Noites de Insônia - Abril - Camilo Castelo Branco PDF
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NOITES DE INSOMNIA
OFFERECIDAS
PUBLICAÇÃO MENSAL
N.« 4 — ABRIL
LIVRARIA INTERNACIONAL
PORTO BRAGA
1874
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'Jl^t
PORTO
nTOGRAPHlA DE ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA TEIXEIRA
62, Rua da Cancella Velha, 62
1874
BlBLlOMi DE ALGIBEIM
NOITES DE IXSO^LNIA
SUMMARIO
O coju ?o capitão -itiót O io^oíot
desterrado.
— Essa
não sabia eu! — atalhou com civico
enleio o snr. Guimarães.
9
€A POMBA E o ABUTRE
as alturns?! ; i ;
Qne delidos e crimes (quanto
mais erros) ! deixariam de se lavar cora tantos la-
— Espigiiémol-ot
E, assim que o ramo lhe foi entregue, disseram
unanimemente:
— Foi espigado!
O brazileiro pagou immediatamente ao ins-
trumento da adjudicação, e disse, relançando a
vista aos alegres credores de Pedro de Andrade:
— Meus senhores, o que vale aos credores dos
fidalgos,que não pagam, são estes 7wssos irmãos
de além-mar, que, lá e cá, melhor fôra chamar-
Ihes irmãos da misericórdia...
— É parvo — disse um poeta de Basto ao ou-
1
quizer.
— Ás 4 da tarde; e leve tinteiro e papel, que
não ha lá d'isso.
— Sente-se Álvaro —
alii, srir. José Ma- disse
ria Guimarães, — e vá escrevendo.
— Prompto! — respondeu o escrevente, ro-
dando a sibilante tarraclia do tinteiro de cliifre.
— Ponha ahios nomes dos pobres da fregue-
ziaque não tem casa de seu.
Álvaro Pacheco escreveu trinta e quatro no-
mes; quedou-se um momento, e perguntou:
—
De todos os pobres que não tem casa ?
— Sim, de todos os pobres que não tem casa
própria.
— Então, falta o meu nome. Somos trinta e
cinco os pobres que não temos casa.
E escreveu: Álvaro, escrevente de tabellião.
— —
Muito bem volveu o brazileiro commovi-
do — sabe o que eu quero?
— V. o dirá.
s.=^
O JOGrAJIDOFt
Hoje em dia, aquella denominação, nem é
desprezivel nem aíTronlosa. O progresso indultou
o jogador; deliu-lhe da fronte o antigo ferrôte.
Se eu jogar com sorte propicia, e mobilar um
palácio, cujas alfaias e baixella representem os
haveres e as lagrimas de muitas familias, serei o
legitimo e respeitado proprietário do meu palácio.
Se eu abrir os meus salões, a mais selecta so-
ciedade virá pisar as alcatifas do meu palácio, e
lisonjear a magnificência do fino gosto que diri-
35
LISBOA
liei de escrever um
que ha de chamar-
livro
voltou ao reino \ »
Cré o leilor que, não obstante o perdão,
o marquez das Minas passaria o restante da vida
sequestrado das graças do monarcha e da convi-
vência das pessoas de bem? Não faça juizos
temerários o leitor: o marquez das Minas rece-
beu o indulto, e ao mesmo tempo o bastão de
general.
Já vimos a justiça dos homens: agora veja-
mos a da Providencia. Servia no exercito portu-
guez um castelhano chamado D. Juan de la Gue-
panha '.»
Na jurisprudência divina a justiça mais se-
guida é a pena de Talião.
LITTERATURA BUAZILEIRA
A ACTUALIDADE
O meu nome foi banido das columnas d'aquel-
le jornal. Assim o rosnou o lebreu por entre os
arames da mordaça.
BISLIOTUECA N.* 4. 4
Foi realmente banido?
Então, adeus, desgraçado!
Que mundo tenha tanta piedade de ti, laza-
o
ro, quanto eu me arrependo de te haver baldeado
do charco da petulância para outro peor — o do
silencio.
Adeusinho! coça a tua lepra com os teus fo-
lhetins; mas sume-te, escalracho!
I ur \í\mm nm m i
OS SALÕES
CAPITULO II
PLEBISCITUM
D. BAriIA.EL BI-UTE\U.
Vejamos.
A luz propaga-se em linha recta nos meios
homogéneos. Ohrigada a parar, no seu caminho,
pelo encontro d"um corpo opaco produz os phe- —
nomenos da sombra e da penumbra.
No mundo moral são a sombra e a penum-
bra as reacções da sciencia, da arte, da civilisa-
çâo 6 do progresso.
Analyscmos as penumbras.
Entremos nas sombras.
Desçamos ás trevas.
Fora da vida physica são as trevas a ignorân-
cia, e esta produz o silencio. Ora, o silencio
é a paz dos sepulchros. Por que não deveria eu
consultar a plebe?
Ha por alii, nas ultimas camadas sociaes,
perdidas, nas solidões da miséria, almas tão no-
bres, aspirações tão vastas, crenças tão vivas...
Por que não eu consultar os generosos
iria
sentimentos populares?
Efui.
Entrei n'um tugúrio qualquer. — Que lhe im-
porta o leitor qual foi? Havia uma mesa de pi-
nho, duas cadeiras, e um catre. Era toda a mo-
64
VISCONDE DE OUGUELLA.
71
des da eloquência.
83
FORMOSA E IXFEUZ
A dita e a formosura,
Dizem patranhas antigas,
Qu9 pelej;iram um dia,
Sendo d^antes muito amigas.
BERNARDIM RlBElRO.
MOTE
GLOSA
« Alvo.
96
Lá no meio do Rocio
Levanta a voz mui serena
Como se aprendera solfa:
íEu já tenho camoezas.»
Se viveste descortez,
Com repetida torpeza,
Mais á lei da natureza
Do que na lei de Moysés,
Queixa-te só d'esta vez
De ti, mas não de outro trato;
Que eu sei que nunca do rato
Te queixaras, asneirão,
Se assim como foste cão,
Poderás torymr-te gato.
NOITES DE INSOMNIA
OFFERECIDAS
PUBUCAÇáO MENSAL
N.» 5 — MAIO
LIVRARIA INTERNACIONAL
PORTO BRAGA
1874
PORTO
TiTOGRAPHIA DE ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA TEIXEIRA
02, Rua da Cancella Velha, 62
1874
BlBLIOTHEa BE AL5IBBM
NOITES DE INSOMNIA
SUMMARIO
2<ttouifta, Çaiuatta, ^atutvttul ou-
— Qae livros?
— A Historia do theatro portuguez, onde elle
conta pouco mais ou menos essa historia. A pa-
ginas 8 do 3.0 tomo diz elle o que voss<^ diz do
actor hespanhol António Ruiz.
Possuo com singular curiosidade os livros ori-
ginaes d'aquelle sábio. Abri a obra citada e li.
ELLE EU
(BM 1871) (EM 1866)
Amen.
E mais abaixo:
Mylord, dent kiss her lund,
Because she ha<? no f.icc,
But kios her... her... her...
Kis» her else\Tliere -.
OS SALÕES
INTRODUCÇÃO
THÉOPHILE GAUTIER.
proclamam republicas.
«Tudo quaalo Deus faz é por melhor», asse-
vera esta família lusitana. n'um proloquio de
origem céltica, que tem todo o fatalismo e sabor
das raças e linguas orientaes.
As lutas do catholicismo e do crescente mou-
risco crearam uma epopéa grandiosa, que se tra-
duz n'este eclectismo philosophico e religioso,
os SALÕES
Segue-se o livro.
Vou publical-o.
VISCONDE DE OUGUELLA.
39
DOUDO ILLUSTRE
CATASTROPHE
o vislumbre do poder.
Entre nós só tem havido um partido legitimo
que é o calholico e briganiino de todas as eras;
só um partido usurpador e constante, que é o
dos bens da casa que desfruta pela via directa e
occupa pelo mais feroz engano. As seitas e os
corrilhos, que se formam das fezes de todos os
partidos estrangeiros e execráveis contam coma
elemento uma vez que o lisonjeie e afoute para
maior roubo e façanha da contribuição c da in-
63
3E=iE:]NrA.isr
Gor;.i=cE:Gç:ÔE;íS
Convém fazer algumas ao artigo O Decepado
(n.o 4, pag. 71). Ministrou-m'as o snr. J. F. Tor-
res; e eu, trasladando-as, ajunto á gratidão o con-
tentamento de encontrar quem ainda se entretém
com cousas remotas e alheias das novissitnas
tão
charadas, das capilações, do don-juanismo e dos
bancos.
Transcrevo a carta do cavalheiro, que não te-
coração:
Se o tempo ..,
. j.j tudo troca e muda,
somente do ouro poz, por mais ajttda,
em tuas mãos de prata o a
e a pi ata de tuas viõua o;; 7o/
SC um tempo, foram de marfim brrunido,
no século dourado,
não vés que o tempo as tem já conêumidOf
não vés que as tem gastado?
BIBUOTHECA N.* 5. 6
86
circumspecto.
Achou-lhe airoso movimento na alma, assim
como nós, os filhos d'est6 século cortez e cava-
Iheiroso, lhe acharíamos na arca do peito as ver-
tigens ébria? d'um trovisla de tasca.
89
que romana,
professa, e ensina a igreja cathoHca
verdadeiramente apostólica; porque o animo com
que desejamos paz perpetua entre as coroas de
Hespanha e Inglaterra, nos obriga a procurar a
conformidade na religião entre os príncipes d'el-
las, pois, como diz Santo Agostinho, não pôde
A TRILOGIA DA «ACTUALIDADE»
NOITES DE INSOMNIA
OFFERECIDAS
PUBLICAÇÃO MENSAL
N.» 6 — JUNHO
LIVRARIA INTERNACIONAL
1874
PORTO
TYPOGRAPHIA DE ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA TEIXEIRA
62, Rua da Cancella Velba, 62
1874
BlBLIOTHlCi DE ALGIBEIU
NOITES DE INSOMNIA
SUMMAIUO
ífu^M^A iMta a (n^otia ^a MUuOMma ca-
1 .^ tuja-
ca í« Ioo^iuÍmí 8*íuc«i?ij c
PEDRO DE ALPOEM
'
D. Constantino de nrn^an<;a.
UIULIOTIIECA N.* G. 1
casco da illnslriásiraa casn, somente, que não na
lealdade porlugueza, no coração real, no zelo da
conservação do reino que houvéreis de herdar
afamado no mundo Lodo. Os oleiros, sapateiros,
alfríiales,eos mesteres do paço vos furtaram a ben-
ção, e o lugar, mostrando-se tão inteiíos, gene-
rosos e leaes n'este derradeiro termo, que Portu-
gal fez, e com que acabou por alguns annos, como
se os privilégios honrosos, ou os titulos illastres,
e os raorgados e reguengos foram sgus d'elles, e
não vossos. E como se de rei natural ((]ue podiam
ler e dar-vos) não fora sempre o melhor quinhão
o vosso, e dos mais senhores fidalgos a quem fa-
vorecia, conversava, e sabia o nome, e com quem
distribuía a uiaior parte dos bens da sua coroa,
ficando elle somente com o estado, e titulo real,
com as obrigações, e trabalhos de nos defender a
todos, e governar. Porque quem vir com curiosi-
dade as rendas da coroa, e bens patrimoniaes dos
reis nas alfandegas, nos contos, e nas sizas da ci-
dade de Lisboa, do Porto, edas mais, achará esta
verdade clara, a saber: que todo o bom, e grosso
eslava repartido, e derramado em juros, tenças,
morgados, reguengos, jurisdicções de vassallas, c
vassallos, tudo desmembrado da coroa real nos se-
nhores, 6 fidalgos do reino, de maneira que mais
parecia o rei seu pai, ou almoxarife d'elles, que
rei, nem senhor. Oh! mal afortunados tempos?
Hora infeliz, e desavenluraJa, e lastima para sen-
I LUboa.
10
reino.
« Nem foi pequeno descuido, e pusillanimidade
dos procuradores das cortes, temendo isto d'an-
tes,darem-lhes pacifica obediência, reconhecen-
do n'elles a mageslade real, porque além de n"isso
abrirem mão da occasião e posse que o tempo
lhes oíTerecia de ser do povo a eleição do rei, ou
11
• Tordos 01 estorninhos.
30
PEDRO D'ALrOEM.»
os SALÕES
CAPITULO m
VOX POPULI
A defíoií^Ao mais exacta da democra-
cia ú cbamar-lbe o reinado da justiça.
O MANUSCRIPTO DO DESEMBARGADOR
IV
CARTHAGO
Caetururo, censeo Carthagioem
esse delend^m,
LAMARTINE.
A philanlhropia ingleza é pura-
mente mcrca)itil, assim como o
são todas as suas virtudes, que
deixam de o ser logo que se não
conformam com os seus interesses.
FREIRE DE CARVALHO.
ninguém.
Desde Rómulo até Antonelli são vastas as con-
cepções de perfídia, erguidas, a principio, no ca-
pitólio, para ficarem mais tarde, como tradição e
doutrina, nos salões do vaticano.
Havia um dia em Roma, em que, ao comme-
morar o supplicio e resurreição de Christo, subia
ás sumptuosas varandas da basílica de S. Pedro
o escolhido entre os bispos, arremessava o facho
do incêndio, o emblema do inferno á praça pu-
blica, analhematisava os herejes, e invocava so-
bre elles a cólera do Eterno.
Era a fé púnica, na singela e curta interpre-
tação de Scipião o Africano.
A igreja calholica, na ingenuidade d^eslas
crenças ferozes, segue as tradições latinas, e a
innocencia virginal de Scyla, de Mário, de Nero,
de Constantino, de Alexandre vi, de S. Domingos,
e de todos os Simões de Monforte, e de todos os
Torquemadas da reIigi3o do operário nazareno.
Olhemos para Carthago.
Vejamos o que era a fé púnica.
A cidade phenicia assombrava Roma. Dobra-
va-se, porém, aquella diante do orgulho da cida-
de de Rómulo. Curvava-se submissa a raça semi-
tica na presença do povo indo-europeu. Cartha-
go sujeitára-se á dura condição de ni5o defen-
der os seus direitos, nem a sua própria indepen-
dência sem aulhorisaçáo de Roma. Aproveitou-se
Massinissa, principe da Numidia, d'este abjecto e
humilissimo pacto, para avassallar o empório das
riquezas d'Africa ; —e quando
commissâo, en-
a
€ Alteza Real.
(L Napoleão. y>
VISCONDE D'OUGUELLA.
MANOELINHO DE ÉVORA
Manodinho Menino, »
71
A MORTE DE D. JOÃO
Pomona e Flora
Seus dons vem pelos campos espalhando,
Cantando espalha Fauno a voz sonora.
Etc, ctc.
pátria, outro nos livros que são d'ella, que são nos-
sos, que os temos na memoria do coração desde
a mocidade. Mas a nossa mocidade era tão amo-
ravel com os seus contemporâneos, quanto res-
peitosa com os antepassados. Nós não ousaria-
mos descrer dos mestres, e desacatar-lhes as
cãs aureoladas sem que o longo estudo, sem que
a consciência nos desse a intima certeza de que
não éramos tão néscios e tão ignorantes quanto
hoje se faz mister para abrir barraca de morda-
cidades, mascaradas em critica.
Derivemos d'este mau trilho para as plácidas
e serenas regiões do livro chamado AroNTAMEN-
83
ACERCA DE JOAQUIM 2.
RESPOSTA
Teu do coração,
EU.
ESTÚPIDO E INFAME
(Á ACTUALIDADE)
De V. exc.»
Etc.
97
QUINTA-ESSENCIA DE MALANDRIM
(A ACTUALIDADE)
DECL.VRAÇÀO
V.4--6
,.-.M
rw^V