos verificar quantos elétrons estão envolvidos. O cro-
mo número atômico 24 tem a seguinte configuração eletrônica 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6
3d5, 4s1. Como o estado de oxidação do cromo é (III), a configuração eletrônica do íon
é Cr3+ é 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6 3d3. Como os ligantes são bases de Lewis, cada um vai
doar um par de elétrons para cada ligação sigma, portanto temos um total de doze
elétrons. Agora devemos preencher o diagrama de energia mostrado na Figura 7 com
um total de quinze (15) elétrons.
113
Química Inorgânica II
L
y
L L
M
L L
x
L
Para refletir
Qual o diagrama de energia e a configuração eletrônica para o íon complexo
[CoF6]3-?
Devemos lembrar que o íon fluoreto é mais eletronegativo do que o Co3+, contendo
orbitais s e p de menor energia dos que os orbitais s, p e d do cobalto.
A configuração eletrônica do Co3+é 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 3d6, 6 elétrons d de
valência.O F- tem a seguinte configuração 1s2, 2s2, 2p6. 2 elétrons de valência p
sigma e 4 elétrons de valência pi, totalizando para os seis íons fluoretos ligados ao
Co3+, portanto 24 elétrons pi. Sendo o valor de Do pequeno, ou seja, menor do que
a energia de emparelhamento, o composto é spin alto (campo cristalino fraco).
pois as energias dos orbitais pi são mais altas do que as energias dos orbitais
d do metal. O diagrama de energia somente para as ligações pi está demons-
trado na Figura 61.
teoria dos orbitais moleculares, podemos dizer que os orbitais t2g de menor
energia que contêm elétrons, têm caráter ligante, de modo que a carga d pa-
rece se expandir do metal em direção ao ligante, expansão esta que é conhe-
cida como efeito nefelauxético.
Evidências experimentais são encontradas em espectros de RMN de
P (ressonância magnética nuclear de fósforo), em compostos tendo ligantes
contendo fósforo, estudos de difração de raio-X, cujas distâncias de ligação
são medidas. Para esta técnica existem algumas preocupações sobre a inter-
pretação dos resultados devido às variações serem muito pequenas e caírem
dentro da faixa do erro experimental. A mais contundente observação da exis-
tência da ligação sinérgica é dada por estudos, utilizando a espectroscopia no
infravermelho para complexos contendo CO.
Síntese do Capítulo
Neste capítulo, abordamos a Teoria dos Orbitais Moleculares aplicada aos
compostos de coordenação de simetria octaédrica, tetraédrica e quadrado
planar. Utilizamos o método da combinação dos orbitais atômicos simplifica-
da. Usamos a Teoria dos Grupos para determinar a simetria dos orbitais atômi-
cos envolvidos na formação das ligações químicas, através da determinação
da simetria das ligações s e p.
Abordamos a formação no complexo de somente ligações s para, pos-
teriormente, incluirmos o efeito das ligações p e, assim, explicarmos a série
espectroquímica utilizada na unidade sobre teoria do campo cristalino. Fina-
lizando a unidade, discutimos os diferentes orbitais envolvidos na interação
com os orbitais d do metal.
Atividades de avaliação
1. Explique o que cada uma das teorias de ligações covalentes esclareceu
sobre as ligações e o que não foi possível esclarecer.
2. Desenhe os diagramas dos níveis energéticos dos orbitais moleculares nos
compostos de N2, O2 e NO. Mostre quais os orbitais ocupados e determine
as ordens de ligação e propriedades magnéticas dessas espécies. Expli-
que por que os diagramas de energia para o nitrogênio e o oxigênio são
diferentes em relação à posição dos orbitais moleculares s2p e p2p.
3. Determine a simetria dos orbitais 3d, 4s e 4p de um átomo central em um
123
Química Inorgânica II
NÚMERO DATA DA
ELEMENTO SÍMBOLO ORIGEM DO NOME
ATÔMICO DESCOBERTA
Chumbo Pb Do latim plumbum 82 a.C.
Cobre Cu Do latim Cuprum = Chipre 29 a.C.
Enxofre S Do latim sulfur 16 a.C.
Estanho Sn Do latim stannum 50 a.C.
Ferro Fe Do latim ferrum 26 a.C.
Do Deus Mercúrio.
Mercúrio Hg O símbolo Hg vem do latim “hydrar- 80 a.C.
gyrum” que significa prata líquida
Ouro Au Do latim aurum = brilhante 79 a.C.
Prata Ag Do latim argentum 47 a.C.
Arsênio As Do latin arsenium 33 1250
Do grego Anti Monos - Que não ocorre
Antimônio Sb sozinho. A origem do símbolo é do nome 51 1450
em latim stibium
NÚMERO DATA DA
ELEMENTO SÍMBOLO ORIGEM DO NOME
ATÔMICO DESCOBERTA
Molibdênio Mo Do grego molybdos = chubo 42 1781
Telúrio Te Do latin tellus = Terra 52 1782
Tungstênio W De Wolframita seu minério 74 1783
Urânio U do Planeta e do Deus Urano 92 1789
Zircônio Zr Do zircão, seu minério 40 1789
Titânio Ti de Titãs (Mitologia Grega) 22 1791
NÚMERO DATA DA
ELEMENTO SIMBOLO ORIGEM DO NOME
ATÔMICO DESCOBERTA
Vanádio V Deus Escandinava Vanadis 23 1830
NÚMERO DATA DA
ELEMENTO SÍMBOLO ORIGEM DO NOME
ATÔMICO DESCOBERTA
De Lutecia
Lutécio Lu 71 1907
(antigo nome de Paris)
Protactínio Pa Do grego = antes do actínio 91 1917
C1 E
A 1
Cs E σh
A’ 1 1 x, y, Rz x2, y2,
z2, xy
A” 1 -1 z, Rx, Ry yz, xz
Ci E i
Ag 1 1 Rx, Ry Rz x2, y2, z2,
xy, yz, xz
Au 1 -1 x, y,z,
2. Grupos Cn
C2 E C2
A 1 1 z, Rz x2, y2, z2, xy
B 1 -1 x, y, Rx, Ry yz, xz
C4 E C4 C2 C42
A 1 1 1 1 z, Rz x2+ y2, z2,
B 1 -1 1 -1 x2-y2, xy
E
{ 1
1
i
-i
-1
-1
-i
i
{ (x,y)(Rx, Ry) (yz, xz)
134
COELHO, AUGUSTO LEITE
E1 { 1
1
ε
ε* ε2*
ε
2
ε*2
ε2
ε*
ε { (x, y), (Rx, Ry) (yz, xz)
E2 { 1
1 ε2*
ε2 ε*
ε
ε
ε*
ε2*
ε2 { (x2-y2,xy)
1 i -1 1 -1 -i i -i
E2 (x2 - y2, xy)
1 -i -1 1 -1 i -i i
1 -ε i -1 -i ε* ε -ε*
E3
1 -ε* -i -1 i ε ε* -ε
135
Química Inorgânica II
3. Grupos Dn
B3 1 -1 -1 1 x, Rx yz
D3 E 2C3 3C2
A1 1 1 1 x2+ y2, z2
A2 1 1 -1 z, Rz
E 2 -1 0 (x, y)(Rx, Ry) (x2 – y2,xy)(xz, yz)
4. Grupos Cnv
5. Grupos Cnh
C2h E C2 i σh
Ag 1 1 1 1 Rz x2, y2, z2,xy
Bg 1 -1 1 -1 Rx, Ry xz, yz
Au 1 1 -1 -1 z
Bu 1 -1 -1 1 x, y
E’
{ 1
1
ε
ε*
ε*
ε
1
1 ε*
ε ε*
ε { (x, y)
(x2 - y2, xy)
A” 1 1 1 -1 -1 -1 z
E”
{ 1
1
ε
ε*
ε*
ε
-1
-1
-ε
-ε*
-ε*
-ε* { (Rx, Ry) (xz, yz)
{ {
1 i -1 -i 1 i -1 -i
Eg (Rx, Ry)
1 -i -1 i 1 -i -1 i (xz, yz)
Au 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 z
Bu 1 -1 1 -1 -1 1 -1 1
Eu
{ 1
1
i
-i
-1
-1
-i
i
-1
-1
-i
i
1
1
i
-i { (x, y)
{ 1 ε ε ε* ε* 1 ε ε ε* ε*
{
2 2 2 2
E1’ (x, y)
1 ε* ε* 2
ε 2
ε 1 ε* ε*
2
ε 2
ε
E2’
{ 1
1
ε2
ε2*
ε*
ε ε*
ε ε2*
ε2
1
1
ε2
ε2*
ε*
ε
ε
ε*
ε2*
ε2 { (x2 - y2, xy)
A” 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1 z
{ 1 ε ε ε* ε* -1 -ε -ε -ε * -ε*
{
2 2 2 2
E1” (Rx, Ry) (xz, yz)
1 ε* ε2* ε2 ε -1 -ε* -ε2* -ε2 -ε
E2”
{ 1
1
ε2
ε2*
ε*
ε ε*
ε ε2*
ε2
-1
-1
-ε2
-ε2*
-ε*
-ε
-ε
-ε*
-ε2*
-ε2 {
138
COELHO, AUGUSTO LEITE
6. Grupos Dnh
B3u 1 -1 -1 1 -1 1 1 -1 x
D8h E 2C8 2C83 2C4 C2 4C2’ 4C2” i 2S8 2S83 2S4 σh 4σd 4σv
A1g 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 x2+ y2, z2
A2g 1 1 1 1 1 -1 -1 1 1 1 1 1 -1 -1 Rz
B1g 1 -1 -1 1 1 1 -1 1 -1 -1 1 1 1 -1
B2g 1 -1 -1 1 1 -1 1 1 -1 -1 1 1 -1 1
E1g 2 √2 -√2 0 -2 0 0 2 √2 -√2 0 -2 0 0 (Rx, Ry) (xz, yz)
(x2 - y2,
E2g 2 0 0 -2 2 0 0 2 0 0 -2 2 0 0
xy)
E3g 2 -√2 √2 0 -2 0 0 2 -√2 √2 0 -2 0 0
A1u 1 1 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
A2u 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 1 1 z
B1u 1 -1 -1 1 1 1 -1 -1 1 1 -1 -1 -1 1
B2u 1 -1 -1 1 1 -1 1 -1 1 1 -1 -1 1 -1
E1u 2 √2 -√2 0 -2 0 0 -2 -√2 √2 0 2 0 0 (x, y)
E2u 2 0 0 -2 2 0 0 -2 0 0 2 -2 0 0
E3u 2 -√2 √2 0 -2 0 0 -2 √2 -√2 0 2 0 0
7. Grupos Dnd
A1 1 1 1 1 1 1 1 x2+ y2, z2
A2 1 1 1 1 1 -1 -1 Rz
B1 1 -1 1 -1 1 1 -1
B2 1 -1 1 -1 1 -1 1 z
E1 2 √2 0 -√2 -2 0 0 (x,y)
E2 2 0 -2 0 2 0 0 (x2- y2, xy)
E3 2 -√2 0 √2 -2 0 0 (Rx, Ry) (xz, yz)
A1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 x2+ y2, z2
A2 1 1 1 1 1 1 1 -1 -1 Rz
B1 1 -1 1 -1 1 -1 1 1 -1
B2 1 -1 1 -1 1 -1 1 -1 1 z
E1 2 √3 1 0 -1 -√3 -2 0 0 (x, y)
E2 2 1 -1 -2 -1 1 2 0 0 (x2 - y2, xy)
E3 2 0 -2 0 2 0 -2 0 0
E4 2 -1 -1 2 -1 -1 2 0 0
E5 2 -√3 1 0 -1 √3 -2 0 0 (Rx, Ry) (xz, yz)
142
COELHO, AUGUSTO LEITE
8. Grupos Sn
S4 E S4 C2 S43
A 1 1 1 1 Rz x2+y2, z2
B 1 -1 1 -1 z x2- y2, xy
E
{ 1
1
i
-i
-1
-1
-i
i { (x, y);( Rx, Ry)
xz, yz
Eg
{ 1
1
ε
ε*
ε*
ε
1
1
ε
ε*
ε*
Au 1 1 1 -1 -1 -1 z (xz, yz)
Eu
{ 1
1
ε
ε*
ε*
ε
-1
-1
-ε
-ε*
-ε*
-ε { (x,y)
E1
{
1
1
ε
ε*
i
-i
-ε*
-ε
-1
-1
-ε
-ε*
-i
i
ε*
ε {
(x, y);
(Rx, Ry)
E2
{
1
1
i
-i
-1
-1
-i
i
1
1
i
-i
-1
-1
-i
i { (x2 - y2, xy)
E3
{
1
1
-ε*
-ε
-i
i
ε
ε*
-1
-1
ε*
ε
i
-i
-ε
-ε* { (xz, yz)
143
Química Inorgânica II
9. Grupos cúbicos
Eg 2 -1 0 0 2 2 0 -1 2 0
T1g 3 0 -1 1 -1 3 1 0 -1 -1 (Rx, Ry, Rz)
T2g 3 0 1 -1 -1 3 -1 0 -1 1 (xy, xz, yz)
A1u 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1
A2u 1 1 -1 -1 1 -1 1 -1 -1 1
Eu 2 -1 0 0 2 -2 0 1 -2 0
T1u 3 0 -1 1 -1 -3 -1 0 1 1 (x, y, z)
T2u 3 0 1 -1 -1 -3 1 0 1 -1
Σu+
1 1 ...
1 -1 -1 ...
-1 z
Σu -
1 1 ...
-1 -1 -1 ...
1
Pu 2 2 cos Φ ...
0 -2 2 cos Φ ...
0 (x, y)
∆u 2 2 cos 2Φ ...
0 -2 -2 cos 2Φ ...
0
... ... ... ... ... ... ... ... ...
145
Química Inorgânica II
Ag 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 x2+ y2+ z2
T1g 3 ½(1+√5) ½(1-√5) 0 -1 3 ½(1-√5) ½(1+√5) 0 -1 (Rx, Ry, Rz)
Gg 4 -1 -1 1 0 4 -1 -1 1 0
Au 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1
Gu 4 -1 -1 1 0 -4 1 1 -1 0
Hu 5 0 0 -1 1 -5 0 0 1 -1
Referências
BARROS, H. L. C. Química Inorgânica, uma introdução. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 1992
COELHO, A. L. Química Inorgânica I, UECE/UAB, Fortaleza, 2010, e as re-
ferências citadas na Unidade I – Estrutura do átomo
COTTON, F. Albert. Chemical Applications of Group Theory. 2a edição,
Wiley – Intersience, New York, 1971
FARIAS, Robson F. de; Werner, Jørgensene. O Papel da Intuição na Evolu-
ção do Conhecimento Químico. São Paulo: Química Nova na Escola, 2001.
Nº 13, 29-33.
JONES, Chris J. A química dos elementos dos blocos d e f. Bookman,
Porto Alegre, 2002.
HUHEEY, J. E. Keiter, E. A. e Keiter, R. L. – Inorganic Chemistry, Principles
of Structure and Reactivity, 4a edição, Harper, New York, 1993.
HSU, C Y, Orchim, M. Journal of Chemical Education. 1973, 50(2), p. 114.
KAUFFMAN, GEORGE B. Sophus Mads Jorgensen (1837-1914). A chapter
in coordination chemistry history. Journal of chemical Education, v.36 (10),
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LEE, J. D. Química Inorgânica: não tão concisa. Tradução da 4a edição
inglesa, Ed. Edgar Blucher Ltda, São Paulo, 1996.
OLIVEIRA, Gelson M., Simetria de moléculas e cristais – Fundamentos da
espectroscopia vibracional. Bookman, Porto Alegre, 2009.
SHRIVER, D. F. e ATKINS, P. W. Química Inorgânica. 3a ed. Bookman, Porto
Alegre, 2003.
147
Química Inorgânica II
Sobre o autor
F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma ins�tuição que par�cipa do Sistema Universidade Aberta do
Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação
Química
Química Inorgânica II
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e
massificação dos computadores pessoais.
Comprome�da com a formação de professores em todos os níveis e
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado,
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade
estabelecidos pelos norma�vos legais do Governo Fede-
ral e se ar�culam com as demandas de desenvolvi-
Química Inorgânica II
mento das regiões do Ceará.
12
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plás�cas Computação Física Matemá�ca Pedagogia