Contabilidade Empresarial e Societaria 2019
Contabilidade Empresarial e Societaria 2019
Contabilidade Empresarial e Societaria 2019
Apresentação 7
1 Regimes contábeis 9
1.1 Definição e tipos de regimes 9
1.2 Regime de caixa e regime de competência 13
1.3 Impacto nas demonstrações contábeis (regime de caixa versus regime de
competência) 16
1.4 Aplicação do regime de competência 19
1.5 Regimes contábeis, princípios e práticas contábeis e legislação tributária 22
2 Estrutura contábil 27
2.1 Sistema de informação contábil e fundamentos de contabilidade 27
2.2 Fundamentos de contabilidade 28
2.3 A metodologia contábil 37
2.4 O estudo das contas 40
2.5 Estruturação das informações contábeis e relatórios básicos 43
Gabarito 145
Apresentação
A contabilidade é considerada a linguagem universal dos negócios. Como tal, ela tem sido
utilizada para o controle das riquezas geradas e acumuladas pela sociedade, tanto individual quanto
coletivamente, caracterizando-se como uma ciência social.
O ramo mais conhecido da ciência contábil é aquele aplicado aos empreendimentos, com
fins lucrativos ou não. Esse ramo é denominado por alguns autores de contabilidade financeira
ou contabilidade societária. Quando aplicado especificamente às empresas com fins lucrativos,
é denominado de contabilidade empresarial.
É sobre esse ramo da contabilidade que o presente livro se debruça e traz uma introdução.
A ênfase do trabalho, ademais, recai na estrutura básica contábil e nos principais relatórios
produzidos para os usuários externos. Ter conhecimento dessa estrutura contábil é condição
sine qua non para compreender os fundamentos da ciência contábil e a sua apresentação como
um sistema de informação. É, precisamente, deste sistema de informação contábil que saem os
relatórios contábeis para a tomada de decisão dos usuários.
Bons estudos!
1
Regimes contábeis
se a empresa apura resultados mensais, deve fazer também a somatória dos resultados dos 12
meses. Para resultados trimestrais, deve proceder também à somatória dos resultados dos quatro
trimestres. E se ela apura resultados semestrais, precisa fazer a somatória dos resultados dos
dois semestres.
Os regimes contábeis são aplicados para as transações que já ocorreram. Além deles, as
entidades públicas devem observar o regime orçamentário. Contudo, as empresas privadas não são
obrigadas a adotá-lo, da forma como é obrigatório para as entidades públicas.
• alterando apenas o tipo de ativo ou passivo, sem alterar o Patrimônio Líquido – eventos
denominados qualitativos.
Os eventos econômicos se materializam individualmente em transações comerciais, as quais
fornecem a base para os registros contábeis.
1.1.5 Transação
Denomina-se transação a execução individual de um evento econômico. Assim, a realização
de uma compra de material é uma transação do evento econômico compra; a execução de uma
venda é uma transação do evento econômico venda, e assim por diante.
O registro de todas as transações dos eventos econômicos é a metodologia básica que a
ciência contábil encontrou para fundamentar o controle patrimonial de uma entidade.
Não há dúvida de que, em muitas ocasiões, os dois momentos são simultâneos. Isso ocorre
quando se realiza uma compra ou venda à vista: no mesmo momento em que estamos comprando/
vendendo, estamos também pagando/recebendo.
Contudo, de modo geral, em grande parte das empresas, a maioria das transações não é feita
à vista, mas a prazo. Logo, há momentos diferentes para as duas execuções que ocorrem com os
eventos econômicos:
Outro exemplo importante é o que ocorre com a folha de pagamento dos funcionários. É
muito comum que as empresas paguem os salários dos colaboradores após o mês trabalhado, por
volta do dia cinco. Contudo, o fato gerador (a ocorrência), isto é, o momento econômico em que o
evento “Despesa de Salários” acontece, é o final do mês de trabalho.
Assim, o momento econômico dos salários do mês de março, que gera a despesa para a
empresa e o direito para o trabalhador, é o final do mês, dia 31, mesmo que os salários sejam pagos
no dia 5 de abril.
Tomem-se como exemplos dois eventos econômicos de uma empresa de serviços: a compra
de materiais de expediente a prazo e a prestação de serviço a prazo. As características e os valores
dessas transações são os seguintes:
• Compra de materiais de expediente em 15/02/X1, no valor de R$ 300,00, para pagamento
em 15/03/X1.
• Prestação de serviço em 25/02/X1, no valor de R$ 700,00, para recebimento em 05/04/X1.
As receitas devem ser contabilizadas no mesmo período das despesas que as geraram.
Considerando que os materiais de expediente foram consumidos para gerar a receita de prestação
de serviços, a demonstração feita pelo regime de caixa mostra um descompasso na apuração
do lucro.
Nesse regime contábil, o resultado das duas transações será apurado no mês de fevereiro,
mesmo que a despesa seja paga em março e que a receita seja recebida em abril.
No regime de competência, o que importa é o período de ocorrência (ou geração) da
transação – em outras palavras, quando a empresa assumiu o compromisso. No caso da compra
de material de expediente, a organização já recebeu o material e, portanto, legalmente já pode
consumi-lo. Assim, o período de ocorrência é fevereiro, mesmo que o pagamento seja no
mês seguinte.
A mesma coisa acontece com a receita. A empresa emitiu a nota fiscal em fevereiro, prestou
o serviço no mesmo mês e, portanto, todos os esforços para o serviço e a receita foram executados
em fevereiro. Esse é o mês da ocorrência, da geração do serviço. Portanto, a receita deve ser
contabilizada em fevereiro, mesmo que, por questões comerciais, a empresa dê um prazo para que
o cliente efetue o pagamento no mês de abril.
Note que, no regime de competência, o resultado de R$ 400,00, o lucro das duas transações,
aparece também no mês de fevereiro, quando as duas transações foram realizadas.
permite o controle das contas a receber e a pagar decorrentes das receitas e despesas, bem como
a contabilização adequada dos demais elementos patrimoniais que envolvem recebimentos e
pagamentos futuros.
Regime de Caixa
- - - -
Regime de Competência
Esse exemplo demonstra uma transação de despesa e outra de receita. Verifique que no
regime de caixa o efeito na Demonstração do Resultado é o mesmo do Fluxo de Caixa, uma
vez que está sendo apurado o resultado pelo regime de caixa. Assim, há pouca importância na
Demonstração do Resultado, uma vez que os dados aparecem da mesma forma no Fluxo de Caixa.
Mas é importante ressaltar que, considerando apenas esses tipos de transações, não há
reflexo ou impacto em mais nenhuma conta no Balanço Patrimonial, ou seja, ficam registradas
somente as movimentações do caixa. O Balanço Patrimonial, como controle de direitos a receber e
obrigações a pagar, torna-se, nesse caso, dispensável.
Já pelo regime de competência, além de a apuração do resultado ser evidenciada no momento
adequado, há também o controle de contas a pagar e contas a receber no Balanço Patrimonial.
Assim, fica claro que o regime de competência, além de determinar o melhor momento para a
apuração do resultado de um período, também permite o controle adequado das contas a receber
e a pagar da empresa.
Um segundo exemplo pode ajudar no entendimento da comparação entre os dois regimes.
Agora, será considerado o evento de compra de um bem para ser utilizado nas operações da empresa,
de vida útil maior do que um ano, contabilizado como um ativo imobilizado: a aquisição de um
equipamento por R$ 2.400,00, para pagamento em três parcelas de R$ 800,00. Nesse momento,
não será considerada a depreciação do valor do bem. Assim, não há impacto na Demonstração do
Resultado decorrente do valor da compra. Observe, portanto, os dados informados na Tabela 4.
Tabela 4 – Eventos econômicos e demonstrações contábeis pelo regime de competência
Regime de Caixa
Regime de Competência
Verifique que no regime de caixa o valor do bem imobilizado só será conhecido por
completo no ano seguinte ao de sua aquisição, quando terminar o pagamento da terceira parcela.
Já no regime de competência, além de o valor do equipamento ser registrado pelo seu valor total
no ato da compra, há ainda a criação do controle da conta a pagar ao fornecedor do equipamento.
Dessa maneira, mais uma vez, fica clara a superioridade conceitual do regime de competência
sobre o regime de caixa, tanto para o processo de controle empresarial quanto para o processo de
tomada de decisão.
• as despesas gerais (energia elétrica, telefone, serviços prestados por terceiros, aluguéis
etc.) devem ser contabilizados no mês de sua geração ou incorrência, e não no mês em
que são pagas.
1 Para a maior parte das empresas brasileiras, o momento de reconhecimento da receita para fins de apuração do
resultado é a data de emissão da nota fiscal.
2 As normas contábeis brasileiras exigem um ajuste do valor, trazendo os valores prefixados de longo prazo a valores
presentes, para a contabilização inicial.
3 Proporcional aos dias transcorridos.
Regimes contábeis 21
Valores a receber ou a pagar em moeda estrangeira, enquanto não forem recebidos ou pagos,
deverão ser objeto de atualização monetária. O valor em reais, objeto da atualização monetária
mensal, é denominado variação cambial – pode ser uma despesa ou uma receita.
Assim, a variação cambial deve ser contabilizada pelo transcorrer do tempo e pela variação
da taxa da moeda estrangeira, e não quando o direito for recebido ou a dívida, paga.
4 Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943 (arts. 129, 142 e 243) e Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962 (décimo-
-terceiro salário).
22 Contabilidade empresarial e societária
integram o Custo das Mercadorias Vendidas devem ser reconhecidos na mesma data em que a
receita derivada da venda das mercadorias é reconhecida (CPC, 2019).
Dessa maneira, quando se contabiliza uma receita num período, todas as despesas que a ela
deram origem devem ser contabilizadas ao mesmo tempo.
Considerações finais
A adoção do regime de competência pela ciência contábil é fruto da evolução dessa área
pelos séculos em que ela foi sendo desenvolvida. Com base na adoção desse regime, dois grandes
objetivos e fundamentos necessários para a gestão de um patrimônio foram obtidos:
• a apuração do lucro ou do prejuízo gerado no período, independentemente do pagamento
ou do recebimento, mostrando o desempenho das operações da entidade;
• o controle das contas a receber e a pagar, resultado das transações efetuadas a prazo e ainda
não efetivadas financeiramente, permitindo a identificação de todos os componentes de
um patrimônio no aspecto econômico.
Dentro dessa linha de raciocínio, não há sentido na adoção do regime de caixa, pois ele não
permite o controle de um patrimônio. Porém, uma exceção é feita para as entidades públicas, que,
por determinação legal, são obrigadas a adotar o regime misto, por meio do qual as receitas são
contabilizadas pelo regime de caixa, e as despesas, pelo regime de competência.
• HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.
Nestas obras, você aprenderá mais sobre o regime de competência de exercícios e
reconhecimento de receitas e despesas.
• CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Conceitual
Básico (R1). Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-
-financeiro. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_
R1.pdf. Acesso em: 15 maio 2019.
Neste pronunciamento técnico, estão apresentados os fundamentos do reconhecimento
de receitas e despesas.
Atividades
1. Discorra sobre quais são as principais deficiências decorrentes da utilização do regime de
caixa para a apuração do resultado de um período contábil.
2. Uma fatura de energia elétrica emitida em fevereiro, relativa ao consumo de energia nesse
mesmo mês para ser paga em abril, deve ser contabilizada:
3. Considere uma mercadoria comprada à vista em 15/02/X1 por R$ 1.000,00 para estoque e
vendida em 15/04/X1 para ser recebida em 02/06/X1 por R$ 2.300,00. Apure o resultado de
cada mês envolvido:
4. O décimo-terceiro salário, pela legislação trabalhista, deve ser pago em duas parcelas,
em novembro e dezembro de cada ano. Pelo regime de competência, como você lançaria
essa despesa?
5. Pelo regime de competência, como deve ser contabilizada uma venda de mercadoria a prazo,
com nota fiscal emitida em maio, para vencimento em três parcelas iguais em junho, julho
e agosto?
a) setembro.
b) outubro.
c) agosto.
d) novembro.
Referências
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 9 ago. 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em:
17 maio 2019.
BRASIL. Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jul.
1962. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4090.htm. Acesso em: 17 maio 2019.
BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23
mar. 1964. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 15 maio 2019.
A contabilidade é uma ciência porque tem teorias próprias, métodos de trabalho científicos
e um objeto de estudo específico. Apresenta-se conclusivamente com informações que servem para
todo o processo decisório, envolvendo planejamento, execução e controle das entidades contábeis.
Em termos práticos, para o cotidiano das empresas, a contabilidade se expressa no que é
denominado sistema de informação contábil, cuja estrutura é baseada em um plano de contas e
operacionalizada pela metodologia contábil, temas deste capítulo.
Objetivo Controle de um
do Sistema Patrimônio
Assim, a estrutura contábil pode ser caracterizada como a expressão dos objetivos da ciência
contábil dentro de um sistema de informação contábil (PADOVEZE, 2019, p. 127).
A contabilidade vem evoluindo, como ocorre com qualquer ciência. Assim, quando se fala
em sistema de informação contábil, deve-se considerar o atual estágio da contabilidade, o qual
compreende inúmeras especializações. Portanto, o sistema de informação contábil é segmentado
em vários sistemas, denominados subsistemas contábeis, que objetivam atender às diversas
necessidades específicas das empresas, conforme pode ser visto na Figura 2:
Figura 2 – Sistema contábil, especializações e subsistemas contábeis
Contabilidade
Contabilidade Contabilidade em
por unidades de
estratégica outras moedas
negócio
as transações que envolviam bens, surgiram as transações liquidadas a prazo, gerando créditos
futuros para o fornecedor de bens e débitos futuros para o recebedor dos mesmos bens.
Assim, a partir do momento em que em uma transação as duas partes concordaram com a
sua liquidação no futuro, surgiram os direitos e as obrigações. Esses dois elementos patrimoniais
nasceram simultaneamente, porém não se sabe em que momento da história da civilização.
Com a invenção da moeda como instrumento geral de mensuração das trocas1, as transações
dos bens passaram a ser medidas pelo padrão monetário – em outras palavras, em dinheiro, único
padrão atualmente adotado pela contabilidade em todo o mundo.
Com isso, os direitos e as obrigações, juntamente com os bens, também puderam, da mesma
maneira, ser mensurados pelo padrão monetário. Logo, para concluir, os elementos patrimoniais
são os bens, os direitos e as obrigações.
Suponha-se, logo em seguida, que, após o recebimento de seu salário mensal e depois de
pagar todas as suas despesas, João José tenha em sua carteira R$ 200,00 em dinheiro. Para continuar
a contabilidade dele, será preciso atribuir valor também ao carro, a fim de que os dois tipos de bens
sejam controlados de uma única maneira, em reais. Verifica-se que João José pagou pelo carro (que
1 Considera-se que a moeda, da forma como a conhecemos, surgiu no século VI antes de Cristo, na Lídia, atual Turquia.
Estrutura contábil 31
está totalmente quitado) R$ 20.000,00. Agora, pode-se elaborar o novo patrimônio de João José,
incluindo a mensuração em padrão monetário do país, conforme ilustrado na Tabela 1:
Tabela 1 – Bens e direitos de uma pessoa física (João José)
R$
1 carro 20.000,00
Total 20.200,00
Essa forma de contabilização se refere à maneira moderna pela qual a contabilidade controla
um patrimônio. Além das quantidades e da classificação por tipo de bem, a contabilidade também
registra o valor de cada bem.
Dando continuidade ao exemplo, imagine-se que João José, após vários meses de trabalho,
conseguiu economizar R$ 10.000,00 e colocou na poupança. Com o recibo do depósito e a
confirmação pelo extrato bancário, torna-se possível registrar mais um patrimônio de João José,
agora um direito. Qualquer dinheiro depositado em banco ou em uma aplicação financeira, seja
em renda fixa ou poupança, enquanto estiver em poder do banco, é um direito, e não um bem.
O patrimônio de João José ficaria assim representado pela contabilidade (Tabela 2):
Tabela 2 – Patrimônio de João José I
R$ Tipo de patrimônio
1 carro 20.000,00 Bem
Total 30.200,00
A próxima ação de João José foi identificar uma casa no valor de R$ 50.000,00, pagar
R$ 8.000,00, sacando dinheiro da poupança, e financiar o restante pelo sistema financeiro de
habitação (SFH), obtendo um empréstimo de longo prazo de R$ 42.000,00. O patrimônio
de João José teria a seguinte configuração (Tabela 3):
Tabela 3 – Patrimônio de João José II
R$ Tipo de patrimônio
1 carro 20.000,00 Bem
Para se saber o valor do Patrimônio Líquido, deve-se subtrair o total dos bens e direitos
pelo valor das obrigações. No exemplo, apesar de João José ter um total de bens e direitos de
R$ 72.200,00, seu Patrimônio Líquido, a sua riqueza líquida, é de apenas R$ 30.200,00, conforme
o cálculo apresentado na Tabela 4:
Tabela 4 – Patrimônio Líquido de João José
R$
Total dos bens e direitos 72.200,00
R$ Tipo de patrimônio
1 carro 150.000,00 Bem
Perceba que o valor total dos bens e direitos de Richard Herbert é muito maior do que o de
João José, bem como que Herbert tem um total de obrigações muito maior do que João José. Para
se saber quem é mais rico, na ótica da contabilidade, deve-se apurar o valor do Patrimônio Líquido
de Richard (Tabela 6).
Estrutura contábil 33
R$
Nesse momento, é preciso considerar que João José é mais rico do que Richard Herbert.
A medida de riqueza pelo valor do Patrimônio Líquido é estática, retrata um determinado
momento. A contabilidade financeira ou tradicional tem por objetivo medir o patrimônio em uma
determinada data.
O mais comum é medir o valor do patrimônio, dos bens, direitos e das obrigações, bem
como o valor do Patrimônio Líquido ao final do exercício civil, em 31 de dezembro. Para fins
gerenciais, mede-se todo final de mês.
Não é objetivo desse segmento da contabilidade medir o Patrimônio Líquido do futuro das
pessoas e das empresas. Para esse objetivo, utilizam-se os conceitos de planejamento orçamentário,
outro segmento da área.
Assim, é possível que, no futuro, Richard Herbert tenha condições e ganhos maiores do que
João José bem como um Patrimônio Líquido de valor superior, objetivo que não é possível atingir
com os dados atuais.
Solvência absoluta R$
Obrigações 0
A solvência relativa, que é a situação mais comum, ocorre quando a empresa tem bens,
direitos e obrigações, mas tem Patrimônio Líquido. A solvência relativa pode ser extremada, desde
que exista ainda um valor positivo de Patrimônio Líquido, como na porção à direita da Tabela 9, a
seguir, que apresenta apenas R$ 1,00 de valor de Patrimônio Líquido.
Tabela 9 – Patrimônio Líquido de solvência relativa
A situação nula (Tabela 10), que é muito improvável em razão da dinâmica dos valores,
caracteriza-se quando o total dos bens e direitos é igual ao total das obrigações, resultando em um
valor de Patrimônio Líquido igual a zero.
Tabela 10 – Patrimônio Líquido de situação nula
R$
Bens e direitos 10.000,00
Obrigações 10.000,00
A situação de insolvência absoluta, também incomum, resulta do fato de que a entidade ainda
tem que administrar uma dívida e, no momento, não tem nenhum valor de direito ou obrigação,
situação absolutamente negativa e indesejável.
2 Fundos é um termo utilizado para significar onde o dinheiro foi captado para fazer um investimento. Decorre do
inglês funding.
36 Contabilidade empresarial e societária
Bens R$ Obrigações R$
1 carro 20.000,00 SFH 42.000,00
1 casa 50.000,00
Bens R$ Obrigações R$
1 carro 150.000,00 SFH 385.000,00
1 casa 400.000,00
Assim, o Balanço Patrimonial apresenta sempre uma situação de equilíbrio, pois a soma do
total dos bens e direitos, de um lado, deverá ser sempre igual à soma das obrigações e do Patrimônio
Líquido, de outro.
Não há diferença conceitual na elaboração do Balanço Patrimonial de uma pessoa física ou
de uma pessoa jurídica; o que muda são as nomenclaturas. Na declaração de renda da pessoa física,
o ativo é denominado bens e direitos patrimoniais, e o passivo, dívidas e ônus contratuais.
No Brasil, a partir de 2008, optou-se por atribuir o nome de passivo apenas às obrigações.
Assim, o lado direito do Balanço Patrimonial tem sido denominado passivo mais Patrimônio
Líquido – denominação adotada nas próximas seções deste livro.
Tomando como referência o Balanço Patrimonial de João José, apresenta-se a seguir, na
Tabela 14, seu patrimônio incorporando os conceitos de ativo e de passivo.
Tabela 14 – Ativo e passivo de uma pessoa física (João José)
Ativo R$ Passivo R$
Dinheiro 200,00
Ativo R$ Passivo R$
O carro de João José foi registrado em uma conta contábil denominada Veículos; o dinheiro
que ele tinha na carteira foi representado em Caixa; a casa está presente na conta contábil Imóveis; o
dinheiro na poupança foi apresentado em Aplicações Financeiras; a dívida com o SFH foi registrada
em Financiamentos; e sua riqueza líquida foi representada pela conta contábil Patrimônio Líquido.
assim caracterizada a partir do momento em que esse método foi introduzido em substituição ao
das partidas simples4.
No método das partidas simples, não havia a preocupação em identificar a causa da
variação patrimonial. Ou seja, limitava-se ao inventário dos bens e direitos por meio de contagens,
registrando os efeitos sem indagar as causas.
Por sua vez, no método da partida dobrada, cada transação deve ser escriturada pelo
menos duas vezes, em duas ou mais contas, de tal forma que a equação de igualdade do Balanço
Patrimonial (ativo = passivo) seja mantida.
Dessa maneira, se foi feito um pagamento em dinheiro no valor de R$ 1.000,00 referente
a uma duplicata de um fornecedor que estava para ser paga, tal valor deverá ser registrado na
primeira vez reduzindo-se o saldo de caixa, e o mesmo valor deverá ser registrado uma segunda
vez, de forma a diminuir o saldo devido ao fornecedor.
4 Considera-se o ano de 1494 o marco para a contabilidade moderna, com a publicação do Tractatus de Computis et
Scripturis, na obra Summa de Arithmetica, Geometria et Proportionalitá, do Frei Luca Paccioli, mas há evidências históricas
do uso desse método antes da publicação de tal obra.
40 Contabilidade empresarial e societária
A prática contábil desenvolveu a escrituração contábil em dois livros básicos: o livro diário e
o livro-razão. No livro diário, os lançamentos são escriturados em ordem cronológica diária rígida,
à medida que as transações vão acontecendo. No livro-razão, os lançamentos contábeis se dão por
conta contábil e, dentro de cada conta contábil, também ocorrem por ordem de data.
Conta contábil
As contas individuais de cada cliente, que recebem os lançamentos de cada um, são contas
analíticas. A conta Clientes (código 12) é uma conta sintética cujo saldo só pode ser obtido pela
soma do saldo das contas analíticas correlacionadas.
• Contas transitórias e permanentes
Denominam-se transitórias as contas que servem para apurar o saldo de um determinado
período ou data e que têm seu saldo zerado quando se inicia o próximo período.
Basicamente, há dois tipos de contas transitórias:
• As contas de despesas e receitas, abertas com saldo zero no início do ano, têm seu saldo
zerado ao final do último dia do ano, após a apuração do lucro ou prejuízo do período.
• As contas de resultado, abertas e encerradas na mesma data, com o intuito de fazer
a transferência de valores para outras contas contábeis. Os principais exemplos são a
conta Lucros e Perdas, utilizada para a apuração do resultado no final do período, e
Lucros Acumulados, utilizada para o fechamento do Balanço Patrimonial do exercício
e registro da destinação do resultado do exercício encerrado.
Por sua vez, as contas permanentes são aquelas que representam elementos patrimoniais
que sempre apresentam um saldo em qualquer período contábil. Referem-se às contas
de Ativo e Passivo, que sempre têm um saldo, embora este possa ser aumentado e/ou
diminuído (salvo se o elemento patrimonial que representam não existir mais na entidade).
A maioria dos softwares de contabilidade já vem preparada para essas duas classificações
mínimas e indispensáveis. Os centros de custo e de receita normalmente são estruturados dentro
do conceito de tabelas, aplicáveis a todas as contas contábeis de despesas e receitas.
Ainda, grande parte desses softwares exige uma codificação numérica para o processo de
internação, acumulação e classificação nos bancos de dados computadorizados. Softwares de maior
complexidade normalmente admitem a utilização alfanumérica, permitindo maior flexibilidade de
codificação. O mais comum, no entanto, tem sido a utilização de códigos numéricos, tanto para
facilitar e automatizar os lançamentos como para simplificar o trabalho dos envolvidos no registro
das transações.
A codificação deve partir do geral para o particular, isto é, das contas sintéticas às analíticas.
O modelo de codificação mais utilizado é:
• Iniciar com código 1 todas as contas de Ativo.
• Iniciar com código 2 todas as contas de Passivo.
• Iniciar com código 3 todas as contas de receitas.
• Iniciar com código 4 todas as contas de despesas.
...
...
...
Fonte: Elaborada pelo autor.
São as contas analíticas que recebem os lançamentos, sendo seu saldo apurado pelos
lançamentos de débito e crédito em cada conta. Já as contas sintéticas têm seu saldo obtido pela
sumarização das contas analíticas correlacionadas.
Número Transações R$
1 Entrada de capital social, em dinheiro 50.000,00
O primeiro evento trata da abertura de capital de uma empresa (Tabela 19). O dinheiro dado
pelos sócios entra no caixa da empresa e é representado no Balanço Patrimonial da empresa como
Capital Social. Como o caixa é um bem, deve ficar no Ativo. O Capital Social, por ser uma fonte de
recurso, deve ficar no Passivo.
Tabela 19 – Lançamento número 1
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 50.000,00 Capital Social 50.000,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
O segundo evento é a abertura de uma conta bancária (Tabela 20), tirando o dinheiro do
caixa e entrando no banco. O saldo bancário é um direito da empresa, porque o dinheiro está em
posse do banco. O novo Balanço Patrimonial reflete o resultado acumulado das duas transações
realizadas, nas contas contábeis representativas de cada elemento patrimonial.
Tabela 20 – Lançamento número 2
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 2.000,00
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 2.000,00
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 2.000,00
Imóveis 30.000,00
O lançamento número 5 (Tabela 23) é diferente dos anteriores, porque representa uma saída
de dinheiro para um gasto consumido imediatamente – no caso, uma despesa de cartório. O valor
pago é pela prestação de um serviço, e não há um bem ou direito recebido em troca.
Todo gasto consumido imediatamente é denominado despesa e reduz a riqueza dos
proprietários. Assim, cria-se uma conta no Passivo denominada Resultado do Período (que pode
ser Lucro ou Prejuízo), para refletir as perdas e os ganhos decorrentes das operações. Essa despesa
representa um prejuízo temporário.
Tabela 23 – Lançamento número 5
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00
O lançamento número 6 (Tabela 24) é uma compra a prazo de materiais para estoque.
Os materiais são representados em uma conta de Ativo, pois são bens que serão consumidos no
futuro. A contrapartida, por ser a prazo, é abrir uma conta para controlar a dívida com fornecedores.
Todas as obrigações são controladas no Passivo.
Tabela 24 – Lançamento número 6
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Clientes 6.000,00
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Clientes 6.000,00
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Clientes 2.500,00
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Clientes 2.500,00
IV – Débito e crédito.
• Caixa: saldo devedor → a transação diminui o saldo → lançamento a crédito.
• Saldo bancário: saldo devedor → a transação aumenta o saldo → lançamento a débito.
IV – Débito e crédito.
• Saldo bancário: saldo devedor → a transação diminui o saldo → lançamento a crédito.
• Fornecedores: saldo credor → a transação diminui o saldo → lançamento a débito.
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Clientes 2.500,00
Agora, segue-se a uma demonstração nova, com novas contas de despesas e receitas
evidenciadas abaixo do Ativo e do Passivo (Tabela 30). Como as despesas são redutoras do
Patrimônio Líquido (saldo credor), todas elas têm saldo devedor e serão apresentadas no lado
do Ativo; como as receitas são aumentativas do Patrimônio Líquido, elas serão apresentadas no
lado do Passivo, porque têm saldo credor.
Tabela 30 – Demonstração contábil separando as receitas e as despesas
Ativo R$ Passivo R$
Caixa 1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Clientes 2.500,00
Despesas R$ Receitas R$
Ao final do período, as despesas e as receitas têm seu saldo zerado, e o valor resultante
volta a ser apresentado no Balanço Patrimonial na conta Resultado do Período, como já estava na
demonstração após o lançamento número 10 feito pela sistemática anterior.
Saldo
Conta contábil
Devedor (R$) Credor (R$)
ATIVO
Caixa 1.000,00
Clientes 2.500,00
Imóveis 30.000,00
Móveis 15.000,00
Subtotal 55.060,00
PASSIVO
Fornecedores 2.260,00
Subtotal 52.260,00
RECEITAS
Subtotal 6.000,00
DESPESAS
Subtotal 3.200,00
A apuração do resultado do período (lucro ou prejuízo) será feita com as contas de despesas
e receitas constantes no Balancete de Verificação. No exemplo já indicado, tem-se (Tabela 32):
Tabela 32 – Apuração do resultado do período
Esse exemplo deixa clara a função do Balancete de Verificação, como o relatório de trabalho
básico para a estruturação da Demonstração contábil do Resultado do Período.
Ativo R$ Passivo R$
Demonstração do Resultado do
Exercício encerrado em 31/12/X1
Receitas operacionais R$
(3.200,00)
Lucro Líquido
Retorno do Investimento (ROI) =
Investimento (Patrimônio Líquido antes do Lucro)
R$ 2.800,00
ROI = = 5,6%
R$ 50.000,00
A avaliação do percentual obtido não será realizada porque os números do exemplo são
aleatórios. Mas uma rentabilidade é considerada normal ao redor de 12% ao ano.
54 Contabilidade empresarial e societária
Considerações finais
Sendo a contabilidade a ciência contábil do controle de um patrimônio, fica clara sua enorme
importância para o mundo dos negócios. Bernstein (1997) menciona que o capitalismo, o sistema
econômico mundial vigente, só poderia ter florescido pelo desenvolvimento das atividades de
previsão para assumir riscos e da contabilidade como sistema de prestação de contas para avaliar
o resultado dos riscos assumidos.
Para cumprir seu objetivo de controle patrimonial, a contabilidade, ao longo dos séculos,
foi identificando as necessidades de informações de seus usuários e, paralelamente, estruturando
metodologias de trabalho e registro para a apresentação das informações econômicas dentro de
relatórios contábeis padronizados, que permitem seu entendimento em qualquer parte do mundo.
Dessa maneira, os conceitos de contas, planos de contas, escrituração, lançamentos contábeis
por partidas dobradas, saldos e movimentos de contas foram sendo incorporados ao mundo dos
negócios, tornando-se necessários para todos os gestores das entidades.
A principal resultante da estrutura contábil é a apresentação do patrimônio das entidades e
suas variações, por meio de seus relatórios básicos: o Balanço Patrimonial, que evidencia o valor
de todos os ativos e passivos e a mensuração da riqueza dos proprietários em um determinado
momento, e a Demonstração do Resultado do Período, que evidencia a variação da riqueza
nesse período (lucro ou prejuízo), permitindo fazer a avaliação do retorno do investimento dos
proprietários, justificando os riscos assumidos.
Atividades
1. João José da Silva, que não tinha nenhum patrimônio, ganhou na loteria R$ 300.000,00.
Imediatamente, abriu uma conta em um banco e depositou nela o dinheiro. Logo em
seguida, adquiriu dois imóveis, sendo uma casa por R$ 100.000,00 e um pequeno sítio por
R$ 60.000,00. Faça as movimentações das transações em um modelo de Balanço Patrimonial
para essa pessoa física.
Estrutura contábil 55
2. Ainda com base no prêmio ganho na loteria, João José da Silva adquiriu dois veículos: um
carro no valor de R$ 40.000,00 e uma caminhonete que lhe custou R$ 20.000,00. Todas
as aquisições foram pagas em cheque. O banco ofereceu um financiamento no valor de
R$ 15.000,00 para o carro, o qual foi aceito por João José e depositado em sua conta. Partindo
do saldo obtido na atividade anterior, faça as novas movimentações de João José da Silva.
3. Em seguida, João José da Silva aceitou a sugestão do gerente do banco e fez uma aplicação
em um fundo de investimento, no valor de R$ 90.000,00. Depois disso, sacou R$ 3.500,00
em dinheiro e deu uma festa para seus amigos e familiares, gastando R$ 2.500,00 e pagando
as despesas em dinheiro. Considerando os saldos da atividade 2, faça toda a movimentação
dessas novas transações de João José em contas, apurando o saldo de cada uma delas; levante
o Balanço Patrimonial de João José e apure o valor da riqueza dele ao final dessas transações.
Saldo bancário
Despesas de viagens
Capital Social
Estoque de mercadorias
Imóveis
Aluguéis recebidos
Duplicatas a Pagar
Duplicatas a Receber
Imóveis Diminuição
6. Uma empresa tem um Patrimônio Líquido de R$ 50.000,00, representado pelo seu Capital
Social, e uma única conta, também no valor de R$ 50.000,00, representada pelo Caixa.
Considere que essa organização comprou R$ 15.000,00 em mercadorias para estoque,
metade à vista e metade a prazo, e que o equivalente a R$ 6.800,00 foi vendido no mesmo
mês por R$ 18.000,00, sendo R$ 5.000,00 à vista e o restante a prazo. Apure o lucro do mês e
como ficou o Balanço Patrimonial após esses fatos.
Referências
BERNSTEIN, P. Desafio aos deuses: a fascinante história do risco. 2. ed. São Paulo: Campus, 1997.
GIL, A. L.; BIANCOLINO, C. A.; BORGES, T. N. Sistemas de informações contábeis: uma abordagem
gerencial. São Paulo: Saraiva, 2010.
PADOVEZE, C. L. Introdução à contabilidade: com abordagem para não contadores. 2. ed. São Paulo:
Pioneira Thomson, 2015.
Esse conjunto de contas dará o suporte para a estruturação dos relatórios e das demonstrações
contábeis básicas, assim como permitirá apoiar todos os processos decisórios que se utilizem de
informações contábeis.
1 Atualmente, a denominação no lado direito da equação de equilíbrio patrimonial tem sido Passivo e Patrimônio
Líquido.
Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor 59
É possível que um lançamento exija mais de duas contas. Assim, a partida pode ocorrer
em uma conta, e a contrapartida, em duas ou mais contas. Também pode acontecer que a partida
seja feita em mais de uma conta. Porém, é necessário que o valor total da partida seja igual ao
da contrapartida.
Desde os primórdios da contabilidade, convencionou-se dar o nome de débito para a
partida e de crédito para a contrapartida. Dessa maneira, pode-se apresentar a seguinte estrutura
obrigatória para o lançamento contábil:
• data do lançamento;
• conta(s) que recebe(m) o débito;
• conta(s) que recebe(m) o crédito;
• histórico;
• valor.
A data do lançamento e o histórico são os elementos necessários para dar a cronologia dos
acontecimentos, bem como para descrever minimamente o que motivou a ocorrência patrimonial.
Esse lançamento deve ser alicerçado por uma documentação que o habilite, a qual
precisa conter preferencialmente documentos externos (notas fiscais, faturas, contratos, boletos,
comprovantes de pagamento e recebimento, notas de débito e de crédito etc.), sendo admitidos
documentos internos nas ocorrências de transações internas (requisições de estoques de materiais
e insumos, relatórios de despesas de viagens etc.).
Assim, os saldos das contas de Ativos, Passivos, Despesas e Receitas têm a seguinte evolução
pelos débitos e créditos:
• O saldo de uma conta de Ativo é aumentado por débitos e diminuído por créditos.
• O saldo de uma conta de Passivo é aumentado por créditos e diminuído por débitos.
• O saldo de uma conta de Despesa é aumentado por débitos.
• O saldo de uma conta de Receita é aumentado por créditos.
Portanto:
• Toda conta de Ativo deve ter saldo devedor.
• Toda conta de Passivo deve ter saldo credor.
• Toda conta de Despesa deve ter saldo devedor.
• Toda conta de Receita deve ter saldo credor.
Assim, para se ter a razão de cada conta, há que se fazer cálculos ou contas com os valores
dos lançamentos. Em termos práticos, o livro-razão é o livro contábil por excelência, o mais
importante, uma vez que por intermédio dele pode-se apurar o saldo de cada conta após cada
lançamento, bem como o saldo final de qualquer período que se queira analisar e que seja objeto
de elaboração dos relatórios contábeis.
Para resumir:
• o livro diário recebe os lançamentos por ordem de data, sem nenhuma sistematização;
• o livro-razão é separado em contas (em outras épocas, cada folha do livro servia para uma
conta), sendo que cada conta representa um elemento patrimonial, que recebe unicamente
os lançamentos (as partidas) específicos de cada conta.
Número Transações R$
1 Entrada de Capital Social em dinheiro 50.000,00
(1) Também denominada bancos conta movimento (deve ser aberta uma conta analítica para cada conta bancária, com o
nome do banco)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Em outros tempos, havia o costume de se colocar a letra a antes da conta que recebia a
contrapartida – normalmente, um crédito – na escrituração do livro diário, prática que não foi
incorporada nos livros contábeis eletrônicos. O valor, ao final da última conta, era válido para as
duas contas. O lançamento exposto na Tabela 3 representa esse tipo antigo de escrituração:
Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor 63
01/01/X1 Caixa
a Capital Social
01/01/X1 ...
Fonte: Elaborada pelo autor.
Atualmente, não se utiliza mais a letra a na escrituração do livro diário. Um modelo muito
utilizado está apresentado na Tabela 4, a seguir, com os dez lançamentos do exemplo:
Tabela 4 – Escrituração no livro diário
(Continua)
64 Contabilidade empresarial e societária
Pagamento da NF...
Fonte: Elaborada pelo autor.
A escrituração dos lançamentos em ordem de data no livro diário é necessária para permitir
a rastreabilidade de todas as transações escrituradas nos livros contábeis da empresa.
Para fins didáticos, e para estudo de lançamentos, utiliza-se o razonete ou razão em Conta
Tê, utilizando a figura da letra T. Nele, só constam as colunas de débito e crédito. Sobre a linha
horizontal, coloca-se o nome da conta. À esquerda, ficam os valores de débito e o saldo devedor,
e à direita, os valores de crédito e o saldo credor. Ao lado dos valores, colocam-se números para
identificar os lançamentos.
Acompanhe, na Figura 1, os mesmos lançamentos nesse formato simplificado, não oficial,
do livro-razão. Quando há apenas um lançamento, não há necessidade de puxar o saldo.
Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor 67
Ativo
Passivo
Receitas
Despesas
Livros auxiliares
Algumas contas contábeis apresentam uma movimentação muito grande.
Por isso, certas empresas optam por fazer livros contábeis específicos
para essas contas, denominados livros auxiliares, os quais devem, no
entanto, ser considerados livros obrigatórios. Os livros auxiliares mais
utilizados são:
• livro-caixa;
• livro de contas-correntes para clientes e fornecedores;
• livro de controle patrimonial.
exigências, as quais estão consolidadas no Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo
Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018, que incorporou à legislação tributária as alterações
das normas contábeis provocadas pela adoção das normas internacionais de contabilidade
(determinadas pelas Leis n. 11.638/2007 e 11.941/2009) (BRASIL, 2018).
Além disso, o Decreto n. 9.580 revogou o Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999, que
regulamentava a “tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda
e Proventos de Qualquer Natureza” (BRASIL, 1999).
Os livros comerciais obrigatórios, conforme o Decreto-Lei n. 486 e o Decreto n. 9.580, são
os seguintes: livro diário; livro-razão; livro de inventário; livro de entradas (compras); livro de
apuração do lucro real (Lalur) (BRASIL, 1969; 2018).
2 De maneira bastante simplificada, pode-se definir o Sped Contábil como a substituição dos livros da escrituração
mercantil pelos seus equivalentes digitais. A partir do seu sistema de contabilidade, a empresa gera um arquivo digital
no formato especificado no anexo único à Instrução Normativa RFB n. 787, de 19 de novembro de 2007 (BRASIL, 2007b)
(disponível no menu Legislação). Devido às peculiaridades das diversas legislações que tratam da matéria, esse arquivo
pode ser tratado pelos seguintes sinônimos: livro diário digital, escrituração contábil digital (ECD) ou escrituração
contábil em forma eletrônica.
70 Contabilidade empresarial e societária
Talvez a característica mais importante da contabilidade gerencial seja a sua visão de futuro.
Ela foca na tomada de decisão e, consequentemente, no efeito futuro das ações da administração.
Para tanto, não se prende a nenhum conceito específico nem a um único formato de relatório. Em
vez disso, busca saber o que vai acontecer, qual será o próximo lucro e patrimônio da empresa e
qual poderá ser o valor da organização em uma possível negociação.
O Quadro 1, a seguir, apresenta os fatores que diferenciam a contabilidade financeira da
gerencial, mas que devem ser trabalhados conjuntamente dentro da entidade:
Quadro 1 – Comparação entre a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial
• A teoria da mensuração
Trabalha com a atribuição de medidas para as variáveis do modelo decisório. A maior
especialização (e o ponto forte) da contabilidade é a mensuração econômica, isto é, a atribuição de
um valor monetário a todas as variáveis contábeis.
A mensuração econômica é muito complexa, pois envolve valores passados, futuros, brutos,
líquidos, ajustados a valor presente, à vista, a prazo, em outras moedas, além de conceitos de custo
de oportunidade etc. Para cada modelo decisório, vários tipos de valores podem ser necessários,
além da mensuração física de elementos e de variáveis envolvidos em cada modelo.
• A teoria da informação
Tem como referência o usuário que utiliza o modelo para tomada de decisão e objetiva
eliminar as incertezas relacionadas a essa ação. Deve sempre levar em conta a relação custo-
-benefício da construção dos sistemas e dos modelos de informação.
Essa teoria tem como referência o conceito da comunicação eficaz. Assim, preocupa-se
com a qualidade da fonte (a origem da informação), a mensagem (o conteúdo da informação), o
canal (o meio que transporta a informação) e o destinatário (a pessoa que recebe a informação).
A contabilidade caracteriza-se como um sistema de informação. Por essa razão, faz parte das
preocupações do contador conseguir a eficácia de sua informação. Ou seja, ela tem que ser
entendida por quem a utiliza e deve ser útil para o processo de tomada de decisão.
contábeis brasileiras a serem adotadas constam na Lei n. 6.404/1976 e nas alterações das leis
n. 11.638/2007 e 11.941/2009.
3 É considerada de grande porte, pela Lei n. 11.638/07, qualquer empresa que tenha receita bruta anual superior a
R$ 300.000.000,00 ou ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (BRASIL, 2007c).
74 Contabilidade empresarial e societária
• Convenções contábeis
As convenções representam as práticas contábeis recomendadas que direcionam a aplicação
dos princípios contábeis e constrangem a atuação do responsável pela escrituração contábil.
São elas:
• Convenção da objetividade: o lançamento contábil deve ser baseado em fatos, e não
em uma avaliação subjetiva, tendo um documento hábil que permita a verificação
posterior do lançamento realizado.
• Convenção da materialidade: tem como base a relação custo-benefício da informação.
A exatidão numérica objetiva, por vezes, pode custar muito caro e ser substituída por
uma avaliação acurada, desde que não prejudique o controle patrimonial.
• Convenção da consistência ou uniformidade: ao se utilizar um critério (dentre os
aceitos pelos princípios contábeis), este deve ser adotado uniformemente no futuro.
Uma eventual mudança de critério deve ser objeto de notas explicativas.
• Convenção do conservadorismo: relacionada à postura do contador, com o objetivo
básico de proporcionar uma apuração justa do resultado do período. A regra mais
conhecida é: na dúvida, lance a despesa; na dúvida, não lance a receita.
76 Contabilidade empresarial e societária
4 O valor de mercado é considerado um tipo de valor justo, conforme será visto a seguir.
Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor 77
5 As práticas internacionais de contabilidade têm aceitado a mensuração a valor de mercado ou a valor justo em
valor acima do valor de custo apenas para instrumentos financeiros destinados à venda ou disponíveis para negociação,
bem como para ativos biológicos e propriedades para investimentos.
78 Contabilidade empresarial e societária
Para fins de aplicação do impairment, deve-se utilizar o maior valor entre esses dois
critérios. Stickney e Weil (2001) explicam que os dois critérios são considerados como “o valor
justo” de um ativo.
Logo, pode-se definir valor justo como o preço negociado entre um comprador e um
vendedor, que agem racionalmente, defendendo seus próprios interesses (uma transação arm’s
length) ou, na ausência desse valor objetivo, como o valor presente do fluxo de caixa esperado
pelo ativo.
Dessa maneira, o valor justo se incorpora ao conjunto de conceitos para ajustar o valor
contábil de um ativo quando o valor de mercado é inferior a este. Assim, liga-se ao conceito
de impairment.
O CPC, no Pronunciamento Técnico CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de
Ativos, indica os seguintes critérios para se apurar o valor recuperável, o valor justo:
• preço líquido de venda do Ativo a partir de um contrato de venda formalizado;
• preço líquido de venda a partir da negociação em um mercado ativo, menos as despesas
necessárias de venda;
Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor 79
Em linhas gerais, pode-se afirmar que, para fins do teste de impairment, são dois tipos de
valor justo: valor de mercado e valor em uso. Considerando ambos, o valor a ser utilizado deverá
ser o maior.
Considerações finais
A base conceitual da ciência contábil, denominada teoria contábil, tem como referência um
sistema de controle de um patrimônio e fornecimento de informações para o processo de tomada
de decisão dos gestores da entidade. É essa teoria que fornece as bases para os princípios contábeis
utilizados na escrituração contábil.
Tais princípios foram traduzidos em práticas contábeis. Atualmente, no Brasil, por meio de
legislação específica, essas práticas são originadas das práticas de contabilidade internacional do
International Financial Reporting Standards (IFRS).
Sob essa ótica, a escrituração contábil é realizada pela metodologia das partidas dobradas,
por meio do registro simultâneo dos eventos econômicos em duas contas contábeis, para manter a
igualdade da equação de equilíbrio patrimonial de ativos e passivos.
A escrituração contábil atualmente também é regulamentada por legislação governamental
específica, que contempla, ainda, as regras de tributação dos tributos sobre o lucro, o Imposto de
Renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. Além das necessidades legais, societárias e
tributárias, a contabilidade desenvolveu um vasto conjunto adicional de conceitos e instrumentos
para as necessidades do processo decisório dos gestores das entidades, englobado no conceito de
contabilidade gerencial.
Dessa maneira, o conjunto completo de contabilidade a ser adotado nas entidades contempla
as práticas de contabilidade financeira regulamentada e os conceitos de contabilidade gerencial.
Atividades
1. Discorra sobre os fundamentos do método das partidas dobradas e seu efeito no livro-razão.
2. Por que a contabilidade financeira deve ser assentada sobre princípios contábeis geralmente
aceitos em todos os lugares e não há necessidade do mesmo padrão para a contabilidade
gerencial? Quais são as diferenças mais importantes entre as contabilidades gerencial e
financeira?
6. Uma empresa tem as seguintes contas contábeis já abertas, com os respectivos saldos:
Faça os lançamentos em Conta Tê dos fatos apresentados a seguir e apure os novos saldos
das contas, listando-as novamente e separando-as por contas de Ativo, despesas e receitas.
• Recebimento de duplicata com depósito bancário de R$ 5.400,00.
• Pagamento de duplicata no valor de R$ 11.000,00, em cheque.
• Venda de mercadoria do estoque no valor de R$ 7.000,00 por R$ 15.000,00, a prazo.
• Pagamento de uma prestação do empréstimo no valor de R$ 2.000,00, em cheque.
Referências
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4 mar. 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0486.htm. Acesso em: 16
maio 2019.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 17 maio
2019.
BRASIL. Decreto-Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 27 dez. 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1598.htm. Acesso em:
17 maio 2019.
BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
29 mar. 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3000.htm. Acesso em: 16 maio
2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11
jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 17 maio
2019.
BRASIL. Decreto n. 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 22
jan. 2007a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6022.htm.
Acesso em: 16 maio 2019.
BRASIL. Instrução Normativa RFB n. 787, de 17 de novembro de 2007. Institui a Escrituração Contábil
Digital. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 nov. 2007b. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.
gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=15739. Acesso em: 16 maio 2019.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 28 dez. 2007c. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm.
Acesso em: 17 maio 2019.
BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 maio
2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm. Acesso em:
17 maio 2019.
BRASIL. Instrução Normativa RFB n. 1.420, de 19 de dezembro de 2013. Dispõe sobre a Escrituração
Contábil Digital (ECD). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2013. Disponível em: http://normas.
receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=48709&visao. Acesso em: 16 maio 2019.
82 Contabilidade empresarial e societária
BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 23 nov. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.
htm. Acesso em: 16 maio 2019.
HENDRIKSEN, E. S. Accounting theory and practice. 3. ed. Homewood: Richard D. Irwin, 1977.
Por sua vez, os usuários internos são os responsáveis pela gestão das empresas, para os quais
as demonstrações contábeis são imprescindíveis ao processo de tomada de decisão.
CIRCULANTE CIRCULANTE
(1) Com a adoção das práticas internacionais de contabilidade introduzida pela Lei n. 11.638/2007, muitas empresas
passaram a denominar o lado direito exp. do Balanço Patrimonial de PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Em todo o nosso
trabalho, manteremos a denominação de PASSIVO para o lado direito do Balanço Patrimonial.
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
(Continua)
Noções gerais dos relatórios contábeis 87
ATIVO PASSIVO
Investimentos
Intangível
Quando se levantam balanços em períodos menores que um ano (um exercício social), o
conceito de curto e longo prazo permanece o mesmo. Considera-se de curto prazo os valores a
receber, a realizar ou a pagar, com vencimento até 365 dias da data de cada balanço levantado. Por
Noções gerais dos relatórios contábeis 89
exemplo, em um balanço apurado em 31/05/X6, todos os valores a receber e a pagar até 31/05/X7
serão considerados de curto prazo. Já os valores a receber e a pagar com vencimento a partir de
01/06/X7 serão classificados como de longo prazo.
ATIVO CIRCULANTE
Contas a receber de clientes Duplicatas a receber de clientes por vendas a prazo Valor nominal das duplicatas
Estima das prováveis perdas com contas existentes (créditos Percentual médio histórico de perdas e/ou critério fiscal para fins de
(–) Provisão para devedores duvidosos
incobráveis) Imposto de Renda
(–) Títulos descontados Duplicatas ou saques negociados e recebidos antecipadamente Valor nominal das duplicatas ou saques
(–) Ajuste a valor presente Valor dos juros embutidos nas duplicatas a receber Valor do desconto do título por uma taxa de juros, se relevante
Estoques
Estoques de materiais direitos (matérias-primas, componentes, Custo de aquisição menos impostos recuperáveis. Critério do preço
a) De materiais (bruto)
embalagens) e materiais de consumo (manutenção, escritório) médio ponderado ou Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS)
Tributos a recuperar Saldos credores ou a recuperar de impostos e contribuições Valor dos tributos corrigidos até a data do balanço, se for o caso
Depósitos judiciais Depósitos espontâneos ou compulsórios para contenciosos Valor dos depósitos corrigidos até a data do balanço, se for o caso
Tributos diferidos IR e CSLL sobre diferenças tributárias dedutíveis no futuro Valor nominal do tributo a ser aproveitado
(–) Perdas por desvalorização Perda do valor recuperável dos ativos (impairment) Valor justo (valor de mercado ou valor em uso) inferior ao valor contábil
(–) Perdas por desvalorização Perda do valor recuperável dos ativos (impairment) Valor justo (valor de mercado ou valor em uso) inferior ao valor contábil
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores Duplicatas a pagar por compras a prazo Valor nominal das duplicatas
Faturas a pagar a fornecedores do exterior por compras a Valor em moeda estrangeira, atualizado pelo câmbio até a
prazo data do balanço
(–) Ajuste a valor presente Valor dos juros embutidos nas duplicatas a pagar Valor do desconto do título por uma taxa de juros, se relevante
Salários e encargos a pagar Remuneração dos empregados ainda não pagas Valor nominal das remunerações
Encargos legais a recolher (FGTS, INSS) Valor nominal dos encargos a recolher
Contabilidade empresarial e societária
Provisão de férias e décimo terceiro a pagar Valor dos duodécimos calculados até a data do balanço
Contas a pagar Faturas e duplicatas a pagar de contas diversas Valor nominal das faturas e contas
Tributos a recolher Tributos a recolher sobre mercadorias Valor das guias mais multas e juros, se em atraso
Tributos a recolher sobre lucros Valor das guias mais multas e juros, se em atraso
Dividendos ou lucros a pagar Valor já destinado à distribuição aos sócios ou acionistas Valor nominal (ou corrigido, se tiver esta condição)
Tributos refinanciados Tributos objeto de parcelamento Valor das parcelas devidas na data do balanço
Tributos diferidos IR e CSLL sobre diferenças tributárias tributáveis no futuro Valor nominal do tributo a ser pago
(Continua)
Balanço Patrimonial Conteúdo da conta Critério básico de avaliação
Receitas diferidas Receitas recebidas de competências de períodos futuros Valor nominal da receita a ser apropriada
Contrapartida de atualização a valor justo de instrumentos Valor justo (valor de mercado) menos o valor contábil
Ajustes de avaliação patrimonial financeiros disponíveis para venda e variação cambial de
investimentos no exterior Variações cambiais sobre o valor do investimento
Lucros Acumulados2 Lucros acumulados à espera de destinação Valor do lucro do período não distribuído
CIRCULANTE CIRCULANTE
Realizável a
100,00 100,00 NÃO CIRCULANTE
Longo Prazo
Soma Não Circulante 8.080,00 8.200,00 Soma Não Circulante 11.180,00 13.320,00
As alterações de valores dos Balanços Patrimoniais Inicial e Final decorrem das transações
dos eventos econômicos da empresa no período entre os dois balanços. As transações podem ser
qualitativas, ou seja, só alteram dados do Ativo e Passivo, bem como modificativas, isto é, que
afetam o valor do Patrimônio Líquido da empresa pelas receitas e despesas do período.
Noções gerais dos relatórios contábeis 95
R$
O registro desses eventos econômicos pela metodologia contábil das partidas dobradas
permite estruturar um exemplo dos relatórios e das demonstrações contábeis básicas de
uma empresa.
Ativo Passivo
Estoque de
R$ 20.000,00 Capital Social R$ 20.000,00
mercadorias
Fonte: Elaborada pelo autor.
Vendas R$ 30.000,00
O balanço final do período reflete o impacto desse evento no Balanço Patrimonial Final
(Tabela 5):
• o aumento da conta Caixa com o valor da receita de venda, de R$ 30.000,00;
• a diminuição da conta Estoque de mercadorias, com a baixa da mercadoria vendida no
valor de R$ 12.000,00;
• o lucro do período, no valor de R$ 18.000,00, que fica disponibilizado aos sócios para
futura distribuição ou retenção na empresa.
Tabela 5 – Balanço Patrimonial Final do Período
Ativo Passivo
Lucro exp. do
Estoque de Mercadorias R$ 8.000,00 R$ 18.000,00
período
Administrativas
Com Vendas
Tributárias
Financeiras Líquidas
Equivalência Patrimonial
• matéria-prima e componentes;
• materiais auxiliares;
• mão de obra industrial direta;
• mão de obra industrial indireta;
• despesas gerais de fábrica;
• depreciação do parque industrial.
Nas rubricas Outras Receitas e Despesas, devem ser classificadas as receitas e despesas
eventuais. Essa nomenclatura foi adotada pela Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009 (BRASIL,
2009), em substituição à rubrica anteriormente existente denominada Receitas e Despesas não
Operacionais. O conceito de não operacionais, consequentemente, deixou de existir. De qualquer
forma, por serem apresentadas abaixo do Lucro Operacional, devem representar elementos de
despesas e receitas esporádicas, eventuais ou extraordinárias, que não fazem parte do dia a dia das
operações da organização. As receitas e as despesas mais comuns a serem classificadas nesse grupo
são os valores de venda e baixa dos ativos imobilizados e intangíveis.
As participações nos resultados se referem unicamente às participações estatutárias.
As participações de administradores e empregados a título de remuneração variável devem ser
contabilizadas como despesas operacionais.
Algumas empresas preveem, nos seus estatutos sociais, a possibilidade de distribuir parte
dos lucros principalmente para os administradores, que só receberão a participação dentro das
condições previstas nos estatutos, desde que a empresa tenha lucros. Já as participações nos lucros
e resultados pagas aos empregados, determinadas pela Lei n. 10.101, de 20 de dezembro de 2000
– que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados [PLR] da empresa”
(BRASIL, 2000) –, devem ser classificadas como despesas operacionais.
Tabela 6 – Demonstração do Resultado do Período
R$
Despesas Operacionais
(Administrativas e Comerciais)
Depreciações (900,00)
(Continua)
Noções gerais dos relatórios contábeis 101
R$
R$
Verifica-se, nesta demonstração, que tanto o saldo inicial quanto o saldo final da conta de
lucros acumulados são iguais a zero. Isso porque, a partir da Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de
2007, todos os lucros obtidos passaram a ter uma destinação obrigatória (BRASIL, 2007). Assim,
a parcela dos lucros que não for destinada para os sócios ou acionistas deverá ser transferida
102 Contabilidade empresarial e societária
para reservas de lucros, com uma documentação interna que justifique a retenção para futuros
investimentos. Esse procedimento não é obrigatório para as pequenas e médias empresas, que
podem continuar a manter na conta Lucros Acumulados o valor dos lucros ainda não distribuídos.
A conta Lucros Acumulados não existirá mais como conta contábil a ser apresentada no
Patrimônio Líquido para as sociedades anônimas e para as empresas de grande porte1. Todos os
lucros deverão ser destinados, seja para os proprietários, para constituição de reservas ou para
aumento de capital.
Dessa maneira, só haverá a conta Prejuízos Acumulados até que seu valor seja absorvido
posteriormente. O valor dessa conta deverá ser absorvido pelos lucros obtidos futuramente.
Outra possibilidade de absorção dos Prejuízos Acumulados é por meio da redução do valor do
Capital Social.
1 A Lei n. 11.638 considera empresa de grande porte aquela que tem valor do Ativo superior a R$ 250.000.000,00 ou
Receita Operacional Bruta superior a R$ 300.000.000,00 (BRASIL, 2007).
Noções gerais dos relatórios contábeis 103
Caso no período ocorra algum outro evento que altere qualquer conta do Patrimônio
Líquido, este deverá ser absorvido por essa demonstração, amparado pelas normas contábeis
em vigor.
R$
Cada um desses Fluxos de Caixa merece uma análise específica pelo usuário, fundamental
para concluir o processo de entendimento da movimentação e da situação financeira da empresa.
Método indireto
O método indireto é assim denominado porque não se preocupa diretamente com a
movimentação ocorrida no caixa. Para o Fluxo de Caixa das atividades operacionais, segue-se a
premissa de que o lucro será transformado em caixa em algum momento, mas, temporariamente,
parte das receitas não será recebida. Isto é, elas ficarão retidas nas contas do Ativo Circulante. Além
disso, parte das despesas temporariamente não serão pagas, logo, restarão como obrigações no
Passivo Circulante.
Como as receitas e despesas estão contidas no lucro do período, a demonstração pelo
método indireto parte do lucro, com os ajustes por receitas não recebidas e despesas não pagas
apresentados no grupo Ajustes por mudança no capital de giro. Os demais segmentos do Fluxo de
Caixa, de investimentos e financiamentos, são similares ao método direto.
A Tabela 10 mostra a estrutura de evidenciação do método indireto do Fluxo de Caixa. Essa
demonstração se inicia com a introdução do Lucro Líquido do Período ou Exercício. Como o lucro
é obtido pelo regime de competência, é necessário fazer os ajustes para adequá-lo ao impacto que o
lucro gerará no caixa. Assim, as receitas e despesas não efetivadas financeiramente no período são
adicionadas ou subtraídas.
Em seguida, adicionam-se os ajustes das variações do capital de giro, os quais evidenciam que
parte dos elementos das despesas e receitas, que impactam as contas do Ativo e Passivo Circulante,
também não foi temporariamente efetivada financeiramente. Finaliza-se com as movimentações
financeiras classificadas como de investimentos e financiamentos.
Noções gerais dos relatórios contábeis 105
R$
Depreciações 900,00
Subtotal (180,00)
Total 1.560,00
Total (200,00)
Total (720,00)
A movimentação de caixa do período, obtida pelo somatório dos fluxos de caixa das três
atividades, adicionada ou subtraída do saldo inicial de caixa, confirma o valor do saldo final de
caixa constante no Balanço Patrimonial do período encerrado.
Método direto
Para o gerenciamento da tesouraria, bem como para a avaliação da movimentação financeira
pela controladoria, o Fluxo de Caixa, considerando a acumulação dos dados da movimentação
financeira, é fundamental para acompanhar o ciclo financeiro das transações dos eventos
econômicos.
O método direto para a elaboração do Fluxo de Caixa consiste na acumulação das informações
que movimentaram as contas do grupo disponível. Consideram-se como disponibilidades as contas
representativas de caixa, bancos e aplicações financeiras.
Nesse sentido, a Tabela 2, apresentada no início deste capítulo, traz uma série de eventos
econômicos, dos quais alguns se caracterizam por evidenciar a efetivação financeira dos eventos.
Todos esses eventos caracteristicamente financeiros devem ser acumulados em contas para a
elaboração do Fluxo de Caixa pelo método direto. No exemplo utilizado, referem-se à movimentação
de caixa os eventos números 2, 4, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 19 e 20 da Tabela 2.
A Tabela 11 mostra um exemplo do Fluxo de Caixa pelo método direto. A base para a
estruturação das movimentações desse fluxo é a movimentação financeira de pagamentos e
recebimentos ocorridos.
Tabela 11 – Fluxo de Caixa do período: método direto
R$
I – Operacional
RECEBIMENTOS
Clientes 21.910,00
PAGAMENTOS
Fornecedores (14.500,00)
Soma (20.070,00)
Total 1.840,00
(Continua)
Noções gerais dos relatórios contábeis 107
R$
II – Financiamentos
Total (500,00)
III – Investimentos
Total (720,00)
No método indireto, esse resultado está dentro do Lucro Líquido do Exercício, valor por
onde começa a apuração do lucro gerado pelas operações. É por isso que, considerando o exemplo
dado, o saldo das atividades operacionais desse método é inferior ao do método direto.
No método direto, as receitas financeiras estão apresentadas ao final, antes da evidenciação
dos saldos iniciais e finais de caixa. Por sua vez, no indireto, as despesas financeiras são consideradas
fontes das Atividades de Financiamento e estão somadas às entradas de novos empréstimos, na
rubrica Aumento dos Financiamentos de Longo Prazo (R$ 800,00). No método direto, as despesas
financeiras não são consideradas, apresentando-se tão somente o valor dos novos empréstimos
obtidos (R$ 500,00).
Valor Saldo
Conta contábil: Duplicatas a receber de clientes
(R$) (R$)
Demonstração de Demonstração do
Resultados Fluxo de Caixa
Balanço Patrimonial
Fonte: Elaborada pelo autor.
Essa demonstração tem forte cunho gerencial. Por meio dela, pode-se identificar a estrutura
básica de custos da empresa. Retrabalhando as informações nela contidas, é possível identificar
quanto é a participação de materiais, salários, encargos sociais, impostos, despesas e depreciações.
Esse tipo de informação é gerencialmente importante para a comparação entre as estruturas de
custos da empresa, do setor e dos concorrentes.
A Tabela 14, a seguir, apresenta um modelo de DVA com os eventos econômicos do exemplo
original. Para adicionar dados à demonstração, serão consideradas as seguintes informações
complementares:
• dentro das Despesas de Salários e encargos sociais, há os valores de R$ 600,00 de INSS e
R$ 650,00 de outros encargos sociais;
• dentro das despesas gerais, há o valor de R$ 300,00 de aluguéis.
Noções gerais dos relatórios contábeis 111
R$
I - Receitas
Soma 23.800,00
Soma 17.100,00
III - Retenções
Salários 1.550,00
Soma 2.200,00
INSS 600,00
Soma 2.180,00
(Continua)
112 Contabilidade empresarial e societária
R$
VII - Rendas Distribuídas
Aluguéis 300,00
Dividendos 800,00
Soma 1.400,00
Soma 340,00
O conceito básico dessa demonstração é mostrar o valor econômico gerado pela empresa
e evidenciar como esse valor gerado foi distribuído dentro da sociedade. Os principais conceitos
para o entendimento dos elementos da DVA estão apresentados a seguir:
• Valor adicionado gerado
Considera-se valor agregado a diferença entre o valor da receita bruta dos produtos e serviços
e os insumos e serviços adquiridos de terceiros.
• Valor adicionado distribuído
A distribuição do valor agregado compreende os valores incorridos com os funcionários, os
impostos gerados, os juros incorridos e os dividendos distribuídos.
Basicamente, os dados da DVA são extraídos da DRE e alguns são coletados separadamente,
mas é necessário manter a consistência dos valores apresentados na DRE com o valor do Lucro
Líquido do Exercício. Em uma empresa comercial, os dados de Receita Operacional Bruta, tributos
sobre vendas e custos das mercadorias adquiridos de terceiros são extraídos diretamente da DRE.
Por sua vez, dados como tributos sobre compras e tributos sobre as despesas operacionais são
obtidos por meio dos Balancetes de Verificação da empresa.
Os dados de gastos com pessoal e seus encargos também são obtidos no Balancete de
Verificação da empresa, uma vez que os dados da DRE são apresentados sob outra classificação
(Despesas com Vendas, Despesas Administrativas etc.). Os demais gastos tendem a estar
evidenciados também na DRE.
• Balanço social
O balanço social, mesmo não sendo uma demonstração obrigatória, decorre da consagração
do conceito de responsabilidade social das organizações. Uma empresa, consumidora e utilizadora
de recursos disponibilizados pelo ambiente natural e social, deve prestar conta de suas atividades
à comunidade, pois é claro o impacto que sua atuação exerce sobre o meio ambiente. Para tanto,
deve evidenciar a eficácia com que esses recursos estão sendo utilizados e consumidos, bem como
as atividades específicas relacionadas à comunidade.
Noções gerais dos relatórios contábeis 113
A DVA é uma das peças do balanço social. Além dessa demonstração, e em linhas gerais, o
balanço social deve apresentar as seguintes informações:
• todas as remunerações e gastos relacionados com a mão de obra, tais como alimentação,
encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, educação, creches,
participação nos lucros e resultados e outros benefícios. Devem ser incluídos todos os
dados quantitativos importantes;
• o perfil dos trabalhadores na empresa, a quantidade de admitidos e demitidos etc.;
• outras contribuições e atividades da empresa, nas áreas de educação e cultura, saúde e
saneamento, esportes e lazer etc.;
• as ações e os investimentos relacionados ao meio ambiente, decorrentes ou não das
operações da empresa.
Além dos aspectos de evidenciação das questões denominadas de sociais, a DVA também
permite análises complementares dos aspectos econômicos da empresa, pois apresenta os elementos
de despesas e receitas sob outra ótica. Isso contribui para ajudar os usuários das informações
contábeis no processo de avaliação da situação financeira, patrimonial e de resultados da empresa.
Quanto à forma de apresentá-las, não há padrão. Para cada item relevante do Ativo e do
Passivo que necessite de um detalhamento, abre-se um espaço para a apresentação. Normalmente,
faz-se uma referência numérica ligando a nota explicativa ao item que está sendo detalhado ou
analisado.
As principais notas devem abordar os seguintes itens e aspectos, segundo o art. 176, § 5º da
Lei n. 6.404/1976, com as alterações da Lei 11.941/2009:
114 Contabilidade empresarial e societária
Considerações finais
As demonstrações contábeis básicas foram estruturadas de tal forma que qualquer usuário,
independentemente de onde esteja, consiga avaliar a situação econômica e financeira de qualquer
empresa, bem como o desempenho de suas operações.
O desempenho das operações é evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício;
os efeitos das receitas e despesas, bem como dos investimentos e financiamentos, é evidenciado no
Balanço Patrimonial; e a movimentação financeira envolvendo os elementos do resultado e dos
investimentos e financiamentos é ilustrada pela Demonstração dos Fluxos de Caixa.
A análise integrada dessas três demonstrações, em conjunto com as informações
complementares contidas nas notas explicativas, é suficiente para que os investidores e demais
usuários das demonstrações contábeis consigam avaliar os investimentos e os resultados obtidos e
inferir o possível futuro da empresa.
Portanto, as demonstrações contábeis básicas representam as informações mais
importantes para que seus usuários, dentro ou fora da empresa, tenham condições de subsidiar
seus processos decisórios.
Noções gerais dos relatórios contábeis 115
• ALMEIDA, M. C. Contabilidade introdutória em IFRS e CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
Esta obra também trabalha o tema dentro da mesma abordagem da indicação anterior,
permitindo um aprofundamento dos tópicos apresentados neste capítulo.
116 Contabilidade empresarial e societária
Atividades
1. com os dados da tabela a seguir, faça o Balanço Patrimonial da empresa ABC em 31/12/2000,
classificando as contas nos grupos e subgrupos do Ativo e do Passivo.
(R$)
Caixa 6.000,00
Imóveis 390.000,00
Veículos 90.000,00
Fornecedores 215.000,00
Lucros Acumulados ? -
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 17 maio
2019.
BRASIL. Lei n. 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20
dez. 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10101.htm. Acesso em: 17 maio 2019.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28
dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso
em: 17 maio 2019.
BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 maio
2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm. Acesso em:
17 maio 2019.
5
Situação financeira
1 A administração financeira não conseguiu até hoje resolver a questão da estrutura de capital, ou seja, quanto
deve ser a parcela de recursos próprios (Patrimônio Líquido) e quanto deve ser a parcela de recursos de terceiros
(empréstimos e financiamentos) em relação ao total do Ativo. A depender do país, os parâmetros utilizados para essa
questão são variáveis de estabilidade monetária e do nível da taxa de juros, basicamente formuladas em bases empíricas
e de experiência do mercado. Conforme Ross et al. (2002, p. 362): “não há fórmula exata disponível para determinar o
quociente ótimo entre capital de terceiros e capital próprio”.
Situação financeira 121
Fica claro que a rentabilidade é o elemento mais importante para avaliar um investimento.
Por outro lado, é necessário que a distribuição do montante obtido pela rentabilidade tenha a
posterior destinação correta.
No entanto, a leitura dos relatórios contábeis é o primeiro passo para se proceder à análise
de balanço. A leitura de todos esses relatórios é imprescindível, pois é necessário um entendimento
geral de todas as rubricas das demonstrações financeiras. Essa leitura também deve compreender
o relatório da administração (se disponível) e as notas explicativas.
O relatório da auditoria externa também deve ser objeto de leitura, porque é responsabilidade
do auditor independente declarar a fidedignidade ou não das demonstrações financeiras.
Sugere-se utilizar, sempre que possível, pelo menos dois períodos. A utilização de mais de
um período é fundamental para se ter uma ideia da tendência dos números apresentados. Além
disso, a recorrência a apenas um único período não oferece condições de análises comparativas,
o que pode levar a um empobrecimento da análise. Para a maior parte dos números financeiros
analisados, a comparação com o que já ocorreu tende a ter muito significado – por isso, a utilização
de dados de pelo menos dois períodos é recomendável.
Em princípio, essas são as principais adaptações que devem ser feitas para adequar os
elementos do Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados estruturados conforme os
padrões contábeis, para um formato em conformidade com uma abordagem gerencial.
Item analisado
Análise vertical = × 100
Item referencial
Estoques 35.000,00
Análise vertical = = × 100 = 27%
Ativo total 128.000,00
Situação financeira 125
Por sua vez, a análise horizontal nominal e real (AH) é uma análise de variação (crescimento
ou diminuição). Objetiva verificar se a variação é boa ou ruim, se está dentro dos prognósticos, em
conformidade com o nível geral da economia, seguindo o planejamento etc.
Além disso, ela é útil para se comparar os elementos relacionados nas demonstrações
financeiras. Por exemplo, se o total das Receitas Brutas (na Demonstração de Resultados) aumentou
20%, seria admissível que o total de contas a receber (no Balanço Patrimonial) também aumentasse
ao redor de 20%. A fórmula é a seguinte:
Valor do período
Análise horizontal = – 1× 100
Valor do período anterior
Ano 2 42.500,00
Análise horizontal dos estoques = = – 1 × 100 = 21%
Ano 1 35.000,00
Denomina-se análise horizontal real quando se desconta a inflação do período analisado. Essa
técnica é necessária quando são utilizados vários anos, e a comparação com períodos muito antigos
requer esse complemento. Imagine-se que a inflação do ano 2 tenha sido de 5%. Matematicamente,
transformam-se primeiramente os dois dados percentuais em dados matemáticos.
Assim, 21% fica 1,21, e 5% torna-se 1,05. Dividindo-se 1,21 por 1,05 (tirando-se o valor de
um e multiplicando por 100), obtém-se o crescimento real, sem a inflação de 5% (1,21/1,05 – 1 ×
100%), que resulta em 15%.
Parâmetro básico
Ativo Circulante
Liquidez corrente = Acima de R$ 1,00
Passivo Circulante
Ativo Circulante (+) Realizável a Longo Prazo Pode ser abaixo de R$ 1,00,
Liquidez geral = dependendo
Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo do perfil da dívida de longo prazo
Disponibilidades
Liquidez imediata = Não há
Passivo Circulante
Em linhas gerais, esse conjunto de indicadores é suficiente para ampliar a análise das
demonstrações financeiras, em conjunto com os dados obtidos pelas análises vertical e horizontal.
Ano 1 Ano 2
AV AV AH
(R$) (R$)
Receita Operacional Bruta 264.000,00 126,6% 305.448,00 126,6% 16%
Lucro antes dos Tributos sobre o Lucro 12.020,00 5,8% 8.448,00 3,5% – 30%
O aumento de 15% da conta Duplicatas a Pagar mostra-se adequado, uma vez que foi inferior
ao crescimento do custo das mercadorias vendidas (18%).
Indicadores de solvência
Indicadores de atividades
Enquanto a lucratividade não tem parâmetro e varia de uma empresa para outra, a
rentabilidade tem como parâmetro o custo de capital, o qual vale para qualquer organização ou
tipo de investimento.
Os indicadores de lucratividade já constam na análise vertical da Demonstração de
Resultados, razão pela qual não há necessidade de um novo cálculo. No exemplo da Tabela 3,
ressaltam-se as margens operacional e líquida, normalmente consideradas as mais importantes.
Ambas tiveram queda significativa no ano 2.
principal indicador da análise de balanço, pois representa o quanto o acionista ou sócio ganhou no
período. Portanto, mostra a rentabilidade dos donos da empresa.
No exemplo da Tabela 3, no ano 1, a rentabilidade dos proprietários foi de 12,2% a.a., e no
ano 2, caiu para 8,1%. Uma rentabilidade é considerada aceitável a partir de 12% a.a. Portanto, a
rentabilidade do ano 2 foi fraca.
em dias de suas operações. Normalmente, não há indicadores comparáveis com outras empresas,
uma vez que cada corporação tem suas políticas de crédito, estocagem e pagamento. Contudo,
uma comparação com empresas de um mesmo setor pode ser muito útil. O ideal é que os prazos
médios de recebimento e estocagem sejam os menores possíveis, e o prazo médio de pagamento
seja o maior possível. Isso significa que a empresa sempre estará buscando o menor valor de capital
de giro.
No exemplo da Tabela 3, o prazo médio de recebimento aumentou de 34 para 37 dias. Isso
significa que há Duplicatas a Receber por vendas a prazo equivalentes a 37 dias do valor médio
diário de vendas. O aumento em dias é considerado ruim e pode ser decorrente de uma nova
política de crédito, aumentando o prazo para os clientes ou a inadimplência.
O prazo médio de estocagem também aumentou em dois dias. A função dos indicadores é
evidenciar a alteração e provocar a análise das causas que a geraram. Nesse sentido, deve-se buscar
o porquê do aumento. No exemplo, pode ser tanto a alteração na política de estocagem como
equívocos na política de compras etc. O indicador diz que a empresa tem, em média, no ano 2,
estoque suficiente para 88 dias de venda, ao custo.
Com relação ao prazo de pagamento, deve-se buscar maior prazo. Contudo, isso nem sempre
é possível, dependendo da atividade e da força de cada empresa em relação aos seus fornecedores.
O giro do Ativo é um indicador fundamental para a avaliação das atividades operacionais.
Aponta para a relação entre o total da receita no período e o total do Ativo e representa a capacidade
de o Ativo gerar receitas. Atividades de serviços e comerciais tendem a ter giros bem maiores que
atividades industriais. Sob essa ótica, não há um único parâmetro, pois este é específico de cada
empresa. Há, no entanto, uma ideia geral de que tal parâmetro deve ser maior do que R$ 1,00. No
exemplo da Tabela 3, houve um aumento do giro, o que deve ser considerado bom.
• o Passivo operacional será representado apenas por obrigações que têm custo financeiro,
isto é, os empréstimos e financiamentos que têm encargos financeiros e o Patrimônio
Líquido, que conta com o custo do capital próprio;
• a Demonstração do Resultado será reformatada, criando-se o conceito de lucro operacional
líquido dos tributos sobre o lucro;
• também será criado o conceito de despesa financeira líquida das receitas financeiras,
líquida dos tributos sobre o lucro.
Essas duas reformatações estão apresentadas a seguir nas Tabelas 4 e 5:
Tabela 4 – Balanço Patrimonial: formato financeiro
(–)
Parâmetro básico
Receita Operacional Líquida Depende da atividade
Giro do Ativo =
Ativo Operacional O maior possível
Parâmetro básico
Ano 1 Ano 2
(R$) (R$)
Método Dupont
Alavancagem financeira
Com base nos dados expostos na tabela, pode-se verificar que a queda da rentabilidade
operacional do ano 2 foi decorrente da redução da margem de lucro sobre as vendas, e não do Giro
do Ativo, pois este foi melhor no ano 2 em comparação ao ano 1. Portanto, o foco das atenções
deve ser dado aos elementos da Demonstração de Resultados, verificando o porquê da queda da
margem operacional.
A Tabela 6 também apresenta a análise da alavancagem financeira, termo utilizado
para caracterizar o uso do capital de terceiros. A recorrência a esse capital (empréstimos e
financiamentos) só deve ser feita se seu custo for inferior à rentabilidade operacional. Na tabela em
questão, constata-se o fenômeno da alavancagem, pois o uso de capital de terceiros redunda em
maior rentabilidade para os proprietários.
Do exposto, pode-se identificar que nos dois anos houve alavancagem financeira, justificando
o uso de capital de terceiros. A rentabilidade operacional nos dois anos é maior do que o custo do
dinheiro de terceiros, possibilitando que a rentabilidade do Patrimônio Líquido seja maior do que
a do Ativo operacional.
• Custo dos títulos de dívida do governo (Selic, taxa de juros dos títulos do governo
americano etc.).
• No Brasil, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).
• Em âmbito internacional, a London Interbank Ofered Rate (Libor), mais utilizada na
Europa, e a Prime Rate, mais utilizada nos EUA.
• Média anual da rentabilidade das principais bolsas de valores no mundo etc.
As empresas que conseguem obter retornos dentro ou acima da média do mercado tendem
a ser atrativas para os investidores, oferecendo a possibilidade de captar recursos adicionais, o que
facilitará seu crescimento no mercado.
Ano 1 Ano 2
(R$) (R$)
Custo de oportunidade de capital 12% a 12%
A transferência de lucro líquido para reserva de lucros implica que a empresa está em um
processo de reinvestimento de lucros. Verifica-se, contudo, que no ano 2 a rentabilidade caiu e,
consequentemente, a política adotada deve ser questionada.
Situação financeira 139
O retorno final em dinheiro para os proprietários no ano 2 foi de apenas 3,2%. Esse baixo
percentual deve ser motivo de questionamentos sobre a rentabilidade geral da empresa.
*Valor aleatório
Fonte: Elaborada pelo autor.
No exemplo, a relação P/L do ano 1 subiu de 8,2 para 10,5, mostrando que, se esse patamar
de obtenção de lucro continuar, o retorno do investimento demorará mais de 10 anos.
(–) Aumento de Outras Contas Realizáveis (20,00) –0,1% (50,00) –0,3% 150%
(+) Aumento de Salários e Encargos a pagar 530,00 3,0% 400,00 2,4% –25%
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais 12.129,00 68,5% 6.868,00 41,1% –43%
Saldo Inicial de Caixa e Aplicações Financeiras 2.900,00 16,4% 5.000,00 29,9% 72%
Saldo Final de Caixa e Aplicações Financeiras 5.000,00 28,2% 2.000,00 12,0% -60%
Fonte: Elaborada pelo autor.
específicas ou em alguns períodos. Uma empresa não tem sustentabilidade com fluxo de caixa
operacional neutro ou negativo.
O Fluxo de Caixa das atividades de investimentos pode ser negativo, desde que seja coberto
por fluxos operacionais e de financiamento. A organização está sempre em constante investimento
e crescimento; consequentemente, é normal que esse fluxo seja negativo.
Por sua vez, o Fluxo de Caixa de financiamentos poderá oscilar. Nos períodos de grande
investimento, ele provavelmente será positivo. Já em tempos de maturação de investimentos, haverá
a tendência de o fluxo dos financiamentos ser negativo, pois os empréstimos e financiamentos
deverão ser amortizados.
Considerações finais
A análise da situação financeira de uma empresa deve ser feita em conjunto com a análise
das situações econômica e patrimonial. A base para essa análise está nas demonstrações contábeis
básicas ou financeiras.
Sob essa ótica, o fluxo das atividades operacionais (comprar, produzir, vender) é refletido
economicamente na Demonstração do Resultado do Exercício; o fluxo financeiro, na Demonstração
dos Fluxos de Caixa; e o efeito econômico e financeiro dos eventos econômicos e financeiros é
canalizado para o Balanço Patrimonial.
Em linhas gerais, pode-se dizer que a situação financeira significa o efeito das decisões que
geram o lucro, cujas informações constam na Demonstração do Resultado do Exercício, assim
como das decisões de investimento e financiamento, cujas informações se apresentam no Balanço
Patrimonial.
Dessa maneira, não se recomenda analisar unicamente a situação financeira sem, antes,
passar pela análise profunda da Demonstração dos Resultados e da situação patrimonial contida
no Balanço Patrimonial.
O desenvolvimento da ciência contábil consolidou esse conjunto de análises em uma
metodologia denominada análise financeira ou análise de balanço. Essa metodologia permite
aprofundar a análise financeira e econômica, obtendo uma avaliação geral sobre a situação
financeira, econômica e patrimonial da empresa referente aos momentos e períodos de análise,
por meio dos números contidos nas demonstrações contábeis básicas.
• HIGGINS, R. C. Análise para administração financeira. 10. ed. Porto Alegre: McGraw
Hill; Bookman, 2014.
Essa publicação permite ampliar o assunto tratado neste capítulo, ao abordar com
profundidade a inter-relação entre as demonstrações contábeis e os conceitos gerais de
administração financeira.
Atividades
Para realizar as atividades deste capítulo, considere as seguintes demonstrações financeiras
de uma empresa comercial. Leve em conta, também, que no Ativo não Circulante não há Realizável
a Longo Prazo:
Balanço Patrimonial
Ano 1 (R$) Ano 2 (R$)
ATIVO CIRCULANTE 255.000,00 230.000,00
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 25.000,00 25.000,00
Dupls. a Receber – Clientes 98.000,00 87.000,00
Estoques 132.000,00 118.000,00
3. Realize uma breve avaliação dos resultados e da situação financeira da empresa nos dois
anos analisados.
Referências
BUFFET, M.; CLARK, D. Warren Buffett e a análise de balanços. Rio de Janeiro: Sextante, 2010.
HIGGINS, R. C. Análise para administração financeira. 10. ed. Porto Alegre: McGraw Hill; Bookman, 2014.
PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de. Análise das demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage,
2010.
1 Regimes contábeis
1. Primeiramente, a apuração pelo regime de caixa não permite identificar o momento
gerador da riqueza, do lucro. Em segundo lugar, no regime de caixa não são eliminados
os efeitos dos tributos, já que os valores se apresentam pelos dados financeiros. Em
terceiro lugar, o regime de caixa não considera as provisões e os encargos financeiros
que ocorrerão no futuro e já são incorporados pelo regime de competência. Além disso,
a utilização estrita do regime de caixa prejudica sobremaneira o controle de contas a
receber e a pagar, pois não contabiliza os valores das receitas a receber nem os valores
das contas a pagar, uma vez que só as considera quando do efeito no caixa.
2. c.
3.
4. b.
5. a.
6. c.
2 Estrutura contábil
1.
Ativo Passivo
Ativo Passivo
Saldo bancário 140.000,00 Patrimônio Líquido 300.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00
Total 300.000,00 300.000,00
146 Contabilidade empresarial e societária
Financiamento 15.000,00
Ativo Passivo
Saldo bancário 95.000,00 Empréstimo 15.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00 Patrimônio Líquido 300.000,00
2 veículos 60.000,00
Total 315.000,00 315.000,00
2.
Aplicação em Investimento 90.000,00
Ativo Passivo
Saldo bancário 5.000,00 Empréstimo 15.000,00
Fundo de investimento 90.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00 Patrimônio Líquido 300.000,00
2 veículos 60.000,00
Total 315.000,00 315.000,00
3.
Salários a Pagar O C
Saldo bancário D D
Despesas de viagens P D
Capital Social P C
Estoque de mercadorias B D
Imóveis B D
Aluguéis recebidos P C
Duplicatas a Pagar O C
Duplicatas a Receber D D
4.
Imóveis Diminuição C
5.
Balanço Inicial
Ativo Passivo
Balanço Final
Ativo Passivo
(Continua)
148 Contabilidade empresarial e societária
Demonstração do Resultado
Vendas 18.000,00
Lucro 11.200,00
2. A contabilidade financeira tem como foco os usuários externos de qualquer região. Portanto,
os princípios que a regem devem ser cuidadosamente normatizados, a fim de que haja uma
uniformização do entendimento. O mesmo não é necessário para a contabilidade gerencial,
cujo enfoque reside no usuário interno e na tomada de decisão, sendo que cada decisão pode
requerer um modelo e um tipo de mensuração diferente.
4.
Fato (1)
Fato (2)
Fato (3)
Fato (4)
Fato (5)
Fato (6)
5.
Caixa Capital Social
(1) 50.000,00 50.000,00 (1)
48.000,00 (2)
200,00 (4)
(5) 300,00
2.100,00
6.
Saldo bancário Capital Social
20.000,00 50.000,00
(1) 5.400,00
11.000,00 (2)
2.000,00 (4)
12.400,00
Estoque Empréstimo
40.000,00 15.000,00
7.000,00 (3) (4) 2.000,00
33.000,00 13.000,00
Ativo R$
Estoque 33.000,00
Passivo
Empréstimo 13.000,00
Despesas
Receitas
Imobilizado
Soma 474.000,00
Intangível
2.
12 parcelas = R$ 7.800,00
152 Contabilidade empresarial e societária
4. Até 31/12/X2, foram pagas as três primeiras parcelas. Como o curto prazo representa o
próximo exercício, as 12 parcelas primeiras ainda por pagar representam o endividamento
de curto prazo = R$ 650,00 × 12 = R$ 7.800,00. Como faltam 33 parcelas e 12 já constam
no curto prazo, as 21 parcelas restantes são endividamento de longo prazo = 21 parcelas ×
R$ 650,00 = R$ 13.650,00.
Em 28/02/X3, foram pagas mais duas parcelas, restando 19 de longo prazo e 12 de curto
prazo. Assim, o endividamento de curto prazo é de 12 parcelas × R$ 650,00 = R$ 7.800,00 e
19 parcelas de R$ 650,00 = R$ 12.350,00.
Em 31/07/X3, foram pagas dez parcelas, vencidas de 31/10/X2 até 31/07/X3. Portanto,
faltam 26 parcelas, sendo 12 de curto prazo e 14 de longo prazo (12 parcelas × R$ 650,00 =
R$ 7.800,00 e 14 parcelas × R$ 650,00 = R$ 9.100,00).
Em 31/12/X3, foram pagas 15 parcelas, restando 21 parcelas, sendo 12 de curto prazo e 9 de
longo prazo (12 parcelas × R$ 650,00 = R$ 7.800,00 e 9 parcelas × R$ 650,00 = R$ 5.850,00).
5.
6.040,00 3.550,00
Investimentos
6.
a) No balanço, o valor a ser apresentado é o valor a pagar mais os juros devidos até a data
do balanço.
• Juros de 3% ao mês (6 meses × 3% = 18% para 180 dias)
• Juros para 2 meses (novembro e dezembro/X4) = 6%
• R$ 2.000 × 6% = R$ 120,00
• Saldo em 31/12/X4 = R$ 2.120,00
b) No balanço, o valor dos estoques a ser apresentado inclui o custo mais todos os gastos
necessários até a mercadoria entrar na empresa.
• R$ 160,00
c) No balanço, as mercadorias devem ser apresentadas pelo custo, salvo se o preço de
mercado for menor.
• R$ 220,00 (custo ou mercado, o menor)
d) As aplicações devem ser apresentadas no balanço pelo valor aplicado mais os juros
proporcionais a serem recebidos até a data do balanço.
• Juros de 6% para 3 meses; 2% ao mês
• 1% para 15 dias (de 16/12/X4 até 31/12/X4)
• Juros de 15 dias = R$ 5,00
• Saldo em 31/12/X4 = R$ 505,00
5 Situação financeira
1.
Balanço Patrimonial
Ano 1 (R$) AV Ano 2 (R$) AV AH
(Continua)
154 Contabilidade empresarial e societária
Balanço Patrimonial
Lucro antes dos Tributos sobre o Lucro 10.783,00 3,3% 18.990,00 5,4% 76%
2.
(Continua)
Gabarito 155
Indicadores de atividades
4.
(–)
5.
Análise da Rentabilidade
Método Dupont
Alavancagem financeira
Rentabilidade do Patrimônio
6,16% a.a. 9,97% a.a.
Líquido
6.