MAPA Ricardo Magagnin

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Prof.

Jader Garcia

A crise hídrica na cidade de Curitiba e o estudo de opções para solucionar o


problema da falta de água.

Ricardo Hayashi Magagnin – 1967535-5

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento urbano se acelerou na segunda metade do século XX com a


concentração da população em espaço reduzido, produzindo grande competição pelos mesmos
recursos naturais (solo e água), destruindo parte da biodiversidade natural. O meio formado
pelo ambiente natural e pela população é vivo e dinâmico e, que sem controle, pode levar a
cidade ao caos. (TUCCI, 2008).
Um dos recursos naturais que está sendo atacado pelo crescimento populacional,
também é de grande relevância quando se fala a respeito da sobrevivência da vida na Terra,
trata-se da a água. Segundo o CEBDS (2018), o Planeta Terra poderia ser chamado também de
Planeta Água e, apesar da quantidade de água no planeta parecer infinita, praticamente toda ela
se encontra nos mares (água salgada) e ou em geleiras e reservatórios subterrâneos, sendo de
difícil acesso para consumo humano.
Ainda de acordo com o CEBDS (2018), a água é um recurso indispensável para a
manutenção da vida para qualquer ser vivo. Porém, a água doce, encontrada em rios e lagos,
representa uma ínfima parcela, apenas 0,024% do total. A escassez da água não é um problema
novo e atinge o mundo todo em diferentes proporções, o que preocupa a humanidade, já que
esse problema pode se agravar caso não aconteçam otimizações quanto ao manejo deste
elemento.
Trazendo para a realidade da cidade de Curitiba e região metropolitana, a
SANEPAR, empresa responsável pelo abastecimento de água no estado do Paraná, divulga
relatórios atualizados da disponibilidade nos reservatórios que abastecem a capital e regiões
metropolitanas. Segundo informações divulgadas no site da Sanepar, se o consumo de água não
diminuir em 20%, ela irá acabar. Todos os reservatórios, na data de 05 de dezembro 2020,
encontravam-se abaixo dos 50%, sendo a barragem do Iraí o caso mais crítico, com apenas 20%
da capacidade preenchida com água.
Considerando que, segundo a ANA (Agencia Nacional de Aguas), a agua na Terra
é praticamente invariável há milhões de anos e o que muda é apenas a sua distribuição e a sua
qualidade, é possível concluir que, uma das formas para resolver o problema de falta de água
em Curitiba e região metropolitana, será encontrar uma nova fonte de recursos hídricos,
complementando as fontes disponíveis de forma natural e aumentando a oferta de forma
inteligente.
O aproveitamento de águas pluviais nas residências e o reaproveitamento de água
doméstica, usada na lavagem de roupas por exemplo, se enquadram nesta categoria.
Segundo o PORTAL TRATAMENTO DE ÁGUA, os sistemas de captação de
águas pluviais podem gerar economia de até 55% nas despesas com o fornecimento de água.

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Cada vez mais, as soluções de reaproveitamento de água da chuva vêm ganhando relevância
nacional, sendo objeto de políticas de incentivo, que estimulam a criação de legislações
estaduais e municipais sobre o tema.
A água, o bem mais precioso para manutenção da vida na Terra, está cada vez mais
se tornando um recurso de difícil acesso e, algumas soluções tecnicamente simples, podem
auxiliar muito na preservação dos recursos naturais.

2. JUSTIFICATIVA

A prolongada estiagem reduziu a vazão de rios, minas e poços em várias regiões do


Estado, afetando a cidade de Curitiba e região metropolitana. Aliados a isso, o aumento das
temperaturas e a elevação do consumo de água tratada comprometem ainda mais os sistemas
de abastecimento.
Com isso, Curitiba e região Metropolitana vêm sofrendo, constante e crescente
diminuição do volume de água armazenada em suas barragens e uma crise hídrica vem se
instalando, obrigando aos gestores a aplicar crescentes controles sobre o fornecimento de água
aos consumidores.
A qualidade também afeta a quantidade de água disponível. Uma bacia hidrográfica
com uso urbano e industrial gera poluentes, que se acumulam ao longo do recurso hídrico
comprometendo a qualidade da água. Não adianta ter um rio com muita água se ela estiver
poluída, pois este recurso terá muitas restrições de uso, como é o caso do Rio Belém, em
Curitiba.
Em audiência pública “Emergência Hídrica e o Abastecimento de Agua na Região
Metropolitana de Curitiba”, a Assembleia Legislativa, apresentou de maneira clara a gravidade
da crise hídrica que assola o Paraná e com mais intensidade Curitiba e Região Metropolitana
apontando que ela deverá se prolongar até o verão de 2021/2022.
Como ação imediata, a SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná,
informou na data de 14 de agosto de 2020 que, em decorrência da forte estiagem, iniciou a
vigorar um novo modelo de fornecimento de água potável para Curitiba e Região
Metropolitana. De forma intercalada, a SANEPAR está cortando e retornando o abastecimento
de agua potável em um rodízio a cada 36 horas, isto é, um dia e meio sem agua e um dia e meio
com água, em toda a grande Curitiba.
Claramente existe uma necessidade de ações de ampliação na captação de água,
usando novas fontes alternativas de recursos hídricos, de forma a reduzir o consumo das fontes
existentes na forma natural, melhorando a performance e a inteligência na utilização dos
recursos hídricos disponíveis.
Necessariamente, este processo passa ela conscientização da população sobre o uso
e reuso da água, sendo a função do governo do estado e prefeituras, viabilizar projetos,
incentivos e campanhas para esta finalidade e é dever da população apoiar e aplicar as propostas
de forma consciente e eficaz.
O uso consciente dos recursos naturais e o investimento em técnicas avançadas para
tratamento de águas residuais, podem ajudar a desacelerar o processo de falta de água das
cidades. Com as mudanças climáticas, mau gerenciamento e o consumo exagerado, as
expectativas não são as melhores para os próximos anos, sendo assim, é fundamental que cada
um faça a sua parte.

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3. OBJETIVOS GERAIS

Conscientizar todos sobre o uso racionalizado da água, adotando hábitos frequentes


de economia, reaproveitamento e coleta de água pluvial. Demonstrar os benefícios das ações,
contagiando outras pessoas para que a ações sejam multiplicadas em rede, trazendo resultados
rápidos e conscientização da sociedade a longo prazo.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Demonstrar a importância da agua para a vida e promover a reflexão em relação ao


desperdício de água potável;
 Levantar histórico dos níveis de agua nos reservatórios que abastecem Curitiba e região;
 Apresentar soluções técnicas, de baixo custo, que sejam viáveis e rápido de serem aplicados
em residências e pequenos estabelecimentos comerciais;
 Demonstrar os benefícios que as captações de água podem trazer, criando uma
conscientização coletiva de forma que, o conceito seja multiplicado em forma de rede;

4. METODOLOGIA

Segundo a ANA - Agência Nacional de Águas (2020), a Região Metropolitana de


Curitiba (RCM) é formada por 26 municípios, dos quais 12 pertencem ao Sistema Integrado,
operado pela SANEPAR. De acordo com a SANEPAR, há quatro barragens em operação e que
formam o sistema integrado de abastecimento de água da região: Iraí, Passaúna, Piraquara I e
Piraquara II.
Na tabela 1, abaixo, é possível verificar o nível dos reservatórios na data de 05 de
dezembro 2020 e a situação do SAIC – Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba.

Tabela 1 – Situação Nível dos Reservatórios de Curitiba

Na tabela 2 é possível observar que até fevereiro de 2020, não existia uma preocupação
com o abastecimento dos reservatórios porem, com a falta de chuvas, os níveis das barragens foram
diminuindo causando a crise hídrica em 2020.

Tabela 2 – Nível dos Reservatórios de Curitiba 2018 - 2020

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Em outubro de 2020, os níveis de água das barragens chegaram a níveis alarmantes,
Barragem do Iraí com 15%, Passaúna com 36%, Piraquara I com 25% e Piraquara II com 48%,
sendo o menor índice dos últimos 10 anos pesquisados.
Mesmo com as chuvas do mês de novembro, as barragens continuaram com o nível
muito abaixo do necessário e a crise hídrica deve se estender até meados de 2021. Segundo a
SANEPAR, a região precisa de no mínimo 100 mm de chuva por mês para garantir o
abastecimento de água para a população e, apesar de no mês de novembro ter sido registrado
um volume de 194 mm, o déficit hídrico na Grande Curitiba ainda é muito grande. Com a
estiagem que vem desde o ano passado, o déficit de chuva ainda varia perto dos 600% na região.
Tomando como referência o projeto “Conservação e Reuso da Agua em
Edificações”, publicado pela ANA - Agência Nacional de Águas (2005), foi possível elaborar
uma proposta técnica de captação e reuso da água, para adoção em imóveis residenciais, com
baixo custo, sem a necessidade de grandes reformas nas edificações já existentes.
A proposta é conscientizar a população para que sejam construídas cisternas
verticais, para o aproveitamento de aguas pluviais, que poderiam ser reutilizadas para várias
necessidades de uma residência. Para efeito de ilustração, abaixo é representado o consumo de
água em um imóvel residencial padrão, dentro de um conjunto habitacional de interesse social.

Ilustração 1 – Distribuição da utilização de água de um imóvel residencial, dentro de um conjunto habitacional


padrão.

Vale lembrar que, para a reutilização da água, seja ela pluvial ou de outra fonte, é
necessário garantir a sua segurança. Água de reuso deve ser utilizada apenas para finalidades
que não necessitam que a água seja potável.
Alguns dos usos potencias para este tipo de captação de água são: a lavagem de
roupas, descargas em bacias sanitárias, limpeza de pisos, irrigação de jardins, lavagem de
veículos e uso ornamental. Para esta classificação de água, os requisitos mínimos de qualidade
recomendado são:
 Não deve apresentar mau-cheiro;
 Não deve ser abrasiva;
 Não deve manchar superfícies;
 Não deve deteriorar os metais sanitários;
 Não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias
prejudiciais à saúde humana

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Segundo a SindusCon – Sindicato da Contrução (2005), A tabela 3 mostra os
requisitos mínimos para o tratamento da água coletada nesta modalidade de capitação.

Tabela 3 – Requisitos para tratamento de água de reuso.

Fonte: SindusCon – Sindicato da Construção – Relatório Conservação e Reuso de Águas (2005)

Para cumprir com os requisitos de segurança da utilização da água, o projeto precisa


contemplar: Sistema de filtragem mecânica (A), uma unidade de sedimentação (B),
Desinfecção (F) e ajuste de PH (G), direto no sistema de captação, evitando a manipulação da
massa de água e utilização de equipamentos caros e sofisticados.

Ilustração 2 – Sistema de aproveitamento de água pluvial.

A área de coleta proposta deve ser o telhado das edificações que são, normalmente,
inclinados em projeção horizontal e utilizam-se de calhas para o direcionamento da água
coletada. O reservatório de descarte coleta a fase inicial da precipitação, quando ocorre a
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lavagem do telhado e do ar atmosférico. O sistema de tratamento constitui em filtragens
mecânicas, desinfecção química e ajuste de PH da agua. O reservatório de armazenamento,
normalmente é a parte mais cara do projeto, devendo ser dimensionado corretamente de acordo
com o volume de utilização para que torne o projeto viável.
Abaixo segue um esboço de projeto que poderia se popularizar, de fácil instalação
e componentes de fácil aquisição.

C
D
E

Reservatório Reservatório G

F H
Ilustração 3 – Projeto esquemático de sistema de captação e tratamento de águas pluvial.

O projeto proposto é de simples execução, com produtos fáceis de serem


encontrados em materiais de construção, barato e que pode ser multiplicado facilmente.
Investimento médio total estimado em torno de R$1.378,00, sem contar a mão de
obra, que irá depender de quem irá executar. Como é de simples execução, é possível fazer a
instalação em um único dia por um profissional da área.

Material necessario (estimado) Custo Médio (BRL)


Tanque Slim 600L 690,00
Conexões 348,00
Tubo PVC 100mm 180,00
Torneiras 40,00
Filtro Mecanico 70,00
Sistema Clorador 50,00
Total Estimado (sem mão de obra) 1378,00
Tabela 3 – Estimativa de custo de material para cisterna simples

Considerando um potencial de captação e utilização da água pluvial em torno de


15% do volume total utilizado em uma residência e, segundo a SANEPAR, o consumo médio
de água por residência na cidade de Curitiba e região metropolitana é de 10 mil litros, a redução
seria em torno de 1.500 litros por mês/por residência, trazendo uma economia de 1,5m³ por
mês/residência.

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Segundo os demonstrativos de resultados da SANEPAR, atualmente Curitiba e
região metropolitana possuem cerca de 679 mil contratos de fornecimento de água residenciais,
consumindo cerca de 9 milhões de m³ por mês. Em uma hipótese de implantação de captação
pluvial em 50% dos contratos, isso representaria cerca de 509 mil m³ de economia mensal de
água, o equivalente a 6% da demanda total.

5. RESULTADOS ESPERADOS

Apesar da questão financeira dos projetos de reuso e captação de água ser um


problema, com a demonstração da importância deste tema, espera-se que a população venha a
se conscientizar na necessidade de encontrar novas fontes de fornecimento da água, para uma
sustentabilidade da qualidade de vida.
Por outro lado, boa parte do que é pago no investimento necessário do projeto é
retornado em forma de impostos para o governo do estado, através do ICMS dos materiais.
Considerando que o governo do estado é o maior acionista da SANEPAR e que é necessário
encontrar novas formas de captação de água para resolver o problema, espera-se que os gestores
públicos e da SANEPAR olhem para esta proposta de incentivar os projetos de captação e reuso
da água como um investimento a médio e longo prazo, oferecendo incentivos com a redução
dos impostos para compra dos materiais, assim como, ajudar no custeio para a execução das
obras.
Para a SANEPAR aumentar em 6% a captação de água, seria necessário o
investimento de milhares de Reais em obras de transposição e novas barragens, com impactos
ambientais e sociais significativos, sendo que parte destes investimentos poderiam ser
direcionado para financiar os projetos de captação e reuso de água pluviais residenciais.
A longo prazo, estes investimentos além da redução da utilização da água, trariam
um benefício educacional de conscientização para a sociedade, tornando-a melhor e mais
participativa, valores que são difíceis de monetizar, mas são de extrema importância para uma
sociedade.
O objetivo desse estudo também é chegar a um resultado onde se possa atingir o
ODS 6 - Agua potável e saneamento para todos.

 6.1 Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água potável, segura e acessível
para todos;
 6.b. Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da
água e do saneamento;
 6.4 Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores
e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez
de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de
água;

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REFERÊNCIAS

AGENDA 2030 [s.d.]. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Objetivo 6. Água


Potável e Saneamento. Disponível em: <http://www.agenda2030.org.br/ods/6/>. Acesso em 02
de novembro de 2020.

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Acessado em dezembro de 2020. Disponível em
http://www.snirh.gov.br/hidrotelemetria/Mapa.aspx

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. (2005). Conservação e reuso da água em


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https://www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=161985

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TUCCI, CARLOS E.M. Águas urbanas. Estudos Avançados, v.22, n.63, p.97-112, 2008.
<https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10295/11943>

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