Roteiro Rodasdeconversa v6
Roteiro Rodasdeconversa v6
Roteiro Rodasdeconversa v6
RODAS DE
CONVERSAS
Vamos trazer aqui algumas dicas e ideias para você realizar rodas de conversa e
debates sobre a situação econômica do país. Afinal, como ela tem afetado a sua vida,
de sua família, de sua comunidade? Quais são as alternativas para uma economia
comprometida com a vida, com a dignidade, com os direitos da população e contra todas
as desigualdades?
Com certeza, para além das sugestões que apresentaremos, muitas outras ideias
vão surgir e isso é ótimo! Fique à vontade para criar novas possibilidades e não se
esqueça de contar pra gente como foi sua roda de conversa! Basta compartilhar
fotos, mensagens e vídeos, usando a hashtag #DireitosValemMais em seus
perfis ou canais nas redes sociais. Você também pode enviar para o email:
direitosvalemmais@plataformadh.org.br
e aonDe as conversas e
Debates poDem acontecer?
Sim, podemos! De forma geral, podemos definir que a economia trata de como
os recursos naturais e aqueles gerados pelo conjunto da sociedade são produzidos,
distribuídos e utilizados para o bem estar de muitos ou de poucos. Nas rodas de
conversas, podemos estudar este roteiro, utilizar os materiais disponíveis no site
www.direitosvalemmais.org.br assim como em outros portais e juntar coletivamente outras
informações que nos ajudem a compreender as questões que estão em jogo. Ao final da
roda, é legal fazer um levantamento das dúvidas do grupo que possam ser retomadas em
próximas rodas de conversa. E não devemos esquecer: já sabemos muita coisa e muitas
outras vamos trocar e aprender juntos!
Em especial, vamos conversar nas rodas de conversa sobre uma medida aprovada
pelo Congresso Nacional em dezembro de 2016: a Emenda Constitucional 95, apelidada
de “Emenda do Teto dos Gastos”, “Emenda do Fim do Mundo” ou “Pacote das Maldades”.
Pelos apelidos já dá pra perceber que coisa boa essa emenda não é: ela corta o dinheiro
da saúde pública, da educação pública e de outras políticas sociais que garantem o
atendimento da maior parte da população por vinte anos, prejudicando ainda mais quem
mais precisa. Ou seja, o dinheiro das políticas sociais que atendem muita gente está
sendo reduzido para que o dinheiro vá para as mãos de poucos.
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PARA COMEÇO
DE CONVERSA:
PREPARANDO A RODA
Para organizar o espaço para a roda, você e seus amigos podem colocar as cadeiras
em círculo, decorar o ambiente, deixar a sala de um jeito mais acolhedor e confortável.
Se for possível, as pessoas podem ser convidadas a trazer materiais que elas tenham em
casa que tratem da situação econômica do país e alguma coisa de comer ou de beber
para que possa ser realizado um lanche coletivo. Também pode ser realizada a roda de
conversa em espaços virtuais, cuidando também do acolhimento das pessoas.
É muito importante que as pessoas que estão organizando a roda de conversa possam
investir um tempinho na preparação da roda. Estudar este roteiro com antecedência e
conhecer os materiais disponíveis no site www.direitosvalemmais.org.br e em
outros portais vão trazer elementos para tornar mais produtivo esse momento. Nossa
proposta é que o encontro possa ser organizado em cinco etapas:
Mas a roda também pode seguir outro roteiro e ter um foco em uma área, como por
exemplo: vamos discutir o impacto da política econômica e da Emenda Constitucional 95
na educação, na saúde, na assistência social, nas ciências, entre outros. Também vale
uma roda que tenha um foco em uma população, como por exemplo: o impacto da política
econômica na vida das mulheres, na vida da população LGBT, na vida da população
negra, na vida das pessoas com deficiências, na vida da população quilombola, entre
outros. Ou uma roda que tenha como foco o impacto em uma região, um município ou um
território. Tudo isso está valendo!
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O tempo de duração da roda de conversa pode variar conforme as condições de quem
organiza o encontro e do grupo participante. Propomos que ela tenha, no mínimo, duas
horas de duração, para que possa ser feito algum tipo de debate. O ideal é que a roda
possa ter quatro horas de debate ou mais e que sejam definidos quais pontos serão
abordados e o tempo de discussão que será dedicado a cada um deles.
Para começar, as pessoas que organizarem o encontro podem dar as boas vindas,
se apresentarem e dizerem às demais porque decidiram organizar o encontro. Uma
das coisas que podem ser ditas também é que no Brasil fomos educadas e educados
a não falar sobre economia, a deixar a decisão sobre a situação econômica na mão de
especialistas. Só que a decisão do governo brasileiro nos últimos anos fez com que o país
chegasse a uma situação terrível, tornando o que já era muito desigual em algo muito pior.
Por isso, é urgente conversarmos sobre economia.
Logo em seguida, cada pessoa deve ser convidada a se apresentar às demais. Caso
as pessoas já se conheçam, elas podem apresentar alguma coisa da vida delas pouco
conhecida pelas demais (um sonho, um interesse, uma brincadeira), ou mesmo falar
sobre qual a economia elas desejam para o país. As coisas ditas pelo grupo podem ser
registradas em um cartaz ou em tiras de papel e podem ser dispostas no chão, no centro
do círculo, ou afixadas na parede para que todos vejam a produção do grupo.
No segundo momento da roda, sugerimos que vocês assistam juntos os vídeos: (1)
Crise econômica: Precisa ser Assim? (2) Direitos valem mais, Não aos cortes sociais. Os
vídeos, que são desenhos animados, foram produzidos pela Plataforma DHESCA Brasil
e estão disponíveis no site www.direitosvalemmais.org.br. O primeiro vídeo tem
duração de quatro minutos e o segundo vídeo tem duração de três minutos.
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O primeiro vídeo explica o que está acontecendo na economia do Brasil e o que é
a chamada política econômica de austeridade, que tem levado o país a gigantescos
retrocessos, a perdas de direitos e ao crescimento da violência, da intolerância, da
perseguição a movimentos sociais, do encarceramento em massa, sobretudo de jovens
negros.
Se o grupo for maior do que vinte pessoas, pode ser feito um “cochicho” de duas em
duas pessoas sobre as questões. Se for muita gente, pode ser pedido que somente
algumas duplas falem na roda o que discutiram nas duplas. É legal registrar em cartazes
os principais pontos dessa parte da conversa e afixar na parede ou colocar no centro da
roda, no chão.
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3. Crise econômica: como ela está
afetando a vida do nosso país? (1 hora)
Nesse terceiro momento da nossa roda de conversa, vamos abordar alguns dados do
estudo Direitos Humanos em Tempos de Austeridade, elaborado pelo Instituto de Estudos
Socioeconômicos (INESC), pela Oxfam Brasil e pelo Centro para os Direitos Econômicos
e Sociais (CESR) e do Relatório sobre o Impacto da Política Econômica de Austeridade
nos Direitos Humanos, elaborado pela Plataforma DHESCA, ambos publicados no final
de 2017. Esses estudos analisaram como a atual política econômica brasileira e, em
especial, a Emenda Constitucional 95 está destruindo os direitos sociais de nosso país e
afetando a população. Vocês podem discutir outros dados de estudos ou de matérias de
jornais e revistas.
A seguir, apresentamos um texto com dez pontos que pode ser lido em voz alta por
uma pessoa ou dividido em trechos para serem lidos por diferentes pessoas do grupo,
tornando mais dinâmica a leitura. Peça para o grupo anotar o que mais chamou a atenção
e quais são as dúvidas que ficaram da leitura do texto para que possam ser retomadas
depois.
Essa situação ficou ainda pior no governo Temer e, em especial, com a Emenda
Constitucional 95, aprovada em dezembro de 2016, que vem cortando os recursos para
as políticas sociais por vinte anos - uma política sem precedentes na história do Brasil.
Algumas informações que nos ajudam a compreender a gravidade da situação e como
essa política econômica vem acirrando ainda mais as desigualdades:
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7) Ataque aos direitos indígenas: As populações indígenas estão sofrendo o
maior desmonte da história da Funai - Fundação Nacional do Índio - com um corte de
50% no orçamento e a desoneração de 87 funcionários. Se não bastasse, os resultados
apresentados no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito da Funai/Incra
solicitaram o indiciamento de 88 pessoas que atuavam cotidianamente com os povos
indígenas, criminalizando e intimidando os movimentos sociais e profissionais.
10) Cortes na Saúde pública: Na área da saúde pública, os efeitos são amplos
e profundos: do corte ao acesso aos remédios, com o fechamento de mais de 300
farmácias públicas à precarização das condições de atendimento do Sistema Único de
Saúde (que atende cerca de 80% da população brasileira), à diminuição da vacinação
da população, entre outros efeitos. Além disso, o país tem vivido nos últimos anos
a proliferação de epidemias, como a da febre amarela, intimamente ligada a vários
retrocessos, entre eles, ao desmonte da política de saneamento básico e das políticas de
proteção ambiental. Em relação às epidemias como o zika, a chikungunya e a dengue,
o impacto para vida cotidiana e para a saúde da população é imenso, em especial, das
mulheres, devido ao papel de cuidadoras que exercem em suas famílias e comunidades.
As doenças tornam as pequenas tarefas diárias quase impossíveis de executar devido às
dores fortes e a fraqueza.
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Ufa, quanta desgraça! Depois de ler o texto, discuta com as pessoas da roda: o que
elas acharam? O que mais chamou a atenção? Quais outras informações as pessoas
têm dos desmontes e cortes em outras áreas sociais ou que impactam outros setores da
população? Registre os principais pontos da conversa.
Não precisa ser assim! Há outros caminhos. Mas muita gente não quer que a
população saiba que existem outros caminhos, para que o dinheiro cada vez mais fique
concentrado nas mãos de poucos. Neste momento da roda, vamos falar sobre isso:
caminhos, possibilidades e esperança! Além dos estudos já citados e outros que constam
no site www.direitosvalemmais.org.br, destacamos também o estudo Austeridade e
Retrocesso, produzido por um grupo de economistas comprometido com uma economia
que supere desigualdades. O estudo também está disponível no site da Campanha.
Agora vamos para três prioridades:
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¹Para saber mais: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/25/politica/1493074533_442768.html
Uma iniciativa que faz parte da Campanha Direitos Valem Mais é a petição
online promovida pelo Conselho Nacional de Saúde. A petição, que pode ser
assinada por qualquer pessoa, pede que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprove
a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.658 que solicita a revogação da
Emenda Constitucional 95. Vamos assinar e buscar mais assinaturas para petição!
No dia 5 de abril, foram entregues as primeiras 70 mil assinaturas ao STF! A
petição está disponível no site da Campanha Direitos Valem Mais, não aos Cortes
Sociais (www.direitosvalemmais.org.br).
Por isso, em vez de cortar recursos das políticas sociais, o Brasil precisa de uma
reforma tributária progressiva que possa cobrar mais impostos de quem mais tem
dinheiro, incluindo a taxação das grandes fortunas; o combate do envio ilegal de
dinheiro para fora do país e a sonegação de impostos, principalmente, por parte de
grandes grupos econômicos. Sonegação é quando se criam artimanhas para não
pagar impostos.
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5. Próximos Passos (30 minutos)
Neste momento final, sugerimos que vocês assistam juntos/as o clipe musical da
Campanha Direitos Valem Mais, disponível no site www.direitosvalemmais.org.br. Com
uma música contagiante, produzida especialmente para a Campanha, o clipe apresenta
um conjunto de mulheres negras de vários coletivos e movimentos sociais.
• Queremos participar das novas mobilizações que serão propostas pela Coalizão
Anti-Austeridade e pela revogação da EC 95 em 2018?
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