O Papel Da Associação Na Comunidade
O Papel Da Associação Na Comunidade
O Papel Da Associação Na Comunidade
NA COMUNIDADE
Alguns pensam que o papel da Associação de Moradores é só reivindicar do poder público as
melhorias para a comunidade. Outros acham que ela é uma espécie de clubinho, que cuida de
organizar o lazer para uns poucos cidadãos.
Existem ainda os que entendem a associação como sendo um comitê eleitoral. Ou seja, a
diretoria pede aos vereadores ou secretários da prefeitura algumas melhorias e, os “favores”
recebidos, são pagos na próxima eleição através da campanha em favor do “benfeitor” ou dos
candidatos indicados por ele.
Ora, é um conjunto de ações em defesa dos interesses dos moradores, em qualquer área que
eles se apresentarem. Colocamos, a seguir, algumas maneiras de realizar a defesa destes
interesses. Esta lista, porém, deve ser completada numa reunião com os moradores da sua
comunidade.
Enfim, use a criatividade e faça o maior barulho possível antes, durante e depois da batalha. Se
a melhoria foi conquistada, todos têm de saber disso e celebrar a vitória. Se o pedido não foi
atendido, de um jeito da população ficar sabendo do descaso das autoridades. Ao mesmo
tempo, deve ser convocada uma reunião dos moradores para pensar outra maneira de
continuar a luta.
Para reivindicar melhorias para a comunidade ou para defender melhor os interesses dos
moradores, a associação precisa conhecer bem a comunidade, a região, a cidade e, até mesmo
o país. Deve saber, por exemplo, dos mínimos detalhes, tudo que existe na comunidade e na
região: quantas escolas, quantas vagas existem nelas, quantas consultas no posto de saúde,
como é o atendimento na creche, etc. deve conhecer também a vida e as dificuldades dos
moradores da comunidade. Para isso, podem ser realizadas pesquisas junto aos próprios
moradores.
Cabe à Associação, também, buscar nos órgãos públicos todas as informações necessárias. Por
exemplo: procurar saber na prefeitura todos os programas que ela desenvolve na área da
saúde, da educação, da geração de emprego e renda, da habitação, etc. Buscar informações
também em outros órgãos como as secretarias do governo do estado, previdência social e
demais órgãos federais, como também, nas universidades. Em todos os órgãos públicos existem
programas, serviços e produtos que, muitas vezes, a população não usa porque não sabe que
eles existem e que ela tem o direito de usar.
• Apresentar propostas
Você sabe qual o valor total do orçamento anual de sua cidade? Qual o montante de recursos
repassados a ela pelo governo do estado e federal? Sabe como é gasto o dinheiro da população?
Quanto é usado na saúde? E na educação? E para habitação quanto está previsto para este ano?
Quanto o prefeito gasta com propaganda ou viagens?
É muito comum a Associação de Moradores apresentar uma reivindicação e o prefeito, o
vereador, ou o secretário, dizer que o pedido não é possível por não ter dinheiro. Mas, será que
não tem mesmo? Às vezes é verdade. Na maioria, porém, o problema está na distribuição dos
recursos, na decisão sobre o que é mais importante e mais urgente de ser feito.
Outras vezes, o problema está na corrupção e no desperdício do dinheiro público.
Discutir o orçamento, lutar pela sua democratização, acompanhar de perto a aplicação das
verbas, fiscalizar para que os gastos sejam feitos de acordo com o que é mais necessário ao
bem estar da população, é dever da Associação de Moradores.
Muitos dos problemas enfrentados pelos moradores podem ser resolvidos diretamente pela
comunidade, desde que haja união e solidariedade. O mutirão é uma maneira de desenvolver
nas pessoas um sentimento de solidariedade, a educação para o trabalho coletivo, a amizade
entre os vizinhos, o amor pela comunidade, o respeito pelo outro, a valorização da própria
Associação e a vontade de participar de organizações populares.
A ação coletiva dos moradores pode, e deve, ser organizada pela Associação. É uma forma
eficiente e resolver situações como: a construção, reforma ou ampliação da casa de um
morador, da sede da Associação, ou ainda muitas outras coisas de acordo com a realidade de
cada local.
O mutirão não pode, e não deve substituir as obrigações dos poderes públicos, tais como:
limpeza e conservação das ruas, melhoria na estrutura ou no atendimento dos postos de saúde,
das creches ou escolas. A solidariedade deve ser para com as obrigações dos indivíduos, dos
vizinhos, nunca substituindo as responsabilidades do Estado.
Para resolver alguns problemas da comunidade, a Associação pode buscar apoio de órgãos
públicos ou de ONG's para projetos comunitários.
Estes projetos podem ser na área da educação ou saúde, por exemplo, cursos sobre utilização
de ervas medicinais ou hortas comunitárias. A Associação pode, também, organizar
cooperativas de geração de emprego e renda (de produção ou de consumo) para as famílias da
comunidade, ou ainda, organizar feiras para comercialização de produtos fabricados pelas
famílias com o objetivo de complementar seu sustento.
A união faz a força. Quem já não ouviu este ditado popular? Pois é, mas não basta só ouvir e
falar. É preciso fazer isso acontecer. Se a gente realmente quer mudar nossa situação de vida,
não podemos ficar sozinhos ou num pequeno grupo. Por exemplo: pessoas de uma comunidade
já têm experiência acumulada na luta por saneamento básico ou fizeram várias visitas ao
prefeito. Elas podem ajudar outra comunidade que esta começando, socializando aos iniciantes
formas mais eficiente ou mais rápida. Quem tem mais experiência ajuda quem tem menos.
Além da troca de experiência a união pode trazer mais força para todos na resolução dos
problemas. Por exemplo: a fundação de uma União das Associações de Moradores, catalisando e
unificando as lutas locais por mais ou melhores equipamentos de saúde e educação, com
certeza, trará mais resultados para todos.
Buscar ajuda ou unir-se a outros movimentos organizados, também pode trazer a solução para
algumas situações, por exemplo, na luta por creches para as crianças da comunidade, a
Associação pode contar com o Fórum Catarinense de Luta por Creches.
Para saber mais sobre outros movimentos ou entidades que podem contribuir na luta de sua
Associação acesse www.famesc.org.br ou envie e-mail para famesc@yahoo.com.br.
Associação de Moradores e luta pela cidadania para todos são duas coisas que caminham
juntas. Vamos ver por que:
A cidadania não existe de forma pronta e acabada. Nem é alguma coisa que se pode comprar
ou ganhar de alguém. Cidadania é sempre construção. E, essa construção permanente da
cidadania acontece de dois jeitos ao mesmo tempo, como dois lados da mesma moeda:
1. De um lado, para ter cidadania (para sermos).
Cidadãos (ãs) é preciso que todos gozem dos direitos
Garantidos na lei, e cumpram seus deveres na sociedade.
No Brasil, porém, é preciso mais do que isso, temos que
lutar para garantir o cumprimento do que está escrito na lei
e lutar para que sejam escritos na lei muitos outros direitos
da população (ampliar direitos).
2. De outro lado, a verdadeira e plena cidadania só existirá
com o fim de toda forma de preconceito e discriminação,
com a construção de uma cultura de respeito entre as
pessoas, de convivência fraterna, baseada na
solidariedade. Assim, a cidadania só vai existir se muitas
mudanças econômicas, políticas e culturais forem feitas em
nosso país
Mudanças na economia
Não da para falar em cidadania tendo muita gente sem direito à educação, à saúde, à moradia,
à informação; muitos trabalhadores rurais sem direito a um pedaço de terra, muitos moradores
das cidades sem direito ao emprego e à moradia digna. A cidadania não é possível sem
distribuição de renda, sem aumento do salário mínimo.
Os relatórios internacionais, como os do Banco Mundial, ONU e etc, demonstram que embora se
tenha melhorado muito a situação nos últimos três anos, o Brasil continua entre os campeões
de desigualdades sociais, posicionando-se entre os piores países do mundo em distribuição de
renda. A tendência, na melhor das hipóteses, é que essa situação fique inalterada, a não ser
que o povo se organize e busque formas de combater a política de empobrecimento da maioria
da população.
Além disso, com o aumento do número gigantesco de desempregados na década de 1990 e, com
a diminuição da renda da maioria dos que encontram alguma ocupação, se torna maior a
necessidade do chamado “salário indireto” (educação e saúde pública de qualidade e gratuita,
habitação com prestações pequenas e sem juros, creches, cultura e lazer, etc). Ou seja,
aumenta a necessidade de garantir a chegada deste salário indireto até as pessoas.
Cabe à Associação fazer com que cada vez mais moradores tenham a consciência de que isso
tudo é direito de cidadania da população. Não é favor de nenhum político, não é do prefeito
nem dos vereadores ou deputados.
Precisa ser mudada tanto a política do Estado, quanto aquela política nossa do dia-a-dia. A
dominação política e cultural acontece no poder municipal, estadual e nacional; mas, também
na família, na escola, nas empresas, nas igrejas, nos sindicatos e nas Associações de Moradores.
O clientelismo é uma das formas mais usadas de dominação política. Ele acontece quando
achamos que a política tem dono. Quando não lutamos pelo reconhecimento dos direitos, mas
aceitamos as melhorias nas condições de vida como um “favor”. Quando, na hora da eleição,
votamos e fazemos campanha para aquele que resolveu um problema e não escolhemos um
candidato com base na sua história de luta por uma vida melhor sempre para todos.
Um grande passo, no sentido de acabar com o clientelismo, acontece quando os moradores de
um bairro entendem que têm poder, que este poder vem de sua união e pode ser usado para
fazer valer seus direitos de cidadãos.
Outro grande passo, de mudança política e cultural, é percebermos como e quanto somos
individualistas e autoritários em nosso dia-a-dia.
Somos individualistas quando pensamos no “cada um por si”, no “salve-se quem puder”, na
competição, na vontade de crescer sozinho, não prestando atenção nos outros ou
desrespeitando a natureza.
Somos autoritários toda vez que nos tornamos donos de outras pessoas, quando tiramos ou
paralisamos suas capacidades, quando não respeitamos os outros nas suas diferenças, quando
não contribuímos para a plena realização das pessoas.
Além destas formas de dominação, existe ainda, entre nós, o machismo, o racismo e outras
formas de preconceito e discriminação (dos idosos, dos deficientes, dos homossexuais, etc).
Estas formas de dominação cultural devem ser enfrentadas todo dia, a todo o momento, pois a
dignidade humana e a cidadania não são direitos de uns poucos escolhidos, mas de todos.
REFORMA URBANA: UMA NECESSIDADE
No dia-a-dia de uma Associação se luta por habitação, transporte, saúde, educação, meio
ambiente sadio, saneamento básico, segurança pública, etc, sempre com a finalidade de
melhorar a qualidade de vida da população. A luta maior da associação se dá frente ao poder
público e é a partir desse enfrentamento que a situação do bairro vai se definindo.
A lógica dos setores dominantes nas cidades tem transformado, no decorrer dos anos, os
direitos de cada cidadão em mercadorias que para serem compradas necessitam poder
aquisitivo (dinheiro) para se pagar o preço estabelecido. Essa visão faz com que a riqueza se
concentre na mão de poucos e a pobreza e miséria se distribuía entre a maioria da população.
O resultado dessa realidade é um crescente numero de sem-teto, sem-terra, prostituição,
crianças na rua, violência, favelas, lotes irregulares, sucateamento da saúde, etc.
Para enfrentarmos esta situação todo dia, os Movimentos Populares foram se organizando mais
e, assim, surgiram vários movimentos específicos: Moradia, Saúde, Educação, Transporte,
Saneamento, etc. Esses movimentos, com tantos anos de luta e experiências, não conseguiram
resolver todos os problemas definitivamente.
É importante lembrar que muitas vezes as reivindicações do movimento são atendidas, mas que
muitos proprietários ou empresários, acabam se enriquecendo com a solução desse ou daquele
problema. Ex: em muitas vezes o Movimento pelo Transporte conquista a ampliação da linha de
ônibus para determinado bairro. O prefeito faz um Projeto cheio de curvas, por muitos terrenos
vazios (de imobiliárias ou de especuladores), que ganham muito dinheiro com a valorização de
seus terrenos. Em outras vezes, o prefeito e vereadores resolvem fazer um Conjunto
Habitacional ou Loteamento bem longe da cidade para aumentar o preço das terras
intermediárias ali existentes, que ficarão servidas de rede elétrica, água, asfalto, rede de
água, ônibus, etc.
Para se resolver esse problema é preciso que os movimentos organizados se unam e enfrentem
a raiz dos problemas que é o sistema neoliberal, que hoje se espalha pelo mundo, e sua lógica
de construir a cidade.
Quando os Movimentos de Moradia, Saúde, Segurança e outros se articulam e lutam em
conjunto, unidos, chamamos essa luta de REFORMA URBANA. Assim, estão resgatando a luta
pela democratização da cidade e de sua construção coletiva. É o que alguns chamam de
“Direito à Cidade”.
A Reforma Urbana melhora as condições de vida da cidade como um todo. Do mesmo modo
como as melhores terras garantem melhores e maiores produções e, portanto, maior renda, as
áreas mais valorizadas garantem melhores condições de vida, maior oferta de serviços, menor
necessidade de transporte, o que quer dizer ganho de tempo e economia de dinheiro.
Lutar por Reforma Urbana é lutar por um lugar na cidade, é garantir melhor acesso e melhores
condições de serviços. Por isso a Reforma Urbana é uma luta de todos. De que adiantam boas
escolas se for quase impossível deslocar-se até elas? De que adianta ter um Posto de Saúde se
no seu local de moradia não tem água, esgoto tratado e as crianças passam o dia brincando
dentro de valetas mau-cheirosas, a céu aberto?
Apesar de tantos problemas enfrentados e não resolvidos pelas autoridades eleitas pelo povo,
não é difícil escutar o seguinte comentário, quando uma Associação resolve puxar uma luta:
“Isso não vai para frente, porque não tem nenhum vereador ajudando”, ou, “tem que chamar o
vereador fulano para ele resolver o problema”, ou ainda, “não pode comprar briga com
prefeito senão ele não dá bola pra gente”.
Pois bem. Vamos tentar refletir sobre isso.
Quando, numa luta, aparecem comentários como este, é bom refletir com seriedade. Primeiro
é importante encarar os direitos não atendidos pelas autoridades como uma negação à nossa
cidadania. Ser cidadão é lutar pelos direitos e poder usufruir deles.
Segundo. A própria história dos movimentos mostra que, quanto maior a sua independência,
melhores condições ele terá para pedir esclarecimentos e exigir soluções
Em Terceiro lugar, a confiança exagerada em um “político”, desmobiliza as pessoas porque
desacredita toda a força transformadora que nasce a partir da união do povo.
A conclusão de muita gente acaba sendo: “Porque participar se o fulano vai resolver a
situação?”.
Acontece que o fulano não resolve! Se resolvesse, a maioria da população não estaria vivendo
(ou sobrevivendo) a duras penas, não haveria tanto descaso por parte das autoridades.
Vamos dar um exemplo, a desapropriação de áreas vazias não é do interesse de políticos donos
de imobiliárias ou amigos de especuladores.
Com o “rabo preso”, nem mesmo bichinho gosta de ficar, não é mesmo? Muito menos
Associações de Moradores, que devem garantir democracia, autonomia e independência, para
ser espaço de construção da verdadeira cidadania
Para que realmente o trabalho da Associação funcione bem, todos os moradores da área
precisam se sentir donos dela, e não apenas esperar da sua Diretoria as decisões e atitudes. É
preciso se envolver, opinar, dialogar, ver quais as idéias que todos têm e colocá-las em
comum, de forma que as decisões tomadas sejam as mais coletivas possíveis.
Como participar?
Algumas dicas:
a) Pessoas que já tem algum cargo na Igreja, na Escola ou Entidades, que lhe toma
praticamente todo o tempo, não devem assumir cargos principais na Associação, pois será
impossível desenvolvê-los;
b) Informar sempre à população o que a Associação está pensando ou fazendo. Para isso, usar
cartazes, panfletos, alto-falantes e meios de comunicação (confiáveis) que poderiam contribuir
no repasse de informações;
c) Promover atividades em horários que permitam a participação do maior número de pessoas
(Ex: à noite, em finais de semana etc);
d) Diretoria e associados precisam conhecer melhor seu bairro ou município, o que acontece,
seu funcionamento, as leis, etc;
e) Formar Comissões de trabalho para atuarem em área específica (esporte, saúde e etc).
A realidade urbana é bastante complicada, difícil, com muitos problemas e necessidades com
as quais a população convive diariamente. A Associação deve se posicionar frente a eles e, para
tanto, é preciso definir qual sua área de abrangência, observando-se o seguinte:
1. Respeitar a planta geral da cidade e definir as áreas de
atuação e seus limites;
2. Pontuar áreas de risco ou de maior necessidade de
atenção social;
3. Definir as prioridades de ação e os prazos de cumprimento
das mesmas;
4. Comprometer-se como Associação representante daquela
área junto a Prefeitura, órgãos públicos ou privados, na
busca de soluções para problemas comuns.
Muitas pessoas já ouviram esta frase: “Só se ama aquilo que se conhece”.
Na vida comunitária também é assim. É preciso se informar, conhecer primeiro para depois
poder agir seguramente.
Na história política brasileira sempre foi assim, os políticos “sabem” e o povo deve obedecer
quietinho. Essa idéia ocupa nossas cabeças e é preciso desfazer esse “bicho-papão” que
pensamos ser a Política.
A palavra Política vem do grego Polis (significa cidade) e quer dizer “governar na cidade”, ou
como dizia o Padre Lebret (estudioso francês), “Política é a ciência, a arte e a virtude do bem
comum”. Portanto, como todo ser humano preocupa-se com o bem comum, toda pessoa é
política. Não é preciso pensar que isso é coisa ruim ou “suja”. Quando trabalhamos pelo nosso
sustento e de nossa família realizamos um ato político. Ao organizar uma casa, a educação dos
filhos, a dona de casa está sendo política. Somos animais políticos e é preciso usar a política
como instrumento de transformação do que está errado.
É claro que o poder público em todos os níveis (local, estadual e nacional), conhece muito bem
a força que o povo organizado tem. Muitas pessoas que hoje estão na condição de autoridades
políticas começaram sua vida política numa Associação de Moradores. Conhecem por dentro
como funciona e, por isso, quando não concordam com uma crítica às suas ações, ou reprimem
fortemente as organizações do povo ou as desprezam, ignoram, fazendo de conta que não
existem.
É preciso lembrar sempre que:
Pobre não é sinônimo de incapaz;
O saber que tenho deve ser partilhado com outras
pessoas, para enriquecê-las com novas experiências;
A luta para se construir algo não é só de um, é de todos;
Se acho errado algo que já esta feito tenho que participar
da discussão conjunta para que o problema seja resolvido;
A participação de uma pessoa, por menor que seja, é
muito importante.
Para se conhecer é preciso informar, se formar. Há diversas maneiras de se contribuir com a
formação:
a) Através de boletins mensais com assuntos de interesse popular, distribuídos gratuitamente
aos moradores. Além de informar, o “jornalzinho” forma opinião;
b) Na prestação e realização de cursos, encontros, palestras sobre assuntos de interesse local;
c) Na parceria com ONG's, Sindicatos e outras entidades que se disponham em ajudar a discutir
algum tema ou projeto;
d) Na atualização e divulgação sempre constante de dados, pesquisas, que mostrem a realidade
atual de determinada área (ex:desemprego). Só é possível mudar a realidade ruim para uma
mais humana e digna se todos a conhecerem bem, juntarem esforços e lutarem para a
mudança. CRUZAR OS BRAÇOS QUASE NUNCA É A MELHOR DECISÃO.
O famoso filósofo grego, Sócrates, morreu afirmando “só sei que nada sei”. A nossa vida nos
ensina sempre, até o ultimo momento. Por isso, na Associação é sempre bom que pessoas
participem das reuniões formativas, cursos, passeatas e todas as formas de aprendizado que
sempre trazem algo a mais para a “bagagem intelectual” das pessoas.
E O TEMPO? Esta aí um fator importantíssimo a ser considerado. Às vezes as pessoas não têm
paciência nem consigo mesmas, quanto mais com a dinâmica dos movimentos que tem serviço
de montão e pouquíssima gente para levar em frente à luta. Não se pode querer tudo mudado
de hoje para a semana que vem. Nem sempre isso é possível.
REUNIÕES E ASSEMBLÉIAS
As reuniões
Para se passar à população da área o que se pretende fazer, é necessário reunir pessoas para
discutir, estudar determinado assunto, traçar metas. Não é democrático monopolizar as
decisões, ou seja, só aceitar uma opinião. É preciso abrir-se ao novo, ao diferente, não
perdendo, no entanto, tais pontos:
Definir qual é o público que deve participar da reunião (Ex:
Só a Diretoria, chamar moradores de cada rua);
Escolher local conhecido por todos;
Preparar bem os assuntos, tendo clareza de onde se quer
chegar (Listar assuntos);
Marcar horário de início e término da reunião para que não
seja longa demais e acabe esvaziada (Controlar bem o
tempo);
Preferencialmente, propor que as pessoas se sentem em
círculo, para que todos se vejam e se comuniquem melhor;
O Coordenador(a) deve permitir que todos falem, opinem,
porém de forma que cada um(a), na sua vez, seja
ouvido(a) e entendido(a); Alguém secretaria a reunião para que esta seja registrada
em ata e assinada por todos os participantes;
Os resultados devem ser bem entendidos e as decisões
assumidas por todos;
Quando estranhos ou contrários à atuação da Diretoria se
fizerem presentes, é importante ter firmeza para que as
decisões certas sejam tomadas pela maioria e não
apenas por palpiteiros que não colaboram com os
trabalhos no dia-a-dia do bairro.
Reunião Ordinária: É aquela que acontece regularmente dentro dos prazos estabelecidos no
Estatuto, Regimento Interno, ou pela Diretoria. O Conselho Fiscal também deve seguir estas
condições.
Reunião Extraordinária: É toda aquela que for chamada fora do prazo das reuniões ordinárias,
cumprindo formas e prazos especiais. Geralmente são convocadas para discutir assuntos de
extrema importância e urgência.
Obs.: É aconselhável que a Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal estabeleçam calendários
anuais e passem por escrito a todos os seus membros, para que estes não esqueçam de agendar
os compromissos com as reuniões da entidade, visto que após determinado número de faltas,
podem ser substituídos.
• O Conselho Fiscal também deve fazer suas atas no livro da
entidade e registrar as presenças;
• Quem vota nas reuniões ordinárias são os membros da
Diretoria, sob pena de nulidade da votação;
• Nas reuniões extraordinárias este direito pode ser estendido
aos conselheiros fiscais e demais associados que estejam
em dia com suas obrigações para com a entidade.
As Assembléias
Essa reunião é mais pública, aberta, e, reunindo mais gente, se torna a expressão comum da
maioria dos moradores do local.
As Assembléias acontecem de acordo com o que manda o Estatuto da Associação. Como nas
reuniões, todos os itens devem ser observados rigorosamente para o bom andamento dos
trabalhos:
Encontrar local adequado;
Se houver votação, providenciar as cédulas eleitorais,
definir quem vota, quem confere os votos, como será o
processo eleitoral;
O que for definido deve ser documentado e constado em
Ata;
Se forem formadas Comissões de moradores para
trabalhos específicos estabelecer um prazo para a
apresentação de resultados.
Ordinárias: Aquelas com prazos previstos no Estatuto, a exemplo das de Eleição ou de
Prestação de Contas.
Extraordinárias: Toda aquela convocada fora do prazo das assembléias ordinárias, que atendam
a forma e prazos legais de chamada, conforme previsto no Estatuto e/ou outras na forma da
Lei.
Atenção: Deve ser claramente definido quem tem direito a voz e voto, tanto nas Reuniões ou
Assembléias, para que não haja questionamentos futuros. Só têm direito a votar quem estiver
em dia com suas obrigações para com a entidade, conforme previsão do Estatuto ou outros
documentos que regulem a situação, devendo ainda, assinar à lista dos presentes.
PLANEJANDO A AÇÃO
Uma dona de casa, ao preparar um pão, no mínimo precisa verificar se tem todos os
ingredientes, caso contrário seu objetivo não será conquistado. Se não tiver o fermento, por
exemplo, recorrerá à vizinha. O ato de ela ir até o armário, verificar se tem tudo, calcular o
tempo de feitio de seu saboroso pão podemos chamar de Planejamento
Da mesma forma, tudo o que for realizado numa Associação de Moradores precisa ser bem
pensado, discutido, planejado. Não se pode, por exemplo, querer fazer uma praça na vila se a
maioria do povo insiste na instalação de rede de esgoto. Cada coisa em sua vez.
Ao se planejar uma ação qualquer, é sempre bom ter claros alguns pontos:
A realidade do bairro e seus limites;
A carência financeira dos moradores;
As forças aliadas, os que ajudam a Associação (Ex: O
dono do supermercado, a diretora da escola local, etc);
As forças contrárias à existência da Associação (Ex:
Alguém que perdeu a eleição, etc);
O tempo que será gasto para a realização de cada objetivo.
(Ex: Construir uma sede em 18 meses);
Não dando certo na primeira tentativa, como procederão?
Ao se planejar não se pode ver somente o hoje. É preciso olhar mais longe e mais fundo. Se a
luta é pelo transporte coletivo não para só aí. Com ela vem a luta do asfalto onde o ônibus vai
passar e, ainda, a da rede de esgoto. Uma coisa está intimamente ligada à outra.
Planejamento Passo a Passo:
1º Passo - Identificar Problemas
• Agricultura
• Assistência Social (renda mínima, defesa mulher)
• Cultura, Esporte e Lazer (eventos, praças e quadras
públicas)
• Educação (infantil, fundamental e médio, jovens e adultos,
superior)
• Meio Ambiente (lixo, reciclagem, rio)
• Mobilidade Humana (acesso deficientes, transporte público)
• Planejamento Urbano (plano diretor, pavimentação de vias)
• Saúde (postos/ambulatórios, hospital, PSF's, saneamento)
• Segurança Pública
• Trabalho e Renda (cooperativas populares)
• Controle Social (conselhos deliberativos, orçamento
participativo)
2º Passo - Apontar Soluções para os Problemas (Tarefas, Ações)
3º Passo - Indicar Responsáveis para cada uma das Tarefas Definidas
4º Passo - Indicar Equipes que contribuirão com os Responsáveis
5º Passo - Estipular Prazos de Execução das Tarefas (para cada).
etapa)
Alguns Elementos Básicos que devem ser Analisados durante o Planejamento Estratégico:
ORGANIZAÇÃO
• A entidade possui Estatuto Social atualizado registrado em
cartório (conforme determinações do novo código civil);
• Possui CNPJ registrado na Receita Federal (a titularidade
encontra-se no nome do atual presidente);
• Esta em dia com todas as Declarações de Imposto de
Renda (possui dívidas por atraso de envio);
• Possui Conta Bancária vinculada ao CNPJ (a conta é em
banco público BESC
COMUNICAÇÃO
EVENTOS
BANDEIRAS DE LUTAS
Para tentar contribuir, listamos no item Identificar Problemas, algumas áreas que devem ser
discutidas quando na decisão das Bandeiras de Luta de sua entidade.
LEMBRE-SE SEMPRE
Planejar significa pensar antes de agir, pensar sistematicamente, com método; explicar cada
uma das possibilidades e analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; propor objetivos.
É projetar-se para o futuro, porque as ações de hoje terão sido eficazes ou ineficazes,
dependendo do que pode ou não acontecer amanhã. O Planejamento é a ferramenta para
pensar e criar o Recursos
Há pessoas que afirmam que planejar é impossível, ou que não surte efeitos. Que o futuro é
incerto, e por isso planejar torna-se desnecessário, pura perda de tempo.
É fácil rebater estas argumentações. Podemos desvalidá-las com exemplos práticos ou mesmo
no plano teórico. Vejamos:
Nas organizações do povo sempre se verifica uma falha, todos querem e sabem o que fazer
para melhorar as condições de vida e do local. O que muita gente não faz é avaliar, pesar os
resultados, verificar a caminhada e somar os ganhos da luta.
Avaliar o processo desenvolvido é um fator importantíssimo a ser considerado pelas lideranças
comunitárias. No final de cada ano ou período de atuação, é bom a Diretoria dar uma
paradinha para verificar o que foi avanço, o que precisa melhorar e como melhorar, o que
continua parado e o que é que ficou pior que antes.
A avaliação bem feita serve como orientação para não se errar mais e para aumentar a
melhoria da qualidade de atuação da Associação como um todo.
Além disso, a avaliação serve como memória histórica daquela Diretoria atuante no momento.
Um povo sem memória é um povo sem história, sem cultura.
Da mesma forma faz-se necessário prestar contas à comunidade daquilo que a Diretoria da
Associação realizou. Geralmente as pessoas de fora do trabalho mais criticam, mais
menosprezam, do que ajudam. Quando a desconfiança aparecer a verdade triunfará, desde que
se tenha como provar o que se fez.
Nosso país é marcado pela corrupção e malandragem e nas Organizações Populares essa prática
do jeitinho brasileiro precisa ser abandonada, pois não se deve esquecer que se queremos a
justiça e a verdade é preciso que esta parta primeiro de nós mesmos.
O Brasil talvez seja o país onde existe um número maior de movimentos populares organizados,
lutando para transformar a sociedade. Em Santa Catarina há diversos movimentos que estão
dispostos a contribuir com a sua Associação de Moradores e partilhar algumas experiências.
Não fique isolado na sua comunidade. Mostre a cara, peça ajuda.
A Assembléia de Fundação
Ao conversar com pessoas de outros bairros sobre a situação da sua comunidade, parece que
elas estão falando da sua própria. São os mesmos problemas, pois o modelo da cidade
estabelece, em geral, apenas dois diferentes espaços dentro dela: o do centro e o da periferia.
Isso ocorre também em nível mundial, onde os países subdesenvolvidos têm o papel de fornecer
riquezas aos países centrais (desenvolvidos), como os Estados Unidos da América.
Na periferia das cidades, também aqueles que trabalham construindo e enriquecendo a cidade,
são excluídos, muitas vezes, do mínimo de condições de sobrevivência, como é o caso dos
pedreiros que constroem mansões e não tem sua casa própria para morar.
E por falar nisso, você conhece o teatro, cinema da sua cidade, a capital do Estado de Santa
Catarina, Florianópolis? Porque será que grande parte dos habitantes do seu município e de
Santa Catarina ainda não os conhece?
As organizações do povo não podem se contentar apenas com a beleza turística. É preciso unir
forças no bairro e melhorá-los. Exemplo disso é a FAMESC, entidade que reúne Conselhos
Comunitários, Associações e Uniões de Associações de Moradores de todos os 293 municípios do
Estado de Santa Catarina com sua história que reaviva a nossa esperança e vontade de lutar.
Desde os anos 80, reúne as preocupações de mais de 3.000 entidades. A luta atual pelo direito
universal à educação infantil (creches) é exemplo da mobilização que visa garantir a melhoria
da qualidade de vida e a participação da população na administração dos governos. Afinal, as
autoridades são eleitas pelo povo para administrar com ele, democraticamente.
Nestes anos todos, além de articular as lutas, a FAMESC tem trabalhado assiduamente na
formação e assessoria de suas entidades filiadas, na troca de experiência entre as lideranças e
na construção da solidariedade enquanto valor humano.
Você também pode assumir a solidariedade como valor e a unidade nas lutas de sua
comunidade. Esta é a esperança: povo unido, articulado e solidário, na construção da cidade e
da vida que queremos.
Fonte: UMAMC