Anamnese e Exame Fisico Geral
Anamnese e Exame Fisico Geral
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Após ter realizado o exame geral, iniciar o exame físico na cavidade oral do paciente. Assista ao vídeo a seguir para
saber mais sobre a importância do sistema mastigatorio na manutenção da higidez do aparelho digestivo. Verificar
estado dos elementos dentários, estado da prótese, áreas de leucoplasia , eritroplasia . Deve-se ter especial atenção
às áreas de assoalho da boca, porções ventro-lateral e base posterior da língua, palato mole, úvula, pilares anterior e
posterior, espaço retromolar. Nestes locais devem-se procurar lesões precursoras de neoplasias orais.
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Posicionar o paciente em decúbito dorsal, com tronco e abdome expostos, em ambiente com boa luminosidade e
temperatura adequada. Recomendar ao paciente deitar-se com a cabeça apoiada em travesseiro, ligeiramente
elevada. O médico deve ficar à sua direita, aquecer as mãos e explicar o procedimento ao paciente.
Inspeção;
Ausculta;
Percussão;
Palpação.
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5.2.1 - Inspeção
Na inspeção observa-se a superfície da parede abdominal, contorno, presença de assimetrias, características da pele,
presença de circulação colateral, forma do abdome e cicatrizes cirúrgicas
Formas do abdome:
o formato do abdome pode variar segundo idade, sexo, estado nutricional, estado muscular e gravidez, podendo
variar segundo o tipo morfológico entre o tipo longilíneo, que é achatado no sentido anteroposterior e de pequeno
diâmetro transversal e o do tipo brevilíneo, curto, com diâmetros anteroposteriores e transversos exagerados. Esta
variação entre estes extremos não tem significado patológico. O formato adquire valor patológico quando houver
alterações que se afastam destes limites, sendo que as alterações podem ser simétricas ou assimétricas.
a - Alterações Simétricas
Abdome retraído- muito achatado no diâmetro anteroposterior, com visibilidade dos bordos costocondrais,
cristas ilíacas e sínfise púbica. Ocorre em indivíduos com caquexia, especialmente naqueles com
desidratação importante.
Abdome de batráquio- caracterizada por dilatação exagerada de flanco, com aumento de diâmetro lateral,
ocorrendo em indivíduos com ascite e obesos com diminuição da tonicidade da musculatura de parede
abdominal.
Abdome em avental- caracterizado pela queda do hipogástrio sobre a sínfise púbica, ocorre em grandes
obesos, associada à fraqueza da parede muscular.
b - Alterações Assimétricas
Peristalse
A peristalse visível pode ocorrer em pacientes emagrecidos e com musculatura abdominal pobre, sendo possível a
identificação de peristalse de alças do intestino delgado. A observação de peristaltismo visível tem grande
importância diagnóstica, indicando a existência de obstáculo ao trânsito intestinal; a peristalse sempre se processa no
sentido do isoperistaltismo, servindo para identificar o segmento intestinal sede das contrações, indicando assim, a
localização do obstáculo, ponto onde morrem as ondas peristálticas.
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O peristaltismo visível em estômago indica a existência de obstáculo em piloro ou em 1ª porção do duodeno; o sinal
acústico é a patinhação e o sintoma associado é o vômito de estase. A causa mais comum de obstrução de antro
gástrico são o câncer gástrico e úlceras pépticas estenosantes. A presença de contração em estômago e peristalse
visível em duodeno permitem a identificação de obstáculo em ângulo duodeno-jejunal.
A presença de ondas peristálticas visíveis em intestino delgado, denominada de agitação peristáltica de Kussmaul,
são caracterizadas por movimentos rotatórios, acompanhados de fortes ruídos intestinais, denominados de
borborigmos. Pode ocorrer um segundo tipo de ondas de peristalse, denominada de peristalse em degrau, as alças se
contraem como em degraus de uma escada.
O peristaltismo de intestino delgado é caracterizado por: sede em região central de abdome; grande intensidade e
vivacidade das ondas; fenômenos acústicos intensos, com aspecto metálico, audível sem utilização do estetoscópio;
associação de fortes dores que acompanham os movimentos peristálticos. As causas mais comuns são tumores,
compressões extrínsecas, aderência, hérnias encarceradas, doença de Chron.
O peristaltismo do intestino grosso, quando visível, é constituído por ondas lentas, sendo mais evidente o
peristaltismo do cólon transverso, os sintomas associados são parada de eliminação de fezes e gases, ocorrendo na
presença de megacólon e câncer de cólon.
Retrações
As retrações generalizadas ocorrem em indivíduos caquéticos, como nos casos de pacientes com estenose de esôfago
ou piloro ou em desidratados graves. Importante apontar a retração generalizada que pode ocorrer na cólica
saturnina, no tétano, meningite e nas crises tabéticas.
Edema de Parede
O edema quando restrito à região abdominal indica a existência de processo inflamatório intracavitário.
Sistema Venoso
A presença de vascularização visível em parede abdominal indica obstáculo na circulação venosa profunda. As veias
que conduzem um caudal aumentado são caracterizadas pela sua tortuosidade e dilatação; deve-se definir o sentido
da corrente sanguínea para identificar qual dos sistemas venosos está obstruído. Para isto utiliza-se a manobra de
esvaziamento de um segmento venoso dilatado (modulos/01/anamneseExameFisico_n1402.html)
- Circulação colateral tipo portal: ocorre quando há obstáculo ao fluxo venoso proveniente do tubo digestivo e baço
em direção ao fígado. É o tipo de circulação colateral mais frequente, caracterizada por manter o sentido normal da
circulação, sempre centrífuga em relação ao umbigo. Geralmente melhor percebidas acima da cicatriz umbilical,
quando exuberantes em torno do umbigo confere o aspecto denominado cabeça de medusa .
- Circulação colateral tipo cava inferior: observa-se ectasia venosa em andar inferior de abdome e regiões laterais,
sentido da corrente é ascendente. Ocorre quando há trombose de cava inferior.
- Circulação colateral tipo cava superior- observam-se ectasias de vasos em andar superior de abdome, sendo o
sentido da corrente, descendente.
- Circulação colateral do tipo misto - associa-se a circulação colateral tipo portal e de cava inferior, com sentido da
corrente, ascendente.
retroperitoneal, conferindo uma coloração azulada em regiões lombares, sinal de Grey Turner.
O umbigo geralmente é plano, quando apresenta-se com protusão, pensar na possibilidade de ascite ou hérnia
umbilical.
Observar a presença de herniações, que podem ser umbilical, inguinal, crural ou em áreas onde houver debilidade de
parede, por diástase de musculatura do reto abdominal ou cicatrizes cirúrgicas.
5.2.2 - Ausculta
São descritos os sinais acústicos, utilizando-se do estetoscópio, auscultando-se os quatro quadrantes do abdome,
especialmente a área central, durante dois a três minutos, com a finalidade de identificar timbre, frequência e
intensidade dos movimentos hidroaéreos, além de procurar identificar a existência de sopros.
Em condições patológicas os ruídos hidroaéreos podem estar com intensidade aumentada (exemplo: diarreias,
hemorragias digestivas, suboclusão intestinal ou obstrução intestinal) ou diminuída ou ausente (exemplo: íleo
paralítico). Os ruídos hidroaéreos podem assumir o tom metálico, nos casos de obstrução de intestino delgado.
Os sopros sistólicos de maior frequência são os produzidos no aneurisma de aorta, podem ser audíveis, em linha
mediana do abdome.
Pode ocorrer o sopro hepático em área de projeção do fígado, na presença de aneurisma de artéria hepática, cirrose e
carcinoma hepatocelular.
Sopros esplênicos podem ser audíveis em hipocôndrio esquerdo, entre as linhas hemiclavicular e axilar, anterior
esquerdas, ocorrendo em pacientes com malária, leucemia ou tumores esplênicos.
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Sopros contínuos são venosos, ocorrendo quando houver hipertensão portal, audível sobre a circulação colateral em
região periumbilical, podendo gerar um frêmito no local, Sinal de Cruveillier-Baumgarten.
5.3 - Palpação
Deve-se proceder à palpação superficial e profunda, com objetivo de identificar alteração em vísceras, presença de
tumorações, dor, resistência em parede.
É importante anotar variações de sensibilidade, consistência, diâmetro, forma e mobilidade das estruturas palpadas.
- Localização: Limita o número de estruturas a considerar (exemplo: massa em quadrante superior esquerdo,
considerar afecções de baço do ângulo esplênico do colón e rim esquerdo), tendo em mente a projeção dos
diferentes órgãos na cavidade abdominal e pélvica e do retro peritônio nas áreas das divisões topográficas do
abdômen.
- Sensibilidade: A dor provocada pela palpação de uma massa abdominal ocorre devido a um processo
inflamatório (exemplo: plastrão de epiplon, como ocorre na apendicite aguda, massa inflamatória na doença de
Crohn) ou a distensão da cápsula do órgão (exemplo: fígado ou baço agudamente distendido).
- Dimensão: Informa o tamanho da estrutura patológica encontrada.
- Forma: Cisto, pseudocisto pancreático, tumores sólidos, são, geralmente esféricos.
- Consistência: É verificada pela resistência da massa à palpação, variando de acordo com o processo
patológico (exemplo: o carcinoma de fígado pode ser pétreo, o baço aumentado devido a infecção oferece
pouca resistência à compressão).
- Superfície: pode ser lisa (exemplo: cistos ou pseudocistos, hepatite, esteatose hepática) ou nodular (exemplo:
tumor, cirrose hepática).
- Mobilidade: A massa que se move com movimentos respiratórios, está relacionada a uma das vísceras móveis
ou ao mesentério, portanto, dentro da cavidade peritoneal. A massa fixa deve estar localizada em
retroperitônio ou corresponder à neoplasia infiltrativa de estruturas fixas.
- Pulsação: Massa que apresente pulso corresponde a uma dilatação da artéria, apresenta aumento
intermitente de volume da massa a cada sístole cardíaca. Massas sólidas encostadas na aorta podem transmitir
a pulsação arterial, porem não apresenta variação de tamanho de acordo com o pulso sistólico.
5.3.1 - Dor
Quando ocorrer dor à descompressão brusca do abdômen é sinal que há inflamação aguda de peritônio. O sinal é
considerado positivo quando o paciente apresenta dor aguda ao se retirar bruscamente a mão do seu abdome,
caracterizando o sinal Blumberg.
Acompanhando este sinal pode-se observar hipertonia da musculatura no local, podendo ser forte e contínua ou
ocorrer somente ao se exercer uma pressão sobre o local. Essas duas características compõe o que pode ser chamado
de sinais de peritonismo.
Fenômenos acústicos podem ser audíveis a distância ou durante a palpação. Há três ruídos de interesse semiológico.
(modulos/01/anamneseExameFisico_n1404.html)
Dor à percussão
Pielonefrite,
costovertebral, levando a
Giordano mialgia, cálculo
rechaço do paciente para a
renal
frente.
Percussão do abdome com
Macicez em
timpanismo no centro e Ascite
flancos
macicez em flancos.
Mudança de macicez à
percussão do abdome com o
Macicez móvel Ascite
paciente em decúbito
lateral.
Percepção do impulso
transmitido do lado oposto
Piparoti do abdome após Ascite
neutralização com barreira
no meio do abdome.
Rutura
Kerhr Dor em ombro esquerdo
esplênica
Presença de macicez à
percussão entre a linha
Percussão
axilar anterior e média em Esplenomegalia
esplênica
topografia de baço, durante
a inspiração profunda.
Pancreatite
Equimoses em torno do
Cullen necro-
umbigo.
hemorrágica
Pancreatite
Grey- Turner Equimoses em flancos. necro-
hemorrágica
Ausência de macicez Úlcera gástrica
Jobert
hepática perfurada.
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5.4 - Percussão
A percussão deve ser suave, apoia-se o dedo indicador e médio da mão esquerda sobre a parede abdominal,
percutindo com a mão direita. O ruído fisiológico é o timpanismo. Pode-se identificar quatro tipos de sons: timpânico,
hipertimpânico, submaciço e maciço. A percussão sobre uma área sólida revela o som maciço; é o típico som obtido ao
se percutir a região hepática. Esteja atento às alterações à percussão do abdome
(modulos/01/anamneseExameFisico_n1405.html) .
O som timpânico pode ser melhor identificado em área gástrica, na posição supina, devido ao conteúdo gasoso do
estômago (bolha gástrica) e no espaço de Traube.
Através da percussão pode-se realizar ainda a hepatimetria. Importante apontar que não é um método seguro para se
afirmar que existe hepatomegalia, pois o órgão pode estar rebaixado, como ocorre em pacientes com enfisema
pulmonar. A fim de determinar se há hepatomegalia, é necessário estabelecer dois pontos de referência: o primeiro,
na parte mais alta do órgão, na altura do sexto espaço intercostal, determinado pela percussão; o segundo, a parte
inferior do órgão. Normalmente o tamanho do fígado na linha mediana é de 5 cm, na linha medioclavicular é de 10 cm
e na linha axilar anterior, 13 cm.
Ao se percutir a região correspondente ao baço, obtém-se som timpânico. A área de nítido timpanismo é denominada
de espaço de Traube.
Recursos Complementares
PDF
PDF Manual de Propedêutica do Abdômen. (res/complementares/u1_r2.pdf)
PDF • 10,7mb
(res/complementares/u1_r2.pdf)
1 Adaptado dos textos: a) RAMOS, J; CORRÊA NETTO, A. Manual de Propedêutica do Abdômem. Arquivos médicos
da Santa Casa de São Paulo, 1945; b) MENEGHELLI, U. G.; MARTINELLI, A.L.C.:Princípio de semiotécnica e de
interpretação do exame clínico do abdômem. Medicina, Ribeirão Preto, V.37, jul/2004
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