Perspectivas Sobre A Responsabilidade Ci

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Recebido em: 23/02/2021

Aprovado em: 18/03/2021

PERSPECTIVAS SOBRE A
RESPONSABILIDADE CIVIL ESTATAL E A
COVID-19.
STATE CIVIL LIABILITY AND COVID-19

Fabiano de Figueiredo Araujo


Doutorando em Direito. Mestre em Direito e Políticas Públicas pelo Centro
Universitário de Brasília. Especialista em Administração Pública pela Fundação
Getúlio Vargas. Procurador da Fazenda Nacional. Professor Universitário

SUMÁRIO: Considerações Iniciais; 1. O Estado como


Limitador da Atuação Econômica e a Aplicação da
Teoria do Risco Administrativo; 2. O Estado como
Tutelador da Saúde e a Responsabilidade Civil Por
Omissão; Considerações Finais.
66 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

RESUMO: A COVID-19 suscitou discussões sobre a responsabilidade


civil estatal decorrente das condutas empreendidas como forma de
enfrentamento dos efeitos da COVID-19, uma vez que a legislação de
regência estabeleceu o Estado como elemento central para evitar a
propagação do vírus, por intermédio de medidas de quarentena ou
limitações administrativas. Diante desse espectro, o objetivo do artigo
é de tratar sobre a responsabilidade aquiliana estatal no contexto da
COVID-19. O artigo tem duas partes, uma pertinente a examinar se as
limitações administrativas feitas pelos entes federativos, estabelecendo
quarentenas e restrições de atividade econômicas, têm o condão de gerar
responsabilidade civil estatal, enquanto o segundo capítulo trata do
assunto em relação à assistência à saúde estatal. A conclusão do artigo é
que o cenário normativo de responsabilização estatal no âmbito da COVID
não é diferente do paradigma ordinário, de sorte que a pandemia, em si,
não modificou a forma de apuração da responsabilidade. O artigo teve
como lastro metodológico a análise documental e a revisão da literatura
jurídica específica.

PALAVRAS-CHAVE: Responsabilidade Civil. COVID. Teoria do Risco


Administrativo. Assistência à Saúde. Omissão Estatal.

ABSTRACT: There are discussions about COVID-19 and State Civil


Liability, because of the role of the State in order to control the effects
of pandemic and to prevent the spread of the virus, through quarantine
measures or administrative limitations. So, the objective of the paper is
to deal with the State Civil Liability in the context of COVID-19. This
paper has two parts. The first chapter examines if the administrative
limitations made by the federative entities, establishing quarantines and
economic activity restrictions, have the power to generate state civil
liability, while the second chapter deals with the subject in relation to
health care provided by State. The conclusion of this paper is the legal
model of state accountability within the scope of COVID is no different
from the ordinary model, so that the pandemic itself did not change
the way of recognizing civil liability. The paper methodology was the
documentary analysis and the review of the specific legal literature.

KEYWORDS: Civil Liability. COVID. Risk Theory. Health Care.


State Omission.
Fabiano de Figueiredo Araujo 67

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A atual crise sanitária decorrente da COVID-19 trouxe à tona uma


ampla discussão acerca dos limites e do papel do Estado na adoção de
medidas tendentes ao enfrentamento da pandemia.

A legislação basilar sobre o combate à COVID-19, a Lei nº 13.979, de


2020, modelou o Estado no papel central de evitar a propagação do vírus,
podendo utilizar de medidas de quarentena e limitações administrativas.
Outrossim, o combate à COVID-19 renovou a importância do Sistema Único
de Saúde (SUS), sistemática de assistência pública à saúde institucionalizado
no Brasil.

Desse modo, o papel mais assertivo estatal na condução e


enfrentamento da COVID-19 acaba ensejando debates sobre as consequências
relativas à futura responsabilidade civil estatal relacionadas com condutas,
comissivas ou omissivas, advindas deste período.

Sendo assim, o escopo desse artigo é o de discorrer sobre o


liame do combate à COVID-19 e a eventual responsabilidade aquiliana
governamental.

Para atender ao aludido desiderato, o primeiro item deste artigo é o


de examinar se as limitações administrativas feitas pelos entes federativos,
estabelecendo quarentenas e restrições de atividade econômicas, têm o
condão de gerar responsabilidade civil estatal. Continuando, o segundo
capítulo deste artigo já enfrenta a assistência à saúde estatal e a eventual
possibilidade de ressarcimento pelo Estado por condutas comissivas ou
omissivas governamentais. Finalmente, promovem-se conclusões jurídicas
pertinentes sobre a matéria.

No aspecto metodológico, consigne-se que o artigo teve como


lastro análise documental, por intermédio de exame de proposições
legislativas e de acórdãos dos Tribunais Superiores, bem como uma
revisão da literatura jurídica específica sobre a responsabilidade civil,
em especial do Estado.

1. O ESTADO COMO LIMITADOR DA ATUAÇÃO ECONÔMICA E A APLI-


CAÇÃO DA TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO

Há grande complexidade no confronto sanitário da pandemia da


COVID-19. A enfermidade derivada do vírus possui especificidades que
68 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

foram conhecidas apenas no próprio decorrer da propagação da COVID019,


cenário, decerto, bastante desafiador a todos.

Diante desse contexto, não há dúvidas de que o Estado é instrumento


essencial e estratégico para combate dos efeitos negativos da pandemia,
como sustentáculo de medidas de enfrentamento do grave problema
sanitário colocado e das suas sensíveis consequências econômicas. Assim,
adveio a necessidade de que o Poder Público lograsse ter assertividade
nesse contexto.

Um dos mecanismos empregados para enfrentamento da calamidade


sanitária foi a determinação de restrições de atividade econômica. Os entes
federativos empreenderam paulatinas quarentenas e restrições setoriais de
atividades econômica, utilizando a permissiva legal dada pelo art. 2º, II, da Lei
nº 13.979, de 2019, lei geral de enfrentamento da emergência de saúde pública
oriunda da COVID-19, conforme a autorização dada pelo Supremo Tribunal
Federal na Medida Cautelar deferida na Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) nº 6341, quando registrou que os entes subnacionais logram obter
competência para realizar medidas de combate à COVID.

Essas condutas tiveram como motivação basilar diminuir a circulação


de pessoas, de maneira a evitar a propagação do vírus. Sem embargo, as
medidas sanitárias de isolamento ensejaram a paralisação da atividade
econômica de milhares de sociedade empresárias.

Dessarte, esse comportamento comissivo do Estado, de paralisação de


atividades realizadas pelos agentes econômicos, com a finalidade de atender
ao desiderato de controle sanitário, gerou decerto consequências pecuniárias
aos aludidos atores. Essa ilustração pode gerar eventual discussão acerca
da aplicabilidade da responsabilidade civil estatal em face dessas limitações
administrativas relacionadas com o enfrentamento da COVID-19.

Sem querer sem extenso, mas como elemento necessário ao deslinde


do presente artigo, vale a pena tecer breves linhas sobre a temática.

Como sabido, o debate da responsabilidade extracontratual do Estado


logrou obter grande transformação no decorrer do tempo, derivado da
própria ampliação da complexidade das atividades realizadas pelas grandes
organizações, dentre elas o próprio Estado1.
1 “A responsabilidade civil do Estado traz alguns problemas hermenêuticos por ser um instituto do
Direito Civil que sofreu adaptações no seu transporte para o Direito Administrativo: no Direito Civil, a
evolução de uma responsabilidade por culpa para a teoria do risco decorreu da complexização de algumas
Fabiano de Figueiredo Araujo 69

A responsabilidade extracontratual do Estado, no contexto brasileiro,


é delineada basicamente pela Teoria do Risco Administrativo, a qual acentua
que, presentes o fato do serviço da Administração Pública e a relação direta
de causalidade entre o fato e o dano ocorrido, advém ao Poder Público o
encargo de ressarcir tal prejuízo. Ao particular que suportou o prejuízo não
lhe cabe demonstrar a culpa do Estado ou de servidor público específico.
Nesse cenário, o Estado é que poderá, com o fito de afastar ou infirmar
a sua responsabilidade, comprovar a existência, em caso concreto, das
denominadas excludentes, em geral doutrinariamente acatadas como culpa
exclusiva da vítima, a força maior e o caso fortuito.

Com efeito, a fundamentação tradicional acerca do emprego da


responsabilidade objetiva estatal, mediante a Teoria do Risco Administrativo,
advém da tradicional visão doutrinária de repartição de encargos e
preservação do primado da isonomia (CARVALHO FILHO, 2016; MELLO,
2013, p. 1015), uma vez que não é condizente com a igualdade a conduta
governamental que gere prejuízo a específico terceiro em atividades de
interesse de todos, sem que haja o devido ressarcimento. Outrossim,
utiliza-se como motivação para a responsabilidade objetiva o próprio
risco dos empreendimentos estatais, em consonância com o que ocorre
na responsabilidade civil em outras esferas (ARAGÃO, 2004).

Portanto, a responsabilidade civil objetiva evidencia que o Estado e


as pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos em geral, consoante a
literalidade do art. 37, §6º, da Constituição Federal, têm responsabilidade
pelo mero deslinde que a conduta por eles exercida envolve, isto é, mesmo
que a atuação estatal seja normativamente lícita.

A responsabilidade civil objetiva não exige que haja conduta ilícita


do agente público causador do cenário danoso ao particular, havendo,
pois, a dispensa do elemento subjetivo (culpa ou dolo) para qualificação da
aludida responsabilidade. Concernente às condutas realizadas pelo Estado
Brasileiro, esse viés interpretativo incide desde há muito, com previsão
atividades econômicas de massa, cujos riscos e consequentes responsabilidades passaram a ser incluídos
nos custos da própria atividade empresarial”. (ARAGÃO, 2004, p. 27-38.). Deveras, essa massificação
da atividade econômica infirmou a tradicional visão de responsabilidade patrimonial lastreada no
viés estritamente individualista, tanto no âmbito do agente causador do dano (uma vez que a larga
organização empresarial elimina a existência de um único ser que atenderia com diligência a todos os
detalhes de seu empreendimento), quanto em relação à vítima (esse cenário novo institucional dificultaria
certamente a identificação precisa do indivíduo responsável direto pelo dano gerado). Por sua vez, um
dos cofundadores da teoria do risco no ambiente francês, esfera tradicional do Direito Administrativo, foi
L. JOSSERAND, que sustentou a aplicabilidade da lógica do risco administrativo oriunda da visão que já
se tinha no âmbito da responsabilização do acidente de trabalho.
70 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

inicial na prestação de serviço das estradas de ferro (Decreto nº 2.681, de


7 de dezembro de 1912) e com ampliação alargada no âmbito estatal com
a Constituição de 1946. Esse norte normativo retrata a lição de Orlando
Gomes (1989, p. 294) de que o âmago da responsabilidade civil cambiou
da vetusta visão de ato ilícito em si (violação do dever de atenção) para a
noção de dano injusto.

Sem embargo, não se pode olvidar que a obrigação de indenizar pelo


Estado pressupõe o preenchimento de pressupostos específicos.

Inicialmente, há de se fazer uma relação de causalidade entre uma


conduta (comissiva/omissiva) estatal e uma consequência danosa a um
terceiro, determinante de prejuízo. Em suma, uma ligação de causa e
efeito. Esse elemento é denominado doutrinariamente por nexo causal.

A relação de causalidade tem ampla abordagem doutrinária no


âmbito do Direito Civil. Superando outras teorias a respeito da relação de
causalidade (CAHALI, 2007, p. 75), a exemplo da Teoria da Equivalência
das Condições ou Teoria da Causalidade Adequada, é aplicável no contexto
brasileiro a Teoria do Dano Direto e Imediato, previsto, de forma expressa,
apenas na responsabilidade civil contratual pelo art. 403 do Código
Civil. Deveras, com lastro nessa teoria, nem toda concausa prejudicial
ao deslinde do cenário objeto do prejuízo enseja relação de causalidade,
sendo que o dever de indenizar advém quando o dano for efeito direto e
necessário de um causa. O Supremo Tribunal Federal corroborou esse
viés em famoso precedente (Recurso Extraordinário nº 130.764, Primeira
Turma, julgado em 12/05/1992), em que se afastou a responsabilidade civil
estatal em face de um prisioneiro que, temporariamente hospitalizado,
fugiu do ambiente hospitalar e cometeu assalto após vinte e um meses
da fuga.

Tendo em vista esse primado de que o dano deve ser gerado direta
e necessariamente por uma conduta estatal, o nexo causal não é verificado
caso a própria vítima tenha dado ensejo ao prejuízo, ou em situações de
força maior ou “por fato de terceiro alheio à prestação do serviço público”
(FREITAS, 2005, p. 29)2. Essas hipóteses são denominadas como cláusulas
excludentes de causalidade.

2 Sem embargo da eventual possibilidade de emprego da Teoria do Risco Social, conforme abordagem
ainda a ser feita neste artigo.
Fabiano de Figueiredo Araujo 71

O último pressuposto para configuração da responsabilidade civil


estatal é a existência de dano, que se configura no prejuízo, no desfalque
sofrido por alguém (VENOSA, 2013). Sem embargo de outras tipologias,
os danos em geral podem ser configurados como danos materiais, que
ensejam uma lesão patrimonial (emergente ou lucro cessante), danos morais,
entendidos como aqueles de cunho psíquico, de afeição, de personalidade
(VENOSA, 2013, p. 314), ou danos estéticos, que têm pertinência com a
aparência da pessoa, e não se confundem com os danos morais (Súmula
387 do Superior Tribunal de Justiça).

Diante dessas considerações, verifica-se que o Estado, possuidor de


ampla liberdade de atuação, mediante outorga dada pela própria Constituição
Federal, pode gerar danos específicos por força de suas condutas diretas
ou até mesmo por intermédio de normas diretivas ou fomentadoras. Essas
atuações estatais, vale mais uma vez aditar, seria pressupostamente lícitas,
porquanto autorizadas pelo Ordenamento Jurídico, sem embargo de
eventualmente geradoras de prejuízos econômicos ou de outras matizes.

Não cabe confundir, convém registrar, responsabilidade civil objetiva


por ato lícito com sacrifício de direito (CELSO, 2013, p. 1010; SUNDFELD,
2003, p. 95). Sacrifício de direito é o efeito de um instituto cujo razão de
existência seja imediatamente a realização de limitação ou exclusão do
direito, podendo-se citar como lembrança emblemática a desapropriação.
Por outro lado, a responsabilidade civil objetiva por ato lícito deriva de
um prejuízo causado por uma conduta governamental. O efeito prático da
referida distinção que o sacrifício de direito pressupõe uma indenização
prévia, por consubstanciar fatalmente uma desapropriação de direito,
enquanto a responsabilidade civil deve ser previamente conhecida, para
gerar futuros efeitos pecuniários.

A responsabilidade civil do Estado por atos lícitos já foi examinada pelo


Supremo Tribunal Federal (STF) em várias oportunidades. No julgamento
do RE nº 571969, Plenário, em 2014, o STF acolheu a responsabilidade da
União em indenizar prejuízos sofridos pela concessionária de serviço público,
decorrentes de política econômica normativamente lícita implementada
pelo Governo. Outrossim, no Recurso Extraordinário com Agravo nº
884.325, Plenário, julgado em 2020, acatando a premissa de que é cabível
a responsabilidade civil no cenário em comento, firmou a tese de que
“é imprescindível para o reconhecimento da responsabilidade civil do
Estado em decorrência da fixação de preços no setor sucroalcooleiro a
comprovação de efetivo prejuízo econômico, mediante perícia técnica em
cada caso concreto”.
72 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

Continuando, a determinação de paralisar específicas atividades


econômicas e demais medidas que tiveram o condão de combater a
transmissão do vírus possui previsão legal expressa (arts. 2º e 3º da Lei
nº 13.979, de 2020), além de estar, decerto, consonante com as obrigações
constitucionais do Estado de empreender medidas de combate a pandemias
para preservação da saúde da população, conforme inclusive entendeu o
Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
nº 6341, proposta em face de preceitos da Lei nº 13.979, de 2020, após a
edição da Medida Provisória nº 926, de 20 de março de 2020.

Dessarte, a conduta governamental (paralisação de atividades


econômicas) pode ensejar consequências pecuniárias aos agentes econômicos
que atuam nos campos objeto de medidas de quarentena, podendo haver
eventual alegação de responsabilidade aquiliana por parte do Estado. Sem
embargo, como sabido, a responsabilidade civil extracontratual tem como
pressuposto a demonstração cabal do prejuízo do particular interessado,
descabendo a mera alegação de dano sem evidência probatória do fato.
Esse é o entendimento já exposto pelo STF (Recurso Extraordinário com
Agravo nº 884.325) e acatado doutrinariamente (CAHALI, 2007, p. 67 e
ss.; DANTAS BISNETO & SANTOS & CAVET, 2020).

Esse dano, vale aditar, no âmbito da responsabilidade civil objetiva


estatal por ato lícito, deve ser anormal e individualizável (CAHALI, 2007,
p. 68; ZANCANER, 1981, p. 66-7), descabendo a responsabilidade civil
estatal por edição de um ato que logra obter generalização.

Afinal, é ínsito à atividade administrativa o emprego de mecanismos


transversais ou, melhor explicitando, a universalidade da condução e
dos comandos estatais é elemento inerente à sistemática governamental,
de sorte que o engendramento de condutas que influenciem um largo
espectro de pessoas, quiçá todos, com eventuais prejuízos econômicos, não
enseja necessariamente um benefício de terceiros ou da coletividade em
detrimento de um prejuízo singular, individualizado, pressuposto, como
já delineado outrora, da responsabilidade civil objetiva estatal (a fim de
salvaguardar a isonomia).

Desse modo, política econômica desastrada, por exemplo, por não


configurar empreendimento governamental com efeitos singularizados, mas,
ao contrário, com consequências transversais, não gera responsabilidade
civil objetiva estatal. O dano deve ser direto, imediato e particular –
medidas que atingem a todos, em si, não é geradora de ressarcimento por
parte do Estado.
Fabiano de Figueiredo Araujo 73

Esse viés, portanto, pode orientar a responsabilização civil estatal


no tocante às medidas de limitações administrativas relacionadas com
o combate da COVID-19. Afinal, as restrições de atividade econômicas
atingem a totalidade de agentes econômicos de setores objeto das medidas
de quarentena, não focando diretamente indivíduo específico.

A referida interpretação lastreou julgamento ocorrido no Estado


alemão de Baden-Württenberg, no sudoeste da Alemanha. Uma proprietária
de salão de beleza, cujo empreendimento fora fechado por medidas sanitárias,
ajuizou demanda indenizatória em face do referido ente federativo, sob o
pálio de que os comandos estatais de limitação econômica lhe geraram
prejuízo financeiro. O juízo negou o pleito, aduzindo, além de que já havia
lei local que estabelecera uma subvenção econômica, que a medida de
paralisação de atividades era válida não apenas para a demandante, mas
para toda a população (MIGALHAS, 2020).

A aplicabilidade adequada da responsabilidade civil estatal por ato


lícito, atentando-se à lógica da necessidade de demonstração do nexo de
causalidade bem como o efetivo dano direto a particular, possibilita a
clara distinção da Teoria do Risco Administrativo em face da denominada
Teoria do Risco Social, em que possibilita que o Estado tenha a obrigação
de ressarcir prejuízos sofridos por específica vítima, a despeito de não
haver qualquer conduta (comissiva ou omissiva) de agente estatal que
enseje respectivo nexo de causalidade (MELLO, 2014, p. 1015)

Em suma: responsabiliza-se por atos de terceiros. Assim, verifica-se


que essa espécie de responsabilidade não tem lastro expresso no art. 37, §6º,
da Constituição Federal, estando à margem de tal preceito constitucional
(CARVALHO, 2016). Exemplo de tal responsabilização pode ser extraído
da Lei nº 10.744, de 2003, que autorizou a União a assumir despesas de
responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de danos
a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas.
Outra hipótese famosa é a da Lei nº 12.663, de 2012, a Lei Geral da Copa,
cujo art. 23 dispõe que a União assumiria os efeitos da responsabilidade
civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou consultores
por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de
qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos notórios
eventos esportivos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima
houver concorrido para a ocorrência do dano.

No âmbito do Supremo Tribunal Federal, já houve debate se


há permissivo constitucional para que o ente estatal possa assumir
74 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

responsabilidade por danos praticados por terceiro. Em meados do


ano de 2014, o STF examinou a constitucionalidade do dispositivo já
mencionado na Lei Geral da Copa, por intermédio da ADI nº 4976.
Acentuou a possibilidade de que o ente estatal assuma responsabilidade
de forma ampliada ao disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal,
mormente em situações específicas de grave risco para a população ou de
relevante interesse coletivo, em que “pode o Estado ampliar a respectiva
responsabilidade por danos decorrentes de sua ação ou omissão, para além
das balizas do supramencionado dispositivo constitucional, inclusive por
lei ordinária” (trecho do voto condutor).

Verifica-se, portanto, que o STF legitimou a responsabilização do


Estado à margem do disposto no art. 37, §6º da Constituição Federal, de
sorte que soa possível a possibilidade de instituição de preceito legal que
gerasse a assunção, por ente federativo, de responsabilidade com lastro
na Teoria do Risco Social.

Tendo em vista inclusive esse cenário no contexto da COVID, o


Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 1826/2020, cujo intuito
era o de prever compensação financeira a ser paga pela União aos profissionais
e trabalhadores de saúde, ou a dependentes, conforme o caso, que, durante o
período de emergência de saúde pública de importância nacional decorrente
da disseminação da COVID-19, tornarem-se permanentemente incapacitados
para o trabalho. Observa-se que a referida propositura tinha clara influência
da Teoria do Risco Social, porquanto estabeleceu uma obrigação indenizatória
pela União sem que houvesse necessariamente conduta governamental
federal que ensejasse o dano aos interessados. O PL acabou sendo vetado
totalmente pelo Presidente da República, tendo como lastro motivações
majoritariamente de cunho orçamentário-financeiro.

Firmadas essas considerações, entende-se que as políticas de


limitação administrativas feitas pelos entes federativos, para fins de controle
pandêmico, não são, por si só, geradoras de responsabilidade civil estatal,
uma vez não ostentam condutas governamentais singularizadas, mas
com consequências gerais. A casuística, portanto, deve nortear eventual
aplicação de responsabilidade civil no caso em comento.

2. O ESTADO COMO TUTELADOR DA SAÚDE E A RESPONSABILIDADE


CIVIL POR OMISSÃO

Um outro espectro de exame da responsabilidade civil pertine


à própria atividade estatal no tocante à prestação de saúde. Deveras, o
Fabiano de Figueiredo Araujo 75

mecanismo de assistência sanitária em nosso país, mormente o sistema


público de saúde, está sendo utilizado à saciedade no combate à COVID-19,
havendo, inclusive, tristes episódios de colapso no sistema, a exemplo do
que ocorreu em Manaus no início de 2021.

No contexto brasileiro, o direito de assistência à saúde é estabelecido


institucionalmente de forma bastante ampliativa. Afinal, uma adequada
lógica de saúde não é apenas concessão de medidas corretivas de
enfermidades. É todo um contexto subjacente a este, tal como a estruturação
de mecanismos de saneamento básico e de diminuição de desequilíbrios
econômicos extensos. Tanto isso é verdade que a Organização Mundial
da Saúde (OMS), em 1947, delineou um conceito bastante amplo acerca
da sistemática, quando acentuou a definição de saúde como “um estado
de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
doença ou enfermidade”3.

Dessarte, a Constituição Federal procurou implementar uma


assertividade estatal na condução de medidas tendentes a salvaguardar a
saúde, não se limitando a adentrar em questões pertinentes à estruturação
de mecanismos de assistência direta à saúde, mas prevendo também a
necessidade de que entes subnacionais promovam, por exemplo, programas
de saneamento básico (art. 23, IX, Constituição Federal).

Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira constituição


brasileira a conferir ao direito à saúde o status de direito fundamental,
no seu art. 6º (MENDES & BRANCO, 2017), em consonância com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que, em seu art. XXV,
assegura o direito à saúde como um dos direitos humanos.

Já o art. 196 e ss. da Constituição Federal delimita a ampla garantia


da assistência da saúde ao nosso país. É de bom tom consignar pois a
amplitude de extensão do direito à saúde no Brasil, tanto no aspecto
objetivo (objeto da prestação do direito à saúde outorgado pelo Estado)
quanto subjetivo (a própria universalidade do SUS, em relação aos seus
beneficiários) (PINTO, 2017, p. 80).

Esse espectro jurídico demonstra que a população em geral logra


possuir direito subjetivo a uma adequada assistência à saúde pelo Estado
e até por força disso, há ampla intervenção do Poder Judiciário para

3 Conceito de saúde constante na parte inicial da Constituição da Organização Mundial de Saúde, firmada
em 22 de julho de 1946.
76 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

compelir os entes federativos a concretizar o direito à saúde da população


brasileira, pelos mais diversos focos (desde fornecimento de medicamentos
a obrigatoriedade de fornecimento de específicos tratamentos).

Dessarte, a aplicabilidade da temática da responsabilidade civil do


Estado no âmbito da prestação de saúde fica evidente, havendo ampla
discussão sobre o assunto. Com efeito, a prestação inadequada de serviço
(conduta comissiva estatal) ou a falta de um atendimento condizente e
escorreito (omissão governamental), desde que haja nexo de causalidade
e um dano material, moral ou estético, tem o condão de gerar obrigação
indenizatória do Estado.

Esse cenário fica bem demonstrado, inclusive no contexto da


COVID-19, em relação a atos comissivos. Condutas positivas em ambientes
de assistência à saúde estatais que gerem consequências danosas às vítimas
logram ter maior facilidade de evidenciar a responsabilidade estatal.
Essa exegese, inclusive, já foi aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ), quando acentuou que existindo nexo de causalidade, imputa-se
responsabilidade civil ao Estado quando um indivíduo se contaminar
com HIV em face de procedimento realizado em unidade pública de saúde
(Recurso Especial nº 1299900, Segunda Turma, julgado em 03/03/2015;
Agravo Interno no Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial
nº 672.799, Segunda Turma, julgado em 04/09/2018).

O debate mais alentado ocorre, na verdade, no tocante a eventuais


falhas ou omissões estatais no tocante ao combate da pandemia. Advém,
nesse âmbito, a discussão sobre a responsabilidade civil concernente a
omissões estatais.

A doutrina tradicional (por todos, MELLO, 2013, p. 1019 e ss.;


SUNDFELD, 2009, p. 182) explicita que a responsabilidade civil estatal por
omissão configura uma responsabilidade subjetiva, não no sentido tradicional de
necessidade de demonstração de culpa ou dolo individualizado do responsável
pela omissão geradora do dano. Deveras, a culpa seria ostentada como culpa
anônima ou culpa administrativa, no sentido de que não caberia à vítima
demonstrar o servidor público responsável pelo prejuízo, mas o de evidenciar
o não ou mau funcionamento do Estado, bem como a relação entre essa falta
(ou inadequação) governamental e o dano do indivíduo.

Consoante lição conhecida (MELLO, 2013, p. 1021-2; JIMENEZ,


2013, p. 73), a culpa administrativa decorre de três situações, quais sejam,
a falta do serviço, a inexistência do serviço ou o do retardamento da
Fabiano de Figueiredo Araujo 77

atividade administrativa. Verifica-se, pois, que ao contrário do que ocorre


no âmbito da responsabilidade civil objetiva, a atividade administrativa
em si (ou o fato de serviço, consoante expressão aduzida pela doutrina)
não é o elemento indutor da responsabilidade civil, mas a falta ou culpa do
serviço administrativo.

O motivo por trás dessa visão é a de que o nada em si gera nada:


se o Estado não agiu, não lhe pode ser imputado a princípio qualquer
responsabilidade por prejuízo. Eventual dano só existiria a terceiro caso
se evidenciasse que o Estado tivesse a obrigação normativa de atuar de
forma adequada e tempestiva, de sorte que a sua omissão gerasse, em
tal panorama, específica consequência. A estruturação de tal obrigação
denota que a inexistência de conduta, ou eventual conduta a destempo
ou inadequada, se deveu por falha governamental, ostentando, assim, o
elemento subjetivo ínsito a tal espécie de responsabilidade civil.

Sem embargo dessa exegese tradicional, o STF vem delineando


recentemente que a responsabilidade civil estatal por omissão seria também
objetiva.

O STF acentuou que nas situações em que o Estado logra ter poder
de guarda de pessoas ou coisas, o Poder Público se encontra em posição
de garantidor, tendo o dever legal de assegurar a integridade de pessoas
ou coisas que estejam a ele vinculadas. Desse modo, havendo morte de
detento, por exemplo, o STF consigna que há responsabilidade civil estatal,
na modalidade objetiva (Recurso Extraordinário nº 841526, Tribunal
Pleno, julgado em 30/03/2016).

Outrossim, no Recurso Extraordinário nº 136861, Tribunal Pleno,


julgado em 11/03/2020, o STF reconheceu a responsabilidade civil estatal
objetiva no âmbito de danos derivados de falhas de fiscalização de fogos
de artifício e estabeleceu a seguinte tese em sede de Repercussão Geral:

Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por


danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que
exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá
quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas
legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais
irregularidades praticadas pelo particular.

A despeito de o STF ter acentuando que, nessas hipóteses, a


responsabilidade civil estatal por omissão seria objetiva, verifica-se que
78 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

a Suprema Corte acaba estabelecendo uma exigência específica para


imputação do dever de ressarcimento, qual seja, falha governamental em
não realizar especial conduta (guardar ou fiscalizar, respectivamente),
o que não deixa de ser a aplicação da tradicional visão da demonstração
da culpa administrativa para fins de qualificação da responsabilidade
civil por omissão, já que se traz à tona a necessidade de evidenciar um
elemento subjetivo no âmbito estatal como pressuposto de incidência da
responsabilidade aquiliana.

Verifica-se, portanto, que, com a devida vênia, a interpretação recente


do STF com a imputação de responsabilidade civil objetiva nos prejuízos
derivados de omissões estatais logra ter efeito muito mais retórico do que
propriamente inovador no panorama normativo da questão.

A responsabilidade civil por omissão pode incidir no âmbito da


COVID-19, caso se evidencie, em circunstâncias específicas, omissões
na assistência à saúde que gerem dano direto aos indivíduos. Não há
como se afirmar, de forma preambular, que a COVID-19 seria em si
um cenário de caso fortuito ou força maior, uma vez que proliferações de
vírus e doenças em si são cenários verificados constantemente. Não por
acaso, o STJ já acentuou, em precedente antigo, que é responsabilidade
da Administração Pública tomar medidas para controle de pandemia, e
que desconhecimento científico pontual não expurga, por si, o papel do
Poder Público em empregar medidas com o intuito de mitigar os efeitos
pandêmicos (Recurso Especial nº 1299900, Segunda Turma, julgado em
03/03/2015).

Sem embargo, a incidência da responsabilidade civil do Estado por


omissão pressupõe, decerto, uma relação de causalidade entre o cenário
omissivo e um dano direto e efetivo ocorrido em face de terceiro. A
calamidade derivada do cenário da COVID-19 não expurgará a necessidade
de preenchimento dos pressupostos tradicionais da responsabilidade
aquiliana. O encargo do ressarcimento por danos não é abstratamente
determinado, dependendo, decerto, da análise do nexo causal em face de
um prejuízo efetivo (DANTAS BISNETO & SANTOS & CAVET, 2020).
O simples fato de ser acometido pela COVID-19 não será, decerto, fator
passível de responsabilização civil.

A fim de corroborar tal premissa, é trazido precedente do Superior


Tribunal de Justiça relacionado com os programas de prevenção e combate à
dengue, tombado sob o nº 703.471, Segunda Turma, julgado em 25/10/2005.
Conforme ideia do acórdão, soa indevida a reparação de danos ocasionada
Fabiano de Figueiredo Araujo 79

por falta do serviço público quando não seja possível registrar o número
de vítimas contaminadas em decorrência de atraso na implementação de
programa de combate à dengue, não tendo sido sequer comprovado o
efetivo atraso ou se ele teria provocado o alastramento do foco epidêmico.

Factualmente, a responsabilidade civil por inadequada assistência à


saúde será aferida mediante uma efetiva análise da casuística, no sentido
de se avaliar se uma omissão ou atuação inadequada pelos agentes estatais
enseje consequências danosas na enfermidade em comento. Em suma,
uma assistência à saúde falha que influencie diretamente no aumento dos
efeitos danosos da COVID-19, quiçá o falecimento.

Pode-se, pois, vaticinar que o espectro de responsabilização do


Estado por omissão, em relação às consequências sanitárias da COVID-19,
não é necessariamente distinto do que ocorre no contexto ordinário de
tratamento da responsabilidade civil estatal. O elemento pandêmico, em
si, não seria uma nota de indenidade para afastar a responsabilização
estatal, mas também não infirmaria a necessidade de preenchimento
dos tradicionais pressupostos para reconhecimento da responsabilidade
aquiliana estatal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As consequências inéditas e amplas da COVID-19 geram repercussões


de efeito no Direito brasileiro.

Extrai-se toda uma construção de uma normatização específica,


denominada inclusive “de Crise”, para estruturar paradigmas singulares
condizente com o cenário e consequências da pandemia. Como exemplos,
pode-se citar a Lei nº 14.010, de 10 de junho de 2020, que implementou
o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de
Direito Privado, ou a Emenda Constitucional nº 106, de 2020, que instituiu
regime extraordinário financeiro-orçamentário.

Sem embargo, no tocante à responsabilidade civil estatal, como


não adveio estruturação positiva própria, verifica-se que a pandemia da
COVID-19 não ostenta uma efetiva mudança na forma como se visualiza
a responsabilidade civil do Estado.

Afinal, as condutas governamentais tendentes a promover limitações


administrativas, com a finalidade de controlar a propagação da COVID-19,
não ensejam, por si só, a responsabilidade civil objetiva por ato lícito,
80 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 20, n. 02. p. 65-82, jul./set. 2021

porquanto configuram atos governamentais gerais, e não singularizados.


A pandemia, pois, não tem o condão de por si ensejar modificação nos
pressupostos ordinários para qualificação da responsabilidade aquiliana
pelo Estado.

Outrossim, aponta-se que no tocante a omissões ou falhas de


assistência à saúde, o cenário normativo de responsabilização estatal no
âmbito da COVID não é diferente do paradigma ordinário. Desse modo,
uma lide judicial que venha a tratar sobre prejuízos de particulares irá
pressupor uma instrução probatória que evidencie a relação causal entre
a conduta omissiva (ou comissiva) governamental e o específico dano.

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