Direito Constitucional - Entes Federativas e Seus Poderes

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Direito Constitucional – Entes Federativas e Seus Poderes

A repartição de competências nas medidas contra a COVID-19

No contexto atual de um período em pandemia decorrente do vírus da COVID-19,


existe um dilema a cerca da divisão de competências no controle das medidas para o
combate desse vírus. Esse fato ocorre não somente no âmbito da gestão de saúde pública,
mas também em outras dimensões ao acirrar as relações políticas do nosso país. Um
desses embates que é bastante evidente, é o tratamento entre Governo Federal e Governo
Estadual, onde são tomadas medidas de enfretamento, com diretrizes impostas para a
quarentena. Diante dessas medidas, surge o dilema da centralização ou descentralização
dos poderes nas decisões, e na organização dos instrumentos de medidas. Em suma, de
acordo com o art. 196 ao 198 da CF, que descreve a saúde do Sistema Único, como o
dever do Estado, também expressa o princípio da descentralização, na competência
comum de se administrar as medidas de acordo com cada região. Dessa maneira, o
modelo de Federalismo de cooperação, possibilita superar as desigualdades regionais, ao
prevê competência concorrente entre União, Estados, DF, para legislar sobre proteção e
defesa a saúde, e permitindo aos Municípios a suplementação a legislação no que é
necessário desde que haja interesse local.
Nesse sentido, o órgão responsável pela vacinação em massa, é através da
competência da União de coordenar o Plano Nacional de Imunização, e definir as vacinas
integrantes do calendário nacional de imunização. Entretanto, não exclui a atribuição dos
entes federativos para adaptá-los mediante às peculiaridades locais. Assim sendo, as
vacinas devem ser distribuídas gratuitamente, fornecidas pelo governo estadual visando
uma garantia de saúde individual, bem como do coletivo. O Governo Federal e os Estados,
podem decidir de qual laboratório adquirir os insumos, apenas dependendo do repasse de
verba e aprovação.
No aspecto dos insumos para a imunização na saúde pública, o ministro Ricardo
Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), em medida cautelar, decidiu que o
Governo Federal não pode requisitar insumos para a vacinação, especialmente as agulhas
e seringas, compradas pelo Governo Estadual. O ministro afirmou que, as requisições de
matérias não podem recair sobre bens de outros entes federativos, para que não haja
indevida interferência na autonomia sobre outro, ou seja, a falta de planejamento da União
não pode afetar um Estado que se preparou com “devido zelo”. Todavia, essa decisão é
de medida cautelar, provisória de acordo com a situação do momento.
No cenário de pandemia, em meio ao surgimento da nova variante P1 do vírus da
COVID-19, com essa nova onda de contaminação, algumas cidades e estados adotaram
medidas mais restritivas para conter o colapso do sistema de saúde. Entre essas medidas
de prevenção, existe a possibilidade de Lockdown total da região. O fundamento legal,
para a possibilidade de ser aplicado, encontra sua legitimidade no Inciso VI – da medida
provisória 926, de 2020. Essa determinação é realizada pelo Estado, adotando em caso
extremo, ou seja, de modo excepcional. Nesse sentido, esse método restritivo trouxe para
o campo normativo legislativo a possibilidade de evitar a contaminação, mas a efetivação
é realizada por uma análise de cada caso, regional, com um custo político governamental.
Em síntese, o bloqueio total das atividades pode ser implementado por qualquer um dos
entes federativos, contudo, tanto a União, os Estados, DF e Municípios, possuem a
autonomia constitucional, e competência para atuar na proteção da saúde e da Assistência
Pública.
Por tanto, nesse modelo de cooperação na legislação, havendo conflito sobre
políticas de enfrentamento, entre legislação municipal, estadual e federal, o sistema
jurídico concede o entendimento, que deve prevalecer mediante a essa situação, o critério
do predominante interesse local. Contudo, cabe aos estados membros exercer
competência residual frente às competências da União; E aos municípios legislar sobre
assuntos de interesse local, e suplementar as legislações federais e estaduais, no que
couber. Desse modo, o que tange á possibilidade de formular e executar políticas públicas
de saúde, a Constituição Federal, atribuiu competência comum, possibilitando a
autonomia e autoadministração, para que seja verificado, de acordo com as necessidades
regionais, quais medidas são necessárias. Em síntese, prevalece desse modo, a legislação
municipal mediante as medidas de enfrentamento ao COVID-19, tendo em vista que, será
centralizado as necessidades regionais, de interesse local.

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