Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Geografia Curso de Graduação em Geologia
Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Geografia Curso de Graduação em Geologia
Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Geografia Curso de Graduação em Geologia
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Monte Carmelo
2023
ii
ALEXANDER BARBOSA MACIEL FERREIRA
Monte Carmelo
2023
iii
MODELAGEM HIDROGEOLÓGICA DE FLUXO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NA
MINA TABOCA (PRIMAVERA, PA): UMA ABORDAGEM CONCEITUAL E
NUMÉRICA
Banca Examinadora:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
iv
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
AGRADECIMENTOS
À minha amada mãe, Eleusa Ferreira, e ao meu querido pai, Ruy Barbosa, sou
imensamente grato pelo apoio incondicional, encorajamento constante e amor inabalável
ao longo desses anos. Suas palavras de incentivo e sacrifícios não passaram
despercebidos, e sou eternamente grato por tudo que fizeram por mim.
À minha amada namorada, Francielly, agradeço por todo o apoio emocional, paciência e
compreensão durante os momentos de estresse e dedicação intensa ao meu TCC. Sua
presença constante ao meu lado me deu forças para persistir e me lembrar da importância
de equilibrar minha vida pessoal e acadêmica.
v
Não posso deixar de agradecer ao povo brasileiro por custear a universidade pública e
possibilitar que jovens como eu tenham acesso à educação de qualidade. Sou
imensamente grato por essa oportunidade e espero um dia retribuir à sociedade tudo o
que recebi.
Por último, mas não menos importante, agradeço aos meus amigos do curso de geologia.
Nossa jornada junto foi repleta de desafios, mas também de momentos inesquecíveis.
Agradeço por compartilharmos conhecimentos, experiências e risadas ao longo desses
anos. Vocês foram uma parte fundamental da minha vida acadêmica.
A todos vocês, expresso minha profunda gratidão. Sem o apoio, encorajamento e amor
de cada um, eu não teria sido capaz de chegar até aqui. Sei que minhas palavras não são
suficientes para expressar toda a minha gratidão, mas espero que saibam o quanto são
importantes para mim. Obrigado do fundo do meu coração.
vi
RESUMO
Esta monografia apresenta um estudo sobre o fluxo de água subterrânea na Mina Taboca
(Primavera, PA) por meio do desenvolvimento de modelos conceitual e numérico. Para
isso, foram coletados dados em campo fazendo uso de piezômetros, poços de água
subterrânea e estações de bombeamento (hidrômetros). Esses instrumentos forneceram
informações relevantes para análise do regime hidrogeológico da área de estudo, como o
nível de água. Dessa forma, esses dados foram processados utilizando o software
FEFLOW, que é capaz de simular o fluxo de água subterrânea, em meios porosos e
fraturados. Os resultados obtidos através do processamento desses dados foram utilizados
no desenvolvimento de um modelo hidrogeológico conceitual, juntamente com um
modelo numérico de fluxo em regime estacionário e transitório. Para avaliar a eficácia
dos modelos, foi realizada uma análise estatística da calibração entre os níveis de água
simulados e medidos. Dos conjuntos de dados obtidos definiu-se que o cenário 2 é até
27% mais eficiente no rebaixamento do lençol freático na frente de lavra curto prazo. Por
fim, o estudo permitiu estimar o fluxo de água da mina para sequenciamento da mesma
nos próximos 10 anos, considerando a comparação dos valores observados com os
simulados, o que contribui para a compreensão mais aprofundada do comportamento do
fluxo das águas subterrâneas na área de estudo e no dimensionamento do deságue da
mina.
vii
ABSTRACT
This monograph presents a study on groundwater flow in the Taboca Mine (Primavera,
PA) through the development of conceptual and numerical models. For this purpose, field
data were collected using piezometers, groundwater wells, and pumping stations
(hydrometers). These instruments provided relevant information for the analysis of the
hydrogeological regime of the study area, such as the water level. Thus, this data was
processed using the FEFLOW software, which is capable of simulating groundwater flow
in porous and fractured media. The results obtained from processing this data were used
in the development of a conceptual hydrogeological model, along with a numerical model
of steady-state and transient flow. To assess the effectiveness of the models, a statistical
analysis of the calibration between the simulated and measured water levels was
performed. From the obtained data sets, it was determined that scenario 2 is up to 27%
more efficient in lowering the water table in the short-term mining front. Finally, the study
allowed for estimating the mine's water flow for the next 10 years, considering the
comparison of observed and simulated values, which contributes to a deeper
understanding of groundwater flow behavior in the study area and the design of mine
dewatering.
viii
LISTA DE FIGURAS
Pág.
ix
Figura 3.9 - Modelo geológico regional em 3D, com representação dos litotipos em
diferentes cores. Em vermelho, a camada de Sedimentos Barreiras. Em verde, os
Carbonatos Pirabas. Em roxo, o Embasamento Cristalino. ............................................ 24
Figura 3.10 - Perfil geológico W-E localizado na área da Cava 1, mostrando a
distribuição dos litotipos. Vermelho: Sedimentos Barreiras. Verde: Carbonatos Pirabas.
Roxo: Embasamento cristalino. ...................................................................................... 24
Figura 3.11 - Modelo Digital de Terreno (MDT) regional obtido a partir do Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM). ....................................................................................... 25
Figura 3.12 - Malha de elementos finitos horizontal definida para o modelo de simulação
numérica de fluxo FeFlow. ............................................................................................. 27
Figura 3.13 - Camada 1 - Nós atribuídos com condições de contorno 'hydraulic-head bc'
e 'seepage face' (sem restrição de fluxo aplicada). ......................................................... 28
Figura 3.14 - Gráfico comparativo entre os níveis de água observados e simulados em
condições de estado estacionário (pré-mina). ................................................................. 31
Figura 3.15 - Gráfico comparativo das condições de nível de água observadas e
simuladas para o estado estacionário na mina atual. ...................................................... 33
Figura 3.16 - Gráfico comparativo das condições de nível de água observadas e
simuladas para o estado transiente na mina atual. .......................................................... 35
Figura 4.1 – Projeção das vazões médias para o Cenário 1 considerando um período de
dez anos (2023 a 2033). .................................................................................................. 38
Figura 4.2 – Localização dos poços sugeridos no Cenário 2 de simulação do sistema de
drenagem da Cava 1 da Mina Taboca. Os pontos amarelos representam os poços
propostos para o Cenário 2, incluindo os dois preexistentes. ......................................... 40
Figura 4.3 - Projeção das vazões médias para o Cenário 2 (cava) em um período de dez
anos (de 2023 a 2033)..................................................................................................... 41
Figura 4.4 - Projeção das vazões médias para o Cenário 2 (poços perimetrais) de 2023 a
2033. ............................................................................................................................... 41
Figura 4.5 – Projeção das vazões médias para o Cenário 2 (drenos horizontais) de 2023
a 2033. ............................................................................................................................ 42
Figura 4.6 - Comparação entre as vazões simuladas para os Cenários 1 (cava) e 2 (cava,
poços perimetrais e drenos horizontais) durante o período de 2023 a 2033. .................. 43
x
Figura 4.7 –Projeção do cone de rebaixamento do nível de água para o Cenário 1. Painel
‘A’: cone de rebaixamento atual no início do ano 1. Painéis ‘B’ e ‘C’: rebaixamento
simulado para os anos 5 e 10, respectivamente. ............................................................. 45
Figura 4.8 – Projeção do cone de rebaixamento do aquífero para o Cenário 2. Painel ‘A’:
cone de rebaixamento atual no início do ano 1. Painéis ‘B’ e ‘C’: rebaixamento simulado
para os anos 5 e 10, respectivamente. ............................................................................. 46
Figura 4.9 – Pontos para instalação dos piezômetros sugeridos. .................................. 49
xi
LISTA DE TABELAS
Pág.
xii
SUMÁRIO
Pág.
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 12
4.1 Área de estudo ......................................................................................................... 12
4.1.1 Clima ................................................................................................................ 15
4.1.2 Geologia: regional e local ................................................................................ 16
4.2 Modelo Hidrogeológico Conceitual: desenvolvimento e análise ............................ 20
4.3 Modelo Numérico: desenvolvimento e calibração .................................................. 23
4.3.1 Parâmetros do modelo...................................................................................... 26
4.3.1.1 Domínio........................................................................................................ 26
4.3.1.2 Malhas e camadas......................................................................................... 26
4.3.1.3 Condições de contorno ................................................................................. 27
4.3.1.4 Unidades Hidrogeológicas ........................................................................... 29
4.3.2 Calibração ........................................................................................................ 29
4.3.2.1 Pré-mina ....................................................................................................... 29
xiii
4.3.2.2 Mina atual..................................................................................................... 32
4.3.2.3 Modelo transitório ........................................................................................ 34
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 50
xiv
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Este trabalho apresenta um estudo sobre o fluxo de água subterrânea da Mina Taboca,
localizada no município de Primavera, estado do Pará. A área de estudo foi escolhida
levando em consideração sua importância econômica e ambiental, visto que a mina é
1
responsável por uma significativa extração de minério de calcário, além de possuir uma
relevância hidrogeológica por ser uma área cárstica.
Para a realização deste estudo, foram coletados dados in situ por meio de instrumentos,
tais como piezômetros e estações de bombeamento (hidrômetros), que forneceram
informações relevantes para análise do regime hidrogeológico da área de estudo, como o
nível de água. Esses dados foram processados utilizando o software FEFLOW, que é
capaz de simular o fluxo de água subterrânea em meios porosos e fraturados. Com base
nesses resultados, foi desenvolvido um modelo hidrogeológico conceitual da área de
estudo, juntamente com um modelo numérico de fluxo em regime estacionário e
transitório. A calibração entre os níveis de água simulados e medidos foi realizada e uma
análise estatística foi empregada para avaliar a eficácia dos modelos desenvolvidos. Os
resultados obtidos permitiram estimar o fluxo de água subterrânea na mina, considerando
a comparação dos valores observados com os simulados. Adicionalmente, essas
informações contribuíram para uma compreensão mais aprofundada do comportamento
do fluxo das águas subterrâneas na área de estudo.
2 OBJETIVOS
Geral:
Específicos:
• Elaborar uma descrição técnica da área de estudo, considerando dados de clima, aspectos
geológicos e características hidrológicas;
• Obter dados piezométricos do aquífero para posterior utilização no desenvolvimento dos
modelos;
• Desenvolver um modelo hidrogeológico conceitual considerando as informações obtidas
da área de estudo;
• Realizar uma análise estatística dos parâmetros obtidos para a posterior calibração do
modelo;
2
• Desenvolver um modelo numérico transiente para simulação de cenário ideal para
dimensionamento da cava da mina Taboca.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A hidrogeologia é uma subárea da geologia que tem como foco o estudo de águas
subterrâneas. Para isso, consideram-se diversos aspectos, tais como sua distribuição,
dinâmica e caracterização físico-química (FEITOSA et al., 2008). Nesse contexto, a
hidrogeologia envolve conhecimentos em geologia, hidrologia, química, física e
matemática, considerando que reservatórios subterrâneos são uma importante fonte de
água potável e sua gestão é crucial para a segurança hídrica em diversas regiões do globo.
3
3.2 Águas subterrâneas
A Figura 2.1 apresenta uma representação esquemática do sistema que governa o ciclo
hidrológico. Dessa forma Feitosa et al. (2008) ressaltam que entender a dinâmica da água
subterrânea é crucial para gerenciar os recursos hídricos e garantir a segurança hídrica à
população.
De acordo com Feitosa et al. (2008), quase toda a água subterrânea presente na Terra tem
sua origem no ciclo hidrológico, em que a água circula do oceano para a atmosfera e dos
continentes de volta para o oceano, de forma superficial e subterrânea.
4
Na Figura 2.2 apresenta-se uma representação esquemática das principais etapas do ciclo
hidrológico, onde identificam-se os processos de evaporação (E), evapotranspiração (ET),
infiltração (I) e escoamento superficial (R).
Figura 2.2 - Representação esquemática do ciclo hidrológico, indicando suas principais etapas:
E = evaporação; ET = evapotranspiração; I = infiltração; R = escoamento
superficial (deflúvio).
5
atmosférica. Já a zona não saturada é caracterizada por poros parcialmente preenchidos
por gases, como o vapor d'água, e se estende da superfície freática até a superfície do
terreno (FEITOSA et al., 2008).
A zona não saturada pode ainda ser subdividida em três outras zonas distintas: a zona
capilar, que se estende da superfície freática até o limite de ascensão capilar da água e é
caracterizada pela variação da espessura em função do tamanho dos poros e da
homogeneidade do terreno; a zona intermediária, que se estende do limite da ascensão
capilar até o limite do alcance das raízes das plantas; e a zona de água do solo, também
conhecida como zona de evapotranspiração, que se encontra entre os extremos radiculares
e o limite do terreno e é utilizada pelas plantas para as funções de nutrição e transpiração
(FEITOSA et al., 2008).
3.3 Aquíferos
A classificação dos aquíferos pode ser feita com base em sua capacidade de transmissão
de água através das camadas limítrofes e na pressão que atingem (MANOEL FILHO,
2000). O aquífero livre, como o próprio nome sugere, apresenta a superfície de saturação
em contato direto com a atmosfera (FETTER, 2000). Já o aquífero confinado encontra-se
6
enclausurado entre camadas impermeáveis, tanto na parte superior quanto inferior. Nesse
caso, a pressão exercida no aquífero pode produzir uma exsudação da água que ultrapasse
a superfície rochosa, caracterizando-o como artesiano (BEAR e VERRUIJT, 1987).
Essas classificações são importantes para entender a dinâmica do fluxo das águas
subterrâneas e para a gestão adequada dos recursos hídricos na subsuperfície. Portanto,
compreender as características dos aquíferos é fundamental para o desenvolvimento de
projetos de exploração e conservação desses recursos, garantindo a disponibilidade de
água de qualidade para as gerações presentes e futuras.
7
Figura 2.3 - Modelo simplificado de um sistema hidrológico representando uma superfície plana,
inclinada, totalmente limitada e impermeável, com uma única saída.
Considera-se nesse sistema a superfície como um plano perfeito sem que existam
depressões nas quais a água possa ficar acumulada. Se for então aplicada uma chuva P ao
sistema considerado, ocorrerá um escoamento superficial direto R (deflúvio), que poderá
ser facilmente medido no ponto de saída. O balanço hídrico para este sistema pode ser
representado pela Equação (2.1):
𝑑𝑆
𝑃 − 𝑅= , (2.1)
𝑑𝑡
onde P representa a entrada (precipitação) por unidade tempo, R é a saída (deflúvio) por
unidade de tempo e dS/dt corresponde à variação no armazenamento dentro do sistema
por unidade de tempo.
A saída de fluxo só irá ocorrer quando uma quantidade mínima de água se acumular na
superfície. Nesse contexto, à medida que a chuva continuar, a quantidade de água retida
na superfície, conhecida como detenção superficial, irá aumentar. Quando a chuva parar,
a água retida na superfície irá escoar pela saída do sistema. Em condições ideais, toda a
água precipitada deve escoar pelo sistema, com exceção de uma pequena quantidade que
pode ficar retida por forças elétricas na superfície. Se a evaporação for desprezível, o
8
escoamento superficial deve ser suficiente para escoar toda a água. (FEITOSA et al.,
2008).
A condutividade hidráulica (K) é um coeficiente que indica a facilidade com que a água
pode fluir através de um meio poroso. Esta variável pode ser expressa pela relação entre
os parâmetros de porosidade, tamanho, forma e distribuição dos grãos do meio poroso,
conforme apresenta-se na Equação (2.2) (FETTER, 2000):
𝜌𝑔
𝐾 = 𝑘𝑖 , (2.2)
𝜇
A energia potencial da água em um ponto é expressa pela pressão exercida e sua altura
em relação a um datum, o que indica a sua carga hidráulica (FETTER, 2000). Essa relação
pode ser matematicamente expressa pela Equação (2.3):
𝑃 𝑃
ℎ=𝑧+ 𝜌𝑔
→ℎ=𝑧+𝛾, (2.3)
9
3.4.4 Vazão (Q)
(ℎ1−ℎ2)
𝑄 = −𝐾. 𝐴 , (2.4)
𝐿
Ressalta-se que o sinal negativo na equação indica que o fluxo do fluido ocorre no sentido
de maior carga hidráulica para menor carga hidráulica.
10
3.5 Elaboração de modelos
11
(PAMM's) (ANDERSON e WOESSNER, 1992). Esses protocolos consistem em nove
etapas que podem ser agrupadas em três fases: preparação, calibração e aplicação.
Com o modelo calibrado, é possível realizar a análise dos resultados obtidos na simulação.
Isso possibilita uma melhor compreensão do modelo hidrogeológico considerado e a
tomada de decisões com base nas informações obtidas.
4 METODOLOGIA
12
Figura 3.1- – Mapa de localização da Mina Taboca (Primavera – PA). O painel superior destaca
localização geográfica da região que compreende tanto a zona urbana quanto a
área da mina (quadrante vermelho) dentro do município. O painel inferior
apresenta com mais detalhes a área destacada, na qual a unidade da mina está
demarcada em azul.
13
Conforme mencionado, este trabalho concentrou-se na avaliação da região
correspondente à Cava 1 da Mina Taboca. Assim, todas as análises consideraram a
localização da cava para a determinação dos limites dos modelos hidrogeológicos
desenvolvidos. A Figura 3.2 apresenta a localização geográfica e a delimitação da Cava
1, juntamente com a demarcação do domínio dos modelos desenvolvidos. Ressalta-se que
o modelo de águas subterrâneas foi definido para uma área de 20x20 km (27 ha). As
bordas do modelo foram estabelecidas ao sul pelo rio dos Cacos, a leste pelo rio Catipuru,
ao noroeste pelo rio que divide os municípios de Primavera e São João de Pirabas, e ao
nordeste por drenagens menores, muitas delas manguezais. Nessas áreas, cargas
hidráulicas constantes foram assumidas.
Figura 3.2 - Localização geográfica e delimitação da Cava 1 da Mina Taboca, utilizada como
domínio para os modelos hidrogeológicos desenvolvidos no estudo. A área
delimitada na cor laranja representa a região da Cava 1 e a região demarcada em
verde corresponde ao domínio do modelo.
Fonte: O autor.
14
4.1.1 Clima
Com base nos registros da base de dados HidroWeb da Agência Nacional de Águas
(ANA, 2005), foram selecionadas duas estações pluviométricas próximas à área de
estudo, a saber: 47004 (Primavera) e 47006 (São João de Pirabas). Essas estações foram
selecionadas considerando a proximidade da área de estudo e a distância entre elas (9
km). Nesse contexto, a seleção das duas estações pluviométricas próximas à área de
estudo teve como intuito obter uma maior precisão na coleta de dados e análise da
precipitação na região. Assim, na Figura 3.3 apresentam-se os dados de precipitação
obtidos das duas estações para o período de 2006 a 2018, onde as barras azuis e verdes
representam, respectivamente, as estações 47004 e 47006. Mediante esses dados,
observa-se que a precipitação anual da região nesse período variou entre 1600 mm e 3600
mm.
Figura 3.3 - Variação anual da precipitação das estações pluviométricas 47004 (Primavera, barras
azuis) e 47006 (São João de Pirabas, barras verdes) para o período de 2006 a
2018.
Fonte: O autor.
15
(~500 mm), seguidos pelos meses de fevereiro e maio (~380 mm), janeiro (255 mm),
junho (221 mm) e julho (189 mm). Nos demais meses, a precipitação média ficou abaixo
de 60 mm.
Figura 3.4 - Média mensal da precipitação (mm) nas estações pluviométricas 47004 (Primavera)
e 47006 (São João de Pirabas) para o período de 2006 a 2018.
Fonte: O autor.
16
Pleistocênico, e atribui-se sua formação principalmente a processos eólicos (TATUMI et
al., 2008).
17
Figura 3.5 - Perfil geológico do poço PT-1/91-SJP na área urbana de São João de Pirabas,
exibindo a estratigrafia da região de estudo.
Na região das cavas, a Formação Barreiras é constituída por arenitos finos a siltitos-
argilosos, com profundidades que variam aproximadamente de 1 a 20 metros devido à
erosão do terreno. A Formação Pirabas, por sua vez, apresenta calcários calcíticos a
silicosos, com aspecto maciço e fossilíferos de granulação fina a grossa. Ambas as
formações possuem porosidade primária visivelmente observada, com ocorrência de
lentes de margas no interior da formação. Na área em estudo, a espessura média da
Formação Pirabas é de 30 metros, sendo que a base da formação é marcada por uma
predominância de calcários silicosos e marcas com espessura média de 5-10 metros. O
embasamento cristalino, composto por rochas gnáissicas, está localizado abaixo desta
formação (LCT-EPUSP, 2015).
18
variam de decimétricas a métricas e estão localizadas a alguns metros abaixo do nível
estático original, no lado oeste da cava. Além das cavidades encontradas na abertura da
cava, foram identificadas dolinas, que são feições de subsidência do terreno, associadas
aos processos cársticos (SILVA, 2020).
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
19
4.2 Modelo Hidrogeológico Conceitual: desenvolvimento e análise
20
Com base nas características litológicas das formações na região, estas foram
classificadas de acordo com sua capacidade de armazenar e transmitir água (aquífero-
aquitardo-aquifugo). Dentro desse contexto, é importante destacar que os aquíferos são
formações geológicas que permitem a circulação de água através de poros, fraturas ou
características de dissolução. Esses processos naturais permitem que a água seja
armazenada no subsolo e possa ser utilizada de maneira sustentável. Aquitardos são
unidades com baixa capacidade de transmissão de água subterrânea e constituem, na
maioria das vezes, barreiras parciais ao fluxo (FETTER, 2001). Aquicludes são rochas
que não transmitem água, possuindo características de meios impermeáveis. Nesta
categoria, foram identificadas as unidades descritas a seguir (TODD e MAYS, 2004).
21
Figura 3.8 - Modelo hidrogeológico conceitual desenvolvido para a área de estudo.
Fonte: O autor.
22
não é possível definir o gradiente hidráulico e a direção de fluxo nos sistemas aquíferos
no momento.
As Figuras 3.9 e 3.10 ilustram o modelo geológico regional e o perfil geológico W-E
localizado na área da Cava 1, respectivamente. A Figura 3.9 apresenta o modelo
geológico regional em 3D no software Feflow, no qual os litotipos foram representados
em diferentes cores. Em vermelho, a camada de Sedimentos Barreiras. Em verde, os
Carbonatos Pirabas. Em roxo, o Embasamento Cristalino. Já a Figura 3.10 mostra o perfil
23
geológico W-E na área da Cava 1, destacando a distribuição dos litotipos. A camada de
Sedimentos Barreiras é representada em vermelho, os Carbonatos Pirabas em verde e o
Embasamento Cristalino em roxo.
Figura 3.9 - Modelo geológico regional em 3D, com representação dos litotipos em diferentes
cores. Em vermelho, a camada de Sedimentos Barreiras. Em verde, os Carbonatos
Pirabas. Em roxo, o Embasamento Cristalino.
Fonte: O autor.
Figura 3.10 - Perfil geológico W-E localizado na área da Cava 1, mostrando a distribuição dos
litotipos. Vermelho: Sedimentos Barreiras. Verde: Carbonatos Pirabas. Roxo:
Embasamento cristalino.
Fonte: O autor.
Ressalta-se que o modelo geológico representa uma versão simplificada de uma área
naturalmente complexa. As principais divisões deste modelo são baseadas nas unidades
24
regionais descritas em CPRM (2014). As unidades são formações geológicas compostas
principalmente por filitos, margas, cascalhos, solos e dolomitos (cársticos e rocha sã).
Para a configuração regional da superfície do solo, foram utilizados dados SRTM (Shuttle
Radar Topography Mission) com resolução de 30 metros, incluindo as áreas
SRTMS01W047, SRTMS02W047, SRTMS01W048 e SRTMS02W048. A Figura 3.10
apresenta o modelo digital de terreno (MDT) regional gerado para a área de estudo.
Figura 3.11 - Modelo Digital de Terreno (MDT) regional obtido a partir do Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM).
Fonte: O autor.
25
4.3.1 Parâmetros do modelo
4.3.1.1 Domínio
O ajuste de malhas e camadas foi feito por meio das seguintes etapas:
26
Figura 3.12 - Malha de elementos finitos horizontal definida para o modelo de simulação
numérica de fluxo FeFlow.
Fonte: O autor.
27
d`água e galerias subterrâneas, variaram para as diferentes simulações com base nas
condições prescritas.
As fronteiras externas do modelo foram definidas por corpos de água locais. Para estes
locais, foram atribuídas condições de contorno do tipo hydraulic-head bc, onde a carga é
constante e conhecida. Para locais definidos como descarga de águas subterrâneas, como
fundos de vale, nascentes e lagoas, foram atribuídas condições de contorno do tipo
seepage face, que permite a descarga de água do modelo quando o nível de água calculado
no nó for maior que a sua cota topográfica.
A Figura 3.13 ilustra os locais dos nós determinados como hydraulic-head bc na parte
externa e seepage face na parte interna do modelo.
Figura 3.13 - Camada 1 - Nós atribuídos com condições de contorno 'hydraulic-head bc' e
'seepage face' (sem restrição de fluxo aplicada).
Fonte: O autor.
28
4.3.1.4 Unidades Hidrogeológicas
4.3.2 Calibração
4.3.2.1 Pré-mina
A calibração foi conduzida até que uma diferença razoável fosse alcançada entre os níveis
de água medidos nos piezômetros selecionados e os níveis de água simulados. Nesse
contexto, ressalta-se que considerou-se uma boa calibração como um valor de erro
quadrático médio (RMS) inferior a 10%.
29
análise foi conduzida com base em 14 piezômetros distribuídos conforme a Figura 3.14.
Na melhor calibração, obteve-se um valor de RMS de 1%, considerado excelente.
30
Figura 3.14 - Gráfico comparativo entre os níveis de água observados e simulados em condições de estado estacionário (pré-mina).
Fonte: O autor.
31
4.3.2.2 Mina atual
32
Figura 3.15 - Gráfico comparativo das condições de nível de água observadas e simuladas para o estado estacionário na mina atual.
Fonte: O autor.
33
4.3.2.3 Modelo transitório
34
Figura 3.16 - Gráfico comparativo das condições de nível de água observadas e simuladas para o estado transiente na mina atual.
Fonte: O autor.
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo tem como objetivo apresentar os resultados da comparação entre o sistema
atual de deságue da Cava 1 da Mina Taboca (Cenário 1) e um sistema proposto com o
intuito de implementar melhorias na estrutura de deságue da mina (Cenário 2). Para tanto,
utilizou-se o sistema atual como parâmetro de comparação para o Cenário 2, que foi
elaborado por meio de simulações realizadas com o modelo desenvolvido. Ao considerar
o Cenário 1 como base de comparação, foi possível analisar e avaliar as diferenças em
relação ao sistema proposto, identificando as vantagens e desvantagens de cada cenário.
Dessa forma, apresentam-se os resultados das simulações realizadas para ambos os
cenários, destacando as principais diferenças encontradas em relação ao comportamento
de vazão, cone de rebaixamento, fluxo e controle de outorga. Adicionalmente, as
simulações futuras foram realizadas considerando um período de 10 anos (2023 - 2033).
Os resultados detalhados dessas análises estão apresentados nas seções a seguir,
permitindo uma melhor compreensão sobre qual sistema seria mais adequado para
atender às necessidades da mina, considerando a evolução temporal da estrutura
geológica diante das atividades realizadas.
36
escoamento via Sump é muito utilizado no processo de drenagem de atividades
de mineração, e por isso foi incorporado ao sistema proposto neste trabalho
(EDRAKI et al., 2005; CAHYADI et al., 2020; CARNEIRO et al., 2021).
• Cenário 2: corresponde ao sistema proposto para implementação na Cava 1 da
Mina Taboca. Este sistema utiliza uma combinação de tecnologias, tais como
estação de bombeamento (Sump), 18 drenos horizontais de 100 metros e uma
bateria de 16 poços perimetrais instalados ao redor da cava. Esta solução permite
um fluxo de deságue mais eficiente e abrange uma área maior do que o sistema
atual (Cenário 1), garantindo assim um melhor controle e gestão da operação de
deságue.
37
Na Figura 4.1, apresenta-se a variação temporal das vazões médias resultantes da projeção
do Cenário 1, realizado por meio do modelo numérico desenvolvido especificamente para
este estudo. O modelo utilizou as informações referentes às características do sistema
atual de drenagem da Cava 1, as quais foram incluídas como condições iniciais para a
simulação. O eixo vertical do gráfico representa a vazão, Q, em m 3/h. O eixo horizontal
representa o intervalo temporal da projeção, abrangendo um período de 10 anos (2023 a
2033).
Figura 4.1 – Projeção das vazões médias para o Cenário 1 considerando um período de dez anos
(2023 a 2033).
Fonte: O autor.
Com base nos resultados obtidos, é possível observar que as vazões totais de
bombeamento de águas subterrâneas apresentam um aumento significativo ao longo do
tempo. Ao final do primeiro ano, a vazão total é estimada em 84 m 3/h, enquanto que ao
final do décimo ano essa vazão aumenta para 143 m 3/h. Esses resultados representam um
aumento de 70,24% na vazão total. Com o aumento das vazões, é possível que ocorra
uma sobrecarga no sistema atual, prejudicando o processo de extração mineral e
impactando negativamente o meio ambiente. Portanto, a utilização de tecnologias de
tratamento e reutilização da água pode ser uma alternativa viável para minimizar o
consumo de água e a geração de efluentes na mineração, promovendo a sustentabilidade
do setor.
38
5.1.2 Cenário 2 proposto: Sistema de deságue com estação de bombeamento,
drenos horizontais e bateria de poços perimetrais
Assim como no sistema atual, o método proposto utiliza a técnica de drenagem por
gravidade, visando minimizar a interferência do fluxo de água na operação da mina. Dessa
forma, a água coletada nas frentes de lavra é conduzida para o Sump, juntamente com a
água dos drenos horizontais, a fim de controlar o volume total de água no sistema. A
mistura das águas subterrâneas interceptadas com a água da chuva que entra na cava é
bombeada para a superfície, permitindo um melhor controle do volume total de água.
Para garantir a efetividade do desague no interior da cava a médio e longo prazo, propõe-
se também, por meio de análises dos parâmetros do modelo, a instalação de uma bateria
de 16 poços no perímetro NW-N-NE-E da Cava 1, sendo 14 novos e 2 existentes. A
bateria de poços perimetrais é um elemento fundamental na garantia da efetividade do
deságue no interior da cava a médio e longo prazo, contribuindo para a manutenção dos
níveis de água adequados e prevenindo possíveis danos causados pelo acúmulo excessivo
de água (CONNELLY e GIBSON, 1985; TZAMPOGLOU e LOUPASAKIS, 2018).
A Figura 4.2 ilustra a disposição dos poços na região da Cava 1, onde os pontos amarelos
correspondem às localizações geográficas dos poços sugeridos para o Cenário 2. Nesse
contexto, a disposição dos poços sugeridos foi planejada para garantir uma melhor
eficiência no processo de drenagem das águas subterrâneas na área da Mina Taboca.
Adicionalmente, a escolha da localização dos poços sugeridos foi baseada em diversos
fatores, tais como a topografia da região, a posição das frentes de lavra e a direção do
fluxo de água subterrânea. Além disso, foram levados em consideração aspectos
relacionados à segurança e à preservação ambiental, com o intuito de minimizar o impacto
da atividade de mineração na região.
39
Figura 4.2 – Localização dos poços sugeridos no Cenário 2 de simulação do sistema de drenagem
da Cava 1 da Mina Taboca. Os pontos amarelos representam os poços propostos
para o Cenário 2, incluindo os dois preexistentes.
Fonte: O autor.
40
Figura 4.3 - Projeção das vazões médias para o Cenário 2 (cava) em um período de dez anos (de
2023 a 2033).
Fonte: O autor.
A Figura 4.4 ilustra a projeção das vazões médias considerando o Cenário 2, que envolve
a instalação de poços perimetrais, no período de 2023 a 2033. De acordo com os
resultados apresentados, nota-se um aumento significativo nas vazões no início do
primeiro ano, alcançando um pico de cerca de 220 m3/h, e que gradualmente decresce ao
longo do tempo, até se aproximar de 100 m3/h ao final do décimo ano.
Figura 4.4 - Projeção das vazões médias para o Cenário 2 (poços perimetrais) de 2023 a 2033.
Fonte: O autor.
41
Na Figura 4.5, apresenta-se a projeção das vazões médias no Cenário 2, que inclui a
implementação de drenos horizontais, para o período de 2023 a 2033. De acordo com os
resultados, é observado um aumento significativo na vazão no primeiro ano, atingindo o
limite de 75 m3/h. No entanto, a vazão diminui gradualmente com o passar do tempo,
ficando abaixo de 25 m3/h ao final do décimo ano.
Figura 4.5 – Projeção das vazões médias para o Cenário 2 (drenos horizontais) de 2023 a 2033.
Fonte: O autor.
42
Figura 4.6 - Comparação entre as vazões simuladas para os Cenários 1 (cava) e 2 (cava, poços
perimetrais e drenos horizontais) durante o período de 2023 a 2033.
Fonte: O autor.
43
hidrológicos da área de estudo. Essas simulações consideraram a operação da mina nos
próximos 10 anos e as possíveis interferências no fluxo de água subterrânea.
As simulações também permitem estimar a vazão de água subterrânea captada pela mina,
indicando o potencial de interferência da operação da mina no fluxo de água subterrânea
da região. Essa informação é importante para o gerenciamento de risco e a adoção de
medidas preventivas, visando minimizar os impactos ambientais e garantir a
sustentabilidade da operação da mina (TUCCI, 2001).
44
Figura 4.7 –Projeção do cone de rebaixamento do nível de água para o Cenário 1. Painel ‘A’:
cone de rebaixamento atual no início do ano 1. Painéis ‘B’ e ‘C’: rebaixamento
simulado para os anos 5 e 10, respectivamente.
Fonte: O autor.
45
Figura 4.8 – Projeção do cone de rebaixamento do aquífero para o Cenário 2. Painel ‘A’: cone
de rebaixamento atual no início do ano 1. Painéis ‘B’ e ‘C’: rebaixamento
simulado para os anos 5 e 10, respectivamente.
Fonte: O autor.
46
5.4 Análise do impacto da outorga de bombeamento no sistema de drenagem
Precipitação
Mês Vazão (m3/h) Soma (m3/h)
(m3/h)
Outubro 13 143 156
Novembro 24 143 167
Dezembro 59 143 202
Janeiro 256 143 399
Fevereiro 382 143 525
Março 504 143 647
Abril 503 143 646
Maio 372 143 515
Junho 222 143 365
Julho 190 143 333
Agosto 53 143 196
Setembro 19 143 162
Média
216 143 359
anual (m3/h)
Total
1,89 x 106 1,25 x 106 3,14 x 106
anual (m3)
Fonte: O autor.
47
Tabela 4.2 –Estimativa de volume de bombeamento médio mensal no Cenário 2, somado à
estimativa de água de chuva, considerando uma área de contribuição de
733.000m2.
Precipitação
Mês Vazão (m3/h) Soma (m3/h)
(m3/h)
Outubro 13 174 187
Novembro 24 174 198
Dezembro 59 174 233
Janeiro 256 174 430
Fevereiro 382 174 556
Março 504 174 678
Abril 503 174 677
Maio 372 174 546
Junho 222 174 396
Julho 190 174 364
Agosto 53 174 227
Setembro 19 174 193
Média
216 174 390
anual (m3/h)
Total
1,89 x 106 1,52 x 106 3,42 x 106
anual (m3)
Fonte: O autor.
A Figura 4.9 mostra os pontos sugeridos para instalação dos piezômetros. Nesse sentido,
é fundamental observar que a instalação dos novos piezômetros deve seguir as melhores
práticas de instalação e usar equipamentos adequados para garantir a precisão e
confiabilidade dos dados (CHAPUIS, 1989). Ressalta-se que os dados de nível de água
coletados pelos piezômetros devem ser registrados quinzenalmente e analisados para
avaliar se as metas de rebaixamento estão sendo atingidas. Além disso, é necessário que
os locais de instalação dos piezômetros sejam escolhidos com base em anomalias
48
geofísicas previamente identificadas, visando obter informações adicionais sobre o
comportamento hidrogeológico da região.
Fonte: O autor.
49
6 CONCLUSÕES
Este trabalho teve como principal objetivo apresentar os resultados de um estudo sobre a
modelagem hidrogeológica do fluxo de água subterrânea da Mina Taboca, localizada no
município de Primavera, estado do Pará. Para isso, foi desenvolvido um modelo
numérico, que permitiu a avaliação do comportamento das águas subterrâneas na mina.
Esse modelo é fundamentado em uma abordagem conceitual e numérica, que permitiu a
análise das características e propriedades dos aquíferos. Assim, com base nas informações
obtidas, foi possível propor um sistema de drenagem que visa minimizar os impactos
ambientais decorrentes da exploração mineral, bem como garantir a sustentabilidade do
empreendimento a longo prazo. Para tanto, foram realizados estudos detalhados sobre o
fluxo de água na área da mina, a fim de identificar as principais fontes de água subterrânea
e seu comportamento ao longo do tempo.
50
décimo ano, representando uma diminuição de 80% na variação do fluxo de
deságue.
• A vazão total média esperada para os drenos horizontais no final do primeiro ano
é de 77m3/h (2m3/h por dreno), enquanto para os poços perimetrais é de 215m 3/h
(13m3/h por poço). Já no final do décimo ano, a vazão total média esperada para
os poços perimetrais é de 85m3/h (5m3/h por poço) e a vazão total de
bombeamento de águas subterrâneas no Cenário 2 é de 167 m3/h. Esses resultados
são essenciais para o planejamento e operação eficiente do sistema de deságue,
visando garantir a sustentabilidade ambiental e econômica da unidade.
• Vários fatores podem influenciar a variação na vazão de água no Cenário 2,
incluindo a estrutura hidrogeológica, o clima, as condições meteorológicas e o
funcionamento das estruturas de deságue. Estudos anteriores sugerem que a
instalação dos drenos horizontais pode ter aumentado a vazão no primeiro ano,
mas ao longo do tempo as condições hidrológicas podem mudar, levando a uma
redução da vazão devido à diminuição da disponibilidade de água no solo e
possíveis mudanças na estrutura geológica.
• O Cenário 2 foi o que apresentou o maior nível de rebaixamento do aquífero,
sendo até 27% mais eficiente no rebaixamento do lençol freático na frente de
lavra. Nesse contexto, ressalta-se que esse cenário mostrou ser o melhor para
redução do lençol freático nas frentes de lavra de curto a longo prazo na Mina
Taboca. Esses resultados ressaltam a importância do gerenciamento adequado dos
recursos hídricos subterrâneos, evitando a exploração excessiva e garantindo a
sustentabilidade desses importantes reservatórios de água.
• As estimativas de vazões totais esperadas nos Cenários 1 e 2 mostraram que os
volumes de bombeamento na Mina Taboca estão dentro dos limites da outorga,
evitando impactos negativos no aquífero. Dessa forma, o monitoramento contínuo
da eficiência do cone de rebaixamento do aquífero é essencial para garantir a
sustentabilidade da exploração mineral e evitar ultrapassar os limites da outorga.
Adicionalmente, a instalação de novos piezômetros na porção norte da cava pode
contribuir significativamente para o monitoramento do rebaixamento do aquífero
e a sustentabilidade da operação da unidade.
51
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