Necessidade Do Gerenciamento Dos Recursos Hídricos em Grandes Cidades Como Recife
Necessidade Do Gerenciamento Dos Recursos Hídricos em Grandes Cidades Como Recife
Necessidade Do Gerenciamento Dos Recursos Hídricos em Grandes Cidades Como Recife
RESUMO
A crescente urbanização desordenada tem causado, cada vez mais, problemas relacionados
aos recursos hídricos. Um dos grandes desafios para o desenvolvimento de grandes cidades é
garantir o escoamento das águas pluviais em contextos urbanos. Para tanto, os municípios
devem editar Planos Diretores com políticas que integrem o desenvolvimento das cidades aos
recursos hídricos. O Recife, apresenta cerca de 160 pontos críticos de alagamentos em suas
vias urbanas, e vem sofrendo, um abaixamento do lençol freático, decorrente de retiradas
excessivas das águas dos poços localizados na região mais densamente povoada.
Ambiguidades que podem ser solucionadas com ações urgentes na gestão hídrica. Assim, o
presente artigo visa demonstrar a importância do planejamento urbano e a gestão das águas,
no intuito de proteger e gerenciar os recursos hídricos em grandes cidades, como Recife, a fim
de que o equilíbrio ambiental urbano seja alcançado.
Palavras-chave: planejamento urbano, gestão dos recursos hídricos, subsidência, explotação.
ABSTRACT
The growing disorderly urbanization has increasingly caused problems related to water
resources. One of the great challenges for the development of large cities is to guarantee the
drainage of rainwater in urban contexts. To this end, municipalities must issue Master Plans
with policies that integrate the development of cities with water resources. Recife, has about
160 critical points of flooding in its urban roads, and has been suffering, a lowering of the
water table, due to excessive withdrawals of water from wells located in the most densely
populated region. Ambiguities that can be resolved with urgent actions in water management.
Thus, this article aims to demonstrate the importance of urban planning and water
management, in order to protect and manage water resources in large cities, such as Recife,
in order to achieve urban environmental balance.
Key-words: urban planning, water resources management, subsidence, exploitation.
1
Engenheiro Mecânico; Mestre em Engenharia Mecânica pela UFPE; Doutorando no Programa Simulação e
Gerenciamento de Reservatórios de Petróleo da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Email:
ricardo.pguedes@ufpe.br
2
Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE; Arquiteta e Urbanista; Mestre em
Engenharia Cartográfica pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da
Geoinformação UFPE; Doutora em Planejamento Urbano pelo Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Urbano - UFPE. Email: marny.araujo@ufrpe.br
3
Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE; Arquiteta e Urbanista; Mestre em
Arqueologia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Doutoranda no Programa de Pós-graduação em
História - UFRPE. Email: ana.pgandrade@ufrpe.br
ARIC – FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ
ARCHITECTON - REVISTA DE ARQUITETURA E URBANISMO – VOL. 06, Nº 09, 2021 | 108
1. INTRODUÇÃO
anualmente. A utilização apenas da drenagem superficial para escoar uma grande quantidade
de água, também vem ocasionando grandes enchentes.
Segundo a publicação da ONU sobre desastres naturais, o alagamento é o
principal motivo de maiores perdas em todo o mundo, correspondendo a mais de 44% de
todos os desastres naturais registrados entre 2000 e 2019.
Esta falta da gestão e planejamento dos recursos hídricos afeta diretamente os
rios, os lagos, os córregos e mananciais da região. Aliado a isso, a baixa infiltração leva a
mudança nos níveis do lençol freático, atingindo os aquíferos, que são abastecidos pela
infiltração das águas superficiais pelo solo.
Para se ter uma visão da importância desta fonte de água potável, segundo dados
da UNESCO (1978), como dito anteriormente, as águas dos aquíferos representam quase 96%
de toda água disponível para consumo imediato.
Como pode ser visto na Figura 1, referente à distribuição da água no mundo,
percebe-se que “[...] a maior parte da água existente no mundo é salgada (97%) e está
concentrada principalmente nos oceanos e mares, mas também presente em alguns lagos
salinos, tais como o Mar de Aral e o Mar Morto.[...].Os outros 3% restantes são formados pela
água doce, e boa parte deles é própria para consumo” (PENA, 2021).
Entretanto, desse total, (2,41%) encontram-se armazenadas em estado sólido nas
geleiras e calotas polares. Da água doce em estado líquido (0,61%) a maior parte são águas
subterrâneas (0,59515%), correspondendo a 29% da água doce disponível, que por sua vez,
são a principal fonte de captação de recursos hídricos no mundo, apresentando-se nos lençóis
freáticos e aquíferos. Os rios e lagos correspondem a apenas 0,9% de toda a água potável
disponível no mundo, e uma ínfima quantidade (0,00095%) ocorre como vapor na atmosfera
(PENA, 2021).
Figura 4 - Efeito da Subsidência do solo, ocasionada pela compactação da matriz rochosa do aquífero
Fonte: Autor (2021)
3. TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS
parte ainda desta macrodrenagem os riachos Jiquiá, Curado, Morno, Camaragibe, Dondon e
Moxotó. Existem 99 canais: totalizando 115.308 m de canais. Quanto a rede de
microdrenagem, é composta por galerias e canaletas, apresenta extensão aproximada de 1.580
km. Muitos segmentos estão subdimensionados; não há cadastro desta rede de drenagem
(PDDR, 2015).
A Figura 5 (PDDR, 2015), mostra as bacias hidrográficas existentes no Recife,
bem como as principais vias, rodovias e os cursos hídricos. Ainda segundo o PDDR (2015),
Recife se depara com inúmeros problemas recorrentes do sistema de drenagem, tais como:
uso do sistema de drenagem para escoamento de dejetos; ocupação das áreas de inundação;
inúmeras áreas afetadas por alagamentos (160 pontos críticos), devido influência das marés;
obstruções na macrodrenagem em virtude da presença de esgotos e crescimento da vegetação;
galerias semiobstruídas e danificadas; vários assentamentos de baixa renda, localizados ao
longo dos rios e canais causando confinamento da calha fluvial; ocupação dos morros e
encostas aumentando as vazões, a formação de sedimentos e pondo em risco a vida da
população, dentre outros.
pela companhia de saneamento local (LUNA; GARNE´S, et al., 2017). Com os estudos de
acompanhamento do lençol freático de um poço no bairro de Boa Viagem de janeiro de 1992
até dezembro de 2005, constatou-se um declínio de 59,61 metros (MONTENEGRO;
CABRAL, et al., 2009).
Segundo Luna, Rejane et al (2017) embora não haja evidências claras de
subsidência do solo, a superexploração das águas subterrâneas na RMR e o rebaixamento da
superfície piezométrica acima mencionados indicam fortemente que o processo está em
andamento, embora lentamente. O acompanhamento de subsidência na cidade de Recife ainda
é precário, e necessita de um monitoramento maior que possa gerar dados e modelos que
simulem numericamente e conduza a ações de evitar o que está acontecendo no norte da
China, Bologna etc.
Recife é uma planície costeira altamente vulnerável a oscilações das marés o que
potencializa os problemas de drenagem provocando muitos pontos de enchentes em vários
pontos da cidade (Figura 6). Levando para que os responsáveis das áreas de saneamento cada
vez mais se utilizem de estudos relacionados a área e que os estudos da manutenção do ciclo
hidrológicos estejam em pauta nos debates deste novo marco regulatório do Saneamento,
gerando projetos sustentáveis.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Netherlands, 1987.
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GUO, H. et al. Groundwater-derived land subsidence in the North China Plain. Environ
Earth Sci, fev 2015.
ARIC – FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ
ARCHITECTON - REVISTA DE ARQUITETURA E URBANISMO – VOL. 06, Nº 09, 2021 | 117
PENA. Rodolfo F. Alves. Distribuição da água no mundo. Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/distribuicao-agua-no-mundo.htm. Acesso em: 12
maio 2021.
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