Livro Unico
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geral
Eletrotécnica geral
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Júnior Francisco Dias
Vagner Luis Zanin
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-522-0321-6
CDD 621.3
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Circuitos de corrente
contínua
Convite ao estudo
Olá, aluno! Seja bem-vindo à primeira unidade curricular de
Eletrotécnica. Nela, serão apresentados os conceitos relativos ao
circuito elétrico de corrente contínua. Também iremos trabalhar
os conceitos que permitem fazer a relação entre os sistemas reais
e seus circuitos equivalentes. Isso permitirá desenvolver um olhar
mais técnico aos sistemas presentes no dia a dia e potencializar
a nossa habilidade em resolver os problemas então relacionados.
Carga elétrica
Todos os elementos têm algo em comum, que é a carga elétrica,
uma propriedade fundamental da matéria. Ela é considerada como
Corrente elétrica
Quando as cargas elétricas se movem de forma ordenada, elas
geram uma corrente elétrica. Uma forma de gerar esse movimento
ordenado é conectar uma fonte de energia, uma bateria elétrica,
em um fio condutor. A corrente elétrica gerada pode ser de dois
tipos: corrente alternada e corrente contínua. A corrente alternada
caracteriza-se pelo fato de sua intensidade variar com o tempo, e
Tensão elétrica
Como já mencionado, uma bateria devidamente conectada gera
uma corrente elétrica em um fio condutor. Isso ocorre devido a um
processo físico-químico (HALLIDAY; RESNIK; WALKER, 2014), a bateria
adquire uma força eletromotriz (FEM) que realiza um trabalho sobre
as cargas do condutor, gerando a corrente elétrica. Dentro da bateria,
o processo físico-químico gera dois polos de cargas, um positivo
e outro negativo. O polo positivo interno forma o polo positivo da
bateria e o polo negativo interno gera o polo negativo da bateria.
Assim, quando um fio condutor é conectado à bateria, o polo
negativo repele as cargas negativas e o polo positivo atrai as cargas
negativas do fio, gerando a corrente elétrica. Por motivos históricos
(SADIKU; ALEXSANDER, 2009) o sentido da corrente elétrica é do polo
positivo para o negativo, portanto, contrário ao movimento natural. A
Assimile
O circuito elétrico é uma interconexão entre elementos. Cada elemento
tem uma função no circuito. Os elementos básicos de um circuito
elétrico são: o resistor, o capacitor, o indutor e a fonte de energia.
Potência elétrica
Vamos considerar que uma única bateria forneça energia para
duas lâmpadas, uma de 60 W e outra de 100 W. A primeira lâmpada
tem menor capacidade de converter energia elétrica em energia
luminosa do que a segunda lâmpada. A lâmpada de 60 W tem uma
potência menor que a lâmpada de 100 W. A potência é a capacidade
que um sistema tem para converter uma modalidade de energia
em outra durante um mesmo intervalo de tempo. A relação entre
a potência, o potencial aplicado ao sistema e a corrente gerada é:
P = Vi . Essa equação representa a potência instantânea. A unidade
da potência elétrica é o Watt [W ] (SADIKU; ALEXSANDER, 2009;
DORF; SVOBODA, 2014).
Energia elétrica
Tanto o potencial elétrico quanto a potência elétrica estão
relacionados ao trabalho. O primeiro representa o trabalho para mover
as cargas elétricas e o segundo representa o trabalho para converter
uma forma de energia em outra. Essa capacidade de realizar uma
tarefa é a energia (SADIKU; ALEXSANDER, 2009).
Resistores
Quando o elétron move-se no condutor, devido à tensão
aplicada, ele colide com os outros elétrons e átomos. Essas colisões
convertem energia cinética dos elétrons em energia térmica (calor).
Esse processo chama-se resistência elétrica. A resistência elétrica é
interpretada como a dificuldade que o meio apresenta ao estabelecer
uma corrente elétrica. O resistor pode atuar como controlador de
fluxo de energia elétrica. Quantitativamente, calcula-se da seguinte
L
forma: R=ρ. Sua unidade é o Ohm [ Ω ] . Nessa equação, ρ
A
representa a resistividade do meio material, L representa a dimensão
do objeto na direção do fluxo de corrente e A representa a área
da seção transversal por onde o fluxo acontece. A resistividade
elétrica é uma grandeza que representa o impedimento que o meio
material oferece à passagem da corrente elétrica. Essa grandeza
está diretamente relacionada com a temperatura de operação do
resistor. A relação matemática entre a resistividade e a temperatura é:
ρ = ρ0 (1 + α ∆T ) . Nessa equação, ρ0 representa a resistividade de
referência do meio material, α representa a condutividade térmica
do meio material e ∆T representa a diferença entre a temperatura de
referência e a temperatura de operação do dispositivo. A temperatura
Capacitor
Até o momento, consideramos somente os condutores, porém,
outra classe de materiais não menos importante são os dielétricos.
Quando o campo elétrico incide sobre um dielétrico, ele polariza o
meio material. Em outras palavras, polarizar é formar dipolos elétricos
alinhados com o campo elétrico incidente. Essa polarização gera
um campo elétrico interno, resultando em uma energia que fica
armazenada nesse campo. Essa habilidade em armazenar energia
chama-se capacitância. O dispositivo chamado de capacitor é,
basicamente, formado por dois condutores separados por um
material dielétrico. O campo elétrico externo é fornecido pela bateria
que, por sua vez, separa cargas elétricas, chamadas de carga induzida.
Q
A relação entre o potencial, a capacitância e a carga é: C= . A
V
[ ]
unidade da capacitância é Farad F . Existem basicamente, três tipos
de capacitores, os capacitores cilíndricos, os capacitores esféricos
e os capacitores de placas paralelas. Para esses três capacitores, a
equação que representa a capacitância é obtida, sempre calculando
a carga polarizada no dielétrico e o potencial entre os condutores,
por meio das ferramentas estabelecidas no curso de Física básica.
A relação entre a geometria dos capacitores e a capacitância é:
A , para capacitor de placas paralelas. Nessa equação, A
C =ε
L
representa a área da seção transversal por onde a corrente flui e L
representa a distância entre as placas condutoras. Para o capacitor
L
cilíndrico, a capacitância é dada por: C = 2πε . Nessa
ln(b / a )
equação, L representa o comprimento do cilindro, a representa o
raio interno do cilindro e b representa o raio externo do cilindro. Para
Ra Rb
o capacitor esférico, a capacitância é dada por: C = 4πε .
( Ra − Rb )
Nessa equação, Ra representa o raio interno da esfera e Rb representa
Reflita
Os capacitores são utilizados para armazenar energia elétrica. Isso
acontece por meio da formação de dipolos elétricos. Em geral, esses
dipolos são gerados na interface entre o condutor e o dielétrico. A
capacitância é proporcional à área de contato entre eles. Seria possível
produzir um capacitor com as mesmas dimensões dos atuais, mas que
acumulasse milhares de vezes mais energia elétrica? Se sim, como? Se
não, por quê?
Pesquise mais
Atualmente, os supercapacitores estão em destaque, basicamente
pela sua grande capacidade de armazenar energia elétrica. Os
supercapacitores também são chamados de pseudobaterias, pois
podem fornecer uma grande quantidade de energia, decorrente de sua
grande capacidade de armazená-las. Neste sentido, faça uma pesquisa
sobre os supercapacitores e sua relação com as baterias.
Indutor
Quando a corrente flui por um condutor, ela gera um campo
magnético no entorno do fio. As linhas de campo magnético são
superfícies fechadas no entorno desse fio condutor.
V1 = 2 ⋅ i = 2 ⋅ 4 = 8 V e V2 = −3 ⋅ i = −3 ⋅ 4 = −12 V
Avançando na prática
Armazenamento de energia
Descrição da situação-problema
A geração de energia elétrica é fundamental para as atividades
humanas. Nesse sentido, muitas fontes alternativas de geração de
energia são utilizadas para complementar a produção convencional.
Em geral, a energia gerada é utilizada, de forma que, quando
tem excesso, é armazenada. Por motivos tecnológicos, esse
armazenamento apresenta limitações. Você, como engenheiro,
foi procurado para fornecer uma alternativa para essa questão do
armazenamento.
Resolução da situação-problema
Uma solução para essa questão está na melhor utilização do
dispositivo elétrico capacitor. O capacitor convencional armazena
energia, porém, sua descarga é, quase sempre, muito rápida. Uma
alternativa para aumentar a capacidade de armazenamento seria
produzir capacitores com grande área superficial entre o condutor
e o dielétrico. A influência da área pode ser verificada por meio da
A
equação do capacitor de placas paralelas, C =ε . Uma forma de
L
aumentar essa área é produzir condutores, chamados de eletrodos,
com poros (pequenos furos) e utilizar dielétricos líquidos iônicos ao
invés de sólidos, como as cerâmicas. Esses poros permitem que
mais dipolos sejam gerados, se compararmos com um condutor
que não tenha poros. Nos capacitores convencionais, a área A é
a área geométrica do condutor. Já nessa nova proposta, a área
A é a área superficial de todos os poros gerados nos eletrodos.
Com isso, a área para formação dos dipolos é muito maior que no
método convencional. Outra vantagem é que as dimensões desse
novo capacitor não necessariamente são maiores que a área do
convencional.
18 U1 - Circuitos de corrente contínua
Faça valer a pena
1. Dentro da bateria, o processo físico-químico gera dois polos de cargas,
um positivo e outro negativo. O polo positivo interno forma o polo positivo
da bateria e o polo negativo interno gera o polo negativo da bateria. Assim,
quando um fio condutor é conectado à bateria, o polo negativo repele
as cargas negativas e o polo positivo atrai as cargas negativas do fio,
gerando a corrente elétrica. Por motivo histórico, o sentido da corrente
elétrica é do sentido do polo positivo para o negativo, portanto, contrário
ao movimento natural.
A partir dos estudos sobre tensão elétrica, das alternativas a seguir, qual
delas é o conceito correto de tensão elétrica?
Exemplificando
Considere a Figura 1.7, que é uma representação esquemática circuito
delta. Obtenha a topologia estrela equivalente em função dos resistores
da topologia delta. Considere que Ra = 15 Ω, Rb = 10 Ω e Rc = 25 Ω.
Figura 1.7 | Representação esquemática da topologia delta
Assimile
Vemos que a lei de Kirchhoff é muito útil para resolver circuitos elétricos.
Contudo, ela tem limitações quando a complexidade desses aumenta.
Utilizar a análise por mudança na topologia é, por vezes, muito útil. Esse
procedimento não elimina a lei de Kirchhoff, mas sim a complementa.
Portanto, as configurações estrela e delta somam-se à lei de Kirchhoff,
para tornar a análise de circuitos menos trabalhosa.
Reflita
Geradores trifásicos podem ser formados por um estator e um rotor. O
estator é, basicamente, um conjunto de três bobinas dispostas em forma
de círculo, formando 120° entre si. O rotor é um eixo no meio do círculo
do estator. Se o rotor for um imã e girar, pode induzir corrente elétrica
no estator. O estator pode ser tratado como uma topologia estrela? A
topologia estrela só pode ser utilizada para resistores? O que você acha?
A B
Fonte: elaborada pelo autor.
A B
Fonte: elaborada pelo autor.
A B
Fonte: elaborada pelo autor.
Pesquise mais
Os teoremas de Norton e Thevenin são amplamente utilizados na teoria
de circuitos elétricos. Uma questão interessante é sobre a concepção
desses teoremas. Como eles foram “criados”? Eles decorrem de trabalhos
isolados de cada sobre seu teorema? Existiram outros colaboradores,
apoiadores? Sobre essa questão, uma boa referência é o trabalho
Vexterno
intitulado: RN = .
igerad
(SADIKU; ALEXSANDER, 2009; DORF; SVOBODA, 2014).
A nova topologia é:
Avançando na prática
Circuito resistivo com fonte de alimentação natural
Descrição da situação-problema
Uma possível aplicação para circuito resistivo é como fonte de
aquecimento. Desembaçadores de vidro de automóvel, aquecedores
residências. Uma aplicação não muito conhecida, porém não menos
importante, é no processo de degelo em fuselagem de aviões. Durante
o voo, pode formar gelo em partes da fuselagem da aeronave. Uma
forma de eliminar esse problema é colocar circuitos resistivos nessas
partes de forma que derreta o gelo. Esse sistema ou tem uma fonte
somente para ele ou utiliza partes do circuito já existente na aeronave
como fonte de corrente elétrica. Como engenheiro, você foi
procurado para dar uma solução alternativa para a questão da fonte
de alimentação destes circuitos resistivos.
Resolução da situação-problema
Já vem de longa data o estudo sobre materiais absorvedores de
radiação eletromagnética. Esses materiais são dielétricos não ideais,
o que significa que sua condutividade é diferente de zero menor
que a condutividade dos condutores. Basicamente, esses materiais
absorvedores de radiação transformam parte da radiação incidente
em calor. Esse calor é gerado devido ao movimento desordenado dos
elétrons na sua estrutura. Uma vez que é uma onda eletromagnética
que está gerando calor, esse sistema está sendo alimentado por
uma fonte natural e bastante disponível na atmosfera. Portanto,
uma solução seria produzir esses materiais dielétricos, otimizando
essa transdutância. Esse procedimento não eliminaria a fonte de
alimentação, mas aumentaria a eficiência do processo de degelo.
Reflita
O tempo para o capacitor perder 36,8 % de sua energia inicial é
t = τ . Uma pergunta interessante é: quanto tempo leva para perder
mais de 99% da energia do capacitor? Uma forma de responder a esta
questão é fazer t = 2τ , t = 3τ , t = 4τ e assim até se obter um
número maior que 99%. Fazendo esta conta, encontra-se que, seja qual
Exemplificando
Uma aplicação de um circuito RC pode ser observada no circuito de
retardo representado na Figura 1.19.
para R2 = 2, 5 M Ω .
di
L + R2i = 0 . Nessa equação, L representa a capacitância, R2
dt
representa a resistência do circuito e i representa a corrente
elétrica no circuito. Essa equação é igualada a zero devido ao fato
de não se ter fonte no sistema. A solução para essa equação é:
i (t ) = I 0 e − t /τ L , em que τ L = L / R2 . Nesse caso, a corrente I 0
( 2) ( 2)
2
2 −2 t /τ L
dada por: P (t ) = RI e
( 2)
Reflita
Nosso estudo sobre circuitos RC e RL permite concluir que o tempo
característico é função da resistência envolvida no circuito. Considerando
a Figura 1.18, se R1 > R2 , o tempo de carregamento do capacitor será
maior que o tempo de descarregamento. Esse raciocínio é igualmente
st st
Se α > ω0 , então, a solução é: i (t ) = A1e 1 + A2 e 2 , conhecida
como amortecimento supercrítico. Se α < ω0 a solução é:
− α 2 ) . Essa
i (t ) = e −α t ( B1 cos(ωd t ) + B2 sin(ωd t ) ) , em que ωd = (ω 2
0
2
dt L dt LC LC
Note que agora há um agente externo, a fonte de tensão elétrica.
A solução dessa equação diferencial é: V (t ) = VS + Vh . Nessa
equação, VS representa a solução em estado estacionário e está
relacionada com a presença da fonte externa, e Vh representa
a solução natural do circuito, sendo conhecida como solução
homogênea. A parte homogênea da solução da equação diferencial
é exatamente a mesma da situação em que não há fontes no circuito.
dt RC dt LC
A equação característica é obtida por substituição da derivada
d 2i 1 di i I
+ + = S . A solução dessa equação diferencial é:
dt 2
RC dt LC LC
i (t ) = iS + ih . Nessa equação, iS representa a solução em estado
estacionário, está relacionada com a presença da fonte externa e
ih representa a solução natural do circuito, sendo conhecida como
solução homogênea. A parte homogênea da solução da equação
diferencial é exatamente a mesma da situação em que não há fontes
no circuito. A solução particular tem o mesmo jeito matemático da
função que representa o potencial VS . Portanto, se α = ω0 , então, a
Pesquise mais
Até o momento, estudamos os circuitos elétricos como elementos
para realizar uma tarefa. Um exemplo é o circuito de retardo. De forma
geral, o circuito é utilizado para gerar um caminho por onde a energia
elétrica flui. Mas e quando uma onda eletromagnética incide em um
objeto? Essa interação pode ser representada por um circuito elétrico?
Por exemplo, uma molécula da pele sob sol diário: este sistema pode
ser representado por um circuito elétrico? Que tipo de circuito elétrico:
RC, RL ou RLC? Você encontrará conteúdo útil em ALEXANDER, C.;
SADIKU, M. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre:
AMGH Editora, 2013. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.
com.br/#/books/9788580551730/cfi/0!/4/4@0:0.00>. Acesso em: 4
maio 2017. Pesquise também em GARCIA, E. A. C. Biofísica. 2. ed. São
Paulo: Sarvier, 2015.
Avançando na prática
Circuitos de retardo
Descrição da situação-problema
A geração de energia alternativa está em alta. Vários dispositivos
são encontrados para a geração por essa via. Uma empresa, a
SEA, soluções em energia alternativa, está com uma proposta
de construir um sistema que utilize a energia de uma bateria, já
carregada com fonte alternativa, e a distribua de forma controlada.
Esse controle é temporal, ou seja, deve se permitir que a energia
acumulada na bateria seja entregue a um sistema em tempos
Resolução da situação-problema
Os circuitos RC e RL são utilizados, entre outras coisas, devido
à sua capacidade de alterar o tempo de resposta/atuação. Em
outras palavras, no que se refere ao processo de carga e descarga,
ao alterarmos o valor do resistor, a carga pode ficar mais rápida
ou mais lenta. Assim, combinando um RC com um RL e ambos
chaveados com a bateria é possível produzir circuitos com tempos
de resposta diferentes. O circuito da Figura 1.26 representa um
sistema que permite descarga de capacitor em tempos diferentes.
Figura 1.26 | Representação esquemática de um circuito RC.
=b) tC 50
=, 5 s; t L 20, 0 s
=c) tC =
40, 0 s; t L 10, 0 s
=d) tC =
60, 0 s; t L 60, 0 s
=e) tC 90
=, 0 s; t L 40, 0 s
Circuitos de corrente
alternada
Convite ao estudo
Até agora, só estudamos os circuitos de corrente contínua,
nos quais as tensões e corrente não variam após os transientes.
Vamos agora dirigir nossa atenção para os circuitos de corrente
alternada senoidal, ou seja, circuitos cujas intensidades das
fontes de tensão variam com o tempo, de acordo com uma
senoide. O que nos motiva a estudar esses circuitos? A senoide
é a excitação dominante da indústria elétrica de potência
mundial. Portanto, para entendermos como a energia é gerada,
transmitida e distribuída até as nossas casas, devemos conhecer
profundamente os fundamentos dos circuitos elétricos de
corrente alternada senoidal.
2 2
jωC - I jωC - I
Assimile
t
π 2π 3π
ω ω ω v1(t)
v2(t)
Vm
Fonte: elaborada pelo autor.
Pesquise mais
Uma senoide pode ser expressa, indiferentemente, tanto na forma
de seno ou cosseno. Uma tabela com as principais identidades
trigonométricas pode ser encontrada em (UNISUL, 2017).
Exemplificando
π
v1(2) = −100 ⋅ sen(376, 99 ⋅ 2 + 18 ⋅ ) = −30, 69
180
π
v 2 (2) = 155 ⋅ sen(376, 99 ⋅ 2 + 53 ⋅ ) = 123, 58
180
j ( ω t +φ )
d IM e j (ωt +φ )
R ⋅ IM e +L = VM e jωt
dt
calculamos a derivada indicada e, em seguida, dividimos os dois
lados da equação por e jωt :
Pesquise mais
Pesquise sobre os números complexos. Um amplo conteúdo sobre esse
tema pode ser encontrado em (SODRÉ, 2017).
Assimile
Fasores são números complexos que representam a amplitude e a
fase de uma senoide. Fasores não são função do tempo, mas sim da
frequência.
Impedância e admitância
A impedância de um elemento de circuito é a razão entre a tensão
fasorial e a corrente fasorial (JOHNSON; HILBURN; JOHNSON, 1994;
HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014):
Z= V
I
Atenção
A impedância não é um fasor, uma vez que ela não tem uma função
senoidal correspondente no domínio do tempo, como a tensão e a
corrente têm (JOHNSON; HILBURN; JOHNSON, 1994).
a) Um capacitor de C = 4 mF.
Zc + 1 = - j0,66Ω
j376,99 . 0,004
Yc = 1 = 1 = j1,51S
Zc -j0,88
Z = 0,20+j37,71 Ω
Y = 0,14 - j26,52 mΩ
Na forma polar, note que a fase de Z é maior que zero, o que implica
dizer que Z é uma impedância indutiva.
( )
Zeq = 1 + 1
Z1 Z2
-1
= Z1 . Z2
Z1 + Z2
Agora, podemos analisar circuitos em regime permanente
senoidal usando as técnicas de análise nodal ou de análise de malha,
conforme aprendemos na Unidade 1.
Exemplificando
Após obter a impedância equivalente do circuito mostrado na Figura 2.4,
calcule a corrente l(t) para uma tensão de 132 cos(376, 99t ) kV.
Avançando na prática
Cálculo de curto-circuito
Descrição da situação-problema
Um sistema de potência está constantemente sujeito a distúrbios no
seu estado normal de operação. Esses distúrbios alteram as grandezas
elétricas do sistema (correntes, tensões, frequência), muitas vezes
violando suas restrições operativas, o que requer ações preventivas
e/ou corretivas para minimizar as consequências. Os distúrbios mais
comuns são os curtos-circuitos. Um curto-circuito corresponde à
conexão entre as fases da rede, ou entre as fases e a terra, por uma
impedância relativamente baixa. Um curto-circuito caracteriza-se por
uma elevação abrupta das correntes, com elevação de temperaturas e
solicitações térmicas, além dos esforços mecânicos e deformação dos
materiais (ZANETTA JR, 2006). Esses eventos podem causar grandes
danos às instalações elétricas.
O cálculo de curto-circuito é fundamental para a especificação dos
equipamentos de um sistema elétrico. Esses equipamentos devem ser
dimensionados para suportar as correntes de curto-circuito até que
algum dispositivo de proteção possa atuar. Considere a mesma linha de
transmissão da situação-problema desenvolvida anteriormente. Você
foi o engenheiro designado para projetar a proteção da rede elétrica.
Para tanto, você deverá determinar a corrente de curto-circuito (com
impedância nula) em dois pontos distintos da rede. O primeiro ponto é
situado nas proximidades da carga (a 280 km da fonte) e o segundo a
30 km da fonte. Para qual situação obtém-se a maior corrente de curto-
circuito e por quê? Dica: despreze as capacitâncias shunt da rede.
t1
mT1
onde t1 é um instante de tempo arbitrário. Se selecionarmos um m tal
que T=mT1 , a equação (2.6) pode ser escrita da seguinte forma:
P= 1
∫ p(t) dt (2.7)
t1+T
t1
T
Vamos, agora, obter o resultado geral para o regime permanente
senoidal. A Figura 2.8 ilustra formas de ondas de tensão e corrente
senoidais associadas a um elemento de circuito, as quais são descritas,
respectivamente, pelas seguintes equações:
v(t) = Vmcos(ωt+θ) e i(t) - Imcos(ωt+φ), com θ>φ
Exemplificando
Calcule a potência média absorvida pelos elementos do circuito ilustrado
na Figura 2.10.
Figura 2.10 | Circuito no domínio da frequêcia
V1-10 ∠ 50° + V1 + V1 - 5 ∠ 0° = 0
j45 2 - j100
V1 + V1 - V°1 = 10 ∠ 50 - 5 ∠ 0°
j45 2 j100 j45 j100
P = 0,3882 = 38mW.
2.2
IF = 5∠ 0 - 0,388 ∠ -28,747°
-j100
IF = 0,047∠ 92,292 °A
Valor eficaz
O valor eficaz ou RMS, que é a abreviação do termo em inglês
root-mean-square, de uma corrente periódica é uma constante igual
à corrente contínua que iria entregar a mesma potência média para
uma resistência R (JOHNSON; HILBURN; JOHNSON, 1994). Assim,
se Ief é o valor eficaz de i, podemos escrever: P = RI2ef = 1 t Ri2 dt
e a corrente eficaz é
0
T
∫
Ief = 1 t i2 dt
T∫
0
Pesquise mais
Conhecer o valor eficaz de uma corrente (ou tensão) formada por senoides
de diferentes frequências é de grande importância no estudo de ruídos em
redes elétricas. Pesquise como seria o valor eficaz de uma forma de onda
de corrente (ou tensão) composta pela soma de um certo número de
senoides com diferentes frequências no Capítulo 12 do livro: JOHNSON,
D. E.; HILBURN, J. L.; JOHNSON, J. Fundamentos de análise de circuitos
elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1994.
Fator de potência
Ainda há pouco, vimos que a potência média entregue à carga
em regime permanente senoidal, dada por P = Vef Ief cos(θ - φ), é
formada pelo produto de dois termos. O termo Vef Ief , normalmente
referido por s, é chamado de potência aparente. Essa potência é
assim chamada porque ela é a potência que aparentemente (ou à
primeira vista) deveria ser entregue à carga. A potência aparente é
medida em Volt-Amperes (VA) para diferenciá-la da potência média, a
qual é medida em Watt (SADIKU; MUSA; ALEXANDER, 2014).
O termo cos(θ - φ), onde (θ - φ) é o ângulo que representa a
defasagem entre a tensão e corrente, é chamado de fator de potência
( FP = cos(θ − φ ) ), o qual é adimensional. O ângulo é conhecido
como ângulo do FP. Em cargas puramente resistivas, (θ - φ) = 0 e,
portanto, FP = 1. Em cargas puramente reativas, (θ - φ) = ±90° e,
consequentemente, FP = 0.
Entre esses dois casos extremos, encontram-se as redes nas quais o
FP pode variar de zero à unidade. A depender do sinal do ângulo (θ - φ), o
FP pode ser atrasado (indutivo) ou adiantado (capacitivo). Um FP de 0,92,
por exemplo, indica uma carga cuja impedância pode apresentar um
ângulo de fase (θ − φ ) de 23,07° ou −23, 07° . O ângulo de fase positivo
descreve uma carga indutiva, na qual a corrente que flui por ela está
atrasada de 23,07° em relação à tensão sobre ela, enquanto o ângulo de
fase negativo descreve uma carga capacitiva, na qual a corrente que flui
ela está adiantada de 23,07° em relação à tensão sobre ela.
Assimile
A potência média (ou real) (W), dada por P = 1 VMIM cos(θ - φ), é
2
a potência que efetivamente realiza trabalho gerando calor, luz,
movimento etc. A potência aparente, dada por s = VefIef (VA), é a potência
que aparentemente deveria ser entregue à carga. O FP, dado por
FP = cos(θ − φ ) (adimensional), pode ser entendido como sendo a
porcentagem da potência aparente que é entregue à carga. Se (θ - φ) > 0,
o FP é dito atrasado (indutivo), indicando que a corrente que flui pela carga
está atrasada da tensão sobre ela, ao passo que, se (θ - φ) < 0 , o FP é dito
adiantado (capacitivo), o que indica que a corrente que flui pela carga está
adiantada da tensão sobre ela.
Exemplificando
Para o circuito da Figura 2.11, determine: a) a potência aparente fornecida
pela fonte, b) o fator de potência da combinação das impedâncias e c) a
potência média entregue à combinação das impedâncias.
Figura 2.11 | Circuito no domínio da frequência
Potência complexa
Vamos agora tratar a potência como uma grandeza complexa.
Para tanto, considere a potência complexa dada por S = VefIefe j(θ- φ),
da qual a parte real é a potência média, ou seja,
P= Re {S} = VefIefcos(θ - φ)
O que seria a parte imaginária da potência complexa e o
que ela significaria fisicamente? A parte imaginária de S, dada
por Q = Im {S} = VefIefsen(θ - φ) é chamada de potência reativa.
Fisicamente, esta potência pode ser interpretada como a taxa de
troca de energia entre a fonte e os componentes reativos da carga
(indutâncias e capacitâncias). Estes componentes carregam-se e
descarregam-se de forma alternada, o que resulta no fluxo de
corrente ora no sentido da fonte para a carga, ora no sentido da
carga para a fonte, respectivamente (HAYT, 2014). A unidade de
é o Volt-Ámpere-reativo (VAr).
Comumente visualiza-se a potência complexa em termos da
representação gráfica ilustrada na Figura 6, a qual é conhecida como
triângulo de potência. O triângulo mostra que são necessárias apenas
Avançando na prática
Correção do fator de potência
Descrição da situação-problema
No problema anterior, você constatou que o FP da indústria
automotiva é de 0,45 e, dessa maneira, a indústria não opera
de forma eficiente. Os proprietários da empresa, ao saberem do
resultado do FP, gostariam novamente de contratar os serviços da
Global Transmission Ltd. para um projeto de correção do FP. Você
se colocou à disposição para executar o serviço, já que conhece
bem as características da indústria quanto ao consumo de energia
elétrica. Calcule a indutância do equipamento (nesse caso, um
reator, uma vez que a carga é capacitiva), que deverá ser instalado
no mesmo barramento da indústria automotiva de modo que o seu
Resolução da situação-problema
Primeiramente, vamos calcular a potência complexa absorvida
pela carga, como segue:
| Vind |2
Sind = = Pind + jQind
Z ind *
(0, 95 ⋅ 39, 837 ⋅ 103 ) 2
Sind =
101,84 + j 211,115
Sind = 2, 654 − j 5, 503 MVA
O equipamento de potência reativa Qeq deve ser instalado
−1 Qind + Qeq
em paralelo com a carga, de modo que θ FP = tg ,
Pind
onde θ FP é o ângulo do fator de potência corrigido. Sabendo que
θFP = cos−1(0, 95) = 18,195° , temos que
−5, 503 ⋅ 106 + Qeq
−1
18,195 = tg
°
, aplicando a tangente
2, 654 ⋅ 106
−5, 266 ⋅ 106 + Qeq
nos dois lados da equação 0, 329 = , a qual
2, 654 ⋅ 106
resolvida para Qeq , nos dá um valor de Qeq = 6,139 MVAr. Sabendo
ainda que a potência reativa Q de uma carga de impedância Z é
Im{Z }
dada por Q = Vrms 2 ⋅ e, já que, nesse caso, Z = jX eq , temos:
| Z |2
(37, 845 ⋅ 103 )2 ⋅ X eq (37, 845 ⋅ 103 )2
Q= =
X eq 2 X eq
(37, 845 ⋅ 103 )2
6,139 ⋅ 106 =
X eq
Circuitos equilibrados
As cargas, de forma similar às fontes, podem ser conectadas em Y ou
∆. Vamos, agora, conectar uma carga equilibrada trifásica, representada
por Z p , em Y à nossa fonte, usando três linhas e um neutro, conforme
mostra a Figura 2.15.
Van
IaA =
Zp
Vbn
IbB = = IaA ⋅ 1∠ − 120°
Zp
Vcn
IcC = = IaA ⋅ 1∠120°
Zp
Reflita
Qual é a relação entre as correntes de fase e de linha em um sistema
onde as cargas estão conectadas em ∆? A resposta para essa questão
pode ser encontrada no Capítulo 13 do livro: JOHNSON, D. E.; HILBURN,
J. L.; JOHNSON, J. Fundamentos de análise de circuitos elétricos. 4. ed.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1994.
Assimile
Exemplificando
Circuitos desequilibrados
Um circuito trifásico é desequilibrado se (SADIKU; MUSA;
ALEXANDER, 2014): (i) as tensões da fonte diferirem em magnitude
e/ou na defasagem entre si, ou (ii) se as impedâncias das cargas
forem diferentes. Na prática, a condição (i) não é típica, portanto,
O sistema ainda poderá ser analisado por fase desde que o condutor
neutro possua impedância nula. Nesse caso, as correntes de linha são
Van Vbn V
por IaA
dadas= = , IbB , IcC = cn .
ZA ZB ZC
Diferentemente do caso equilibrado, onde InN = 0 , esse conjunto
de correntes de linha desequilibradas produz corrente no condutor
neutro, logo, InN = − ( IaA + IbB + IcC ) ≠ 0 .
Se o condutor neutro for ausente ou mesmo possuir impedância,
outros métodos de análise de circuitos, como análise de malha ou
análise nodal, devem ser empregados para a obtenção dos parâmetros
de interesse. O mesmo pode ser feito para sistemas trifásicos
desequilibrados em Y-∆ ou em qualquer outra configuração.
Pesquise mais
Pesquise sobre o problema de deslocamento de neutro. Um excelente
conteúdo sobre o assunto pode ser encontrado MENEZES, A. S. C. O
problema do deslocamento de neutro em circuitos trifásicos estrela
desequilibrados. Disponível em: <https://app.cear.ufpb.br/~asergio/
Eletrot%C3%A9cnica/Trif%C3%A1sico/Deslocamento%20de%20neutro.
pdf>. Acesso em: 25 maio 2017.
(
InN = − 22, 754∠ − 5, 440° + 21, 360∠ − 99,146° + 11, 425∠31, 364° )
InN = 33, 778∠149,193 A °
Potência
Nos circuitos trifásicos equilibrados, as cargas, divididas igualmente
entre as três fases, estão submetidas a tensões de mesmo módulo e,
por isso, drenam correntes de mesmo módulo. Dessa forma, a potência
por fase (ou monofásica) é um terço da potência total trifásica. Tanto
para cargas conectadas em Y ou em ∆, temos que (SADIKU; MUSA;
ALEXANDER, 2014) P1 f = V f I L cos(θ − φ ) e a potência reativa por fase
é Q1 f = V f I L sen(θ − φ ) , onde V f é o módulo de tensão de fase, I L é
o módulo da corrente de linha e (θ − φ ) é a diferença angular entre os
fasores V f e I L . Logo, podemos concluir que as potências trifásicas
são dadas por P3 f = 3 ⋅ P1 f Q3 f = 3 ⋅ Q1 f .
Assimile
Sabemos, da Seção 2.2, que a potência complexa nos fornece todas as
informações sobre a potência de um elemento de circuito, incluindo as
potências ativa P e reativa Q , a potência aparente s = V f I L e o fator
de potência FP = cos(θ − φ ) .
Pesquise mais
Um amplo conteúdo sobre esse tipo de medição pode ser encontrado
no Capítulo 14 do livro: SADIKU, Matthew N. O.; MUSA, Sarhan;
ALEXANDER, Charles K. Análise de circuitos elétricos com aplicações.
5. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014.
Exemplificando
Suponha que o sistema da Figura 2.19, com os wattímetros posicionados
exatamente da mesma maneira, alimenta uma carga equilibrada
Z L = 4 + j15 com Vab = 230∠0° V (rms). Vamos obter a leitura de
cada wattímetro e a potência total drenada pela carga, sabendo que as
tensões de linha são dadas em Volts por
Vab = 230∠0°
Vbc = 230∠ − 120°
Vca = 230∠120°
P1 = Vab I aA cos(θ − φ )
P1 = 230 ⋅ 8, 554 cos(0 + 105,1) = −512, 522 W
P2 = Vcb I cC cos(θ − φ )
P1 = 230 ⋅ 8, 554 cos(60° − 14, 931° ) = 1389, 5 W.
Logo, a potência ativa total absorvida pela carga é
PT = P1 + P2 = 876, 978 W.
(380 / 3 )
2
Vf 2
RB = = = 401,111 Ω
PB 120
(380 / 3 )
2
Vf 2
RC = = = 601, 666 Ω
PC 80
Avançando na prática
Flutuações de tensão
Descrição da situação-problema
Na Seção 2.1, comentamos que os equipamentos presentes
em um sistema elétrico devem ser dimensionados de modo a
suportar as correntes de curto-circuito, até que algum dispositivo
de proteção possa atuar. O curto-circuito mais comum é o
monofásico (envolvendo uma das fases e a terra), porém o mais
severo é o trifásico, visto que ele envolve as maiores correntes.
O curto-circuito trifásico é também chamado de curto-circuito
equilibrado, uma vez que correntes de mesma magnitude são
produzidas nas três fases do sistema. Nesse contexto, você foi o
engenheiro designado pela Global Transmission Ltd. para projetar a
proteção de uma rede elétrica. Para tanto, você deverá determinar
as correntes de curto-circuito trifásico na barra 2 da Figura 2.21,
considerando uma tensão pré-falta de 69 kV linha (rms) na barra 1,
Z L = 1 + j 5 Ω e resistência de curto ( RF ) de 5Ω. Dica: despreze
as cargas e o circuito a jusante da barra 2 e calcule a corrente
de curto-circuito para a fase a. Em seguida, obtenha a corrente
°
das fases b e c defasando a corrente da fase a de −120 e 120°,
respectivamente.
Figura 2.21 | Curto-circuito trifásico em um sistema de transmissão
a) 5976, 74 + j 4153, 5 VA
b) 4566,74 + j7453,7 VA
c) 2566,74 + j5453,9 VA
d) 6676,74 + j8953,42 VA
e) 5563, 498 + j 4450, 798 VA
Transformadores, motores e
geradores
Convite ao estudo
Os transformadores, dispositivos elétricos capazes de
converter tensão elétrica c.a. de um nível em tensão elétrica c.a.
de outro nível na mesma frequência, possibilitam que a tensão
gerada, tipicamente em níveis entre 12 a 25 kV, seja elevada para
ser transmitida por longas distâncias. Em um nível de tensão
maior, a mesma quantidade de potência pode ser transmitida
com correntes menores, reduzindo as perdas e as quedas
de tensão ao longo das linhas. Nos centros de consumo, os
transformadores possibilitam a redução das tensões a níveis
compatíveis com os equipamentos dos seus consumidores.
Assimile
A relação entre as tensões dos enrolamentos primário e secundário é
VP
dada por = a , enquanto que a relação entre a corrente no lado
VS
Exemplificando
Assimile
A relação entre as tensões nos lados de alta e baixa tensão em um
VB NC
autotransformador é dada por = , enquanto que a
VA NSE + NC
relação entre as correntes no lado de alta tensão e a corrente no lado
de baixa tensão é dada pelo inverso da relação entre as tensões, ou seja,
IB NSE + NC .
por =
IA NC
Pesquise mais
O que pode ser feito para minimizar as correntes parasitas no núcleo
de um transformador? A resposta para esta questão e mais algumas
informações sobre as características construtivas dos transformadores
podem ser encontradas no Capítulo 2 do livro a seguir.
Reflita
Como os parâmetros que representam as perdas resultantes da operação
do transformador poderiam ser adicionados a um autotransformador?
Pesquise mais
Pode-se determinar experimentalmente os valores das indutâncias
e resistências do modelo de transformador real. Uma aproximação
adequada desses valores pode ser obtida com apenas dois testes
ou ensaios, o ensaio a vazio e o ensaio de curto-circuito. Um amplo
conteúdo sobre o assunto pode ser encontrado no Capítulo 2 do livro
a seguir.
Figura 3.7 | (a) Modelo de transformador real com parâmetros referidos para o
primário (b) Modelo de transformador real com parâmetros referidos para o
secundário
Exemplificando
Um transformador monofásico de 1 kVA, 220/110 V alimenta uma carga
resistiva de 1 kW, 110 V nas condições nominais. Calcule a tensão e a
corrente no primário, e a tensão e a corrente no ramo de excitação
considerando os seguintes valores para os parâmetros do respectivo
• RP = 0, 5 Ω , X P = 2 Ω
• RS = 0,125 Ω , X S = 0, 5 Ω
• RC = 1000 Ω , X M = 500 Ω
Como a carga está nas condições nominais, ou seja, está funcionando
exatamente sob a potência e a tensão especificadas, podemos facilmente
calcular a corrente IS no secundário, como segue:
*
Scarga 1000∠0°
IS = = = 9, 091∠0° A
V
S 110 ∠0 °
IS
A tensão no ramo de excitação é dada por: Vφ = a ⋅ Vcarga + a 2 ⋅ ZS ⋅
a
9, 091∠0°
Vφ = 2 ⋅ 110∠0° + 4 ⋅ (0,125 + j 0, 5) ⋅ = 222, 459∠2, 342° V
2
A corrente no ramo de excitação é dada por:
Vφ 222, 459∠2, 342°
Iφ = = = 0, 497∠ − 61, 093° A .
Zφ 200 + j 400
Podemos agora calcular a corrente e a tensão no primário:
IS 9, 091∠0°
IP = Iφ + = 0, 497∠ − 61, 093° + = 4, 806∠ − 5,198° A
a 2
( )( )
2
P = R ⋅ I 2 = 100 ⋅ 2, 064 ⋅ 10−3 ⋅ 0, 220 ⋅ 103 = 10 kW
A transmissão em 230 kV resulta em uma perda de potência
quase três vezes menor que a perda obtida com a tensão em 138 kV.
Figura 3.9 | Relação entre o custo e o nível de tensão de uma linha de transmissão
Avançando na prática
Ensaios de circuito aberto e de curto-circuito em transformadores
Descrição da situação-problema
O estado de operação de um sistema de potência pode ser
determinado através do cálculo de fluxo de potência (ou carga).
Tal cálculo é realizado por meio de métodos computacionais
desenvolvidos especificamente para a resolução do sistema de
equações e inequações algébricas que representam o modelo
matemático da rede. A modelagem matemática de uma rede
elétrica é feita com base nos parâmetros de impedâncias e
a) n = 0, 2 , N1 = 400 , I1 = 35 A e I 2 = 7 A .
b) n = 5 , N1 = 16 , I1 = 7 A e I 2 = 35 A .
c) n = 0, 2 , N1 = 400 , I1 = 7 A e I 2 = 35 A .
d) n = 0, 2 , N1 = 16 , I1 = 7 A e I 2 = 35 A .
e) n = 5 , N1 = 16 , I1 = 35 A e I 2 = 7 A .
R1 = 5 Ω e R2 = 16 Ω , e a impedância Z c = − j 48 Ω . Calcule a
potência complexa fornecida pela fonte e a tensão Vo . Em seguida,
marque a alternativa correta.
Figura 3.11 | (a) Estrutura do estator de uma máquina de indução trifásica e (b)
conexão dos enrolamentos em Y
ωt (rad)
Corrente (A) 0 e 2π 2π / 3 4π / 3
Assimile
O princípio fundamental de uma máquina de corrente alternada pode
ser explicado da seguinte forma: se um conjunto de correntes trifásicas
equilibradas fluir em um enrolamento trifásico, este produzirá um campo
magnético girante de magnitude constante.
Motor de indução
O motor de indução (ou motor assíncrono) consiste de um estator
e um rotor separados por uma lacuna de ar chamada de entreferro.
Exemplificando
Um motor de indução de 320 V, 20 HP, 2 polos, 60 Hz e ligado em Y,
tem um escorregamento de 8%. Calcule: a) a velocidade síncrona; b) a
frequência no rotor e; c) a velocidade do rotor com carga nominal.
f r = s ⋅ f e = 0, 08 ⋅ 60 = 4, 8 Hz
c) Por fim, a velocidade no rotor com carga nominal é:
Pesquise mais
Os parâmetros do circuito equivalente de um motor de indução podem
ser obtidos por meio de ensaios (ou testes). Estes são o ensaio a vazio
e o ensaio com o rotor bloqueado. Pesquise como estes ensaios são
realizados e quais parâmetros podem ser obtidos a partir de cada um.
Uma boa abordagem deste assunto pode ser encontrada no Capítulo 5
do livro a seguir:
Pesquise mais
A potência de entrada em um motor de indução é na forma de tensões
e correntes trifásicas. Entretanto, nem toda a potência elétrica que entra
num motor é convertida em potência mecânica na saída da máquina. Há
diversas perdas durante o processo de conversão, as quais podem ser
visualizadas no diagrama de fluxo de potência de um motor de indução
no Capítulo 6 do livro:
Exemplificando
Um motor de indução trifásico de 460 V, 60 Hz, 25 HP, 4 polos, ligado
em Y possui as seguintes impedâncias em Ω por fase referidas ao circuito
do estator: R1 = 0, 641 Ω , R2 = 0, 332 Ω , X1 = 1106 , Ω,
X 2 = 0, 464 Ω e X M = 26, 300 Ω . Para um escorregamento do
rotor de 2,2% com tensão e frequência nominais, determine a corrente de
estator (CHAPMAN, 2013).
Reflita
A inserção de resistências no circuito do rotor é também um método
utilizado para limitar a corrente de partida de um motor de indução.
Gerador síncrono
O princípio de funcionamento de um gerador síncrono (ou
alternador) é baseado na lei de indução eletromagnética de Faraday,
na qual a geração de força eletromotriz (FEM) é devida ao movimento
relativo entre os condutores e o fluxo magnético. Basicamente, as duas
partes de um gerador síncrono são os enrolamentos de campo de
excitação, que são os enrolamentos conectados a uma fonte externa
c.c. por meio de anéis deslizantes e escovas, e os enrolamentos de
armadura (ou, simplesmente, armadura). A armadura comumente tem
um enrolamento trifásico em que a FEM c.a. é gerada. Normalmente,
as máquinas síncronas têm armaduras estacionárias e campos de
excitação girantes.
A seguir, apresenta-se o circuito equivalente por fase do gerador
síncrono, com qual é possível analisar precisamente as características
de desempenho da máquina em regime permanente. Por questões
de simplicidade, os conceitos serão apresentados com base em uma
máquina de polos cilíndricos.
Considere E A como sendo a tensão interna gerada em uma das
fases de um gerador síncrono e Vφ como sendo a tensão de saída
de uma das fases do gerador. Exceto no momento em que não há
corrente de armadura circulando na máquina, E A não é igual à tensão
de saída ( Vφ ). Isto se deve aos seguintes fatores (CHAPMAN, 2013):
• A distorção do campo magnético do entreferro pela corrente
que flui no estator, denominada reação de armadura.
• A autoindutância das bobinas da armadura.
• A resistência das bobinas da armadura.
Pesquise mais
Como já sabemos, um gerador síncrono converte energia mecânica em
energia elétrica. A fonte de potência mecânica (a máquina motriz) pode
ser um motor a diesel, uma turbina hidráulica etc. Entretanto, nem toda
a potência mecânica que entra em um gerador síncrono é convertida
em potência elétrica na sua saída. Há diversas perdas durante o processo
de conversão, as quais podem ser entendidas no diagrama de fluxo de
potência de um gerador síncrono, no Capítulo 4 do livro:
Exemplificando
Qual é a principal diferença entre uma máquina síncrona e uma máquina
de indução (assíncrona) trifásicas?
Avançando na prática
Eficiência de uma máquina c.a.
Descrição da situação-problema
Uma indústria automotiva possui um gerador síncrono de
quatro polos ligado em ∆ de 480 V, 60 Hz, cujas reatância síncrona
e resistência de armadura são, respectivamente, de 0,1 Ω e de
0,015 Ω. Sabe-se ainda que em plena carga, a máquina fornece
uma corrente de 1.200 A com fator de potência (FP) 0,8 atrasado,
as perdas por atrito e ventilação são 40 kW, as perdas no núcleo
são 30 kW e as perdas suplementares são despresíveis (CHAPMAN,
2013). Para saber se o gerador trabalha de forma eficiente, a
Resolução da situação-problema
a) A relação entre a velocidade mecânica de rotação no eixo de
um gerador síncrono e a frequência elétrica por ele produzida é
120 ⋅ fe
dada por: nm = . Logo:
p
120 ⋅ 60
nm = = 1800 rpm
4
b) As três fases do gerador podem ser conectadas em Y ou ∆.
Se estas são conectadas em Y, então, a tensão terminal do gerador
relaciona-se com a tensão em uma das fases por VT = 3 ⋅ Vφ ,
enquanto que as correntes de fase e de linha relacionam-se por
IL = Iφ . Se as fases forem conectadas em ∆, VT = Vφ e IL = 3 ⋅ Iφ .
Na máquina do exemplo em questão, VT = Vφ , e IL = 3 ⋅ Iφ .
Desta forma, a corrente de armadura na máquina é:
1200
IA = ∠ − cos−1(0, 8) = 692, 820∠ − 36, 870° A
3
A tensão interna é dada por E A = Vφ + RAIA + jX S IA , assim:
E A = 480∠0° + 0, 015 ⋅ 692, 820∠ − 36, 870° + ( j 0,1) ⋅ 692, 820∠ − 36, 870°
E A = 532,180∠5, 305 V
O que significa que para que a tensão terminal seja 480 V, E A
deve ser ajustada de modo que seja igual a 532 V.
c) A potência fornecida pelo gerador é dada por
Psaída = 3 ⋅ VT IL cos θ . Logo,
Psaída = 3 ⋅ 480 ⋅ 1200 ⋅ 0, 8 = 798 kW
e) E1 e s = 5% .
a) 21,8%.
b) 53,1%.
c) 47,9%.
d) 31.0%.
e) 15,7%.
Pesquise mais
As demais partes da máquina c.c. (carcaça, enrolamento do interpolo,
eixo do rotor etc.) podem ser estudadas em:
Assimile
A interação entre o movimento dos condutores do enrolamento da
armadura (presos ao eixo do gerador, que é girado por uma máquina
motriz) em relação ao fluxo eletromagnético gerado pela corrente que
flui pelos enrolamentos de campo, induz tensão c.a. nos terminais dos
enrolamentos da armadura (lei da indução eletromagnética de Faraday).
Esta tensão é posteriormente retificada (transformada em tensão c.c.)
durante o processo de comutação.
Reflita
No gerador c.c. de excitação independente, a corrente de campo é
produzida a partir da fonte c.c. de tensão independente. Já no gerador
c.c. em derivação, o circuito campo é conectado diretamente aos seus
terminais para que a corrente de campo seja produzida. Porém, no
momento da partida da máquina, para que a corrente de campo seja
produzida, é necessário que já haja algum fluxo inicial de campo. Isto
nos deixa uma importante questão: de que forma o gerador c.c. em
derivação obtém o fluxo inicial de campo necessário durante a partida
da máquina?
Exemplificando
Um gerador c.c. de excitação independente tem especificações nominais
de 172 kW, 430 V, 400 A e 1.800 rpm. Sabendo que RA = 0, 05 Ω , (a)
calcule a tensão interna gerada E A na condição nominal. (b) Se a máquina
motriz estiver acionando o gerador a 1.600 rpm, qual será a tensão terminal
a vazio, considerando que a tensão interna gerada a vazio é 430 V a uma
velocidade de 1.800 rpm?
E A = VT + I ARA
E A = 430 + 0, 05 ⋅ 400 = 450 V
Assimile
A interação da corrente que flui pelos condutores da armadura com o
campo eletromagnético produzido pelos polos da máquina (em que
tanto os condutores da armadura quanto os polos da máquina são
energizados por uma fonte externa c.c.) induz um torque (ou conjugado)
τ ind que faz com que seu eixo gire a uma velocidade angular constante
ω (lei da indução eletromagnética de Faraday).
Exemplificando
Um motor c.c. em derivação de 50 HP, 250 V e 1.200 rpm tem uma
resistência de armadura de 0,06 Ω. Seu circuito de campo tem uma
resistência total de Raj + RF = 50 Ω , produzindo uma velocidade
a vazio (sem carga) de 1.200 rpm (CHAPMAN, 2013). Determine a
velocidade do motor quando a corrente de entrada é 100 A.
Pesquise mais
Informações como partida de motores c.c., controle de velocidade,
eficiência etc., podem ser encontradas com riqueza de detalhes no
Capítulo 8 do livro a seguir:
Avançando na prática
Rendimento máximo
Descrição da situação-problema
A mesma empresa automotiva da situação-problema anterior
deseja contratar os serviços da Global Machines Ltd. para saber a
carga ( Psaída ) na qual um dos seus geradores c.c. com excitação
em derivação apresente um rendimento máximo e qual é este
rendimento. Você é o engenheiro responsável pelo serviço.
São dadas algumas especificações do gerador: VF = 230 V ,
RA = 0, 05 Ω , RF = 57, 5 Ω e uma perda total mecânica e no ferro
de 1,8 kW. Suponha ainda que o gerador opere à tensão nominal e
que não há queda de tensão no contato da escova (NASAR, 1984).
Resolução da situação-problema
Para resolver o problema, precisamos obter a potência de saída
( Psaída ) para a qual o gerador apresente um rendimento máximo e,
em seguida, a potência de entrada ( Pentrada ) para que o rendimento
possa ser calculado.
Do circuito do gerador c.c. com excitação em derivação (Figura
3.17), sabemos que a corrente de campo IF é:
VF 230
=
IF = =4A
RF 57, 5
Logo, a perda devida aos enrolamentos de campo é:
PF = IF2 RF = 42 ⋅ 57, 5 = 0, 92 kW
a) 251,94 V e 241,07 V.
b) 241,74 V e 231,05 V.
c) 251,94 V e 231,05 V.
d) 251,94 V e 239,10 V.
e) 255,10 V e 241,07 V.
Convite ao estudo
Como vimos na Unidade 3, os motores elétricos são
máquinas usadas para converter energia elétrica em energia
mecânica. Basicamente, os motores são classificados de acordo
com a natureza da corrente que os alimenta, dividindo-se em
motores de corrente alternada (c.a.) e de corrente contínua
(c.c.). Os primeiros são divididos em motores síncronos e
motores assíncronos, enquanto que os segundos dividem-se de
acordo com a maneira na qual seu fluxo de campo é produzido
(excitação independente, em derivação, em série etc.).
Reflita
Se os motores elétricos são classificados conforme a natureza da
corrente que os alimenta, como o motor universal, o qual pode ser
alimentado tanto por corrente c.a. quanto por c.c., pode ser classificado?
Escolha do motor
Conforme já mencionado, um motor elétrico pode ser empregado
em diferentes aplicações, tais como compressores, condensadores
de ar condicionado, ventiladores, bombas, elevadores, guindastes,
pontes rolantes, esteiras transportadoras etc. O tipo do motor a ser
empregado dependerá da aplicação em si, ou seja, se a aplicação
necessita de conjungado de partida elevado, moderado ou baixo,
de correntes de partida elevadas, ou não, de velocidade constante
ou variável, de alto ou baixo rendimento, de potência trifásica ou
monofásica etc. Os Quadros 4.1 e 4.2 resumem como o motor pode
ser escolhido considerando a velocidade e outras características. Mais
detalhes para a escolha de um motor elétrico podem ser encontrados
em Weg (2017).
Atenção
Assimile
Exemplificando
Qual é a potência fornecida por um motor trifásico, com rendimento de
80%, que recebe uma potência de 16,76 HP?
Pn
η=
Pe
Ou, em kW:
Pn = 13, 41 ⋅ 0, 746 = 10 kW
Pe
cos ϕ =
Se
Exemplificando
Qual a corrente nominal solicitada por um motor trifásico de 5 cv sob
uma tensão de 220 V, com FP de 0,80 e rendimento de 96% (NISKIER;
MACINTYRE, 2008)?
Resultando em:
3680
IL = = 12, 6 A
3 ⋅ 220 ⋅ 0, 8 ⋅ 0, 96
Pesquise mais
O resumo das fórmulas para a determinação das correntes e potências
em motores c.a. trifásicos ou monofásicos e em motores c.c. pode ser
Avançando na prática
Dimensionamento de motores elétricos
Descrição da situação-problema
Você é engenheiro da Global Machines Ltda. e lhe atribuíram a
tarefa do dimensionamento de um motor elétrico. Considere que o
cliente já lhe passou as seguintes informações:
• A tensão da rede que alimentará o motor é de 240 V trifásica,
60 Hz.
• A tensão de alimentação do motor é de 0 a 220 V (linha).
• A corrente máxima a ser consumida pelo motor deve ser 15 A
com FP de 0,94.
• Acoplamento direto com torque de 40 N ⋅ m (o torque do
motor é o mesmo de plena carga).
• Deseja-se um motor de indução com rendimento maior que
90%.
Calcule (a) a potência de saída do motor e (b) seu número de polos,
para que desempenhe a aplicação desejada pelo cliente. Apresente
os resultados na forma de relatório.
Resolução da situação-problema
A potência nominal (ou de saída) num motor trifásico é dada,
em W, por:
Pn = 3 ⋅ VL I L cos ϕ ⋅η
b) 10 kW.
c) 18,14 kW.
d) 13, 35 kW .
e) 19, 66 kW .
a) 39, 66 kA .
b) 22, 90 kA.
c) 0, 229 kA.
d) 0, 023 kA .
e) 0, 040 kA.
Classe de isolamento A E B F H
Temperatura ambiente 40 40 40 40 40
1º Algarismo
Algarismo Indicação
0 Maquina não protegida.
1 Máquina protegida contra objetos sólidos maiores que 50 mm.
2 Máquina protegida contra objetos sólidos maiores que 12 mm.
3 Máquina protegida contra objetos sólidos maiores que 2,5 mm.
4 Máquina protegida contra objetos sólidos maiores que 1 mm.
5 Máquina protegida contra poeira.
6 Máquina totalmente protegida contra poeira.
Fonte: Weg (2017).
1º Algarismo
Algarismo Indicação
0 Máquina não protegida.
1 Máquina protegida contra gotejamento vertical.
2 Máquina protegida contra gotejamento de água, com
inclinação de até 15°.
3 Máquina protegida contra aspersão de água.
4 Máquina protegida contra projeções de água.
5 Máquina protegida contra jatos de água.
6 Máquina protegida contra jatos potentes de água.
7 Máquina protegida contra os efeitos da imersão temporária.
8 Máquina protegida contra os efeitos da imersão contínua.
Regime Tipo
S1 Regime contínuo
S2 Regime de tempo limitado
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Mais informações sobre as especificações dos motores elétricos e.g.,
características de alimentação, características de aceleração, regulagem
de velocidade etc. podem ser encontradas em: <http://ecatalog.weg.
net/files/wegnet/WEG-guia-de-especificacao-de-motores-eletricos-
50032749-manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 14 out. 2017.
Exemplificando
Interprete a placa de identificação de um motor mostrada na Figura 4.5.
Figura 4.5 | Placa de identificação um motor elétrico
• Número de fases: 3.
• Frequência: 60 Hz.
• Categoria (CAT): N.
• Fator IP / IN : 6,7.
• Grau de proteção (IP): IP55.
Assimile
A corrente de partida de um motor pode alcançar valores de até sete
vezes a corrente nominal a plena carga, o que pode causar afundamentos
de tensão à rede elétrica na qual o motor está conectado, resultando no
mal funcionamento de outros equipamentos conectados à mesma rede.
Desta forma, o conhecimento prévio desta corrente é indispensável no
projeto de instalação de motores, em especial os de maiores potências.
Exemplificando
Determine a corrente de partida de um motor de indução trifásico
com as seguintes características: 2,2 kW, 220 V, 60 Hz, IP / IN = 6, 7 ,
cos ϕ = 0, 81 e η = 85, 5% .
Da seção anterior, sabemos que a corrente nominal de um motor é dada
por:
Pn
In =
3 ⋅ Vn ⋅ cos ϕ ⋅ η
S= =
∑
2 ρ (I1 ⋅ 1 + I2 ⋅ 2 + ...) 2 ρ I ⋅
u u
180 U4 - Instalações para motores
• Circuitos trifásicos:
S=
3 ρ (I1 ⋅ 1 + I2 ⋅ 2 + ...)
=
3 ρ I ⋅ ∑
u u
Em que:
S é a seção do condutor.
I é a capacidade de condução de corrente (em Ampères) do
alimentador, a qual pode ser obtida por uma das seguintes formas:
• Ialim ≥ FS ⋅ In , caso o alimentador supra apenas um motor, ou seja,
o alimentador é o próprio ramal partindo de um centro de distribuição.
n
• Ialim ≥ ∑ FS ⋅ I
i =1
i ni
, caso o alimentador supra vários motores.
n
• Ialim ≥ FD ⋅ ∑ FS ⋅ I
i =1
i ni , se o fator de demanda for levado em
conta.
Logo,
8 ⋅ 736
Ia lim = ⋅ 1, 25 = 25,68 A
3 ⋅ 220 ⋅ 0, 80 ⋅ 0, 94
3 ⋅ ρ ⋅ Ialim ⋅ 3 ⋅ 25, 68 ⋅ 30
S= = = 5, 42 mm2
u 56 ⋅ 220 ⋅ 0, 02
Reflita
Com exceção a um dos métodos supracitados para a redução da
corrente de partida, todos se baseiam na aplicação de partida com
tensão reduzida aos terminais do motor. Qual dos métodos é a exceção
e, por quê?
56 m
condutor de cobre.
Portanto,
3 ⋅ ρ ⋅ Ialim ⋅ 3 ⋅ 142 ⋅ 50
S= = = 28, 89 mm2
u 56 ⋅ 380 ⋅ 0, 02
O que nos daria aproximadamente uma seção de 35 mm2 para
um condutor com isolamento em PVC, por exemplo.
Avançando na prática
Dimensionamento dos alimentadores dos motores
Descrição da situação-problema
Você foi o engenheiro contratado para determinar a seção
do condutor que alimentará um motor elétrico em 380 V a uma
Resolução da situação-problema
Devemos calcular a capacidade de condução de corrente do
alimentador, a qual é dada por:
Ia lim = In ⋅ FS
Em que In é a corrente nominal do motor e FS é o fator de
serviço, ambos especificados na placa de identificação como
sendo 4,86 A (para operação em 380 V) e 1,15, respectivamente.
Logo,
Ia lim = 4, 86 ⋅ 115
, = 5,59 A
Em seguida, devemos calcular a queda de tensão unitária dada
em V/A.km por:
u
∆Vunit =
Ialim ⋅
0, 02 ⋅ 380
∆Vunit = = 19, 42 V/A.km
5, 59 ⋅ 70 ⋅ 10 −3
Com base no quadro, a seção do condutor, considerando tanto
um conduto magnético quanto um não magnético, é de 1,5 mm2.
a) IP = 2,16 kA .
b) IP = 1, 96 kA .
c) IP = 116
, kA .
d) IP = 3, 45 kA .
e) IP = 2, 78 kA .
a) 722, 61 A .
b) 832, 55 A .
c) 903,11 A .
d) 942, 56 A .
e) 1632, 60 A .
a) 42, 43 mm2 .
b) 54, 40 mm2 .
c) 60, 93 mm2 .
d) 71, 55 mm2 .
e) 84, 85 mm2 .
Fusão do fusível
Corrente (A)
Fonte: adaptada de Smith (2017).
Corrente (A)
Fonte: adaptada de Smith (2017).
retardada
Corrente (A)
Fonte: adaptada de Smith (2017).
A) Cabo alimentador.
B) Dispositivo de proteção do alimentador.
C) Dispositivo de proteção do ramal do motor, o qual protege os
condutores do ramal, os dispositivos de controle e o motor contra
curtos-circuitos.
D) Dispositivo de seccionamento (chave seccionadora).
E) Dispositivo de controle ou comando do motor.
F) Dispositivo de proteção do motor.
G) Motor.
H) Dispositivo de controle do secundário, o qual é usado quando
o motor é de rotor em anéis, controlando sua velocidade.
I) Resistores ou reostato do secundário, os quais permitem que o
motor possa partir com menor corrente e, portanto, mais lentamente.
Os dispositivos de proteção do ramal deverão suportar a corrente
de partida do motor durante um tempo reduzido. Quando, porém,
o motor estiver em regime permanente, se houver sobrecarga
prolongada ou curto-circuito no ramal, deverão atuar imediatamente
Pesquise mais
De maneira geral, os fabricantes dos motores disponibilizam tabelas
com as quais é possível escolher os dispositivos de proteção do ramal
e do motor. Algumas tabelas podem ser consultadas no Capítulo 6 de
NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações elétricas. Rio de Janeiro:
Grupo Gen-LTC, 2008.
Assimile
Um curto-circuito corresponde à conexão entre as fases da rede, ou
entre as fases e a terra, por uma impedância relativamente baixa. Tal
evento caracteriza-se por uma elevação abrupta das correntes, com
elevação de temperaturas e solicitações térmicas, além dos esforços
mecânicos e deformação dos materiais, podendo causar grandes danos
às instalações elétricas. O cálculo de curto-circuito é fundamental para
a especificação dos equipamentos de proteção de um sistema elétrico.
Exemplificando
Um transformador de 750 kVA, 13.800/380 V, com impedância de
5% alimenta três grupos de motores de indução de 200 cv, 380 V,
cos ϕ = 0, 83 , η = 96% , FS = 1,25 e I p / In = 5 . Calcule (a) a
corrente de curto-circuito, (b) a corrente de partida dos motores
e (c) determine de que forma os dispositivos de proteção devem ser
dimensionados.
S=
3ρ ∑ I ⋅
u
ohm × mm2
Em que ρ = 1 / 56 para o cobre, I = In ⋅ FS
m
(ambos especificados na placa de identificação do motor), = 37 m
e u = ( 220 ⋅ 0, 04 ) V .
Logo,
3 ⋅ (8, 4 ⋅ 115
, ) ⋅ 37
S= = 1, 26 mm2
56 ⋅ 220 ⋅ 0, 04
E o resultado está totalmente de acordo com a seção obtida pelo
quadro.
Avançando na prática
Cálculo da corrente de curto-circuito
Descrição da situação-problema
Em uma elevatória (instalação hidráulica de grande porte,
destinada a elevar a água para redistribuição), deverá ser instalado
um transformador de 600 kVA, 13.800/220 V, com impedância
de 4%, para alimentar um motor de indução trifásico de 250
cv, cos ϕ = 0, 83 , η = 91% , FS = 1,00 e I p / In = 5 . Você foi o
engenheiro contratado para determinar (a) a corrente de curto-
circuito, (b) a corrente de partida do motor e (c) de que forma os
dispositivos de proteção devem ser dimensionados. Admita que a
partida do motor será realizada utilizando-se algum método que
reduza em três vezes a corrente de partida. Apresente os resultados
na forma de relatório.
Resolução da situação-problema
Você foi o engenheiro contratado para determinar (a) a corrente
de curto-circuito, (b) a corrente de partida do motor e (c) de que
forma os dispositivos de proteção devem ser dimensionados no
projeto de alimentação de um motor de indução trifásico (250 cv,
cos ϕ = 0, 83 , η = 91% , FS = 1,00 e I p / In = 5 ) a ser alimentado
por um transformador de 600 kVA, 13.800/220 V, com impedância
de 4%. Na questão também é dito que algum método que limite a
corrente de partida deve ser utilizado.
a) Primeiramente, devemos calcular a potência e, em seguida, a
corrente de curto-circuito: