CADERNO - DE - RESUMOS-2019 Senallp Furg PDF
CADERNO - DE - RESUMOS-2019 Senallp Furg PDF
CADERNO - DE - RESUMOS-2019 Senallp Furg PDF
7º SENALLP
Seminário Nacional de Linguística e Ensino de Língua Portuguesa
1º CIELLE
Congresso Internacional de Estudos de Língua e Literatura Estrangeiras
1º SINPOL
Seminário Integrado de Pós-Graduação em Letras
Vice-Reitor
Danilo Giroldo
Vice-Diretora
Profa. Dra. Roseli Aparecida da Silva Nery
Coordenadora Adjunta
Profa. Dra. Kelli da Rosa Ribeiro
ORGANIZAÇÃO GERAL
Profa.Dra. Kelli da Rosa Ribeiro
COMISSÃO ORGANIZADORA
Profa. Dra. Carolina Knack
Profa. Dra. Cláudia Mentz Martins
Profa. Dra.Eliana da Silva Tavares
Profa. Dra. Kelley Baptista Duarte
Profa.Dra. Kelli da Rosa Ribeiro
Profa. Dra. Lúcia Lovato Leiria
Profa. Dra. Luciene Bassols Brisolara
Profa. Dra. Rosely Diniz da Silva Machado
Profa. Dra. Sábatha Catoia Dias
Profa. Dra. Silvana Schwab do Nascimento
Prof. Dr. Valter Henrique de Castro Fritsch
7º SENALLP Seminário Nacional de Linguística e
Ensino de Língua Portuguesa
COMISSÃO CIENTÍFICA
Profa. Dra. Carolina Knack
Profa. Dra. Cláudia Mentz Martins
Profa. Dra.Eliana da Silva Tavares
Profa. Dra. Kelley Baptista Duarte
Profa.Dra. Kelli da Rosa Ribeiro
Profa. Dra. Lúcia Lovato Leiria
Profa. Dra. Luciene Bassols Brisolara
Profa. Dra. Rosely Diniz da Silva Machado
Profa. Dra. Sábatha Catoia Dias
Profa. Dra. Silvana Schwab do Nascimento
Prof. Dr. Valter Henrique de Castro Fritsch
PALESTRANTES E CONFERENCISTAS
Minicursos ..........................................................................................................................22
Minicurso 1 .........................................................................................................................23
ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO: BASES TEÓRICAS E ANALÍTICAS ......................23
Minicurso 2 .........................................................................................................................23
POR QUE MONSTROS SÃO RELEVANTES? UM PASSEIO PELOS MONSTROS
LITERÁRIOS E DE OUTRAS MÍDIAS. .................................................................................23
Minicurso 3 .........................................................................................................................24
PRÁTICAS DE PRONÚNCIA EM TAREFAS INTEGRADAS NO ENSINO DE PORTUGUÊS
LÍNGUA ESTRANGEIRA/ADICIONAL .................................................................................24
Minicurso 4 .........................................................................................................................24
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DO GÓTICO .....................................................................24
Minicurso 5 .........................................................................................................................25
A PEDAGOGIA DE GÊNEROS NO ATELIÊ DE TEXTOS ...................................................25
Minicurso 6 .........................................................................................................................25
A TRADUÇÃO LITERÁRIA EM LÍNGUA ESPANHOLA........................................................25
Minicurso 7 .........................................................................................................................26
HISTÓRIA SOCIOLINGUÍSTICA DO BRASIL ......................................................................26
Minicurso 8 .........................................................................................................................26
ANÁLISE DE DISCURSO E VOZ: ELEMENTOS TEÓRICOS E ANALÍTICOS.....................26
Minicurso 9 .........................................................................................................................27
ESCUTA E COMPREENSÃO: PRÁTICAS PARA APERFEIÇOAR AS ATIVIDADES
BASEADAS EM SUPORTES ORAIS EM CONTEXTO PEDAGÓGICO ...............................27
Minicurso 10 .......................................................................................................................27
AS DIFERENTES MANEIRAS DE TRABALHAR A MÚSICA EM AULAS DE LÍNGUA
ADICIONAL ..........................................................................................................................27
Minicurso 11 .......................................................................................................................28
LITERATURA AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: UM BREVE PANORAMA ...........28
Minicurso 12 .......................................................................................................................28
METODOLOGIAS DE ENSINO: ANÁLISE TEÓRICO-FILOSÓFICA E DISCUSSÃO SOBRE
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ..........................................28
Minicurso 13 .......................................................................................................................29
ABORDAGEM PRÁTICA SOBRE ESTUDOS EXPERIMENTAIS EM AQUISIÇÃO E
PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM ................................................................................29
Minicurso 14 .......................................................................................................................30
MANGUEIRA E O PAÍS QUE NÃO ESTÁ NO RETRATO: DA CONSTRUÇÃO DO OBJETO
DE DISCURSO À MESCLAGEM CONCEPTUAL ................................................................30
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS ...................................................................................................31
Simpósio Temático 1..........................................................................................................32
Uso de tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) no ensino de línguas
materna e estrangeira: em busca de autonomia e de criticidade ..........................................32
Comunicações ....................................................................................................................32
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LE: MOMENTOS DE REFLEXÃO E
RENOVAÇÃO DE PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS .................................................32
RACISMO NA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR (CMC): O DESPERTAR
DO PRECONCEITO NA CONTEMPORANEIDADE .............................................................33
PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NA UNIVERSIDADE POR MEIO DAS
TECNOLOGIAS DIGITAIS ...................................................................................................34
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA PELOS JOGOS ELETRÔNICOS ........................34
ROLE-PLAYING GAMES COMO RECURSO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
INGLESA..............................................................................................................................35
ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA COMO LE: REFLEXÕES ACERCA DA UTILIZAÇÃO
DO MEME PARA PRÁTICA PEDAGÓGICA ........................................................................36
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E USO DE DISPOSITIVOS DIGITAIS EM AULAS DE
PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO: UMA PROPOSTA DE TRABALHO .............................36
cMOOC e xMOOC: DIFERENTES ABORDAGENS NO ENSINO DE LÍNGUAS ..................37
DUOLINGO E BABBEL: É POSSÍVEL APRENDER FRANCÊS ATRAVÉS DE
APLICATIVOS DE CELULAR?.............................................................................................38
NOVAS TECNOLOGIAS CONFRONTANDO ANTIGOS PARADIGMAS: PERCEPÇÕES
SOBRE O USO DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA INGLESA EM UM PROJETO VOLUNTÁRIO .........................................................38
O GÊNERO LYRIC VIDEO COMO MECANISMO DE CONSTRUÇÃO DA COMPETÊNCIA
SIMBÓLICA: UM ESTUDO DE CASO..................................................................................39
OBJETOS DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE LIBRAS - UMA EXPERIÊNCIA NA
ESCOLA DE SURDOS.........................................................................................................40
A VALORIZAÇÃO DA CULTURA E LITERATURA AFRICANA POR MEIO DA
ELABORAÇÃO DE AUDIOLIVRO COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO ......40
8
REVISTA ARCÁDIA: REVISITANDO FONTES PRIMÁRIAS................................................44
OS FOLHETINS EM RIO GRANDE: DESDOBRAMENTOS METODOLÓGICOS ................45
A AUTOFICÇÃO EM MULHERES DE ATENAS, DE JORGE FISCHER NUNES .................45
ANTÔNIO GOMES DE FREITAS: O POETA RIO-GRANDINO ESQUECIDO ......................45
OS MANUSCRITOS DAS PEÇAS TEATRAIS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO ...............46
9
ATRIBUIÇÃO DE GÊNERO EM PORTUGUÊS E EM FRANCÊS: ESTUDO
COMPARATIVO ...................................................................................................................57
A PERCEPÇÃO DE SONS ALOFÔNICOS DO ESPANHOL POR FALANTES NATIVOS E
NÃO NATIVOS – A NASALIZAÇÃO DA VOGAL /a/ .............................................................58
DUAS TAREFAS PERCEPTIVAS NA FORMAÇÃO DA CATEGORIA
FONÉTICO/FONOLÓGICA ASPIRADA DA LÍNGUA ESPANHOLA .....................................59
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE PRONÚNCIA DA LÍNGUA INGLESA PARA
BRASILEIROS .....................................................................................................................60
AQUISIÇÃO DO RÓTICO RETROFLEXO DO INGLÊS: EFEITOS DE INSTRUÇÃO
EXPLÍCITA COM APLICAÇÃO DA ULTRASSONOGRAFIA ................................................60
O PAPEL DA FAMILIARIDADE DE INGLESES COM A FALA EM INGLÊS (L2) DE
APRENDIZES BRASILEIROS: UMA DISCUSSÃO SOBRE O CONSTRUTO DE
‘COMPREENSIBILIDADE’ SOB A PERSPECTIVA DOS SISTEMAS DINÂMICOS
COMPLEXOS ......................................................................................................................61
10
UMA REFLEXÃO SOBRE ALGUMAS DIFICULDADES DE TRADUÇÃO DOS ELEMENTOS
CULTURAIS NO ROMANCE NATURALISTA: O CASO DE UNE BELLE JOURNÉE DE
HENRY CÉARD ...................................................................................................................70
DUAS DIFICULDADES DE COMPREENSÃO E/OU DE TRADUÇÃO NO DISCURSO
LITERÁRIO: ALGUNS EXEMPLOS EXTRAÍDOS DA TRADUÇÃO DE MELMOTH
RÉCONCILIÉ, DE HONORÉ DE BALZAC ...........................................................................71
DUAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA TRADUÇÃO DE “L’ENFANCE D’UN CHEF”
(1939), DE SARTRE, E UMA PROPOSTA DE TIPOLOGIA .................................................71
ÉCRIRE-TRADUIRE LA CARAIBE: L'ECRIVAIN-TRADUCTEUR A LA CROISEE DES
LANGUES ET DES CULTURES ..........................................................................................72
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE AS DIFICULDADES DE COMPREENSÃO E/OU
TRADUÇÃO DO FRANCÊS: CAUSAS, OCORRÊNCIAS, TIPOLOGIA, DIDÁTICA .............73
A COMPREENSÃO EM LÍNGUA FRANCESA: QUESTÕES DIDÁTICAS NO PROCESSO
DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA UNIVERSIDADE ...........................................................73
METÁFORA, IMAGEM E USOS FIGURADOS COMO TIPO(S) DE DIFICULDADE DE
COMPREENSÃO E/OU TRADUÇÃO SEGUNDO PAULO RÓNAI .......................................74
11
CAMINHOS DO SABER: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO ............................................83
USO DE GÊNEROS TEXTUAIS: INTERVENÇÃO À LUZ DA TEORIA HISTÓRICO-
CULTURAL PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM..........................................................84
BREVE ANÁLISE DE UM TEXTO SINCRÉTICO COM BASE NOS PRESSUPOSTOS DA
SEMIÓTICA DISCURSIVA ...................................................................................................84
NOITE NA TAVERNA DE ÁLVARES DE AZEVEDO: IMPRESSÕES E APREENSÕES ......85
A LEITURA ENQUANTO PRÁTICA DE ENSINO NO PROGRAMA RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA NA UNIPAMPA: FORMAÇÃO DOCENTE NO HORIZONTE DA INOVAÇÃO
PEDAGÓGICA .....................................................................................................................86
LIVRO DIDÁTICO DE LITERATURA E FORMAÇÃO LEITORA: UMA DÍVIDA QUE RESISTE
AO TEMPO ..........................................................................................................................86
SOCIALIZANDO A LEITURA: A TROCA DE LIVROS ENQUANTO ESTÍMULO À
FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES ..................................................................................87
RELEITURAS DE CONTOS DE FADAS COMO ESTRATÉGIA DE INCENTIVO À
LEITURA ..............................................................................................................................88
AS VIDAS E MORTES DE BRÁS: A INTERTEXTUALIDADE ENTRE MEMÓRIAS
PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS E DAYTRIPPER COMO FORMAÇÃO DE LEITORES .......88
SARAU LITERARTE: AÇÕES EXTENSIONISTAS COMO FORMA DE (R)EXISTÊNCIA DA
ARTE E DA LITERATURA ...................................................................................................89
PRÁTICAS DE LEITURA E LITERATURA: SEXISMO E RACISMO EM FOCO ...................90
LEITURA E ESCRITA DE CONTOS: O LETRAMENTO LITERÁRIO NA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL ...................................................................................................................90
TEXTO LITERÁRIO NA SALA DE AULA DE LÍNGUAS .......................................................91
O PIBID E AS PRÁTICAS NO ENSINO DE LÍNGUAS: A CONSCIENTIZAÇÃO CRÍTICA E A
FORMAÇÃO DO CIDADÃO .................................................................................................92
INSTAGRAM AMORES EXPRESSOS - IDENTIDADES OCULTAS: AS REDES SOCIAIS
COMO POTENCIALIZADORAS DA FORMAÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS .................92
12
AVATARES NO ENSINO DE LIBRAS: UMA ANÁLISE DOS TRADUTORES
AUTOMÁTICOS ...................................................................................................................98
A PRODUÇÃO DE VÍDEOS COMO OBJETOS DE APRENDIZAGEM DE LIBRAS:
NEGOCIAÇÕES LINGUÍSTICO-CULTURAIS ......................................................................98
NARRATIVAS DE EXPERIÊNCIA DO PROFESSOR SURDO BILÍNGUE NO ÂMBITO
ACADÊMICO .......................................................................................................................99
MATERIAIS DE VOCABULÁRIO DE LÍNGUA DE SINAIS ...................................................99
METALINGUAGEM NO CURRÍCULO DA CIDADE DE SÃO PAULO – LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS E LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS ..............................100
PEDAGOGIAS CULTURAIS SURDAS REFLETINDO PARA UM CURRICULO FUTURO .101
13
LÍNGUA ESPANHOLA E CULTURA AFROCUBANA: UM DIÁLOGO POSSÍVEL ATRAVÉS
DO GÊNERO DISCURSIVO RECEITA CULINÁRIA ..........................................................111
O CONTO E SEUS MISTÉRIOS / LOS CUENTOS Y SUS MISTERIOS ............................111
A AMÉRICA LATINA COMO SIGNO IDEOLÓGICO NOS DISCURSOS BIOGRÁFICOS
SOBRE MERCEDES SOSA: UMA CONTRIBUIÇÃO POLÍTICA DESDE UMA
PERSPECTIVA DISCURSIVA............................................................................................112
PALAVRAS, POÉTICAS E IMAGNES LATINOAMERICANAS ...........................................113
14
A TRADUÇÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG: DESAFIOS
INSTITUCIONAIS E POTENCIALIDADES ACADÊMICAS .................................................125
15
POR QUE ESPANHOL? O IMAGINÁRIO DE LÍNGUA ESPANHOLA PELO VIÉS DA
ANÁLISE DE DISCURSO ..................................................................................................139
“10 AÇÕES ANTICORRUPÇÃO │REWIND”: ANÁLISE DISCURSIVA DE PROPAGANDA
DA PETROBRAS ...............................................................................................................140
A PRODUÇÃO DISCURSIVA DA (IN) DISCIPLINA: ALUNOS, PROFESSORES E SUAS
IMPROVÁVEIS IMBRICAÇÕES DISCURSIVAS ................................................................140
FORMAÇÕES IDEOLÓGICAS MOBILIZADAS NO DISCURSO SOBRE PREVENÇÃO DA
AIDS...................................................................................................................................141
LINGUAGEM E DISCURSIVIDADE: UMA EXPERIÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO SOB A
ÓTICA DA AD FRANCESA ................................................................................................142
A LEITURA COMO UM LUGAR POSSÍVEL DE RESISTÊNCIA ........................................142
NARRATIVAS DA MATURIDADE: APAGAMENTOS IDENTITÁRIOS NO ENSINO
SUPERIOR ........................................................................................................................143
16
AS MULHERES DE LISA KLEYPAS: CONSTRUINDO MODOS DE SER NA ERA
VITORIANA E NA ATUALIDADE .......................................................................................154
CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRADUÇÃO DE “A MÁSCARA DA MORTE RUBRA” DE
EDGAR ALLAN POE ..........................................................................................................155
ELEMENTOS GÓTICOS CLÁSSICOS E MODERNOS NAS OBRAS DAS IRMÃS BRONTË:
O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (1847), JANE EYRE (1847) E AGNES GREY (1847)
...........................................................................................................................................156
MARIONETTE: O ENTRE-LUGAR DA MULHER CRIOULA EM WIDE SARGASSO SEA .156
UMA REFLEXÃO SOBRE AS TÉCNICAS COMPOSTIVAS DO CONTO FANTÁSTICO: “LA
INSOLACIÓN” DE HORACIO QUIROGA ...........................................................................157
BILBO BOLSEIRO: UM HERÓI VITORIANO EM UMA AVENTURA MEDIEVAL ...............158
WHEN THE ANGEL BECOMES THE MONSTER: UMA ANÁLISE DE PERSONAGENS
FEMININAS DO ROMANCE JANE EYRE ..........................................................................158
A CASA DUPLICADA NO CONTO “A ÚLTIMA NÉVOA”, DE MARIA LUISA BOMBAL ......159
O POVO NO ABISMO: UMA EXPLORAÇÃO DO LADO ESCURO DA PROSPERIDADE
LONDRINA.........................................................................................................................159
ANÁLISE DE RETRADUÇÕES BRASILEIRAS DO CONTO “THE IMP OF THE
PERVERSE”, DE EDGAR ALLAN POE .............................................................................160
THE UGLY BUMP: VICTORIANISM THROUGH DR. JEKYLL AND MR. HYDE ................161
A AURA VITORIANA ENTRE O CLARO E O ESCURO: ÊNFASES E EFEITOS ENTRE THE
MOONSTONE, DE WILKIE COLLINS, E SUA ADAPTAÇÃO DE 1997 ..............................161
PERDIDA EM TEMPOS SÓLIDOS & AVENTURAS EM TEMPOS LÍQUIDOS: A MESMA
HISTÓRIA DE AUSTEN EM DIFERENTES PERSPECTIVAS ...........................................162
O ROMANCE NEW GRUB STREET, DE GEORGE GISSING, MARCANDO AS MUDANÇAS
NO SISTEMA EDITORIAL VITORIANO .............................................................................162
“UM PERFEITO CEMITÉRIO DE ESPERANÇAS ENTERRADAS”: O BILDUNGSROMAN
NO VITORIANISMO TARDIO DO ROMANCE ANNE OF GREEN GABLES DE LUCY MAUD
MONTGOMERY .................................................................................................................163
17
UM ESTUDO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DE TEXTOS E ATIVIDADES EM TECNOLOGIAS
MÚLTIPLAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPREENSÃO LEITORA E
CONSCIÊNCIA TEXTUAL .................................................................................................167
A LEITURA EM SALA DE AULA ........................................................................................168
DESENVOLVIMENTO DE UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO
LEITORA NO FORMATO QUESTIONÁRIO .......................................................................168
MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA DA LEITURA LITERÁRIA: UMA INVESTIGAÇÃO DE
CRENÇAS E PRÁTICAS DOCENTES ...............................................................................169
18
Simpósio Temático 25......................................................................................................180
Poéticas do testemunho .....................................................................................................180
Comunicações ..................................................................................................................180
O TESTEMUNHO DAS MULHERES DA PERIFERIA EM DUAS VERSÕES DA OBRA
LITERATURA MARGINAL, ORGANIZADA POR FERRÉZ ................................................180
ESTRATÉGIAS DO SIMULACRO SOBRE O TESTEMUNHO NA POESIA – DAS COISAS
QUE ESCREVI NAS MARGENS DO LIVRO QUE VOCÊ ME DEU, DE LU BRANDÃO .....181
A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS NOS VERSOS DE MANUEL ALEGRE ............................181
BOITEMPO, O RETRATO DO POETA E DO BRASIL .......................................................182
A DECOMPOSIÇÃO DE SI EM CERCO AO CORPO (1978), DE HELENA PARENTE
CUNHA ..............................................................................................................................182
VOZES AFRO-BRASILEIRAS: INTER-RELAÇÕES EM ÚRSULA E PONCIÁ VICÊNCIO .183
SUBJETIVIDADE E TESTEMUNHO EM BECOS DA MEMÓRIA, DE CONCEIÇÃO
EVARISTO .........................................................................................................................184
O PACTO AUTOFICCIONAL ASSINADO POR M. DURAS EM O AMANTE ATRAVÉS DA
ESTRATÉGIA NARRATIVA ...............................................................................................184
A AUTOFICÇÃO NAS CARTAS DE ANA C. E CAIO F. .....................................................185
O FAIT DIVERS COMO LEGENDIFICAÇÃO DO REAL .....................................................186
A HISTÓRIA DE MARIA DEGOLADA, SANTA PROSTITUTA ...........................................186
MUTAÇÕES DO TESTEMUNHO NO FACEBOOK – EM ANGOLA ...................................186
O PERFIL JORNALÍSTICO COMO NARRATIVA JORNALÍSTICA E BIOGRÁFICA ...........187
MEMÓRIA, TRAUMA E VIOLÊNCIA: UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DE TESTEMUNHO
EM ENTRE MEMÓRIAS SILENCIADAS, DE UNGULANI BA KA KHOSSA E TEORIA
GERAL DE ESQUECIMENTO, DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA....................................187
A DENÚNCIA NAS OBRAS A GAIOLA DE FERRO (2003) E VULGO GRACE (2017): UM
OLHAR COMPARATIVO....................................................................................................188
EXPRESSÕES DA MEMÓRIA SOB O SIGNO DO LUTO NO ROMANCE O AMOR DOS
HOMENS AVULSOS, DE VICTOR HERINGER .................................................................188
“A URUGUAIA” E O ANTI-HERÓI MASCULINO ................................................................189
ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA: UMA LEITURA DE DUAS NARRATIVAS DE GABRIEL
GARCIA MÁRQUEZ ...........................................................................................................190
POÉTICAS DO TESTEMUNHO: O ROMPIMENTO DO SILÊNCIO E A RECONSTRUÇÃO
DA MEMÓRIA EM ANTES DO PASSADO, O SILÊNCIO QUE VEM DO ARAGUAIA ........190
PÔSTERES........................................................................................................................192
Pôsteres ............................................................................................................................193
“BRASIL: ONTEM, HOJE E AMANHÔ: ANÁLISE ENUNCIATIVO-DISCURSIVA DE UM
FILME DE 1975 ..................................................................................................................193
ACESSIBILIDADE NA UFPEL ATRAVÉS DA OFERTA DE CURSOS DE LIBRAS PARA
SERVIDORES ....................................................................................................................193
19
A ANÁLISE DOS ENUNCIADOS EM RUPAUL’S DRAG RACE PELO VIÉS
BAKHTINIANO ...................................................................................................................194
O PIBID E O DESENVOLVIMENTO DA CRITICIDADE DO ALUNO SOB A ÓTICA DA
LITERATURA HISPÂNICA .................................................................................................195
A MANIFESTAÇÃO DO DUPLO NA SAGA HARRY POTTER ...........................................195
RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOCENTE: “PRÁTICAS DE FORMAÇÃO E CRIAÇÃO DE
PALAVRAS” .......................................................................................................................196
A ULTRASSONOGRAFIA APLICADA AO ENSINO DE L2: AQUISIÇÃO DA CONSOANTE
LATERAL VELARIZADA [ɫ] (DARK-L) POR FALANTES NATIVOS DO PORTUGUÊS
BRASILEIRO......................................................................................................................196
MULHER: UMA ANÁLISE DE TROCAS LEXICAIS E MORFOLÓGICAS COMO
FERRAMENTAS DE REAFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE LÉSBICA ...................................197
“SHALL WE START?” METODOLOGIA DE PESQUISA SOBRE INTERESSES E
NECESSIDADES DO EMI NA UNIVERSIDADE ................................................................198
O DISCURSO PEDAGÓGICO POLÊMICO NA PRODUÇÃO DE AUTORIA ......................198
O PLANEJAMENTO EM SALA DE AULA: O ALUNO COMO PONTO DE PARTIDA .........199
FRASES SIAMESAS COMO UM PROBLEMA DE ESTRUTURA SINTÁTICA E DE
ENUNCIAÇÃO EM TEXTOS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS.................................200
RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA: NOVAS PRÁTICAS NO CONTEXTO ESCOLAR ...............200
RESSIGNIFICANDO A TRANSEXUALIDADE: UMA ANÁLISE DAS RODAS DE
CONVERSA SOBRE GÊNERO NA UNIVERSIDADE ........................................................201
MULTILETRAMENTO E INTERCULTURALIDADE NO ENSINO DE PORTUGUÊS E
INFORMÁTICA NA ACOLHIDA A IMIGRANTES ...............................................................201
OBALIBRAS: PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A REFLEXÃO SOBRE A
CULTURA SURDA EM SALA DE AULA COM ALUNOS OUVINTES .................................202
CINE DEBATE: A INSERÇÃO DA ARTE FÍLMICA NO MEIO ACADÊMICO ......................203
O TESTEMUNHO EM METADE CARA, METADE MÁSCARA: UMA ANÁLISE DO POEMA
"IDENTIDADE INDÍGENA" .................................................................................................203
O USO DE CLASSIFICADORES PARA A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADOS: UMA ANÁLISE
DA PIADA “A ÁRVORE” DO PROJETO OBALIBRAS ........................................................204
2035: A DISTOPIA VERDE-VERMELHA-AMARELA DE VERONICA STIGGER ...............204
AVALIATIVIDADE E IDENTIFICAÇÃO: ANÁLISE DE OCORRÊNCIAS SEMÂNTICO-
DISCURSIVAS DETERMINANTES DO GÊNERO DE TEXTO RESENHA.........................205
AS PERSPECTIVAS DE HISTÓRIA E MEMÓRIA NO ROMANCE “A MÁQUINA DE FAZER
ESPANHÓIS”, DE VALTER HUGO MÃE. ..........................................................................206
A RELAÇÃO ENTRE ASSALTO AO TURNO DE FALA E QUESTÕES DE GÊNERO E DE
HIERARQUIAS EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA EM BAGÉ ...................................207
VIVÊNCIA LÉSBICA: NOÇÕES DE HETEROSSEXUALIDADE E FEMINILIDADE
COMPULSÓRIA NA OBRA EU SOU UMA LÉSBICA DE CASSANDRA RIOS ..................207
A SOMBRA DO NÃO VISTO: CINECLUBE NA UNIVERSIDADE PELA PERSPECTIVA DE
UM LETRAMENTO CINEMATOGRÁFICO.........................................................................208
RELAÇÕES DE PODER E LINGUAGEM EM NARRATIVAS DISTÓPCAS........................209
20
ANÁLISE COMPARATIVA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NOS CAPÍTULOS DE
CONCORDÂNCIAS NOS LIVROS DIDÁTICOS .................................................................209
REPRESENTAÇÕES DA MULHER NO POEMA “UMA CANÇÃO POPULAR” DA AUTORA
ANGÉLICA FREITAS .........................................................................................................210
MODERNIDADE SOBRE QUATRO RODAS: AS FIGURAÇÕES DO AUTOMÓVEL NA
OBRA DE JOÃO DO RIO ...................................................................................................210
A LEITURA COMO UM LUGAR POSSÍVEL DE RESISTÊNCIA ........................................211
O GÊNERO CONTO NA PRÁTICA DOCENTE ..................................................................211
LECTURA, ESCRITA Y DIBUJO .......................................................................................212
UMA ANÁLISE DE COMO OS LIVROS DIDÁTICOS ABORDAM A NORMA POPULAR
BRASILEIRA ......................................................................................................................213
A ABORDAGEM DOS CONCEITOS DE ADEQUAÇÃO E INADEQUAÇÃO LINGUÍSTICA
NOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ...................................................213
ESTAR SENDO. TER SIDO: UMA ABORDAGEM SOBRE A MORTE AOS OLHOS DO
PERSONAGEM DE HILDA HILST. ....................................................................................214
POLÍTICAS DE LINGUA MATERNA: PERCURSOS DA CRIAÇÃO DO COLEGIADO
SETORIAL DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA DO RIO GRANDE DO SUL ........................214
ANÁLISE DA ABORDAGEM DA COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM LIVROS DIDÁTICOS DE
LÍNGUA PORTUGUESA ....................................................................................................215
ANÁLISE COMPARATIVA DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA QUANTO
À PRESENÇA DE GÊNEROS DISCURSIVOS PARA ABORDAR A VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA.....................................................................................................................216
O TESTEMUNHO NO ROMANCE, NAS TUAS MÃOS DE INÊS PEDROSA ....................216
POR QUE PROFESSOR? VIRTUALIDADE E INTERSUBJETIVIDADE NA CONSTRUÇÃO
DA PALAVRA OUTRA EM DISCURSO DE PROFESSORES ............................................217
OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN’S) E A BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR (BNCC): ANÁLISE DOS TEMAS TRANSVERSAIS E DOS TEMAS
INTEGRADORES...............................................................................................................218
DECALQUE E PARÔNIMOS COMO DIFICULDADES DE COMPREENSÃO E/OU
TRADUÇÃO EM VÉRA, NARRATIVA DE VILLIERS DE L'ISLE-ADAM .............................219
DO “VELHO DO SACO” À “KOMBI DO PALHAÇO”: ESTUDO COMPARATIVO DE LENDAS
ASSUSTADORAS DO IMAGINÁRIO INFANTIL .................................................................219
INQUIRIÇÃO IDENTITÁRIA POR TRAÇOS FONÉTICOS E VARIAÇÕES LEXICAIS .......220
A HESITAÇÃO E O SONHO EM LA CAFETIÈRE (1831), DE THÉOPHILE GAUTIER ......220
A JUSTIFICAÇÃO DA BARBÁRIE: MANCHETES E COMENTÁRIOS SOBRE O
ATENTADO AO CHARLIE HEBDO ....................................................................................221
ERA DIFÍCIL DECLAMAR CANTIGAS? IMAGINA ESCREVER! UMA BREVE ANÁLISE
LINGUÍSTICA E FILOLÓGICA DAS CANTIGAS SATÍRICAS ............................................222
21
Minicursos
Minicurso 1
ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO: BASES TEÓRICAS E ANALÍTICAS
Minicurso 2
POR QUE MONSTROS SÃO RELEVANTES? UM PASSEIO PELOS
MONSTROS LITERÁRIOS E DE OUTRAS MÍDIAS.
Este minicurso de um turno propõe uma análise dos monstros presentes na literatura,
cinema e outras mídias (como videogames). O objetivo é propor uma discussão do
porquê monstros são atraentes ao leitor/espectador e qual sua função simbólica e
cultural através dos anos e em diferentes formas de expressão artística. Nosso
passeio nos levará três mil anos atrás com o Épico de Gilgamesh, passando pela
Criatura de Mary Shelley, monstros de Lovecraft, o vampiro de Stoker, vampiros
adolescentes purpurinados e zumbis vorazes. A proposta é de entender como os
diferentes monstros funcionam e representam o zeitgeist da época em que aparecem
e a atração pelo abjeto. Através de conceitos como o de Carnavalização (Barthes) e
da ideia do Mal representado na sociedade (Žižek 2008), o minicurso busca sugerir
respostas para a pergunta inicial. Estes monstros exploram temas que transgredem e
ameaçam nosso senso de asseio e decoro, particularmente no tocante ao corpo, às
nossas identidades, e a nossa mortalidade.
23
Minicurso 3
PRÁTICAS DE PRONÚNCIA EM TAREFAS INTEGRADAS NO ENSINO DE
PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA/ADICIONAL
Minicurso 4
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DO GÓTICO
Claudio Vescia Zanini (UFRGS)
24
Minicurso 5
A PEDAGOGIA DE GÊNEROS NO ATELIÊ DE TEXTOS
Minicurso 6
A TRADUÇÃO LITERÁRIA EM LÍNGUA ESPANHOLA
A atividade visa propiciar uma reflexão sobre o exercício tradutório literário, apresentar
o PETRA (Grupo de Pesquisa em Tradução da FURG) e o projeto de pesquisa: Juana
Manuela Gorriti: análise e tradução, bem como desenvolver o interesse pela atividade
de tradução literária em língua espanhola. A metodologia utilizada será de breve
apresentação teórica, relato de experiência sobre a tradução e a publicação do livro
de contos de Juana Manuela Gorriti, em 2017, realizada por docentes e discentes do
curso de Licenciatura em Letras Português-Espanhol da FURG, integrantes do projeto
de pesquisa supracitado. Será realizada uma prática de tradução de texto literário de
curta extensão, em língua espanhola e, ao final, haverá a apresentação e a discussão
sobre as traduções feitas com base no pressuposto teórico apresentado ao início do
minicurso, considerando aspectos sintáticos, semânticos, culturais e estilísticos. O
público alvo do minicurso: docentes e discentes de Língua Espanhola. A duração do
minicurso deverá ser de três horas.
25
Minicurso 7
HISTÓRIA SOCIOLINGUÍSTICA DO BRASIL
Dante Lucchesi (UFF/CNPq)
Minicurso 8
ANÁLISE DE DISCURSO E VOZ: ELEMENTOS TEÓRICOS E ANALÍTICOS
26
Minicurso 9
ESCUTA E COMPREENSÃO: PRÁTICAS PARA APERFEIÇOAR AS
ATIVIDADES BASEADAS EM SUPORTES ORAIS EM CONTEXTO
PEDAGÓGICO
Hyanna Medeiros (doutoranda USP)
Heloisa Brito de Albuquerque Costa (USP)
Compreender não é uma atividade de recepção passiva, mas uma prática ativa e
voluntária na qual o ouvinte ou leitor reconhece a significação de frases ou discursos
e identifica suas funções a partir de seu conhecimento relacionado às estruturas
linguísticas e às regras socioculturais nas quais a comunicação é produzida (BOYER
et al, 1990, PORCHER, 1995). Há, portanto, nesse processo uma implicação do
sujeito que é convidado a ativar mecanismos, mobilizar conhecimentos e estratégias
que o levem à compreensão. Com relação à compreensão oral, mais especificamente,
M.J. Gremmo e H. Holec (1990) salientam a importância de um comportamento de
compreensão que deve ser desenvolvido ao longo do processo de ensino-
aprendizagem. Para Cornaire (1998) e Rost (2002), esses estímulos são
concretizados por meio de intervenções pedagógicas adequadas ao objetivo do
público. Abordaremos, neste minicurso, aspectos teórico-práticos relacionados ao
desenvolvimento da compreensão oral, mais especificamente em Francês Língua
Estrangeira, enquanto um objeto a ser ensinado para, então, discutir e refletir sobre o
tratamento didático-pedagógico que se deve conferir aos suportes orais autênticos
visando sua inserção em sala de aula.
Minicurso 10
AS DIFERENTES MANEIRAS DE TRABALHAR A MÚSICA EM AULAS DE
LÍNGUA ADICIONAL
Normélia Maria Parise (FURG)
Yádini do Canto Winter dos Santos (FURG)
Minicurso 12
METODOLOGIAS DE ENSINO: ANÁLISE TEÓRICO-FILOSÓFICA E
DISCUSSÃO SOBRE IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Rosângela Pedralli - UFSC
28
letramento (KLEIMAN, 2000), atividade orientadora de ensino (MOURA et. al, 2010) e
prática social (SAVIANI, 1983) –, analisaremos fundamentos teórico-filosóficos
subjacentes a elas e discutiremos as implicações para o ensino de Língua Portuguesa.
Para tal, partimos da compreensão de que o componente curricular em causa precisa
superar uma dimensão meramente instrumentalizadora dos sujeitos, inscrevendo-se
em um projeto formativo humanizador.
Minicurso 13
ABORDAGEM PRÁTICA SOBRE ESTUDOS EXPERIMENTAIS EM
AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM
Estudos experimentais têm como fim testar hipóteses que dizem respeito à convicção
dos pesquisadores. Testam-se grupos controle e se seleciona testes e tarefas e
manipulação de variáveis. Tendo como foco as pesquisas experimentais sobre
aquisição e processamento da linguagem, objetiva-se verificar determinado
desempenho linguístico dos participantes em tarefas pré-estabelecidas (MALLOY-
DINIZ et al., 2010). Tal abordagem, comum à psicolinguística e à neurolinguística, se
faz um método apropriado para identificar consequências atribuídas a uma
determinada variável e para a descrição dos mecanismos que envolvem essas
consequências (CHRISTENSEN; JOHNSON; TURNER, 2015). A despeito, porém, de
suas vantagens, esse tipo de pesquisa possui limitações, tais como a quantidade de
variáveis envolvidas – às vezes de difícil manipulação, as características como idade,
sexo, L1/L2, escolaridade, histórico de saúde, que não podem ser conferidas às
pessoas de forma aleatória (LAZAR; FENG; HOCHHEISER, 2010b). Outro desafio
consiste nas questões de ordem ética, que devem ser consideradas para a realização
do estudo (LAZAR; FENG; HOCHHEISER, 2010a). Assim, este minicurso visa refletir
sobre a metodologia e o delineamento dos estudos experimentais sobre aquisição e
processamento da linguagem em casos típicos e atípicos, apresentando casos e
desafios da área. Ainda, pretende-se refletir e discutir critérios para definição dos
participantes, instrumentos adequados aos objetivos da pesquisa, bem como informar
sobre as etapas de aprovação do projeto de pesquisa junto aos órgãos competentes.
A abordagem prática permite que sejam apresentadas algumas aplicações de testes
de memória, atenção, estudos de caso, discussões em grupo, formulação de
perguntas de pesquisa e estabelecimento da população adequada, aplicação de um
teste por parte dos alunos, troca de experiências de testagens. Acredita-se que esta
oficina de cunho prático abrirá horizontes acerca da dimensão que as investigações
experimentais possuem, mesmo com os desafios inerentes a elas.
29
Minicurso 14
MANGUEIRA E O PAÍS QUE NÃO ESTÁ NO RETRATO: DA CONSTRUÇÃO
DO OBJETO DE DISCURSO À MESCLAGEM CONCEPTUAL
30
Simpósios Temáticos
Simpósio Temático 1
Uso de tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) no
ensino de línguas materna e estrangeira: em busca de autonomia e de
criticidade
Prof. Dr. Ana Cláudia Pereira de Almeida (IFRS/Campus Rio Grande)
ana.almeida@riogrande.ifrs.edu.br
Prof. Me. Sabrina Hax Duro Rosa (IFRS/Campus Rio Grande -
sabrina.rosa@riogrande.ifrs.edu.br
Comunicações
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LE: MOMENTOS DE
REFLEXÃO E RENOVAÇÃO DE PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS
32
foco para questões pertinentes ao processo formativo de um grupo de professores de
Língua Estrangeira, participantes do Curso de Formação Continuada do Programa e-
Tec Idiomas. Importa salientar a premência de o professor refletir sobre sua atuação
enquanto docente, prontificando-se a renovar e/ou ampliar suas práticas didático-
pedagógicas voltadas aos alunos do século XXI. Além disso, as discussões
estabelecidas através dos espaços colaborativos tornam-se momentos profícuos de
compartilhamento de ideias, conhecimentos e práticas propiciados a cada encontro.
Portanto, esta investigação teve como objetivo principal, averiguar a relevância do
Curso de Formação Continuada através da Plataforma e-Tec Idiomas no que tange
ao aprimoramento do planejamento e da prática pedagógica dos professores
participantes, assim como, identificar os pontos de vista dos sujeitos envolvidos em
relação às formações inicial e continuada para o efetivo trabalho em Língua
Estrangeira. Como resultado, esta investigação busca constatar se o referido curso
despontou novas visões frente às práticas pedagógicas a serem desenvolvidas dentro
da sala de aula.
Palavras-chave: Língua Estrangeira, TDIC, e-Tec Idiomas, Formação Continuada de
Professores.
Resumo: O racismo no Brasil não teve início recentemente, mas com as tecnologias
ele ganhou um espaço e agentes que se encobrem por trás das máquinas, atacando
intensamente os negros no ciberespaço. A interação nas mídias sociais cria
comunidades discursivas e a linguagem da intolerância e do ódio parecem motivadas
por uma onda de desumanização (BAUMAN e MAURO, 2016). A escola, por sua vez,
deveria ser um lugar onde o preconceito é debatido já que é um espaço de
socialização dos jovens e, de acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases, 2017), o
ensino aconteceria baseado na diversidade racial e solidariedade humana objetivando
a formação completa do educando. Este estudo está embasado na Análise Crítica do
Discurso (FAIRCLOUGH, 1995), na Competência Simbólica (Kramsch, 2009), na
Semiótica (FIORIN, 2004) e na Teoria Cibercultural (CASTELLS, 2013) para investigar
o discurso e a influência nas relações de poder nos posts racistas que circularam na
mídia social, tais como Facebook, Twitter, e Instagram. Este trabalho é relevante para
mostrar que os dados coletados no meio midiático que nossos alunos circulam podem
levá-los a filiações discursivas que vão ao encontro da sua humanização e resiliência
ou da sua desumanização e vulnerabilidade. Esses espaços virtuais têm influência
nos jovens estudantes, por isso um pensamento crítico deve ser promovido por meio
de práticas que os façam refletir sobre o conteúdo que passa por seus olhos nas telas,
levando ao desenvolvimento de sua competência simbólica e uma real transformação
sócio-político-cultural dentro da escola. Os resultados deste trabalho fornecem
evidências de que o preconceito no Brasil é facilmente instaurado, necessitando de
uma discussão efetiva e imediata, por isso convidamos a uma reflexão teórico-prática
33
que possa despertar o interesse dos participantes em desenvolverem atividades
pedagógicas de multiletramento e consciência racial.
Palavras-chave: Comunicação Mediada por Computador (CMC); Racismo;
competência simbólica.
Resumo: Este trabalho é motivado por estudos acadêmicos que abordam o ensino e
aprendizagem na cibercultura, Demo (2009) afirma ser o meio como é organizado o
34
ensino é que determina a aprendizagem praticada pelas novas tecnologias. O objetivo
desse texto é trazer discussões sobre o uso de TDIC na escola, especificamente os
jogos eletrônicos, no sentido de reconstruir perspectivas que abarquem o aprender e
o ensinar na cultura digital. Os videogames incorporam princípios de aprendizagem
apoiados pelas pesquisas em Ciência Cognitiva (GEE, 2003, 2004). Os jogos
eletrônicos podem ser uma base forte para o aprendizado de língua inglesa dos
estudantes brasileiros, pelo fato dessa mídia ser atrativa e estar presente na vida do
estudante contemporâneo. Os jogos de Role Playing Game - RPG, a maioria deles
na língua inglesa, é uma experiência que permite ao jogador a vivencia virtual de
personagens nas longas historias e, contextos discursivos que são necessários
entender para poder progredir no jogo. Neste sentido, o entendimento da língua é
indispensável e desafiador para poder vencer o jogo. Com os jogos de RPG, é
possível treinar todos os aspectos do aprendizado de inglês. Esses aspectos incluem:
Reading (leitura), Listening (escuta), Writing (escrita) e Speaking (fala), ou seja, é
possível aprender a entender a fala, escrever e falar inglês. Dessa forma, os jogos de
RPG funcionam como um método de aprender inglês, através do interesse pelo jogo.
Essa metodologia também diz respeito ao universo educacional, pois o uso de TDIC
gera inovações nas relações de saber. Pierre Lévy (1999) questiona a aprendizagem
na era digital e advertem para a necessidade de formação de competências que
possibilitem novas formas de gerenciar o conhecimento na cibercultura. Este estudo
não traz resultados, pois se trata uma abordagem teórica de estratégias pedagógicas
que desenvolve a língua estrangeria por meio do uso de TDIC.
Palavras-chave: Cibercultura; Aprendizagem; Língua inglesa; Jogos eletrônicos.
35
e proveitosas aos olhos do estudante. Os jogos, nessa visão, não substituem o ensino
escolar e sim são utilizados como ferramentas para complementar estratégias de
ensino mais tradicionais.
Palavras-chave: Role-playing games. Aprendizagem. Gee.
Jéssica Iung
Resumo: A tarefa de ensinar produção textual a estudantes do Ensino Médio tem sido
cada vez mais atravessada por influências várias já que, além da diversidade dos
backgrounds linguísticos que os constituem, é fato que o acesso cada vez mais restrito
a itens culturais relacionados à História e à Literatura, por exemplo, tem aparecido na
diminuição do repertório argumentativo disponível para dar suporte ao que pretendem
36
dizer. Ciente dessa realidade e com vistas às ideias de Dewey (1916, p. 191) – “dê
aos alunos algo para fazer, não algo para aprender; e o fazer é de tal natureza que
exige o pensamento; a aprendizagem acontecerá naturalmente” –, neste trabalho será
apresentada uma experiência em que, através de práticas colaborativas, pretendeu-
se não apenas compartilhar mas também criar estratégias para apropriação de
saberes desse tipo, tendo dispositivos digitais (TDIC) como suporte. Pretende-se, com
isso, propor e mediar tarefas para que estudantes se apropriem desses saberes e,
com isso, incrementem sua argumentação nos textos dissertativos que produzem em
processos seletivos como o ENEM e vestibulares. Como metodologia, tem-se a
aprendizagem experiencial (DEWEY, 1916), que não apenas favorece que os alunos
adquiram conhecimentos pela prática mas principalmente dialoga com características
inerentes à atuação dos nativos digitais (PALFREY, GASSER, 2011) nos meios em
que se inserem.
Palavras-chave: Aprendizagem experiencial; ensino de português; dispositivos
digitais; TDIC.
37
DUOLINGO E BABBEL: É POSSÍVEL APRENDER FRANCÊS ATRAVÉS DE
APLICATIVOS DE CELULAR?
38
composta por 10 alunos com idades entre 9 e 12 anos que fazem parte da modalidade
de independent learners ou IL Kids, em que o professor não utiliza um material didático
fixo, trabalhando por meio de projetos com os alunos. O projeto intitulado br.ino
oferece aos alunos advindos da escola pública um kit acessível de robótica, uma
linguagem de programação intuitiva e uma metodologia inovadora, com o intuito de
melhorar o processo de aprendizagem. O objetivo deste trabalho é discutir as
percepções de 5 professores voluntários por meio da aplicação de um questionário de
8 questões sobre o impacto do uso da robótica educacional no ensino e aprendizagem
da língua inglesa. Uma análise parcial dos dados, permite inferir que é necessário
refletir sobre o ambiente de ensino e aprendizagem de uma língua, bem como
reconfigurar conceitos e práticas da sala de aula. Esta pesquisa visa fomentar o
debate sobre a integração de novas tecnologias ao ensino de línguas estrangeiras.
Palavras-chave: Língua Inglesa; Robótica Educacional; Projeto Voluntário.
Resumo: Nas últimas décadas, pode-se afirmar que os nativos digitais (GASSER,
PALFREY, 2011) percebem o conhecimento como algo maleável, que está a um
clique rápido de distância. A partir de novas plataformas, a tecnologia e o mundo
online passam a estar presentes no cotidiano dos alunos, os quais, muitas vezes,
sentem-se frustrados pela ausência desse universo dentro do núcleo escolar. Do outro
lado, encontram-se os professores que são desafiados a se apropriarem de diferentes
gêneros textuais (MARCUSCHI, 2008), os quais sejam veiculados por tecnologias
digitais (TDIC) e que propiciem o desempenho autônomo do aluno além do contexto
escolar. Dessa forma, este trabalho visa a apresentar um estudo de caso que tem seu
foco estabelecido na primeira etapa de uma sequência didática (DOLZ, NOVERRAZ,
SCHNEUWLY, 2004; ALMEIDA, 2015), elaborada a partir da metodologia de Projeto
de Aprendizagem (FAGUNDES, SATO, MAÇADA, 1999), e aplicada a partir de tarefas
realizadas pela professora-pesquisadora durante seu estágio de graduação, em uma
escola pública da cidade do Rio Grande/RS. Nesses termos, o objetivo principal é
refletir sobre o impacto da escolha do gênero lyric video mecanismo de construção da
Competência Simbólica (KRAMSCH, 2006), referida por Oliveira (2017) como “a
necessidade de uma visão holística para aprendizagem de línguas”. Ainda, salienta-
se que esta análise se propõe não só a observar os recursos semióticos possíveis
utilizados, mas também como eles podem corroborar ao processo de ensino-
aprendizagem de inglês como língua estrangeira (LE); os resultados do trabalho foram
observados nos produtos finais da sequência, quando os estudantes compartilharam
suas produções e, de forma eficiente, produziram vídeos que dialogam com seus
contextos através de diferentes linguagens mediadas pelo uso da tecnologia digital
móvel.
Palavras-chave: Ensino de inglês; Competência Simbólica; Lyric Video; Nativos
Digitais.
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OBJETOS DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE LIBRAS - UMA
EXPERIÊNCIA NA ESCOLA DE SURDOS
Resumo: O presente trabalho reflete sobre a utilização dos materiais criados pelo
projeto OBALIBRAS - Objetos de Aprendizagem em Libras, da UFPel na disciplina de
Estimulação da Linguagem com alunos surdos do Ensino Fundamental, em uma
Escola para Surdos. O projeto Obalibras tem como objetivo desenvolver vídeos para
o ensino de Libras. Neste trabalho, entretanto, será relatada a experiência da
utilização de um desses vídeos com alunos surdos. O plano e análise da atividade
realizada teve por base os estudos de Lodenir Karnopp e Cristina Lacerda com relação
ao Letramento e a Libras como língua de instrução, assim como Tatiana Lebedeff para
pensar os objetos de aprendizagem no ensino de Libras. O vídeo “Não sei Libras”,
disponível na plataforma Youtube, foi utilizado para fomentar as discussões sobre o
tema “As barreiras na comunicação” com uma turma do sétimo ano do Ensino
Fundamental. A prática foi analisada através de anotações em diário de campo a fim
de perceber os efeitos do uso de vídeos em Libras com estudantes surdos, em uma
disciplina diferente da de Língua Brasileira de Sinais. Os resultados apresentados vão
ao encontro das pesquisas citadas, quando trazem à tona a identificação dos alunos
com a situação vivida pelas personagens no vídeo apresentado, tendo em vista que a
narrativa apresenta um personagem surdo que precisa desenvolver estratégias de
comunicação com uma pessoa que não sabe Libras. Destaca-se que os vídeos
disponibilizados pelo projeto, primeiramente pensados para o ensino de Libras para
ouvintes, mostraram-se importante instrumento de motivação para as discussões
realizadas acerca de temas que envolvem a realidade de alunos surdos na sociedade
ouvinte, pois são textos em Libras.
Palavras-chave: ensino de surdos; estimulação da linguagem; vídeos em Libras;
Língua Portuguesa
40
cultura africana por meio da literatura (BARBOSA, 2001) e da elaboração de um
audiolivro no qual o gênero textual “conto” foi trabalhado para resgatar a contação de
histórias e valorizar a herança africana na cultura brasileira, contribuindo com a
reflexão crítica e desconstrução do preconceito racial ainda presente em nossa
sociedade. Bell Hooks (2001, 2003, 2013) tem sua obra inspirada nas teorias de Paulo
Freire, afirmando que a construção de uma educação humanista, que abrange uma
educação antirracista, encaminha o educando a reconhecer suas peculiaridades como
indivíduo e dá voz à diversidade existente na escola e na sociedade. O trabalho com
a leitura oral mostrou resultados na reflexão da análise linguística e na interpretação
e compreensão dos contos, promovendo o antirracismo na escola por meio da
elaboração e da divulgação do audiolivro.
Palavras-chave: Cultura africana; Preconceito Racial; Audiolivro; Contos.
41
Simpósio Temático 2
Arquivos, fontes primárias e periódicos
Prof. Dr. Artur Emilio Alarcon Vaz (FURG)
arturvaz@furg.br
Prof. Dr. João Luis Pereira Ourique (UFPel)
jlourique@yahoo.com.br
Neste simpósio, iremos nos ocupar da divulgação de pesquisas recentes sobre fontes
primárias de escritores literários, com ênfase na literatura sul-rio-grandense. Dessa
forma, pretendemos reunir a pesquisa sobre autores canonizados e especialmente
sobre aqueles não reconhecidos pelo cânone, abrangendo gêneros e obras (primeiras
edições, manuscritos ou inéditos) pouco analisados ou mesmo negligenciados pela
academia. Através de pesquisas desse recorte, entendemos como possível reavaliar
o cânone atualmente estabelecido, ampliando o conhecimento de épocas e/ou
autores(as) pouco conhecidos pela crítica, possibilitando um novo arranjo no que se
(re)conhece da literatura em sua historicidade. As discussões situadas à margem do
cânone exigem uma abordagem interdisciplinar e um posicionamento que entende a
literatura como um conjunto de sistemas que se reorganiza constantemente, exigindo
que pesquisas relacionadas com os artefatos históricos produzidos pela literatura
oportunizem um repensar da própria cultura.
Comunicações
A POESIA NO ALMANAQUE LITERÁRIO E ESTATÍSTICO DO RIO GRANDE DO
SUL DE 1897, DE ALFREDO FERREIRA RODRIGUES.
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo expor alguns trechos da edição de
1897 do Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul, de autoria de Alfredo
Ferreira Rodrigues e mostrar aspectos e referências relevantes sobre o uso deste tipo
de periódico em pesquisas acadêmicas, especialmente o seu uso nas áreas da
História e da História da Literatura. Além disso, será comentada a importância do uso
dos periódicos em pesquisas. Será realizado um breve histórico do almanaque e de
seu autor, após a exposição de conceitos teóricos, a exposição de poemas e a
retomada da importância do almanaque como fonte primária, no resgate histórico e
literário.
42
DO SÉCULO XIX AOS DIAS ATUAIS: O CAMINHO TRAÇADO PELA REVISTA
MODERNA
43
financiado pela FAPERGS, CNPq e PUCRS, em andamento desde 2016, que busca
mapear os correspondentes e destacar os assuntos literários tratados nas cartas
disponíveis no Acervo.
Bianca Ramires
prof.biancaramires@gmail.com
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OS FOLHETINS EM RIO GRANDE: DESDOBRAMENTOS METODOLÓGICOS
Resumo: Esta apresentação busca trazer à cena poética riograndina o poeta esquecido.
Antônio Gomes de Freitas por mais de quinze anos escreveu poesias e teatro na primeira
metade do século XX nos periódicos de então. Esta comunicação centra-se em dois exemplos
dessa obra e traz informações sobre o autor, até aqui perdidas. A Biblioteca Rio-Grandense
é única depositária da obra do autor, esta pesquisa objetiva dar luz a obra desse que foi um
expoente da poesia riograndina. A pesquisa, iniciada em 2018, reuniu grande parte da obra
45
do poeta, ao coletar muitos poemas publicados nos jornais O Tempo (década de 1930) e Rio
Grande (década de 1940) em intervalos quinzenais. Na procura de dados de nascimento e
morte do poeta, a única informação comprovável é a data de sua morte: 16 de junho de 1946,
registrado em nota pelo jornal Rio Grande, já que em seu túmulo, no cemitério católico
riograndino, há apenas sua foto e uma placa patrocinada por seu amigo, o também poeta
riograndino, Al Teixeira, em sua homenagem. No entanto, a pesquisadora não logrou êxito na
procura pelo original da peça teatral A verdade, encenada na capital gaúcha em 1936, que foi
perdida pelo descaso dos que foram depositários do acervo da atriz Estellita Bell, que encenou
e produziu esta obra e foi guardiã de seu original por cinquenta anos. Este original, porém,
perdeu-se incinerado após a morte da depositária pelos herdeiros de seu espólio. Através do
jornalista porto-alegrense Luiz Arthur Ferraretto, biógrafo da atriz, é que chegamos a
informação do lamentável sinistro. Depois da leitura e análise de alguns poemas e
algumas conclusões já apresentadas no IV COLÓQUIO DE LITERATURA da FURG,
como exemplo da produção de Antônio Gomes de Freitas serão apresentados, no
presente seminário, dois poemas que retratam o cuidado do poeta com seus versos e
o amor por sua terra natal: o poema “Ideias de um prisioneiro da chuva” publicado no
jornal Rio Grande às vésperas de sua morte, em 1º de junho de 1946, e o poema “Um
sino toca na noite”, publicado em 15/06/1946, dia que antecedeu seu falecimento.
Resumo: Esse trabalho visa apresentar o percurso do projeto que retomou o trabalho
iniciado por Cláudio Heemann na década de 1990 sobre o teatro de João Simões
Lopes Neto. No período compreendido entre 2012 e 2016 foi feito um levantamento
do conjunto da sua produção teatral, resgatando manuscritos, primeiras edições e
textos críticos voltados para o entendimento desse gênero que esteve presente em
praticamente toda a sua vida de escritor, se consideradas a primeira publicação da
peça O Boato, de 1894, do manuscrito da peça Sapato de bebê e da tradução do
drama Nuestros hijos [Nossos filhos] do dramaturgo uruguaio Florêncio Sanchez,
ambas de 1915, um ano antes do seu falecimento. Ao partir da biografia do
dramaturgo pelotense, marcada fundamentalmente pela sua produção regionalista
que é considerada o ápice da sua literatura [destaque para os Contos Gauchescos,
de 1912, e Lendas do Sul, de 1913], foi evidenciada a importância desse trabalho que
redefine vários elementos acerca da obra e da inserção do escritor no cenário de
Pelotas do final do século XIX e do início do século XX. Ler o teatro de João Simões
Lopes Neto e reler o conjunto de sua obra é algo relevante, especialmente a partir
desses manuscritos que possibilitam novos olhares sustentados na perspectiva da
regionalidade que amplia as interpretações e as tensões históricas e culturais.
46
Simpósio Temático 4
Diálogos sistêmico-funcionais: linguagens, discursos, gêneros de texto
Profa. Dra. Cristiane Fuzer (UFSM)
crisfuzerufsm@gmail.com
Profa. Dra. Sara Regina Scotta Cabral (UFSM)
sara.scotta.cabral@gmail.com
Comunicações
ANÁLISE DE MANCHETES DE JORNAIS ONLINE SOBRE O TEMA DO ENEM
SEGUNDO O ENFOQUE DA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL1
Resumo: O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998, com
objetivo de avaliar o ensino e aprendizagem de alunos da Educação Básica brasileira.
Porém, foi somente em 2004 que o ENEM passou a ser usado como recurso de
seleção para o ingresso no Ensino Superior, através dos programas Sistema de
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Seleção Unificada (Sisu) e Programa Universidade para Todos (Prouni). Vinculado ao
Ministério da Educação e Cultura (MEC) e ao Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o ENEM tem ganhado maior
visibilidade desde que se tornou um mecanismo substituto ou adicional de acesso ao
Ensino Superior. Diante do exposto, este artigo tem como objetivo analisar manchetes
sobre o tema da Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2017. Para
a análise dos dados, usou-se como aparato teórico a Linguística Sistêmico-Funcional
(HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014), com foco no Sistema de Transitividade e
Estrutura Temática. O corpus deste estudo é composto por seis manchetes sobre o
tema da Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2017, publicadas
em jornais online. A análise revelou o uso majoritário de Processos Mentais nas
orações analisadas. Por fim, o termo “tema da Redação do Enem de 2017” foi
representado de modo distinto nas seis manchetes.
Palavras-chave: Representações. Tema do Enem. Linguística Sistêmico-Funcional.
1O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES).
Resumo: Este trabalho tem como propósito investigar como recursos de avaliação
contribuem para a construção de representações para o termo “corrupção” no
contexto da Operação Lava Jato. Para isso, toma-se por base os preceitos teóricos
da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), mais
especificamente do subsistema atitude do sistema de avaliatividade (MARTIN;
WHITE, 2005). O corpus da pesquisa é constituído por 20 textos, que têm como
temática a Operação Lava Jato, veiculados na página Observatório da Imprensa e
publicados durante o período de março de 2014 a agosto de 2016. O percurso
metodológico adotado desenvolveu-se em duas etapas: análise contextual e análise
linguística. A primeira etapa consistiu em identificar o contexto de cultura e as variáveis
contextuais que perpassam os textos. A segunda etapa referiu-se à análise linguística,
com o intuito de constatar as representações para o termo “corrupção”, desenvolvida
nos seguintes passos: a) seleção das orações que contêm o termo “corrupção” e seus
referentes; b) análise do sistema de avaliatividade para identificar as representações
avaliativas; c) sistematização e categorização semântica dos resultados. A região
semântica que apresentou maior número de ocorrências é a apreciação (57,8%),
seguida por julgamento (31,2%) e por afeto (10,9%). Quanto às categorias referentes
a esses subsistemas, a predominância foi de apreciação composição (81,08%), de
julgamento sanção social propriedade (90%) e de afeto in/satisfação (57,14). Os
resultados evidenciaram que o fenômeno “corrupção” é representado negativamente
e avaliado como “problemático”, “endêmico” e “escandaloso”.
Palavras-chave: Linguística Sistêmico-Funcional. Avaliatividade. Corrupção.
1O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
48
LER A LINGUÍSTICA: DIDATIZAÇÃO DE TEXTOS CIENTÍFICOS
49
comunicação tem o objetivo de analisar como recursos avaliativos são usados com o
intuito de empoderar sujeitos homossexuais negros. Para isso, adotamos a canção
supracitada como corpus do estudo. O trabalho se embasa nos princípios teórico-
metodológicos da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), especificamente em dois
constructos teóricos, a saber, i) a Análise Positiva do Discurso (APD), proposta por
Martin (2004); e ii) Sistema de Avalitividade, proposto por Martin e White (2005). Por
conta de seu entendimento de linguagem como um recurso para construir significados
sociais, a LSF nos possibilita analisar, por meio do subsistema de atitude do Sistema
de Avaliatividade, como o sujeito lírico da canção constrói avaliações para si,
enquanto uma “bicha preta”. Os resultados nos possibilitam observar que o
subsistema predominante na canção é o de julgamento, o qual nos permite construir
avaliações relacionadas a comportamentos humanos. Outra constatação observada
é de que os julgamentos encontrados no texto são de avaliações, a priori, negativas,
pois são predominantemente empregadas como xingamentos a esses sujeitos.
Todavia, ao serem integradas no discurso do sujeito estigmatizado, essas avaliações
passam a ser ressignificadas e se transformam em recursos linguísticos de
empoderamento, de modo a descaracterizar a ofensa e realocá-la como uma forma
de exaltação.
Palavras-chave: Discurso. Homossexualidade. Raça. LSF.
50
A NATUREZA E O MEIO AMBIENTE EM CORA CORALINA: UM ESTUDO A
PARTIR DO SITEMA DE TRANSITIVIDADE
51
apresentando uma lacuna em relação ao aspecto multimodal dos textos. Nesse
sentido, objetivamos traçar um panorama do estado da arte das pesquisas em
Avaliatividade em gêneros acadêmicos, com destaque aos estudos que abordam a
linguagem visual estática. O desenho metodológico da pesquisa considera três etapas
principais: i) varredura de plataformas indexadoras de teses e dissertações e de
artigos acadêmicos, com vistas à coleta de publicações na área de Linguística e de
Linguística Aplicada que apresentem pesquisas sobre Avaliatividade em gêneros
acadêmicos, publicadas em português, inglês e francês; ii) separação e categorização
das publicações encontradas por tipo de publicação, linguagem enfocada
(verbal/visual), subcategorias estudadas; e iii) análise e cruzamento dos dados. A
partir dos resultados encontrados, esperamos obter fundamentos teóricos e empíricos
para estruturar uma pesquisa sobre Avaliatividade em resumos acadêmicos gráficos
(RAGs), gênero multimodal recorrente em periódicos científicos relevantes de áreas
como Química, Biologia e Engenharias. Nosso interesse pelo RAG advém do fato
desse gênero sumarizar resultados de pesquisas científicas essencialmente com
recursos da linguagem visual estática, visando a estabelecer um canal informativo-
persuasivo com o leitor putativo (FLOREK, 2015; 2018).
Palavras-chave: Estudos em avaliatividade. Linguagem verbal e visual. Gêneros
acadêmicos.
Resumo: Homens e mulheres sempre estiveram em uma batalha dos sexos e como
cada gênero enxerga o amor está em frequente discussão. Quando se trata de
pesquisa científica sobre esse tema, estudos de antropologia e ciências sociais têm
procurado comparar homens e mulheres explorando suas diferenças de crenças e
atitudes no relacionamento (SPRECHER; TORO-MORN, 2002). No entanto, a
emoção também tem uma forte conexão com a linguagem, uma vez que o sistema de
emoção afeta o seu desempenho (BAMBERG, 1997). É através da linguagem que
tentamos nos fazer entender e tentamos entender nossas próprias emoções. As
emoções têm um forte impacto na comunicação, muitas vezes interrompendo e
gerando novas metas e planos, com consequências importantes para a interação
social (SHERER, 2005). O presente trabalho tem como objetivo identificar as
representações de amor verdadeiro feitas por homens e mulheres em uma revista
americana de relacionamentos. Para tal, teve-se como base o Sistema de
Avaliatividade de Martin e White (2005), mais especificamente o subsistema de
Atitude responsável pelos sentimentos e reações das emoções (Categoria de Afeto),
julgamentos de comportamento (Categoria de Julgamento) e avaliações das coisas
(Categoria de Apreciação). Das avaliações identificadas entre os dois gêneros, houve
uma predominância de 44% da Categoria de Afeto por parte dos homens e 38% da
Categoria de Apreciação por parte das mulheres. Considerando as avaliações
linguísticas feitas por ambos os gêneros, pode-se dizer que os resultados vão contra
o senso comum, demonstrando os homens como sujeitos mais sentimentais,
representando o amor de forma mais abstrata, de como ele é sentido, enquanto que
52
as mulheres mostraram-se mais realistas e pragmáticas representando o amor de
forma mais concreta.
Palavras-chave: Amor. Homem x Mulher. Avaliatividade.
53
Simpósio Temático 5
Estudos de fonética e fonologia em língua materna e em língua
estrangeira/adicional
Profa. Dra. Luciene Bassols Brisolara (Universidade Federal do Rio Grande)
lucienebrisolara@furg.br
Profa. Dra. Luciana Pilatti Telles (Universidade Federal do Rio Grande)
lucianapilatti@furg.br
Comunicações
CANCELAMENTO VOCÁLICO DE POSTÔNICAS FINAIS EM PELOTAS (RS):
UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE OS EFETOS DE FREQUÊNCIA
Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar efeitos de frequência sobre o
cancelamento variável das vogais [a, i, u], em posição átona final, em dados de fala
espontânea e controlada do português brasileiro falado na cidade de Pelotas/RS,
conforme podemos observar em caus[a] ~ caus[∅], bas[i] ~ bas[∅], serviç[o] ~
serviç[∅]. Com base na Fonologia de Uso (BYBEE, 2001, 2006, 2010), pretendemos
mostrar que mudanças foneticamente motivadas, como é o caso do cancelamento,
afetam primeiro palavras de maior frequência. Nessa perspectiva, é levado em conta
a variação e o uso, de forma que a frequência com que os itens lexicais são usados
afeta a sua representação mental e a forma fonética das palavras, ocasionando a
variação. A amostra analisada é constituída por 8 informantes (4 homens e 4
mulheres), da cidade de Pelotas/RS, com idades entre 18 e 50 anos e de dois níveis
de escolaridade (até 6 anos e no mínimo 9 anos). Os resultados apontam que na fala
controlada, a taxa geral de aplicação do cancelamento foi de 31%, sendo 53% para a
vogal [i], de 41% para a vogal [u] e de 0,8% para a vogal [a]. Na fala espontânea, o
percentual geral de cancelamento foi de 43%, sendo 19,8% para [a], 50% para [u] e
54
64,6% para [i]. Os resultados, em ambas as amostras, não apontam efeitos claros da
frequência lexical sobre o cancelamento.
Palavras-chave: Cancelamento vocálico; vogais postônicas; frequência de
ocorrência.
55
Objetivos específicos deste estudo são: i) descrever e analisar padrões de
coordenação gestual envolvidos na produção de sílabas CCV, ii) descrever e analisar
padrões de coordenação gestual envolvidos na produção do tap a partir de propostas
como a de Silva et al. (2006) e iii) verificar a produção de outros possíveis tipos de
rótico em CCV. Foram realizadas coletas de dados articulatórios com dois grupos: i)
a criança, que estava adquirindo encontros consonantais e ii) três adultas, as quais
serviram como parâmetro para comparações. A criança realizou coletas longitudinais
ao longo de oito meses, e cada adulta realizou uma única coleta transversal. Os
informantes produziram 11 pares mínimos diferenciados pelo tipo de sílaba inicial,
CCV ou CV (e.g. “prato” e “pato”). Os dados foram coletados com um aparelho de
ultrassom, modelo Mindray DP-6600, dentro de cabine acústica, e o software utilizado
para a gravação e análise das imagens articulatórias foi o Articulate Assistant
Advanced (AAA). A inspeção articulatória evidenciou taps realizados unicamente com
gesto de ponta de língua, apresentando uma coordenação gestual ainda em processo
de estabilização. A análise estatística de contornos de língua das porções vocálicas
antes de e após o rótico não mostraram diferenças significativas. Isso indica que
elemento vocálico e vogal-núcleo seriam, na verdade, a mesma vogal, eclipsada pelo
tap, ao invés de entrecortada. Ainda, os dados articulatórios revelaram a produção de
tipos alternativos de rótico em CCV, como retroflexo, vibrante e aproximante.
Palavras-chave: Aquisição fonético-fonológica; Fonologia Articulatória; Encontros
consonantais; Rótico; Ultrassonografia.
56
entre os tipos de afixos, seguido da qualidade vocálica e, por fim, da intensidade. Na
etapa atual, investigamos se a interação entre esses fatores pode dar indícios da
classificação morfológica proposta.
Palavras-chave: afixação; acento; análise acústica.
57
português. No que toca o sistema do português, partimos dos resultados obtidos no
estudo realizado por Schwindt (2018), observando-se posteriormente as semelhanças
entre as duas línguas. Essa comparação é licenciada pela crença de que o português
e o francês são sistemas que comportam atribuição formal de gênero gramatical
(CORBETT, 1991).
A partir de resultados obtidos em pesquisas quantitativas que analisam os
substantivos que ocorrem nas línguas utilizando um corpus de fala de língua
portuguesa (VARSUL) e um de língua francesa (CFPP 2000) que se utilizam de
entrevistas realizadas conforme o protocolo de entrevistas sociolinguísticas, que nos
ajudam a obter dados fieis à fala real (TARALLO, 2007), observam-se similaridades
quanto à atribuição de gênero em ambas as línguas. Os aspectos que as aproximam
comparativamente relacionam-se à correlação de gênero e segmento fonológico de
final de palavra, à distribuição relativamente equilibrada de gênero na fala cotidiana,
ao comportamento dos empréstimos (com a preferência de atribuição de gênero
masculino em ambas as línguas) e à distribuição de gênero em relação aos traços de
animacidade e de correspondência com sexo dos substantivos (também
predominando o masculino nessas duas categorias em ambas as línguas). Esses
resultados similares, bem como a comparação entre línguas neolatinas, nos ajudam
a verificar os aspectos não aleatórios de atribuição de gênero aos substantivos em
francês e em português, isto é, indicam a sua predizibilidade. Tal comparação também
fornece subsídios ao ensino de português como língua estrangeira para falantes de
línguas que contenham ou não a categoria gramatical de gênero.
Palavras-chave: Gênero gramatical, português, francês, atribuição de gênero.
58
de vogais nasais, comparados aos brasileiros, o que pode ser atribuído ao fato de o
fenômeno ter caráter estritamente alofônico naquela língua. Os índices encontrados
nos testes foram analisados e formalizados com o suporte da Teoria da Otimidade
Estocástica, como parte do Modelo de Processamento Bidirecional – BiPhon
(BOERSMA, 2006, 2007, 2008; BOERSMA & HAMANN, 2009), de modo a expressar
a articulação entre restrições de pista e de estrutura que operam na gramática dos
falantes nativos de espanhol e na gramática dos brasileiros aprendizes dessa língua.
Palavras-chave: percepção; nasalização da vogal /a/ do espanhol; Teoria da
Otimidade Estocástica; Modelo de Processamento Bidirecional.
59
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE PRONÚNCIA DA LÍNGUA INGLESA PARA
BRASILEIROS
Resumo: O inglês consolida-se cada vez mais como língua global no mundo ao
superar o número de falantes nativos em relação ao de não-nativos, já que esses a
usam principalmente como meio de acesso a recursos educacionais, tecnológicos,
culturais e científicos (BARBOSA, 2011; CRUZ & MONTEIRO, 2009; CRYSTAL, 1997;
GRADDOL, 1997; JENKINS 2000, 2002; RAMOS, 2014). Desta maneira, fica evidente
a real necessidade do ensino de inglês como língua internacional em todos seus
aspectos formais, assim como a grande relevância do ensino de pronúncia, devendo
ser praticada de forma sistemática e significativa, já que essa habilidade acaba sendo
muitas vezes pouco explorada por professores (BARRETO & ALVES, 2012). Segundo
Bauer & Alves (2011), a relevância do ensino de pronúncia para brasileiros diz
respeito, sobretudo, aos aspectos fonético-fonológicos, os quais têm por objetivo
determinar quais desafios linguísticos esses aprendizes precisam estar conscientes,
e que necessitam estar inseridos em nosso contexto de uso, pois o principal objetivo
nas práticas de pronúncia, segundo Celce-Murcia et al. (2010), é aperfeiçoar a
comunicabilidade e a inteligibilidade dos aprendizes. Nesse sentido, seguindo-se
Crystal (1997) e Jenkins (2000), neste trabalho, propomos realizar uma reflexão sobre
o ensino de inglês como língua franca, o qual tem como principal objetivo permitir que
falantes de diferentes nacionalidades sejam capazes de se tornarem inteligíveis,
principalmente no que diz respeito às interações globalizadas em que a língua inglesa
seja provável de ser utilizada (BECKER & KLUGE (2014)). Almejamos, em especial,
ponderar sobre quais aspectos relacionados à pronúncia do inglês como língua franca
devem ser ensinados a aprendizes brasileiros, o que proporcionará uma discussão
importante para os docentes de inglês no Brasil.
Palavras-Chave: Inglês, Lingua Franca, inteligibilidade, comunicabilidade
60
objetivo investigar os efeitos da instrução explícita, com o uso do ultrassom, na
aquisição desse segmento por três estudantes do segundo semestre do curso de
Licenciatura em Letras Português/Inglês. As alunas, submetidas a três sessões de
instrução explícita, realizaram exercícios articulatórios, utilizando um aparelho de
ultrassom modelo Chison Eco-Vet1. Foram realizadas coletas acústico-articulatórias
em uma cabine acústica, fazendo-se uso de um ultrassom modelo Mindray DP-6600
e do programa computacional Articulate Assistant Advanced (AAA). A primeira coleta,
denominada pré-teste, ocorreu anterior às sessões de instrução explícita. Também
foram realizadas coletas após a primeira e a terceira sessão, que foram seguidas por
uma coleta de retenção, um mês após as instruções. Os resultados indiciam o papel
da ferramenta metodológica, considerando-se o aprimoramento gestual na realização
do segmento retroflexo quando comparados os dados do pré-teste aos dados das
demais coletas, realizadas após as sessões de instrução explícita.
Palavras-chave: ultrassom, retroflexo, instrução explícita, inglês.
Déborah Salves*
Paolla Wanglon*
61
perspectivas sobre o conceito de compreensibilidade, focando não somente na
interação entre falante e ouvinte, mas também nas experiências linguísticas às quais
os participantes foram expostos.
Palavras-chave: compreensibilidade, inteligibilidade, familiaridade, Sistemas
Dinâmicos Complexos.
* Ambas as autoras são mestrandas em Psicolinguística da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a
orientação do Professor Dr. Ubiratã Kickhöfel Alves.
62
Simpósio Temático 6
Literaturas das américas: abordagens contemporâneas e perspectivas no
ensino e na pesquisa
Profa. Dra. Cátia Goulart (UNIPAMPA)
catiadgoulart@gmail.com
Profa. Dra. Eleonora Frenkel (FURG)
eleonora.frenkel@gmail.com
63
Comunicações
64
relacionadas, ou seja, desde que a escolarização obrigatória passa a vigorar, ou
mesmo antes. Leitura e formação do leitor estão desde sempre relacionados. Porém,
deve-se estar atento, já que não é tarefa das mais simples dissociar leitura na escola
do didatismo. No entanto, se os estudos que têm por objeto a formação do leitor que
se deseja são abundantes, desde aqueles que tratam do percurso histórico-social
dessa relação, aos que teorizam sobre o assunto, ou dão conta do resultado das
observações feitas e dos métodos a serem aplicados, talvez faltem estudos voltados
para a formação daquele que vai mediar esse processo, em geral o professor. E é
essa a questão que se pretende abordar aqui, como proposta de reflexão: como
formar formadores de leitores no sentido estrito da palavra, um amante da palavra
escrita, um leitor crítico e competente, e, nesse sentido, qual o papel da Universidade
nesse processo.
65
ano de 1912 quando chegou à capital Buenos Aires, onde permaneceu e publicou
seus sete livros de poemas – La inquietud del rosal (1916), El dulce daño (1918),
Irremediablemente (1919), Languidez (1920), Ocre (1925), Mundo de siete pozos
(1934) e Mascarilla y trébol (1938) – contribuiu com ensaios e poemas para revistas e
suplementos literários de periódicos e escreveu peças de teatro; em 1938, após enviar
seu último poema ao diário La Nación, a poeta cometeu suicídio em Mar del Plata, na
Argentina. A leitura topoanalítica de “Versos a la tristeza de Buenos Aires” tem como
base teórica A poética do espaço (1957), de Gaston Bachelard, bem como as demais
obras que integram seus estudos sobre a fenomenologia da imaginação: A psicanálise
do fogo (1938), A água e os sonhos (1942), O ar e os sonhos (1943), A terra e os
devaneios da vontade (1948), A terra e os devaneios do repouso (1948) e A poética
do devaneio (1960). No poema de Alfonsina Storni, as ruas de Buenos Aires são
qualificadas como “tristes”, possuem uma coloração acinzentada devido às fachadas
dos prédios e o asfalto; este aspecto das ruas “apagaram” os sonhos da juventude do
eu-lírico que deixa explícito seu sentimento de “morte em vida”, pois, ao vagar pelas
ruas da cidade, sentia-se enterrado. Estes traços atribuídos à cidade, bem como o
sentimento do eu-lírico, permitem concluir que o espaço urbano é comparado a um
túmulo, o que também é revelador da melancolia do eu-lírico.
Resumo: Esta comunicação parte de alguns temas levantados por Ana Pizarro, e
diversos críticos literários, e sistematizados em Literatura latinoamericana como
processo (1985). O primeiro deles se refere ao próprio conceito de literatura latino-
americana, que não se restringe ao marco linguístico e, portanto, não se confunde
com a noção de literatura hispano-americana. Já em 1940, Henriquez Ureña incluía
considerações sobre a literatura brasileira em Las corrientes literarias en la América
Hispánica. A problemática se amplia ao pensar que o conceito não se restringe nem
mesmo à literatura escrita em línguas latinas no continente americano, pois estão as
línguas originárias a serem consideradas. O que nos leva à outra questão fundamental
que é o lugar das textualidades ameríndias nas historiografias literárias latino-
americanas, que tendem a colocá-las na posição de antecedente, ou seja,
manifestações que ocorrem antes da chegada dos conquistadores e logo
desaparecem como problema teórico, pois o referente passa a ser a literatura
canônica culta. Ao longo do século XX, pensadores como Carlos Mariátegui e Haya
de la Torre reivindicaram a noção de Indoamérica, enquanto Fernando Ortiz levantou
a de Afroamérica, ambas a fim de dar conta da pluralidade cultural e dos
atravessamentos que constituem a literatura e a arte nas Américas, que compartilham,
de modo desigual, a condição colonial. O que nos interessa pensar é como se
perpetua nos currículos de letras uma concepção de história da literatura onde as
culturas e textualidades originárias desaparecem e prevalece o referencial peninsular;
em oposição a inúmeros exemplos do barroco ao século XXI, passando pelo
modernismo e pelas vanguardas, onde o hibridismo e a apropriação crítica da tradição
se fazem marcas da arte de contraconquista (diria Lezama Lima nos idos de 1950) e
de um profundo processo de descolonização.
66
LENDO COM A PELE: PARA UMA POÉTICA DA BRANQUITUDE
Resumo: Durante los primeros siglos de la conquista española, hubo una efectiva
labor en sentido de convertir a los indígenas en practicantes de la fe católica. Frente
a la permanencia de las antiguas costumbres y de rituales, los doctrineros decidieron
erradicar, a través de la represión, todos los ídolos y dioses autóctonos, lo que generó,
en el siglo XVII, campañas de extirpación de idolatrías. Esta ponencia presenta la
trayectoria de esa persecución en el ámbito andino peruano, subrayando las formas
de supervivencia de las tradiciones de cada uno de los ayllu. Uno de los modos de
rememorar estos eventos, además de identificarlos como vivos en la cultura popular,
se halla en la literatura. Así, este estudio extiende su mirada hacia recientes narrativas
literarias andino peruanas, destacando escritores que, además de ofrecer a sus
lectores su propia lectura de creencias que sobreviven al paso del tiempo, abordan un
simbolismo donde la fe se define a través del sincretismo religioso entre lo pagano y
la cristiandad. Para tanto, es igualmente necesario subrayar el encuentro siempre
tensional y traumático entre los Andes y Occidente, amén de la incomunicación
permanente en “un país escindido en dos mundos, dos lenguas, dos culturas, dos
tradiciones históricas” (Vargas Llosa 1996:13).
67
TRADUZIR O CARIBE: O TRADUTOR NA ENCRUZILHADA DE LÍNGUAS E
CULTURAS
Resumo: Uma entrevista recente da escritora haitiana Yanick Lahens traz o título
«Haïti peut s'écrire désormais envers et contre tout en plusieurs langues». Pelo fato
das migrações mas também de seu meio-ambiente linguístico no qual coabitam o
crioulo, o francês, o inglês e o espanhol. Edouard Glissant, escritor e filósofo
martiniquense dizia que o escritor de hoje escreve na presença de todas as línguas
do mundo. De modo que o tradutor de um texto literário das Antilhas francófonas, não
pode ignorar que sob o francês falam outras línguas. Jacques Derrida, em Le
Monolinguisme de l'autre, estabelece um diálogo com o escritor marroquino
Abdelkébir Khatibi sobre a situação do escritor francófono do Magreb que, ao
escrever, se vê confrontado a várias línguas e culturas em um contexto (pós)colonial.
Neste sentido, o trabalho do tradutor que se debruça sobre os textos do Haiti e das
Antilhas francófonas, como também do Magreb, não pode ignorar o «contato (violento)
de línguas e civilizações» o processo de Créolisation et de Marronnage (cf. Edouard
Glissant), a oralidade e a diglossia, as várias textualidades que os caracterizam.
Nossa proposta é de pensar a tradução a partir desta problemática e dos conceitos
de Créolisation e de Relation de Edouard Glissant, o que nos traria uma perspectiva
na qual a tradução torna-se um processo de criação.
Resumo: O presente trabalho faz parte de uma pesquisa pessoal sobre literatura afro
feminina que envolve várias escritoras negras que desenvolvem narrativas de
resistência, a partir de personagens e símbolos de suas próprias memórias.
Resistência, segundo Alfredo Bosi (2002), “é um conceito originariamente ético, e não
estético. O seu sentido mais profundo apela para a força da vontade que resiste a
outra força exterior ao sujeito. Resistir é opor a força própria à força alheia.” Nesse
sentido, a escrita literária feminina negra é vista como uma escrita de resistência.
Estas produções literárias femininas de autoria negra abordam uma temática diferente
sobre afro-descendência e o pensamento das autoras sobre o espaço em que elas
estão inseridas, que também questiona e rasura os estereótipos da mulher negra na
sociedade. Neste trabalho serão apresentadas as obras de autoras afro-brasileiras:
como Djamila Ribeiro, Zeli de Oliveira Barbosa, Carolina Maria de Jesus e Lilian
Rocha; uma autora afro-cubana Teresa Cárdenas e autoras afro-americanas Angela
Davis e Bell Hooks. Os textos das mesmas variam entre contos, poemas, crônicas e
outros gêneros. Assim, haverá um breve panorama literário das escritas destas
autoras negras. Uma das justificativas para esta pesquisa é a falta de formação para
professores na área de literatura - afro que possuem interesse neste conteúdo, afinal
a Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade da temática “História e cultura
Afrobrasileira” no currículo oficial da rede de ensino.
68
Simpósio Temático 7
A compreensão e/ou tradução do francês para o português: questões
teóricas ou práticas
Prof. Dr. Robert Ponge (UFRGS)
r.ponge@ufrgs.br
Profa. Dra. Gabriela Jardim da Silva (FURG)
gabriela.jardim@furg.br
Comunicações
O RECURSO AO HIPÉRBATO NA TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS DE UMA
SELEÇÃO DE POEMAS DA OBRA DÉBARCADÈRES, DE JULES SUPERVIELLE
69
Faleiros (2015), os tradutores brasileiros desenvolveram, no decorrer do século XX,
uma tendência em privilegiar os aspectos formais mais evidentes, como a métrica e a
rima, na reconstituição dos poemas em português. Mário Laranjeira (1993) já
observava que não se pode separar a forma do fundo e que toda tradução poética
supõe uma visão dialética do texto, reconhecendo oposições apenas a partir de uma
unidade final. Tal posição guia as escolhas feitas no meu trabalho tradutório em
andamento, do qual destacarei o recorrente recurso ao hipérbato, figura de estilo que
consiste em inverter ou transpor a ordem normal das palavras na oração. Expondo
algumas soluções provisórias para os poemas de Débarcadères em português, irei
propor um balanço sobre as características formais e semânticas produzidas na
utilização do hipérbato, de que maneira essa figura de estilo auxiliou no esforço de
equilibrar a forma e o fundo, as estéticas moderna e clássica na tradução. Por fim, irei
apontar o que pode ter sido deslocado e preservado em relação ao texto original.
Palavras-chave: Tradução; Poesia; Francês; Hipérbato; Supervielle.
70
DUAS DIFICULDADES DE COMPREENSÃO E/OU DE TRADUÇÃO NO
DISCURSO LITERÁRIO: ALGUNS EXEMPLOS EXTRAÍDOS DA TRADUÇÃO DE
MELMOTH RÉCONCILIÉ, DE HONORÉ DE BALZAC
71
um estudo de algumas dificuldades encontradas durante o processo de tradução para
o português do Brasil (PB), suas respectivas tipologias e soluções práticas. A
metodologia deste trabalho é bibliográfica. Quanto ao embasamento teórico,
utilizamos a noção de tradução de Jean Dubois (2002, p. 486) e, por dificuldade de
tradução e/ou compreensão, entendemos palavras, locuções ou construções do
francês que se apresentam ao estudante, professor ou tradutor dessa língua como
problemas, obstáculos ou armadilhas, originadas das diferenças ou semelhanças
entre os dois idiomas (Rónai, 1976A, 1976B; Portinho, 1984; Durieux, 1999). Durante
o processo de tradução de Sartre, foram encontradas e apontadas dificuldades tanto
de natureza lexical, quanto sintática. Nesta comunicação, apresentaremos,
primeiramente, o projeto sobre as dificuldades de compreensão e/ou tradução
anteriormente mencionado e seus objetivos. Em seguida, iremos examinar dois
trechos da obra que contenham duas construções cuja tradução em português
costuma ser problemática para lusófonos brasileiros: os pronomes pessoais e os
pronomes complemento de objeto direto (Grevisse, 1961; Charaudeau, 1992). Em
seguida, investigaremos a tipologia dessas dificuldades de acordo com o artigo
“Traduction” (1972), de Georges Mounin. Após apresentarmos as soluções
encontradas para cada um dos trechos selecionados, encerraremos com alguns
elementos de síntese do percurso de investigação.
Palavras-chave: tradução francês-português; dificuldades de compreensão e/ou de
tradução; tipologia das dificuldades.
Resumo: L'entretien récent de l'écrivaine haïtienne Yanick Lahens porte le titre «Haïti
peut s'écrire désormais envers et contre tout en plusieurs langues». Et cela du fait de
l'immigration, mais également de son environnement linguistique où cohabitent le
créole, le français, l'anglais et l'espagnol. Déjà, l'écrivain et philosophe martiniquais
Edouard Glissant affirme, dans ses écrits, que l'écrivain aujourd'hui écrit dans la
présence de toutes les langues du monde. Pour l'écrivain Raphaël Confiant,
également Martiniquais, le traducteur d'un texte littéraire francophone des Antilles-
Guyane ne peut pas ignorer que sous le français parle une autre langue, le créole.
Dans l'essai «Le Monolinguisme de l'autre», Jacques Derrida établit un dialogue avec
Abdelkébir Khatibi où il est question de l'écrivain francophone arabe, berbère, juif
d'Algérie face à plusieurs langues et cultures dans un contexte (pos)colonial. Dans ce
sens, le travail du traducteur ne peut pas ignorer «le contact (violent) des langues et
des civilisations», la Créolisation (cf. Edouard Glissant), le marronage, l'oralité et la
diglossie, caractérisant les œuvres de la Caraïbe et de l'Afrique francophones. Partant
de l'affirmation de Confiant, selon laquelle il y aurait une «activité traductive» qui
traverse l'écriture antillaise, nous voulons, abord, interroger cette «activité traductive»
dont certains procédés à l'oeuvre dans les textes des écrivains haïtiens, martiniquais,
guadeloupéens, seraient les gloses, les notes explicatives en bas de page, le glossaire
à la fin du livre, et puis de réfléchir sur le travail du traducteur qui prend le défi de
traduire des œuvres de ces écrivains francophones «à la croisée des langues et
72
cultures». Nous pensons au Cahier de retour au pays natal, d'Aimé Césaire, à
Gouverneurs de la Rosée et à la Montagne ensorcelée, de Jacques Roumain, à La
famille Pitite-Caille et Zoune chez sa Ninnaine, de Justin L'Hérisson, aux œuvres de
Frankétienne, à l'oeuvre de Patrick Chamoiseau dont les écritures sont traversées par
le créole.
Mots-clés: Écritures ; Antilles francophones ; français ; créole ; «activité traductive».
73
abordagem de ensino-aprendizagem é determinada pelos objetivos de ensino-
aprendizagem e pelo público específico a quem se refere. A tendência contemporânea
de uma abordagem eclética (ROUX, 2014) precisa ser analisada com cuidado, pois
não se trata de aplicar de forma pragmática diferentes exercícios e atividades com
diferentes orientações metodológicas aleatória como alertam Robert , Rosen e
Reinhardt (2011). O conteúdo do QCERL (Quadro Europeu de Referências para
Línguas, 2001) orienta os professores de línguas europeias quanto à complexidade
do tratamento didático das diferentes competências de produção oral e escrita
conforme os seis níveis de competência, o que pode, sem dúvida, contribuir para
determinar a construção de sequências didáticas e práticas adequadas (CICUREL,
2011 e TAGLIANTE, 2006). Além disso, o contexto de ensino-aprendizagem vai
determinar a escolha de exercícios, atividades e tarefas adequadas a propor (CÈBE,
SERGE e THOMAZET, 2017). No contexto acadêmico de um curso de Letras, é
preciso refletir sobre a complexidade das ações do professor de FLE que prepara seus
alunos para diferentes tarefas: compreender para leitura de textos literários e não
literários, ler e compreender para traduzir por escrito ou para interpretar, além das
possibilidades de interação em situações de internacionalização (ALBUQUERQUE-
COSTA, 2016) com especialistas seja da tradução, da literatura ou da didática de
línguas.
Palavras-chave: FLE; competências de compreensão; abordagens; QERL; contexto
universitário.
74
(subtipos)? A partir dessas respostas, podem aparecer outras perguntas e reflexões,
em particular sobre a pertinência ou adequação da terminologia de Rónai. Dessa
forma, num primeiro momento desta comunicação, o projeto de pesquisa e o TCC
citados anteriormente serão apresentados brevemente. A seguir, será priorizada a
análise da metáfora, da imagem e dos usos figurados enquanto dificuldades de
compreensão e/ou tradução, tentando-se responder às questões levantadas acima,
objetivando oferecer esclarecimentos e contribuições aos estudos das dificuldades de
compreensão e/ou tradução. Como conclusão, o trabalho fornecerá alguns elementos
de síntese.
Palavras-chave: metáfora; imagem; usos figurados; dificuldades de compreensão
e/ou tradução.
75
Simpósio temático 8
Aquisição fonético-fonológica
Giovana Ferreira Gonçalves (UFPel)
giovanaferreiragoncalves@gmail.com
Mirian Rose Brum de Paula (UFPel)
brumdepaula@yahoo.fr
Comunicações
76
para a gravação e análise das imagens articulatórias foi o Articulate Assistant
Advanced (AAA). A inspeção articulatória evidenciou taps realizados unicamente com
gesto de ponta de língua, apresentando uma coordenação gestual ainda em processo
de estabilização. A análise estatística de contornos de língua das porções vocálicas
antes de e após o rótico não mostraram diferenças significativas. Isso indica que
elemento vocálico e vogal-núcleo seriam, na verdade, a mesma vogal, eclipsada pelo
tap, ao invés de entrecortada. Ainda, os dados articulatórios revelaram a produção de
tipos alternativos de rótico em CCV, como retroflexo, vibrante e aproximante.
Palavras-chave: Aquisição fonético-fonológica; Fonologia Articulatória; Encontros
consonantais; Rótico; Ultrassonografia.
77
A INFLUÊNCIA DA DURAÇÃO NA AQUISIÇÃO DAS VOGAIS NASAIS
FRANCESAS
Resumo: Neste trabalho, analisou-se a aquisição das vogais [ɛ]̃ , [ã] e [ɔ̃] por
aprendizes brasileiras de Francês (FR) como língua estrangeira - de um curso de
licenciatura em Letras Português/Francês - no que diz respeito à duração desses
segmentos. Foram coletados os dados de dezesseis informantes: oito aprendizes de
FR (3º, 5º e 7º semestres), quatro nativas de FR e quatro do PB. Foram utilizados um
computador de mesa e um gravador digital modelo Zoom H4N. O instrumento de
coleta consistiu em um teste de produção de logatomas em frase-veículo. O controle
da constituição do corpus se deu pela tonicidade – vogais em sílaba tônica – e pelo
contexto – vogais antecedidas por plosivas surdas. Os dados foram analisados
acusticamente no software PRAAT (versão 6.0.20) e estatisticamente no software
SPSS STATISTICS (versão 17.0), em relação às medidas de duração das vogais
produzidas. Quanto às nasais, nota-se médias superiores nos dados das nativas do
português quando comparados aos das nativas do francês. A fase nasal das vogais é
mais longa no FR, porém, o murmúrio do PB tem maior duração, o que define o status
de vogais mais longas nessa língua. Estatisticamente, quanto aos dados das
aprendizes e das nativas de francês, constata-se diferenças significativas e
marginalmente significativas para as médias gerais de duração das vogais [ã] e [ɔ̃], ou
seja, apresentam médias mais elevadas para essas vogais. Comparando as médias
de duração da fase nasal das vogais do francês das aprendizes e das nativas, foi
constatada diferença marginalmente significativa para a duração relativa de [ɔ̃],
superior para as nativas, indicando que o nível de acurácia das aprendizes é alto. As
principais diferenças entre as línguas estudadas concernem a duração dos segmentos
vocálicos e suas fases, tanto para nativas quanto para aprendizes. A diferente
organização gestual para essas duas línguas condiciona essas disparidades na
duração.
Palavras-chave: aquisição de língua estrangeira; vogais nasais; francês; duração.
78
falantes nativas do português brasileiro (PB) como única língua materna (L1) e
igualmente estudantes do francês LA. A análise dos dados, realizada por meio de
metodologia individual, foi concebida à luz dos Sistemas Adaptativos Complexos
(SAC) (LARSEN-FREEMAN, 1997; DE BOT et al., 2007; LARSEN-FREEMAN e
CAMERON, 2008; ELLIS e LARSEN-FREEMAN, 2009) e da Fonologia Gestual
(BROWMAN e GOLDSTEIN, 1988, 1989, 1992; ALBANO, 1990, 2001). A presente
investigação apresenta os valores formânticos brutos de F1, F2 e F3 das 451 próteses
vocálicas realizadas durante a leitura de 1296 frases-veículo. Os resultados apontam
a existência de fones vocálicos híbridos quanto à sua qualidade: média-alta anterior
observada no PB, porém com arredondamento bilabial parcial recorrente no francês.
Isso demonstra que o repertório fonológico das informantes da presente pesquisa
parece não refletir fielmente à L1, corroborando trabalhos presentes na literatura
alinhada aos SAC. Legitima-se, por fim, a dinamicidade, a imprevisibilidade e a não
linearidade da linguagem postuladas pelo paradigma da complexidade no
desenvolvimento de LA.
Palavras-chave: Prótese vocálica; Sistemas Adaptativos Complexos; francês como
língua adicional (LA/L2/LE).
79
F2 de transição e a duração desses segmentos e (ii) definindo padrões
ultrassonográficos típicos e gradientes dos sons fricativos.
Palavras-chave: fricativas; análise acústico-articulatória; amostra ultrassonográfica.
Resumo: O presente estudo tem por objetivo verificar o papel da instrução explícita,
por meio de atividades de percepção, no processo de aquisição das vogais médias do
Espanhol por falantes do português brasileiro (ELE). Para isso, foram realizadas
gravações de fala de 12 alunas de um curso de Licenciatura em Letras Português
Espanhol (seis do 2º semestre e seis do 6º), para formarem o grupo-experimental da
pesquisa. A pesquisa incluiu ainda um grupo controle, composto por três nativas
uruguaias, da cidade de Montevidéu. Para os instrumentos de coleta de percepção e
de produção, foram selecionadas 72 palavras, dissílabas, em que a vogal de análise
estivesse em posição tônica. Foram considerados cinco diferentes contextos de
abertura e fechamentos dessas vogais, com base em Navarro Tomás (2004). Com o
grupo controle, foram realizados três testes: pré-teste, pós-teste (após a instrução
explícita) e teste de retenção (dois meses após o último teste realizado). Os testes
contavam com a leitura de frases veículo e a realização de um teste de percepção,
que foi elaborado por meio do software TP. Os dados de produção foram analisados
com a utilização do programa PRAAT, extraindo-se os valores dos dois primeiros
formantes do ponto médio de cada vogal, em cada uma das três etapas de coleta. A
análise estatística foi realizada pelo programa SPSS Statistics, versão 17.0. Os
resultados obtidos demonstram, nos testes de percepção, avanços significativos no
total de acertos de identificação das vogais pelas aprendizes, comprovando, assim, o
papel da instrução explícita, por meio de atividades de percepção, no processo de
aquisição do Espanhol como L2.
Palavras-chave: vogais médias; instrução explícita; Espanhol; percepção.
80
concerne à aquisição de línguas estrangeiras (TEIXEIRA, FERREIRA-GONÇALVES
E BRUM-DE-PAULA, 2017). Para a presente pesquisa, foram selecionados cinco
informantes do sexo feminino, graduandas do primeiro e sétimo semestres do curso
de Letras-Português/Espanhol. As informantes, foram, então, submetidas a três
sessões de instrução explícita, as quais continham exercícios articulatórios que eram
executados com o auxílio do ultrassom. A partir da ultrassonografia, o aluno conseguia
acompanhar em tempo real os gestos articulados na produção da lateral nos diversos
contextos propostos nas atividades. A coleta de dados foi dividida em quatro etapas:
pré-teste, pós-teste, teste de retenção e uma coleta-controle em Língua Portuguesa.
Os instrumentos contavam com 19 palavra –repetidas seis vezes para os testes em
espanhol e três para o teste em português –, que continham a lateral pós-vocálica nos
contextos de sílaba tônica e átona, medial e final. Os resultados acústicos apontaram
uma produção mais alveolarizada e com menor duração para as informantes do
sétimo semestre, tanto no pré-teste quanto nos pós-teste. Após a realização da
primeira instrução explícita, observou-se um aumento expressivo na duração do
segmento lateral, sugerindo uma produção não automatizada pelas informantes; já
após a última instrução explícita, os valores de duração diminuíram, indicando,
portanto, a sistematização do segmento lateral na produção dos sujeitos. Assim, a
realização de instruções explícitas, por meio da ultrassonografia, indicia um
aprimoramento do gesto articulatório alveolar da lateral pós-vocálica, tanto para o
aprendiz do primeiro quanto para o aprendiz do sétimo semestre.
Palavras-chave: lateral pós-vocálica; ultrassonografia; instrução explícita; aquisição
de ELE.
81
pesquisas que aplicam o ultrassom ao ensino/aquisição de L2 em âmbito nacional e
internacional.
Palavras-chave: ultrassom; instrução explícita; articulação; aquisição; segunda
língua.
82
Simpósio temático 10
Socializando a leitura: práticas de língua e literatura
Comunicações
CAMINHOS DO SABER: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
83
USO DE GÊNEROS TEXTUAIS: INTERVENÇÃO À LUZ DA TEORIA HISTÓRICO-
CULTURAL PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM
Resumo: O trabalho com gêneros textuais não é atual, mas só passou a ser
efetivamente utilizado com a implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais
em 1998. Preconizado, no momento, pela BNCC, expande-se e sugere que novos
gêneros sejam incorporados às aulas, principalmente “aqueles alinhados às mídias
eletrônicas ou tecnológicas”. É inegável, diante dessa revolução tecnológica, o
bombardeio de textos verbais, visuais e, principalmente, sincréticos. Assim sendo, o
modo de leitura não pode mais ser o mesmo, ou seja, não se pode mais “pensar em
textos como relativamente fixos e estáveis, [...] eles estão se tornando cada vez mais
multimodais e interativos” (BARTON e LEE, 2015, p.31). Neste trabalho, de natureza
qualitativa, de caráter intervencionista (DAMIANI, 2012; DAMIANI et al, 2013),
amparado pelos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural (VYGOTSKI, 2009; 1998),
apresentam-se os resultados de uma intervenção pedagógica que implementou e
avaliou uma prática pedagógica com o uso de gêneros textuais, na disciplina de
Língua Portuguesa, na 8ª série/9º ano, do Ensino Fundamental, de uma Escola
Pública da cidade de Pelotas, com o objetivo de estimular a leitura de textos literários.
Os achados da pesquisa sugerem sucesso na intervenção como uma estratégia
positiva, contribuindo para a tomada de consciência por parte dos participantes,
acerca dos conceitos trabalhados, estimulando a leitura de textos literários, gerando
desenvolvimento mental nesses participantes. Destaca-se, assim, a importância
dessa materialidade no processo ensino-aprendizagem, constituindo-se uma forma
de transformar o ensino tradicional da Língua Portuguesa. Para Marcuschi (2008, p.
62), “a escola não pode passar à margem de [novos gêneros] sob pena de não estar
situada na nova realidade dos usos linguísticos”.
Palavras-chave: Gênero textual; Intervenção pedagógica; Teoria Histórico-Cultural.
84
afetado pelo ato de leitura e produção textual ofertado pela escola, desenvolveu-se,
com estudantes da 8ª série/9ºano do Ensino Fundamental, de uma escola pública
municipal da cidade de Pelotas, um trabalho de tradução do texto biográfico para um
texto sincrético – uma história em quadrinhos (HQ), produzida com base em um
aplicativo web, a fim de observar os efeitos de sentido produzidos a partir de tal
elaboração. Com o objeto de estudo em mãos – as traduções intersemióticas – nosso
objetivo, neste trabalho, é apresentar uma breve análise, dando prioridade a alguns
conceitos dos pressupostos teórico-metodológicos da Semiótica Discursiva de
Greimas e seus colaboradores (BARROS, 2011; FIORIN, 2013; FLOCH, 1985;
OLIVEIRA, 2009; TEIXEIRA, 2010), por ser uma metodologia que se encarrega de
analisar o sentido do texto e, também, por ser uma teoria que procura investigar
diferentes linguagens e conhecer a maneira pela qual o sentido do texto é construído.
Palavras-chave: Histórias em Quadrinhos; Texto sincrético; Traduções
intersemióticas; Mídias digitais.
85
A LEITURA ENQUANTO PRÁTICA DE ENSINO NO PROGRAMA RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA NA UNIPAMPA: FORMAÇÃO DOCENTE NO HORIZONTE DA
INOVAÇÃO PEDAGÓGICA
Resumo: O educador Paulo Freire (2013) nos ensina que, no contexto da prática
docente cidadã, o educador democrático não pode fugir do dever de reforçar a
capacidade crítica dos educandos, através do estímulo à curiosidade – fator que, por
sua vez, conduz a uma postura de insubmissão diante da sociedade opressora em
que vivemos. Para o filósofo Humberto Maturana (2014, 2009), o conversar é
instrumento pelo qual linguagem e emoção se entrelaçam, sendo a escola um local
privilegiado para que distintas redes de conversação se entrecruzem e, por
86
conseguinte, os sujeitos possam se transformar, progressiva e espontaneamente.
Assim, trazendo as reflexões desses dois autores para o campo das discussões
acerca do ensino de literatura, a prática do professor necessita estar engajada com
um projeto que vise à formação do leitor crítico, aquele capaz de atuar como
protagonista de seu próprio aprender, graças à interação efetiva com a palavra literária
e com os diversos sentimentos, saberes e discursos que a partir dela emanam. Nesse
sentido, a inclusão dos livros didáticos nas aulas de literatura requer um planejamento
bastante criterioso, a fim de que as atividades propostas para a recepção dos textos
literários não acabem por conduzir os estudantes à mera reprodução de conceitos
teóricos. Então, no presente trabalho, dedico-me a analisar a proposta metodológica
de dois livros didáticos de literatura (Seleta em Prosa e Verso, de Alfredo Clemente
Pinto [1884], e Novas Palavras, de Emília Amaral et alli [2016]), centrando meu olhar
nas lições acerca da produção do escritor brasileiro Olavo Bilac. Para isso, utilizarei
como aporte teórico os saberes de autores como Compagnon (2014), Cosson (2014),
Dalvi (2013), Lajolo (2008), Malard (1985), Pinheiro (2000), Yunes (2005) e Zilberman
(2016), dentre outros.
Palavras-chave: Literatura. Ensino. Livro didático. Formação leitora. Criticidade.
87
alonga na inteligência do mundo", (FREIRE, 2001, p. 11). Essa é a proposta que o
Socializando a leitura vem encaminhando com suas diversas práticas na comunidade.
Palavras-chave: leitura; troca de livros; formação de leitores.
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre releituras de contos
de fadas apresentadas na contemporaneidade em contraste com os contos de fadas
clássicos, como os de Perrault e dos irmãos Grimm e, ainda em comparação com
produções de obras cinematográficas dos estúdios Disney. Pretende-se explorar
como essas releituras podem ser transformadas em ferramentas de incentivo à leitura
na sala de aula. Neste trabalho, iremos analisar o livro Branca dos mortos e os sete
Zumbis (e outros contos macabros), de Fábio Yabu e o livro A verdadeira história dos
três porquinhos, de Jon Scieszka. O foco é discorrer sobre como o professor pode
abordar essas leituras com o intuito de cativar os alunos, encorajar o ato de ler e
desenvolver o pensamento crítico, além de possibilitar o incentivo à escrita de novas
versões para uma mesma história. A abordagem da releitura de contos de fadas em
sala de aula busca estimular o contato dos alunos com diferentes textos e explorar a
intertextualidade presente nas narrativas. Além disso, busca-se examinar os
diferentes pontos de vista nos contos clássicos e nas releituras, desenvolvendo a
capacidade dos alunos de identificar diferentes olhares e diferentes versões de uma
mesma história ou de um mesmo personagem.
Palavras-chave: Literatura; Leitura; Contos de fadas; Releituras.
88
Bá, esse trabalho tem como objetivo analisar as relações de intertextualidade entre as
duas obras. A partir disso, busca-se compreender como é possível usá-las em sala
de aula para perceber as semelhanças e diferenças entre as duas narrativas,
abordando aspectos como o contexto histórico-social e os gêneros dos textos, além
das diferentes perspectivas apresentadas acerca de temáticas como vida, morte,
família e a sociedade brasileira. Moacyr Cirne, no livro A explosão criativa dos
quadrinhos (1972), afirma que esse gênero textual surgiu para modificar aspectos do
sistema literário em vigor na época e, portanto, não deve ser deixado de lado ao
estudar os gêneros literários nas escolas. Ademais, a obra Quadrinhos e arte
sequencial (1999), de Will Eisner, apresenta as diversas formas de expressão artística
e narrativas das histórias em quadrinhos, o que corrobora com a relevância da
abordagem desse gênero na formação de leitores em contexto escolar. Pensar
questões acerca da intertextualidade no ensino de literatura faz parte das Orientações
curriculares para o ensino médio – linguagens, códigos e suas tecnologias (2006),
conceito também relevante na formação de leitores críticos. Além disso, Roland
Barthes (1974) afirma que a intertextualidade está diretamente relacionada ao
conceito de ‘texto’, tornando a abordagem dessa temática importante no ensino de
língua e literatura. Portanto, através dessas perspectivas acerca de histórias em
quadrinhos, intertexto e formação de leitores, busca-se o intermédio entre o texto
clássico de Machado de Assis e um gênero mais contemporâneo, possibilitando aos
alunos ampliar seus conhecimentos literários.
Palavras-chave: história em quadrinhos; Machado de Assis; Literatura brasileira.
89
mostras, universidades, escolas, entre outros locais. Para a realização dos saraus,
usufruímos de aparelhagens de som, livros, cavaletes, cartazes, banners e fotos e é
aberto para ampla participação da comunidade em geral. Deste modo, ao longo das
edições, observamos que o projeto de extensão além de servir como um espaço de
estímulo à leitura e à propagação da literatura, também possui uma abrangência social
e artística, uma vez que promove um encontro entre artistas e admiradores da arte da
universidade e da comunidade em geral.
Palavras-chave: Literatura; Sarau; Arte; Leitura; Cultura.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir uma proposta de
material didático na área de língua portuguesa e literatura com vistas a auxiliar
docentes em suas práticas de mediação de textos literários, promovendo o senso
crítico dos estudantes e ampliando seu conhecimento linguístico-discursivo e cultural.
O material didático visa a discutir os efeitos do racismo articulado ao sexismo, indo ao
encontro de uma educação antirracista (FERREIRA, 2012; CAVALLEIRO, 2001), em
consonância com as leis 10.639 e 11.645, as quais tornam obrigatório o ensino de
história e cultura africana, afro-brasileira e indígena na educação básica. A partir do
poema “Ashell, ashell para todo mundo, ashell”, da escritora Elisa Lucinda,
apresentamos tarefas de interpretação de texto que abordam diferentes situações que
são muitas vezes naturalizadas em relação aos papeis sociais que mulheres negras
exercem na sociedade. Contudo, esses papeis são contestados e refutados pela
personagem descrita pelo eu-lírico do poema. Temos como objetivo contribuir para a
elaboração e o uso de materiais didáticos voltados para a educação étnico-racial e de
gênero em aulas de língua portuguesa e literatura, bem como para o debate na escola
sobre os papeis das mulheres negras na sociedade brasileira a partir da noção de
interseccionalidade (CRENSHAW, 1989, 2002; hooks, 2015), mais especificamente,
em relação às categorias identitárias de gênero e raça.
Palavras-chave: aulas de língua portuguesa e literatura; educação antirracista;
material didático; poema.
90
são atos interativos para os quais o aluno precisa desenvolver determinadas
competências e habilidades. No âmbito da Educação Profissional integrada ao Ensino
Médio, temos como principal desafio a efetivação de processos educativos que
articulem formação humana, formação intelectual e sociedade numa perspectiva da
autonomia crítica, ética e estética (KUENZER, 2006) de modo significativo para os
estudantes. Assim, o trabalho com textos literários permite que as dimensões do
mundo do trabalho e da sociedade dialoguem com a prática educativa a partir da
mobilização de aspectos linguístico-discursivos. Situamos este estudo no campo
aplicado (SIGNIORINI, 1999) e, baseados no conceito de letramento literário
(COSSON, 2014), analisamos como a leitura/escrita literária podem ser ferramentas
que possibilitem ao estudante a formação identitária e o posicionamento crítico. Os
dados analisados nesta comunicação provêm do Projeto de Extensão “Contos e
crônicas de autoras brasileiras: exercícios de leitura e escrita” (IFPA/UNIFESSPA) e
são os textos produzidos pelos alunos e as anotações dos pesquisadores em diário
reflexivo. Os resultados parciais deste estudo, mostram que os estudantes - a partir
da leitura dos contos, das rodas de conversa e dos textos produzidos - desenvolvem
o posicionamento crítico e a capacidade de reflexão acerca de inúmeras
circunstâncias da vida afirmando sua identidade enquanto cidadãos.
Palavras-chave: Leitura. Escrita. Letramento Literário. Educação Profissional.
Resumo: Este estudo tem como objetivo trazer contribuições de autores italianos para
a sala de aula de línguas, ressaltando a pertinência do texto literário no processo de
ensino-aprendizagem de línguas na escola. Ordine (2013) ao exaltar a utilidade dos
ditos saberes inúteis, refere-se ao texto literário e enfatiza a necessidade urgente e
crescente da inserção e permanência da literatura nos currículos escolares e
acadêmicos. A reflexão que ora é proposta parte da premissa de que o texto literário
deve fazer parte do processo de ensino-aprendizagem das línguas estrangeiras.
Ainda que este estudo trate das línguas estrangeiras, ilustrada com propostas em
língua italiana, consideramos que a reflexão seja igualmente válida para a sala de aula
de língua materna. Além de trabalhar com a estrutura da língua, o texto literário original
é fonte inigualável de elementos culturais e históricos, aspectos que não podem ser
negligenciados para a sólida formação de um aprendiz seja em língua estrangeira
como também em língua materna. Serão apresentadas propostas de atividades já
realizadas e projetos em andamento nos quais o texto literário é utilizado como recurso
didático, em contexto acadêmico e ensino fundamental e médio. Os textos trabalhados
nas propostas foram selecionados entre obras representativas da literatura italiana
clássica e contemporânea.
Palavras-chave: ensino de línguas; literatura; língua estrangeira; língua italiana;
literatura italiana.
91
O PIBID E AS PRÁTICAS NO ENSINO DE LÍNGUAS: A CONSCIENTIZAÇÃO
CRÍTICA E A FORMAÇÃO DO CIDADÃO
Resumo: Este trabalho busca refletir de que forma a literatura repercute nos
ambientes digitais a partir da página do Instagram desenvolvida para divulgar e
92
discutir análises e interpretações decorrentes do projeto de pesquisa "Amores
Expressos – Identidades Ocultas" da Universidade Federal de Pelotas. A página
www.instagram.com/projetoamoresexpressosufpel/ permite, além da divulgação das
atividades do projeto, um intercâmbio entre vários agentes do processo de criação,
publicação e recepção das obras decorrentes da série Amores Expressos, da editora
Companhia das Letras, bem como de obras que possuem alguma relação com a
proposta literária. A ideia da criação dessa página no Instagram foi resultado da
percepção de que as redes sociais possibilitam uma forma mais ampla e dinâmica de
interação com o ambiente literário, permitindo abordar as produções e analisar a
relação do leitor contemporâneo com a literatura e os meios tecnológicos que podem
atuar como propagadores do conhecimento literário. Com a expansão das redes
sociais é importante e necessário que as pesquisas reflitam acerca desse fenômeno
que se torna um assunto relevante, visto o seu impacto no meio literário. Desde o
momento em que a página foi divulgada, surgiram interações com leitores das obras,
não leitores, acadêmicos, escritores e editoras. Essas interações ocorreram(em) pela
produção de conteúdo e com o uso de hashtags, que são etiquetas de busca que
possibilitam a hipertextualidade de forma rápida e ampla, funcionando como um
"gênero de programas computacionais que possibilitam sequências
textuais"(MARCUSCHI, 2001, p. 107), e a interação entre os usuários da rede,
ocorrendo o circuito "produção-circulação-consumo" (VIEGAS, 2004, p. 99).
Acrescentar as redes sociais como mais um elemento no processo de formação de
leitores salienta a existência de "novos modos de obter informações e conhecer
manifestações culturais diversas" (PORTO & PORTO, 2015, p. 93) que não podem
ser ignorados pela educação na contemporaneidade.
Palavras-chave: Literatura, Redes sociais, Amores Expressos, Instagram.
93
Simpósio temático 12
Propostas para o ensino de língua de sinais: currículo, métodos de ensino
e avaliação
Maria Mertzani (FURG)
maria.d.mertzani@gmail.com
Felipe Venâncio Barbosa (USP)
felipebarbosa@usp.br
Comunicações
AQUISIÇÃO LINGUÍSTICA POR ESTUDANTES SURDOS NA ÓTICA DE
DOCENTES NO ENSINO BILÍNGUE
94
dificuldades na aprendizagem. Dentre suas percepções que justificam essas
respostas é a competência comunicativa na Língua de Sinais, bem como a falta de
estímulo dos pais para a aquisição da escrita dessa língua. De maneira oposta,
quando foram questionados sobre a aprendizagem da Libras, pelas respostas foi
possível inferir que, apesar das crianças ingressarem na escola sem o conhecimento
da própria língua, o aprendizado é fluente, principalmente por ser motivado pela
interação com os pares. Porém, algumas das dificuldades enfrentadas para
potencializar a aprendizagem é a falta de reforço parental e, também, a falta de
fluência dos professores na Libras. A partir disso, um dos encaminhamentos da
pesquisa foi de fomentar a participação da família na aprendizagem da Libras pelos
filhos, bem como ampliar a sinalização dos docentes da escola participante, a fim de
possibilitar sua fluência na língua que ensinam como primeira para as crianças. Ainda
é perceptível que esses encaminhamentos devem ser aliados à organização curricular
da Libras, com materiais e métodos que incentivem a possibilitem a aprendizagem da
Libras em sua estrutura e regras, assim como a Língua Portuguesa é ensinada para
os ouvintes.
Palavra-Chave: Aquisição linguística, ensino bilíngue, Libras.
Martina M. Kostolowicz
Fernando Eustáquio Guedes
Vitória Tassara Costa Silva
95
Hurtado Albir (2005) e Gonçalves (2005). O grupo de pesquisa PACTE, que tem se
dedicado a pesquisar a aquisição, o desenvolvimento e a avaliação da CT, propõe
que aquilo que faz um tradutor ser competente é uma série de conhecimentos,
habilidades e atitudes situacionalmente localizados, ou seja, a CT é um saber-agir
contextualizado. O PACTE propõe então um modelo de Competência Tradutória
composto por um sistema de subcompetências: estratégica, bilíngue, extralinguística,
conhecimentos sobre tradução, instrumental, e os componentes psicofisiológicos.
Hurtado Albir (2015), ao referir-se à CT aplicada a formação de tradutores, apresenta
seis categorias de competências específicas necessárias aos futuros tradutores,
dentre elas a competência profissional, que abrange diferentes questões relacionadas
ao mercado de trabalho. Nosso objetivo é realizar primeiramente um levantamento
das ementas e grades curriculares dos cursos de bacharelado de Letras - Libras das
Universidades Federais brasileiras com o intuito de identificar disciplinas que busquem
promover o desenvolvimento da competência profissional na formação dos TILS.
Considerando que os cursos de graduação em tradução formam profissionais
generalistas (RODRIGUES, 2018), temos como objetivo propor a criação de uma
Unidade Didática que explore os conhecimentos necessários para o profissional lidar
com elementos práticos da profissão, tais como: saber precificar seus serviços,
entender as vantagens e desvantagens da formalização da atividade, identificar as
diferentes maneiras da formalização, conhecer os impostos que incidem em cada
modalidade conforme a legislação brasileira, saber as vantagens e desvantagens de
torna-se uma Pessoa Jurídica, etc. Assim, esperamos poder realizar a aplicação
prática dessa UD nos cursos de formação dos TILS, para que através das tarefas
apresentadas seja possível contribuir para o desenvolvimento da Competência
Profissional dos alunos/futuros tradutores.
Palavras-chave: Tradução e interpretação. Competência Tradutória. Formação por
Competências. Formação de TILS. Competência Profissional.
Resumo: Este estudo tem por objetivo descrever a produção do material didático
bilíngue - Libras (L1) e Português (L2) – do Projeto “Poesias nas mãos – Romantismo
em Libras/Português” da Universidade Federal do Pará - UFPA, especificamente, a
poesia “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, a fim de contribuir com as reflexões e
discussões sobre a necessidade de criação e adaptação de materiais que forneçam
subsídios teórico-práticos para que os professores possam trabalhar literatura
brasileira com os alunos surdos. O referencial teórico utilizado se baseou nos estudos
de Souza (2007), Carvalho, Basso e Capelini (2012); Arrojo (2007), Simões (2011),
Laranjeira (2012), etc. Adotamos uma metodologia de abordagem qualitativa
descritiva, com divisão em três momento: a descrição do projeto poesia nas mãos; os
instrumentos e procedimentos de coleta dos dados; os procedimentos de análise dos
dados. Os resultados serão apresentados em duas categorias de análise: o processo
da tradução em Libras da Poesia “Canção do Exilio” e a produção do material didático
em Português para surdos. Conclui-se que o material didático desenvolvido no projeto
“Poesias nas mãos – Romantismo em Libras/Português” constitui-se em um rico
96
material de apoio para o trabalho com o Romantismo brasileiro da primeira geração
com aluno surdo, por meio de uma das mais conhecidas e apreciadas poesias
brasileiras, a “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.
Palavras-Chave: Material didático. Canção do Exílio. Tradução.
97
AVATARES NO ENSINO DE LIBRAS: UMA ANÁLISE DOS TRADUTORES
AUTOMÁTICOS
98
utilizado como objeto de análise. Percebemos os múltiplos significados que circulam
durante as discussões, elaboração e a gravação do vídeo sinalizado. Além disso,
percebeu-se que esse processo de criação envolve uma rede de cooperação entre os
sujeitos nele envolvidos, estabelece uma relação de trocas e negociações entre a
cultura surda e a cultura ouvinte e por meio dessas se definem: formas de sinalizar,
conteúdos e as intenções de cada produção. Nesse sentido, a produção de vídeos em
língua de sinais vai além da captura de cenas e/ou diálogos sinalizados, há um
processo anterior as gravações que envolve uma análise por parte da equipe, sobre
os significados linguísticos e culturais que cada material produz, um processo de
constantes reflexões sobre como essas produções incidem nos diferentes sujeitos que
estão aprendendo a língua de sinais, e os efeitos produzidos em diferentes contextos
para os quais esses materiais vêm sendo pensados e materializados.
Palavras-chave: negociações linguístico-culturais, Língua Brasileira de Sinais, vídeos
para ensino de Libras
Resumo: Este artigo tem por objetivo apresentar as experiências do professor surdo
bilíngue atuando em disciplinas que não são relacionadas a Libras – além da disciplina
de Libras - no âmbito acadêmico, o que serve de exemplo para surdos bilíngues
plenos no contexto pedagógico-linguístico. O porquê da importância da versatilidade
linguística do professor surdo para, especificamente, o ensino de Libras será discutido
e questionado de forma reflexiva em primeira pessoa em cruzamento com bases
teóricas de Halwachs (1990), Bhabha (1998), Bloomfield (1935) que defendem a
multiplicidade linguística/cultural do professor surdo em meios majoritários e as
memórias individuais e coletivas. Portanto, neste espaço, serão relatadas as
experiências adquiridas pelo surdo bilíngue. Quem tem “o controle nativo de duas
línguas” (BLOOMFIELD, 1935, apud HARMERS e BLANC, 2000:6) não teria
obstáculos em transitar por lugares linguísticos diferentes. A alteridade linguística
acontece de acordo com cada círculo diferente para usar uma de suas duas línguas,
ancorando o pensamento de Bhabha (1998, p.180): A alteridade representa pontos
de equivalência ou identidade num currículo no qual o que necessita provar os limites
é assumido. O fato de ser surdo bilíngue permite explorar outros ângulos linguísticos
no ensino de Libras para a elaboração de aulas a partir de suas ideias, de forma
criativa, que centralizam o foco em construir aproximação entre o professor surdo e
os alunos ouvintes.
Palavras-chave: Professor Surdo; Libras; Língua Portuguesa;
100
PEDAGOGIAS CULTURAIS SURDAS REFLETINDO PARA UM CURRICULO
FUTURO
101
Simpósio Temático 13
Sociolinguística e dialetologia
Profa. Dra. Marisa Porto do Amaral (FURG)
portodoamaralmarisa@gmail.com
Profa. Dra. Tatiana Schowchow Pimpão (FURG)
tatianapimpao@furg.br
Comunicações
102
do tradicional para o pluridimensional (RADTKE e THUN, 1996), que modernizou os
atlas linguísticos, unindo os princípios da sociolinguística e da dialetologia.
Palavras-Chave: Variação linguística; dialetologia; sociolinguística, Região Sul
Resumo: A presente pesquisa busca analisar a preposição PARA e sua variante PRA
na escrita escolar de alunos (com idade entre catorze e dezoito anos), cursando o
primeiro e o terceiro ano do Ensino Médio, através de uma pesquisa embasada nos
pressupostos teóricos da Sociolinguística Quantitativa (LABOV, 2008 [1972]. A
literatura sobre a temática apresentada é escassa, ou seja, raras são as gramáticas
que irão mencionar a variação do PARA e do PRA (BECHARA, 2004), e os estudos
sociolinguísticos também são muito poucos (SILVA, 2010). A maioria dos trabalhos
realizados com o tema desta pesquisa são de análise da oralidade, o que torna
necessária uma abordagem na escrita, para que haja um retorno ao meio escolar e
social. A coleta de dados será realizada em uma escola pública localizada em um
bairro próximo ao centro da cidade de Rio Grande – RS e tem como corpus os textos
produzidos em verso e prosa, além de produção dissertativa. Os grupos de fatores
linguísticos internos (contexto morfológico seguinte, contexto fonológico seguinte,
tonicidade da sílaba seguinte, número de sílabas do item seguinte, posição em
relação a pausas e processo de sândi com a sílaba seguinte) e os de fatores
extralinguísticos (sexo, faixa etária e nível de escolaridade) serão considerados na
análise. A pesquisa tem como hipóteses as seguintes questões: a) que as variantes
PARA e PRA vão se comportar de forma distinta nos diferentes tipos de textos ou em
cada modalidade e b) que os alunos vão considerar a escolha das variantes a partir
do grau de formalidade dos textos propostos.
Palavras-Chave: Variação linguística; texto; preposição PARA
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre um tema bastante
temido por estudantes da educação básica: a concordância, principalmente a verbal,
pois não são raros os casos que estes aparecem mal empregados, de acordo com a
norma culta, com bastante frequência em textos não só de alunos da Educação
Básica, como também de pessoas com maior instrução. Para tanto, como
fundamentação teórica, será necessário que se reflita diante de temas como o
preconceito linguístico, tema este bastante debatido como por exemplo por Bagno
(2001) e Mollica(1998); também o preconceito linguístico inverso, o qual consiste na
utilização da língua em variante coloquial, por razão do indivíduo pensar não ser a
variedade culta aceita no dado momento e no dado contexto em que ele está inserido,
evitando assim a ridicularização. É importante também refletir sobre as variedades
103
linguísticas e as adequações de uso, bem como as orientações dos PCN’s. Nesse
sentido, foram analisados alguns excertos de produções escritas realizadas em sala
de aula em uma turma de Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio em que
foram verificados a recorrência de formas verbais singularizadas, as quais
discordavam do sujeito, o qual se apresentava pluralizado. Tal estudo revelou a
importância de se repensar a variação linguística escrita coloquial como possibilidade
que o indivíduo possui para se expressar da forma como ele se sente à vontade, sem
pensar em regras, e sendo mesmo assim possível que se transmita a mensagem
pretendida.
Palavras-Chave: Concordância, preconceito linguístico, variação.
104
IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS, CONTATO DE LÍNGUAS E PUREZA
LINGUÍSTICA: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE
LETRAS
105
Simpósio Temático 14
Literatura dramática do conflito: tensão e embate no texto teatral
Comunicações
TERRITOIRE SANS LUMIÈRE: MIGRAÇÃO, TENSÃO E CONFLITO
Resumo: Este trabalho debruça-se sobre o conflito social e político das migrações na
sociedade francesa contemporânea, a partir da peça Territoire sans lumière, escrita
em 1993 pelo autor marroquino Yves Nilly. A obra foi escolhida no ano de 2018 para
a leitura encenada da 9a edição do projeto de extensão Teatro em Francês da UFPel,
sob a coordenação das autoras deste trabalho. No texto teatral, em um espaço não
definido, personagens entram em cena para entrevistas em busca da nacionalidade
francesa e, quase como artistas que participam de uma audição de music-hall,
mostram suas habilidades e contam histórias de vida e memórias. A tensão aumenta
gradativamente a cada pequeno conflito, até chegar ao seu estopim e recair sobre a
violência física. Primeiramente, faremos uma rápida contextualização da questão da
imigração na França a partir da criação de um Ministério da Imigração, da integração
e da identidade nacional por Nicholas Sarkozy em 2007. Na sequência, o trabalho traz
alguns dados gerais sobre o autor e a obra supracitada, bem como uma análise da
mesma, tratando sobre seu enredo, tempo, espaço, ação e sistema de personagens.
106
Por fim, as autoras lançam uma reflexão sobre a mise en scène da leitura de Territoire
sans lumière que realizaram, com ênfase em seu esforço de recriar a atmosfera tensa,
e por vezes cômica, do texto original.
Palavras-chave: dramaturgia; leitura encenada; Yves Nilly; Territoire sans lumière;
identidade.
Resumo: Partindo do exposto por David Ball em Para trás e para frente: um guia para
leitura de peças teatrais (2011), almejamos realizar análise da obra A gaiola de ferro
(2003), de Anne Hébert; a partir desta, cujo cerne é o descrever das andanças da
personagem Ludivina Corriveau – baseada em uma polêmica figura folclórica
quebequense –, intentaremos trazer nova luz ao conceito de conflito dramático
traçado por Ball, além de suas pertinentes ramificações (conflito contra si mesmo;
contra outros; contra a sociedade; e contra o destino/universo/etc.). Para tanto,
107
centraremos nossa análise em alguns momentos específicos da jornada de Ludivina,
tais como: seu nascimento e o ritual das fadas; seu relacionamento com a família de
Elzear, o marido; seus encontros com João Crebessa; e o julgamento final de Ludivina
Corriveau. Dispondo enfoque especial sobre questões acerca da construção da
identidade (e da figura literária) feminina, pontos centrais para o empilhamento de
tantos obstáculos na vida da protagonista de A gaiola de ferro, para a análise em
questão, lançaremos mão também dos escritos de Carmen da Silva (1985), Teresa
de Lauretis (1987), Rita Terezinha Schmidt (1988) e Mauren Pavão Przybylski (2010).
Ao folhear ainda outra vez as páginas dessa peça teatral, o que encontramos, ao invés
da imagem da feiticeira nascida de um amor dito passivo e próprio do feminino e que
se transforma na temível mulher-demônio quando é corrompida por seu desejo sexual
e volúpia, é uma mulher que, diferentemente de um Hamlet ou Édipo, cujos objetivos
são bastante claros desde o início de sua jornada e, portanto, estão fadados a terem
opositores ao seu desejo, aponta para o mais pertinente, mais simplório caminho: o
de sua vida. Contudo, como poderemos observar, é neste em que mais se depara
com conflitos e obstáculos.
Palavras-chave: Anne Hébert; Conflito dramático; Identidade feminina.
108
JÚLIA, NORA E MARGARIDA, TRÊS MULHERES DO DRAMA ROMÂNTICO NAS
MULHERES DE NOSSO TEMPO
109
Simpósio Temático 15
A América Latina sob o signo da alteridade: contribuições para a pesquisa na
área de linguagem
Comunicações
IDENTIDADE E ALTERIDADE: O MURO INVISÍVEL NA FRONTEIRA CHUÍ/CHUY
110
1991) As entrevistas foram gravadas e posteriormente analisadas. Por meio dessas
entrevistas, podemos inferir que, apesar da proximidade geográfica e da dependência
econômica que os lados mantém entre si, existe um muro invisível na avenida que
une/separa os dois países. “Esse “muro” invisível” manifesta-se como uma cultura
invisível (ERICKSON 1997, 33) aquela que é ensinada e aprendida
inconscientemente.
Palavras-chave: fronteira, muro invisível, identidade, alteridade.
111
texto Aula como acontecimento de Geraldi (2010) e sobre a obra Texto e o Leitor:
aspectos cognitivos da leitura discutidos por Kleiman (1993), entre outros
pesquisadores. A metodologia aplicada envolveu os alunos das turmas T3, T4, T5,
T6, iniciando-se pela explanação do que é o gênero conto, a diferença entre causo e
conto, vídeos de contos em Português e Espanhol. A leitura dos contos nos propiciou
diferentes formas de compreender os textos escolhidos para o trabalho em sala de
aula. Por exemplo, o conto Prenda de Neve foi lido e acompanhado por uma música
de fundo tocada com gaita por uma aluna. Além disso, na dinâmica os alunos
receberam textos fragmentados, montaram e leram para o grupo. Na segunda etapa
receberam minicontos em espanhol para reconhecerem e colocarem o título. Os
contos levaram os alunos a uma reflexão sobre o papel do leitor na sociedade,
envolvendo a língua espanhola como uma segunda língua, reconhecendo ambos os
contos. Assim, o trabalho com contos implicou uma exploração de diferentes textos,
através de um contato direto com a linguagem, tornando-os leitores mais reflexivos.
Palavras- chave: contos; Língua Portuguesa; Língua Espanhola; EJA.
Resumo: Mercedes Sosa (1935-2009) foi uma cantora essencial nos movimentos
contrários à ditadura na Argentina da segunda metade do século XX e na mesma
medida em que o governo militar a obrigou ao exílio houve uma projeção internacional
em que seu trabalho e sua voz, metaforicamente, tornaram-se o corpo e a voz dos
silenciados. A cantora começou, no exílio, a expandir sua carreira na Europa, em que
as canções com forte cunho político fizeram-lhe conhecida. Em nossa tese em
andamento estamos estudando a produção de resistência nos discursos biográficos e
autobiográficos de Mercedes Sosa, caracterizando a esfera de atividades em que
esses discursos ocorrem como “esfera do eu”. Os objetos de análise da tese são cinco
documentários (“Como un pájaro libre”, “Algo más que una canción”, “¿Será posible
el sur?”, “Cantora, un viaje íntimo”, “Mercedes Sosa, la voz de Latinoamerica”) e uma
biografia escrita (“Mercedes Sosa, la Negra”). Desse material, transcreveremos alguns
enunciados que tenham como temática a América Latina e teceremos discussões a
respeito desse signo ideológico. Para tanto, o recorte metodológico privilegia a
temática América Latina e a perspectiva teórica se ancora nas reflexões de
Bakhtin/Volochínov (2009) sobre o signo ideológico. Consideramos, por fim, que o
signo América Latina se corporifica e ganha voz em Mercedes Sosa e a resistência
que logrou produzir se deu em função de uma aderência ao público que clamava por
mudanças sociais e se ancora em questões de uma ética “sem álibis” (BAKHTIN,
2010) e de carisma artístico (CHARAUDEAU, 2016).
Palavras Chave: Mercedes Sosa; América Latina; Estudos Bakhtinianos.
112
PALAVRAS, POÉTICAS E IMAGNES LATINOAMERICANAS
113
Simpósio Temático 16
Estudos enunciativos da linguagem: Bakhtin e Benveniste em diálogo
Carolina Knack (FURG)
carolinaknack@gmail.com
Kelli da Rosa Ribeiro (FURG)
klro.rib@gmail.com
Comunicações
A NOÇÃO DE LINGUAGEM INTERIOR NAS ÚLTIMAS AULAS DE BENVENISTE
Resumo: Este estudo tem por objetivo discutir a noção de linguagem interior
apresentada no curso sobre escrita das Últimas Aulas de Émile Benveniste. Essa
expressão aparece na noção de escrita que pode ser derivada da obra do linguista, a
saber: a escrita é sistema não linguístico, derivado da fala, engendrado pela língua,
que requer a elaboração da linguagem interior do scriptor em função de um alocutário.
(STEIN, 2016, p. 172). Além do linguista sírio, Vygotsky (2001) também problematiza
a linguagem interior. Para refletir a respeito do emprego desse termo, deixo-me
interrogar pela descoberta do fólio 164, referente à aula 14, pertencente aos
manuscritos de Benveniste mantidos sob consulta restrita a pesquisadores
114
autorizados na Biblioteca de Manuscritos de Richelieu, em Paris. A partir dessa
interrogação, busco subsídios tanto nos textos das aulas publicados na obra Últimas
Aulas em francês (BENVENISTE, 2012) e na tradução dessa obra (BENVENISTE,
2014) quanto na teoria geral da linguagem apresentada na obra Problemas de
Linguística Geral I e II (BENVENISTE 2005, 2006) a fim de produzir uma reflexão que
permita uma melhor compreensão da noção. A leitura realizada evidencia a
complexidade da compreensão de linguagem interior, uma vez que o linguista deixou,
no fólio, marcas de um pensamento em devir, o que configura o estudo da noção como
mais uma opção pelo problema, na dimensão compreendida por Teixeira (2012) de
que temos, na obra do linguista, “uma atitude heurística, caracterizada por não se
esquivar da ‘matéria estranha’”, configurando “uma escolha por abordar o fenômeno
da linguagem sem querer domesticá-lo ao que a razão suporta” (TEIXEIRA, 2012,
p.4).
Palavras-chave: linguagem interior, enunciação, problema.
115
A REPRESENTAÇÃO DA MULHER: UM OLHAR ENUNCIATIVO
BENVENISTIANO NA PRÁTICA EM SALA DE AULA
116
habilidades discursivas dos alunos. Dessa forma, são propiciados encontros entre a
coordenadora e os bolsistas, os quais constituem um espaço de discussão e de
reflexão sobre palavra, gênero discursivo e língua. Para tanto, pauta-se nos conceitos
postulados por Bakhtin e seu Círculo, que consideram a palavra um elemento
polissêmico e plurivocal da língua. Segundo Bakhtin/Volochínov (1929/2010), a língua,
no seu uso prático, não pode ser separada de seu conteúdo ideológico ou relativo à
vida. Se se considerar apenas a forma linguística vazia de ideologia, tem-se apenas
sinais e não mais signos da linguagem. A língua como forma abstrata não possui
existência objetiva, não tem vida, uma vez que não dá conta dos propósitos imediatos
da comunicação humana. Para os agentes do discurso – locutor e interlocutor –, as
formas linguísticas não têm valor como sinal rígido e inflexível, mas apenas como
signo instável e plástico. Compreender uma língua é ultrapassar os limites do
reconhecimento linguístico. Assinala-se que a teoria dialógica compreende que todo
ato enunciativo ocorre por meio de gêneros discursivos - formas de dizer. O gênero
configura-se a partir de um determinado projeto enunciativo e estabelece relação com
uma dada esfera social. Assim, ao se propiciar aos alunos o contato com os mais
diversos gêneros discursivos, está-se colaborando com a formação de leitores e
produtores de discursos mais proficientes.
Palavras-chave: palavra, gênero discursivo, língua, competência discursiva.
117
IDENTIDADE E ALTERIDADE NO DISCURSO DO LINGUISTA
Resumo: Este trabalho, elaborado no projeto de pesquisa “Discurso das Mídias (e)m
Análise Dialógica: caminhos teóricos e metodológicos”, coordenado pela prof.ª Dr.ª
Kelli da Rosa Ribeiro, pretende examinar as relações dialógicas manifestadas nas
“Notas históricas” de O Conto da Aia (1985), romance distópico de Margaret Atwood.
118
A metodologia empregada foi a bibliográfica e, fundamentada nela, realizou-se um
estudo embasado na concepção de enunciado, de Bakhtin/ Voloshínov (1929); e, o
conceito de relações dialógicas de Bakhtin, explorado na sua obra Problemas da
Poética de Dostoiévski (1971). Dessa forma, promoveu-se uma leitura cuidadosa da
seção final da obra e a apreensão das relações lógicas materializadas em enunciados
concretos com relações dialógicas. Essa possiblidade de sentidos dos enunciados
referentes à República de Gilead engendra-se em relações dialógicas, isto é, esses
enunciados assumem sentidos alicerçados a seu contexto específico. A partir disso,
constataram-se os paralelos existentes entre os sentidos produzidos por enunciados
das “Notas históricas” (da realidade relatada no romance) e o cenário contemporâneo
brasileiro. Destaca-se a temática de governos autoritários e de sociedades com baixa
mobilidade social, ou seja, fortemente hierarquizadas. Outrossim, explorou-se como
se dá o tratamento do passado em países que atravessaram períodos
antidemocráticos e as marcas que demonstram ainda a existência de vínculos com
essa história. Em vista disso, foi possível depreender a presença dos conceitos
bakhtinianos (em especial, o de relações dialógicas) na parte final de O Conto da Aia
e o diálogo que institui com o percurso histórico do Brasil, no tocante ao autoritarismo
que emerge no cenário atual, em diferentes instâncias.
Palavras-chave: Análise dialógica. Relações dialógicas. Mikhail Bakhtin. O Conto da
Aia (1985).
119
colocaram as armas nas mãos dos soldados para garantirem que os trabalhadores
continuassem com fome.
Palavras-chave: Greve Geral de 1917; Operárias; Teoria Dialógica do Discurso.
120
Simpósio Temático 17
Tradução e tradutores: abordagens teóricas e práticas
Adail Sobral (FURG)
adail.sobral@gmail.com
Rodrigo da Rosa Pereira (FURG)
rodrigopereira@furg.br
Comunicações
MEMÓRIA EM TRADUÇÃO NO DIÁLOGO ENTRE LITERATURA E CINEMA: A
NOSTALGIA DO JAPÃO DE AMÉLIE NOTHOMB
122
ESTUDOS DESCRITIVOS DA TRADUÇÃO: JAMES HOLMES – UM PIONEIRO
123
tivemos o reconhecimento da Língua brasileira de sinais como meio oficial de
comunicação da comunidade Surda brasileira através da Lei federal 10.436 de 24 de
abril de 2002, sendo regulamentada pelo Decreto Federal 5.626 de 22 de dezembro
de 2005. Com todos esses avanços, as instituições precisaram incluir no seu quadro,
profissionais para a tradução e interpretação de/para Libras, para garantir a
acessibilidade, para que uma ponte fosse estabelecida entre elas e o surdo
(RODRIGUES, 2012). Com isso, o presente estudo de caráter descritivo tem como
objetivo abordar aspectos relacionados a metodologia de atuação do tradutor e
intérprete de libras/português – Tilsp dentro da Universidade Federal do Rio Grande.
O profissional que atua nessa área além de ser fluente em libras deve também
conhecer minimamente os conteúdos a serem traduzidos. Dessa forma, a equipe de
tradução e interpretação dessa instituição tem prevista em sua carga horária um
momento específico para estudo dos conteúdos a serem traduzidos/interpretados.
Além disso, a atuação é feita em dupla na modalidade de revezamento visando trazer
uma melhor qualidade na tradução e respeito a saúde física dos profissionais.
Esperamos como resultado a divulgação, socialização e troca de experiências
profissionais.
Palavras-chave: tradução; interpretação; libras; ensino superior.
Resumo: Meu objetivo neste trabalho é defender a ideia de que dicotomias como as
de Scheleimacher, entre “deixar de lado o autor” e “deixar de lado o leitor , ou de
Venutti, entre “estrangeirização” e “domesticação” (Venutti) não se sustentam hoje, à
luz dos modernos estudos de tradução, uma vez que não há traduções bem sucedidas
que sejam absolutamente voltadas para o autor ou absolutamente voltadas para o
leitor. Como tenho defendido, de uma perspectiva bakhtiniana, o que marca a
interação tradutória é a complexidade da posição enunciativa do tradutor. Trata-se de
um profissional da linguagem que precisa dialogar ao mesmo tempo com o autor do
texto de partida, na condição de leitor-escritor, e não apenas de leitor, e com o leitor
presumido do texto de chegada, não apenas na condição de locutor, mas também de
porta-voz do autor e representante do leitor. Isso faz que o tradutor ocupe o lugar de
mediador entre os diferentes interlocutores, línguas, textos e culturas envolvidos,
tendo como responsabilidade ética respeitar a “voz” do autor, da língua, do texto e da
cultura de partida e a “escuta” do leitor, da língua, do texto e da cultura de chegada.
Proponho-me assim a esclarecer em que sentido essa mediação pode ser entendia
como uma transposição, envolvendo, portanto, um ato de valoração, de avaliação,
que devem ser legítimas, da parte dos profissionais de tradução, o que requer
precisamente ética. Porque o texto de chegada, tal como o de partida, não é
propriedade exclusiva do autor, do tradutor ou dos leitores, mas das coletividades
envolvidas, que constituem o interlocutor-master dos dois textos entrelaçados, o de
partida e o de chegada, uma vez que o influenciam no ponto de partida.
Palavras-chave: Domesticação; estrangeirização; transposição tradutória;
responsabilidade ética do tradutor
124
A TRADUÇÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG:
DESAFIOS INSTITUCIONAIS E POTENCIALIDADES ACADÊMICAS
125
Simpósio Temático 18
Ensino e aprendizagem de língua portuguesa em contexto escolar:
aproximações entre língua e cidadania
Sabatha Catoia Dias (ILA/FURG)
sabathacatoia@furg.br
Rosângela Pedralli (DLLV/UFSC)
rosangelapedralli@hotmail.com
Este Simpósio tem como objetivo constituir espaço para socialização de pesquisas
relativas a práticas de ensino de Língua Portuguesa norteadas por problematizações
contemporâneas alusivas à Educação Básica. Nesse sentido, acolhem-se propostas
– pautadas na Linguística Aplicada – ocupadas com discussões acerca do ato de ler
textos em gêneros do discurso, do ato de escrever textos em gêneros do discurso, do
trabalho com recursos lexicais e gramaticais agenciados nesses mesmos textos, bem
como reflexões atinentes aos processos de ensino e de aprendizagem ancoradas em
uma perspectiva de formação humana integral no que diz respeito ao fim último do
trabalho do professor de Português, especialmente em tempos atuais de combate, por
parte de setores específicos da sociedade, ao ensino de conhecimentos
historicamente acumulados. O intuito, assim, é promover reflexões sobre um ensino
de Língua Portuguesa socialmente relevante e significativo no que concerne ao
processo de desenvolvimento e humanização dos alunos nos bancos escolares.
Comunicações
A EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA EM FAVOR DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL
126
(BRITTO, 2012, p.136), além de uma dimensão estética, possui uma dimensão ética
– não moralizante –, “como princípio da realização da vida e da produção material que
a torna mais possível, uma dimensão de pensar e construir a condição de humano”
(BRITTO, 2012, p.137). Ler, nesse sentido, torna-se uma atividade essencialmente
ético-política, como maneira de construir a possibilidade humana, de promover a
humanização. É justamente nesse sentido que compreendemos que Educação
Linguística deve contribuir para a humanização dos sujeitos, promovendo a elevação
da autoconsciência, possibilitando a passagem da genericidade em si para a
genericidade para si.
Palavras-chave: educação linguística; arte; literatura; formação humana.
Resumo: Este trabalho tem como objeto de investigação a escrita, entendida como
uma forma de produção social. Desse modo, o objetivo da pesquisa é propiciar o
desenvolvimento da escrita em um contexto escolar específico: a Turma de Reforço
de uma escola da rede pública do interior do Rio Grande do Sul. Para tanto, far-se-á
uso da perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (doravante ISD) dos estudos da
linguagem, pautada nos escritos de Bronckart (1999, 2006, 2008), em que a
linguagem e, portanto, a escrita é entendida como uma forma de ação socialmente
contextualizada. Os pressupostos de Vygotsky (1988, 1989), base para a teoria do
ISD, também são de extrema importância para nossa pesquisa, principalmente a
questão da mediação e o processo de internalização. Esse entendimento de escrita
pressupõe um trabalho que focalize o desenvolvimento de habilidades discursivas,
prática que se distancia de um ensino tradicional de língua materna. Em vista disso, a
metodologia utilizada para promover as atividades de escrita fundamenta-se em uma
forma de trabalho cuja finalidade é a internalização de gêneros de textos diversos. A
partir disso, será possível observar se houve desenvolvimento da escrita nos
diferentes sujeitos envolvidos, alunos com dificuldades de aprendizagem na área da
linguagem, os quais participam da turma de reforço da escola em questão. Como
resultado, espera-se constatar que o trabalho com gêneros representa ao professor
de língua materna uma alternativa metodológica cuja finalidade maior seja o
desenvolvimento de habilidades linguísticas, sobretudo, de ler e de escrever. Nessa
perspectiva, evidencia-se a relação existente entre a concepção de escrita, uma ação
social, e a forma como esse objeto é trabalhado, a partir de atividades de linguagem.
Ademais, busca-se colaborar com a realidade escolar, propiciando um contexto de
desenvolvimento de escrita nas crianças envolvidas na pesquisa, as quais se
caracterizam por ter dificuldades de aprendizagem em Língua Portuguesa.
Palavras-chave: escrita; desenvolvimento; dificuldade; aprendizagem; língua
portuguesa.
127
O GÊNERO CANÇÃO EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA:
UMA PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO SOBRE QUESTÕES ÉTNICO-
RACIAIS E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir e discutir sobre o ensino de língua
portuguesa para a promoção da cidadania dos alunos a partir do trabalho com gêneros
do discurso (BAKHTIN, 2003). Para isso, apresentaremos um material didático
elaborado a partir de texto autêntico (RS, 2009; SCHLATTER, GARCEZ, 2012;
SIMÕES et al, 2012) sobre a temática identidades negras. Nesse material didático
elaborado pelas autoras, partimos da canção Negro Drama, dos Racionais MC’s, a
fim de trabalhar com o gênero canção e com interpretação de texto e de discutir sobre
questões raciais no contexto brasileiro. Relacionado ao texto e à discussão sobre ele,
o material trata também de questões de variação linguística (ZILLES, FARACO, 2015),
destacando a influência de fatores não só linguísticos, mas também estilísticos,
identitários, discursivos, para a construção dos sentidos do texto. Dessa forma, o
material tem o intuito de trabalhar com temáticas pertinentes para o exercício da
cidadania e da educação linguística (BAGNO, RANGEL, 2005). Ademais, temos como
objetivo que os alunos realizem um levantamento de hipóteses sobre o funcionamento
da língua, favorecendo o trabalho com a descrição dos usos da língua em vez de uma
abordagem de ensino prescritiva. Esperamos que este trabalho contribua para um
maior conhecimento sobre questões étnico-raciais e para o tratamento informado da
variação linguística em sala de aula, para o combate ao preconceito e para o
empoderamento dos estudantes enquanto cidadãos, que poderão contar com um
repertório que inclua todas as formas variáveis como possibilidades de uso da língua,
operando informadamente com cada uma das formas.
Palavras-chave: ensino de língua portuguesa; material didático; gêneros do discurso;
identidades negras; canção.
128
e controle (VYGOSTKI, 1997) sobre a prática de textos escritos. Neste trabalho, a
reescrita é entendida como resultado do processo de revisão, portanto, produto da
interação social estabelecida entre escritor, leitor e texto (ALVES, 2013). Todavia,
entende-se que nem toda revisão gera uma reescrita, mas toda reescrita pressupõe
uma revisão. Tendo em vista que revisar um texto implica diversas ações por parte do
revisor (FLOWER et al. 1986; FLOWER; HAYES, 1981), a revisão deve ser muito bem
orientada a fim de que o estudante obtenha sucesso em sua prática de reescrita, caso
contrário, essa prática não atinge seus objetivos, ou seja, não propicia a melhoria do
texto, no que se refere aos seus aspectos micro e macro estruturais, permanecendo
centrada apenas no “passar a limpo” nem o desenvolvimento da consciência e do
controle acerca dos elementos constituintes de um bom texto.
Palavras-chave: revisão; reescrita; consciência e controle.
129
apontam como sendo negativo. Detectando a problemática do deslocamento indevido
de teorias linguísticas ao ensino como sendo um dos principais fatores que levam o
desempenho dos alunos da educação básica a ser desastroso, o presente estudo tem
como objetivo verificar como ocorre a abordagem dos gêneros discursivos em livros
didáticos. Fundamentando-se nos pressupostos enunciativo-discursivos do Círculo de
Bakhtin, esta pesquisa apresenta, inicialmente, a literatura que tematiza o conceito
gênero, mostrando, desde a Antiguidade, seu percurso histórico conceitual. Revisados
os princípios que circundam o estudo de gêneros, analisa-se a sua abordagem em
dois livros didáticos distribuídos pelo governo federal, considerando que esse material,
muitas vezes, é o principal suporte teórico para o professor em sala de aula. Apesar
de a teoria dialógica da linguagem não negar a significação da oração (unidade da
língua) como sendo constituinte do sentido do enunciado (unidade do uso), é nesse
último que o escopo das investigações bakhtinianas recai, sobretudo por vincular-se
às esferas sociais, materializando-se em inúmeros gêneros. Os resultados da análise
têm mostrado que os gêneros discursivos são normatizados nos livros didáticos, tanto
pela primazia dada aos seus aspectos formais quanto pela omissão de seu caráter
híbrido, negando, dessa forma, sua real natureza relativamente estável.
Palavras-chave: gêneros discursivos; livros didáticos; Círculo de Bakhtin.
130
metodológicas, analíticas e teóricas para a produção de conhecimento em um
contexto de interculturalidade crítica (WALSH, 2007; 2009; 2013).
Palavras-chave: letramento acadêmico; língua de acolhimento; interculturalidade.
131
apenas pela sua forma, tampouco o ensino da leitura e da escrita pode estar
desarticulado da função que os textos ocupam na sociedade. Para realizar tal
discussão, alguns autores da área de Educação Linguística são importantes, tais
como: Britto (2003; 2012) e Geraldi (1984), bem como da área da didática, Libâneo
(1990) e também da metodologia, com a prática social, Saviani (1995). Assim, o
objetivo da comunicação é problematizar o trabalho com o texto na sala de aula e
algumas práticas cristalizadas na escola. Para isso, fez-se uma seleção de atividades
que envolvem a escrita e que foram realizadas com uma turma de terceiro ano do
Ensino Fundamental numa escola pública de São José/SC. Desse modo, ao tratar dos
exemplos de produção e da avaliação realizada pelo docente, analisou-se como a
articulação da leitura, da produção e da análise linguística se deu para o
desenvolvimento da escrita dos alunos ao longo do ano.
Palavras-chave: leitura; escrita; alfabetização.
132
Linguagem no contexto social, no nível de Doutorado e com orientação do professor
Dr. Gil Roberto Costa Negreiros, este trabalho tem por objetivo apresentar o
desenvolvimento do projeto de tese intitulado “Argumentação na Educação Básica:
um estudo da progressão em gênero oral e em gênero escrito”. Tal pesquisa visa
investigar, a partir de corpora orais e escritos produzidos em atividades baseadas na
progressão de gêneros e aplicadas em oficinas escolares de língua portuguesa, o
desenvolvimento linguístico-textual e argumentativo dos “discentes-usuários” da
língua portuguesa. Justifica-se a necessidade deste estudo por três razões: ampliação
de pesquisas sobre a progressão de gêneros, benefício aos alunos voluntários da
pesquisa e contribuição para novas e futuras práticas didáticas com gêneros. A
fundamentação teórica está ancorada nos estudos de gêneros de Fairclough (2003) e
Marcuschi (2007), na Linguística Textual e no estudo dos agrupamentos de gêneros
orais e escritos (DOLZ; SCHNEUWLY, 2011). A metodologia da pesquisa é de cunho
qualitativo e a pesquisa-ação, representada por Thiollent (1996) e Tripp (2005), é o
método empregado para a geração de dados com alunos do Ensino Médio de uma
rede estadual de ensino, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Os resultados
preliminares da pesquisa ainda não podem ser descritos, visto que a pesquisa está
na fase de inserção na escola.
Palavras-chave: gênero oral e escrito; ensino; agrupamento de gêneros; pesquisa-
ação.
133
AS BASES EPISTEMOLÓGICAS DOS ESTUDOS DO(S) LETRAMENTO(S) NO
BRASIL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES
134
para a possibilidade de liberdade, autonomia e criticidade também nessa forma de
agir humano, ser professor/a.
Palavras-chave: teoria/prática; liberdade; autonomia; criticidade; formação do
professor.
135
Simpósio Temático 19
Discurso e resistência: relações de poder em diferentes materialidades
discursivas
Profª. Drª. Rosely Diniz da Silva Machado (FURG)
rosely@vetorial.net
Profª. Drª. Luciana Iost Vinhas (UFPel)
lucianavinhas@gmail.com
Este Simpósio visa socializar as pesquisas que tematizam a questão dos sujeitos, dos
sentidos e das práticas discursivas, na perspectiva da Análise do Discurso, a partir de
Michel Pêcheux. Tal opção teórica significa direcionar o foco dos estudos para as
análises sobre as condições históricas e sociais de produção do discurso, entendendo
a instância ideológica como constitutiva desse processo e determinante dos discursos,
dos sujeitos e dos sentidos. As comunicações devem contemplar estudos sobre:
linguagem e relações de poder, a subjetividade no processo de autoria e
interpretação, os imaginários que determinam a prática discursiva da leitura e da
escrita, a intervenção do Estado e da mídia na formação de sentidos idealizados sobre
o saber linguístico. Assim, o simpósio acolhe, prioritariamente, trabalhos que articulem
a relação ideologia e inconsciente no processo de constituição dos sujeitos e dos
sentidos a partir de diferentes materialidades discursivas, atentando para as formas
de resistência que ganham corpo na formação social atual. O desdobramento de
questões envolvidas na subjetividade, na produção de sentidos e nos discursos,
permite pensar nos aspectos fundadores da teoria pecheuxtiana e desdobrar análises
de práticas discursivas que circulam na contemporaneidade, contribuindo, desse
modo, com pesquisas, atuais ou futuras, realizadas nessa área específica do
conhecimento.
Comunicações
136
formação social, busca-se identificar irrupções do discurso hegemônico patriarcal sob
a forma de pré-construídos em discursos tidos como subversivos. O corpus
selecionado para análise foi coletado do site de rede social Facebook, e consiste em
textos relacionados ao feminismo, constituídos por língua e imagem. Para análise dos
aspectos imagéticos tem-se por base os estudos de Quevedo (2012), que vê na
imagem efeitos similares aos do texto escrito, contemplando os efeitos de literalidade,
não-contradição e evidência. As sequências escolhidas para análise eram utilizadas
como características de empoderamento e subversão à ideologia patriarcal. No
entanto, através de nosso gesto interpretativo percebemos que pré-construídos da
ideologia dominante irrompem nestas sequências e as mulheres não percebendo sua
submissão ao discurso hegemônico atuam na disseminação e perpetuação de seus
pressupostos. Destaca-se a importância de desnaturalizar o caráter de evidência da
imagem. Na leitura das imagens constituintes do corpus discursivo podemos construir
sentidos que não estavam em um plano superficial. De acordo com Orlandi (2015), a
Análise de Discurso nos coloca em estado de reflexão, buscamos por meio de seus
princípios desnaturalizar a evidência do sujeito e a evidência do sentido construindo,
como propõem a autora, uma relação menos ingênua com a linguagem.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Pré-construído; Gênero.
137
É 2018/2019 E HIV/AIDS É “COISA” DE GAY!
138
da Língua. Para embasar e fundamentar o tema proposto, serão acionados alguns
dos teóricos da AD, quais sejam: Pêcheux, Althusser e Lacan, bem como Eni Orlandi
e Leandro Ferreira. Assim, a fim de verificar como são ditas essas mulheres em
situação de violência, serão analisadas quatro manchetes jornalísticas referentes ao
tema proposto, para que, a partir disso, seja possível tratar a questão da Língua para
a Análise do Discurso e seus mecanismos de funcionamento. Essa questão é
norteadora neste trabalho, já que a Língua está afetada pelo Real e, portanto, sujeita
ao equívoco e às ambiguidades, uma vez que não é transparente ou literal, sendo
atravessada pela Ideologia e pelo Inconsciente, de modo que os sentidos deslizam na
opacidade da língua, dos sujeitos e da história, podendo haver múltiplos efeitos de
sentido, mas não qualquer um. Quanto aos resultados, deve-se considerar que serão
preliminares, pois a pesquisa ainda está em andamento.
Palavras-chave: Violência doméstica; real da Língua; opacidade; sujeito.
139
“10 AÇÕES ANTICORRUPÇÃO │REWIND”: ANÁLISE DISCURSIVA DE
PROPAGANDA DA PETROBRAS
Resumo: Em 2009, no Brasil, teve início a operação investigativa conhecida por Lava
Jato, a qual é considerada pelo Ministério Público Federal como a maior investigação
anticorrupção brasileira, e que teve início após o descobrimento do pré-sal. Durante
essa operação, foram descobertos esquemas de desvios de recursos da Petrobras,
estatal de exploração petrolífera, cuja economia é mista e tem por acionista majoritário
o governo brasileiro. Nesse contexto “anticorrupção”, no dia 29 de outubro de 2018, a
Petrobras lançou uma campanha publicitária intitulada “Confiança”, cujo objetivo era
divulgar as ações anticorrupção implementadas pela empresa. Sob o slogan “Não
existe caminho fácil. Existe caminho certo”, a Petrobras publicou, em seu canal do
YouTube, os onze vídeos que integram a campanha. Deste arquivo, foi selecionado,
como corpus do presente estudo, o segundo vídeo da campanha, o qual foi publicado
sob o título “10 ações anticorrupção │rewind”. Este tem por base o recurso audiovisual
backforward, com narração. Posto isso, a presente pesquisa tem por objetivo
compreender a função dessa propaganda na atual conjuntura brasileira, buscando
dessuperficializar os efeitos de sentido que podem ser estabelecidos a partir da peça
publicitária. Para tal, ancora-se teoricamente na Análise de Discurso de tradição
pêcheuxtiana. Para aceder ao discurso, a propaganda foi relacionada à exterioridade
e foram percebidos, através de marcas linguísticas, indícios do processo de produção
de sentidos. Uma vez que a discursividade é determinada pelo interdiscurso (já dito),
notou-se como saberes advindos deste já-lá são materializados na peça publicitária
em análise. A partir do gesto de interpretação realizado, atentou-se a como as
condições de produção amplas e imediatas determinam as possibilidades de dizeres
sobre a empresa, fazendo com que as diferentes leituras do texto narrado, a partir da
Formação Discursiva à qual se filiam, produzam diferentes efeitos de sentido sobre a
Petrobras.
Palavras-chave: Discurso; Petrobras; Propaganda.
140
de Pêcheux (2009 [1975]), refletir sobre como se produz, sob o efeito ideológico de
evidência, uma certeza do padrão comportamental dispensado no ambiente escolar.
No caso em tela, abordado ao longo desta exposição, trago recortes discursivos
enunciados a partir da posição-sujeito professor. Nestes recortes, procuro escutar o
batimento entre o cultural e o pedagógico na produção das designações
disciplina/indisciplina, o que implica indagar dois pontos, a saber: i) disciplina e/ou
indisciplina para quem na instituição escolar? ii) a partir de que voz ou de qual lugar
legitimado? No intento de buscar respostas para essas questões encontro apoio em
duas noções, a saber a de interpretação e a de formação cultural. Será através delas,
entrelaçadas às ferramentas funcionamento ideologia e inconsciente, que tropeçarei
nos efeitos-de-sentido histórico e culturalmente produzidos sobre o par aqui estudado.
O primeiro gesto, por mim empreendido, em busca do trabalho dos sentidos em seus
efeitos, sobre o par disciplina/indisciplina, foi o de produzir um pequeno dispositivo de
pesquisa composto por três questões, a saber: I) como você descreve a indisciplina
na instituição escolar? II) para você quais seriam as possíveis causas do
comportamento indisciplinado? III) qual sua definição para a indisciplina? O segundo
traço que preciso expor é o da posição-sujeito a ser observada. Neste ponto de meu
estudo, voltei meu olhar para o sujeito-professor. Assim, é a partir de um discurso
pedagógico, tal como engendrado por Orlandi (2009 [1983], p. 15-16) - ou seja, um
discurso que se estabelece na relação pedagógica a partir da existência de
lugares/posições diferentes para os dois polos da relação: professor e aluno, que
sustento meu olhar e traço algumas breves e não acabadas linhas sobre a disciplina.
Palavras-chave: disciplina; sentidos; interpretação, formação cultural; ideologia.
141
representações imaginárias para os sujeitos. Segundo Pêcheux (1983), a aparente
transparência de sentido é produzida pela FD que dissimula a dependência relativa
ao complexo dominante da formação ideológica, da qual o sujeito é projeção.
Portanto, complexo dominante constitui o interdiscurso, que é o lugar do pré-
construído, daquilo que remete a uma construção anterior, independente daquilo que
é construído na superficialidade do discurso. Através deste trabalho, espero contribuir
para reflexões que nos mobilizem à denúncia de práticas discursivas que
representam, reproduzem e perpetuam lugares sociais de submissão da mulher.
Palavras-chave: discurso, gênero e formação ideológica.
142
Vanessa V. Martini (Unipampa)
vanessavilagrand@gmail.com
Carolina Fernandes (Unipampa)
carolinafernandes@unipampa.edu.br
Resumo: A situação de violência contra a mulher de modo geral é um fato tão grave
que deve ser abordado nas mais diversas esferas, sobretudo no âmbito do discurso,
sendo que sujeitos reproduzem discursos de ódio e de opressão contra a mulher,
repercutindo no aumento de agressões. Diante disso, este trabalho mostra uma
reflexão sobre essa temática a partir da análise de uma atividade de leitura do conto
“Para que ninguém a quisesse” de Marina Colasanti, feita com o 9º ano do EF. Essa
proposta é um recorte do produto pedagógico desenvolvido para o Mestrado
Profissional em Ensino de Línguas, da Unipampa. A atividade teve como objetivo
deslocar sentidos e romper com sentidos já estabilizados, ou seja, uma maneira de
resistir a esses discursos naturalizados na sociedade. A proposta baseia-se no
dispositivo teórico sustentado pela Análise de Discurso (AD), que circunda uma
metodologia de compreensão, pois “concebe a linguagem como mediação necessária
entre o homem e a realidade natural e social” (ORLANDI, 2010, p. 15), de forma que
a linguagem não é algo dado, ou seja, visa compreender como um objeto simbólico
produz sentido. Isso contribuiu para que os alunos tomassem a posição de autor no
processo de leitura, ao inserirem-se em formações discursivas resultantes das
diferentes posições que o sujeito ocupa na formação social, colaborando para que na
prática cotidiana os sujeitos refletissem sobre este tipo de discurso que alimenta os
estereótipos. Portanto, ao contemplar as condições de produção em que se dá nossa
proposta de leitura, consideramos os sujeitos-alunos inseridos em formações
discursivas e constituídos por uma memória discursiva, cujas falas representam um
contexto social, de uma cidade do interior, na qual predomina a formação discursiva
machista, o que torna ainda mais urgente a necessidade de resistir a esse discurso.
Palavras-chave: Leitura. Discurso. Violência contra a mulher. Resistência.
143
linguagem dialogar com o mundo contemporâneo (Pennycook, 2008). O corpus será
coletado em rodas de conversa (grupos focais), com discentes do curso de Letras e
de Educação do Campo, ingressantes na Universidade Federal do Rio Grande –
FURG, de 2015 a 2018, a partir de 40 anos. Para essa finalidade, convidaremos 60
discentes que serão divididos em quatro grupos com quinze participantes, totalizando
quatro encontros, previamente agendados. A análise dos dados será embasada na
Análise do Discurso (AD) e na Análise do Discurso Crítica (ADC), nas perspectivas de
Focault (1996) e Fairclogh (2001), visto que analisaremos narrativas de um grupo
específico, a fim de identificar os aspectos históricos e socioculturais que atravessam
seus dizeres por meio de seus discursos e silêncios, os quais foram construídos a
partir das suas ideologias e que se descortinam nas relações sociais em que estes
sujeitos estão inseridos. A partir deste trabalho, esperamos obter dados informativos,
os quais forneçam subsídios consistentes acerca da ocorrência ou não de
apagamentos de discentes na idade da maturidade no que tange o ensino superior.
Palavras-chave: Narrativas; Discurso, Maturidade, Apagamentos; Identidade.
144
Simpósio Temático 20
Linguagem, cognição & cérebro
Comunicações
O EFEITO DE TAREFAS FOCADAS NA PRODUÇÃO DE PERGUNTAS COM WH-
WORDS/PHRASES NA POSIÇÃO DE SUJEITO E DE OBJETO*
Resumo: Este trabalho visa analisa o desempenho de uma turma de alunos de 1º ano
do Ensino Médio após ter sido submetida a uma sequência de tarefas focadas,
desenhadas para promover a percepção consciente (noticing) (SCHMIDT, 1990,
2010) de pronomes interrogativos (wh-words/phrases) na posição de sujeito e de
objeto. Para o estudo, seis tarefas foram produzidas contendo insumo encharcado e
destacado das estruturas-alvo. A Tarefa 1 foi um jogo de perguntas e respostas sobre
conteúdos escolares. A Tarefa 2 envolveu a elaboração de uma prova de Geografia a
partir de perguntas dadas e a Tarefa 3 consistiu na elaboração de perguntas para um
145
jogo. As tarefas 1 e 2 apresentaram encharque e destaque dos pronomes
interrogativos na posição de sujeito. A Tarefa 4 foi um jogo similar ao da Tarefa 1. A
tarefa seguinte solicitava a correção de duas provas e o preenchimento de um
formulário escolar com base nas correções feitas. A Tarefa 6 foi similar à Tarefa 3. As
tarefas 4 e 5 encharcaram e destacaram os pronomes interrogativos na posição de
objeto. Os dados foram coletados por meio de um pré-teste que pedia a tradução do
português para o inglês de perguntas iniciadas com wh-words/phrases. Os resultados
foram comparados com as perguntas elaboradas pelos alunos nas tarefas 3 e 6,
visando responder às seguintes perguntas de pesquisa: (1) Qual foi o desempenho
dos alunos antes e após serem submetidos às tarefas focadas? (2) O insumo
encharcado e destacado das estruturas-alvo foi suficiente para os alunos produzirem
perguntas gramaticalmente aceitas? Os resultados mostraram que os alunos
melhoraram seu desempenho e que as estratégias de ensino utilizadas para atrair a
atenção dos alunos para as estruturas-alvo tiveram efeito positivo, sugerindo ter
havido percepção consciente dessas estruturas.
Palavras-chave: Tarefa focada. Wh-words/phrases. Insumo encharcado e
destacado.
* O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
146
entre si de acordo com a escolaridade, bem como grupos saudáveis de grupos com
demência.
Palavras-chave: envelhecimento saudável; discurso oral; escolaridade.
147
O PROCESSAMENTO CORREFERENCIAL CATAFÓRICO DO PRONOME PLENO
EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: EVIDÊNCIAS DE EXPERIMENTO DE SELF-
PACED READING
148
Dentre as manifestações da anomia de ordem semântica, pode haver
comprometimentos semântico-sintáticos de categoria específica ou de classe
específica de palavras, comprometimentos morfológicos e déficits semânticos de
categoria específica na produção de palavras. A literatura persiste em saber se,
nesses casos, há um comprometimento no acesso às palavras ou nas suas
representações semânticas. Por essa razão, o presente trabalho teve como objetivo
investigar o impacto dos prejuízos de nomeação em um caso de AVC em recontos de
narrativas. O participante, (68 anos, escolaridade 8 anos) foi selecionado a partir de
instrumentos específicos de seleção. Para caraterização, foram utilizados:
Questionário de frequência de hábitos de leitura/escrita, caracterização do status
socioeconômico e condição social, avaliação funcional. Além desses, testes
neuropsicológicos que avaliaram a memória no span de dígitos e palavras em frases
e a habilidade de nomeação também foram usados. A tarefa tratava-se de um reconto
reportando o máximo de detalhes possíveis de seis narrativas curtas, apresentadas
escritas e oralmente. Os resultados qualitativos sugerem que o participante
apresentou dificuldades na nomeação relativas ao acesso às palavras, demonstrando,
de outras formas, que compreendia o que estava sendo pedido, porém apresentava
dificuldades para executá-lo. O presente trabalho procurou contribuir com mais dados
provenientes de estudos em psicolinguística que auxiliem como pistas para melhor
compreender os prejuízos linguísticos após um AVC.
Palavras-chave: AVC, nomeação, reconto, narrativa.
149
meio da pesquisa, evidencia-se que o ensino lexical implícito promove a consciência
linguística lexical.
Palavras-chave: teoria sociocultural; consciência linguística lexical; tarefas
colaborativas.
150
Simpósio Temático 21
O período vitoriano: rastros literários e seus desdobramentos
Comunicações
A MÁQUINA DO TEMPO, DE H. G. WELLS: UTOPIA CRÍTICA DA SOCIEDADE
VITORIANA
151
ponderação sobre o desenvolvimento (ou não) das sociedades humanas, em especial
da Britânica Vitoriana e sua relação direta com as tecnologias e avanços científicos.
Visa, ainda, situar Wells como fundador da antiutopia moderna, estabelecendo o tom
de ironia pessimista que caracteriza obras distópicas. A metodologia para tal será a
busca de subsídios para a análise em autores como John Huntington (1987), Harold
Bloom (2005) e Stephen Greenblatt (2011), entre outros. Os resultados obtidos até
agora mostram que H.G. Wells vê a ciência de forma ambígua, sendo ela necessária
para fornecer ao homem conforto, saúde e longevidade e, enfim, dignidade. Porém ao
mesmo tempo o autor se refere ao futuro como consequência inevitável do caminhar
da lógica do sistema industrial, que desumaniza, à custa do progresso moral do ser
humano.
Palavras-chave: Crítica social; Literatura distópica; Revolução industrial;
Vitorianismo.
* Professora de Literaturas de Língua Inglesa da Universidade Estadual do Vale do Acaraú, Sobral,
Ceará. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
152
ANTIGUIDADE, ERA VITORIANA E MODERNIDADE: A BUSCA DA FELICIDADE
EM DUBLINENSES
153
trabalho pretende investigar como a perversa Era Vitoriana e sua duradoura herança
na sociedade ocidental são descortinadas pelas produções literárias femininas; e,
ainda, realizar um entrecruzamento das narrativas textuais com produções artísticas
que evocam essa temática. Para tanto, partimos de algumas questões norteadoras.
São elas: “As barreiras impostas pela cultural castração da potência criativa feminina
no período em questão teriam implicações na manifestação de distúrbios psíquicos
em escritoras da época?”; “De que forma escritoras apontadas como loucas
transmutam suas dores em linguagem verbal mediante suas produções literárias?”.
Os principais referenciais teóricos consultados compreendem obras das historiadoras
Mary del Priore e Magali Engel, da escritora Lisa Appignanesi, da antropóloga Carla
Cristina Garcia e dos filósofos Michel Foucault e Georges Didi-Huberman. No domínio
literário, debruçamo-nos sobre a biografia e a produção de três escritoras
diagnosticadas com algum transtorno psíquico, são elas: Charlotte Perkins Gilman
(1860–1935, Estados Unidos), Virginia Woolf (1882-1941, Inglaterra) e Maura Lopes
Cançado (1929-1993 Brasil). Ademais, a pesquisa compreende uma produção poética
de autoria nossa, a qual propõe, mediante a apropriação e manipulação de retratos
femininos, uma aproximação sensível com essa realidade tão cruel em que muitas
mulheres encontravam-se imersas, por almejarem sua emancipação intelectual.
Palavras-chave: Feminino; Loucura; Literatura; Arte.
*Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel), sendo bolsista pela CAPES/CNPq. (anatavaresfotografia@gmail.com).
**Professora do PPG em Artes Visuais do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas. Doutora
em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com estágio de pós-
doutorado pela UFSC. (ar.renata@gmail.com).
154
representação da Era Vitoriana, a partir daquele referente; seus discursos produzem
um olhar do hoje sobre este período histórico, sem deixar de inserir-se na
racionalidade pós-moderna e neoliberal, atendendo a demandas mercadológicas e
culturais da produção literária do nosso tempo.
Palavras-Chave: Discurso; Romance de época; Era vitoriana; Feminino.
* Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas.
(ags.21@hotmail.com)
Resumo: O escritor, poeta, editor e crítico norte-americano Edgar Allan Poe nasceu
em Boston em 1809 e faleceu em Baltimore em 1849. Popularmente conhecido como
o mestre dos contos de terror e precursor dos contos de detetive, também publicou
ensaios e resenhas críticas. Em 1842 publicou o conto “The Masque of the Red Death”
[A Máscara da Morte Rubra], cuja tradução foi o ponto de partida para a elaboração
deste artigo. A escolha do conto se justifica por dois de seus aspectos que chamam a
atenção. São eles o emprego da alegoria e a representação do ciclo da vida. A
alegoria diz respeito à brevidade da vida e à inevitabilidade da morte, aqui
representada por uma peste, a morte rubra, que assola um reino distante em uma
época remota. O local e a época indeterminados do conto, bem como a presença da
morte rubra, sugerem uma aura de fantástico ou de maravilhoso que oferece ao leitor
a possibilidade de recriar e/ou imaginar um universo igualmente “maravilhoso”. O
Príncipe Próspero, na tentativa de sobreviver à morte rubra, se recolhe, acompanhado
por um grupo de cortesãos, em uma de suas propiedades – uma abadia acastelada –
e promove um baile de máscaras. O clímax do conto ocorre durante o baile, quando
o príncipe e seus convidados confrontam-se com a morte. A representação do ciclo
da vida é caracterizada pela alusão às sete fases da existência (nascimento, infância,
juventude, idade adulta, maturidade e morte) descritas na obra Como Gostais, de
William Shakespeare. No conto, essas fases estão representadas pelos sete salões
da abadia, decorados com distintas cores (azul, púrpura, verde, laranja, branco, o
violeta e negro) associadas a essas sete fases. No que diz respeito à tradução,
acreditamos que o desafio maior se encontra na busca de equivalências que dêem
conta da escolha estética do autor, rica em adjetivos que descrevem ambientes e
personagens de forma intensa.
Palavras-chave: Tradução; Equivalência; Alegoria.
* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, na linha de pesquisa Lexicografia, Terminologia e Tradução. (anakarinabraun@gmail.com)
155
ELEMENTOS GÓTICOS CLÁSSICOS E MODERNOS NAS OBRAS DAS IRMÃS
BRONTË: O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (1847), JANE EYRE (1847) E
AGNES GREY (1847)
Resumo: O romance Wide Sargasso Sea (1966), escrito pela escritora caribenha
Jean Rhys, retoma personagens que ganharam fama na obra Jane Eyre (1847), da
escritora inglesa Charlotte Brontë, funcionando não só como um prelúdio à obra de
Brontë, mas também como um contraponto, ao adicionar à história o ponto de vista
da personagem Bertha Mason, a “louca do sótão” do famoso romance vitoriano. Na
obra de Brontë, a personagem aparece apenas em alguns momentos, fala-se dela e
por ela, mas a ela nunca é dada voz, uma vez que é apresentada por Rochester,
através de Jane, como sendo uma mulher louca. Em Wide Sargasso Sea, no entanto,
156
nos é apresentado o início da história dessa personagem — aqui chamada de
Antoinette. Nesse novo contexto, ela sai das sombras e ganha seu espaço, usando a
própria voz para contar sua história sob um ponto de vista diferente do apresentado
em Jane Eyre. Assim, no presente trabalho, realiza-se uma leitura de Wide Sargasso
Sea, olhando para aspectos da relação entre Antoinette e Rochester, considerando
Antoinette uma personagem híbrida que vive em um entre-espaço que, ao invés de
permitir novas significações, é opressor. A fim de melhor compreender essas
questões, utilizamos os conceitos de Casa apresentado por Gaston Bachelard em
Poética do Espaço (1994), bem como o de Entre-lugar, de Homi Bhabha, evidenciado
em O Local da Cultura (1998). Além disso, no que diz respeito a textos escritos por
mulheres, nos baseamos na leitura de “Three Women’s Texts and a Critique of
Imperialism” (1985), de Gayatri Chakravorty Spivak.
Palavras-chave: Pós-colonialismo; Wide Sargasso Sea; Jane Eyre; Entre-lugar.
* Doutoranda em Literaturas de Língua Inglesa pelo Programa de Pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (deborahsimionato@gmail.com).
** Bolsista de Iniciação Científica do Projeto Sociedade, História e Memória nas Literaturas de Língua
Inglesa do Instituto de Letras da UFRGS. Bolsa FAPERGS. (marcelazchiste@gmail.com)
Elena Gallorini*
157
BILBO BOLSEIRO: UM HERÓI VITORIANO EM UMA AVENTURA MEDIEVAL
Fernanda Schmitt*
Resumo: “Uma mulher vitoriana angelical deve se tornar o refúgio de seu marido, do
sangue e suor que inevitavelmente acompanham uma vida significativamente ativa.”
(GILBERT; GUBAR, 1984 p.24, tradução minha) O período vitoriano determinava de
forma clara o que era esperado de uma mulher, a maneira como ela deveria se
comportar, pensar, falar e vestir. A aparência física de uma mulher vitoriana ideal
deveria se assemelhar àquela de um anjo: frágil, delicada, pálida e passiva. Quase
como um bibelô de porcelana que poderia se quebrar a qualquer momento. Tudo
aquilo que se afastasse destas características era visto com estranhamento e
desdém. O presente trabalho tem como objetivo analisar as personagens Jane Eyre
e Bertha Mason, no romance Jane Eyre de Charlotte Brontë, e a forma como suas
imagens são construídas como oposições: enquanto Jane é vista como angelical,
Bertha é referida como bestial. Ao mesmo tempo em que essas duas figuras femininas
se contrapõem elas também se completam de certa forma naquilo que Gilbert & Gubar
(1984) apontam como um ciclo onde o anjo se transforma na bruxa, no monstro, em
algum ponto do seu caminho. Aqui também caberá explorar e discutir a ideia do duplo
a partir das visões de Robert Rogers e Otto Rank e como este conceito se aplica a
essas duas personagens.
Palavras-chave: Duplo; Feminismo; Era vitoriana; Anjo; Monstro.
* Aluna do curso de Especialização em Educação Bilíngue e Cognição da Faculdade IENH, Instituição
Evangélica de Novo Hamburgo. (fernandaschmitt@iehn.com.br)
158
A CASA DUPLICADA NO CONTO “A ÚLTIMA NÉVOA”, DE MARIA LUISA
BOMBAL
Fernanda Veeck*
Amanda Leonardi de Oliveira**
Cinara Ferreira Pavani***
Ícaro Carvalho*
Antônio Marcos Vieira Sanseverino**
Resumo: O período conhecido como Pax Britannica envolveu as ilhas britânicas por
quase um século, tendo o termo sido cunhado para designar a calmaria e
prosperidade experienciadas pela nação regida pela Rainha Vitória. Contudo, junto
aos avanços tecnológicos, que traziam essa prosperidade ao país, a população
vitoriana experimentava os efeitos colaterais dessa economia baseada no carvão. Em
The People of the Abyss (1903), o escritor americano Jack London, logo após a morte
da Rainha Victoria, mostra o lado sombrio dessa prosperidade. Emprego e moradia
tornam-se espremidos e insalubres e os salários insuficientes para comportar
necessidades básicas, evidenciando uma crescente divisão entre classes. Através de
159
uma investigação em que se passa por um pobre marinheiro das docas, London
discorre sobre a sua estadia em Londres durante a coroação do Rei Eduardo VII,
narrando as heranças do período vitoriano para o país, até então tido como centro
econômico mundial, e, principalmente, para os trabalhadores pobres com os quais ele
passa a conviver, relatando seus desafios diários. Excertos do livro de London servem
como bibliografia principal para mostrar os abismos e contrastes existentes naquela
que era vista mundialmente como cidade modelo de prosperidade. Adjunto ao autor
supracitado, utiliza-se o contexto providenciado por Engels em The Condition of the
Working Class in England (1845) e também os mapas de Charles Booth, que
evidenciam uma Londres dividida entre o oeste rico e o leste pobre, onde a Scotland
Yard era ineficaz – ou indiferente – perante os crimes de Jack, o Estripador. Assim,
explora-se como a maior cidade do mundo acabava por oprimir seus próprios
cidadãos através de um sistema econômico que privilegiava um certo esquecimento
desses trabalhadores em prol do desenvolvimento industrial e enriquecimento
direcionado aos moradores do West-End.
Palavras-Chave: Londres; Jack London; Pobreza; Vitorianismo industrial.
* Mestrando na área de Estudos de Literatura do Programa de Pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bolsista CAPES/PROEX. (icarokc@outlook.com)
** Professor dos Programas de Graduação e Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Doutorado em Teoria da Literatura pela PUC-RS. Pós-doutorado pela Brown University.
Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2. (amvsanseverino@gmail.com)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar alguns aspectos das traduções
brasileiras do conto “The Imp of the Perverse”, do escritor norte-americano Edgar Allan
Poe, de 1944 até o início do século XXI, a partir dos questionamentos sobre
retradução levantados pelo teórico Antoine Berman (2007). Haja vista a importância
do papel que a primeira tradução tem em relação às traduções posteriores, o estudo
parte da primeira tradução para o francês, de Charles Baudelaire, observando as
escolhas lexicais e comparando-as com as traduções brasileiras, para verificar até
onde a primeira tradução influencia as demais retraduções. O estudo busca encontrar
elementos que comprovem uma reflexão e um diálogo diacrônico entre o tradutor da
primeira tradução e os tradutores das retraduções.
Palavras-chave: Retradução; Edgar Allan Poe; Perversidade.
* Mestrando em Lexicografia, Terminologia e Tradução no Programa de Pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (eljuancito82@gmail.com)
** Professora dos Programas de Graduação e Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Doutora em Letras pela UFRGS, com período de pesquisa sanduíche na
Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle, França). (patricia.ramos@ufrgs.br)
160
THE UGLY BUMP: VICTORIANISM THROUGH DR. JEKYLL AND MR. HYDE
Resumo: A palavra bump, em inglês, pode significar espartilho – uma armação que
faz pressão e comprime – ou calo – termo que, em frenologia, marca alguma
protuberância no rosto de alguém. Neste trabalho, o termo é usado como um motif
relacionado tanto à face progressista do Vitorianismo, quanto à tensão entre
propriedade e desejo que é própria daquela época. O foco dessas manifestações recai
sobre a personagem de Mr. Hyde, nosso metafórico calo, bem como sobre sua
necessária relação com o Dr. Jekyll. Suas características, nomes e títulos, como
apresentados no livro, indicam de que maneira eles se relacionam com certos
aspectos da sociedade de então, e também qual o papel do corpo monstruoso na
sociedade. O estudo aborda aspectos da vida vitoriana, como a diferença entre um
médico e um cirurgião, a noção de Jeffrey Jerome Cohen (1996) sobre o monstro
como um corpo feito de cultura, e o ‘método’ de investigação frenológica da sociedade
vitoriana proposto por Phillip Davis (2008). O resultado deste mash-up contextual é
menos uma personagem do que uma estrutura complexa, que através de seu corpo,
que é monstruoso apenas por conta de seus apetites, é capaz de estabelecer um
diálogo com múltiplos aspectos do Vitorianismo e que, morrendo, tem muito a revelar
sobre seus segredos.
Palavras-chave: Literatura inglesa; Vitorianismo; Monstro; Jekyll e Hyde
* Doutorando em Literaturas de Língua Inglesa no Programa de Pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo: Wilkie Collins é reconhecido por suas “sensation novels” e pelo rebuscado
uso de simbologias através das cores, vide The Woman in White (1859). Em The
Moonstone (1868), considerada hoje a origem da “detective fiction”, a pedra cujo nome
se apresenta no título é o elemento que rege a narrativa de Collins. A partir do
momento em que é removido de seu local de origem, na Índia, o diamante passa a
ser objeto da transformação das personagens com as quais se envolve e da dedicação
de um grupo de brâmanes cujo grande objetivo é recuperá-la e retorná-la ao seu local
de direito. A adaptação para TV de Robert Bierman trabalha a subjetividade da
epiderme colliniana a partir da triangulação de imagens, do uso consciente de cores
e da subjetividade dos efeitos de claro e escuro que envolvem as personagens como
um exoesqueleto, uma aura mutável e sensível. Nesta oportunidade, em especial,
será observada a confluência das personagens femininas e das propriedades
vitorianas nas atmosferas construídas tanto pela narrativa literária quanto pela
narrativa cinematográfica. Dessarte, procura-se realizar a análise de um determinado
grupo de cenas capazes de promover o diálogo dos efeitos cinematográficos para/com
os criados por Collins em sua narrativa. Trata-se de uma aproximação comparativa
que visa ao reconhecimento da subjetividade narrativa de ambas as obras e que
respeita, sem assumir julgamentos de valor, a individualidade estrutural de cada uma
das mídias, tendo em vista os postulados de Bolter & Grusin (2000) e Hutcheon
(2012).
161
Palavras-chave: Intermidialidade; Literatura vitoriana; Luz; Wilkie Collins.
* Doutoranda em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Bolsista CNPq. (yana.flafy@gmail.com)
Resumo: É difícil criar novo algo do nada. Há sempre uma semente do velho nas
raízes do novo. Shakespeare, o grande contador de histórias de todos os tempos
sabia muito bem esse truque e o usava a seu favor. Romeu e Julieta e Macbeth são
alguns exemplos de peças que foram inspiradas em histórias antigas. Assim, é
possível dizer que alguns autores usam sua criatividade para atualizar narrativas
antigas e torná-las novas. Os romances de Jane Austen vêm inspirando autores há
bastante tempo, levando-se em conta a grande quantidade de obras derivativas
inspiradas em suas histórias, como romances, filmes, séries de TV, para mencionar
alguns. O romance Orgulho e Preconceito, a obra mais conhecida de Austen, tem sido
revisitado a partir de diferentes perspectivas: versões fílmicas, séries de TV, um video
blog e spin-offs da referida obra. Estr trabalho apresenta série de televisão Lost in
Austen, de 2008, que traz a história de uma jovem chamada Amanda Price, grande fã
dos romances de Austen, em especial de Orgulho e Preconceito. Ela troca de lugar
com Lizzie Bennet. Amanda mergulha no universo ficcional do referido romance e
substitui o espaço da protagonista, enquanto que Lizzie Bennet vem para o século
XXI. Para esta leitura, me amparo nos conceitos de Zygmunt Bauman sobre
modernidade líquida e modernidade sólida, com a intenção de analisar entender esta
troca de papéis entre Amanda e Lizzie. A pergunta é: por que o universo ficcional
sólido de Austen é tão atraente para Amanda, uma leitora dos tempos líquidos?
Palavras-chave: Literatura inglesa; Jane Austen; Zigmunt Bauman, Modernidade
sólida; Modernidade líquida.
* Doutora em Literaturas de Língua Inglesa pela UFRGS e ex-bolsista de pós-doutorado PNPD Capes
pela UFSM. (lu.muller@hotmail.com)
162
inteligentes, talentosos e promissores, porém os resultados de suas tentativas de abrir
caminho na vida são muito diferentes. O objetivo do trabalho é observar em que
medida os processos de adaptação às novas regras e éticas dessa virada de século
podem ser explicados, e/ou prenunciam a chegada dos tempos modernos. Como
embasamento para as considerações apresentadas lanço mão de teóricos da
Sociologia da Leitura, em especial Robert Darnton (The Case of the Books) e
Zilberman/Lajolo (O Preço da Leitura).
Palavras-chave: Vitorianismo; Londres literária; Indústria editorial; Sociologia da
leitura.
* Professora dos Programas de Graduação e Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Doutorado em Literatura Anglo-americana pela UFRGS.
(sandramaggio01@gmail.com)
163
Simpósio Temático 22
Compreensão da leitura: pesquisa e ensino
COMUNICAÇÕES
CONCEPÇÕES DE LEITURA E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA
PEDAGÓGICA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA
164
sobre o interlocutor (aluno) e sobre o próprio professor, levando em conta as
formações discursivas que fazem parte de seu discurso. Como resultado, a partir das
questões suscitadas na análise, pretende-se propiciar uma reflexão sobre a prática
docente, principalmente, no que se refere ao ensino e aprendizagem da leitura em
contexto escolar.
Palavras-chave: concepção de leitura; ensino da leitura; discurso docente, formação
imaginária.
Márcia Voges
165
SUJEITO EXPLÍCITO E/OU IMPLÍCITO COMO ARTICULADORES DA
CONTINUIDADE TÓPICA REFERENCIAL: UMA PROPOSTA DIDÁTICA
166
Fundamental. São utilizados nessas atividades textos literários (crônicas) de estrutura
narrativa dominante (ADAM, 2011), pois esse gênero aborda assuntos cotidianos e
contemporâneos, com uma linguagem mais despojada e coloquial. Sendo assim, a
crônica é um texto mais atrativo e de fácil compreensão para os alunos desse ano
escolar. Com esse objetivo, após a apresentação das atividades, cada questão é
analisada sob o viés dos estudos psicolinguísticos no que diz respeito aos aspectos
citados, de modo a contribuir como uma ferramenta para os professores de língua
portuguesa no letramento e na formação leitora de seus alunos.
Palavras-chave: atividades de leitura; consciência textual; crônicas; ensino.
167
A LEITURA EM SALA DE AULA
168
MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA DA LEITURA LITERÁRIA: UMA INVESTIGAÇÃO DE
CRENÇAS E PRÁTICAS DOCENTES
Carla Pedroso*
carlacpedroso@gmail.com
Resumo: Nas últimas décadas, o Brasil tem voltado a atenção para a formação de
leitores e o incentivo à leitura, tarefas nas quais a escola desempenha papel
fundamental, sendo muitas vezes o único elo entre a criança e os livros. Apesar do
intento, a maioria dos jovens que completa o ensino básico não apresenta o hábito ou
o interesse em ler e, o que é ainda pior, muitos demonstram dificuldades de
compreensão de textos, até mesmo os mais simples. Reconhecendo a importância da
leitura, especialmente a literária, e sua contribuição em diversos aspectos para a
formação daquele que lê, propõe-se a presente pesquisa, cujo objetivo principal é
investigar as crenças e práticas de professores de Língua Portuguesa acerca da
mediação pedagógica da leitura literária e da formação de leitores no espaço escolar.
Este projeto de pesquisa filia-se teoricamente à Linguística Aplicada Crítica (LAC),
que vem ampliando o seu escopo de pesquisa e incorporou, entre outros, o ensino de
literatura aos seus objetos de interesse. Em seu caráter interdisciplinar, a LAC oferece
as ferramentas epistemológicas para o estudo, compreendendo a linguagem, e por
sua vez a leitura, como prática social. Os procedimentos para a coleta do corpus da
pesquisa são observação das aulas, entrevistas semiestruturadas com os professores
e rodas de conversa com o grupo de professores participantes. Os dados coletados
serão analisados comparativamente e interpretados a partir da Análise Crítica do
Discurso de Norman Fairclough. Espera-se que, a partir da análise qualitativa dos
dados, possamos compreender as crenças dos docentes envolvidos no ensino de
leitura literária e de que forma as mesmas espelham suas práticas. Acreditamos na
hipótese de que as crenças e práticas dos professores de leitura literária podem
influenciar o desenvolvimento da motivação para a leitura, contribuindo para a
manutenção do hábito de ler ou para a sua descontinuação.
Palavras-chave: ensino de leitura; letramento literário; mediação pedagógica;
linguística aplicada; análise crítica do discurso.
*Mestranda em Estudos da Linguagem pelo PPG em Letras da Universidade Federal do Rio Grande -
FURG.
169
Simpósio Temático 23
O Idiomas sem Fronteiras e os eixos de investigação nascentes
Janie Cristine Amaral (UFPel)
janiecristineamaral@gmail.com
Leticia Stander Farias (UFPel)
leticia.stander@gmail.com
O Programa Idiomas sem fronteiras existe no Brasil desde o ano de 2013, sua
expansão por diversas universidades e institutos federais, sua variedade de línguas
oferecidas e sistemas criados deste então impressionam. Este simpósio pretende
reunir colegas que atuaram, ou atuam ainda, como coordenadores deste programa, e
professores ministrantes, de instituições federais nacionais, nas várias línguas que
este programa abarca. O objetivo é descobrir quais eixos despertaram a curiosidade
e originaram pesquisa ou reflexões iniciais nestes primeiros seis anos de atuação do
Programa. Este esforço se mostra muito relevante quando partimos para uma fase de
consolidação deste programa a nível institucional em todo o país, precisamos focar
no grande legado que o Idiomas sem Fronteiras pode deixar para o melhoramento
dos nossos programas formais de formação de professores no Brasil, e para os
diversos grupos que usufruem dos cursos ofertados. Além disto, faz-se necessário
repensar o conceito e a função do processo de internacionalização no contexto atual
em relação ao que tínhamos em 2013 em nosso país. Trabalhos com enfoque em
ensino, nas linhas teóricas que ampararam nossos esforços até agora, como também
nas visões sócio-pedagógicas da internacionalização serão bem acolhidos por este
simpósio. O estabelecimento de uma discussão acadêmica como essa facilitará o
entendimento de perspectivas e contribuições futuras do Programa Idiomas sem
Fronteiras para seus dois atores principais, os discentes universitários aprendizes em
formação, futuros professores de língua e seus alunos. As perguntas que nos movem
para este simpósio são: (a) onde desejamos chegar como Programa, e como
professores-pesquisadores em todos espaços em que atuamos ? (b) E quais
fronteiras ainda nos limitam?
Comunicações
IDIOMAS SEM FRONTEIRAS, FORMAÇÃO DOCENTE E INICIAÇÃO EM
PESQUISA
Resumo: O Programa Inglês Sem Fronteiras (IsF) têm incentivado, desde 2012, o
ensino de inglês como língua adicional em diversas instituições em todo o Brasil. A
170
Universidade Federal de Pelotas, como outras da rede federal, têm recebido
estudantes com experiências linguísticas e background diversos, níveis de
conhecimento e motivação diferenciados em suas turmas. Foi constatado um número
significativo de relatos negativos em relação à aquisição previa da língua inglesa nas
narrativas dos alunos ao adentrarem os cursos de MEO. Tendo em vista esses relatos,
elaboramos um estudo de caso para o exame detalhado e acompanhamento de uma
das turmas de iniciantes do ano de 2019. O estudo toma por base a análise de
entrevistas e questionários semiestruturados cujo objetivo é contribuir para o
levantamento dos perfis individuais dos alunos para a investigação sobre as causas
das desmotivações iniciais dos aprendizes. O embasamento teorico segue a linha
descrita por Gardner (1985, 1988 e 2000b) no que tange ao entendimento sobre a
motivação dos alunos e Ehrman (2000), Ehrma and Leaver (2002) sobre a
investigação individual do perfil de cada aprendiz. O objetivo maior do programa,
de aprimorar os processos de formação e qualificação docente no país, está refletido
neste estudo, uma vez que tanto seu processo quanto seu resultado visa contribuir
diretamente para a formação docente dos envolvidos e desenvolvimento de suas
habilidades como professores-pesquisadores.
Palavras-chave: ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, formação docente,
perfis individuais.
Resumo: Este paper faz uma revisão dos trabalhos de pesquisa dos últimos quatro
anos que têm o programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) como principal objeto de
investigação (quer seja o programa de modo geral ou as experiências locais ocorridas
nas universidades) bem como dos textos políticos (Bowe, Ball & Gold, 1994) que têm
normatizado o programa (portarias normativas do Ministério da Educação). Os
trabalhos de maior impacto no Google Scholar a tratar do programa entre os anos de
2015-2018 foram analisados, resumidos e organizados em um quadro sinótico. Temas
como formação de professores, internacionalização universitária e políticas
linguísticas podem ser respectivamente elencados como predominantes nas
produções analisadas. Além disso, a revisão dos textos políticos sugere que essas
pesquisas tiveram impacto nas reformulações que o programa sofreu ao longo do
tempo. Pode-se afirmar que o IsF, inicialmente lançado como um programa acessório
à internacionalização das universidades brasileiras e ao programa Ciência sem
Fronteiras, tornou-se um programa de formação de professores, conforme revela a
análise bibliográfica das produções que serviram de corpus para o presente estudo
feita em conjunto com a análise dos textos políticos que balizam o programa. Isso se
deu, argumento, do contexto de prática do programa para o campo da formulação
política, isto é, de modo bottom-up (Cerna, 2013). O presente trabalho vincula-se à
171
tradição de estudo de políticas públicas como um ciclo que, em última análise, apenas
pode ser devidamente avaliado a partir da observação sistemática dos efeitos da
política no contexto de prática, e do impacto desses efeitos nos textos políticos que
regulamentam essas políticas (Bowe, Ball & Gold, 1994).
Palavras-Chave: Idiomas sem Fronteiras – Políticas linguísticas – Formação de
professores – Ciclo de Políticas.
172
UM MAPEAMENTO DE LETRAMENTOS ACADÊMICOS NECESSÁRIOS PARA
ADOTAR O INGLÊS COMO MEIO DE INSTRUÇÃO NA UNIVERSIDADE*
Resumo: A presente pesquisa tem como tema principal o conceito de cultura atrelado
ao ensino de línguas. Este trabalho é desenvolvido pela mestranda Talita Valcanover
173
Duarte e orientado pela professora Graciela Rabuske Hendges, além disso, está
situado na linha de pesquisa “Linguagem no Contexto Social” do Programa de Pós-
Graduação em Letras. A relevância deste estudo está na necessidade de se combater
visões de cultura que comparam grupos sociais e nações para supervalorizar uns em
detrimento de outros. O ensino de línguas deve combater estereótipos culturais e
debater a diversidade e multiplicidade como condição do mundo atual a partir de uma
base paritária, onde ninguém é melhor ou pior do que ninguém, mas diferente. Sendo
assim, o objetivo da pesquisa é investigar a(s) percepção(ões) sobre o conceito de
cultura no âmbito do Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) do ponto de vista de
professores em residência docente e coordenadores pedagógicos e em programas de
cursos ofertados no IsF. De acordo com Motta-Roth (2006) dentro da área de
Linguística Aplicada não um há conceito monolítico de cultura, com um só discurso,
coeso e coerente, provavelmente por ser uma área interdisciplinar que dialoga com
as áreas. Portanto, serão considerados os conceitos de cultura: “cultura como gênero”
(HALLIDAY, 1985; MARTIN, 1992), “cultura com C maiúsculo e c minúsculo”
(HOLLIDAy, 1999; MOTTA-ROTH, 20106; KRAMSCH, 2013), “multiculturalismo”
(KRAMSCH, 1993), e “interculturalismo” (MOTTA-ROTH, 2006; BIZARRO, 2014). A
pesquisa está baseada na análise qualitativa de percepções sobre o conceito de
cultura no âmbito do Programa Idiomas sem Fronteiras a partir de dois conjuntos de
dados: 1) programas de cursos ofertados pelo Programa e 2) questionários e/ou
entrevistas com professores em residência docente e coordenadores pedagógicos de
diferentes idiomas e instituições de ensino superior brasileiras. Os resultados deverão
oferecer um mapa identitário sobre o(s) conceito(s) de cultura que define(m) o
Programa Idiomas sem Fronteiras.
Palavras-chave: Cultura. Idiomas sem Fronteiras. Internacionalização.
174
experiência de ampliação de horizontes de ensino a professores em formação e
renovando as perspectivas didático-pedagógicas dos envolvidos no projeto.
Palavras-chave: curso-piloto; IsF- Inglês Língua Inglesa; Ensino a Distância; Leitura
de textos acadêmicos;
175
Simpósio Temático 24
O trans-indígena e o ensino de línguas
Maria Mertzani (FURG)
maria.d.mertzani@gmail.com
Janie Cristine Amaral (UFPel)
janiecristineamaral@gmail.com
Até o momento, as línguas indígenas do Brasil têm sido vistas como uma herança
passiva oriunda de comunidades indígenas distintas, separadas e desconectadas do
ensino de línguas modernas. Isso é claramente demonstrado pelo atual contexto de
leis que se referem ao ensino superior e às escolas. A proposta descrita aqui se
relaciona com teoria indígena e epistemologia em ensino e aprendizagem de línguas
através da indigeneidade e, portanto, através de uma abordagem indígena
transcultural. Manifestações e interpretações de cultura e identidade emprestam,
misturam-se e adaptam-se a partir de outras, e no processo geram novas formas
transculturais de identificação. Além disso, esta indigeneidade deve ser vista em
relação com as línguas modernas, tanto com as mais frequentemente ensinadas
(como Português, Espanhol, Inglês) quanto as menos frequentes. Neste diálogo, o
conceito de trans-indigeneidade é uma metodologia crítica para registrar a
transgressão de fronteiras culturais, como também as combinações de tradições e
práticas traduzidas em um contexto moderno; no nosso caso, o contexto de ensino e
aprendizagem de línguas. O estabelecimento de uma discussão acadêmica como
essa facilitará o entendimento de perspectivas indígenas e suas contribuições para o
ensino e aprendizagem de línguas, se fortalecendo a partir de vários recursos
culturais, apropriando-se deles e os integrando em sua arena. Este diálogo é uma
tentativa de compreender as enunciações de cultura, identidade, e pertencimento em
termos de transgressões de fronteiras etno-culturais.
Comunicações
176
como a língua Macuxi no estado de Roraima se legetimou em território indígen, pois
esse povo acabou ficando a margem da sociedade não só da sua cultura, mas
também da sua língua. De acordo com Martins e Cervo (2016) ressaltamos que:
“Línguas são práticas simbólicas que significam politicamente e que são afetadas por
relações de poder que regem seu funcionamento, assim é impossível pensar as
línguas fora de condições que denominamos como político-históricas”. Dessa
maneira, pensando nas questões de língua, se estabelecem entre elas na entrada do
simbólico pelo político, as relações de poder que evidenciam a hegêmonia de uma
sobre a outra. Sendo assim, a heterogeneidade de línguas indígenas é constitutiva
das políticas de língua e do ensino bilíngue. Essa pesquisa está sendo desenvolvida
na dissertação de mestrado. Temos como foco textualidades que são os acervos que
relatam a historicidade do ensino de línguas em território indígena no Norte do país.
Palavras-chave: língua; ensino; política de línguas, acervos.
177
visual sem palavras que pode ser usado na educação de línguas, principalmente no
ensino fundamental. Estamos envolvidos como ilustradores no projeto em andamento
“PESQ - 748 LIVROS VISUAIS PARA A APRENDIZAGEM DAS LINGUAS”, no
Instituto de Educação. Em particular, nesta apresentação, nosso objetivo é mostrar os
elementos que levamos em consideração para tal construção, trazendo um exemplo
da história indígena Kaingang; a história do ouro. Ao fazê-lo, apresentaremos partes
das atas das reuniões dos membros do projeto (num total de sete encontros por este
primeiro livro) com exemplos das ilustrações. O foco está em uma abordagem
metodológica liderada por indígenas, que os livros visuais sem palavras adotam com
o objetivo de educar a língua (nacional e internacional) na sala de aula.
Palavras-chave: Narrativa indígena; Visualização; Livros visuais sem palavras;
Ensino de língua.
178
trabalho consistiu em examinar as práticas e teorias educacionais à luz de uma
revisão bibliográfica representativa sobre pedagogias culturais indígenas em l língua
inglesa (Bishop and Glynn, 1992; Battiste, M. 2002, 2005; Barnhardt, R., & Kawagley,
A. O., 2005), e de duas entrevistas com dois educadores antropologos indigenas
sobre as categorias elencadas. A pesquisa utilizou as informações da literatura sobre
povos indígenas para amparar a discussão destes aspectos com os dois profissionais
indígenas, a fim de testar a relevancia destes principios para a aprendizagem de
linguas estrangeiras orais e linguas de sinais. O resultado desta analise sera relatado
nesta apresentação.
Palavras-Chave: Pedagogias indígenas, educadores indígenas, aprendizagem e
ensino de linguas orais e sinalizadas.
179
Simpósio Temático 25
Poéticas do testemunho
Profa. Dra. Luciana Coronel (FURG)
lu.paiva.coronel@gmail.com
Profa. Dra. Sylvie Dion (FURG)
sylviedion@mikrus.com.br
Comunicações
O TESTEMUNHO DAS MULHERES DA PERIFERIA EM DUAS VERSÕES DA
OBRA LITERATURA MARGINAL, ORGANIZADA POR FERRÉZ
180
ESTRATÉGIAS DO SIMULACRO SOBRE O TESTEMUNHO NA POESIA – DAS
COISAS QUE ESCREVI NAS MARGENS DO LIVRO QUE VOCÊ ME DEU, DE LU
BRANDÃO
181
País de Abril: uma antologia a partir sobretudo de questões referentes à composição
do texto poético em si e das teorias relativas ao estudo do imaginário. Destacamos
ainda que alguns versos de Alegre foram escritos antes da data em pauta,
exemplificando aqueles momentos em que a vida imita a arte.
Palavras-chave: Poesia portuguesa, Manuel Alegre, Revolução dos Cravos,
Imaginário.
182
poemas, pois ao mesmo tempo reivindicam uma dicção ao exprimir uma
sonoridade por meio de aliterações, ecos e trocadilhos na composição de
palavras e pela sintaxe insólita. Ao explorar os limites das convenções
linguísticas e estéticas, a obra de Helena Parente Cunha assume o desafio
de despertar a nossa imaginação dos automatismos a que somos habituados ao
invés de exigir que o leitor adapte-se, reconhecendo no texto real que lhe
é familiar. É neste sentido que o título do livro evoca desce o princípio o
cerco, essa estratégia bélica de posicionar um exército em volta do lugar
onde o inimigo habita pois, com esta analogia, o corpo no cerco caracteriza
o espaço habitual do eu-lírico, porém desejante de romper com os liames das
convenções linguísticas e estéticas para experimentar e provocar sutis
sensações sugeridas, imaginadas e fugidias. Ao voltar-se para a voz lírica
que irrompe do texto, expondo-se decomposta em distintas perspectivas, por
vezes fragmentadas e turvas, recorre-se principalmente às abordagens sobre
a relação entre o corpo e o sujeito propostas por Gaston Bachelard e por
Jean-Luc Nancy.
Palavras-chave: Poesia brasileira. Autoria Feminina. Escritas do Eu.
Intimidade.
183
SUBJETIVIDADE E TESTEMUNHO EM BECOS DA MEMÓRIA, DE CONCEIÇÃO
EVARISTO
184
Robin e Bolanõs). Técnicas mistas quanto à focalização, tempo verbal, mais a não-
linearidade conferem à obra um caráter autêntico de memória, ora visitada com
distanciamento, ora intimista, oscilando entre a certeza dos pormenores e a total
desconfiança de si mesma. M. Duras demonstra assim coerência e compromisso com
a proposta narrativa autoficcional: memorativa, fragmentada, autorreflexiva, de tom
confessional e ambíguo. Somando-se a isso a outridade evocada desde a imagem do
‘rosto devastado’ com a qual a autora apresenta a personagem que cria de si — a
escrita desse eu que é outro em que me reflito ao mesmo tempo em que é uma morte
de si mesmo — como caminho para o autoconhecimento. Esse trabalho pretende
demonstrar como a subversão das técnicas narrativas em O amante acompanha a
essência subversiva da história narrada.
Palavras-chave: autoficção, escrita feminina, ficção, teoria da ficção
Resumo: Segundo os preceitos da autoficção, uma obra classificada como tal deve
ser intitulada assim pelo autor. Mas é possível que um texto anterior ou alheio à
criação do conceito pelo francês Serge Doubrovsky (1977) seja enquadrado com as
características da autoficção? Tomamos como exercício o conjunto de cartas de dois
autores brasileiros contemporâneos entre si, publicadas em livro: Ana Cristina Cesar,
com Correspondência Incompleta (1999), e Caio Fernando Abreu, com Cartas (2002).
Para adaptar a autoficção à epistolografia de ambos, utilizamos a análise de duas
pesquisadoras brasileiras sobre o desenvolvimento e a constituição do subgênero,
Luciana Hidalgo e Anna Faedrich Martins. Se a autoficção é um meio termo entre o
autobiográfico e a ficção, como uma carta pessoal, que é uma escrita íntima, pode ser
interpretada nestes quesitos? Para tanto, apropriamo-nos dos conceitos de camp, da
ensaísta Susan Sontag, e biografema, de Roland Barthes, no sentido de mostrar que
a sequência de missivas constitui um espaço de criação autoral com “tortuosidades”
cuja “sinceridade nos engana” - nas palavras da própria Ana C., através da predileção
pelo artifício (o camp) e a fragmentação (o biografema). Tendo em vista que as cartas
são um diálogo entre o remente e um ou mais destinatários específicos, a reunião
destes textos dentro de um sistema sequencial para um público outro espelha o
romance fragmentado de uma vida (a expressão é do pesquisador Italo Moriconi).
Essa aproximação com o ambíguo (já não é uma comunicação íntima, nem um
romance estritamente ficcional) é condição para a existência da autoficção.
Palavras-chave: autoficção; Ana Cristina Cesar; Caio Fernando Abreu; epistolografia;
escrita de si.
185
O FAIT DIVERS COMO LEGENDIFICAÇÃO DO REAL
Resumo: No conjunto do Brasil existem diversas santas que são o objeto de um culto
popular chamado de santas prostitutas devido a sua ocupação durante sua vida
terrestre. Todas eram jovens e belas mulheres de vida fácil que conheceram um fim
trágico. Vítima de um crime passional, na Porto Alegre do século XIX, Maria Degolada,
jovem prostituta, fui brutalmente assassinada pelo seu amante nos seus vinte e
poucos anos. Se de um lado o homicídio aconteceu realmente, de outro ele aparece
só a partir de representações. Assim, o termo fait divers significa ao mesmo tempo, o
acontecimento que se produziu e a narrativa que dá conta do mesmo. Esse
testemunho e uma construção, narrando de moda dramático e espetacular os fatos.
Nas palavras de Jean-Bruno Renard: “(...) o fait divers é uma legendificação do real e
a lenda é um fait divers imaginário”. (RENARD, 2002). A lenda de Maria Degolada vai
tornar-se o eco popular desse fait divers. No âmbito dessa comunicação propomos
discutir o papel póstumo dessa mulher assassinada, e analisar como, a partir de sua
morte trágica, a palavra coletiva vai elaborar uma hagiografia transformando uma
prostituta em santa.
Palavras-chave: Fait divers; Lenda; Santa; Fantasma.
Resumo: As redes sociais, como pretendo mostrar pelo título (com duas localizações:
“no Facebook” e “em Angola”), não deslocalizam propriamente o testemunho, mas o
reposicionam numa nova geografia, criando uma semiosfera inter-nacional e glocal. É
nessa zona de interferência e comunicação, entre o acontecimento local e a leitura
global do acontecimento, que pretendo verificar os testemunhos de jovens de hoje
sobre situações dramáticas, atuais ou recentes, que se passam no país. Algumas são
de ordem geral (dizem respeito à situação política e social do país como um todo),
outras abordam parcelas dessa realidade, mas, para o efeito, ambas nos oferecem os
mesmos resultados. Da consulta habitual que faço a essas mensagens e a esses
murais deduzo que tem havido mutações na “poética do testemunho” vigente até há
poucos anos. É dessas mutações que pretendo dar conta, nomeadamente elencando
novos procedimentos discursivos que as situam entre a crónica e o ‘poema em prosa’.
Palavras-chave: Facebook, Angola, géneros literários, procedimentos, testemunhos
186
O PERFIL JORNALÍSTICO COMO NARRATIVA JORNALÍSTICA E BIOGRÁFICA
Resumo: O presente artigo tem como objectivo principal discutir as relações entre
memória, trauma e violência nos livros Entre Memórias Silenciadas e Teoria Geral de
Esquecimento, respectivamente, de Ungulani Ba Ka Khossa e José Eduardo
Agualusa. Nas duas narrativas, os autores apresentam situações por eles
vivenciadas, inseridas num quadro histórico recente das duas nações africanas, no
limiar das suas independências, o que insere o corpus no contexto da Literatura de
testemunho, tão rara, quanto pouco divulgada em Moçambique e Angola. Para a
análise metódica do tema pautamos pela hermenêutica literária e análise de conteúdo,
procedimentos inseridos numa pesquisa qualitativa. O quadro teórico é constituído por
teóricos cujos postulados estabelecem um diálogo entre as áreas dos estudos
literários, filosofia, história, psicanálise e sociologia, com destaque para Georges
Bataille (1957), Theodor Adorno (1993) e (1998), Hannah Arendt (1998), Zygmunt
Bauman (1998), Márcio Eligmann-Silva (2000), entre outros autores que se inserem
numa perspectiva teórica da literatura de testemunho totalmente antagônica àquela
hegemônica na crítica da literatura hispano-americana. Para o enquadramento
187
histórico-literário do corpus sustentamo-nos na teoria pós-colonial, na qual foram
úteis, sobretudo, os postulados de Kwame A. APPIAH (1997) e Homi Bhabha(1998).
Finalmente, pensamos que, com esta pesquisa, vamos ao encontro de uma dimensão
actual e actuante nas Literaturas Africanas. Uma dimensão problematizadora do seu
sentido de existência e, para dar corpo a esta necessidade estética e ideológica, as
intercessões entre memória, trauma e violência constituem um caminho, uma
possibilidade. Sob o viés ideológico, as narrativas problematizam políticas adoptadas
após a independência, enquadradas no contexto da construção da nação, inserindo-
se na segunda fase da literatura pós-colonial.
Palavras-chave: Literatura de testemunho, memória, violência e trauma
Resumo: Este trabalho tem o intuito de analisar o modo como a memória se manifesta
no romance O amor dos homens avulsos, de Victor Heringer. Camilo, o narrador,
relembra momentos de sua adolescência com Cosme, seu primeiro amor, que tem
uma morte prematura e trágica. Simultaneamente, relata acontecimentos mais
recentes, mas que ainda assim são guiados pela carga memorialística que o
188
personagem possui. Mesmo que o acontecimento que ceifou seu primeiro romance
tenha acontecido há décadas, não se trata de uma memória pacificada. Tudo aquilo a
que o personagem se refere, mesmo que seja na superfície pouco ligado à história de
Cosme, parece sempre se relacionar de alguma maneira. Dessa forma, objetiva-se
analisar como o passado influencia no presente do personagem, e como elementos
diversos podem servir como evocações daquele primeiro instante trágico. Também
pretende-se entender como esse narrar acaba servindo como um processo de luto
para aquela memória que era ainda devoradora. Outro aspecto que será analisado é
a forma como o contexto histórico parece estar sempre se impondo nas beiradas
dessa memória, pois apesar de Camilo se voltar para sua interioridade, o entorno
nunca deixa de estar presente, principalmente no que diz respeito a violência, questão
fundamental da experiência primeira com Cosme. Acredita-se que há um processo de
luto que passa a ocorrer a partir do momento em que o personagem revive essa
memória por meio da narração, o que possibilita que possa se voltar cada vez mais
para o presente sem o peso da violência passada, tornando possível que sejam
gerados novos afetos. Como aporte teórico para esse trabalho, serão utilizadas as
ideias de Aleida Assmann (2011). Joël Candau (2012), Maurice Halbwachs (2006), e
Sigmund Freud (2010).
Palavras-chave: O amor dos homens avulsos; memória; violência; luto
189
ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA: UMA LEITURA DE DUAS NARRATIVAS DE
GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ
Resumo: O presente estudo tem por objetivo apresentar e discutir alguns pontos
sobre Memória e História nas obras El coronel no tiene quien le escriba(1957) ou
Ninguém escreve ao coronel e Memórias de mis putas tristes(2004) ou Memórias de
minhas putas tristes, ambas de autoria do escritor colombiano Gabriel Garcia
Márquez. Para tanto, se discute como as personagens dessas narrativas convivem
com um espaço e um tempo representativos da maneira como história e memória
estão interligadas nos romances para a construção de testemunhas da luta das
sociedades latino-americanas para se reerguerem do caos político, econômico e
social em que se encontram. Nos romances de Garcia Márquez, as personagens
convivem com um tempo marcado por ausências, espera e solidão, o que faz com
elas se percam nas referências que tem de si, por isso, aparecem nas narrativas como
sujeitos sem nomes próprios, identificados apenas por suas categorias sociais, por
exemplo, o coronel e o velho. O suporte teórico utilizado para sustentar essa pesquisa
foi Maurice Halbwachs (2006), Paul Ricoeur (2007), Paolo Rossi (2010), Pierre Nora
(1993), dentre outros. Com o estudo, constatou-se que as personagens são reveladas
como sendo testemunhas da guerra civil, da incongruência das disputas partidárias e
até dos sentimentos de solidão e angústia vivenciados pelo povo latino-americano.
Palavras-chave: Narrativas. Memória. História. Esquecimento.
190
de resistência, o presente estudo aborda questões como experiência, silenciamento,
testemunho e memória da ditadura, e por isso propicia uma série de reflexões sobre
as relações entre literatura, história e memória. Os estudos partem do referencial
teórico proposto por Jeanne-Marie Gagnebin e Márcio Seligmann-Silva, dentre outros.
Palavras-chave: literatura brasileira contemporânea, memória, ditadura, testemunho.
191
Pôsteres
Pôsteres
Resumo: O objeto deste trabalho é um filme intitulado “Brasil: ontem, hoje e amanhã”,
criado pela Agência Nacional e veiculado na Rede Globo pelo “Programa Amaral Neto
Especial” que trata sobre as realidades política, social e econômica do Brasil antes e depois
de 1964. Nesse contexto, temos os seguintes objetivos: 1) analisar o contrato de
comunicação entre as instâncias produtora e receptora desse projeto de fala; 2)
compreender os signos empregados e os efeitos interpretativos produzidos; e, por
derradeiro, 3) perscrutar a interrelação recíproca entre os diferentes sistemas semiológicos
(verbal, icônico, sonoro) presentes no discurso. Para analisá-lo, trabalhamos com o
conceito de contrato de comunicação que, conforme Charaudeau (2010), é o que
caracteriza o ato de linguagem no qual os parceiros de troca social estão inscritos,
implicando nas condições de identidade, finalidade, propósito e dispositivo. Aproximando
essas às reflexões de Bakhtin e Círculo, concebemos o projeto de fala sob análise como
um gênero discursivo, estruturado por estilo, composição estrutural e conteúdo temático. A
partir do arcabouço teórico e do método de análise, nossos resultados demonstraram que
o filme examinado constrói três Brasis: um ontem que corresponde à presidência de João
Goulart, marcada por “tamanha desorganização, tamanho caos [que] em tudo deixava a
sua marca”, havendo, assim, crises e inquietação social; outro hoje que é referente à
administração militar caracterizado pela ordem social e progresso econômico; e um novo
amanhã com a continuidade das políticas planejadas desde 1964. Tão logo, depreendemos
que os dois últimos projetos de Brasis, fabricados por esse filme, são usados para justificar
o rompimento com a democracia, colocando em prática, conforme os próprios Atos
daqueles governos, uma ditadura militar.
Palavras-chave: Análise discursiva, Charaudeau, Bakhtin.
Resumo: No presente trabalho, visa-se analisar como as vozes discursivas do reality show
RuPaul’s Drag Race, veiculado no canal VH1, emergem e criam sentidos. Embora o
programa tenha levantado importantes discussões acerca da questão de gênero e
contribuído para o debate sobre a comunidade LGBTTQI+, percebe-se certa incoerência
no seu projeto discursivo. No que tange à teoria bakhtiniana, devido ao uso de
determinados signos ideológicos, nota-se que o discurso no reality show ora é inclusivo,
ora excludente. Portanto, é válido lembrar que “Tudo que é ideológico é um signo. Sem
signos não existe ideologia” (Bakhtin/Volochínov, [1929]2010). Desta forma, todos os
episódios do programa foram analisados segundo as noções teóricas de signo ideológico,
projeto de dizer, valoração e forças centrípetas e centrífugas. Na análise dos enunciados,
consegue-se identificar a presença da intenção discursiva de inclusão no programa, através
do uso de signos como “família” e na exclusão do enunciado “you’ve got she-mail”, que
utiliza o signo “she-male” (travesti) – em um jogo de palavras - de forma pejorativa. No
entanto, contraditoriamente, vozes excludentes também são observadas, através do uso
naturalizado do signo “bitch” (vadia) pelas participantes do programa e da categoria de drag
queens intitulada “fishy” (feminina). De forma sucinta, podemos compreender que a questão
do machismo e da misoginia podem ser percebidas ao analisarmos os enunciados que
utilizam signos com valoração negativa. Ainda, percebem-se vozes com conteúdo
preconceituoso no que diz respeito à gordofobia, ao racismo e à transfobia.
Palavras-chave: vozes discursivas; Bakhtin; RuPaul’s Drag Race.
194
O PIBID E O DESENVOLVIMENTO DA CRITICIDADE DO ALUNO SOB A ÓTICA DA
LITERATURA HISPÂNICA
Resumo: O conceito do duplo aparece pela primeira vez de forma elaborada nos conceitos
de 1914 de autoria de Otto Rank sendo futuramente elaborado em The Uncanny, publicado
originalmente em 1919, no qual Sigmund Freud discorre sobre o duplo como uma
manifestação psíquica que, apesar de parecer estranha a nós, funciona como uma
extensão do Eu sempre propícia para ressurgir e confrontar. Diversas obras literárias tratam
do duplo como um de seus aspectos, seja Jane Eyre, The portrait of Dorian Gray, Strange
Case of Dr Jekyll and Mr Hyde ou ainda Alice's Adventures in Wonderland. É com base
nesses exemplos clássicos que apresentamos o tema do duplo também na saga Harry
Potter, de J. K. Rowling, inicialmente publicada em 1997. A obra, tida como parte dos
romances de formação (Bildungsroman), é composta de sete livros que acompanham o
crescimento do jovem órfão que, depois de muito sofrer nas mãos dos tios, descobre que
não apenas é bruxo, mas também possui um antagonista responsável pela morte de seus
pais. Durante toda a saga e, consequentemente, vida de Harry, os conflitos são marcados
por sua relação com esse personagem antagonista - Lord Voldemort - que abarca
exatamente os conceitos apresentados por Freud de manifestação física e psíquica do
duplo. Assim, estuda-se como ambos personagens encontram-se intrínsecos desde o início
da narrativa enquanto representação do Ego de extensão narcisista, capaz de causar
195
incômodo e propiciar desafios pessoais em sua jornada, de forma um tanto quanto diferente
daquela abordada pelos autores de gerações anteriores das de J. K. Rowling.
Palavras-Chave: Duplo - Freud - Narcisismo - Harry Potter
Resumo: Na língua inglesa, o fonema /l/ é produzido de duas formas: [l], presente em onset
(ex.: [‘laɪm] “lime”); e [ɫ], em coda (ex.: [‘feɪɫ] “fail”). Ambos são respectivamente
196
denominados light-l e dark-l. Em contrapartida, no Português Brasileiro (PB), o fonema /l/
subjacente a vogais, com exceção de algumas variações dialetais, sofre o processo de
vocalização – um fenômeno fonológico que altera uma consoante para vogal –, ocorrendo,
então, como um glide posterior [w] (ex.: [a‘vaw] “aval”). Assim, falantes nativos do PB,
quando se deparam com a consoante lateral pós-vocálica em palavras estrangeiras, como
em “feel”, tendem a reproduzi-la de acordo com sua língua materna: [‘fi:w] ao invés de [‘fi:ɫ].
Desse modo, atualizam uma categoria já existente do PB para produzir uma nova categoria,
em processo de aquisição. Há, pois, uma transferência do PB para o novo sistema
linguístico, em construção. A presente pesquisa destaca a ultrassonografia como
ferramenta facilitadora na aquisição da consoante lateral velarizada [ɫ] do Inglês por
graduandos do curso de Letras Português/Inglês. Duas coletas ocorreram: a primeira, antes
das sessões de instrução explícita – encontros entre pesquisador e pesquisado, nos quais
o participante, com o apoio do ultrassom portátil, pode visualizar os movimentos
articulatórios exercidos na produção do seguimento estudado e ter acesso ao feedback do
pesquisador – e outra, depois dessas sessões. As coletas possibilitam a observação da
evolução da aquisição, são realizadas em cabine acústica, no Laboratório Emergência da
Linguagem Oral (LELO) da UFPel, com o emprego dos seguintes aparelhos: Ultrassom
Mindray DP-6600, transdutores convexo e/ou micro convexo, capacete estabilizador,
computador, sincronizador de áudio e imagem, microfone e software AAA. A criação de
novas categorias fonéticofonológicas e seu aprimoramento podem ser otimizados por meio
da instrução explícita via ultrassom, conforme pôde ser demonstrado em Duarte e Ferreira-
Gonçalves (2018) e Garcia e Ferreira-Gonçalves (2018).
Palavras-chave: Ultrassonografia; Aquisição; Fonética; Consoante lateral; Dark-L.
197
de heterossexualidade compulsória, apagamento lésbico e reafirmação da identidade
lésbica.
Palavras-chave: Literatura Lésbica. Invisibilidade Lésbica. Léxico. Morfologia.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo discutir o processo de pesquisa sobre letramentos
acadêmicos em um estudo de larga escala para o mapeamento de interesses e
necessidades relacionados à implementação do Inglês como Meio de Instrução (English as
a Medium of Instruction - EMI) no contexto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A relevância do EMI como tema de pesquisa está relacionada no âmbito nacional à política
de internacionalização da educação superior e, no âmbito local, ao Plano de
Desenvolvimento Institucional 2016-2026 da UFSM (UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SANTA MARIA, 2016), cuja análise evidenciou o EMI como demanda mais recorrente na
percepção de docentes da instituição (DUARTE; PRETTO; HENDGES, 2018). Dessa
forma, na tentativa de cartografar ações, políticas institucionalizadas, percepções,
restrições e/ou possibilidades sobre o uso do EMI na UFSM, prevê-se um estudo que
incluirá quatro conjuntos de dados provenientes de quatro grupos: 1) práticas e políticas
institucionais, 2) gestores, 3) docentes e 4) discentes da UFSM, envolvendo um potencial
de 33.331 participantes. Nesse sentido, torna-se relevante problematizar questões de
metodologia de pesquisa relacionadas ao desenho do estudo, aspectos éticos, vantagens
e desvantagens no uso do questionário online como procedimento de coleta de dados, uso
de métodos estatísticos na análise de dados em linguística aplicada, princípios que afetam
taxas de resposta (p. ex., tempo, tipo de perguntas). Apresentaremos resultados no sentido
de sistematizar princípios sobre as questões acima a partir de literatura prévia e de
processos institucionais para a realização de pesquisas dessa natureza. Sugerimos que
essa sistematização poderá contribuir para futuras pesquisas na área que incluam
abordagens quantitativas, bem como informar ações de Núcleos de Línguas do Programa
Idiomas sem Fronteiras com vistas a oferta de cursos em EMI.
Palavras-chave: Inglês como Meio de Instrução. Metodologia de pesquisa.
Internacionalização.
198
investigar estratégias pedagógicas que levem o sujeito-aluno a tomar posições em seus
discursos. Dessa forma, aliar e refletir acerca de um DPE polêmico junto à autoria, dando
a oportunidade aos sujeitos-alunos de se colocarem na posição de autores de seus dizeres,
configura-se um forte aliado nesta tensão contra a ideologia do Mercado que tenta ascender
e progredir sucateando a educação brasileira. Junto dos conceitos de discurso pedagógico
polêmico correlacionamos os conceitos de polissemia e autoria (ORLANDI, 2008), o que
nos permitiu perceber o modo como o DPE polêmico favorece um processo de
interpretação que busca levar o aluno a assumir a posição-autor em suas produções orais
e escritas, atuando diretamente em prol da sua formação humana. Na prática pedagógica
analisada, observamos que o DPE polêmico é essencial para a relação do ambiente escolar
junto das temáticas transversais, que visam à formação de um sujeito-cidadão crítico,
reflexivo e ativo sobre sua realidade, bem como indicam os Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998).
Palavras-chave: Discurso Pedagógico Polêmico. Polissemia. Autoria.
Jessielen Mackdanz
Nycole Prietsch
199
FRASES SIAMESAS COMO UM PROBLEMA DE ESTRUTURA SINTÁTICA E DE
ENUNCIAÇÃO EM TEXTOS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Resumo: De acordo com Pressanto e Dall Agnol (2007, p. 453) frases siamesas são
“estruturas frasais compostas ou complexas que deveriam ser subdivididas em períodos
diferentes ou marcadas de forma mais enfática como orações em separado, mas que
aparecem como se fossem uma só frase ou uma só oração.” O objetivo deste trabalho é
analisar frases siamesas extraídas de textos de alunos do primeiro semestre da graduação,
os quais acompanhamos em nosso trabalho de monitoria da disciplina de Produção Textual.
Buscamos compreender a origem desse problema específico de construção frasal,
tentando uma explicação para sua ampla ocorrência em textos universitários e sugerindo
algumas soluções possíveis para essa dificuldade de escrita na variedade culta do
português. Após esse levantamento e análise, pretendemos contribuir para uma maior
consciência deste problema no letramento acadêmico de universitários nos anos iniciais,
dotando-os de recursos para melhor organização das ideias pelo uso adequado da
pontuação. A pontuação, segundo Chacon (1998, p. 129) é uma a atividade plenamente
enunciativa, pois é relativa à subjetivação da linguagem, ao exercício da linguagem
concretamente por meio da escrita. Assim, os resultados esperados com este trabalho
visam a aprimorar as habilidades dos estudantes quanto ao uso da pontuação na língua
escrita padrão, com vistas principalmente a uma melhor expressividade dos sentidos do
texto.
Vera Pinto Vigil- Preceptora (E.M.E. F. Ver. Carlos Mário Mércio da Siliveira )
Isaphi Marlene Jardim Alvarez – Professora Supervisora (UNIPAMPA)
200
RESSIGNIFICANDO A TRANSEXUALIDADE: UMA ANÁLISE DAS RODAS DE
CONVERSA SOBRE GÊNERO NA UNIVERSIDADE
201
“formas múltiplas de letramento associadas a canais ou modos, como o letramento do
computador, o letramento visual, configurando sistemas semióticos de comunicação que
vão além da leitura, da escrita e da fala.”. Desta forma, os alunos utilizam a internet, as
redes sociais, o celular, filmes, áudios como ferramentas de estudo. Além disso, os
professores elaboram atividades que vão além das portas de sala de aula, ou seja, que
auxiliem os alunos em suas práticas sociais, como, o reconhecimento dos direitos
trabalhistas, a ida a uma consulta médica, a elaboração de listas de compras, a escrita de
um currículo, de um folder, etc. É necessário que haja uma reflexão tanto por parte dos
monitores e professores quanto dos alunos, para que possamos sempre pensar em
atividades que tenham sentido para a vida prática, relacionadas tanto ao contexto de
imigração e como à cultura de partida dos alunos.
Palavras-chave: letramento; português de acolhimento; imigrantes; haitianos;
senegaleses.
202
CINE DEBATE: A INSERÇÃO DA ARTE FÍLMICA NO MEIO ACADÊMICO
203
denuncie os graves problemas enfrentados pela população indígena brasileira, da
colonização aos dias atuais.
204
uma identidade heroica para o povo sul-rio-grandense. Dada essa base que nos permite
melhor enxergar como o conto de Stigger dialoga com o histórico de obras do estado em
questão e também com manifestações atuais da discursividade gaúcha, é realizada a
análise literária, focalizando o utilizar de um simbolismo que logo remete ao imaginário
construído sobre a Revolução, mas que é reorganizado no interior da narrativa, tendo seu
sentido idealizado mais comum subvertido, em uma leitura que escancara “o outro lado do
mito”. Os resultados apontam que, com ajuda de uma estrutura análoga ao tradicional conto
de efeito, Veronica Stigger, em “2035”, propõe um “imaginário negativo” da Revolução
Farroupilha, agregando um filtro distópico ao que seria o ano da comemoração do
bicentenário de tal acontecimento; assim, a ode aos supostos valores republicanos de
liberdade e de igualdade que estariam no cerne dos combates farroupilhas dá espaço para
uma representação que nos lembra também dos interesses elitistas dos idealizadores da
Revolução, da faceta não tão vitoriosa do combate, do sangue derramado nesse período
histórico e de certo bairrismo místico que sempre se faz presente ao evocar do histórico
farroupilha.
Palavras-Chave: Sul; Veronica Stigger; Revolução Farroupilha; literatura brasileira
contemporânea; distopia.
Resumo: Este estudo está vinculado ao projeto “Leitura e escrita em língua portuguesa na
perspectiva sistêmico-funcional – Fase 2”, registro GAP/CAL/UFSM 048931 (FUZER,
2018), na linha de pesquisa Linguagem no contexto social. O objetivo é analisar
recorrências linguísticas em textos que instanciam resenha na perspectiva sistêmico-
funcional de gênero. O corpus da pesquisa foi selecionado na coleção Português
Linguagens, de Cereja e Cochar (2013), a mais distribuída para o ensino médio no PNLD
2015-2017. Na análise, utilizamos três procedimentos metodológicos: 1) análise das
ocorrências semântico-discursivas do sistema de Identificação e do subsistema atitude do
sistema de Avaliatividade (MARTIN e WHITE, 2007); 2) análise das variáveis do contexto
de situação (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014); 3) descrição das etapas que constituem
a Estrutura Esquemática do Gênero (EEG) (ROTHERY, 1994; MARTIN e ROSE, 2008;
CHRISTIE e DEREWIANKA 2010). Até o momento foram analisados dois textos. O
cruzamento entre os resultados das análises desses sistemas evidenciou a realização de
avaliações em relação às obras referidas nos textos, que vão ao encontro do propósito
sociocomunicativo específico do gênero resenha. No que diz respeito ao contexto de
situação, na variável campo, num texto a atividade realizada é uma avaliação do filme O
Artista; noutro uma avaliação do Guia de Sebos (Nova Fronteira). Na variável relações, os
participantes da interação, no contexto do livro didático, são os autores desse, que
recontextualizaram os textos, e alunos e professores de ensino médio, leitores virtuais. Já
na variável modo, o canal é gráfico e o meio é escrito. As análises evidenciaram a
ocorrência das etapas fundamentais do gênero resenha: Contexto, Descrição e Avaliação.
Palavras-chave: Linguística Sistêmico-Funcional; Gêneros de texto; Reações a textos;
Resenha.
205
AS PERSPECTIVAS DE HISTÓRIA E MEMÓRIA NO ROMANCE “A MÁQUINA DE
FAZER ESPANHÓIS”, DE VALTER HUGO MÃE.
Resumo: Este estudo visa à análise do romance A máquina de fazer espanhóis, do escritor
angolano Valter Hugo Mãe. O objetivo do trabalho é observar a relações entre memória e
história na mencionada narrativa. Para tanto, recorre-se a alguns teóricos, um deles é
Márcio Seligmann-Silva, além de Paul Ricoeur e seu livro A memória, a história, o
esquecimento, publicado em 2000. Um dos projetos de Ricoeur é compreender “o problema
das relações entre o conhecimento e a prática da história e a experiência da memória viva”
(RICOEUR, 2007, p.146). Em seu estudo, o autor torna evidente a importância da memória,
relacionando-a e discutindo-a à luz de outras categorias como imaginação, alucinação e o
esquecimento. A intervenção historiográfica se faz necessária para a complementação e
contemplação do romance, que inicialmente traz todo o texto escrito em letras minúsculas,
com pouca pontuação sem distinção a ser assinalada pontualmente nos diálogos. O senhor
Silva, personagem principal perde a esposa Laura e é colocado em um asilo pelos filhos, lá
ele conhece várias pessoas, e começa a conhecer a si mesmo, que depois de tantos anos
convivendo com a presença de sua amada, ele passa a refletir sobre a vida e a sua história
que traz à tona memórias dos tempos passados aos tempos atuais em Portugal. A liberdade
que se respira quase naturalmente depois de longos anos de opressão europeia, o romance
apresenta um estágio e adaptação da política e reflete sobre as dificuldades encontradas
por seus políticos de libertarem-se das ideologias preconceituosas difundidas. A
metodologia utilizada para a construção das análises e estudos sobre os temas que serão
direcionados na apresentação, partem dos materiais teóricos, do autor citado na introdução
do trabalho, e a partir da leitura minuciosa do romance “A máquina de fazer espanhóis”. Foi
observado também na leitura do romance questões importantes do contexto histórico de
Angola presente no romance português. Essas questões afetam de forma direta os
conceitos de memória que serão tratados na análise. Foi observado no trabalho, como o
fator histórico influenciou na construção dos personagens do romance, assim como em
seus traços referentes à memória. Que após a leitura do primeiro capítulo intitulado “o
fascismo dos bons homens”, trata-se de um encontro entre um funcionário de um hospital,
cujo sobrenome é Silva com outro homem à espera de notícias da mulher que fora
internada. Este igualmente chama-se Silva. Nos diálogos o senhor Silva, marido da
paciente Laura, mostra-se um pouco impaciente com as intervenções do funcionário,
ansioso por receber notícias da esposa Silva tem 84 anos e confirma sua dependência
afetiva por Laura. Ambos falam dos dias de hoje em Portugal, sobre a liberdade que se
inspira quase naturalmente depois de longos anos de repressão política e poucas
alternativas. Falaram igualmente de um Portugal atrelado à Europa, vivendo sob o efeito
dessa conjunção antes tão devastado embora geograficamente incluso naquele espaço.
Uma tempestade se aproxima da cidade. Todavia, uma chuva mansa cai, simultaneamente
a notícia de que Laura falecera, deixando Antônio Silva, o marido, completamente
atordoado, caindo ao chão tendo enormes convulsões. Trata-se de um capítulo exemplar
em que o universo posterior mistura-se ao pensamento de Antônio Silva que, perturbado
com a demora no atendimento médico, acaba por permanecer além do período de visita,
protegida pelo colega que expõe sua vontade vigente de apresentar para se afastar da
mesmice daquele trabalho burocrático que exige o preenchimento de fichas e fichas. A
partir do material teórico utilizado, percebemos que as personagens, possuem alguns
traços traumáticos advindos das relações com a história política de Angola e com as
206
relações sociais entre imigrante e europeu. Desta forma, a memória e o testemunho
procuram elaborar os temores e medos advindos da história de colonização. Apresentar de
forma sucinta as reflexões realizadas até o momento, os aspectos relevantes sobre o
trabalho e as recomendações que se façam necessárias.
Palavras-chave: Literatura; Memória; História; Literatura.
Resumo: Esse trabalho apresenta uma análise sociolinguística acerca dos assaltos ao
turno de fala em uma comunidade de prática (ECKERT, 2010) situada na cidade de Bagé-
RS. Aqui, entende-se como assalto ao turno de fala interferências realizadas sem a
solicitação ou consentimento daquele detém o turno (MURRAY, 1985; OLIVEIRA, 2000;
GALEMBECK; COSTA, 2009). Pretende-se, portanto, verificar a relação entre assaltos ao
turno e questões de gênero e de hierarquias no interior dessa comunidade de prática. Como
metodologia, e uma vez que se trata de uma pesquisa de cunho etnográfico, optou-se pela
realização de observações participantes em uma comunidade de prática que se caracteriza
como uma organização internacional que desenvolve projetos em benefício à comunidade
carente local. Dessa forma, foram observadas e gravadas em áudio 10 reuniões dessa
comunidade, e, além disso, foi desenvolvido um diário de campo, com vistas a anotar
impressões e descrever elementos que a gravação de áudio não seria capaz de registrar.
Ainda, com a intenção de estabelecer um perfil dos participantes da comunidade, foi
aplicado um questionário online acerca do gênero, idade, escolaridade, trabalho, cargo que
ocupa na comunidade e tempo de participação nesta. Foram elaborados critérios
operacionais tanto para identificar os assaltos ao turno quanto para analisá-los. Dessa
forma, nessa pesquisa, estão sendo interpretadas como assalto ao turno toda e qualquer
interferência feita fora de um lugar relevante de transição (GALEMBECK; COSTA, 2009) e
está sendo observado: quem estava falando e quem assaltou seu turno, o que era dito
antes e depois do assalto, quanto tempo de turno a pessoa teve até ter seu turno assaltado
e quais as suas reações. Os resultados parciais obtidos até o momento indicam para uma
relação entre estilos conversacionais e questões de gênero nessa comunidade.
Palavras-chave: assalto ao turno, questões de gênero, comunidades de prática.
Resumo: Este trabalho tem como objeto de pesquisa a obra literária Eu sou uma lésbica
(1977), da autora Cassandra Rios. Como perspectiva de análise, abordarei a protagonista
Flávia e as demais personagens, tendo como foco suas relações amorosas,
problematizando a forma como são retratados seus romances e suas noções de
feminilidade e masculinidade, além de como a protagonista se refere a outras mulheres e
a si mesma ao longo da trama, refletindo também sobre temas como heterossexualidade e
207
feminilidade compulsória. A fundamentação teórica se dará com autoras da Segunda Onda
do Feminismo, como Adrienne Rich (2012), que fala sobre heterossexualidade compulsória
e existência lésbica, o que reflete perfeitamente os questionamentos de Flávia, que por
mais que sempre tivesse ciência de sua sexualidade, ainda assim se viu numa situação em
que tivera que se envolver com um homem, Sheila Jeffreys (2005) que aborda temas como
feminilidade compulsória, ajuda a conceituar termos como Síndrome de Estocolmo Social,
o porquê mulheres reproduzem feminilidade, e por que quando não reproduzem acabam
censuradas, diminuídas e tendo sua identidade de mulher questionada e Audre Lorde
(1998) que fala sobre sua vivência e teoriza acerca dos temas abordados. O objetivo do
trabalho é analisar as relações amorosas de Flávia e sua identidade lésbica, visualizar suas
opressões e tudo o que a lesbianidade, que faz parte de quem ela é, remete em uma
sociedade dos anos 70, além de dar voz para a autora lésbica Cassandra Rios, que foi
extremamente censurada durante a Ditadura Militar, com a premissa de que seus livros
eram de cunho pornográfico, o que fez com que suas obras se tornassem de dificílimo
acesso.
Palavras-chave: lesbianidade, heterossexualidade compulsória, feminilidade compulsória,
Cassandra Rios.
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre a relevância de uma língua
e seu impacto na política e literatura, através dos conceitos apresentados na obra de
George Orwell, 1984, e de outras distopias que exemplificam tais relações de poder. Busca-
se também apresentar paralelos históricos entre a ficção e a realidade, destacando o papel
da língua no processo de dominação de um povo e na implementação de regimes
totalitários presentes na história. Ao entrarmos no universo de 1984, enquanto profissionais
de Letras em formação, logo nos impactamos com o potencial reformativo que uma língua
pode ter acerca do pensamento dos indivíduos de uma sociedade, e de suas relações
interpessoais – como mostrado pela criação linguística de Orwell. A Novilíngua, que o autor
nos apresenta em seu livro, consiste em uma língua desenvolvida pelo governo vigente,
produto de uma grande quantidade de mudanças terminológicas e lexicais. Tais mudanças
objetivam a redução de ideais e sentimentos que contrariem os ideais políticos do partido
dominante, o Ingsoc. A partir dessas reflexões, pode-se traçar um paralelo com situações
históricas que transcendem o mundo da ficção, nas quais a língua do dominador é imposta
ao povo dominado, como ocorreu nos processos de colonização das américas. É nesse
viés que se centra o trabalho desenvolvido, objetivando discutir sobre a pertinência dos
estudos da linguagem, a fim de compreender melhor como a língua perpassa e transforma
as relações humanas.
Palavras-Chave: língua, literatura, poder, totalitarismo, distopias.
209
variação linguística nos LDs recentes, mesmo que de uma forma não totalmente
satisfatória, pois, ainda que haja tal abordagem, esta é feita de maneira superficial, sem
proporcionar ao aluno a apropriação das variedades linguísticas, demonstrando somente
conceitos acerca do que é variação linguística nesses conteúdos.
Palavras-chave: Variação linguística; Livros didáticos; Concordância nominal;
Concordância verbal
Resumo: Este trabalho pretende analisar o poema “uma canção popular (séc. XIX-XX)”, de
Angélica Freitas, objetivando analisar e problematizar a temática envolvendo as definições
de mulheres historicamente construídas presentes no mesmo e estando integrado ao
projeto de pesquisa “A margem em evidência: gênero, etnia e sociedade na literatura
brasileira contemporânea”. Segundo Michelle Perrot, “essa exclusão das mulheres pouco
condiz com a declaração dos direitos do homem, que proclama a igualdade entre todos os
indivíduos. As mulheres não seriam indivíduos?” (1988 pg. 177). A metodologia parte de
leituras teóricas e históricas para melhor compreender os textos literários, além dos
diálogos estabelecidos dentro do grupo de estudos. No poema em questão, são
tematizadas as práticas de tortura contra as mulheres durante os séculos XIX-XX pelo fato
de elas serem contrárias às vontades masculinas. Nesse sentido, temos a representação
das mulheres enquanto “porcas” e “loucas” o que convém à sociedade patriarcal. Essa
investigação pretende contribuir para ampliar discussões acerca do papel feminino em
sociedade dentro dos estudos literários, além de desconstruir concepções patriarcais e
machistas em torno da representação do corpo das mulheres.
Resumo: Paulo Barreto, mais conhecido pelo pseudônimo João do Rio, escritor carioca
cuja maior parte da produção literária data das primeiras décadas do século XX, é apontado
por Süssekind (1987, p. 25) como um “espectador encantado da exihibitio moderna”. João
do Rio incorporou, em seu estilo de escrita bem como nas temáticas de suas produções, o
diálogo entre técnica literária e inovações técnicas, principal característica da literatura
produzida no período nomeado por Tristão de Athayde (1939, p.7) como “Pré-Modernismo”.
O carioca, ao assumir sua veneração pelo automóvel na crônica “A Era do Automóvel”,
publicado originalmente em Vida Vertiginosa (1911), escolhe o “monstro transformador”
(RIO, 1911, p. 3) como o principal representante do modo de vida alterado com a
modernidade. “Não é possível ter vontade de parar, não é possível deixar de desejar. A
noção do mundo é inteiramente outra” (RIO, 1911, p. 8) afirma João do Rio sobre a vida a
partir do automóvel. Dada a importância concedida ao automóvel, o objetivo deste trabalho
210
consiste em buscar as suas diferentes figurações na obra de João do Rio, tendo como base
os pressupostos da análise estrutural da narrativa apresentados por Barthes (2008) e
Todorov (2008) em um primeiro momento, e também as considerações de Süssekind
(1987) e Broca (2005) sobre a literatura produzida nas duas primeiras décadas do século
XX. Se o automóvel transformou as formas de desejo e percepção, também tornou-se uma
arma capaz de matar, como ocorre no conto “O anjo”, de Rosário da Ilusão (1921), no qual
a personagem cujo corpo era animado por um anjo perde a vida ao sofrer um acidente de
automóvel. O monstro responsável pelo modo de vida moderno caracterizado pela
velocidade que quer vencer o tempo é o mesmo responsável pelo fim do tempo, ao levar
de encontro à morte.
Palavras-chave: Pré-Modernismo; Primeira República; Literatura Brasileira; Crônicas;
Contos.
Vanessa V. Martini
Carolina Fernandes
Resumo: A situação de violência contra a mulher de modo geral é um fato tão grave que
deve ser abordado nas mais diversas esferas, sobretudo no âmbito do discurso, sendo que
sujeitos reproduzem discursos de ódio e de opressão contra a mulher, repercutindo no
aumento de agressões. Diante disso, este trabalho mostra uma reflexão sobre essa
temática a partir da análise de uma atividade de leitura do conto “Para que ninguém a
quisesse” de Marina Colasanti, feita com o 9º ano do EF. Essa proposta é um recorte do
produto pedagógico desenvolvido para o Mestrado Profissional em Ensino de Línguas, da
Unipampa. A atividade teve como objetivo deslocar sentidos e romper com sentidos já
estabilizados, ou seja, uma maneira de resistir a esses discursos naturalizados na
sociedade. A proposta baseia-se no dispositivo teórico sustentado pela Análise de Discurso
(AD), que circunda uma metodologia de compreensão, pois “concebe a linguagem como
mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social” (ORLANDI, 2010, p.
15), de forma que a linguagem não é algo dado, ou seja, visa compreender como um objeto
simbólico produz sentido. Isso contribuiu para que os alunos tomassem a posição de autor
no processo de leitura, ao inserirem-se em formações discursivas resultantes das diferentes
posições que o sujeito ocupa na formação social, colaborando para que na prática cotidiana
os sujeitos refletissem sobre este tipo de discurso que alimenta os estereótipos. Portanto,
ao contemplar as condições de produção em que se dá nossa proposta de leitura,
consideramos os sujeitos-alunos inseridos em formações discursivas e constituídos por
uma memória discursiva, cujas falas representam um contexto social, de uma cidade do
interior, na qual predomina a formação discursiva machista, o que torna ainda mais urgente
a necessidade de resistir a esse discurso.
Palavras-chave: Leitura. Discurso. Violência contra a mulher. Resistência.
211
Resumo: O presente trabalho visa mostrar os resultados de uma prática de ensino
desenvolvida por meio do gênero textual – Conto, para alunos do 6° ao 9° ano, da Escola
Municipal de Ensino Fundamental de Tempo Integral Professor Valdir Castro, situada no
bairro Santa Rosa, na cidade de Rio Grande. Este trabalho está vinculado ao projeto
Laboratório de Ensino de Língua Portuguesa, coordenado pela professora Dulce Cassol
Tagliani. O projeto foi desenvolvido dentro da perspectiva da Linguística Aplicada e da
Teoria dos Gêneros Discursivos, organizado pensando em possibilitar que as acadêmicas
da graduação tivessem a inserção na escola. Nossos principais objetivos foram que os
alunos tivessem um esclarecimento um pouco mais aprofundado sobre os gêneros textuais;
conhecer o gênero conto, em especial os que apresentam a temática do terror; que ao longo
dos encontros desenvolvessem a escrita e a leitura oral; que exercitassem a prática de
interpretação de texto e as exposições de suas opiniões; e que, ao final das aulas pudessem
representar um conto escolhido através de uma encenação. A metodologia embasou-se em
uma sequência didática que envolveu as seguintes atividades: encenação inicial das
professoras; discussões sobre características dos contos e do gênero; análises linguísticas;
atividades de intertextualidade e criação de contos ou de adaptação dos já apresentados;
apresentação de vídeos explicativos e de adaptações de contos; ensaios e encenação dos
alunos. Como resultado, podemos perceber que os alunos conseguiram compreender os
diferentes tipos de linguagens presentes em diversos textos multimodais, a tipologia, a
temática, as características de um conto, bem como a diferença de um gênero textual para
outro. Além disso, conseguiram um melhor desenvolvimento na produção textual, nas
interpretações e na leitura dos contos.
Palavras-chaves: gêneros textuais, conto, prática docente.
El presente trabajo relata la experiencia de la classe del 6° año azul en lectura, producción
escrita y dibujo, que fue realizada en una Escuela Municipal de Ensino Fundamental de la
ciudad de Bagé/RS. Los alumnos visitaran la Biblioteca Pública Dr. Otávio Santos con la
finalidad de hacer lectura de libros de Literatura Infantil en español, producir historias a
partir de las lecturas y crear dibujos.El trabajo tuvo la intención de llevar los alumnos a
conocer y aprofundar más la lectura, la escrita y la cultura de la lengua española.Las
atividades fueron basadas en la propuesta sobre lectura , escrita y producción Geraldi
(2002) y la escritura creativa Galván(2010), entre otros pesquisadores. La metodologia,
rodea los alumnos primero eligieron las historias,después leyeron y produciron textos. En
la escuela hicieron los dibujos sobre los textos producidos.Después las historias fueron
presentadas para la classe individualmente y expuesta en la escuela. Así, tuvieron una
integración con el mundo de los libros, lectura, escrita y dibujo, agregando conocimientos
adquiridos através de la contextualización , con una viaje mágica para conocer otros
horizontes.
Palabras-clave: historias, texto, lectura, escrita, dibujo
212
UMA ANÁLISE DE COMO OS LIVROS DIDÁTICOS ABORDAM A NORMA POPULAR
BRASILEIRA
Resumo: Este trabalho faz parte do Projeto de Pesquisa “Variação Linguística: descrição,
ensino e formação de professores”, desenvolvido na Universidade Federal do Pampa e que
tem como pressuposto teórico a sociolinguística laboviana. Segundo Lucchesi (2004), há o
que o autor chama de “polarização” no Português Brasileiro. Como explica Lucchesi, a
realidade linguística brasileira “não é apenas variável, mas também polarizada, podendo-
se definir nela dois grandes subsistemas, também eles heterogêneos e variáveis que defini
como NORMAS” (LUCCHESI, 2004, p. 76). São elas a norma culta e a norma popular ou
vernacular. Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar a abordagem do português
popular em livros didáticos de língua portuguesa. Para atingir tal objetivo, a primeira etapa
foi a análise de livros didáticos atuais usados por professores na rede pública de ensino na
cidade de Bagé (RS). Concluída esta etapa, partimos para a análise de livros didáticos
antigos, assim estabelecendo uma comparação entre eles. Em um dos livros antigos ano
de 1995 foi encontrado um capítulo específico para falar sobre norma popular, norma culta
e norma padrão, diferença essa dos livros atuais, que discutem somente o que é a norma
padrão e culta, não deixando clara sua abordagem para a norma popular. Quando, por
exemplo, o português popular é classificado como sendo a língua dos menos cultos e
menos escolarizados, criamos uma separação entre “pessoas que falam bem” e “pessoas
que falam mal”, deixando de lado todo contexto histórico que explica a origem dessa norma
considerada popular. Sendo assim, não a tratamos corretamente como sendo uma
variedade e sim como um erro na língua.
Palavras-chave: português popular, livro didático, sociolinguística.
213
de alguma forma, todos os livros trazem as questões de adequação e inadequação
linguística, entretanto a questão não é abordada de modo satisfatório, já que os conceitos
não são explorados de maneira clara e não é mostrada a possibilidade de quebra de
expectativa linguística (BORTONI-RICARDO, 2004). O necessário seria o trabalho com
textos que explorassem a variação linguística em uso, proporcionando uma maior
compreensão perante as questões de monitoração. Todos os livros possuem algumas
lacunas, portanto a necessidade de um referencial teórico mais claro para os autores se faz
preciso, visto que vários aspectos não são adequados, como, por exemplo, o fato de haver
um capítulo dedicado à variação linguística, que, como resultado, acaba sendo visto como
mais um conteúdo a ser tratado nas aulas de língua portuguesa (LIMA, 2014).
Palavras-chave: livro didático – variação linguística – monitoração estilística
ESTAR SENDO. TER SIDO: UMA ABORDAGEM SOBRE A MORTE AOS OLHOS DO
PERSONAGEM DE HILDA HILST.
Resumo: Conhecida como “unicórnio” da literatura brasileira, Hilda Hilst foi dramaturga,
ficcionista poeta e cronista, promovendo para o arcabouço literário um trabalho totalmente
irreverente. Quebrando paradigmas, a escrita Hilstiana choca até os mais apáticos. O
objetivo deste trabalho consiste em analisar os sentidos sobre a morte na voz do
protagonista de “Estar sendo. Ter sido” (1997), livro-testamento que foi lançado no ano de
falecimento da escritora. A presença de realidade destruída, efeito de choque e idealidade
vazia, elementos reconhecidos como aspectos característicos da literatura moderna em seu
momento de ruptura por Hugo Friedrich (1978), Malcom Bradbury e James Mcfarlane
(1989), atuam ao longo da obra conjuntas em um pessimismo que indiretamente interage
com o leitor, preparando-o para um único final possível: a morte. Ao longo de “Estar sendo.
Ter sido”, o protagonista faz menções à herança cristã como forma de afirmar o profano e
apela para um efeito de choque quando, de forma grotesca, trata de assuntos de cunho
sexual, deformando a realidade através da negatividade e da obscuridade. Com
sobreposição de gêneros, as peculiaridades de Vittorio, personagem principal, são
exploradas em um texto experimental, que provoca uma desorientação ao leitor. A partir da
análise realizada, o texto revela uma perspectiva da morte que, ao invés de se concebida
como o fim, converte-se em uma saída de emergência para as dores da existência.
Palavras-Chave: Literatura brasileira. Literatura contemporânea. Idealidade vazia.
Sobreposição de gêneros. Prosa experimental.
214
Oficialmente criado em março de 2018, sua caminhada tem antecedentes que datam de
2016. Entre as principais proposições de sua finalidade estão ações políticas de fomento
das línguas e culturas dos povos tradicionais. No conjunto geral do processo, participa
proposições que visam promover o fomento e proteção dos bens culturais do nosso Estado.
A estratégia de ação se dá, conforme o documento balizador, com intervenções baseadas
em quatro pilares: Inventariar, através de censos escolares, locais e regionais a diversidade
linguística. Reconhecer, fortalecer o reconhecimento e pertencimento de valores que
compreende a diversidade linguística do RS como patrimônio e capital cultural de direito e
valor que deve ser destacado nas decisões do governo. Salvaguardar e assentir por meio
das ações concretas de fomento a preservação da língua e cultura como bem cultural, pelo
qual o Estado deve zelar. Promover, através de ações educativas a revitalização do
plurilinguismo para o desenvolvimento social, econômico, cultural e cientifico, o uso e
reconhecimento das línguas maternas. O colegiado se coloca como um ente porta voz das
comunidades de fala no que se refere a sua interlocução com o Estado. Uma das ações
planejadas pelo colegiado no ano de 2019 é a apresentação ao Conselho de Cultura
Estadual da proposição da disciplina Línguas e Culturas Locais, buscando inserir esse
debate no Referencial Curricular Gaúcho que está em curso. Dados coletados a grosso
modo nos indicam a presença falantes de línguas maternas indígenas, afro-brasileiras,
fronteiriças, de imigração e de Libras. Consideramos imprescindível potencializar a
paisagem linguística e cultural do nosso Estado, considerando a relevância da preservação
do plurilinguismo e bilinguismo como prática educativa através do currículo adequado para
as diferentes comunidades.
Palavras-chave: Memória; Práticas Educativas; Colegiado Linguístico; Plurilinguismo.
Resumo: Este trabalho faz parte de um projeto maior nomeado como “Variação Linguística:
descrição, ensino e formação de professores” e tem como objetivo analisar como estão
sendo abordados os usos possíveis da colocação pronominal em livros didáticos de língua
portuguesa usados nas escolas públicas de Bagé (RS). Foram analisados livros do
Programa Nacional do Livro Didático de 2018, 2019, 2020, sendo considerados atuais, com
edições de 2016, e livros antigos de língua portuguesa com edições de 1995. Após
fazermos a análise dos livros, observou-se que os livros novos apresentaram um avanço
significativo em relação aos livros antigos no que refere à colocação pronominal, pois os
livros novos têm uma abordagem “inovadora”, que, segundo Vieira (2009), traz um maior
número de opções de uso e prevê a próclise como sendo a mais usada no português
brasileiro, a ênclise como sendo mais usada em alguns contextos de escrita, e a mesóclise
como apresentada aos alunos em nível de conhecimento, já que atualmente no Brasil ela
caiu em desuso, mas há uma importância dos alunos conhecerem esta estrutura. Já os
livros mais antigos apresentaram a abordagem “tradicional normativa”. Segundo Vieira
(2009), essa abordagem sugere que se use a ênclise e a mesóclise como as preferenciais
e a próclise somente quando houver os chamados “atratores”. Desta forma, conclui-se que
os livros atuais comparados aos antigos apresentaram um avanço importante.
Palavras-chave: sociolinguística, variação linguística, colocação pronominal, livros
didáticos.
215
ANÁLISE COMPARATIVA DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
QUANTO À PRESENÇA DE GÊNEROS DISCURSIVOS PARA ABORDAR A
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Resumo: O presente texto apresenta uma análise do romance português Em tuas mãos,
da escritora Inês Pedrosa. O enfoque é o exame das relações entre memória, história e
testemunho. Tais questões se apresentam através da narração das personagens Jenny
(mãe), Camila (filha), e Natália (Neta). As três figuras, de uma forma confessional, contam
suas vivências num Portugal do século XX através de um diário, álbum de fotografias, e
cartas. A primeira personagem a ser apresentada ao leitor é Jenny por meio de seu diário
conhecemos seu casamento com um António, homossexual, e a necessidade que ambos
tinham de esconder tal condição, mantendo um casamento de fachada. Jenny torna-se
aliada do marido e seu amante Pedro. No desenrolar da história, Jenny adota a filha de
Pedro (Camila) com uma judia francesa refugiada. A segunda personagem a contar sua
história é Camila que sofre com as represálias da ditatura Salazarista. No decorrer de seu
testemunho, é possível perceber sua condição psíquica devastada pelo trauma, associado
às sessões de tortura que sofrera pela ditadura de Salazar. A última personagem a ser
apresentada é Natália, filha de Camila, resultado de uma relação com um moçambicano
integrante do movimento de Frente de Libertação de Moçambique. A representante da
216
terceira geração é um retrato dos relacionamentos líquidos que as pessoas vivem nos dias
atuais. Natália possui um relacionamento difícil e fragmentado com sua mãe, e em uma
tentativa de se comunicar com alguém escreve cartas para sua falecida avó adotiva Jenny.
Em seu testemunho percebe-se a busca da jovem por suas origens, e seu pai, assim como
várias críticas a sociedade portuguesa e os danos feitos aos países africanos. O trabalho
tem como embasamento teórico os autores Márcio Seligmann-Silva e Paul Ricoeur que
sustentam os estudosa respeito da memória, história, testemunho, em suas respectivas
obras História, Memória, Literatura. O testemunho na era das catástrofes (2003), e A
história, a memória, o esquecimento (2007). A partir deste momento é possível observar no
romance Nas tuas mãos tais questões abordadas pelos autores. Percebe-se nas narrativas
o comportamento dos personagens inseridos na sociedade portuguesa, relatos dos
períodos conturbados envolvendo o período ditatorial Salazarista e em consequências os
traumas causados na personagem Camila, e por fim as questões históricas políticas
envolvendo a libertação de Moçambique. Verificam-se como os acontecimentos históricos
influenciaram a construção das personagens do romance, assim como em seus traços
referentes à memória. Tendo destaque aos relatos da personagem Jenny em seu diário
onde é relatado as a prisão de Camila que na época possuía apenas 18 anos, e sofreu
torturas no período ditatorial Salzarista, percebe-se na construção do diário que Jenny que
ela nunca entendeu completamente o que havia se passado com a filha durante o período
que Camila esteve presa, apenas notando em seus olhos cinzentos uma fúria. Já na
segunda parte do livro nota-se como a prisão e a tortura transformou a personagem Camila,
e como estes acontecimentos traumáticos influenciaram em sua persona tornando uma
mulher de personalidade fria, triste e amarga, a prisão afeta o modo de Camila enxerga o
mundo, tanto que sua fotografia também sofre mudanças. Em um segundo momento na
história da fotógrafa ela parte para Moçambique e se relaciona com o moçambicano Xavier.
Neste contexto vê-se um reflexo do período de 1964 – 1974, onde ocorriam conflitos
intensos para a libertação de Moçambique. O romance não termina bem quando a vida de
Xavier é interrompida por um assassinato em consequência das questões políticas da
época. Na terceira e última parte do livro esses fatos novamente são rememorados quando
Natália parte em uma jornada para descobrir suas origens, tentando descobrir quem era
seu pai, nessa jornada vê-se também toda a violência que ainda perdura em uma
Moçambique pós-guerra. A partir do material teórico utilizado, percebemos que as
personagens, possuem traços traumáticos advindos das relações com a história política do
período ditatorial de Salazar, e dos conflitos políticos libertários que aconteciam em
Moçambique e em outros países africanos.
Palavras-chave: História; Memória; Literatura; Trauma.
217
p. 110), o que nos permite compreender que a construção de narrativas, porque permeadas
pelo simbólico, disseminam modos de ser no mundo, os quais atingem posição de
legitimidade ao serem veiculados em dispositivos de alto alcance, como o Youtube.
Tomando a intersubjetividade como um estado em que “´[...] os sujeitos em mediação
semiótica desenvolvem uma atividade em que se dá a regulação de uns sobre os outros”
(CERUTTI-RIZATTI; DELLAGNELO, 2016), percebemos que a agência humana é baseada
em um apoio de vozes sociais, que coraliza, respalda e tensiona a enunciação-ação
individual (VOLOCHÍNOV/BAKHTIN, 2011) e cujo eco no outro é regulatório, dialógico,
tensionado. O presente trabalho objetiva investigar de que forma a narrativa de uma
professora a um vídeo concernente ao dia dos professores, veiculado no YouTube,
evidencia espaços de intersubjetividade passados e potenciais, assim como informa o que
está no ideário discursivo do comportamento docente. Para tanto, informados pela Análise
Dialógica do Discurso, pela Teoria Sociocultural Vigotskiana e pela filosofia de Pierre Lévy,
problematizamos a categoria da “vocação” como refletiva e refrativa de ideologias e
espaços de intersubjetividade que se disseminam potencialmente também em meio virtual.
Como resultado prévio, percebemos: (i) uma forte interatividade que permeia o gênero
vídeo de YouTube, acenando a espaços virtualizados de intersubjetividades,
potencialmente formativos e (ii) a forte influência de práticas socioculturais no discurso
vocacional, acenando a espaços de intersubjetividade anteriores que proporcionaram a
predileção pela carreira.
Palavras-Chave: Análise Dialógica do Discurso; Teoria Sociocultural; Virtualização.
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo maior sistematizar os conceitos que
envolvem os temas transversais propostos pelos PCN’s e os temas integradores pela
BNCC. Para fundamentar teoricamente nosso estudo, são utilizadas, prioritariamente, as
obras do Círculo de Bakhtin, enfatizando os conceitos que contribuem para a construção
de uma reflexão dialógica acerca dos temas transversais e dos temas integradores. Para
ancorar essa sistematização, seguimos os seguintes passos metodológicos: apresentação
do contexto de produção dos PCN’s e da BNCC; definição dos temas transversais nos
PCN’s e dos temas integradores na BNCC; discussão acerca de como são apresentados
os temas transversais e os temas integradores nos documentos oficiais. Com base nos
estudos realizados até o presente momento, podemos verificar que os PCN’s permitem aos
professores flexibilizar o trabalho com os temas de acordo com os conteúdos ministrados
de uma forma integrada de modo que sejam trabalhados juntos e não isoladamente. Ao
invés de se isolar, a relação entre os temas transversais implica na necessidade de um
trabalho sistemático e contínuo no decorrer de toda a escolaridade, que, por conseguinte,
possibilitará um tratamento cada vez mais aprofundado das questões eleitas pelo professor.
Já na Base Nacional Comum Curricular, os temas integradores são apresentados
sucintamente deixando a cargo dos sistemas de ensino e das escolas, conforme suas
possibilidades e especificidades, tratá-los de forma contextualizada.
Palavras-chave: temas transversais; temas integradores; ensino de língua portuguesa
218
DECALQUE E PARÔNIMOS COMO DIFICULDADES DE COMPREENSÃO E/OU
TRADUÇÃO EM VÉRA, NARRATIVA DE VILLIERS DE L'ISLE-ADAM
Resumo: O presente trabalho faz parte do projeto Cartografia do imaginário das lendas
urbanas e as representações do medo nas Américas, sob orientação da Profª Drª Sylvie
Dion (sylviedion@mikrus.com.br). A pesquisa é realizada pela estudante Raquel Ladeira
Pereira (raqueeeelpereira@gmail.com), bolsista PIBIC/CNPq, do curso de Letras -
Português e Francês da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O trabalho pretende
realizar um estudo comparativo entre lendas urbanas e tradicionais, que possuem em
comum o propósito de causar medo nas crianças. Segundo o sociólogo francês Jean-Bruno
Renard a lenda urbana é: “um relato anônimo, que apresenta muitas variantes, de forma
breve, com conteúdo surpreendente, contada como verdadeira e recente em um meio social
o qual exprime de maneira simbólica os medos e anseios.” (RENARD, Jean-Bruno.
Rumeurs et Légendes Urbaines. Que sais-je?. Puf. 2ième édition. Paris. 2002) As lendas
escolhidas para análise foram: a lenda do Bicho-Papão, famosa no Brasil e no mundo, “O
Velho do Saco”, lenda antiga, mas que ainda é contada em muitos países, “A Kombi do
219
Palhaço”, lenda famosa nos anos 1990 e as lendas envolvendo doces envenenados ou com
drogas. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as razões pelas quais tais estórias são
contadas, geração após geração. Para que fosse possível o desenvolvimento do trabalho,
foram realizadas pesquisas na internet e bibliográficas para selecionar algumas lendas que
se enquadram na temática. As obras dos pesquisadores Véronique Campion-Vincent,
Jean-Bruno Renard e Martine Roberge auxiliaram na análise de tais lendas e a compará-
las entre si. A análise do material permitiu uma primeira observação a saber: antigamente,
os pais e familiares mais velhos contavam as lendas para assustar as crianças, a fim de
que estas não fossem desobedientes, atualmente, as lendas parecem assustar tanto as
crianças quanto aos pais, que temem pelos seus filhos em meio à crueldade humana.
Palavras-chave: lendas tradicionais; lendas urbanas; bicho-papão; medo; infantil.
Resumo: Os falantes de uma mesma língua, mas de regiões diferentes, têm características
linguísticas diversificadas, e mesmo que pertençam a uma dada região também não falam
da mesma maneira devido aos diferentes estratos sociais e às circunstâncias diversas da
comunicação, segundo Ferreira e Cardoso (1994, p. 12). Este trabalho, desenvolvido na
disciplina Tópicos em Linguística e Língua Portuguesa I, com foco na Dialetologia, objetiva
identificar diferenças e semelhanças de falares regionais através de duas questões: uma
do campo semântico-lexical e a outra do fonético-fonológico, tendo em vista o Atlas
Linguístico do Brasil – ALIB. “O léxico é a reunião de unidades que constitui os falares, os
linguajares de determinada comunidade, reflete e expressa a cultura proveniente
dela.”(SILVA, 2012, p. 189). Foram entrevistados acadêmicos da Universidade Federal do
Rio Grande – FURG de diferentes regiões do país, os quais nomearam figuras de alimentos
que lhes foram mostradas, como pé-de-moleque que além deste termo, recebeu outros
nomes como quebra-queixo e rapadura. Em seguida, fizeram a leitura de palavras dispostas
em cartazes com o fonema /r/ em coda silábica interna e externa, como em borda e
liquidificador. “O /r/ em coda silábica é o fonema com possibilidade de se realizar com o
maior número de variantes no português do Brasil, principalmente quando se consideram
as dimensões diatópico-regionais.” (AGUILERA, 2008, p. 1). Os resultados da pesquisa
apontam para uma identidade linguística pelo uso de termos regionais e pela pronúncia que
caracterizam os lugares provenientes dos informantes. Sendo assim, acreditamos que as
manifestações de cada palavra expressa é em razão de um largo legado linguístico de um
povo, e também uma questão identitária, onde podemos identificar de onde é o indivíduo
pela maneira como fala.
220
fundamentado nos estudos narratológicos de Gérard Genette (1972), na categoria da
personagem sob o ângulo do fantástico proposta por Joël Malrieu (1992), bem como na
definição de fantástico preconizada por Tzvetan Todorov (1976). Aqui, relaciona-se as
características do narrador autodiegético com a hesitação, conceito-chave no âmbito dos
estudos de Todorov, resultando na natureza parcial da narração. Explorou-se, assim, a
subjetividade característica à atmosfera fantástica como reflexo desses mecanismos
discursivos. Outrossim, observou-se de que modo o tema do sonho, exposto no relato do
narrador, reafirma os eventos que parecem deslocar o protagonista de seu cenário de base
realística para inseri-lo em um outro regido por leis estranhas ao mundo empírico. Em vista
desses elementos, compreendeu-se de que forma as estratégias empregadas no discurso,
como o tipo de narrador e a atmosfera onírica construída, através das exposições do
narrateur autodiégétique, contribuem para a percepção do caráter fantástico que atravessa
La Cafetière em múltiplas instâncias.
Palavras-chave: Literatura Francesa. Fantástico. Théophile Gautier. La Cafetière.
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ERA DIFÍCIL DECLAMAR CANTIGAS? IMAGINA ESCREVER! UMA BREVE ANÁLISE
LINGUÍSTICA E FILOLÓGICA DAS CANTIGAS SATÍRICAS
Resumo: Este estudo tem como objetivo geral fazer uma breve exemplificação de um
trabalho linguístico e filológico, utilizando como corpus duas cantigas satíricas (de escárnio
e de maldizer). Segundo Spina (1994), a Filologia concentra-se no texto com o objetivo de
explicá-lo, restituí-lo e prepará-lo para uma publicação, tornando-o inteligível, em toda a
sua extensão, com o auxílio de outras disciplinas, como a História e a Gramática. Nesse
sentido, nossa análise, num primeiro momento, centrou-se na contextualização histórica
sobre o Trovadorismo em Portugal – período em que se inserem as cantigas selecionadas
para a análise. Para isso, utilizamo-nos de autores como Massaud Moisés (1974) e Tavani
(1999). Num outro momento, a análise teve como foco a mudança linguística e, para tanto,
selecionamos uma classe gramatical – advérbios – para mostrar como se dá seu
funcionamento no interior das cantigas analisadas. Além disso, foi feita uma breve
exposição dos metaplasmos encontrados no escopo desses textos. Na intersecção entre a
análise filológica e linguística, foi possível observar a importância do trabalho do filólogo no
sentido de, por meio da língua e da história, resgatar aspectos importantes para que se
entendam as transformações ocorridas no funcionamento linguístico, mais
especificamente, neste estudo, a diacronia dos advérbios.
Palavras-chave: Filologia. Linguística. Cantigas Satíricas. Advérbio.
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