Adjudicação Compulsória

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AO JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO DO SUL - SC

BENÍCIO PEREIRA, brasileiro, solteiro, eletricista, cpf 777.777.777-77, endereço rua


Guanabara, 77 Boa Vista, RSl, cep 89.167-167, endereço eletrônico
eletrobenicio@gmail.com, fone: 47 8888-4444 (SMS, Whatsapp). Neste ato representado
por seu advogado devidamente constituído, com endereço profissional no timbre, local que
declina para receber notificações, intimações e demais comunicações processuais de estilo,
vem com o devido respeito e acato costumeiro à presença de Vossa Excelência, propor a
presente:

AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA

Contra JOÃO CARLOS DOS SANTOS, brasileiro, casado, aposentado, rua Pomerode,
444, Canta Galo Rio do Sul. CNH 44444444, CPF n444444444444, fone: 47 84444-4444
(SMS, Whatsapp), endereço eletrônico: ma@upe.com, MANUELA DOS SANTOS,
brasileira, casada, aposentada, rua Pomerode, 444, Canta Galo Rio do Sul. CNH 44444444,
CPF n444444444444, fone: 47 84444-4444 (SMS, Whatsapp), endereço eletrônico:
mar@upe.com. Pelos fatos e fundamentos que passa a aduzir:

I – DO RESUMO DOS FATOS

O requerente firmou contrato de compra e venda de imóvel com os requeridos 20/01/2021.


A descrição do imóvel segue abaixo:

Imóvel de 400m, localizado no endereço


dos réus, devidamente registrados no
cartório de registro de imóveis local sob
matricula de n° 66666, constando a
relação de compra e venda de n ° 6 da
referida matrícula.

Ocorre que, após adimplido os termos do contrato pelo requerente, os requeridos


simplesmente não lhe dão a escritura do imóvel, conforme pactuaram.

Assim, não existindo outra forma, ante todos os esforços do requerente, não lhe
restou alternativa senão socorrer-se do Poder Judiciário, para obter sentença de
adjudicação substitutiva da vontade dos requeridos, apta a transmitir a propriedade do
imóvel objeto do compromisso de compra e venda.

II – DAS PRELIMINARES

II.1 – DA JUSTIÇA GRATUITA (CPC, art. 98 e 99)

Declara o requerente que não possuem condições de arcar com as custas


processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento, bem como o de sua
família. Desta forma, fazem jus ao benefício da gratuidade da justiça, nos termos dos
artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil de 2015.

Oportuno ressaltar que a Lei n. 1.060/1950, em seu art. 4º, dispõe que "a parte
gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria
petição inicial, de que não está em condições de pagar às custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família". E, em seu art. 2º, caput,
que "Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou estrangeiros residentes no país, que
necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho".

Saliente-se que, para concessão da benesse, não é mister que a parte requerente
se encontre em estado de miserabilidade, bastando a comprovação da impossibilidade de
custear as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio.

De acordo com o entendimento preponderante desta Corte de Justiça, o benefício


sub judice deve ser concedido quando os documentos carreados aos autos fazem presumir
a escassez de recursos do Recorrente.

Sobre o tema, extrai-se da jurisprudência da 4ª Câmara de Direito Comercial do


Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PRETENSÃO DO RECORRENTE


EM TER A BENESSE CHANCELADA POR ESSE AREÓPAGO.
DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.
PERMISSIBILIDADE DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PARA
GARANTIR O ACESSO À JUSTIÇA. HIPÓTESE FÁTICA QUE
COADUNA NO DISPOSTO NO INCISO XXXV DO ART. 5º DA
"CARTA DA PRIMAVERA" E NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART.
2º DA LEI 1.060/50 (Apelação Cível n. 2015.036910-6, de
Brusque, rel. Des. José Carlos Carstens Köhler, j. em
25.8.2015). (Sem grifos no original).

Portanto, presentes nos autos a declaração de hipossuficiência do requerente,


passível vislumbrar a sua real impossibilidade de arcar com as custas do processo sem
causar prejuízo ao seu próprio sustento e de sua família, prova suficiente à concessão do
benefício.

II.2 - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII)

O requerente opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII),
razão qual requer a citação da Promovida, por carta e entregue em mãos próprias (CPC,
art. 247, inc. I) para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art.
334, caput), antes se apreciando a medida acautelatória de urgência ao final requerida.

III – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

III.1 – DA ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA

O requerente formalizou no Cartório do Ofício, livro 02 fls, 34, a escritura de


promessa de compra e venda, inscrita no Registro Geral de Imóveis sob matrícula de n°
66666, documentos em anexo, contratando de modo irrevogável a aquisição do bem
caracterizado por imóvel com 400m², localizado no endereço que declinaram, negociado
pelo montante de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), pagos nas condições e formas a
seguir narradas:

Caminhonete, Chevrolet, S10 ano 2015, no valor de R$ 60.000,00, entregue na


hora da assinatura do compromisso de compra e venda;

O valor de R$ 80.000,00 em dinheiro, entregue na hora da assinatura;

Cheque no valor de R$ 60.000,00, para ser depositado em 05/02/2021.

A chave com a transmissão da posse da propriedade também foi efetuada no


mesmo ato, ajustando a outorga da escritura definitiva para a data de 28/02/2021. Sobre
o referido imóvel, há edificado uma casa mista, de 140m², que consiste na averbação n°
7 da matrícula.

Provam os documentos em anexo, que no contrato de compra, foi informado que


não havia qualquer embaraço sobre o referido bem e se encontrava livre para alienação.
A escritura ficou a encargo do comprador que a providenciou, no entanto, os
vendedores não compareceram ao cartório para assinatura. O requerente adimpliu todo
o acordado, efetuando o pagamento de todos os valores negociados, não conseguindo
porém, que o requerido cumprisse a sua parte, que é a transferência de propriedade
mediante a competente escritura definitiva de compra e venda.

Quanto aos descontos do cheque relativo no pagamento final da aquisição, os


vendedores assinaram recibo final dando quitação completa da transação.

Diante da resistência do requerido, o requerente providenciou a sua notificação


intermédio de Cartório de Títulos e Documentos, estando o documento referente a este
ato em anexo, para que o mesmo efetivasse a outorga da escritura do bem em 10 dias,
tendo como conseqüência sua inércia, a constituição em mora, sujeitando-se a processo
judicial, expirando o prazo em 20/03/2021.

Como efeito da displicência pelo requerido, propõe o requerente a presente ação


para obter a tutela jurisdicional, defendendo seus direitos.

Estas foram as condições da avença realizada pelas partes. Como visto, o


requerente cumpriu com a totalidade da obrigação contratual de pagar.

O compromisso, como contrato preliminar, engloba relações jurídicas diversas,


geradoras de obrigações e direitos recíprocos entre os contratantes. Tem o promitente
comprador a obrigação de pagar quantia certa, enquanto o promissário vendedor tem
obrigações de diferentes naturezas: uma primeira consistente em dar a posse do imóvel
(obrigação de dar); e uma segunda, consistente em outorgar a escritura definitiva, após o
pagamento do preço (obrigação de fazer infungível).

Conclui Carvalho Santos que o contrato preliminar dá origem a uma obrigação de


fazer, subordinada à declaração de vontade posterior. (Santos, J. M. Carvalho. Código
Civil Brasileiro Interpretado. V. XV. 7. Ed., p. 132).

Os requeridos se furtam de cumprir com suas obrigações, que consistem na outorga


definitiva de escritura pública em favor do Requerente.

Diante disso, e com força no artigo 501 do Código de Processo Civil, o Requerente
pleiteia que o Juízo supra a declaração de vontade dos requeridos.

Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a
sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos
os efeitos da declaração não emitida.

O direito do Requerente está amparado, ainda, nos artigos 15 e 16 do Decreto-Lei nº


58, de 1937, devendo assim, o imóvel ser adjudicado pelo Requerente.

O artigo 15 do Decreto-Lei nº 58, de 1937, diz que “os compromissários têm o direito
de, antecipando ou ultimando o pagamento integral do preço, e estando quites com os
impostos e taxas, exigir a outorga da escritura de compra e venda”.

Bem como o artigo 16 do mesmo Decreto-Lei:


Art. 16. Recusando-se os compromitentes a outorgar a escritura definitiva no caso
do art.15, o compromissário poderá propor, para o cumprimento da obrigação, ação de
adjudicação compulsória, que tomará o rito sumaríssimo.

O Código Civil, de igual forma, manifesta-se em seu artigo 1.417 que “mediante
promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por
instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis,
adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel”.

De igual forma, o artigo 1.418:

Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente
vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura
definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se
houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.

A pretensão autoral encontra amparo jurídico nos seguintes diplomas legais:


Decreto-Lei nº 58/67, artigos 15 e 16; Código Civil, artigos 1.417 e 1418; e Código de
Processo Civil, artigos 497, 498, 499, 500 e 501 e implica declaração judicial para
transferência do bem junto ao Registro de Imóveis.

Nessa seara, tem-se que a fartura dos documentos carreados pelos Requerentes
demonstra, com clareza, o preenchimento de todos os requisitos necessários à
provocação da tutela estatal.

Ou seja, (a) o preço do imóvel já foi integralmente pago; (b) não restou pactuada
cláusula de arrependimento; e (c) há real impossibilidade de obtenção da escritura
definitiva do imóvel.

Nesse sentido, é da jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO


COMPULSÓRIA - REGISTRO DO COMPROMISSO
DE COMPRA E VENDA - DESNECESSIDADE -
PAGAMENTO INTEGRAL DO PREÇO -
COMPROVAÇÃO - ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA -
MEDIDA QUE SE IMPÓE. A ação para a adjudicação
compulsória objetiva suprir a manifestação de vontade
do proprietário que se recusa ou se mantêm inerte
para outorgar a escritura do imóvel negociado entre as
partes. Na ação de adjudicação compulsória não se
exige o prévio registro do contrato, devendo ser
comprovada a contratação e restar incontroverso o
pagamento do preço ajustado. Satisfatoriamente
comprovados os requisitos legais, impõe-se a
procedência da demanda. (TJMG - Acórdão Apelação
Cível 1.0079.10.056980-9/001, Relator(a): Des.
Luciano Pinto, data de julgamento: 06/12/2021, data
de publicação: 18/12/2021, 17ª Câmara Cível). (Sem
grifo e/ou formatação no original).

O tribunal de justiça de Santa Catarina, possui o mesmo entendimento:


ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL DE
JUSTIÇA ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL
DE JUSTIÇA Apelação Cível n.
0015555-03.2013.8.24.0020 Apelação Cível n.
0015555- 03.2013.8.24.0020, de CriciúmaRelator:
Desembargador Luiz Cézar Medeiros PROCESSUAL
CIVIL E CIVIL - NULIDADE DA CITAÇÃO POR
EDITAL - REQUISITOS - CPC, ART. 257 - DEFESA
DO RÉU POR CURADOR ESPECIAL - AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO É entendimento desta Corte que "ainda
que qualquer deficiência houvesse na citação editalícia
levada a termo, mesmo assim não haveria como se
anular o ato citatório, quando houve o resguardo do
direito de defesa do acionado, com a nomeação de
curador especial" (AC n. 2014.014375- 0, Des.
Trindade dos Santos). ADJUDICAÇÃO
COMPULSÓRIA - PROMESSA DE COMPRA E
VENDA DE IMÓVEL - PREÇO QUITADO ESCRITURA
- OUTORGA - CABIMENTO É certo que "'aquele que
promete vender um bem possui duas obrigações, a de
dar/entregar - a posse - e a de fazer - outorga da
propriedade -, de modo que, inadimplida esta quando
concluído o negócio e integralizado todo o preço,
surge o direito material do comprador de
executar/exigir a declaração de vontade. O sucesso da
adjudicatória, nestes termos, está condicionado à
comprovação do vínculo obrigacional e do
adimplemento. Se há prova destes elementos, como
no presente caso, irrefutável o direito à outorga da
propriedade do bem, seja ele móvel ou imóvel, objeto
da causa' (Apelação Cível n. 2016.001281-5, da
Capital, rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, j.
1-3-2016)" (AC n. 0001681-19.2011.8.24.0020, Des.
Jorge Luis Costa Beber). (TJSC, Apelação Cível n.
0015555- 03.2013.8.24.0020, de Criciúma, rel. Des.
Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j.
02-04-2019). (Sem grifo e/ou formatação no original).

Assim, demonstrado o preenchimento de todos os requisitos, requer-se ao Juízo


sejam compelidos os requeridos a outorgar a escritura definitiva do bem e,
subsidiariamente, na hipótese de restar impossibilitado o pedido, seja expedida Carta de
adjudicação por este Juízo que supra a outorga e possibilite a inscrição do Requerente
como real proprietário do imóvel, objeto da presente lide.
IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Por antecipação de tutela, observa-se que está é uma “providência antecipatória”


tomada pelo juiz, com a finalidade de assegurar reparação de danos ao autor da ação.

O instituto da antecipação da tutela de urgência por si só, antecipa efeitos da


sentença, que são examinando pela perspectiva do artigo 294 do Código de Processo Civil
de 2015. Segundo o art. 300, do CPC, são requisitos gerais para a concessão das tutelas
provisórias de urgência: a demonstração da probabilidade do direito e do perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito a ser provisoriamente satisfeito/realizado é a plausibilidade


de existência desse mesmo direito. Bem conhecido fumus boni iuris (ou fumaça do bom
direito).

Inicialmente, é necessária a verossimilhança fática, com a constatação de que há


um considerável grau e plausibilidade em torno das narrativas dos fatos trazida pelo autor. É
preciso que se visualize, nessa narrativa, uma verdade provável sobre os fatos,
independentemente da produção de prova.

Junto a isso, deve haver uma plausibilidade jurídica, com a verificação de que é
provável a subsunção dos fatos à norma invocada, conduzindo aos efeitos pretendidos.

Tutela provisória é necessária simplesmente porque não é possível esperar, sob


pena de o ilícito ocorrer, continuar ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de
dano não ser reparado ou reparável no futuro. Assim, é preciso ler as expressões perigo de
dano e risco ao resultado útil do processo como alusões ao perigo na mora. Vale dizer: há
urgência quando a demora pode comprometer a realização imediata ou futura do direito.

Por "probabilidade do direito", ou fumus boni iuris, entende-se a plausibilidade na


existência do direito alegado, cabendo ao magistrado a análise, no caso concreto, da
existência dos elementos que evidenciem ou não a verossimilhança dos fatos narrados,
assim como as chances de êxito do demandante.

Por sua vez, quanto ao segundo requisito, intitulado de "perigo de demora" ou


periculum in mora, sua aferição depende da constatação de que a não concessão do pedido
liminar implicará ao requerente um dano que seja ao mesmo tempo: a) concreto (não
hipotético ou eventual), b) atual (na iminência de ocorrer ou já em curso) e c) grave (de
grande ou médica intensidade, com o condão de prejudicar ou impedir a fruição de
determinado direito pela parte).

Afora isto, a lesão que se pretende evitar deve ser irreparável, isto é, aquelas cujas
consequências são irreversíveis ou, ainda, de difícil reparação. Trata-se, em outras
palavras, do receio de que a demora normal do processo cause à parte um dano iminente
ou permita a perpetuação deste ou, ainda, implique na ocorrência de um ilícito, já praticado
ou em vias de se efetivar.
Pois bem. Analisando detidamente os autos, constata-se que estão presentes os
requisitos gerais do fumus boni iuris e do periculum in mora para a concessão da tutela de
urgência pretendida pelos Requerentes.

As partes celebraram contrato de compra e venda de imóvel rural, onde o


Requerente efetuou o devido pagamento pelo imóvel, fazendo negociação do valor da
dívida em aberto em nome dos Requerentes.

Por outro lado, verifica-se claramente de que os requeridos não pretendem dar a
efetiva e definitiva escritura pública em favor do Requerente, inclusive o impossibilitando de
exercer a posso do imóvel.

Por esse ângulo, claramente comprovados, objetivamente, os requisitos do fumus


boni iuris e do periculum in mora, a justificar o deferimento da medida ora pretendida.
Sobretudo quanto ao segundo requisito, a demora na prestação jurisdicional ocasionará
gravame potencial ao menor.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos,


contidos na prova ora imersa, trazem à tona circunstâncias de que o direito muito
provavelmente existe.

Acerca do tema do tema em espécie, do magistério de José Miguel Garcia Medina


as seguintes linhas:

“[...] sob outro ponto de vista, contudo, essa


probabilidade é vista como requisito, no sentido
de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que
o direito afirmado é provável (e mais se exigirá,
no sentido de se demonstrar que tal direito muito
provavelmente existe, quanto menor for o grau
de periculum. ”

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando comparações
acerca da probabilidade de direito e o fumus boni iuris, professa, in verbis:

“ Requisitos para a concessão da tutela de


urgência: fumus boni iuris: Também é preciso
que a parte comprove a existência da
plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus
boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa
assegurar a eficácia do processo de
conhecimento ou do processo de execução […].”

Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da tutela de


urgência antecipatória, o que também sustentamos sob a égide dos ensinamentos de
Tereza Arruda Alvim Wambier:

“O juízo de plausibilidade ou de probabilidade –


que envolvem dose significativa de subjetividade
– ficam, ao nosso ver, num segundo plano,
dependendo do periculum evidenciado. Mesmo
em situações que o magistrado não vislumbre
uma maior probabilidade do direito invocado,
dependendo do bem em jogo e da urgência
demonstrada (princípio da proporcionalidade),
deverá ser deferida a tutela de urgência, mesmo
que satisfativa. ”

Em relação a irreversibilidade da tutela de urgência concedida, se ao final da lide, os


pedidos do Requerente forem julgados improcedentes, é certo que bata se revogar a tutela
de urgência e tudo voltará ao que era antes.

Diante disso, a Requerente vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária (CPC,
art. 300, § 2º), independente de caução (CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência
antecipatória no sentido de:

1. Seja determinada a anotação do presente processo na matrícula do imóvel,


matriculado no Registro de Imóveis de Rio do Sul, sob matricula de n° 66666, constando a
relação de compra e venda de n ° 6 da referida matrícula.

2. Seja determinada a imediata paralização de qualquer obra ou empreendimento no


referido imóvel, isto porque não é de acordo do Requerente, que não autorizou a realização
de tais obras/construções;

3. Seja aplicada multa de R$ 300,00 (trezentos reais) ao dia em caso de


descumprimento da ordem judicial (CPC, art. 537);

4. Por fim, subsidiariamente (CPC, art. 326), espera-se a análise desse pleito por
ocasião da apresentação dos documentos pela Requerida e/ou realização de audiência de
prévia entre as partes. (CPC, art. 300, § 2º).

Pugna-se pelo deferimento do pedido de tutela de urgência nos moldes acima


arrazoados.

V – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, requer-se:

1. Seja concedida, na forma de TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, com fulcro


no artigo 300 e seguintes do Código de Processo Civil (2015), na forma discorrida no tópico
IV:

2. Opta-se pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão
qual requer-se a citação da Requerida para comparecer à audiência designada para essa
finalidade (CPC, art. 334, caput), se assim o Juízo entender pela possibilidade legal de auto
composição (CPC, art. 334, § 4º, inc. II) e/ou querendo, contestar a presente ação, no prazo
legal, sob pena de incorrer nos efeitos da confissão e revelia (CPC, art. 355);
3. Julgar procedentes os pedidos formulados na presente Ação, nos termos do
quanto pleiteado, acolhendo, por definitivo, a tutela provisória de urgência, concedendo-se a
modificação definitiva em favor do Requerente;

5. Sejam os requeridos compelidos a efetuarem a outorga definitiva da escritura


pública do imóvel, registrado no Cartório Registro de Imóveis da Comarca de Rio do Sul,
sob matricula de n° 66666, constando a relação de compra e venda de n ° 6 da referida
matrícula. Ou caso recusado pelos mesmos, que seja dada ordem deste Juízo, para a
efetivação da adjudicação compulsória, nos termos da Lei;

6. Sejam produzidos todos os meios de prova em direito admitidos, mormente a


prova documental já anexada a lide;

7. A concessão do benefício da Justiça Gratuita, em virtude de que os Requerentes


não possuírem condições financeiras de arcar com custas e honorários advocatícios;

8. Condenação dos requeridos em custas e honorários advocatícios em valor a ser


arbitrado por Vossa Excelência (CPC, art. 82, §3º);

Dá-se a causa o valor de R$ 200.000,00 (duzentos) mil reais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Rio do Sul/SC 31 de março de 2021.

__________________________________

EDUARDO BLAU

OAB/SCXXXX

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