Relatorio Final Ex
Relatorio Final Ex
Relatorio Final Ex
CURSO: PSICOLOGIA
Niterói
Novembro/2004
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Introdução .............................................................................................................................. 04
Referências Bibliográficas...................................................................................................... 16
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INTRODUÇÃO
Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) das Famaths, situ a Rua Cel. Tamarindo, 37, São
Domingos, Niterói, RJ. Este plantão é realizado por cada aluno uma vez por semana no
Durante o plantão, o estagiário ao chegar ao SPA assina uma folha de ponto que
consta de seu horário de entrada e saída. Após assinar a folha de ponto este, aguarda em
particular em uma sala exclusiva, onde se realizará uma entrevista dirigida em um tempo
com os dados pessoais do paciente, tais como nome, endereço, telefone, medicamentos
utilizados por este, dentre outras informações, e ouve o relato da queixa do paciente para em
Psicologia Clinica II, sendo estes realizados durante o 6ºo e 7o º períodos respectivamente. A
disciplina, estágio básico em psicologia é a base para o aluno iniciar o estágio em clínica I.
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Para obtenção de créditos nesta disciplina, o aluno, além de possuir uma freqüência
paciente, podendo ouvir suas queixas e começar a trabalhar com uma primeira escuta, para
Esta primeira entrevista também é muito importante para o paciente, posto que este
receberá um atendimento particular, com uma entrevista dirigida tendo assim um primeiro
Em suma, o estágio básico em psicologia tem por objetivo não só dar base para a
mas também levar uma primeira escuta, um primeiro acolhimento ao paciente que chega ao
SPA (Serviço de Psicologia Aplicada) da Faculdade Maria Thereza, para uma entrevista
inicial.
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DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
Valviesse e plantão de atendimento para a triagem. Este plantão é realizado por cada aluno
uma vez por semana no período de duas horas, onde os estagiários se revezam. Meu
plantão foi realizado às sextas-feiras no horário das 17h às 19h, durante todo o segundo
as entrevistas com os pacientes, além da explicação por parte do supervisor de qual seria
nosso papel diante dos pacientes e como deveríamos proceder diante de cada situação por
ele exposta. Ficou claro que já no primeiro contato com o paciente deveríamos esclarecer
que realizaríamos uma entrevista inicial e que posteriormente outro terapeuta entraria em
realizou um quadro com os horários dos plantões, que seria realizado uma vez por semana
durante duas horas, por cada aluno a partir daquela data. O supervisor expôs ainda a
pessoais para uso interno do SPA e nos foi colocado, pelo supervisor, a data de entrega do
discutidos em grupo. Com a leitura dos diversos relatórios realizados por diferentes pessoas
primeiro contato com o paciente e assim começar a trabalhar com a escuta, sendo
importante também para o paciente, que recebe um primeiro acolhimento às suas queixas.
Logo nos primeiros plantões, realizados por mim às 6as. feiras, atendi diferentes
casos.
Meu primeiro atendimento foi realizado com uma jovem de 32 anos cuja queixa girava
brigas com o companheiro e acreditar que ele necessita de terapia por ser muito agressivo
além de encontrar-se com problemas de impotência sexual. Segundo ela apesar dele afirmar
que este problema já foi solucionado, passam dias sem contato sexual. A paciente solicitou
que o companheiro procurasse atendimento no SPA, posto que tem boas referências de
quando sua sobrinha adolescente fez terapia e ele propôs um acordo de que só procuraria o
SPA se ela também realizasse terapia. O casal chegou ao SPA junto e foi atendido cada qual
por um estagiário. Chegou com o objetivo de realizar terapia de casal, o que no momento
momento.
bastante. A criança me pareceu bem dinâmica e inteligente além de bem à vontade durante
toda a entrevista, contou sobre as brigas dos pais e o processo de separação que estão
sofrendo, falou sobre a irmã mais velha que morreu após o nascimento e o sofrimento que
isso causa até hoje nos seus pais, sobre a morte do tio, que para ela era um segundo pai e
sobre a morte de alguns animais que presenciou. E pude notar em sua fala a frequência em
que fala sobre mortes e durante um momento da entrevista utilizou uma frase que me
surpreendeu bastante pela sua idade: -“Fico mais triste quando morre um animal do que
quando morre um ser humano, por que o animal não tem rancor” . Falou sobre seus animais
momentos de transferência e resistência da criança e acredito ter conseguido lidar com eles
Uma das formas de resistência que pude sentir foi quando em um dado momento da
entrevista perguntei qual era a profissão de seu pai e ela disse que não se lembrava.
Imaginei que uma criança que sabe todo seu endereço, telefone, nome, idade, data de
nascimento de seus pais e inclusive de sua irmã que faleceu antes mesmo dela nascer,
deveria saber a profissão de seu pai, mas afirmei que não teria problema nenhum e se ela se
lembrasse e quisesse me dizer eu ficaria feliz em saber. Neste momento ela disse que não
desejava mais falar e se podíamos fazer outra coisa. Propus desenhar e quando ela assentiu
me levantei e ao buscar uma folha em minha bolsa que estava atrás da criança ela me disse:
uma gaivota voando e posteriormente retomou o desenho deixando seu coração com um
“buraco” e ao fechá-lo, fez com muita irritação e rabiscado com a caneta falando algumas
palavras não muito propícias para sua idade, como se não desejasse fechar aquele coração.
Logo depois desenhou um coração pequeno com um carinho muito grande,e uma voz bem
meiga, escrito: “para tia Karla” e disse: -“Esse é para você.” Assim pude identificar tanto
momentos de transferência através de sua fala (ao me comparar com a Sandy, de quem ela
é fã) e de seus atos (ao desenhar) quanto momentos de resistência, que acredito ter
conseguido inclusive superar tanto no momento que ela falou sobre a profissão do pai,
quando passou alguns exercícios para mim de matemática e para completar frases e
Acredito ter aprendido muito com a entrevista que realizei com essa criança por poder
ver tão claramente o que ela gostaria de falar mesmo sem usar a palavra.
Em um momento posterior atendi ainda uma jovem senhora de 52 anos que faz uso
entrevista falava somente sobre os medicamentos que usava, parecendo querer esconder o
real motivo de sua aflição de si mesmo. Quando realmente começou a falar sobre suas
como se lembrasse de cada momento do que narrava. Relatou que foi tratada pelos
médicos como se tivesse epilepsia, mas que na realidade não é este o real problema que
possui, não sabendo dizer a real causa de suas crises, mas que essas só cessaram com o
uso de gadernal. Esta entrevista foi enriquecedora por que acredito ter conseguido vencer
negava a falar sobre sua real demanda, só trazendo como queixa principal o uso do
medicamento. Posteriormente, ela conseguiu falar sobre o momento inicial das crises, que se
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deram quando ela engravidou de sua primeira filha e seu namorado não quis assumi-las. Na
época seu pai e seu irmão cortaram relação com ela, e esta somente pôde contar com o
apoio de sua mãe. Relatou também que casou-se com o pai de sua segunda filha e
separou-se dele por que este era alcoólatra e agredia a ela e suas filhas diariamente. Seu
irmão mais velho também as agredia fisicamente e até hoje não lhe dirige a palavra por que
ela teve sua primeira filha fora de um casamento. Sua primeira filha é casada com um
argentino e vive na Argentina, mas, segundo ela, esta mesmo vivendo longe é mais presente
que sua filha mais nova que vive em sua casa, pois segundo a paciente, a filha mais nova
também não lhe dirige a palavra, só sabendo recriminá-la. Pude notar a importância de uma
terapia, posto que somente na primeira entrevista a própria paciente disse estar “mais leve”
Acredito que este caso tenha sido também bastante enriquecedor para mim, posto que o
jovem rapaz entrou na sala bem nervoso e envergonhado, com uma fala bem confusa,
precisando que eu interviesse por algumas vezes repetindo suas frases. O paciente
tendo procurado um urologista, o que não resultou em solução para seu problema. O
paciente relatou que possui um relacionamento há sete meses e que sua queixa tem início
há três meses quando começou a manter relações sexuais com sua atual namorada. Relatou
que sua primeira relação sexual com a moça foi escondida e bem rápida na casa da moça
quando os pais desta estavam em casa e por isso ficou nervoso e não obteve orgasmo. A
partir desse dia todas as relações sexuais ocorrem com tranquilidade, mas agora ele não
consegue controlar sua ejaculação. Segundo ele, o casal possui um diálogo bem franco e
por isso ele decidiu que não teriam mais relações sexuais até resolver o problema da
ejaculação precoce.
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Relata que seu trabalho é muito stressante, posto que anteriormente trabalhou em
ajudante de caldeira. Relata que trabalha durante 8 horas diárias com uma roupa pesada e
que além do grande peso que carrega diariamente, trabalha com um barulho muito grande
das turbinas dos navios, inclusive tendo que utilizar protetores de ouvido para amenizar o
barulho.
Acredito que este caso foi bastante enriquecedor para mim. Consegui fazer
com que o paciente que entrou na sala bem envergonhado e calado relatasse sua queixa
principal, inclusive falando sobre dados de sua vida sexual, o que para um rapaz de 20 anos
Nas supervisões seguintes, relatei os casos por mim atendidos e discutimos tais casos
com o supervisor e o grupo; foi também discutido os casos de outros integrantes do grupo de
supervisão.
Cada pessoa do grupo falou de seu primeiro contato com o paciente e pude notar que
Discutimos durante as supervisões alguns casos, como por exemplo o caso de uma
jovem de 29 anos com queixa de perceber-se com crises psicóticas, o que como discutimos,
na realidade poderia não ser o que ela denominava de crise psicótica, já que o indivíduo
psicótico não tem noção de suas crises. Discutimos também, casos de crianças com
diferentes demandas e pude notar que muitas vezes a demanda que os pais trazem para a
terapia não é verdadeiramente da criança, mas muitas vezes dos próprios pais.
angustiado por não conseguir lidar com sua homosexualidade; o de uma jovem de 26 anos
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que terminou com o namorado por que seu pai não aceita o namoro; vimos o caso de duas
crianças (meninas) gêmeas com 6 anos que não se relacionam com outras crianças por que
uma só deseja a atenção da outra. Uma das crianças tentava iniciar relacionamentos com
outras crianças mas a outra não deixava, desejando a atenção da irmã exclusivamente para
si própria. Neste caso vimos na orientação que o ideal é iniciar o tratamento com uma das
crianças. A que exige demanda é a que não deixa a outra iniciar o relacionamento de
Vimos à questão de uma criança de 11 anos, onde a mãe relata que o marido uma vez
teve um desmaio na praia por conta de uma hipoglicemia e a criança desde então está
insegura com medo de seu pai morrer e com isso liga a todo momento para o celular do pai.
Outro caso bastante discutido com o grupo de supervisão foi o caso de uma jovem de
27 anos cujo namorado não aceita que ela tenha perdido a virgindade com outro e o de uma
jovem de 21 anos de Campo Grande (RJ) que não consegue adaptar-se à cidade de Niterói
atividades do psicólogo.
inicialmente da queixa trazida pelo paciente, que muitas vezes diferencia-se do seu
verdadeiro problema, sendo assim, o psicólogo deve tratar primeiramente da queixa que o
paciente traz para análise e não de seu verdadeiro problema que virá à tona no decorrer das
sessões.
mesmo do profissional realizar entrevistas ou terapia por telefone, o que vem de encontro
introdução do relatório final e marcou para o dia 22 de setembro do ano corrente a correção
da referida introdução que seria realizada por cada indivíduo do grupo de estudos. A
introdução foi entregue na data estipulada por todos do grupo e ocorreu a discussão,
Nas semanas posteriores seguimos com a leitura, correção e discussão dos relatos
realizados pelo grupo. Um dos relatos que mais se destacou foi o de um casal que procurou
o SPA. A esposa não consegue ficar sozinha e frequentemente tem crises onde por diversas
vezes deixou seu bebê de sete meses cair de seus braços. O marido aflito, com o caso da
esposa, procurou terapia para a companheira. O supervisor nos expôs que a jovem
necessita de análise com uma devida urgência e que o marido, não precisa de tratamento,
mas será realizado por parte do SPA um acolhimento para ele por causa da demanda da
esposa.
que a demanda deve vir do paciente e não do estagiário. Realizamos uma relação com o
profissional de psicologia. Assim foi proposta a idéia de que ao procurar uma análise o
paciente quer saber de suas próprias questões. O analista não está ali para saber das
questões do paciente, mas para estar ao seu lado e ajudá-lo a descobrir suas próprias
questões.
colocou a idéia de que cabe ao estagiário convidá-lo à fala, mas se o paciente não desejar
A cada supervisão pude notar o grande empenho de cada pessoa do grupo e que a
cada entrevista ocorrida, não somente eu, mas cada estagiário aprimorava a cada dia sua
também notar que o SPA tem um grande número de atendimentos, e chegam ali pessoas de
encaminhados por órgãos judiciais o que mostra o bom trabalho de toda a equipe do serviço
ano de 2004, me ajudou a construir uma base sólida de conhecimentos que em períodos
ajudou a compreender o quão importante se faz o processo das entrevistas iniciais na clínica.
Pude participar de vários processos de triagem, o que me fez ver a singularidade de cada
caso e assim sendo, pude ter a visão de que devemos encaminhar de forma diversa a
Acredito que o ideal proposto pela disciplina tenha sido alcançado com a realização
dos objetivos propostos no início do semestre que eram o de trazer embasamento para o
Clinica I) e aprimorar meus conhecimentos para uma futura prática profissional na área de
psicologia clínica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁRICAS
______ Obras Completas de Sigmund Freud: Luto e Melancolia, Volume XIV. Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1976.
MILLER, Jacques-Alain. Percurso de Lacan: Uma introdução; tradução, Ari Roitman. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
______ Um psicanalista no divã.; tradução, André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 2003.
VISCOTT, David Steven. A linguagem dos sentimentos. São Paulo: Summus, 1982.