Fanny RP Texto
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Comunicação Social
3o Ano
As Relações Públicas, ou pelo menos a sua forma conceitualizada, teve origem nos
Estados Unidos e são fruto de um conjunto de circunstâncias coincidiram ao mesmo
tempo pela primeira vez. São elas as práticas de notoriedade; a existência de uma
imprensa de grande tiragem; a rápida industrialização e ainda uma tradição política.
As Relações Públicas nascem nos Estados Unidos perante um imperativo empresarial, financeiro e
político, em princípios de 1900. Todas estas organizações necessitavam que a opinião pública, em face
da grande competitividade existente a nível dos produtos, ideologias, etc., conhecesse o muito que
essas organizações podiam fazer por ela (Cabrero e Cabrero, 2001:21).
Gurgel (1985) conta que em 1897, o assunto dos caminhos-de-ferro nos Estados
Unidos estava na ordem do dia e que a Associação das Estradas de Ferro dos Estados
Unidos terá empregado, pela primeira vez, a expressão Relações Públicas tal como
nos referimos a estas nos dias de hoje.
Esta nova realidade de poder chegar próximo de públicos maiores através dos meios
de comunicação social, aliado ao início do forte boom industrial que começava a
surgir, tudo isto fez com que a competição entre empresas aumentasse e surgisse
assim a necessidade de cativar públicos e de atuar também em função dos ideais e
gostos dos públicos.
Isto era útil quer aos empresários que começavam a lidar com outras empresas
concorrentes, com manifestações e greves dos seus funcionários que colocavam o
nome da empresa em causa, quer aos políticos e aos partidos políticos que tinham os
seus opositores.
Foi neste cenário que surgiu no panorama norte-americano, Ivy Lee, a sugerir uma
nova forma de abordagem para o relacionamento das organizações com os seus
públicos.
A primeira atividade de Ivy Lee como profissional de Relações Públicas surgiu então
em 1906 durante uma greve numa empresa que atuava no setor da indústria de carvão.
Durante este tumulto, Lee teve um papel muito importante e que veio mudar o
paradigma relativo à forma como se olhava para os públicos. Lee, de uma forma
inovadora, veio defender a ideia de que “o público deve ser informado”.
Ou seja, Ivy Lee, centra os seus objetivos em prol do bem das empresas e das
organizações no diálogo com os públicos e com os assuntos que realmente interessam
aos públicos.
Em 1916, Ivy Lee dá um enorme passo na história das Relações Públicas ao criar uma
empresa de consultoria de Relações Públicas. Começa assim a ganhar relevo o papel
social dos negócios e começa a notar-se que a imagem e o seu tratamento têm um
papel importante para a evolução social da empresa, assim como para a evolução dos
bons resultados. Com isto, começam a surgir os sindicatos como forma de facilitar o
diálogo e a este propósito Cabrero e Cabrero, diz que “esta actividade de alta direcção
está orientada para conseguir a credibilidade e confiança dos públicos, mediante
negociações pessoais”.
No seguimento das mesmas ideias de Ivy Lee, também Edward Louis Bernays é
considerado um dos “pais” das Relações Públicas. Terá sido este o autor do primeiro
livro da disciplina das Relações Públicas, em 1919, e foi ainda o primeiro a lecionar a
disciplina de Relações Públicas, no caso, na Universidade de Nova Iorque. Este, terá
sido este a estabelecer os princípios, a ética e as bases profissionais das Relações
Públicas, o que levou a que os mais variados tipos de organizações começassem a
aceitar e a utilizar as suas ideias.
Ivy Lee afirmava que o profissional de Relações Públicas surge da necessidade
económico-empresarial, que os empresários sentiram, de ter um especialista que
conseguisse não só perceber os públicos internos, mas também os públicos externos e
que pudesse fazer a ligação entre a informação disponibilizada pela empresa, ou seja,
a organização, e a sociedade envolvente, podendo assim ter uma participação direta
na criação da Opinião Pública.
Como se sabe, a Mass Communication Research orientou-se primeiramente, para a consideração dos
Meios de Comunicação de massas como causa necessária e suficiente para a consecução dos efeitos,
entendo os efeitos a mudança de opinião ou a determinação da conduta individual ou colectiva.
É, portanto, devido aos esforços de Bernays que nos dias de hoje as Relações Públicas
são reconhecidas e solicitadas como uma profissão que é necessária e fundamental em
qualquer organização.
Após olharmos para a origem das Relações Públicas, é importante percebermos como
é que foi sendo a evolução e o desenvolvimento da profissão de Relações Públicas.
Para melhor percebermos todo o trajeto evolutivo das Relações Públicas, James
Grunig e Todd Hunt desenvolveram, em 1984, uma teoria para descrever como deve
ser estruturada a profissão. Esta teoria assenta em quatro modelos de Relações
Públicas. Cada um destes modelos corresponde a determinados períodos, está
associado a diferentes objetivos, diferentes origens da comunicação, processos de
comunicação distintos, baseados em diferentes modos de pesquisa e cada um melhor
direcionado para específicos usos. Podemos ver isso de forma mais esquematizada,
representado no Quadro 1.
Grunig e Hunt reconhecem que ao longo da história terão surgido atividades idênticas
com as relações públicas. Eles afirmam que os assessores de imprensa de meados do
século XIX (1830-1900) foram os primeiros especialistas a fazer um trabalho
derelações públicas em tempo integral. Estes, com destaque para P. T. Barnum,
usavam o modelo de imprensa/propaganda.
Este modelo visa publicar notícias sobre a organização e fazer despertar a atenção dos
meios de comunicação. A função era publicitar e divulgar a organização, estimular a
credibilidade da empresa, e fazer com que o nome ou marca da empresa esteja sempre
em evidência, mesmo que por vezes o rigor da informação transmitida não seja o
melhor. É uma comunicação de mão única, sem troca de informações. Utiliza somente
técnicas propagandistas.
Este modelo surge nos anos 1920 a 1960, onde durante a Primeira Guerra Mundial,
alguns profissionais de Relações Públicas começaram a fundamentar a sua atividade
nas ciências sociais e nas ciências do comportamento, tais como a psicologia. Edward
L. Bernays, que era sobrinho de Sigmund Freud, foi o principal rosto deste modelo.
Como estas ciências se faziam com base em pesquisa e avaliação de atitudes, as
Relações Públicas sofrem aqui uma evolução e surge assim o modelo assimétrico de
duas mãos. Neste modelo, os profissionais de Relações Públicas procuravam obter
informações e também devolviam informações. É um modelo assimétrico porque
serve-se desta pesquisa e destas informações recolhidas junto dos públicos para
identificar mensagens que motivem ou convençam os mesmos, através de técnicas de
propaganda e técnicas de persuasão científica. Bernays acreditava que, (e não
esqueçamos o contexto histórico em que este modelo surge) se os públicos podiam ser
manipulados para maus propósitos, então também poderiam ser manipulados para
coisas boas.
Grunig e Hunt reconhecem Ivy Lee e Edward Bernays como os educadores e líderes
profissionais de muitas das suposições que compõem este quarto modelo. Questões
sobre como dizer a verdade, saber interpretar o cliente e o público, seguir uma
administração que entende e se preocupa com os pontos de vista dos seus públicos e
estes, por seu lado, compreendem os das organizações. Porém, foram muito poucos os
profissionais de Relações Públicas dos modelos anteriores que puseram em prática
estes pressupostos. Foi então que, desde 1920 até aos dias de hoje, teóricos e
académicos de Relações Públicas constituíram este quarto modelo com base nas suas
pesquisas e aprendizagens. Este, é então um modelo simétrico porque, mais do que
usar a manipulação e a persuasão, ele tenta como objetivo principal, o entendimento
entre a organização e os seus públicos.
Neste modelo, as Relações Públicas atuam como mediadoras na busca pelo equilíbrio
entre os interesses da organização e os interesses dos públicos envolvidos. Serve-se de
pesquisas e usa a comunicação para gerir conflitos e melhorar o entendimento com os
públicos estratégicos, sugerindo a possibilidade de mudanças de comportamento e
atitude de ambas as partes, bem como a compreensão mútua.
De forma mais pragmática, Cutlip, Center & Broom (1999, in Sebastião, 2012)
apresentam-nas como a função de gestão que estabelece e mantém relações de mútuo
benefício entre a organização e os públicos que determinam o seu sucesso ou
insucesso.
Kotler e Keller (2010:593), de forma mais simples e direta, afirmam que as “Relações
Públicas envolvem uma série de programas desenvolvidos para promover ou proteger
a imagem de uma empresa ou de seus produtos em particular”.
Cabrero e Cabrero (2001) explicam que a atividade das Relações Públicas existe para
conseguir a credibilidade e confiança dos públicos. Dizem ser uma arte aplicada a
uma ciência social cujo objetivo e principal preocupação é o de satisfazer o interesse
público da sociedade mas também do empresariado privado, obtendo
simultaneamente benefício para ambas as partes.
Já Marchiori (2006) afirma que a atividade das Relações Públicas consiste em criar
processos de gestão dos relacionamentos que promovam a evolução da empresa na
ótica da sua cultura organizacional, pois esta, destaca a necessidade e a importância
de relacionamentos efetivos, que envolvam entendimento e comprometimento quer
dos públicos como da organização.
O esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da Alta Administração para estabelecer e manter
uma compreensão mútua entre uma organização públicas ou privada e seu pessoal, assim como entre
essa organização e todos os grupos aos quais está ligada direta ou indiretamente (Associação Brasileira
de Relações Públicas, 1955).
Relações Públicas é tudo sobre reputação. É o resultado do que você faz, o que você diz, e o que os
outros dizem sobre você. São usadas para ganhar a confiança e compreensão entre uma organização e
os seus diversos públicos – seja funcionários, clientes, investidores, a comunidade local – ou todos os
grupos interessados (http://www.prca.org.uk/What_is_PR , consultado em 18/06/2016).
Esta também refere que “RP não é sempre sobre campanhas de curto prazo, tais como
lançamentos de produtos. Pode englobar objetivos estratégicos de longo prazo, tais
como a construção de uma marca e trabalhar com as comunidades locais”.
Após olharmos para estes vários conceitos, podemos concluir uma ideologia comum.
As organizações não têm autonomia para escolher ter ou não ter Relações Públicas.
Estas estarão sempre presentes em todas as áreas de atuação de uma organização. As
organizações, apenas têm de tomar, ou não, a iniciativa de perceber qual a
importância e o poderoso papel que as Relações Públicas podem desempenhar,
quando são bem geridas e planeadas, na estratégia de desenvolvimento da
organização, ou se por outro lado preferem uma abordagem passiva em relação às
Relações Públicas, deixando as mesmas à sua sorte.
Podemos então olhar para as Relações Públicas como uma forma de comunicação
polivalente, apetrechada com várias ferramentas e com um elevado nível de
complexidade, que no fundo serve para criar uma ligação comunicacional entre todos
os setores da organização e os seus públicos, criando assim uma identidade
corporativa e um conceito institucional que chegará junto da sociedade em geral.
Assim, “o futuro das organizações depende da presença de competentes
relacionamentos com os seus públicos de interesse”.
Assim sendo, a atividade de Relações Públicas é “fundamental, pois é vista como uma
função de gerenciamento nas organizações, a qual atua diretamente nos
relacionamentos entre a empresa e seus stakeholders”.
“Público é qualquer grupo que tem interesse ou impacto real ou potencial sobre as
condições da empresa atingir seus objetivos” (Kotler)
O agrupamento espontâneo de pessoas adultas e/ou grupos sociais organizados, com ou sem
contiguidade física, com abundância de informações, analisando uma controvérsia, com atitudes e
opiniões múltiplas quanto à solução ou medidas a serem tomadas perante ela, com ampla oportunidade
de discussão, e acompanhamento ou participando do debate geral por meio da integração pessoal ou
dos veículos de comunicação, à procura de uma atitude comum, expressa em uma decisão ou opinião
coletiva, que permitirá a ação conjugada.
Com estas concepções de público, podemos notar como ponto importante a reter que
“o que interessa é o momento em que os grupos se voltam para cada organização,
com o desejo de apresentar e defender suas opiniões” Deve então procurar-se
determinar a identidade de cada grupo nas suas relações com as instituições pelo
interesse público que os deve unir.
Ou seja, da mesma forma que as Relações Públicas existem para mudar a Opinião
Pública e voltá-la para os interesses da organização, também as Relações Públicas têm
que saber moldar a organização em função da Opinião Pública. Isto porque a Opinião
Pública pode ter tanto de benéfico como de pejorativo para qualquer organização,
instituição ou empresa. Pode dizer-se então que a Opinião Pública é o reflexo do
trabalho realizado pelas Relações Públicas.
Fortes (2003) alerta para a importância das Relações Públicas em saber dosear um
mix entre o que é o interesse privado das organizações e o que é o interesse público,
pois sabemos que é daqui que advém e se forma a Opinião Pública, com todo o poder
que possa ter.
Público(s) de uma instituição são o(s) grupo(s) que interessa(m) a essa instituição, estando
relacionado(s) direta ou indiretamente com ela. E é importante para a empresa não só determinar
(localizar) quais são esses públicos como atuar junto deles para concretizar os seus desígnios
empresariais (vendas e outros).
Segundo França (2003) não se deve falar de público como um mero agrupamento de
pessoas, mas é preciso especificar cada um consoante o seu nível de interesse na
instituição.
Para cada momento a instituição pode ter públicos diferentes. Quem hoje é público de
uma instituição amanhã pode já não o ser, seja porque já se sente realizado, seja
porque sente que a instituição já não partilha as suas ideias, ou por qualquer outra de
muitas justificações. Daí a importância e o trabalho do Relações Públicas em torno da
Opinião Pública e a sua preocupação em estar sempre atualizado e informado sobre os
seus públicos. É indispensável a função das Relações Públicas de determinar os
públicos da respetiva instituição. O mesmo autor (França, 2003) acrescenta que as
instituições devem pensar nos seus públicos de forma individualizada e pensar no
plano de comunicação para cada um deles de forma individualizada.
Assim sendo, e para que as tarefas realizadas pelas Relações Públicas sejam eficazes,
“as mensagens devem ser transmitidas na direção certa, no sentido de atingirem o
público ao qual se destinam. Daí que esse público terá de ser necessariamente
localizado”. As Relações Públicas “não tem por objetivo relacionar-se com o público
em geral, mas com cada público em particular, isto é, com aqueles cujas
especificidades os tornam parte do universo da organização”.
Fortes sintetiza bem alguns pontos que qualquer organização e seus Relações Públicas
não devem esquecer aquando da caracterização de qualquer público:
A inexistência de uma entidade “público”. Público é um mito, não é mais que uma
palavra solta;
Sem obedecer a estes pontos, a organização não terá um público, apenas terá “a
No que diz respeito à classificação dos públicos de uma organização, Fortes (2003),
numa visão mais tradicionalista, distribui-os por três categorias: internos, externos e
mistos.
Público interno é aquele que será formado por “grupos ligados à empresa por relações
funcionais oficializadas”. É um público demonstra ligações sócio-econômicas e
jurídicas com a instituição onde trabalha, experienciando as suas rotinas e que ocupa
o espaço físico da instituição. Os exemplos mais claros de Públicos internos de uma
instituição são os empregados, acionistas, fornecedores, revendedores, clientes e a
comunidade mais próxima à empresa.
Público externo é aquele que demonstra ligações socio-econômicas e jurídicas com a
instituição, mas que interessa à instituição por objetivos mercadológicos, políticos e
sociológicos. Como exemplos destes temos a comunidade, os governos e sindicatos.
Assim, uma classificação organizada dos públicos, permite que a organização possa
gerir de uma forma estratégica o seu processo de relacionamento com os seus vários
públicos, podendo assim utilizar instrumentos de comunicação dirigidos a cada um
em particular. Ao fazer esta discriminação de cada um em particular, a organização
pode selecionar quais são os seus públicos prioritários e, assim, atingir cada um deles
de um modo estratégico mais adequado e eficaz. Esta linha de pensamento também
vem provar mais uma vez que o foco das Relações Públicas está nos relacionamentos
estratégicos com cada público em específico.
Além disso, na moderna administração, a área de relações públicas deixou de ter a função de simples
executora de tarefas de comunicação e seus profissionais passaram a participar de todas as discussões
administrativas que possam ter reflexos na opinião pública .
Grunig e Hunt (1984) afirmam que as Relações Públicas servem como ligação
estratégica na organização, pois são as responsáveis pela comunicação dentro e fora
desta.
Posto isto, as Relações Públicas não são algo para se utilizar apenas casualmente, mas
devem sim ser parte integral da estratégia e planeamento das empresas . As Relações
Públicas têm uma função estratégica importante nas organizações com todo o
planeamento e execução da comunicação e relacionamentos devidos com os variados
públicos.
São vários os autores que partilham desta opinião e vão mais longe afirmando que ter
Relações Públicas bem planeadas, não só funcionam como ligação entre as
organizações e os seus públicos, como também trazem benefícios de ambas as partes
e para ambas as partes.
Como vemos, as Relações Públicas não são nem devem ser apenas mais um
departamento dentro de uma organização. São elas que estudam os públicos e são elas
que têm a missão estratégica de fazer a ligação entre a empresa e as suas ideias com
os públicos e os ambientes em que está inserida. As Relações Públicas devem ser uma
unidade transversal dentro das organizações que consiga chegar às várias áreas da
organização e da estruturação da empresa.
Entre os vários públicos, o público interno de uma empresa merece algum realce pois
conhecem bem a realidade e o funcionamento da organização e ao saírem da empresa,
passam a ser pessoas, que pelo seu conhecimento interno da organização, têm um
grande poder na hora de moldar a opinião pública. Fortes diz que é fundamental que
todos os colaboradores de uma instituição tenham presente que a sua missão não é
somente cumprir as suas tarefas mas também toda a imagem que passam para os
públicos quando estão fora da instituição.
Fortes vai mais além no destaque à importância da opinião dos seus colaboradores
afirmando que “a indiferença dos empregados conduz ao fracasso”.
Alguns autores acreditam que os papéis e as responsabilidades da comunicação são definidos por
critérios de influência externa e interna, mudança da cultura, definição de estratégias e influências
políticas, bem como uma profunda compreensão dos diferentes stakeholders.
Portanto, nos dias que correm, olhar para a função das Relações públicas no atual
contexto global, é pensar na função de integração e de desenvolvimento social. É a
função de elevar o nível de autoconhecimento que a organização tem de si própria,
para que consiga adaptar-se ao meio envolvente, promovendo assim a facilidade de
negociação com os diferentes públicos.
Através de uma explicação passo por passo, Torquato resume bem a importância e
principalmente a função das Relações Públicas;
Do plano real ao plano da percepção, a diferença: alguém percebe, à sua maneira, algumas
características. O resultado dessa percepção é a imagem. Estas imagens, justapostas e apoiadas na
integração dos dados e detalhes percebidos pelos públicos, convergem para o conceito de identidade
corporativa, isto é, aquilo que uma corporação é no pensamento de quem recebe (Torquato, 1986:97).
Levaremos agora o nosso foco até ao ambiente externo das organizações. Kunsch
atribui relevância à importante missão das Relações Públicas no contexto do
planeamento estratégico das organizações;
(...) O planeamento estratégico normalmente realizado pelas organizações é, em geral, a melhor fonte e
o melhor ponto de partida para um planeamento de relações públicas com vistas a excelência e à
eficácia da comunicação nas organizações. É exatamente por serem um instrumento que permite fazer
um raio-x da real situação da organização frente ao ambiente e ao mercado competitivo, no contexto da
sociedade onde está inserida, que as relações públicas são consideradas uma função relevante, que
precede às demais funções administrativas (Kunsch, 2006:4).
Com isto, percebemos que o trabalho das Relações Públicas deve focar-se também na
construção de uma imagem para a organização. Esta imagem deverá estar ligada a
todo o planeamento estratégico da organização e deve seguir os seus valores
primários como a sua visão, missão e objetivos. Com estes elementos em mente, a
organização pode planear estratégias que lhe permitam criar relacionamentos com os
mais variados públicos, construir uma boa e positiva reputação junto da opinião
pública e através disso poder retirar vantagens competitivas no mercado que
diferenciem a organização de todas as restantes.
Ainda o mesmo autor, Kunsch, acredita que a função estratégica das Relações
Públicas;
Para que tal não aconteça, é necessário que a comunicação com os públicos se
coloque de maneira favorável no mercado e é ai que entra o trabalho das Relações
Públicas. É importante que este seja bem feito e é importante que esse trabalho esteja
integrado em todo o planeamento estratégico da organização desde o seu início e
passando por todas as tomadas de decisão, principalmente as que tenham impacto
direto nos públicos e que se possa permitir assim uma interação positiva para ambas
as partes.
Ao planear as Relações Públicas, devemos ter uma sempre uma abordagem técnica
que se foca em três pontos chave: detetar o problema, fazer uma ponderação do papel
da comunicação na resolução do mesmo e ainda a criação de ações de comunicação.
Diagnóstico
Como já referido em cima, fazer uma boa deteção e análise do problema, com um
bom diagnóstico e tendo em conta o seu contexto geral e a contingência
organizacional. Este diagnóstico é baseado na pesquisa e na utilização de matrizes de
análise PEST e SWOT (macro e microambiental) e na Auditoria da Comunicação
(microambiental).
Públicos-Alvo
Objetivos
A criação de objetivos é muito importante pois são estes que estabelecem as metas,
que obrigam à disciplina e rigor, que conferem coerência e permitem um controlo
efetivo da atividade organizacional e da execução dos planos.
O estabelecimento de objetivos tem vantagens que podem ser expostas da seguinte
forma:
De acordo com Grunig, existem quatro níveis para avaliar o valor das Relações
Públicas:
Ainda focando o conceito do Marketing, Lindon diz que este é um conjunto de meios
e de métodos que as organizações têm para se promover junto dos públicos pelos
quais se interessa, determinados comportamentos que sejam favoráveis à
concretização dos seus próprios objetivos.
De acordo com Lesly (1995), as Relações Públicas de Marketing buscam a promoção de produtos e
serviços; a detecção de diversos assuntos e oportunidades; a determinação da postura da organização ao
lidar com seus diferentes públicos; a geração de boa vontade nos empregados, acionistas, governo,
fornecedores, comunidade, revendedores, clientes, simpatizantes; assim como a prevenção e o auxílio
na solução de problemas surgidos com mão de obra (Dornelles, 2011:53).
Kunsch (1997) e Kotler (2010) defendem que as Relações Públicas são uma atividade
administrativa de apoio ao Marketing e, portanto, está a função de Relações Públicas
inserida na área do Marketing. Kotler (2010) afirma que o Marketing evoluiu das
atividades de distribuição e vendas para algo mais amplo e mais complexo como
estabelecer relações entre a organização e o mercado em que se insere, dando aqui
destaque para o papel das Relações Públicas com ações de ligação das organizações
com os mercados, através de atividades de imprensa, organização de eventos e todas
as outras ferramentas de que as Relações Públicas dispõem.