TST - Acordao

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
A C Ó R D Ã O
(SDI-1)
GMMCP/pr

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA –


INTERPOSIÇÃO SOB A REGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 – ESTABILIDADE PROVISÓRIA
DE GESTANTE - PEDIDO DE DEMISSÃO - TERMO
DE RESCISÃO NÃO HOMOLOGADO PELO
SINDICATO - INVALIDADE
1. Esta Corte firmou o entendimento de
que o pedido de demissão da empregada
gestante, portadora de estabilidade
provisória (artigo 10, II, “b”, do ADCT
e Súmula nº 244 do TST), por se tratar
de direito irrenunciável, independente
da duração do pacto laboral, somente tem
validade se acompanhado de assistência
sindical, ou, inexistindo, se formulado
perante autoridade competente, nos
termos do artigo 500 da CLT.
2. Estando o acórdão embargado em
sintonia com a jurisprudência deste
tribunal, inviável o conhecimento dos
Embargos.
Embargos não conhecidos.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos


em Embargos de Declaração em Recurso de Revista n°
TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001, em que é Embargante NOSSA SERVICO
TEMPORÁRIO E GESTÃO DE PESSOAS LTDA. e Embargada FERNANDA DOS SANTOS
OLIVEIRA GONÇALVES.

A Reclamada interpõe Embargos (fls. 196/230) ao


acórdão da Eg. 5ª Turma que deu provimento ao Recurso de Revista da
Reclamante (fls. 142/153) e rejeitou os Embargos de Declaração (fls.
188/194).
O recurso foi admitido às fls. 303/311.
A Reclamante apresentou impugnação (fls. 313/321).
Dispensada a remessa dos autos ao d. Ministério
Público do Trabalho, nos termos regimentais.

Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.2

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
É o relatório.

V O T O

REQUISITOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE

Satisfeitos os requisitos extrínsecos de


admissibilidade recursal, passo ao exame dos intrínsecos.

ESTABILIDADE PROVISÓRIA DE GESTANTE - PEDIDO DE


DEMISSÃO - TERMO DE RESCISÃO NÃO HOMOLOGADO PELO SINDICATO - INVALIDADE

Conhecimento

A C. Turma do Tribunal Superior do Trabalho deu


provimento ao Recurso de Revista para “deferir à reclamante indenização substitutiva
ao período da garantia de emprego, tendo em vista já estar exaurida o período para reintegração, nos
termos do pedido”.
OS fundamentos do acórdão embargado (fls. 144/153)
foram sintetizados na ementa a seguir:

PEDIDO DE DEMISSÃO. EMPREGADA GESTANTE. AUSÊNCIA DE


ASSISTÊNCIA SINDICAL OU DE AUTORIDADE COMPETENTE.
INVALIDADE.
Trata-se de pedido de demissão de empregada grávida sem a assistência do
sindicato de sua categoria profissional. O Regional registrou que, à época do pedido
de demissão, era irrelevante a ciência da empregada de seu estado gravídico, visto
que a estabilidade somente ocorre nos casos de demissão imotivada, de iniciativa do
empregador. Registrou a Corte de origem que por não haver qualquer vício de
vontade da empregada que pediu demissão, é desnecessária a assistência sindical
para a validade da rescisão contratual. Consignou que “a falta de homologação
sindical não tem o condão de anular o ato de pedido de demissão, ademais porque a
pedido de desligamento da empresa ré foi efetivamente reconhecido como realizado
pela a autora, não havendo sequer que se discutir a incidência da regra segundo a
qual a homologação é necessária, já que o contrato perdurou menos de um ano
(pouco mais de um mês). De todo modo, prevalece, no Colegiado que a
homologação pelo Sindicato, se ausente para as hipóteses de contratos de mais de
um ano, não é causa, por si só, para invalidação da rescisão”. Concluiu que o pedido
de demissão da autora, livre de qualquer vício de vontade, constitui “renúncia tácita
à estabilidade, pois o empregado, ainda que estável, evidentemente tem o direito de
denunciar o contrato de trabalho, vez que, diverso modo, ficaria escravizado à
Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.3

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
empresa, violando-se direitos humanos fundamentais”. Ocorre que a Súmula nº 244
do TST dispõe o seguinte: “GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. I. O
desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao
pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, ‘b’ do ADCT). II.
A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante
o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e
demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III. A empregada
gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea
‘b’, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de
admissão mediante contrato por tempo determinado”. O item I da súmula interpreta
o disposto no artigo 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, que, expressamente, veda a dispensa arbitrária ou sem justa causa da
empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Assim, nos termos da norma constitucional, é assegurada à gestante a estabilidade
provisória no emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
parto. Tem-se, portanto, que o pedido de demissão só será válido quando feito com a
assistência do respectivo sindicato, conforme prevê o artigo 500 da CLT,
independentemente da duração do contrato de trabalho. Na hipótese, como o pedido
de demissão da reclamante não foi homologado pelo sindicato ou Ministério do
Trabalho e Emprego, deve ser considerado inválido (precedentes).
Recurso de revista conhecido e provido.

Os Embargos de Declaração foram rejeitados pela C.


Turma (fls. 188/194), nos seguintes termos:

A reclamada interpõe estes embargos de declaração contra o acórdão da


Segunda Turma desta Corte, ao argumento de que “o artigo 896, §8º, da CLT dispõe
que quando o recurso for fundado em divergência jurisprudencial é ônus da parte
que apresente as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados. Ao analisar o inteiro teor das jurisprudências invocadas como
divergência, anexas, temos que estas são completamente diferentes do caso em tela.
Isto porque nos dois casos tanto a empresa quanto a empregada sabiam da
gravidez, ou seja, a empregada efetivamente tinha ciência do estado gravídico no
momento da rescisão, daí o porquê da nulidade do pedido de demissão, quando
operado sem a devida homologação pelo sindicato” (pág. 156).
(...)
No caso, analisando as alegações recursais, fica claro que a pretensão da
embargante não é sanar supostos vícios existentes no acórdão embargado, mas
questionar as razões de decidir levadas a efeito pelo julgador, pois tenta, novamente,
pela via inadequada, demonstrar as razões pelas quais entende ser indevida a
indenização substitutiva ao período da garantia de emprego.
Ademais, é inócua a alegação da reclamada de que a jurisprudência
colacionada pela autora não é divergente, visto que o acórdão embargado é expresso
em consignar que “o aresto colacionado à pág. 113, oriundo do Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região, consigna tese no sentido de que o direito à estabilidade
provisória da gestante é irrenunciável, antagônica, portanto, à defendida pelo
Regional nestes autos” (pág. 148).

Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.4

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
Efetivamente, não há falar em omissão no julgado, que explicitou claramente
as razões pelas quais o recurso de revista da reclamante lograva provimento no tema
ora reputado como omisso. Para tanto, convém trazer à lume a fundamentação do
acórdão embargado, in verbis:
(...)
O inconformismo da parte com o resultado do julgamento desafiaria recurso
processual próprio, se cabível, e não pode ser sanado pela estreita via dos embargos
de declaração, que não se prestam a uma nova análise da matéria já discutida e
decidida, limitando-se o seu campo de atuação ao saneamento de contradições,
obscuridades ou omissões porventura havidas na decisão embargada, o que não é o
caso.
São, pois, absolutamente descabidos e meramente procrastinatórios estes
embargos de declaração, em que a parte, na verdade, pretende apenas polemizar
com o julgador naquilo que por ele já foi apreciado e decidido por inteiro e de forma
fundamentada.
Sendo os embargos de declaração manifestamente protelatórios, deve a
embargante pagar a multa prevista no artigo 1.026, § 2º, do CPC/2015 c/c o artigo
769 da CLT, equivalente a 2% (dois por cento) do valor atualizado da causa, em
favor da embargada, a ser oportunamente acrescida ao montante da condenação.
Nego provimento aos embargos de declaração.

A Embargante requer o não conhecimento do Recurso de


Revista da Reclamante e o reconhecimento da validade da rescisão do
contrato de trabalho temporário realizada por solicitação de empregada
gestante que desconhecia o próprio estado gravídico. Alega não ter sido
devidamente preenchido o requisito da especificidade para a configuração
de divergência jurisprudencial, no tocante à ciência da gravidez. Afirma
ser incompatível o direito à estabilidade provisória da gestante com a
modalidade de contrato temporário, no qual o período determinado se
distingue pelo requisito do atendimento à necessidade transitória.
Argumenta que no momento da rescisão inexistia razão para a homologação
sindical. Aduz que a assistência pelo sindicato só se aplica a contratos
com mais de um ano. Sustenta não ter havido dispensa arbitrária ou sem
justa causa, mas desligamento a pedido motivado por melhor oportunidade
de emprego, insurgindo-se contra o enriquecimento ilícito. Impugna a
incidência da Súmula nº 244, III, do TST. Indica ofensa ao art. 5º, XXXVI,
da Constituição da República. Colaciona arestos ao cotejo.
A indicação de ofensa a dispositivo constitucional não
se enquadra entre as hipóteses de admissibilidade dos Embargos, previstas
no artigo 894, II, da CLT.

Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.5

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
A insurgência contra o conhecimento por divergência
jurisprudencial não condiz com a finalidade uniformizadora dos Embargos,
na esteira da Súmula nº 296, II, do TST, pois debate o atendimento aos
requisitos de admissibilidade do Recurso de Revista.
Propriamente no tocante à validade da rescisão, a
partir do entendimento de que a garantia da estabilidade provisória da
gestante, prevista no artigo 10, II, “b”, do ADCT, direciona-se
objetivamente tanto à mãe quanto ao nascituro, com respaldo no artigo
7º, XVIII, da Constituição da República, pacificou-se a controvérsia
sobre os limites da aplicabilidade por meio da Súmula nº 244 do TST:

SUM-244 GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item


III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012 –
DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o
direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, “b” do
ADCT).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der
durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e
demais direitos correspondentes ao período de estabilidade.
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no
art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.
(Destaquei)

Por sua vez, o artigo 500 da CLT prevê os requisitos


de validade para o pedido de demissão do empregado estável:

Art. 500 - O pedido de demissão do empregado estável só será válido quando


feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, perante
autoridade local competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou da
Justiça do Trabalho. (Destaquei)

Esse dispositivo traduz exigência legal expressa para


os empregados estáveis, sobre a validade do pedido de demissão, sem
delimitar nenhuma restrição quanto à duração do contrato de trabalho,
aplicando-se para quaisquer situações de proteção contra a dispensa sem
justa causa, e não apenas para a extinta estabilidade decenal.
Assim, esta C. SBDI-1 firmou o entendimento de que o
pedido de demissão da empregada gestante, portadora de estabilidade
Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.6

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
provisória, por envolver direito irrenunciável, independente da duração
do pacto laboral, somente tem validade se acompanhado de assistência
sindical, ou, inexistindo, se formulado perante autoridade competente.
Transcrevo os seguintes julgados:

RECURSO DE EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM


RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014. GESTANTE.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE DEMISSÃO NULO. AUSÊNCIA
DE ASSISTÊNCIA SINDICAL. REQUISITO PREVISTO NO ARTIGO 500 DA
CLT. A empregada gestante, portadora de estabilidade provisória segundo a dicção
do artigo 10, II, “b”, do ADCT e da Súmula nº 244 do TST, terá o reconhecimento
jurídico do seu pedido de demissão se efetivado mediante a necessária assistência
do sindicato respectivo, independente da duração do pacto laboral, nos termos do
artigo 500 da CLT. Tal ilação se justifica por ser a estabilidade provisória direito
indisponível e, portanto, irrenunciável. Precedentes. Nesse passo, correta a decisão
embargada que reconheceu a invalidade do pedido de demissão da empregada
gestante por considerar necessária a assistência sindical para a respectiva
homologação. Recurso de embargos conhecido e não provido. (E-ED-RR -
1461-75.2015.5.09.0011, Relator Ministro Cláudio
Mascarenhas Brandão, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, DEJT 04/05/2018)

EMBARGOS COM AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA.


ESTABILIDADE DA GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. NECESSIDADE
DE ASSISTÊNCIA SINDICAL. ART. 500 DA CLT. 1. Hipótese em que a Turma
considerou válido o pedido de dispensa sem assistência sindical, por considerar
inaplicável à empregada gestante, detentora da estabilidade prevista no art. 10, II,
“b”, do ADCT, a norma inserta no art. 500 da CLT. Registrou que “sendo válido o
pedido de demissão da Reclamante gestante, é indevida a estabilidade prevista no
art. 10, II, “b”, do ADCT, não havendo de se falar, portanto, em violação do art. 500
da CLT - segundo o qual o “pedido de demissão do empregado estável só será
válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver,
perante autoridade local competente do Ministério do Trabalho ou da Justiça do
Trabalho”, por não se tratar de empregado estável”. 2. Tratando-se de empregada
gestante, detentora de estabilidade provisória, a validade do pedido de demissão está
condicionada à assistência do respectivo Sindicato ou da autoridade do Ministério
do Trabalho, nos termos do artigo 500 da CLT, de modo a afastar qualquer incerteza
quanto à vontade livre e consciente do trabalhador de rescindir o seu contrato de
trabalho. Decisões de todas as Turmas neste sentido. Recurso de embargos
conhecido e provido. (E-ARR-603-26.2015.5.03.0071, Relator
Ministro Hugo Carlos Scheuermann, Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, DEJT 27/10/2017)

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO EMBARGADA


PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. PEDIDO DE
DEMISSÃO. CONHECIMENTO DA GRAVIDEZ NO CURSO DO AVISO
PRÉVIO. CANCELAMENTO DO PEDIDO DE DEMISSÃO NÃO ACEITO
PELO EMPREGADOR. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE.
Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.7

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
Discute-se, na hipótese, se o fato de a autora ter formulado pedido de demissão e, no
curso do aviso prévio, ao tomar conhecimento de seu estado gravídico, solicitar o
cancelamento de tal pedido (não aceito pelo empregador), lhe retira o direito à
estabilidade prevista no artigo 10, II, “b”, do ADCT. O entendimento da e. Turma
foi de que, “Segundo as disposições do artigo 10, II, “b”, do ADCT, o termo inicial
do direito da gestante à estabilidade dá-se com a concepção e não com a constatação
da gravidez, mediante exame clínico, sendo necessário apenas que a empregada
esteja grávida no momento da rescisão do contrato de trabalho, independentemente
da ciência das partes” (fls. 443-444, grifamos). Não resta dúvida de que a
jurisprudência desta c. Corte pacificou-se no sentido de que a ocorrência da
gravidez durante o aviso prévio garante o direito da trabalhadora à estabilidade
prevista no artigo 10, alínea “b”, do ADCT. Aqui, porém, há uma particularidade, a
saber, a questão envolvendo o pedido de ruptura do contrato de trabalho feito pela
autora. Data venia dos que entendem ao contrário, o fato de a autora ter formulado
pedido de demissão e, no curso do aviso prévio, ao constatar o seu estado gravídico,
solicitar o cancelamento de tal pedido (não aceito pelo empregador), não
compromete o seu direito à estabilidade prevista no referido artigo 10, II, “b”, do
ADCT/CF, uma vez que a estabilidade provisória da gestante é uma garantia
também ao nascituro, e não apenas à genitora. Caso contrário, estar-se-ia admitindo
verdadeira renúncia à estabilidade provisória da gestante. Ademais, fixando a lei
critério objetivo da definição do direito à estabilidade, não se mostram importantes
questões paralelas, porquanto a “confirmação da gravidez” a que se refere a norma
constitucional diz respeito ao fato da gravidez em si. Recurso de embargos
conhecido por divergência jurisprudencial e desprovido.
(E-ED-RR-2537-64.2012.5.02.0002, Relator Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, DEJT 17/02/2017)

Estando o acórdão embargado em plena sintonia com esse


entendimento sobre a invalidade do pedido de demissão, seja em relação
à ciência da gravidez, à natureza do contrato ou à exigência de
homologação, aplica-se o óbice do art. 894, § 2º, da CLT ao processamento
dos Embargos, pois superados os arestos colacionados à divergência.
Não conheço.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em


Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
não conhecer dos Embargos.
Brasília, 18 de outubro de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.8

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001DA32926BAAD95A.
MARIA CRISTINA IRIGOYEN PEDUZZI
Ministra Relatora

Firmado por assinatura digital em 18/10/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Você também pode gostar