Livro HPE Uniasselvi
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Econômico
Camila Amaral Pereira
2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Camila Amaral Pereira
P436h
ISBN 978-85-515-0193-1
CDD 330.1
Impresso por:
Apresentação
Prezados estudantes, sejam bem-vindos ao livro de estudos de
História do Pensamento Econômico!
III
Já na Unidade 3, objetivamos discutir a importância do Estado na
economia. É preciso perceber as desigualdades econômicas entre os países
e suas teorias. Assim, estudaremos a Escola Clássica, envolvendo Adam
Smith, Thomas Malthus, David Ricardo, Jean Bastiste Say, John Stuart Mill,
além do socialismo, marxismo, escola neoclássica e o keynesianismo.
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO.................................................... 1
TÓPICO 3 – FEUDALISMO................................................................................................................... 29
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 29
2 CONSTITUIÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL.......................................................... 29
3 ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE FEUDAL................................................................................ 30
4 TEMPO NA IDADE MÉDIA............................................................................................................... 31
5 O FEUDO E O DIREITO NA IDADE MÉDIA................................................................................. 32
6 A EVOLUÇÃO DO SISTEMA FEUDAL EUROPEU...................................................................... 33
6.1 TRANSFORMAÇÕES NAS RELAÇÕES DE TRABALHO........................................................ 34
7 TENTATIVA DE SUSTENTAÇÃO DO FEUDALISMO: AS CRUZADAS................................ 34
8 A DECADÊNCIA DO FEUDALISMO............................................................................................... 36
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 38
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 41
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 42
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 44
VII
3 FORMAÇÃO DOS ESTADOS ABSOLUTISTAS........................................................................... 48
3.1 DIVISÃO SOCIAL DO ESTADO ABSOLUTISTA........................................................................ 50
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 53
4 REFLEXÕES SOBRE O PODER ABSOLUTISTA............................................................................ 54
4.1 NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)........................................................................................... 54
4.2 JEAN BODIN (1530-1596)................................................................................................................ 55
4.3 THOMAS HOBBES (1588-1679)...................................................................................................... 56
5 O HUMANISMO................................................................................................................................... 57
6 PODER POLÍTICO E PODER ECONÔMICO: BREVE ANÁLISE DO CAPITALISMO........ 58
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 61
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 65
TÓPICO 1 – MERCANTILISMO........................................................................................................... 69
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 69
2 MERCANTILISMO............................................................................................................................... 69
3 A PRÁTICA DO MERCANTILISMO NOS PAÍSES EUROPEUS............................................... 71
3.1 PORTUGAL E ESPANHA............................................................................................................... 71
3.2 INGLATERRA................................................................................................................................... 72
3.3 ALEMANHA..................................................................................................................................... 72
3.4 HOLANDA........................................................................................................................................ 73
4 UM ADENTRO SOBRE A COLONIZAÇÃO................................................................................... 73
5 TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA.......................................................................................... 75
6 PRINCIPAIS TEÓRICOS DO MERCANTILISMO........................................................................ 76
6.1 THOMAS MUN (1571-1641)........................................................................................................... 76
6.2 JEAN- BAPTISTE COLBERT (1619-1683)...................................................................................... 77
6.3 RICHARD CANTILLON (1680-1734)............................................................................................ 77
6.4 DAVID HUME (1711 – 1776)........................................................................................................... 78
7 MERCADO INTERNO E EXTERNO E O PAPEL DO ESTADO.................................................. 79
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 80
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 84
TÓPICO 2 – FISIOCRACIA.................................................................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 87
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA FISIOCRACIA............................................................................... 87
3 TEÓRICOS ILUMINISTAS ................................................................................................................ 89
3.1 VOLTARIE (1694-1778).................................................................................................................... 89
3.2 MONTESQUIEU (1689-1755).......................................................................................................... 90
3.3 ROUSSEAU (1712-1778)................................................................................................................... 91
4 OS FISIOCRATAS E O PENSAMENTO ECONÔMICO............................................................... 92
5 PRINCIPAIS TEÓRICOS DA FISIOCRACIA................................................................................. 94
5.1 FRANÇOIS QUESNAY (1694-774)................................................................................................. 94
5.2 TURGOT (1727-1781)........................................................................................................................ 96
6 GERADOR DO EXCEDENTE............................................................................................................. 97
6.1 MERCANTILISMO X FISIOCRACIA: ANÁLISE DOS EXCEDENTES.................................... 98
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 99
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 102
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 103
VIII
TÓPICO 3 – LIBERALISMO................................................................................................................... 105
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 105
2 CIÊNCIA E MÉTODO: PERSPECTIVA HISTÓRICA.................................................................... 105
3 OS LIBERAIS.......................................................................................................................................... 106
4 PRINCIPAL AUTOR DO LIBERALISMO: ADAM SMITH......................................................... 106
4.1 CONFERÊNCIAS DE GLASGOW................................................................................................. 107
4.2 A RIQUEZA DAS NAÇÕES: O TRABALHO............................................................................... 108
4.3 A TEORIA DO VALOR EM SMITH............................................................................................... 109
4.4 A TEORIA DO VALOR E SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO............................................ 110
4.5 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR GERADO PELO TRABALHO..................................................... 110
4.6 TEORIA DOS SALÁRIOS................................................................................................................ 111
4.7 TEORIA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO.............................................................................. 112
5 PRINCIPAL AUTOR DO LIBERALISMO: DAVID RICARDO................................................... 112
5.1 O MÉTODO DE DAVID RICARDO............................................................................................... 113
5.2 OPOSIÇÃO ENTRE LUCROS E SALÁRIOS................................................................................ 114
6 PRINCIPAL AUTOR DO LIBERALISMO: THOMAS MALTHUS............................................. 115
6.1 TEORIA DA POPULAÇÃO............................................................................................................ 115
6.2 TEORIA DA DEMANDA EFETIVA E DA SUPERPRODUÇÃO............................................... 117
7 PRINCIPAL AUTOR DO LIBERALISMO: JONH STUART MILL ............................................ 118
7.1 REVISÃO DA TEORIA DO VALOR E DO CONCEITO DE TRABALHO PRODUTIVO..... 119
7.2 STUART MILL E A POLÍTICA ECONÔMICA............................................................................ 119
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 121
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 126
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 127
IX
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 163
2 O MONETARISMO, EXPECTATIVAS RACIONAIS E PÓS-KEYNESIANOS........................ 163
3 NEOLIBERALISMO.............................................................................................................................. 165
4 OS PENSADORES BRASILEIROS E LATINO-AMERICANOS ................................................ 167
4.1 PRINCIPAIS AUTORES DO PENSAMENTO LATINO-AMERICANO.................................. 168
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 172
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 175
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 176
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 177
X
UNIDADE 1
HISTÓRIA DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
• entender que nos períodos havia uma menor importância atribuída ao in-
dividualismo em detrimento do coletivismo.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Ao final de cada um deles,
você encontrará exercícios que o auxiliarão na compreensão dos temas
abordados.
TÓPICO 3 – FEUDALISMO
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Ao introduzir esta unidade é importante dialogarmos
sobre a construção histórica do pensamento econômico.
Assim, nesta primeira unidade, desejamos que você compreenda o
desenvolvimento econômico ao longo da história humana. No decorrer dos
estudos, vamos fazer você perceber como a construção histórica molda a economia
com diferentes olhares, mas antes de citarmos exemplos, gostaríamos de explicar
o termo história do pensamento econômico. Então, o que é história econômica?
A história, por ser mais antiga, não responde a nossas demandas históricas
e sociais de outras disciplinas. Então, a história, desde Heródoto até uma história
atual do século XXI, precisa ser uma narrativa do conhecimento, mas por meio da
ciência social, a diferença é como se chega à narrativa do acontecimento.
E
IMPORTANT
4
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
E
IMPORTANT
5
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Para Marx (1988, p. 19), “mais importante do que entender o que produz a
humanidade num certo momento é entender como que a humanidade se organiza
para executar essa produção”.
4 ECONOMIA PRIMITIVA
Na economia primitiva, os homens exploravam o mundo ao seu redor,
tendo como objetivo se apropriarem dos recursos oferecidos pela natureza para
usufruírem e se protegerem.
Era, portanto, uma sociedade que se dividia em grupos, que com o passar
dos tempos e com as experiências adquiridas aprenderam a identificar quais
animais podiam caçar e quais plantas eram comestíveis ou úteis no tratamento
de doenças.
Aprenderam também a fazer canoas, meios de transportes importantes
para suas migrações. Também começaram a polir seus instrumentos de pedra,
criando peças mais duráveis que antes, além de descobrirem o fogo. A atividade
agrícola forneceu aos grupos uma fonte estável de alimento, contribuindo para
que eles se fixassem nas áreas mais férteis, como em aldeias de madeiras, pedra
ou barro (Prado Júnior, 1975). Além disso, desenvolveram a domesticação de
animais e pastoreio.
As mudanças ampliaram o domínio do homem sobre a natureza
resultando em maior produção de alimentos e crescimento populacional.
6
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
E
IMPORTANT
7
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
LEITURA COMPLEMENTAR
A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
Que a transformação teria sido lenta, não se duvida. Afinal, entre saber que
os vegetais crescem se plantados e conseguir organizar uma plantação racional
e rentável, há uma longa distância que passa pela necessidade de alteração de
padrões de comportamento já arraigados. A convivência da agricultura com a
coleta deve ter sido o fenômeno mais comum durante muito tempo.
8
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
DICAS
5 ECONOMIA ESCRAVISTA
A economia escravista foi marcada por uma rígida divisão social. As
funções de cada indivíduo eram estabelecidas de acordo com a camada social
que pertenciam. Nobres (grandes proprietários de terras) ocupavam posições
privilegiadas. Na base da pirâmide social estavam os escravos e camponeses que
prestavam os serviços para a comunidade.
Os escravos eram constantemente obrigados a prestar serviços militares
e construir obras públicas. Eram capturados de alguma região inimiga por meio
de guerras ou dívidas.
9
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
10
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS
12
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
13
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Qualquer pessoa, desde que goze de perfeita sanidade mental, poderá tomar,
se o desejar, seu próprio escravo e empregá-lo para qualquer finalidade legal; e
em nome de um outro homem [...]. Ele poderá botar suas mãos sobre o escravo
foragido a fim de assegurar a sua salvaguarda.
Afirmamos que é imperioso não haver no Estado nem ouro nem prata, e nem
tampouco muitas formas de ganhar dinheiro mediante o comércio vulgar, a
usura e a criação vergonhosa de animais, mas apenas aquele lucro possibilitado
e produzido pela agricultura e ainda na medida em que tal atividade que tem
como objetivo o ganho de dinheiro não leve as pessoas a negligenciar os objetos
para os quais o dinheiro existe [...] (PLATÃO, 2002, p. 37).
14
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
15
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
E
IMPORTANT
LEITURA COMPLEMENTAR
A república
16
TÓPICO 1 | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
então ele fazia troça, agora aterrorizam sua alma, por temer que correspondam
à verdade. E esse alguém – devido à debilidade da velhice, ou porque divisa
agora com maior clareza as coisas do além – toma-se repleto de desconfianças
e receios, inicia a fazer cálculos e a analisar se cometeu alguma injustiça com
alguma pessoa. E aquele que encontrar em sua vida pregressa muitas maldades
intimida-se, seja acordando numerosas vezes durante a noite, da mesma forma
que as crianças, seja esperando alguma desgraça. Ao contrário, aquele que sabe
não haver cometido injustiças sempre alimenta uma doce esperança, benévola
ama da velhice, como declara Píndaro. São encantadoras as palavras deste
poeta, ó Sócrates, a respeito de quem tiver levado uma existência justa e pura:
“a doce esperança que lhe acalenta o coração acompanha-o, qual amada velhice,
a esperança que governa, mais que tudo, os espíritos vacilantes dos mortais”.
Palavras maravilhosas. Devido a isto, tenho as riquezas em grande apreço, não
para todos, mas somente para aqueles homens moderados e cautelosos. Jamais
enganar alguém ou mentir, ainda que inadvertidamente, nem ser devedor, quer
de sacrifícios aos deuses, quer de dinheiro a uma pessoa, e depois falecer sem
nada recear. Para isso, a riqueza é de grande serventia [...].
FONTE: PLATÃO. A república. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Tradução de Maria Helena
da Rocha Pereira. 1996. p. 06-07.
17
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Que na economia primitiva a terra era um bem comum, não existiam instituições
privadas, as relações econômicas eram em base de escambo primitivo, sejam
arcos, flechas, dentes ou pele de animais, entre outros. Não existia moeda como
forma de troca de mercadorias da época.
• Que a economia escravista foi marcada por uma rígida divisão social. As
funções de cada indivíduo eram estabelecidas de acordo com a camada social
que pertenciam. Nobres (grandes proprietários de terras) ocupavam posições
privilegiadas. Na base da pirâmide social estavam os escravos e camponeses
que prestavam os serviços para a comunidade.
18
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Mercantilista.
b) ( ) Comunista primitivo.
c) ( ) Feudal.
d) ( ) Asiático.
e) ( ) Socialista.
a) ( ) Apenas a I e II.
b) ( ) Apenas a II e III.
c) ( ) Apenas a III e IV.
d) ( ) Apenas a I.
e) ( ) Apenas a III.
A IDADE MÉDIA
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Já chegamos ao Tópico 2 de nosso livro de estudos.
Aqui discutiremos sobre o contexto econômico na Idade Média. Apostamos que
você já ouviu falar do termo.
Vamos lá?
Bons estudos!
21
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
E
IMPORTANT
foram reafirmadas pelos iluministas do século XVIII. Para eles, a Idade Média era
a “idade das trevas”, um tempo sombrio no qual a humanidade, subjugada pela
ignorância e contaminada pela peste, viveu oprimida sob o terror das fogueiras da
Inquisição. É importante ressaltar que, embora a concepção ainda esteja presente,
ela é rejeitada pela maioria dos historiadores.
E
IMPORTANT
Na Idade Média, o livro por excelência foi a Bíblia. Pode-se dizer que a quase
totalidade do que se produziu em termos de reflexão e pensamento estava diretamente
relacionada aos textos sagrados do cristianismo ou as suas interpretações. Das escolas
monásticas às universidades, o essencial do sistema de ensino estava submetido ao controle
da Igreja, que, por sinal, manteve monopólio sobre a escrita até o século XII [...]. Assim,
reforçando os ensinamentos da religião, controlando as crenças e a moral das pessoas,
dirigindo o sistema de ensino e o universo cultural, penetrando nas consciências por meio
das confissões, a Igreja estendeu um poder sobre as formas de saber. Lembrando que, o
acesso à Bíblia estava restrito, pois a maior parte da população europeia era analfabeta.
23
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
LEITURA COMPLEMENTAR
24
TÓPICO 2 | A IDADE MÉDIA
Sabemos hoje que os pretendidos “terrores do ano 1000” foram uma criação
historiográfica, pois não houve nenhum sentimento especial e generalizado de que
o mundo fosse acabar naquele momento, mas é inegável que a psicologia coletiva
medieval esteve constantemente (ainda que com flutuações de intensidade)
preocupada com a proximidade do Apocalipse. Catástrofes naturais ou políticas
eram frequentemente interpretadas como indícios da chegada do anticristo. Havia
uma difundida visão pessimista do presente, porém carregada de esperança no
iminente triunfo do Reino de Deus.
FONTE: FRANCO JUNIOR, Hilário, 1948. A Idade Média: nascimento do ocidente. Hilário Franco
Júnior. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 18-20.
25
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
26
AUTOATIVIDADE
a) ( ) ruralização da economia.
b) ( ) crescente urbanização.
c) ( ) decadência demográfica.
d) ( ) renascimento dos comércios.
27
28
UNIDADE 1
TÓPICO 3
FEUDALISMO
1 INTRODUÇÃO
Agora sim, acadêmico, chegou a hora de conversarmos sobre o modo de
produção feudal, ou seja, a forma de organização social no período da Idade
Média.
Vamos lá?
29
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Clero
Nobreza
Camponeses
FONTE: A autora.
30
TÓPICO 3 | FEUDALISMO
E
IMPORTANT
31
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
DICAS
Para saber mais sobre a Idade Média, assista ao filme: Lancelot: o primeiro
cavaleiro. Diretor: Jerry Zucker. Nacionalidade: EUA. Duração: 133 minutos. Ano: 1995.
Descrição: Quando Lancelot salva a Guinevere do ataque de um ex-cavaleiro, Sir Malagant,
eles se apaixonam. Só que a donzela está a caminho de Camelot, para se casar com o rei
Arthur, e assim segue seu caminho. Pouco tempo depois, Lancelot é nomeado cavaleiro do
rei, mas não conta a ele que conhece sua futura noiva. No reencontro com Guinevere, os
dois precisam decidir entre o verdadeiro amor e a lealdade ao rei. Disponível em: <http://
www.adorocinema.com/filmes/filme-12995/>. Acesso em: 7 maio 2018.
DICAS
Ainda:
Grossi (2014, p. 16) explica que a Idade Média jurídica tem suas origens
exatamente no clima intenso do desenvolvimento do feudalismo, que “se por
um momento prestarmos atenção no panorama histórico oferecido por aqueles
séculos, a corrupção política, a desordem social, a crise demográfica geral, a
penosa e cansativa sobrevivência cotidiana, a natureza das coisas físicas e sociais
32
TÓPICO 3 | FEUDALISMO
33
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
34
TÓPICO 3 | FEUDALISMO
FIGURA 5 – AS CRUZADAS
E
IMPORTANT
35
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
UNI
8 A DECADÊNCIA DO FEUDALISMO
No decorrer dos séculos XIV e XV, após um longo período de relativa
prosperidade, a economia da Europa Ocidental passou por uma violenta crise.
Entre as causas da retração podemos citar os efeitos da peste negra, introduzida
na Europa por volta de 1348. Provavelmente de origem oriental, a peste foi
responsável pela morte de milhares de pessoas. Acredita-se que um quarto da
população europeia tenha sido dizimada o que provocou a desorganização da
produção e, com isso, a fome generalizada.
36
TÓPICO 3 | FEUDALISMO
E
IMPORTANT
O nome Peste Negra foi dado devido aos enfermos apresentarem manchas
escuras pelo corpo, principalmente próximo as articulações. A morte, nesses casos, era
relativamente rápida levando de três a cinco dias no máximo. Para marcar as cidades e navios
que tinham a presença da peste, era hasteada uma bandeira preta. Isso fez com que muitos
navios piratas usassem a tática para se aproximar de outras embarcações (que vinham ao
encontro deles com o intuito de ajudar) e saqueá-las.
37
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
LEITURA COMPLEMENTAR
A peste negra
[...] Logo que o mal aparece, os ricos mudam-se, se podem, para as suas
casas de campo, numa fuga precipitada; cada qual só pensa em si: a doença torna-
nos mais cruéis uns para os outros como fossemos cães, observa Samuel Pepys
em setembro de 1665. E Montaige conta como, tendo sua terra sido atingida pela
epidemia, serviu durante seis meses, uma família perdida que metia medo tanto
aos amigos, como a si própria e horror onde quer que tentasse se instalar. Quanto
aos pobres, ficam sós, imobilizados na cidade contaminada onde o Estado os
alimenta, os isola, os bloqueia, os vigia. O Decameron de Boccaccio é uma série
de conversas e de relatos em uma vivenda perto de Florença, no tempo da peste
negra. Em agosto de 1523, mestre Nicolas Versoris, na Grande Bateliere, então
fora de Paris, se instala na casa de campo das suas pupilas, tem sua mulher
levada pelo mal em três dias. No verão, a peste em Paris atinge, uma vez mais, os
pobres. Como escreve este mesmo Versaris no seu Livre de Raison, principalmente
a morte tinha-se voltado contra os pobres, de maneira que dos carregadores,
que ganhavam o seu dinheiro em Paris e que, antes dos acontecimentos, eram
numerosos em Paris, só muito poucos ficam [...].
FONTE: Braudel, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV a XVIII. São
Paulo, Martins Fontes, 1995.
38
TÓPICO 3 | FEUDALISMO
Para Santo Agostinho, para se chegar à fé, precisa-se antes fazer uma
atividade que exige das pessoas capacidade de se perguntarem e de oferecerem
razões para aquilo em que depositam a sua fé. Santo Agostinho ama a Deus e
sempre busca mais a Ele e necessita de sua lógica da eudaimonia. Para o Santo,
é somente no interior da alma que se encontrará a Deus e precisamos sempre
vencer as forças exteriores da natureza.
39
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
40
TÓPICO 3 | FEUDALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
O mundo de Sophia
Jostein Gaarder
FONTE: GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo. Companhia das letras. 1998.
41
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A noção de tempo que temos hoje não era conhecida na Idade Média. Não
havia horas e calendários e muito mesmo a consciência de tempo regrado.
42
• As revoltas no modo feudal e as fugas dos camponeses aumentavam. Apesar
da repressão dita anteriormente, as diferenças entre os ricos mercadores e
os mestres das corporações aumentavam. Tentavam controlar desde a etapa
da produção até o preço final das mercadorias, mas isso se fazia bastante
complicado, pois o comércio internacional obtinha lucros crescentes. Então, a
crise generalizada obrigou várias categorias sociais a buscar respostas.
• Santo Agostinho e São Thomas de Aquino entendiam que Deus seria eterno
e transcendente, sendo o criador de tudo que existe no universo. Porém, para
Santo Agostinho, as ideias ou formas estavam no Espírito de Deus. Já para
Tomás de Aquino, deveria ser acrescentada a noção dos universais em seus
raciocínios.
43
AUTOATIVIDADE
44
Segundo o texto, as cruzadas:
45
46
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Estamos chegando ao nosso último tópico da unidade. Esperamos que
esteja gostando e aprendendo ao mesmo tempo.
Bons estudos!
47
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Sweezy et al. (1977) afirma que Dobb não define um sistema social, mas
uma família dele com foco na servidão. Sugere que Dobb identifique qual membro
da família está sendo estudado. Escolher um “membro” parece ser uma forma de
evitar generalizações.
Dobb explica que houve uma interação entre duas forças, dando mais
ênfase às forças internas. Não nega que o crescimento das cidades mercantis e
do comércio influenciaram na desintegração do modo de produção feudal, mas
afirma que a influência refletiu no aumento dos conflitos internos. Por exemplo, o
crescimento do comércio “acelerou o processo de diferenciação social no pequeno
modo de produção” (SWEEZY et al., 1977, p. 60).
48
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
E
IMPORTANT
É importante entender que, até o final da Idade Média, não existiam ainda Estados
constituídos, como Portugal, Espanha, França e Inglaterra. O poder político era instituído a
partir das relações pessoais, de laços estabelecidos dentro da sociedade de ordens (nobres,
clero e setores burgueses e populares).
49
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
[…] a única coisa que nenhum Estado, nem mesmo o Leviatã pode fazer
é obrigar as pessoas a matarem ao estarem dispostas a serem mortas.
No entanto, os Estados modernos conseguiram fazer exatamente
isso, e não poucas vezes. Embora muitas vezes tenham conseguido
por meio do alistamento compulsório, também fizeram apelando a
cada cidadão e convencendo-o de que, se ele se identificasse com a
coletividade, deveria estar pronto para o ato supremo de abdicar sua
liberdade e sua vida. A obediência voluntária ao Estado não foi um
elemento essencial na capacidade de mobilizar populações […].
50
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
51
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
E
IMPORTANT
Para Caio Prado (1975), a história econômica pode ser compreendida por meio
do contexto histórico da ascensão burguesa (o que já estava prestes a acontecer no período
que estamos analisando). Até então, o estudo da história estava muito pautado na história
eurocêntrica e dos “vencedores da história”. Não se analisava a história por meio da forma das
relações sociais de trabalho, e com isso, não se observava que os oprimidos também faziam
história. Então, por meio da burguesia e a formação do capitalismo, começaram a estudar
a sociedade por meio da história econômica, na busca da compreensão da formação da
sociedade através das atividades econômicas.
52
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
53
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
54
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
55
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Ademais:
5 O HUMANISMO
No humanismo é importante entender que as influências da era medieval
ainda eram significativas sobre o pensamento do homem ao abrir as portas para
o mundo moderno a partir das exigências políticas, sociais e econômicas que
emergiam na sociedade.
57
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
58
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
Devemos notar que, o reino não era mais um simples agregado desconexo
de feudos submetidos a uma hierarquia diferente de senhores, mas sim, um
território homogêneo submetido a um só Estado. Retirou-se da nobreza o poder
político que ela tinha enquanto ordem, atribuindo funções políticas na corte, o
que permitiu para o Estado dominar politicamente a nobreza.
59
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
60
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
61
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
62
TÓPICO 4 | TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
63
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
64
AUTOATIVIDADE
4 A famosa frase atribuída para Luís XIV: "O Estado sou eu", define o:
a) Absolutismo.
b) Iluminismo.
c) Liberalismo.
d) Patriotismo do rei.
e) Feudalismo.
65
66
UNIDADE 2
DESENVOLVIMENTO DO
CAPITALISMO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada tópico, você
encontrará exercícios que o auxiliarão na compreensão dos temas abordados.
TÓPICO 1 – MERCANTILISMO
TÓPICO 2 – FISIOCRACIA
TÓPICO 3 – LIBERALISMO
67
68
UNIDADE 2
TÓPICO 1
MERCANTILISMO
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, ao introduzir a Unidade 2, é importante pensarmos
sobre o movimento da história como uma construção de homens que vivem em
sociedade.
Assim, nesta unidade, objetivamos que você aprenda sobre como a forma
de organização social influencia o pensamento dos homens e modifica-os em sua
ação individual. Assim, no decorrer dos estudos, você perceberá como a história
econômica está presente na visão macro e micro do mundo.
2 MERCANTILISMO
Em geral, o processo de desenvolvimento econômico que transformou a
Europa Ocidental em maior centro comercial do mundo, desde o século XX, é
atribuído a condições econômicas, políticas e sociais.
FIGURA 1 – O MERCANTILISMO
69
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
E
IMPORTANT
70
TÓPICO 1 | MERCANTILISMO
71
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
3.2 INGLATERRA
O mercantilismo era baseado no estímulo da produção manufatureira.
Também houve incentivo ao desenvolvimento da marinha mercante.
E
IMPORTANT
3.3 ALEMANHA
Naquela época, a Alemanha era integrada em vários territórios, e houve
a adoção de um modelo de mercantilismo estilo cameralismo, que servia para
designar as medidas que pretendiam combater os efeitos da divisão territorial
excessiva e que tinha por objetivo aumentar os impostos para o aumento da renda
estatal. Foi um fato que contribuiu para a sustentação econômica da Alemanha
do século XIX.
72
TÓPICO 1 | MERCANTILISMO
E
IMPORTANT
3.4 HOLANDA
Na Holanda, uma atividade burguesa mercantil e bancária se desenvolveu
apoiada em três pilares: a Companhia das Índias Orientais, encarregada de
dirigir o comércio holandês no Oriente (compras, remessas de ouro, vendas das
mercadorias recebidas) e de explorar os recursos de territórios ultramarinos; o
Banco de Amsterdã, responsável pelo fornecimento de crédito e de moedas de
todos os países aos mercadores, para que estes pudessem comprar mercadorias
de qualquer origem; e uma frota mercante capacitada a transportar cargas
pesadas e volumosas ao longo das rotas marítimas.
74
TÓPICO 1 | MERCANTILISMO
E
IMPORTANT
75
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
MV = PT
Sendo:
M = estoque de moeda
V = velocidade de circulação
P = nível médio dos preços
T = volume de transações realizadas
77
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
78
TÓPICO 1 | MERCANTILISMO
79
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
80
TÓPICO 1 | MERCANTILISMO
81
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Principais teóricos:
83
AUTOATIVIDADE
a) Liberalismo.
b) Feudalismo.
c) Mercantilismo.
d) Escravismo.
e) Corporativismo.
84
O trecho refere-se aos princípios básicos da doutrina mercantilista, que
caracterizava a política econômica dos Estados modernos dos séculos XVI,
XVII e XVIII. Com base na doutrina, marque a alternativa correta:
5 Leia o trecho:
85
86
UNIDADE 2 TÓPICO 2
FISIOCRACIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos a fisiocracia, mas é necessário entendermos
a etimologia da palavra fisiocracia, que foi formada a partir do grego PHYSIS,
"forma, ordem natural, origem", mais KRÁTOS, "regra, valor, força".
Assim, fisiocracia foi uma teoria econômica do século XVIII, escrita por
franceses, que vão analisar o contexto histórico do século XVIII-XIX e percebem
que a riqueza das nações seria derivada unicamente da terra e não dos metais
preciosos, como vimos no tópico anterior.
Bons estudos!
87
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
Ocorre que o projeto iluminista fez a burguesia adotar uma postura crítica
em relação à tradição cultural e ao Estado e, a partir daí, a propor a transformação
da antiga ordem em um mundo completamente novo, o mundo burguês.
88
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
3 TEÓRICOS ILUMINISTAS
O iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o
século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão para maior liberdade
econômica e política. O movimento baseado nos ideais de liberdade, igualdade
e fraternidade contou com a participação de diversos pensadores, os quais
estudaremos a seguir.
89
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
É bem verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer;
mas a liberdade política não se consiste em fazer o que quer. Num
Estado, isto é, numa sociedade em que existem leis, a liberdade só
pode consistir em poder fazer o que se deve querer e a não ser coagido
a fazer o que não se deve querer. É preciso ter em mente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer
tudo o que as leis permitem; e se um cidadão pudesse fazer o que
elas proíbem, ele não teria mais liberdade, porque os outros também
teriam esse poder (MONTESQUIEU, 1989, p. 71).
90
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
E
IMPORTANT
91
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
92
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
93
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
94
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
Despesa dos
adiantamentos anuais 2 bilhões Total ..................... 2 bilhões
dos quais a metade é
Total ..................... 5 bilhões retida por essa classe
para os adiantamentos
do ano seguinte
95
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
O comércio é uma troca entre coisas que existem e que têm, cada uma
delas, o seu valor respectivo. Existe ainda a necessidade de trocar
condição sem a qual não haveria qualquer troca ou comércio; todas
as coisas precedem a ação de trocar; a troca ou comércio não fazem
nascer os produtos: a ação de trocar não produz, portanto, nada; é
somente necessária para satisfazer uma necessidade que é ela própria,
a causa da troca (QUESNAY, 1958, p. 234-235).
96
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
6 GERADOR DO EXCEDENTE
Segundo os fisiocratas, o trabalho produtivo seria o gerador de excedentes
e dependia da fertilidade do solo. Tal excedente seria direcionado exclusivamente
à renda fundiária e nasce com a produção e não com a troca. Assim, as rendas são
rendas de trabalho, mesmo a do arrendatário capitalista.
Um dos grandes problemas encontrados na fisiocracia é a inexistência de
uma teoria do valor. Tal ausência limita o pensamento fisiocrático, na medida em
que impossibilita a mensuração, ou seja, a determinação quantitativa (em termos
de valor) das grandezas físicas distintas da produção econômica.
Assim, na fisiocracia, consideramos apenas o aspecto físico da produção,
como no caso da agricultura. Cada um dos bens empregados no processo
produtivo se reencontra em maior quantidade no conjunto dos bens produzidos
pelo próprio setor. “Maior” seria a expressão que denotaria a “mensuração” do
excedente.
97
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
Mercantilistas Fisiocratas
Origem do excedente O excedente se origina no ato da O excedente, ou produto líquido,
troca, como moeda excedentária. origina-se na produção agrícola.
b) Como o excedente é O excedente é formado Para mover a produção agrícola, é
obtido vendendo-se caro o que foi preciso adiantar os salários e meios
comprado barato. de produção aos trabalhadores.
Como resultado, obter-se-á uma
quantidade de produto que repõe
o investido com lucro, restando
ainda o excedente, que será pago ao
dono de terra. O excedente só surge
porque a terra fértil é um fator de
produção dado pela natureza, pelo
qual não se paga.
c) Quem manipula o O excedente é manipulado O excedente é extraído da
excedente pelos indivíduos ou grupos natureza pelos cultivadores, mas
de indivíduos que agem como é recebido e manipulado pelos
mercadores. donos de terra, sobre os quais pesa
a responsabilidade de utilizá-lo
de forma a otimizar a produção
nacional.
d) Como o excedente A obtenção de mais moeda O excedente, quando utilizado
gera mais excedente possibilita a movimentação de pelos proprietários para adquirirem
maiores transações, gerando-se os produtos dos setores estéreis
maior excedente do que o inicial. e agrícolas, acaba por estimular
a produção dos setores. Pode se
reverter em maior excedente se
o gasto com o setor agrícola for
suficiente para aumentar sua
capacidade produtiva.
FONTE: Pinho; Vasconcellos et al. (2018, p. 12)
98
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
LEITURA COMPLEMENTAR
Conforme Hugon (1980), Smith cria uma ciência econômica que apresenta
inúmeros pontos de semelhança com os dos fisiocratas. Tal como este, busca
estabelecer as leis naturais explicativas dos fenômenos econômicos e das
suas relações, e melhor que eles, assenta solidamente o estudo dos problemas
econômicos em bases mais científicas e vastas.
É por existir uma causa sem a qual os recursos naturais, por preciosos
que sejam, nada são, por assim dizer; uma causa que, ao atuar, pode
surgir a ausência ou insuficiência de recursos naturais. Em outros
termos uma causa geral e comum de riqueza, causa que, atuando
de modo desigual e varia entre os diferentes povos, explica as
desigualdades de riqueza de cada um deles; essa causa dominante é
o trabalho, e com isso gera a riqueza de uma nação” (HUGON apud
SMITH, 1988, p. 104).
100
TÓPICO 2 | FISIOCRACIA
101
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
102
AUTOATIVIDADE
2 A frase “Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même” (“Deixe fazer, deixe
passar, o mundo vai por si mesmo”), atribuída por Vincent de Gournay, é
considerada o emblema da fisiocracia. O que a frase sugere?
3 “Que nunca percam de vista o Soberano e a Nação o fato de a terra ser a única
fonte das riquezas e que a agricultura as multiplica. Que a propriedade dos bens
de raiz e das riquezas mobiliárias seja assegurada aos seus possuidores legítimos,
pois a segurança da propriedade é o fundamento essencial da ordem econômica
da sociedade” (QUESNAY, François. Maximes Generales du Government
Economique). François Quesnay lançou as bases do pensamento liberal
fisiocrata, o qual:
104
UNIDADE 2 TÓPICO 3
LIBERALISMO
1 INTRODUÇÃO
Para discutirmos o liberalismo, é importante entendermos que a palavra
deriva do latim, liber (livre) e está associada com a palavra “liberdade”. Assim, o
termo “liberalismo” está baseado na defesa da liberdade individual, nos campos
econômico, político, religioso e intelectual, contra as intervenções e atitudes do
poder do Estado.
E
IMPORTANT
105
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
E
IMPORTANT
Método é como a gramática: sua aplicação não garante uma boa poesia. Todo
método é histórico: reflete a visão do homem (sujeito) e do mundo (objeto) e do próprio
conhecimento: mito, razão, fé, experiência-razão.
3 OS LIBERAIS
Os pensadores do século XVIII pregaram essencialmente o fim da intervenção
do Estado na vida particular dos indivíduos e na vida pública. Assim, promoveram a
crítica ao mercantilismo, propondo o fim da interferência estatal na economia.
106
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
107
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
E
IMPORTANT
Se o PL é geral, sua natureza não é mais física, mas abstrata. Não se reduz à renda da terra,
mas toma também a forma de lucro.
Contraste com conceito fisiocrata: riqueza como algo natural, estático – estoque de metais.
108
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
Então com a com DT > homens vivem das trocas ou do trabalho dos
outros. Sociedade de trocas: trocas criam laços sociais. Há uma relação dinâmica
entre DT e tamanho do mercado.
• Valor de uso ou a utilidade que uma mercadoria tem para uma pessoa.
• Valor de troca ou o poder de compra que uma mercadoria tem em relação a
outras mercadorias.
As coisas que têm mais valor de uso, geralmente têm pouco valor de troca
e vice-versa.
109
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
Ainda, para o autor, “sempre e em toda parte valeu este princípio: é caro o
que é difícil de se conseguir, ou aquilo que custa muito trabalho e é barato aquilo
que pode ser conseguido facilmente ou com muito pouco trabalho” (SMITH,
1988, p. 65). Então, o trabalho constitui o padrão último e real do valor de todas
as mercadorias.
110
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
Smith afirma que todo valor de troca é fruto do trabalho, mas é repartido
na forma de salários, lucro e renda da terra, sendo esses três componentes do
preço das mercadorias presentes em uma sociedade desenvolvida, onde há
acumulação de capital e propriedade privada da terra.
Assim, por meio do trabalho, bem como de sua divisão, é que se faria a
produtividade, bem como se constituiria a riqueza das nações.
111
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
112
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
113
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
É da queda dos lucros que surge a renda e não o contrário. “Em todos
os tempos e em todos os países, os lucros dependem da quantidade de trabalho
suficiente para dar aos trabalhadores um volume de artigos necessários para
sua subsistência, numa terra ou com um capital que não produzem renda”
(RICARDO, 1991, p. 23).
114
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
ATENCAO
Exemplo: 1, 7, 13, 19, 25, 31, 37, 43, 49... Já uma progressão geométrica substitui a soma pela
multiplicação. Exemplo: 1, 4, 16, 64, 256, 1024, 4096...
A pobreza faz parte das leis naturais, que indicam um futuro sombrio para
a humanidade; não há distribuição de renda e reforma social que possa garantir
um padrão de vida digno para os pobres. Se a causa da pobreza é o excesso da
população, qualquer distribuição só serve para estimular a indolência e a preguiça.
As “leis dos pobres” só pioram a pobreza e o progresso depende mais da ação
individual do que das reformas sociais. Segundo Beaud (1991, p. 53):
116
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
117
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
ATENCAO
118
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
• Teoria da Produção segue leis técnicas, imutáveis, fixadas pela natureza e pela
tecnologia; os homens podem se sujeitar a elas, mas não as modificar.
• Teoria da Distribuição segue critérios políticos e pode ser feita de acordo com
os objetivos políticos do governo.
119
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
120
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
O trabalho era o primeiro preço, o dinheiro da compra inicial que era pago
por todas as coisas. Segundo o autor, não foi com ouro nem com a prata, mas com
o trabalho que toda a riqueza do mundo foi inicialmente comprada.
121
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
De uma maneira geral, pode-se dizer que a teoria do valor, nos termos
formulados por Smith, apresenta duas dimensões básicas. A primeira é ressaltar
o trabalho como medida de riqueza e não mais os metais, que passam para um
plano inferior no universo das riquezas (Smith está fazendo uma contraposição
ao mercantilismo, cuja riqueza era medida em moedas metálicas) e a segunda é
destacar o caráter cooperativo da sociedade comandada pelo processo de divisão
do trabalho. A troca de mercadorias revela o seu significado ímpar: troca-se
trabalho por trabalho.
122
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
123
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
Marx qualifica o debate mostrando que não é o trabalho (na sua forma
de produto, conforme anunciado pelos "clássicos") que está em contraposição
ao capital, mas a força de trabalho, que é trocada com o capital por um valor
capaz de garantir a própria reprodução dessa força de trabalho e produzir novos
produtos. Marx inicia sua obra diferenciando valor de uso e valor de troca para
distinguir o próprio trabalho (trabalho concreto e trabalho abstrato).
124
TÓPICO 3 | LIBERALISMO
FONTE: PEREIRA, Camila Amaral. Economia política clássica: a teoria do valor dos clássicos.
S/N. 2016.
125
RESUMO DO TÓPICO 3
126
AUTOATIVIDADE
a) Do liberalismo.
b) Do socialismo utópico.
c) Do absolutismo monárquico.
d) Do socialismo científico.
e) Do anarquismo.
127
No pequeno trecho citado, Adam Smith:
a) Contrapõe lucro e renda, pois geram racionalidades e modos de vida
distintos.
b) Mostra as vantagens do capitalismo comercial em face da estagnação
medieval.
c) Defende a lucratividade do comércio contra os baixos rendimentos do
campo.
d) Critica a preocupação dos comerciantes com seus lucros e dos cavalheiros
com a ostentação de riquezas.
e) Expõe as causas da estagnação da agricultura no final do século XVIII.
128
UNIDADE 3
AS TEORIAS DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada um deles, você
encontrará exercícios que o auxiliarão na compreensão dos temas abordados.
129
130
UNIDADE 3
TÓPICO 1
ESCOLA CLÁSSICA E SOCIALISMO
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, ao introduzir a Unidade 3, é importante nos
questionarmos a formação da organização social em que vivemos. Você já
parou para pensar sobre o tema? Consegue compreender o desenvolvimento do
capitalismo? Como isso impacta no Brasil e na região em que vive?
Nesta unidade, nós objetivamos que você reflita sobre tais questionamentos
e conheça o movimento dinâmico e contraditório do capitalismo.
131
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
3 OS FISIOCRATAS
Na unidade anterior, estudamos que os fisiocratas (governo da terra)
denominaram a terra como fonte de valor. Os trabalhadores da terra seriam
responsáveis pela criação do excedente, já que ao trabalharem seriam capazes
de produzir além do necessário para sua subsistência. Assim, conseguiriam
produzir valores de uso maiores do que os dependidos no processo produtivo.
Se os trabalhadores agrícolas consumissem tudo aquilo que produzissem, não
existiria excedente. Entretanto, com a fertilidade da terra, o trabalho gasto em seu
cultivo se tornava produtivo.
4 ADAM SMITH
Segundo Freitas (2006, p. 45), Adam Smith, em seu livro A Riqueza das
Nações, de 1776, apoiado nas ideias dos fisiocratas, procurou ampliar o esquema
teórico para o início de uma sociedade industrial. Utilizou o exemplo de uma
fábrica de alfinetes, mostrando a divisão do trabalho. “Um homem puxa o arame,
outro endireita-o, um terceiro corta-o, um quarto aguça-o, um quinto afia-lhe o
topo para receber a cabeça [...]”.
132
TÓPICO 1 | ESCOLA CLÁSSICA E SOCIALISMO
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
133
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
5 THOMAS MALTHUS
Segundo Hunt (2005), durante e após a segunda década do século XIX, a
preocupação de Malthus se deslocou do conflito de classes entre os proprietários e
trabalhadores para o conflito entre as duas classes antagônicas de proprietários: a
dos capitalistas e a dos proprietários de terras. Assim, quase todos os seus escritos
teóricos, no período, foram incorporados em seus princípios de economia política.
Para Hunt (2005, p. 98), Malthus não tinha a mesma visão da História
que tinha Smith, pois ele “tinha uma visão bastante condicionada pela cultura
egocêntrica, e havia apenas dois estados da sociedade: o estado rude, não
civilizado, e o estado civilizado”.
134
TÓPICO 1 | ESCOLA CLÁSSICA E SOCIALISMO
135
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Significa que o valor deve ser entendido como proporção da troca, que
ele depende do trabalho contido na mercadoria e, finalmente, que o valor não
depende da remuneração do trabalho, mas da quantidade de trabalho em si.
Assim, em outras palavras, Ricardo passa a sustentar que o valor das mercadorias
é determinado pelas quantidades de trabalho nelas inseridas.
Vale a pena notar que um produto, tão logo seja criado, nesse mesmo
instante, gera um mercado para outros produtos em toda a grandeza de
seu próprio valor. Quando o produtor dá o toque final ao seu produto,
ele está ansioso para vendê-lo imediatamente para que o valor do
produto não pereça em suas mãos. Nem está ele menos ansioso para
se utilizar do dinheiro que pode obter, porque o valor do dinheiro
também é perecível. Mas o único modo de se desfazer do dinheiro é
pela compra de um produto ou outro. Assim, a mera circunstância da
criação de um produto imediatamente abre um mercado para outros
produtos.
136
TÓPICO 1 | ESCOLA CLÁSSICA E SOCIALISMO
Fluxo Monetário
Fluxo Real (bens e serviços)
Segundo Hunt (2005), na interação dos dois fluxos, de acordo com a lei de
Say, a oferta, que corresponde à análise da produção, tem um papel determinante.
Se houver um aumento da produção de bens e serviços e, por conseguinte, um
aumento da quantidade de fatores envolvidos na produção, mais gente estará
empregada e, ao serem remunerados por sua participação no processo, estarão
auferindo renda com a qual poderão comprar uma quantidade maior de bens e
serviços que estará sendo disponibilizada.
137
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
E
IMPORTANT
Segundo Hunt (2005), Mill começou com uma ideia muito próxima de
uma teoria do valor-trabalho de Ricardo, no sentido de que a produção de uma
coisa que custa ao produtor é o trabalho empregado em sua produção.
7 O MARXISMO
Com Karl Marx, o conceito clássico do valor-trabalho sofre uma
reformulação definitiva, pois o autor mostra o equívoco dos precursores ao
desvendarem que não é o trabalho que é trocado por outra mercadoria, mas a
“capacidade de trabalho” (trabalho em potência ou trabalho ainda a realizar).
139
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
E
IMPORTANT
De acordo com Hunt (2005), Marx qualifica o debate mostrando que não é
o trabalho, na sua forma de produto, conforme anunciado pelos “clássicos”, que
está em contraposição ao capital, mas a força de trabalho, que é trocada com o
capital por um valor capaz de garantir a própria reprodução da força de trabalho.
Devemos recordar que Marx inicia sua obra diferenciando valor de uso e valor
de troca para, em seguida, distinguir o próprio trabalho (trabalho concreto e
trabalho abstrato).
E
IMPORTANT
140
TÓPICO 1 | ESCOLA CLÁSSICA E SOCIALISMO
8 SOCIALISMO
O socialismo surge com o movimento histórico da Revolução Industrial,
com o objetivo de luta pelo social, em detrimento da lógica individual do modo
de produção capitalista que estava se formando. Um dos principais expoentes do
socialismo é Karl Marx que, ao estudar a acumulação primitiva, buscava entender
o modo de produção que estava se formando por meio da transformação social.
Para Marx, é com a separação do trabalhador de seus meios de produção
que nascem os agentes da produção capitalista: de um lado, os trabalhadores
assalariados que foram desapropriados de seus meios de produção e que,
portanto, só conseguem sobreviver se conseguirem vender sua força de trabalho
por um salário e, de outro lado, os capitalistas, aqueles que se apropriaram dos
meios de produção dos trabalhadores independentes e que vivem empenhados
na ampliação de suas riquezas por meio da compra do trabalho alheio.
E
IMPORTANT
141
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
TRABALHADORES DE TODO O
MUNDO, UNI–VOS!
MARX E ENGELS - MANIFESTO DO
PARTIDO COMUNISTA
142
TÓPICO 1 | ESCOLA CLÁSSICA E SOCIALISMO
E
IMPORTANT
143
RESUMO DO TÓPICO 1
• A Escola Clássica buscou explicar a teoria do valor, cuja única fonte original
era identificada no trabalho em geral.
144
AUTOATIVIDADE
3 Explique o socialismo.
145
146
UNIDADE 3
TÓPICO 2
ESCOLA NEOCLÁSSICA
1 INTRODUÇÃO
A Escola Neoclássica buscava a integração da Teoria do Valor dos Clássicos
com a Teoria do Custo de Produção. Objetivava-se uma maior otimização dos
recursos em consequência da escassez.
E
IMPORTANT
Você sabia que é por meio da lei da utilidade que temos a teoria do consumidor
na economia? As pessoas têm necessidades diferentes e fazem escolhas. Por exemplo: será
que a utilidade de um ar condicionado na região Nordeste do Brasil seria a mesma para a
região serrana de Santa Catarina?
147
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
As coisas que têm mais valor de uso têm, quase sempre, pouco ou
nenhum valor de troca; ao contrário, as coisas que têm mais valor de
troca, têm pouco ou nenhum valor de uso. Nada mais útil do que a
água; no entanto, ela compra pouca coisa; quase nada pode ser obtido
em troca de agua. Um diamante, pelo contrário, tem pouco valor de
uso, mas pode ser, quase sempre, trocado por uma grande quantidade
de outros bens (SMITH,1989, p. 341).
148
TÓPICO 2 | ESCOLA NEOCLÁSSICA
Para ele, o valor do bem não poderia ser determinado apenas pelo lado da
oferta, representado pelo custo de produção, mas também pelo lado da demanda,
expresso na utilidade. Segundo Hunt (2005), quanto à contribuição dos clássicos,
o que Marshall tentou fazer, segundo ele próprio, foi complementar e generalizar,
por meio do aparato matemático, os postulados de Smith e principalmente de
Ricardo.
Ao introduzir o fator tempo na análise econômica pela distinção entre
curtos e longos períodos, o autor procurou determinar o papel do custo objetivo
de produção (longos períodos) e o papel da utilidade marginal (períodos curtos)
na determinação do valor de bens e serviços.
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
Segundo Hunt (2005), outra contribuição dos autores pode ser avaliada
considerando a mudança na maneira como o objeto de estudo da economia
passou a ser visto. O objetivo era neutralizar o componente político da ciência.
149
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
150
TÓPICO 2 | ESCOLA NEOCLÁSSICA
LEITURA COMPLEMENTAR
A ortodoxia neoclássica
Eleutério F. S. Prado
151
UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
3 KEYNESIANISMO
A crise econômica de 1929 foi uma crise de superprodução, a qual havia
muita oferta de mercadoria, mas não havia demanda. Colocou em discussão a
viabilidade das medidas econômicas, que apontava para o mercado capitalista
como o instrumento ideal para alcançarmos o equilíbrio econômico e social, sem
a intervenção do Estado.
152
TÓPICO 2 | ESCOLA NEOCLÁSSICA
A resposta à crise foi encontrada nos Estados Unidos e depois nos demais
países do capitalismo ocidental, na ampliação da intervenção do Estado, com o
planejamento econômico. Nos EUA, as medidas foram implantadas no governo
do presidente democrata Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) e receberam o
nome de New Deal (Novo Acordo).
153
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E
IMPORTANT
A Lei de Say diz que a soma dos valores de tudo aquilo que é produzido é
sempre equivalente à soma dos valores empregados como fatores na produção.
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IMPORTANT
Assim, de acordo com Hunt (2005), podemos dizer que tudo que
ganhamos deve ser gasto. Se parte não é, outra pessoa o faz, recebendo o dinheiro
por empréstimo. Considerando que o volume dos meios de produção e da força
de trabalho é regulado pela produção, temos que a economia tende a operar com
pleno emprego de recursos (ou plena capacidade de produção).
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LEITURA COMPLEMENTAR
Ricardo Dathein
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TÓPICO 2 | ESCOLA NEOCLÁSSICA
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TÓPICO 2 | ESCOLA NEOCLÁSSICA
FONTE: DATHEIN, Ricardo. Um esboço da teoria keynesiana. 2000. Disponível em: <www.
virtual.ie.ufrj.br/ufrgs/analisemacroeconomicaa/textos/teoriakeynesiana.doc>. Acesso em: 18
jun. 2018.
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RESUMO DO TÓPICO 2
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AUTOATIVIDADE
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
PENSAMENTO ECONÔMICO
CONTEMPORÂNEO E OS PENSADORES
BRASILEIROS LATINO-AMERICANOS
1 INTRODUÇÃO
Você já ouviu falar sobre o neoliberalismo? Leu sobre nos jornais, nas
redes sociais ou em qualquer lugar do mundo atual? Lembra que já estudamos
o pensamento econômico do liberalismo? Então, será que atualmente estamos
vivendo em um neo (novo) liberalismo?
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3 NEOLIBERALISMO
O Neoliberalismo é um novo conceito do liberalismo clássico, cuja
característica marcante é a defesa de maior autonomia dos cidadãos nos setores
econômicos e políticos e, consequentemente, com pouca intervenção estatal.
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• Ajuste fiscal.
• Redução do tamanho do Estado.
• Privatização.
• Abertura comercial.
• Abertura financeira.
• Fiscalização dos gastos públicos e fim das obras faraônicas.
• Investimento em infraestrutura básica.
• Terceirização.
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IMPORTANT
A CEPAL é uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas e sua sede
está em Santiago do Chile. Foi fundada para contribuir com o desenvolvimento
econômico da América Latina, coordenar as ações encaminhadas à promoção e
reforçar as relações econômicas dos países entre si e com as outras nações do
mundo.
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UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
LEITURA COMPLEMENTAR
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UNIDADE 3 | AS TEORIAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
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de Celso Furtado na avaliação do desenvolvimento social da América Latina. Coleção
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174
RESUMO DO TÓPICO 3
175
AUTOATIVIDADE
176
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