Microbiologia
Microbiologia
Microbiologia
2012
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Profª. Mara Rúbia Lenzi
Prof. Júlio Roussenq Neto
579
L575m Lenzi, Mara Rúbia
Microbiologia / Mara Rúbia Lenzi; Júlio Roussenq Neto.
2. Ed. Indaial : Uniasselvi, 2012.
211 p. : il
1. Microbiologia.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico!
Bons estudos!
III
NOTA
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS.................................................................. 1
VII
TÓPICO 2 – GENÉTICA MICROBIANA E VARIABILIDADE ................................................... 105
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 105
2 MATERIAL GENÉTICO DE CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS.................. 105
3 DUPLICAÇÃO DO DNA OU ADN................................................................................................. 107
4 GENE E A TRANSCRIÇÃO GÊNICA – RNA OU ARN.............................................................. 110
5 MUTAÇÃO............................................................................................................................................ 111
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 112
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 114
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 115
VIII
TÓPICO 4 – METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA............................ 197
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 197
2 AULAS PRÁTICAS............................................................................................................................. 198
LEITURA COMPLEMENTAR 1........................................................................................................... 199
LEITURA COMPLEMENTAR 2........................................................................................................... 201
LEITURA COMPLEMENTAR 3........................................................................................................... 203
3 JOGOS DIDÁTICOS.......................................................................................................................... 205
4 RECURSOS AUDIOVISUAIS........................................................................................................... 206
5 SAÍDAS DE CAMPO.......................................................................................................................... 208
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 209
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 210
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 211
IX
X
UNIDADE 1
MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará, no final
de cada um deles, leituras complementares e atividades que irão contribuir
para a compreensão dos conteúdos explorados.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Em sua imaginação, quando você pensa em Microbiologia,
com certeza irá pensar em todos aqueles micróbios (microrganismos) que causam
doenças ou em seres tão repulsivos que, de tão pequenos, são invisíveis a olho nu.
Sua imaginação estará voltada também para aqueles indivíduos de roupas brancas,
sentados à frente de microscópios, em seus laboratórios, pesquisando um mundo
distante e pouco conhecido por você. É muito difícil para você, quando pensar em
Microbiologia, fazer qualquer relação desses seres com a vida na Terra. Olhando ao
seu redor, com certa atenção, você irá se deparar com um grande trabalho microbiano.
A ação microbiana é intensa e de extrema importância para o ambiente e em todos os
aspectos da vida humana. Seria impossível a vida na Terra sem a presença deles.
UNI
ATENCAO
4
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
3 ORIGEM DA VIDA
Tentar entender de onde surgiram os seres vivos sempre ocupou a mente
da maioria das pessoas e, em razão disso, diversas explicações foram construídas ao
longo da história da humanidade. Filósofos gregos tentaram explicar o surgimento da
vida na Terra. Entre eles está Aristóteles que, há mais de 2000 anos, já se preocupava
com o problema e lançou inúmeros postulados que iriam guiar por muito tempo as
diversas áreas do conhecimento. Entre as várias ideias sobre a origem da vida, uma
delas ganhou destaque: a do “princípio ativo” ou “princípio vital”.
E
IMPORTANT
Para citar um caso muito interessante, no século XVII, Jean Baptiste Van
Helmont, médico belga, escreveu uma receita para produzir camundongos em
21 dias a partir de uma camisa suja colocada em contato com germe de trigo.
UNI
Para você ter uma ideia, muitos daquela época acreditavam que de cascas de
árvores à beira de um lago originavam-se gansos ou que algumas árvores davam frutos que
continham carneiros completamente formados dentro deles. Sapos e tartarugas surgiam a
partir de fontes de água. Folhas de árvores que caíam sobre lagos originavam patos. Insetos
em geral surgiam de fezes de animais ou de qualquer outro material em putrefação.
5
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
UNI
Vamos estudar agora como Redi tentou derrubar a Teoria da Abiogênese através
de um experimento simples.
E
IMPORTANT
6
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
7
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
Caldo vertido
no frasco
Caldo fervido
ATENCAO
8
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
3.1 MICROSCÓPIO
Para Pelczar, Chan e Krieg (1997a), nem sempre as grandes descobertas são
feitas por cientistas profissionais, e sim, por cientistas amadores. A Microbiologia, como
qualquer outra ciência, envolve um processo de interação de ideias e instrumentos.
Novos instrumentos nos permitem melhores observações, que, por sua vez, servem
de base para difundir um maior número de grandes ideias. O século XVII foi marcado
pelo desenvolvimento de uma atitude diferente perante a pesquisa livre. Com essa
nova atitude, inúmeros instrumentos foram aperfeiçoados, entre os quais as lentes, que
irão, sem dúvida, contribuir para facilitar as investigações científicas.
UNI
ATENCAO
9
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
suporte do lente
material material
biológico
placa
de metal
placa
de metal
parafuso de
regulagem
ATENCAO
10
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
11
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
NOTA
12
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
NOTA
E
IMPORTANT
Caro acadêmico! Você reparou que muitos assuntos tratados neste Caderno já
foram estudados na disciplina de Citologia? Pois bem, é importante relembrar alguns tópicos
para darmos continuidade aos estudos.
E
IMPORTANT
NOTA
14
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
recebem o nome de seres eucariontes) (Figura 8) são as que possuem núcleo, bem
como todas as outras estruturas membranosas, tais como: retículo endoplasmático
liso e rugoso, complexo golgiense, lisossomos, mitocôndrias etc.
cápsula
fímbrias
camada externa
camada de parede celular
peptidoglucano
membrana plasmática
DNA em nucleóide
flagelo
FONTE: Disponível em: <http://www.cynara.com.br/citologia/img/
procariotica.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
Centrossoma
Peroxissoma
Ribossoma
Membrana plasmática
Complexo de Golgi
Microvilosidade Membrana plasmática
Microfilamentos Mitocôndria
Filamentos intermédios
Microtúbulos Lisossoma
Citosqueleto
FONTE: Disponível em: <http://esmmbg.no.sapo.pt/celulanimal3.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
15
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
No grupo dos seres procariontes estão as bactérias, que são seres unicelulares
e que iremos estudar com mais profundidade. Já o representante dos grupos dos
eucariontes são todos os vegetais, animais, fungos e protistas (Amoebas, Paramecium etc.).
Podemos dizer que tanto as células procarióticas como as eucarióticas são semelhantes
em vários aspectos e que compartilham, assim, de algumas características. Entre elas,
está a presença da membrana plasmática, cuja função é a de isolar a célula do ambiente
externo, bem como controlar a passagem de substâncias. A outra característica é a
presença do citoplasma, que é constituído por um líquido gelatinoso também chamado
de citosol, além de outras substâncias altamente necessárias às funções vitais (processos
metabólicos) da célula. Por último, as células apresentam material genético (DNA),
que codificam informações genéticas, ou seja, essas informações estão inscritas em
código que controlam todo o funcionamento das células.
NOTA
16
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
FIGURA 10 – COCOS
17
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
Bem diferente dos cocos são os bacilos (Figura 11). Eles se dividem em
apenas um plano, formando arranjos em uma grande variedade de padrões
característicos, porém com algumas exceções. Eles podem produzir células
unidas pelas extremidades ou simplesmente lado a lado.
FIGURA 11 – BACILOS
Forma de bastonete: Dois bacilos juntos: Cadeias de Bacilos: Emparelhados, Bacilos todo a
Bacilos Diplobacilos Estreptobacilos lado ou em figuras X, V ou Y
FIGURA 12 – ESPIRILOS
18
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
NOTA
Sabemos que uma das principais diferenças entre uma célula procariótica
e uma célula eucariótica é a ausência de uma membrana nuclear na célula
procariótica. O que as bactérias possuem, na realidade, é uma região nuclear
chamada de nucleoide, uma área do citoplasma que corresponde ao núcleo
das células eucarióticas, porém desprovida de uma membrana. Essa região
é constituída principalmente por DNA e por algum RNA, com proteínas
associadas. O DNA está arranjado em um longo cromossomo (cromossomo
bacteriano), dando-lhe um formato circular. A célula procariótica pode conter
ainda pequenas moléculas de DNA circular – plasmídios (Figura 13), que têm
informações genéticas que suplementam as informações no cromossomo.
19
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
E
IMPORTANT
TUROS
ESTUDOS FU
FIGURA 14 – ENDÓSPORO
ATENCAO
DICAS
21
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
22
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
De uma forma geral, as células eucarióticas são bem maiores e com uma
grande complexidade em relação às células procarióticas. Boa parte das células
eucarióticas possui um diâmetro maior que 10 μm, sendo que algumas podem
atingir diâmetros ainda maiores. Outra particularidade das células eucarióticas
é a sua grande variedade de estruturas altamente diferenciadas. Para Carneiro
e Junqueira (2000), uma das grandes características das células eucarióticas está
na sua riqueza de membranas, que formam compartimentos que separam os
diversos processos metabólicos. Tudo isso graças às diferenças enzimáticas entre
as membranas dos vários compartimentos, bem como ao direcionamento das
moléculas absorvidas. Essas e tantas outras características conferem às células
eucarióticas um aumento na eficiência e, além disso, promovem uma separação
das atividades, que permite um aumento no seu tamanho, sem qualquer prejuízo
de suas funções.
ATENCAO
ATENCAO
Caro acadêmico! Na leitura que segue encontram-se algumas palavras que são
usadas na linguagem de Portugal. Procuramos ser fiéis às fontes consultadas.
23
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Actualmente, a
maioria dos biólogos considera procariontes
procarionte
A B C D
Modelo endossimbiótico
Procarionte heterotrófico aeróbico Procarionte fotossintético Cloroplasto
Mitocôndria Mitocôndria
Célula hospedeira ancestral Célula eucariótica fotossintética
FONTE: Disponível em: <https://biomania.com.br/artigo/unicelularidade-e-pluricelularidade>
Acesso em: 22 mar. 2018.
25
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
• Para que a microbiologia pudesse progredir, várias teorias tiveram que ser
refutadas, entre elas a da geração espontânea (abiogênese).
27
• As células bacterianas possuem uma membrana celular, citoplasma, ribossomos,
região nuclear, bem como estruturas externas.
• Células eucarióticas são bem maiores e muito mais complexas do que as células
procarióticas, sendo as unidades básicas tanto de seres microscópicos como dos
macroscópicos (Protista, Fungi, Plantae e Animallia).
28
AUTOATIVIDADE
29
4 A chamada “estrutura procariótica”, apresentada pelas
bactérias, indica-nos que esses seres vivos são:
7 Microbiologia é:
30
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que há uma enorme diversidade de formas de organismos
vivos. Essas formas de vida possuem uma dinâmica muito grande e estão sujeitas
a contínuas alterações evolutivas, resultado de sucessivas mutações e seleção
natural nos ambientes em constante transformação. De todos os organismos
biológicos que conhecemos, os microrganismos estão entre os mais antigos.
Consequentemente, eles tiveram muito mais tempo de evolução. Neste tópico,
iremos conhecer os principais grupos de microrganismos, bem como as suas
sistematizações e taxonomia.
2 TAXONOMIA
Podemos dizer que a Microbiologia se encarrega de estudar os organismos
microscópicos. Esses organismos possuem em comum somente o tamanho, porém
muitos são unicelulares, sendo que alguns possuem a capacidade de viverem
associados, formando colônias ou estruturas pluricelulares, como as algas e os
fungos. Antes de a genética molecular possuir todo o desenvolvimento que possui
hoje, os organismos eram classificados segundo os seus caracteres morfológicos, a
sua fisiologia e também pelo seu comportamento. Dessa forma, podiam-se obter
informações sobre o grau de evolução do organismo que se queria classificar. Com
isso, houve classificações do tipo filogenético, que analisavam as relações evolutivas
dos organismos vivos. Ocorreram muitas falhas de classificação nos estudos dos
seres unicelulares e, com o desenvolvimento de novas técnicas de classificações,
as antigas foram sendo substituídas. Para Roitman, Travassos e Azevedo (1991,
p. 107), “[...] a ciência que tem como objetivo tentar ordenar o caos aparente da
diversidade biológica é a taxonomia”. Segundo os mesmos autores, é muito
comum a utilização da palavra sistemática como um sinônimo de taxonomia,
porém ela está mais voltada para a parte de classificação e pode também significar
a ordenação de outras entidades fora do âmbito da taxonomia. Para Black (2002, p.
208), “[...] a taxonomia é a ciência da classificação. Ela fornece uma base ordenada
para a denominação dos organismos em uma categoria, ou táxon”.
31
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
UNI
32
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
FIGURA 17 – CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS EM REINOS PROPOSTA POR LINEU EM 1735
E HAECKEL EM 1866
PLANTAE ANIMALIA PLANTAE ANIMALIA
Plantas Cordados Plantas
vasculares vasculares Cordados
Artrópodes
s
iár do erme
Musgos e Artrópodes
An olu
Musgos
es Fungos
elí sc
liquenos
po te inod
M
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e
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Anelídeos n
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Fungos te
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s
Bactérias
Ciliados PROTISTA
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Chordata
Basidiomycota
Ascomycota
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a
Ch po
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ata
M
Bryo
yta
ta Zygomycota
culata
phyta
inod
ata
Echin tognatha
yta
zoa the a int ta
PLANTAE Tentathes
elimn s
An
s
oderm
roph
Aschhelminthe
he
Ech
hyt a
na
ta
Cha
tog
e
yco
Phaeop
Ne As Te
Chytridiomycota
odo hyta
a
ae
h
ata
Pyrrophyta Domycota
Tracheophyta
ulom
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c
C
Platy
Ch
p
phy
ter
zoa
s
Acra myco
r
n
io La iom
Chlo
Po ele
Bryophyta
as orid Meso
Basidiomycota
a
Celenterata
Co
s
o
er
cot
Rh
yta
Myx
Cn rozo oromyta
ta
rif
Ascomycota
o
phy
tigin ia
Phaeoph
Porífera
ty
ophyta
Zygomycota
a
Pla
yso
Zo ido a
om sp
Opisthokonta
Mycomicota
sm trid
a
Acrasiae
phy
Chorophyta
Chr
inara
Pla chy
Euglen
Protoplasta
o
Charophyta
o
Zoomastigina
od o
dolo
rcioph
a
pho
ot
a
ta
Cridosporidi
S Cil
Fungili
Euglenophyta
ora
Hy
yc
Pyrrophyta
phy
Rho
Inophyta
Oom
Sarcodina
iph
yso
Cil
Chr
PROTISTA
PROTISTA Bac
teria
Cy
an
MONERA
op
hy
Archezoa MONERA
ta
33
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
E
IMPORTANT
34
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
Aquifex Diplomonadas
35
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
UNI
Para entender melhor a importância da classificação dos seres vivos, vamos fazer
uma analogia. Imagine você entrando numa biblioteca para fazer uma pesquisa sobre bactérias
e se depara com 2 mil livros, de diversas áreas, todos espalhados e misturados. Sua pesquisa
irá se tornar bem complicada, não acha? Agora, imagine entrar nessa mesma biblioteca com
todos os livros organizados por área de conhecimento. Com certeza sua pesquisa será bem
mais fácil. Com os seres vivos acontece o mesmo. São milhares de espécies classificadas para
facilitar o estudo.
TUROS
ESTUDOS FU
3 CLASSIFICAÇÃO
A classificação dos organismos macroscópicos pode ser feita, em um
primeiro momento, baseando-se nas características estruturais visíveis, porém,
é muito complicado fazer uma classificação dessa forma para os organismos
microscópicos, em especial para as bactérias, que possuem na sua grande maioria
estruturas semelhantes. Não adiantaria em nada tentar fazer uma separação de
acordo com a sua forma, tamanho e muito menos pelo arranjo da célula, pois
não seria muito útil como forma de classificação sistêmica. Nem mesmo se fosse
avaliar a presença de estruturas específicas – flagelos, endósporos ou cápsulas –
iria ajudar na identificação de espécies particulares. Por tudo isso, há a necessidade
de outros critérios para serem usados em uma classificação.
36
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
E
IMPORTANT
Categorias taxonómicas
Reino
Filo
Número de espécies
Número de grupos
Classe
Ordem
Familia
Gênero
Espécie
37
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
3.1 BACTÉRIAS
Para o estudo das bactérias e sua classificação, utiliza-se uma técnica de
colocação para o estudo de sua morfologia. É a técnica da coloração de Gram,
que consiste em tratar bactérias com dois corantes, um violeta e outro rosa
(PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Certas bactérias retêm os dois corantes,
apresentando a coloração violeta ao microscópio, porém outras perdem o corante
violeta, exibindo apenas a cor rosa.
E
IMPORTANT
NOTA
O termo cepa (no feminino) vem do latim cippus, que deu cepo, “tronco”,
população de microrganismos de uma mesma linhagem ou descendência ou uma amostra
de germes de uma mesma espécie cultivada em laboratório – uma clonagem de bactérias.
38
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
Para Black (2002, p. 228), “[...] relacionar gêneros de bactérias com níveis
taxonômicos superiores – famílias, ordens, classes e divisões (ou filos) – pode ser
mais difícil que organizar espécies e cepas dentro dos gêneros”. A classificação
de vários organismos macroscópicos é feita levando-se em conta as suas relações
evolutivas com outros organismos que possuem registros fósseis. Pela falta de
registros fósseis, fica muito difícil fazer esse tipo de classificação em bactérias. Para
Pelczar, Chan e Krieg (1997a, p. 231), “[...] as bactérias têm sido descritas em vários
livros e artigos, mas uma publicação é considerada única devido à ampla abordagem
sobre o assunto – o Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology”. O manual citado -
Manual de Bacteriologia Determinativa de Bergey – é um grande trabalho publicado
em 1923, pela Sociedade Americana de Microbiologia, tendo como presidente
do grupo editorial o autor David H. Bergey. Através do esforço de centenas de
microbiologistas, esse manual é de referência internacional. Cada um com a sua
especialidade em algum grupo de bactérias foi montando o manual no qual não só se
descrevem todos os gêneros e as espécies estabelecidas, mas também se fornece uma
organização altamente prática, gerando a diferenciação de todos esses organismos.
Apresenta também esquemas e tabelas de classificação extremamente apropriadas
no processo. Segundo Black (2002, p. 228), “O Manual Bergey tornou-se referência
internacionalmente reconhecida para a taxonomia das bactérias. Serviu também
como um ponto de referência confiável para os profissionais médicos interessados na
identificação dos agentes causadores de infecções”.
39
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
ATENCAO
3.2 PROTOZOÁRIOS
São microrganismos eucariontes e unicelulares. São seres que não
possuem parede celular rígida e não contêm clorofila. Alguns protozoários
possuem apêndices que facilitam na sua motilidade, como cílios (curtos, finos e
numerosos) e flagelos (longos, que fazem movimentos de um chicote) (Figura 21).
40
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
FIGURA 22 – AMEBA
Os fungos são seres eucariontes com parede celular rígida. Podem ser
uni ou multicelulares, microscópicos ou macroscópicos. Não possuem clorofila,
portanto, não realizam o processo de fotossíntese. São seres heterotróficos, que
absorvem nutrientes dissolvidos no ambiente. Os fungos multicelulares mais
conhecidos são os bolores, cogumelos, orelhas-de-pau e mofos, enquanto as
leveduras são fungos unicelulares (Figura 25).
FIGURA 25 – LEVEDURAS
42
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
E
IMPORTANT
TUROS
ESTUDOS FU
Caro acadêmico! Os vírus são microrganismos, porém não são constituídos por
célula. Você estudará esse assunto mais profundamente na Unidade 3.
3.4 VÍRUS
Os vírus não são células. São microrganismos muito menores que os até
aqui estudados e muito mais simples em relação à estrutura das bactérias. Muitos
são parasitas, inserindo-se no material genético de células e causando grandes
prejuízos. Causam doenças graves no ser humano, como: AIDS, herpes, gripe,
poliomielite, hepatite, dentre outras mais. Alguns vírus também têm participação
no crescimento de alguns tumores malignos.
43
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
NOTA
Os vírus são bem menores que as bactérias. Seu tamanho varia de 20 a 300
nanômetros, enquanto que as bactérias variam de 0,5 a 5 micrômetros de diâmetro.
TUROS
ESTUDOS FU
44
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Mas, com uma única dose do vírus Biophage-PA, que somente ataca
esta bactéria, os médicos conseguiram curar pacientes que sofriam de infecções
de ouvido causados por biofilmes de bactérias que não respondiam mais aos
antibióticos.
45
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
Dose única
46
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você estudou que:
47
• As algas são semelhantes às plantas devido à presença de um pigmento verde, a
clorofila, que participa do processo da fotossíntese. Apresentam parede celular
rígida. São seres eucariontes, unicelulares, microscópicos e multicelulares.
• Os fungos são seres eucariontes com parede celular rígida. Não possuem
clorofila. São seres heterotróficos, que absorvem nutrientes dissolvidos no
ambiente.
• Os vírus não são células. São microrganismos muito menores que os até aqui
estudados e muito mais simples em relação à estrutura das bactérias. Muitos
são parasitas, inserindo-se no material genético de células e causando grandes
prejuízos ao hospedeiro.
48
AUTOATIVIDADE
1 Relacione as colunas:
I- Autotrófico ( ) Possui membrana nuclear.
II- Fotossíntese ( ) Possui mais de uma célula.
III- Heterotrófico ( ) Seres que possuem só uma célula.
IV- Procarionte ( ) Processo de produção de alimentos.
V- Unicelular ( ) Alimentam-se de outros seres.
VI- Eucarionte ( ) O material genético não está em um núcleo.
VII- Pluricelular ( ) Seres capazes de produzir seu alimento.
49
III- Diásporos são células resistentes, formadas quando as condições de
alimento para as bactérias são favoráveis.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
50
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Como já vimos no tópico anterior, as bactérias são seres unicelulares
procariontes. Apesar de seu tamanho, são seres altamente complexos. Neste
tópico, encontraremos uma complexidade fascinante com detalhes estruturais
que jamais puderam ser vistos pelos primeiros microbiologistas.
membrana externa
peptideoglicano
membrana citoplasmática
Bactérias gram positivas
peptideoglicano
membrana citoplasmática
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_VMBOsntaNIU/TGknyYDN6II/
AAAAAAAAF4U/uJ_WnKGvdx0/s1600/Gram.gif>.Acesso em: 25 set. 2010.
51
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
AF Fibria Axial
AF PC OS IP PC Protoplasma Cilíndrico
OS Bainha Externa
IP Inserção do Poro
Protoplasma cilíndrico
Nucleóide
Ribossomos
Parede celular
Fibria axial
Microtúbulos
Membrana plasmática
Bainha externa
FONTE: Disponível em: <http://www.ugr.es/~eianez/Microbiologia/images/08flag4.gif>.
Acesso em: 25 set. 2010.
52
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
ATENCAO
As bactérias podem formar nódulos na raiz de plantas como o feijão. Elas ajudam
essas plantas, retirando o nitrogênio do ar atmosférico e tornando-o disponível para a planta.
53
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
54
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
E
IMPORTANT
Gênero: é geralmente designado para um substantivo, que deve ser escrito com
inicial maiúscula.
Espécie: é geralmente designada por um adjetivo, que é escrito com inicial minúscula.
Ambos devem ser grifados (quando se usa escrita manual) ou escritos com tipo de letra de
imprensa diferente do texto normal.
55
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
A B C
FONTE: Disponível em: <http://pathmicro.med.sc.edu/fox/enterobact.htm>. Acesso em:
25 set. 2010.
56
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
57
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
58
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
Outro gênero que apresenta uma formação celular arranjada aos pares
ou em cadeias e que causa várias patogenias aos seres humanos é o Streptococcus.
Entre as espécies patogênicas mais destacadas está o Streptococcus pyogenes
(Figura 38), que é causador de uma série de doenças graves, entre elas a angina
estreptocócica, febre reumática e a escarlatina. Não podemos nos esquecer de
outra espécie altamente patogênica, que causa a pneumonia bacteriana em
humanos – Streptococcus pneumoniae. Existem outros não menos importantes, mas
que não têm ações patogênicas graves. Entre eles, estão o Streptococcus faecalis,
que faz parte da flora normal do trato intestinal humano e de outros animais; e o
Streptococcus lactis que contamina o leite e outros derivados lácteos. É empregado
na fabricação de fermentados lácteos e na produção de queijos.
59
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
60
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
UNI
O iogurte foi conhecido na Europa por volta de 1542, trazido da Ásia. A palavra
iogurte em turco significa “engrossar”. Era conhecido como o elixir da juventude, mas não
era muito consumido, pois causava repulsa pelo seu sabor azedo. As proteínas do leite são
parcialmente pré-digeridas por ação das bactérias lácticas, o que permite uma melhor digestão.
FIGURA 41 – Lactobacillus
61
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
F O N T E : D i s p o n í v e l e m : < h t t p : / / f a r m 1 . s t a t i c . f l i c k r.
com/110/283397827_f071de4335_m.jpg>. Acesso em: 25 set. 2007.
62
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
UNI
63
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
FIGURA 45 – Actinomicetos
DNA Mesossomos
Duplicação
do DNA
FONTE: Disponível em: <http://static.infoescola.com/wp-content/
uploads/2009/11/cissiparidade-fissao-binaria.jpg>. Acesso em: 25 set. 2010.
64
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
65
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
ATENCAO
66
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
ATENCAO
A sigla pH quer dizer Potencial Hidrogeniônico. Consiste num índice que indica
a acidez, a neutralidade ou a alcalinidade de uma substância qualquer. É determinado pela
concentração de íons de Hidrogênio (H+). Quanto menor o pH de uma substância, maior a
concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH-. Substâncias com valores de
pH 0 a 7 são ácidas, valores em torno de 7 são neutras e valores de pH 7 a 14 são denominadas
básicas ou alcalinas. Esse assunto você estudou na disciplina de Química Geral e Orgânica.
67
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Itamar J. Medeiros
68
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
69
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:
70
AUTOATIVIDADE
71
6 Considere os seguintes processos:
ATENCAO
72
PRÁTICA - MICROBIOTA E HIGIENIZAÇÃO DE MÃOS
1 INTRODUÇÃO
ATENCAO
Essa prática requer que você, professor-tutor externo, prepare o material com 24
horas de antecedência da realização da aula.
73
2 OBJETIVOS
3 MATERIAIS
4 PROCEDIMENTO
74
4.2 COLETA DE AMOSTRAS
1 Explique a alteração na cor das colônias e no meio de cultura, Ágar sal manitol,
quando ocorre o crescimento de Staphylococcus aureus.
75
3 Compare os resultados dos diferentes sabonetes e antissépticos utilizados para
realização da higienização das mãos.
UNI
• As placas de Petri, com crescimento microbiano, devem ser esterilizadas em autoclaves para
somente depois fazer o descarte como resíduos sólidos comuns (domiciliares).
• Caso não seja possível fazer a esterilização, descartá-las como resíduos sólidos contaminados, ou
potencialmente contaminados.
REFERÊNCIAS
ATENCAO
76
PRÁTICA - COLORAÇÃO DE GRAM
1 INTRODUÇÃO
A coloração de Gram é utilizada para classificar as bactérias com base na
morfologia e na reação aos corantes de Gram. Adicionalmente, esse teste auxilia
na identificação rápida e presuntiva de micro-organismos. As bactérias são gram-
positivas ou gram-negativas de acordo com as diferenças na composição química
da parede celular e presença ou ausência de membrana externa.
DICAS
2 OBJETIVOS
3 MATERIAIS
- água destilada;
- alça bacteriológica ou de Henle ou de semeadura;
- bico de Bunsen;
- corantes: cristal-violeta, solução de Lugol, mistura de álcool-acetona (1:1) ou
álcool etílico a 95%, solução de safranina ou Fucsina básica 0,1% a 0,2%;
77
- cultura de bactéria em meio sólido ou líquido, ou amostra de urina;
- lâminas;
- suporte para realizar a coloração.
4 PROCEDIMENTO
78
FIGURA 2 – FIXAÇÃO DO ESFREGAÇO ATRAVÉS DO CALOR
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
79
4.4 LEITURA DO GRAM
5 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS
Bactéria
(bastonete Gram-negativo) Citoplasma
Núcleo
Bactérias
(cocos Gram-positivos)
UNI
DESCARTE/SEGURANÇA
- As placas de Petri, com crescimento microbiano, devem ser esterilizadas em autoclaves para
somente depois fazer o descarte como resíduos sólidos comuns (domiciliares).
80
- Caso não seja possível fazer a esterilização, descartá-las como resíduos sólidos contaminados,
ou potencialmente contaminados.
- As lâminas coradas com Gram podem ser reutilizadas após serem limpas com álcool 70%.
REFERÊNCIAS
ATENCAO
81
82
UNIDADE 2
METABOLISMO E GENÉTICA
MICROBIANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Nessa unidade vamos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta segunda unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará, no fi-
nal de cada um deles, leituras complementares e atividades que contribuirão
para a compreensão dos conteúdos explorados.
TÓPICO 3 – BIOTECNOLOGIA
83
84
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Há uma necessidade dos organismos vivos em retirar energia utilizável
biologicamente dos alimentos ingeridos, o que constitui uma função primária dos
animais de todas as espécies. Esses organismos são, de certa forma, verdadeiras
máquinas químicas, pois essa função só é obtida através da atividade de uma série
de catalisadores biológicos (enzimas) e outras estruturas que levam diretamente
ou indiretamente a uma sequência de reações químicas.
85
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
E
IMPORTANT
NOTA
86
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
ADP
Energia
+ Pi Energia
Crescimento celular,
reprodução, manutenção
e movimento
DEGRADAÇÃO
Energia Sistema de Energia
SÍNTESE requerida armazenamento liberada
e trasnferência
Síntese de compostos
de energia
e estrutura celulares
(acoplamento) Quebra de substratos
ou nutrientes
Produtos da degradação
servem como unidades
básicas para a produção
dos compostos celulares
88
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
Bactéria Características
Autotróficas Aquelas que obtêm seus átomos de carbono diretamente do gás CO2.
Aquelas que obtêm seus átomos de carbono a partir de moléculas
Heterotróficas
orgânicas capturadas no ambiente.
Fototróficas Aquelas que utilizam luz como fonte primária de energia.
Aquelas que dependem de reações de oxirredução de compostos
Quimiotróficas
inorgânicos ou de compostos orgânicos para obtenção de energia.
São capazes de produzir elas mesmas as substâncias orgânicas que
Fotoautotróficas lhes servem de alimento, tendo como fonte de carbono o CO2 e como
fonte de energia, a luz.
Utilizam luz como fonte de energia, mas não conseguem converter o
CO2 em moléculas orgânicas. Assim utilizando compostos orgânicos
Foto-heterotróficas que absorvem do meio externo como fonte de carbono para a
produção dos componentes orgânicos de sua célula. Essas bactérias
são anaeróbias.
Utilizam oxidações de compostos inorgânicos como fonte de energia
Quimioautotróficas para a síntese de substâncias orgânicas a partir do CO2 e de átomos de
H provenientes de substâncias diversas.
Utilizam moléculas orgânicas como fonte de energia e de átomos de
Químio-heterotróficas
carbono que ingerem como alimento.
89
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
NOTA
E
IMPORTANT
90
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
A primeira lei diz que a energia não é criada e nem destruída, ou seja,
nos processos físicos e químicos, a energia pode ser perdida ou ganha, sendo
transferida de um sistema para outro. Jamais poderá ser criada, muito menos
destruída. Para Purves et al. (2002, p. 97), entende-se por sistema “qualquer
parte do universo que contenha matéria e energia próprias. Um sistema fechado
é aquele que não troca energia ao seu entorno. Uma garrafa térmica, por exemplo,
não ganha e nem perde calor e, desse modo, o material em seu interior é um
sistema fechado”.
Já a segunda lei nos diz que nem toda a energia pode ser usada e a desordem
tende a aumentar, o que ocorre é uma dissipação da energia, ou seja, nenhum
processo, quer físico ou químico (reação), tem uma eficiência de 100% e boa parte
da energia liberada pelo processo não pode ser convertida em trabalho. Essa
energia é perdida para uma forma associada com a desorganização estrutural.
A energia dissipada, bem como a desorganização de estruturas organizadas,
passa a ser uma tendência natural e recebe o nome de entropia. Purves et al.
(2002) comentam que essa energia é perdida para uma forma associada com a
desordem. Os trabalhos mecânicos e químicos são realizados pelas atividades
celulares e demandam uma quantidade de energia. Temos como exemplo dois
tipos de trabalho: mecânico, a movimentação de cílios e flagelos; e químico, a
sintetização de macromoléculas, bem como todas as demais reações químicas que
requerem energia para acontecer.
91
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
Energia
Produtos
transferida
Energia Catabolismo
Energia contida
nas moléculas
Reagentes
A
Decurso de reação
ADP+ P ATP + H2O
Energia
Reagentes transferida
Energia contida
nas moléculas
Produtos
Energia Anabolismo
Decurso de reação
E
IMPORTANT
92
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
O O O
O O O
Grupo
fosfato
OXIDAÇÃO REDUÇÃO
a) Ganho de elétrons.
a) Perda de elétrons.
b) Perda de oxigênio.
b) Ganho de oxigênio.
c) Ganho de hidrogênio.
c) Perda de hidrogênio.
d) Ganho de energia (armazena energia em
d) Perda de energia (libera energia).
compostos reduzidos).
e) Exotérmica = Exergônica (desprende energia
e) Endotérmica = Endergônica (necessita de
em forma de calor).
energia, como a do calor).
94
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
DICAS
95
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
Existe a utilização, por parte das células, da energia das reações oxidativas
para a sintetização de ATP, porém, não é apenas em uma única reação que
ocorre a liberação de grande quantidade de energia. Nesse processo, temos uma
via transportadora de elétrons em uma série integrada de reações oxidativas
sequenciais. Nessa série, há a liberação de energia de forma gradativa, em
muitas etapas, que a célula utiliza. Temos, então, um doador de elétrons ou,
simplesmente, um composto reduzido, que é um nutriente absorvido pela célula
ou um nutriente resultante da quebra, que foi absorvido pela célula. Além disso,
um aceptor final de elétrons (composto oxidado) é adquirido do meio em que a
célula está presente. Nas bactérias, o sistema de transporte de elétrons fica junto
à membrana citoplasmática, sendo que nas células eucarióticas, encontra-se na
membrana interna das mitocôndrias.
96
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
E
IMPORTANT
Vamos observar, então, que a energia é liberada a cada passo em uma série
sequencial de oxidação. Acontece que, apenas em algumas etapas, essa quantidade de
energia é liberada, porém, suficiente para a produção de ATP. Um detalhe interessante é que,
antes que aconteça a produção de ATP, a energia é primeiramente armazenada na forma de
força protomotiva.
ATENCAO
Temos ainda outra forma de fonte de energia para a síntese de ATP. Esse
processo utiliza a luz como fonte energética e é denominado fotofosforilação. A luz
é a fonte principal para produzir a força protomotiva. É a partir da força que ocorre
a síntese do ATP. Como exemplo de organismos que realizam a fotofosforilação,
temos as cianobactérias, as algas e as plantas verdes. O processo acontece no
interior da célula desses organismos em estruturas celulares membranosas
especiais: os tilacoides (Figura 55), que, de acordo com o tipo de organismo,
podem ser encontrados em locais diferentes dentro da célula. Nas cianobactérias,
os encontramos soltos no citoplasma. Já nas algas e nas plantas verdes estão
contidos numa estrutura denominada granum, presente nos cloroplastos.
97
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
Estroma Estroma
lamela
Tilacoide
Espaço
intermembranal
Granum
UNI
98
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Esta técnica ainda não está implantada pelo seu elevado custo, mas a
questão da viabilidade, ou seja, maximização da produtividade pode acelerar a
adoção desta nova prática.
100
TÓPICO 1 | CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO
LEITURA COMPLEMENTAR 2
Como fazer:
Resultado Esperado:
101
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você estudou que:
a) ( ) Fermentação.
b) ( ) Combustão.
c) ( ) Fotólise.
d) ( ) Oxidação eletrônica.
e) ( ) Respiração aeróbia.
103
4 Em relação aos tipos de reações, classifique as seguintes
sentenças em A (endergônica) e B (exergônica):
( ) É o processo de remoção de um
III- Fotofosforilação. grupo fosfato de um determinado
composto químico, sendo adicionado
de forma direta à molécula de ADP.
104
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Podemos dizer que um dos mais estimulantes campos das ciências biológicas,
por que não dizer de toda a ciência, é a genética, que estuda os mecanismos de
hereditariedade, ou seja, as características que são passadas de uma geração para
a outra. Nesse tópico, vamos estudar como as bactérias fazem a síntese do ácido
nucleico (DNA e RNA) e entender como estão envolvidas na síntese de proteínas,
visto que essas moléculas são a base da genética. Estudaremos também como
agem os genes (uma porção específica do DNA), que quando introduzidos em
bactérias, as transformam em fábricas proteicas, que são utilizadas na composição
de medicamentos, na produção de hormônios humanos, como do crescimento, a
insulina etc. Entender como os genes são regulados e/ou alterados quando sofrem
mutações. Vamos aprender que a informação hereditária em uma célula microbiana
é similar às encontradas nas células animais e vegetais, que estão arranjadas em
moléculas específicas, formando um código próprio de DNA e, com isso, podem
fazer cópias exatas e transmitir as informações para as próximas gerações.
bacterium
plasmid
bacterial
chromosome
Centrômero
Telômero
Célula
Histonas Pares de
bases
ADN (doble
hélice)
Gen
FONTE: Disponível em: <http://recursos.cnice.mec.es/biosfera/alumno/2bachillerato/
genetica/contenido6.htm>. Acesso em: 10 out. 2010.
106
TÓPICO 2 | GENÉTICA MICROBIANA E VARIABILIDADE
UNI
107
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
3' 5'
108
TÓPICO 2 | GENÉTICA MICROBIANA E VARIABILIDADE
Adenina
Citosina
Timina
A molécula do DNA é composta por milhares de blocos. Estes são ligados em forma de uma escada em
helicoide. As bases são a Citosina, a Guanina; a Timina e a Adenina. As bases estão reunidas aos pares.
A Timina só se liga à Adenina, e a Citosina à Guanina. Qualquer base pode ocupar qualquer lugar na cadeia,
porém acompanhada de seu par.
ATENCAO
109
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
Transcrição Ribossomo
(Síntese de ARNm)
Proteína
110
TÓPICO 2 | GENÉTICA MICROBIANA E VARIABILIDADE
5 MUTAÇÃO
A palavra mutação significa mudança, ou seja, toda alteração que a molécula
de DNA possa sofrer. Essas alterações ocorrem nas sequências de nucleotídeos da
molécula de DNA e são responsáveis pelas mudanças nos padrões evolutivos, tanto
dos microrganismos como dos organismos superiores. Essas mudanças (mutações)
ocorridas nos microrganismos produzem diferentes linhagens (cepas) dentro
das espécies. Essas mudanças ocorridas no DNA durante as mutações afetam os
organismos como um todo, causando sérios problemas funcionais.
Erro na
síntese
Mutação
5'
Replicação Replicação
do DNA do DNA
3'
DNA
1a. geração
2a. geração
FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/Citologia2/mutacao.
jpg>. Acesso em: 10 out. 2010.
LEITURA COMPLEMENTAR
DNA Recombinante
DNA complementar
112
TÓPICO 2 | GENÉTICA MICROBIANA E VARIABILIDADE
Numa terceira fase é utilizado o DNA polimerase que identifica a zona onde
se localiza o primer e reconhece essa zona como dupla cadeia, e assim pode atuar,
replicando o resto da cadeia de DNA, ou seja, fazendo a elongação dos primers.
Bombardeamento de partículas
113
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
114
AUTOATIVIDADE
115
6 A mutação gênica, nos organismos eucariontes:
a) ( ) Mutação.
b) ( ) Fluxo gênico.
c) ( ) Seleção natural.
d) ( ) Recombinação gênica.
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3
BIOTECNOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Através da manipulação do material genético de alguns organismos,
pode-se, hoje, fazer qualquer transferência desse material de um organismo para
outro com consequências incríveis. Podemos utilizar as informações obtidas,
decorrentes das transferências do material genético entre os microrganismos,
e aplicá-las na indústria farmacêutica, alimentícia, na agricultura, na medicina
e nas áreas que apresentam problemas específicos de prevenção e tratamento
de doenças específicas. Essas técnicas são utilizadas por engenheiros genéticos
através do avanço do conhecimento da genética molecular, inaugurando uma
nova área da Biologia, que é a Biotecnologia. Vamos estudar, nesse tópico,
quais são esses mecanismos, através dos quais ocorrem as transferências e suas
consequências para a humanidade.
117
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
Cromossomo
118
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA
Célula
hospedeira
Cromossomo Pili
119
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
Produtos Organismos
Solvente orgânico Acetona/butanol Clostridium acetobutylicum
Iniciadores de cultura e
Bactérias produtoras de ácido
fermento para alimentos e
lático ou leveduras de pão
Biomassa agricultura
Proteínas de organismo
Candida utilis
unicelular
Ácido cítrico Aspergillus niger
Ácidos orgânicos
Ácido lático Lactobacillus delbrueckii
Ácido glutâmico Corynebacterium glutamicum
Aminoácidos
Lisina Brevibacterium flavum
120
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA
DICAS
Você encontrará mais informações sobre as proteínas especiais que são úteis
inclusive na indústria, não apenas na área de alimentos, mas em muitos outros setores no
site <http://www1.univap.br/drauzio/index_arquivos/MBIIIL002.pdf>. Boa leitura!
121
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Existem vários tipos de vírus, que são seres dependentes, ou seja, precisam
de outro ser para executarem o seu ciclo de reprodução, introduzindo o seu
material genético dentro das células do ser hospedeiro. Sinteticamente, os vírus
lançam o seu DNA para dentro das células hospedeiras, que, por sua vez, vão
beneficiar os mecanismos de transcrição e tradução dessas células hospedeiras
para produzir mais cópias do seu DNA e, por conseqüência, do vírus, infectando
assim célula após célula.
122
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA
Vacinas
Produção de Proteínas
123
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
124
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR 2
TRANSGÊNICOS
125
UNIDADE 2 | METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA
126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você estudou que:
127
AUTOATIVIDADE
128
5 Com relação aos mecanismos de transferência de genes,
associe as colunas:
I– Conjugação. ( ) Quando a bactéria absorver
II– Transdução. moléculas de DNA que
III– Transformação. estão livres no ambiente, conferindo-lhe
características diferentes.
( ) Quando as bactérias se unem através
de um canal tubular proteico, por onde
ocorre a transferência de genes.
( ) Quando ocorre a transferência de genes
de uma bactéria para outra através de
um vetor – os vírus.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) A sequência correta é: I – II – III.
b) ( ) A sequência correta é: II – III – I.
c) ( ) A sequência correta é: II – I – III.
d) ( ) A sequência correta é: III – I – II.
129
130
UNIDADE 3
CONTROLE DOS
MICRORGANISMOS E OS
PRINCIPAIS GRUPOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta terceira unidade está dividida em quatro tópicos. Você encontrará, no fi-
nal de cada um deles, leituras complementares e atividades que contribuirão
para a compreensão dos conteúdos explorados.
TÓPICO 2 – VÍRUS
131
132
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
A probabilidade em épocas passadas de adoecer e chegar à morte era muito
grande. A falta de higiene, ou melhor, o total desconhecimento da boa higiene
provocava sérios danos à saúde. A inexistência de bons antissépticos e antibióticos
podia fazer com que as infecções ficassem fora do controle. Um pequeno ferimento
poderia ser uma sentença de morte para a pessoa. A ação microbiana nesses tempos
era devastadora. Os alimentos eram preservados de forma incorreta, sem qualquer
técnica de armazenamento. Em pouco tempo, a ação bacteriana provocava sua
desintegração, tornando-se impróprios para o consumo.
133
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Termo Definição
Esterilização A destruição ou remoção de todos os microrganismos num material ou objeto.
A redução dos microrganismos patogênicos a um número que eles não
Desinfecção
apresentem nenhum risco de causar doença.
Um agente químico que pode seguramente ser usado externamente em tecidos
Antisséptico
vivos para destruir microrganismos ou para inibir seu crescimento.
Um agente químico usado em objetos para destruir microrganismos. A maioria
Desinfetante
dos desinfetantes não mata os esporos.
Um agente químico tipicamente usado em equipamentos de manipulação de
Sanitizador alimentos e utensílios culinários para reduzir o número de bactérias de modo a
satisfazer os padrões da saúde pública.
A sanitização pode ser realizada através de uma simples lavagem com sabão e
Agente
detergente.
Bacteriostático Um agente que inibe o crescimento de bactérias.
Um agente capaz de matar rapidamente os micróbios; alguns desses agentes matam
Germicida
efetivamente certos microrganismos, mas somente inibem o crescimento de outros.
134
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DO CONTROLE MICROBIANO
Bactericida Um agente que mata bactérias. A maioria destes agentes não mata os esporos.
Viricida Um agente que mata vírus.
Fungicida Um agente que mata fungos.
Esporicida Um agente que mata os endósporos bacterianos ou os esporos fúngicos.
ATENCAO
135
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
ATENCAO
Caro acadêmico! Para entender melhor, observe o quadro a seguir, no qual foi
feita uma comparação dos dois métodos de destruição de esporos bacterianos: calor úmido
e calor seco.
136
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DO CONTROLE MICROBIANO
E
IMPORTANT
Vapor Porta
Câmara de
vapor
Ar
Termômetro
137
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
ATENCAO
A esterilização feita pelo método de calor seco (ex.: forno) é utilizada em objetos
de metal e vidrarias, sendo muito satisfatória (talvez o único) na esterilização de substâncias
à base de óleos e também pós. Vale lembrar que o calor seco possui uma penetração muito
lenta nas substâncias do que o calor úmido.
138
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DO CONTROLE MICROBIANO
Leite
E
IMPORTANT
ATENCAO
139
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Membrana Plasmática
Citoplasma Mesosomas
Parede Celular
Ribosomas
FONTE: Disponível em: <http://www.akarilampadas.com.br/aplicacoes/introducao-a-luz-
ultravioleta-uvc.php>. Acesso em: 10 out. 2010.
140
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DO CONTROLE MICROBIANO
141
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Pasteurização
Esterilização Comercial
Branqueamento
143
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
LEITURA COMPLEMENTAR 2
Ovo: pode abrigar a bactéria Salmonella, que causa diarreia, febre e vômitos, e
até óbito em crianças, gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado. “O
maior risco é ingerir o ovo mal cozido (com a gema mole) ou cru (usado em alguns
preparos como a maionese)”, alerta a nutricionista Patrícia Ramos, coordenadora
do Serviço de Nutrição do Hospital Bandeirantes, de São Paulo.
“Ela deve ser cozida na hora e por cinco minutos após levantar fervura”,
aconselha Dr. Bactéria. Cuidado ainda com o purê que acompanha o sanduíche:
por ser preparado com leite e muitas vezes ficar exposto inadequadamente – o
que também pode causar problemas.
“Nunca coma maionese feita com ovos crus ou em embalagens que ficam
fora da geladeira. Prefira os sachês industrializados para maionese, mostarda e
catchup”, diz Maria Bernadete.
Sobras do almoço: aquele arroz com feijão que sobrou do almoço podem
ficar para o jantar e até para o dia seguinte, desde que manipulados de maneira
adequada. “Tire das panelas, acondicione-os em outro recipiente e leve-os à
geladeira”, ensina Jaqueline Bernardini.
“Pode guardá-los até mesmo quentes. Isso não estraga a geladeira, nem
a comida”, diz Dr. Bactéria. Mas até que esfriem, mantenha o recipiente aberto.
“Aquelas gotículas de água que se formam na tampa (umidade) podem facilitar a
proliferação de bactérias”, completa a nutricionista.
145
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
“Esse tipo de alimento não pode ficar mais de duas horas em temperatura
ambiente, sob o risco de favorecer a proliferação de bactérias e toxinas”, alerta
Dr. Bactéria.
146
RESUMO DO TÓPICO 1
147
AUTOATIVIDADE
148
5 “Processo de eliminação de vírus, fungos e formas vegetativas
de bactérias, porém não seus esporos” é o conceito de:
a) ( ) Esterilização.
b) ( ) Desinfecção.
c) ( ) Viricida.
d) ( ) Esporicida.
149
150
UNIDADE 3
TÓPICO 2
VÍRUS
1 INTRODUÇÃO
Convivemos com os vírus desde o nosso nascimento. Em boa parte da
nossa vida, o nosso corpo é invadido por diferentes tipos de vírus, que utilizam as
nossas células para se multiplicar, levando-as, muitas vezes, à morte. Na história
da humanidade, conhecemos grandes epidemias de microrganismos e, entre elas,
os vírus possuem um lugar de destaque pelos danos causados (gripe espanhola,
pólio, HIV, Ebola, dengue, varíola, febre amarela etc.).
Muitos dos vírus que imaginávamos estarem eliminados são hoje uma
preocupação para os cientistas, pois começam a reaparecer e causar sérios
problemas à saúde pública, denominando-os de vírus reemergentes. Pouco se
sabe o motivo do reaparecimento, mas já se podem prever as consequências. Hoje,
a pesquisa científica nos dá um melhor entendimento das doenças provocadas
pelos vírus, bem como da sua estrutura e todo o seu processo de replicação. As
consequências de todo esse conhecimento é o aumento da habilidade dos cientistas
para desenvolver metodologias para aprimorar o controle e a erradicação de
todas as infecções virais.
2 CARACTERÍSTICAS GERAIS
Como já mencionamos anteriormente, nosso convívio com os vírus vem
desde o nosso nascimento. Durante toda a nossa vida, tipos diferentes de vírus
invadem o nosso corpo, causando-nos sérios problemas de saúde. Algumas
células do nosso corpo vão possuir alguns vírus em estado de latência (inativo
– período de incubação de uma doença), que podem ficar em estado de repouso
absoluto durante toda a vida ou podem se multiplicar, provocando infecção
viral. Estão amplamente distribuídos no meio ambiente, causando infecções em
animais, vegetais, fungos e em alguns microrganismos (bactérias).
151
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
152
TÓPICO 2 | VÍRUS
FIGURA 70 – CAPSÍDEO
Envoltura
Envelope lipídico
Capsídeo Capsômero
Proteína
viral
Protômero
Ácido Ácido
nucleico nucleico
153
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Glycoproteins
Envelope
Tegument
Capsid
ds DNA
154
TÓPICO 2 | VÍRUS
FIGURA 73 – ESPÍCULAS
Espículas
F O N T E: A d a p t a d o d e : < h t t p : / / b l o g d o d i t o . co m . b r / w p - co n t e n t /
uploads/2009/11/blog-virus.jpg>. Acesso em: 17 out. 2010.
2.1 REPLICAÇÃO
O processo de replicação viral é muito variado. Sabemos que estando fora
da célula hospedeira, os vírus não apresentam qualquer atividade metabólica e,
com isso, não têm a capacidade de reprodução pelos processos característicos
de outros microrganismos. O processo de replicação viral acontece quando os
componentes proteicos e o seu ácido nucleico são reproduzidos no interior dos
hospedeiros mais sensíveis. O vírus coordena todo o processo metabólico da
célula hospedeira, redirecionando-a, para que ela produza novos vírions em vez
de deixá-la trabalhar normalmente na produção de um novo material celular.
O vírus, de uma maneira geral, percorre algumas etapas em que ele possa
acelerar o processo de produção de mais vírions. Essas etapas, denominadas ciclos
de replicação, começam pela adsorção, que é o momento em que ele se fixa às
células hospedeiras. Numa próxima etapa, temos a penetração, ou seja, é a entrada
de seu genoma nas células hospedeiras. Dentro das células hospedeiras, o próximo
passo é fazer a síntese dos novos materiais de ácidos nucleicos, bem como a síntese
das proteínas do capsídeo e todos os outros componentes. O vírus promove tudo
isso, utilizando-se da maquinaria bioquímica (metabólica) das células. Com a
155
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
UNI
Absorção
Entrada
Replicação
Montagem
Liberação
fato da existência das diferenças entre as células procarióticas de uma bactéria com
as células eucarióticas dos animais e dos vegetais. Outros pontos de divergências
são quanto ao processo de maturação e liberação, bem como o efeito nas células
hospedeiras de animais e vegetais, que são totalmente diferentes dos fagos.
NOTA
FIGURA 75 – BACTERIÓFAGO
Capsideo proteico
Cabeça
DNA
Colar
Bainha da cauda
Núcleo
bacteriófagos designados por T2, T4 e T6 são os fagos T (T = tipo). Esses fagos não
apresentam envelopes e são complexos, além de possuir como material genético o
DNA de fita dupla. Dentre todos os fagos, o mais estudado é o T4, que apresenta,
na sua estrutura morfológica, um capsídeo em forma de cabeça, colar e cauda. O
DNA está empacotado na sua cabeça poliédrica, ligada a uma cauda espiralada.
Esse fago é considerado parasita intracelular obrigatório da Escherichia coli.
Parede
bacteriana
Cromossomo
bacteriano
Célula
hospedeira DNA do fago
Fago T4
Fibras proteicas
da cauda do fago
Parede bacteriana
Membrana plasmática
da célula bacteriana
Citoplasma bacteriano
158
TÓPICO 2 | VÍRUS
Quanto ao ciclo de vida dos bacteriófagos, podemos dizer que existem dois
tipos principais, que são: lítico (Figura 76) – também chamado de virulento – e
temperado ou avirulento. Os bacteriófagos com ciclo lítico provocam a destruição
das células bacterianas, ou seja, o vírion se replica e a célula hospedeira bacteriana
se rompe. Com o rompimento, ocorre a liberação dos novos fagos para infectar
outras células hospedeiras bacterianas. Esse fato não acontece com os bacteriófagos
temperados, pois não destroem as células hospedeiras bacterianas. O que ocorre
nessa infecção é que o ácido nucleico do vírus é incorporado ao genoma da célula
hospedeira, replicando-se na célula hospedeira bacteriana de geração em geração,
sem provocar o rompimento (lise) da célula. Todo esse processo é chamado de
ciclo lisogênico, que ocorre somente nos bacteriófagos de DNA de fita dupla. Em
certas situações e em gerações adiante, o bacteriófago pode provocar o ciclo lítico
de forma espontânea e romper as células hospedeiras bacterianas.
159
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Injeção de
gamaglobulina em
pessoas que entram
Hepatite Gotículas de muco e saliva; Febre, anorexia, náuseas,
em contato com o
Infecciosa contaminação fecal de água e objetos. mal-estar, icterícia.
doente; saneamento,
cuidados com alimentos
ingeridos.
160
TÓPICO 2 | VÍRUS
E
IMPORTANT
A febre aftosa é uma doença contagiosa causada por vírus. Essa doença atinge
animais que são utilizados na nossa alimentação, como: bois, cabras, porcos e ovelhas. Nós
não desenvolvemos essa doença, porém podemos servir de veículo para a contaminação
desses animais.
161
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Acredita-se que um mal que acomete bovinos, a doença da vaca louca, seja
uma doença provocada por príons. A doença da vaca louca é também conhecida
como encefalopatia espongiforme bovina (ou EEB).
162
TÓPICO 2 | VÍRUS
163
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
LEITURA COMPLEMENTAR 2
Carolina Khodr
O Código Penal prevê cadeia para quem transmite doença por ato sexual.
Na Câmara, três projetos a respeito do assunto abordam os portadores de HIV. A
comunidade médica se divide sobre o tema, mas o Ministério da Saúde e ONGs
têm posição contrária.
164
RESUMO DO TÓPICO 2
• Os vírus são agentes infecciosos não celulares, com genomas que podem ser de
DNA ou RNA.
• Há dois tipos de fagos: lítico e lisogênico (temperado), sendo que no ciclo lítico
ocorre o rompimento da célula hospedeira bacteriana e no lisogênico pode
acontecer ou não o rompimento.
165
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Bactéria.
b) ( ) Protozoário.
c) ( ) Vírus.
d) ( ) Fungos.
e) ( ) Algas.
166
4 Impressionados com a notícia do poder arrasador de como o
vírus Ebola vem dizimando uma certa população na África,
alguns alunos de um colégio sugeriram medidas radicais para
combater o vírus desta terrível doença. Considerando-se que
este agente infeccioso apresenta características típicas dos demais vírus,
assinale a alternativa que contenha a sugestão mais razoável:
a) ( ) A é um retrovírus.
b) ( ) A pode causar gripe.
c) ( ) A é um vírus envelopado.
d) ( ) A é um bacteriófago.
167
6 DNA pode facilitar a transformação de proteínas
envolvidas em doenças degenerativas. Estudos recentes
podem ajudar a entender como a proteína normal se
transforma em príon, o agente infeccioso responsável pela
transmissão de doenças espongiformes que atacam animais, inclusive o
homem.(Ciência Hoje, v. 30, n 179, p. 12-13).
a) ( ) A vaca louca.
b) ( ) A dengue.
c) ( ) A cólera.
d) ( ) O carbúnculo.
e) ( ) A influenza.
168
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Até agora nossas atenções estavam voltadas somente aos microrganismos
procarióticos, ou seja, às bactérias do Reino Monera, bem como aos organismos
acelulares, os vírus. Neste tópico, estudaremos os microrganismos eucariontes,
que também despertam interesse junto à comunidade científica pelo fato de
existirem milhares de espécies.
2 FUNGOS
Num passado distante, os fungos foram considerados plantas que haviam
perdido as suas características funcionais, ou seja, perderam a clorofila e sem ela
não tinham a capacidade de realizar a fotossíntese. Por esse motivo, eles foram
incluídos no Reino Plantae. Em décadas mais recentes, as classificações admitem
que os fungos são diferentes dos outros grupos de seres vivos e passam a integrar
um reino próprio – o Reino Fungi (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Todos
os fungos são eucarióticos heterotróficos, isto é, não possuem capacidade de
sintetizar matéria orgânica, pois, ao contrário das plantas, são desprovidos de
clorofila. Alguns são saprofíticos – fungos que vivem sobre matéria orgânica em
decomposição.
169
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Fungo
(Boletus)
Hifas del
hongo
Raízes do
pinheiro
Hifas (Pinus)
Raízes
MICORRIZAS
170
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
171
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Estruturas produtoras
Hifas de esporas
Micélio
FONTE: Disponível em: <http://www.cientic.com/imagens/img_fungo2.
jpg>. Acesso em: 17 out. 2010.
172
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
173
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
174
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
175
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Gametófito
Micélio
Gameta Gameta
Cisto
Fusão celular
Zigoto e nuclear
móvel Zoósporo
haplóide
Meiose
Cisto
Zoosporângio
Esporófito
Micélio
Cisto Zoosporângio
Zoósporo
diplóide
FONTE: Adaptado de: <http://microbewiki.kenyon.edu/images/thumb/1/13/
Carl34ChytridCycle3.jpg/300px-Carl34ChytridCycle3.jpg>. Acesso em: 21
out. 2010.
176
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
Esporângio
Esporos
(n) MEIOSE
Gametângios
de sexos
diferentes Esporângio
Esporos
(n)
Desenvolvimento
de um esporo
(n)
Reprodução
assexuada
Micélio
177
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Linhagem
Reprodução Asco (dicariótico)
+ Linhagem
Sexuada
Hifa dicariótica
Micélio Núcleo diplóide
Germinação CARIOGAMIA
(zigoto)
Dispersão Oito
ascóporos Quatro núcleos
haplóides
Ascóporos
MEIOSE
Mitose
E
IMPORTANT
Cariogamia é a fusão dos núcleos dos gametas masculino e feminino, que são
haploides, dando origem ao núcleo diploide zigoto ou ovo.
178
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
Liberação
Zigotos dos
(2n) basidiósporos
Basidiósporos
(n)
Corpo de
frutificação
(basidiocarpo)
Germinação
Hifas dos
haplóides basidiósporos
(n)
Micélio
dicariótico
Fusão de micélios
Hifas compatíveis
dicarióticas
MEIOSE
Fusão nuclear R! Formação dos
(fecundação) basidiósporos
Basídio
FIGURA 91 – DEUTEROMYCETES
179
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
3 ALGAS
Os sistemas de classificação foram sofrendo modificações ao longo dos tempos,
causando alguns problemas para a classificação correta das algas. Alguns críticos do
sistema de classificação em cinco reinos dizem que elas não seguem a diretriz básica de
uma sistemática moderna, ou seja, não refletem os parentescos evolutivos.
• Phaeophyta: as feófitas são algas marrons, que vivem em ambientes marinhos. São
multicelulares e macroscópicas. Produzem zoósporos com dois flagelos laterais.
Possuem clorofila e sua parede celular é composta de celulose com ácidos algínicos.
181
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
• Rodophyta: as rodófitas são algas vermelhas que vivem no mar, porém, algumas
em água doce. São multicelulares e macroscópicas sem flagelo. Possuem clorofila,
carotenoides e ficoeritrina. Possuem parede celular composta de celulose e pectina.
NOTA
182
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
FIGURA 96 – DINOFLAGELADOS
NOTA
Caro acadêmico! Você já ouviu falar das marés vermelhas? Pois bem, quando
há um aumento da população de pirrófitas, acontece o fenômeno chamado maré vermelha.
Essas algas se multiplicam de forma exagerada no litoral, tornando a água do mar avermelhada.
Elas produzem uma grande quantidade de toxinas, que são eliminadas na água e provocam
a morte de tartarugas, peixes, focas, aves litorâneas e outros, podendo provocar intoxicações
nas pessoas que utilizarem esses animais como fonte alimentar.
FIGURA 97 – EUGLENOIDES
183
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
4 PROTOZOÁRIOS
Os protozoários, na sua grande maioria, são aquáticos, ocupando
ambientes marinhos, água doce, ambientes lodosos e também terra úmida.
Podemos encontrar espécies parasitando o interior do corpo de animais
invertebrados e vertebrados, provocando, em muitos casos, sérias doenças.
Possuem características que se assemelham aos animais, que incluem a ausência
de parede celular, ingestão de alimentos e locomoção. Muitos deles obtêm
alimentos pela absorção de substâncias nutritivas dissolvidas, sendo que alguns
promovem a predação de bactérias e protozoários como fonte alimentar. Existem
protozoários de vida livre (ambiente marinho, água doce e solo), em simbiose
interna ou sobre hospedeiros vivos. Pelo antigo sistema de classificação, os
protozoários eram classificados pela presença ou ausência de uma organela de
locomoção. Mais uma vez, não existe unanimidade em aceitar os sistemas de
classificação propostos por ficologistas e protozoologistas, pois o mais novo
esquema de classificação inclui alguns grupos que ainda são reinvidicados por
micologistas e ficologistas como pertencentes aos fungos e algas. Neste tópico,
vamos estudar os principais grupos de protozoários que são de interesse da
Microbiologia, por serem parasitas causadores de doenças. Eles estão separados
pelos filos Rhizopoda, Zoomastigophora, Ciliophora e Apicomplexa.
184
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
Ingestão de comida
e água contaminada Cistos maduros
Encistamento
Um trofozoíto com quatro
Cistos Infecção invasiva através núcleos emerge, se divide três
quadrinucleados da corrente sanguínea vezes e cada núcleo se divide
para o fígado, cérebro e uma vez para produzir oito
trofozoítos para cada cisto
pulmões
Trofozoítos invadem
a mucosa do intestino
Cistos imaturos
Tropozoítos multiplicam-se
por fissão binária
Encistamento
185
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Os amastigotas
multiplicam-se dentro das;
Multiplicam-se células assexualmente.
Os tripanossomas então
Tripanomastigotas invadem novas células em
sanguineos regiões diferentes do
são absorvidos por corpo que invadem e onde
novo insecto em se multiplicam como
Transformam-se em nova picada amastigotas.
epimastigotas no
intestino do insecto
Os amastigotas transformam-se em
Estágio infeccioso tripomastigotas e destroem a célula
saindo para o sangue
Estágio idiagnóstico
186
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
187
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
• Ciliophora: são protozoários que possuem cílios ou estruturas ciliares para sua
locomoção e obtenção de alimento. Muitos possuem boca. Em seu interior,
apresentam dois núcleos: um maior, responsável pelo metabolismo, e o menor,
pela reprodução. A reprodução é assexuada por fissão binária e sexuada sem
formação de gametas livres. Vivem em água doce, salgada e no solo. A maioria
é parasita ou de vida livre. Ex.: Paramecium – vida livre, Balantidium coli – único
parasita humano que causa disenteria.
188
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
dores nos músculos, dor na garganta, dores de cabeça, alterações visuais, manchas
vermelhas pelo corpo, urticária e aumento do baço e fígado. Evolui para uma
diminuição da lucidez e, em consequência, o coma.
Hospedeiros Intermediários
(pequenos mamíferos, aves e répteis)
189
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
NOTA
190
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES E PARASITAS
LEITURA COMPLEMENTAR
191
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
192
RESUMO DO TÓPICO 3
193
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Ascomicetos.
b) ( ) Deuteromicetos.
c) ( ) Zigomicetos.
d) ( ) Oomicetos.
e) ( ) Basidiomicetos.
194
4 O mofo que ataca os alimentos, os cogumelos comestíveis e
o fermento de fazer o pão são formados por organismos que
pertencem ao Reino Fungi. Com relação a esse grupo, classifique
as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:
195
6 As afirmativas a seguir correspondem aos meios de
transmissão de algumas doenças causadas por protozoários:
196
UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico apresentaremos algumas metodologias
que poderão ser utilizadas no ensino de Ciências e Biologia, que envolvam a
Microbiologia, no Ensino Fundamental e Médio. Você deve ter notado que o
estudo da Microbiologia é bastante complexo, visto que os seres que compõem
esse grupo são microscópicos, requerendo, muitas vezes, o uso da imaginação.
Porém, isso não deve se tornar um obstáculo para a prática docente. Hoje,
temos acesso a vários recursos, sejam por meio de livros, internet, vídeos, sons,
projetores, laboratórios, entre outros. Sabemos que a realidade de algumas escolas
não é essa. Portanto, você encontrará, aqui, alternativas que não necessitam dessas
tecnologias para a realização de uma aula ilustrativa, dinâmica, despertando,
assim, o interesse do aluno para esse mundo microscópico.
Uma das práticas que você poderá realizar em sala de aula está na Leitura
Complementar 2, da Unidade 2, Tópico 1, na qual você trabalhará com os fungos
presentes no fermento biológico: formação de gás carbônico através do processo
da fermentação e metabolismo.
197
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
2 AULAS PRÁTICAS
Poderíamos pensar que, para fazermos uma aula prática, necessitaríamos
de um laboratório, de um microscópio, certo? Não, exatamente. Podemos
realizar aulas práticas maravilhosas e instrutivas em sala de aula mesmo. Além
de chamar a atenção do aluno, ela proporciona um momento diferente, porque
se coloca a “mão na massa”; ou, como observador da prática, também resultará
num aprendizado eficaz, que será levado para casa, porque o aluno, muitas vezes,
realiza o experimento em casa e compartilha seus conhecimentos com a família.
Acompanhem as leituras complementares a seguir!
198
TÓPICO 4 | METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR 1
AULA PRÁTICA 1
CULTIVO DE MICRORGANISMOS
Materiais
Procedimentos
Resultados esperados
199
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
Para descartar o material, o ideal seria queimar as amostras ou, caso não seja
possível, colocar álcool 70% dentro dos recipientes e deixar por alguns minutos,
pelo menos. Depois dos microrganismos crescerem, a manipulação também
deve ser cuidadosa, pois você pode ter o crescimento concentrado de algum
organismo potencialmente patogênico. Esse tipo de procedimento é basicamente
o mesmo utilizado no isolamento de cepas específicas de microrganismos, seja
para investigação científica, médica ou seleção de microrganismos para utilização
industrial. Na década de 30, Alexander Fleming descobriu a penicilina ao notar que
um fungo que cresceu sobre um meio de cultura com bactérias inibia o crescimento
destas, secretando uma substância desconhecida no meio, a penicilina.
200
TÓPICO 4 | METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR 2
AULA PRÁTICA 2
DETECTANDO MICRORGANISMOS POR INDICADOR ÁCIDO-BASE
Materiais
• açúcar;
• água;
• algodão;
• canudinhos plásticos;
• funil;
• repolho roxo;
• panela;
• frasco de boca pequena com tampa;
• vasilha plástica.
Procedimentos
Experiência
Resultados esperados
Observações
202
TÓPICO 4 | METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR 3
AULA PRÁTICA 3
COMO CONSERVAR OS ALIMENTOS
Materiais
• açúcar;
• amido de milho;
• copos de água plásticos;
• filme plástico;
• leite;
• óleo de cozinha;
• vinagre.
Procedimentos
Deve-se preparar o mingau. Para isso, coloque sob o fogo uma colher de
sopa de açúcar, três colheres de sopa de amido de milho e um copo de leite. Deve-
se dividir a quantidade de mingau feita em 15 copos plásticos. Três dos copos
serão o controle, ou seja, eles ficarão à temperatura ambiente. Os outros serão
submetidos a diferentes tratamentos: geladeira, com adição de óleo, com adição
de vinagre e tampado com filme plástico. A observação dos resultados deve ser
feita após aproximadamente uma semana.
Resultados esperados
1 2 3 4 5
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/como-
ensinar-microbiologia-426117.shtml>. Acesso em: 29 out. 2010.
203
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
UNI
DICAS
204
TÓPICO 4 | METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA
3 JOGOS DIDÁTICOS
A partir de agora, você conhecerá mais uma metodologia de ensino
aplicada em uma turma de 6ª série, com jogos didáticos elaborados pelos
próprios alunos. Essa metodologia também poderá ser aplicada com alunos do
Ensino Médio. Com o tema proposto, os alunos tiveram a tarefa de criar jogos
para melhorar a fixação e a aprendizagem referente aos seres microscópicos,
estimulando a leitura, o conhecimento e a criatividade das equipes.
Aproveite para refletir sobre o uso desse tipo de recurso na prática docente
e também para desenvolver seus próprios jogos didáticos. Você perceberá um
interesse maior do aluno em querer saber e conhecer mais sobre a Microbiologia.
Ao final do artigo, você encontrará sugestões de jogos em sites. O artigo a
seguir relata exatamente o que encontramos nas escolas: alunos sem interesse,
desmotivados, sem vontade de aprender.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
205
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
RESULTADOS
CONCLUSÕES
Durante a apresentação dos jogos, foi possível perceber que o uso do lúdico
facilitou o processo de ensino-aprendizagem, à medida que abriu perspectivas
para a construção do próprio conhecimento; a partir de questões simples e reais,
possibilitou a abordagem do conteúdo de uma forma diferenciada e propiciou a
cooperação, a solidariedade e a participação de todos os alunos.
DICAS
Nesses sites, você encontrará vários jogos para ser aplicados em sala de aula.
Acesse:
• <http://silcordeirobio.blogspot.com/2010/01/projeto-microbiologia-para-todos.html>.
• <http://genoma.ib.usp.br/educacao/materiais_didaticos_jogos_Ponto_Critico.html>.
Aproveite!
4 RECURSOS AUDIOVISUAIS
Caro acadêmico, os filmes podem ser ótimos recursos audiovisuais para
serem utilizados na fixação do conteúdo, além de ser um recurso de fácil acesso.
206
TÓPICO 4 | METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA
Filmes em sala de aula não devem ser utilizados como passatempo, mas sim
como um recurso que permite uma compreensão mais ampla acerca dos assuntos
trabalhados. Se for necessário, interrompa o filme para uma breve conversa com
o objetivo de esclarecer dúvidas ou para registrar alguma informação.
207
UNIDADE 3 | CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS
5 SAÍDAS DE CAMPO
Caro acadêmico, essa metodologia necessita de um planejamento, pois
envolve custos, visto que essa nossa proposta se localiza na cidade de São Paulo.
Nossa proposta é uma visita ao Museu de Microbiologia do Butantã, para que o
aluno tenha a oportunidade de conhecer e estimular sua curiosidade científica,
além de promover um melhor entendimento das ciências e também a divulgação
das atividades desenvolvidas pelo Instituto.
ATENCAO
A saída de campo exige tempo, pois deve ser planejada e organizada para
que os objetivos sejam alcançados e não pode ser apenas um passeio, e sim, que
acrescente conhecimentos além dos que foram vistos em sala de aula.
208
RESUMO DO TÓPICO 4
• São muitos os recursos que você poderá utilizar na sua atividade didática.
209
AUTOATIVIDADE
210
REFERÊNCIAS
BARBOSA, H. R.; TORRES, B. B. Microbiologia básica. Rio de Janeiro: Atheneu, 1999.
PURVES, W. K. et al. Vida: a ciência da biologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
211