Livro Análise Combinatoria e Probabilidade
Livro Análise Combinatoria e Probabilidade
Livro Análise Combinatoria e Probabilidade
12
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
Matemática
Análise Combinatória
e Probabilidade
3ª edição
Fortaleza - Ceará Geografia
12
2019
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
Editora Filiada à
Objetivos
• Apresentar a análise combinatória como os ramos da matemática que se
preocupa com os métodos de contagem, sejam eles diretos ou indiretos.
• Exemplificar os princípios de contagem a partir de sua utilização em algu-
mas atividades.
• Enunciar e aplicar os princípios aditivo e multiplicativo da contagem.
• Enunciar e aplicar o princípio de contagem conhecido como princípio da
inclusão e exclusão.
1. Introdução
Uma das preocupações básicas da Análise combinatória, mas não a única, é
com os métodos de contagem, quer direta quer indireta.
Suponha, por exemplo, que desejemos contar os subconjuntos do con-
junto A = { 1, 2, 3 }.
Uma maneira de realizarmos essa contagem seria listar todos
os subconjuntos do conjunto A – contagem direta – para, em seguida,
contá-los. Assim:
• Subconjuntos com zero elementos: ∅;
• Subconjuntos com um elemento: {1}, {2} e {3};
• Subconjuntos com dois elementos: {1, 2}, {1, 3} e {2,3};
• Subconjuntos com três elementos: {1, 2, 3}.
Contando os subconjuntos listados, concluímos que o conjunto A pos-
sui 8 ( = 1 + 3 + 3 + 1) subconjuntos.
Outra maneira seria encontrar um procedimento geral – contagem indi-
reta – que nos permita determinar o número de subconjuntos de um conjunto
A em função do seu número de elementos, sem precisar contá-los.
Em alguns casos, é claro, é mais fácil listar e contar os subconjuntos do que
procurar tal método. Notadamente, quando os conjuntos possuem uma quantidade
pequena de elementos. Em outros, não. Imagine se A possuísse 10 ou 20 elementos.
Para refletir
Um conjunto com 10 elementos possui quantos subconjuntos? E com 20 elementos?
S
N
3. Atividades de contagem
Nesta seção apresentaremos várias atividades de contagem com o objetivo
de mostrarmos alguns procedimentos que podem ser empregados em situ-
ações desta natureza. Apresentaremos alguns conjuntos de situações para,
em seguida, apresentarmos suas soluções. Sugerimos que, antes de verificar
a solução apresentada, cada aluno tente encontrá-la por si mesmo.
Situação 1: De quantas maneiras podemos distribuir quatro bolas, sendo uma
vermelha, uma preta, uma azul e uma branca, entre duas pessoas, de modo
que cada pessoa receba pelo menos uma bola? E se qualquer uma das pesso-
as puder ficar com as quatro bolas? E se forem seis bolas? E se forem n bolas?
Situação 2: De quantas maneiras podemos distribuir quatro bolas iguais entre
duas pessoas, de modo que cada pessoa receba pelo menos uma bola? E se
qualquer uma das pessoas puder ficar com as quatro bolas? E se forem sete
bolas? E se forem n bolas?
Situação 3: De quantas maneiras podemos distribuir quatro bolas diferentes
em duas caixas iguais, de modo que em cada caixa fique pelo menos uma
bola? E se qualquer das caixas puder ficar vazia? E se forem seis bolas? E se
forem n bolas?
Agora vamos apresentar a solução das três atividades propostas ante-
riormente.
Inicialmente, insistimos na importância da tentativa de resolução por
parte dos alunos. Afinal, é a partir de sua própria solução ou de suas próprias
dúvidas que se aprende a resolver problemas confrontando-as – dúvidas ou
soluções – com outras soluções apresentadas e outras que venha a encontrar
pelo caminho.
Para a situação 1, “De quantas maneiras podemos distribuir quatro bo-
las, sendo uma vermelha, uma preta, uma azul e uma branca, entre duas pes-
soas, de modo que cada pessoa receba pelo menos uma bola?”, iniciaremos
denotando por V, P, A e B as bolas vermelha, preta, azul e branca, respectiva-
mente, e por P1 e P2 as duas pessoas. Assim, para as bolas vermelha e preta,
temos as seguintes opções: a bola vermelha ou fica com P1 ou fica com P2 e,
distribuída a bola vermelha, a bola preta ou fica com P1 ou com P2. Na árvore
de possibilidades temos o seguinte:
1 P1 P1
2 P1 P2
3 P2 P1
4 P2 P2
P1 P1 1 P1
1
P1 P1 2 P2
P1 P1 1 P1
1
P1 P1 2 P2
P1 P2 3 P1
2
P1 P2 4 P2
P1 P1 1 P1
1
P1 P1 2 P2
P1 P2 3 P1
2
P1 P2 4 P2
P2 P1 5 P1
3
P2 P1 6 P2
P2 P2 7 P1
4
P2 P2 8 P2
P1 P1 P1 1 P1
1
P1 P1 P1 2 P2
P1 P1 P2 3 P1
2
P1 P1 P2 4 P2
P1 P2 P1 5 P1
3
P1 P2 P1 6 P2
P1 P2 P2 7 P1
4
P1 P2 P2 8 P2
P2 P1 P1 9 P1
5
P2 P1 P1 10 P2
P2 P1 P2 11 P1
6
P2 P1 P2 12 P2
P2 P2 P1 13 P1
7
P2 P2 P1 14 P2
P2 P2 P2 15 P1
8
P2 P2 P2 16 P2
Para refletir
Você saberia dizer por quê? Pense, antes de continuar a leitura.
A B A B
0 2
0 1 5 1
2 0
0 2
1 1 4 1
2 0
0 2
1 1
PESSOA 1
PESSOA 2
2 3
2 0
0 2
3 1 2 1
2 0
0 2
4 1 1 1
2 0
0 2
5 1 0 1
2 0
n + (n – 1) + (n – 2) + … + 3 + 2 + 1 =
–n= ,
somente com bilhetes para brinquedos diferentes.
Para a situação 6, denotemos por M(3), M(5) e M(7), respectivamente,
o conjunto dos múltiplos de 3, o dos múltiplos de 5 e o dos múltiplos de 7,
compreendidos entre 1 e 20.
Temos que
M(3) = {3, 6, 9, 12, 15, 18},
M(5) = {5, 10, 15, 20} e
M(7) = {7, 14}.
O conjunto dos múltiplos de 5 ou de 7 é o conjunto
M(5) ∪ M(7) = {5, 7, 10, 14, 15, 20}
e o conjunto dos múltiplos de 3 ou de 5 é o conjunto
M(3) ∪ M(5) = {3, 5, 6, 9, 10, 12, 15, 18, 20}.
Note que o número de múltiplos de 5 ou de 7 é a soma do número de
múltiplos de 5 com o número dos múltiplos de 7.
Para refletir
Você sabe explicar por quê?
4. Princípios de contagem
Nas situações da seção anterior foram apresentados e resolvidos problemas
de contagem e, direta ou indiretamente, na sua resolução foi utilizado o princí-
pio aditivo da contagem ou o princípio multiplicativo da contagem.
Nesta seção enunciaremos e aplicaremos esses princípios na conta-
gem do número de elementos de certos conjuntos. Para tanto, denotaremos
por n(X) o número de elementos do conjunto finito X.
Iniciaremos com o princípio aditivo da contagem que permite determi-
nar o número de elementos do conjunto A ∪ B em função do número de ele-
mentos dos conjuntos A e B e pode ser enunciado como segue.
Para refletir
Você consegue visualizar na igualdade anterior a inclusão e a exclusão? Tente fazê-lo.
= – + +…
+(-1)
n-1
Outro princípio que foi utilizado nas atividades da seção anterior e que é
muito utilizado nos problemas de contagem indireta é o princípio multiplicativo
da contagem, também conhecido como princípio fundamental da contagem.
Todos nós já ouvimos falar no conhecido problema do menino que pos-
sui três calças e quatro camisas e deseja saber quantas combinações possí-
veis – conjunto de calça e camisa – é possível formar. Esse é um problema
típico que se resolve por meio da aplicação do princípio multiplicativo da con-
tagem, que pode ser enunciado como segue.
• Princípio multiplicativo da contagem. Se uma decisão A pode ser toma-
da de m maneiras distintas e, tomada a decisão A, outra decisão B pode
ser tomada de n maneiras distintas, então o número de maneiras de tomar
sucessivamente as decisões A e B é m x n.
Síntese do Capítulo
Neste capítulo iniciamos o estudo da Análise Combinatória que é um ramo
da Matemática que, entre outros objetivos, pretende determinar técnicas para
contar o número de agrupamentos possíveis de se construir, sob certas con-
dições. A partir de algumas atividades, estudamos as primeiras noções dos
princípios de contagem.
Em seguida, enunciamos e aplicamos o princípio aditivo e o princípio
multiplicativo da contagem em suas versões mais gerais, em alguns exemplos
e atividades resolvidas. Encerramos o capítulo com o princípio da inclusão e
exclusão que pode ser considerado o princípio aditivo da contagem na sua
versão mais geral.
Atividades de avaliação
1. Se 5 cavalos disputam um páreo, quantos são os resultados possíveis para
os dois primeiros lugares?
Solução: Devemos fazer duas escolhas: o cavalo que vai tirar o primeiro lugar
e o que vai tirar o segundo. Para o cavalo que vai tirar o primeiro lugar te-
mos cinco possibilidades. Qualquer um dos cinco cavalos pode tirar o primeiro
lugar. Para cada uma das cinco possibilidades para o primeiro lugar, temos
quatro possibilidades para o segundo lugar. Temos, portanto, 20 (= 5 x 4) resul-
tados possíveis.
2. Um experimento consiste em jogar, simultaneamente, uma moeda e um
dado para cima e observar os pares de resultados (moeda, dado). Quantos
são os pares de resultados possíveis?
3. Uma montadora de automóveis apresenta um carro em quatro modelos
diferentes e em seis cores diferentes. Um consumidor terá quantas opções
de escolha para esse automóvel?
4. Quantos números naturais pares ou múltiplos de 5, com 4 algarismos dis-
tintos, podem ser formados com os algarismos 0, 3, 4, 7 e 9?
5. De quantos modos diferentes é possível pintar em um mapa, usando cores
diferentes dentre seis cores dadas, os três estados da região sul do Brasil?
6. Uma sala tem 5 portas. De quantas maneiras distintas essa sala pode ser
aberta? E se fossem 10 portas?
Para essa escolha (e, portanto, para qualquer outra escolha) temos 6 pos-
sibilidades para colocar o algarismo 3, uma vez que o 3 pode ocupar o
lugar de qualquer um dos traços.
Assim, é possível formar 30 (= 5 x 6) números diferentes.
11. Quantos são os números que podem ser formados com todos os dígitos 1,
1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 2 e 3?
12. Quantos são os divisores do número 360? Determine uma fórmula que
permita calcular o número de divisores de um número qualquer, justifican-
do seu raciocínio.
13. Em um ramal de metrô há 10 estações. Cada tipo de bilhete permite viajar
de uma estação para outra. Assim, para irmos da estação A para a estação
B é necessário 1 bilhete e para irmos de B para A é necessário outro bilhe-
te. Quantos tipos de bilhetes de passagem são necessários para permitir a
viagem entre duas estações quaisquer?
14. De quantas maneiras é possível sentar cinco casais em 10 cadeiras em
fila, se marido e mulher devem sentar sempre juntos?
15. De quantas maneiras podemos escolher uma consoante e uma vogal de
um alfabeto formado por 12 consoantes e 5 vogais?
Texto complementar
Texto 1: Análise Combinatória
Texto extraído do livro Tópicos de Matemática, v.2, de Gelson Iezzi e outros. São Paulo:
Atual Editora, 1980. p.104. Adaptado.
A Análise Combinatória trata basicamente dos problemas de contagem das possi-
bilidades com que um acontecimento pode ocorrer.
Contar diretamente os possíveis resultados de uma experiência é, em geral, muito
trabalhoso se as possibilidades são muito numerosas. Por isso desenvolveram-se as
chamadas técnicas de contagem.
As afirmações a seguir constituem-se problemas típicos da Análise Combinató-
ria: com 5 professores podemos formar 10 comissões diferentes, cada uma com dois
membros; se existem 4 empresas de ônibus ligando São Paulo ao Rio, e 3 de aviões, a
viagem pode ser feita de ônibus ou de avião de 7 modos diferentes; se 5 cavalos dis-
putam um páreo, para os dois primeiros lugares podemos ter 20 resultados distintos.
A Combinatória estuda o número de possibilidades de ocorrência de um determina-
do acontecimento e seu estudo é de grande interesse nos mais variados campos: o quí-
mico o utiliza, ao estudar as possíveis uniões entre os átomos; o diretor de uma escola,
ao distribuir os professores pelas classes; o linguista, ao estudar os possíveis significados
dos símbolos de um idioma desconhecido; o diretor de trânsito, ao determinar quantos
símbolos são necessários para emplacar todos os automóveis do seu Estado.
Mais geralmente, a Combinatória é utilizada na indústria e na ciência em todos os
níveis, e, associada à Probabilidade e à Estatística, torna-se um instrumento poderoso,
responsável, muitas vezes, por tomadas de decisões até na área governamental.
Referências
DANTE, Luiz R. Matemática: contexto e aplicações, v.2. São Paulo: Editora
Ática, 2004.
DASSIE, Bruno Alves e outros. Curso de Análise Combinatória e Proba-
bilidade: aprendendo com a resolução de problemas. Rio de Janeiro: Ed.
Ciência Moderna, 2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: Análise
combinatória e Probabilidade. São Paulo: Atual Editora, 2004.
LIMA, Elon Lages e outros. Temas e problemas. Coleção do Professor de
Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 2003.
LIMA, Elon Lages e outros. A matemática do ensino médio, v.2. Coleção do
Professor de Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 1998.
MORGADO, Augusto C. de O. e outros. Análise Combinatória e Probabili-
dade: com as soluções dos exercícios. Coleção do Professor de Matemá-
tica. Rio de Janeiro: SBM, 2006.
SANTOS, J. Plínio O. e outros. Introdução à análise combinatória. Campi-
nas: Ed. da UNICAMP, 2002.
SCHEINERMAN, E. R. Matemática discreta. São Paulo: Thomson Learning
Edições, 2006.
Objetivos
• Conceituar e exemplificar arranjos e permutações simples e arranjos e per-
mutações com elementos repetidos.
• Determinar o número de arranjos e permutações simples e arranjos e per-
mutações com elementos repetidos.
• O fatorial de um número e utilizá-lo na fórmula para determinar o número de
arranjos e de permutações.
• Conceituar permutações circulares de n objetos e determinar seu número
em função de n.
1. Introdução
Neste capítulo abordaremos alguns tipos especiais de agrupamentos que, por
se repetirem com bastante freqüência, recebem nomes especiais: os arranjos
e as permutações.
Aproveitaremos o estudo das permutações para introduzir o conceito
de fatorial de um número inteiro positivo, estendendo a definição aos números
inteiros 0 e 1.
Estudaremos os agrupamentos conhecidos como arranjos simples e
com elementos repetidos e as permutações simples, com elementos repeti-
dos e circulares.
mados 3 a 3: 123, 324, 154, 135, 145, 132. Já os números 113, 235, 233, 344,
555, 432, 454 são exemplos de arranjos desses algarismos tomados 3 a 3.
Nosso interesse é determinar o números de arranjos simples e o núme-
ro de arranjos desses algarismos tomados 3 a 3.
Para refletir
Você sabe determinar o número de arranjos simples de 5 objetos tomados 3 a 3?
E se forem arranjos com elementos repetidos, você sabe determinar o número deles?
Para refletir
Você sabe explicar o motivo da redução cinco, quatro e três? Experimente.
1, 2, 3, 4, 5
Centena Dezena Unidade
1 2, 3, 4, 5
Centena Dezena Unidade
2 1, 3, 4, 5
Centena Dezena Unidade
2 12X
3 13X
1
4 14X
5 15X
1 21X
3 23X
2
4 24X
5 25X
• • •
• • •
• • •
Figura: 5 x 4 possibilidades
3 123
1 2 4 124
5 125
2 132
1 3 4 134
5 135
• • •
• • •
• • •
Figura: 5 x 4 x 3 possibilidades
An,p = n x (n – 1) x (n – 2) x (n – 3) x … x (n – p + 1).
(AR)n,p = n x n x n x n x … x n = np.
Note que o número de arranjos quer simples quer com elementos repe-
tidos de n objetos tomados 1 a 1 é igual a n.
Exemplo 4. O número de maneiras de premiar, com prêmios diferentes, os 5
primeiros colocados de uma turma de 20 alunos é dado por A20,5 e é igual a 20
x 19 x 18 x 17 x 16 = 1.860.480.
Exemplo 5. O número de sequências de três letras distintas que po-
demos formar com as letras a, b, c, e d é dado por A4,3, sendo igual a
4 x 3 x 2 = 24.
Exemplo 6. O número de sequências de três letras, podendo ter letras iguais
ou distintas, que podemos formar com as letras a, b, c, e d é dado por (AR)4,3,
e é igual a 43 = 4 x 4 x 4 = 64.
Note que em ESSES existem duas letras iguais a E e três letras iguais
a S. Assim, os seus anagramas são somente as palavras
ESSES ESSSE ESESS EESSS SESSE
SESES SSESE SSEES SSSEE SEESS
É claro que isso ocorre por conta das letras iguais, pois se todas as le-
tras fosses diferentes teríamos 120 (= 5 x 4 x 3 x 2 x 1) anagramas.
Para saber como determinar o número de anagramas com elementos
repetidos, vamos tomar um desses anagramas e ver como ele se comporta
com relação aos 120 possíveis. Para tanto vamos pensar o anagrama ESSES
como se tivesse as cinco letras distintas. Assim: E1S1S2E2S3. Dentre os 120
anagramas possíveis, 12 deram origem a ESSES. São eles:
Grupo 1
E1S1S2E2S3
Grupo 2
E2S1S2E1S3
= . Pa .PPn
a 2 ....Pa r
1
= = = 45.
Pn = n x (n – 1) x (n – 2) x … x 3 x 2 x 1.
Pn = n x (n – 1) x (n – 2) x … x 3 x 2 x 1 = n!.
An,p = n x (n – 1) x (n – 2) x … x (n – p + 1).
An,p = n x (n – 1) x (n – 2) x … x (n – p + 1) = .
= .
= = .
5. Permutação Circular
Até agora vimos que com 3 pessoas, A, B e C, é possível formarmos três filas
ou ordenações distintas. São elas: ABC, ACB, BAC, BCA, CAB e CBA. Cada
uma dessas filas ou ordenações é dita uma permutação simples das três pes-
soas, é formada pelas mesmas pessoas e difere das outras, apenas, pela or-
dem em que as pessoas se encontram. Assim, as permutações ABC e CAB,
por exemplo, são compostas pelas pessoas A, B e C, sendo que em ABC, A é
o primeiro, B o segundo e C o terceiro, enquanto em CAB, C é o primeiro, A é
o segundo e B é o terceiro.
Vimos também que o número de permutações de n objetos pode ser
calculado pela igualdade
Pn = n!
n x (n – 1) x (n – 2) x… x 3 x 2 x 1,
Para refletir
Será que teremos as mesmas seis possibilidades? Pense, antes de prosseguir.
A—B—C—A—B—C—…
procedendo de maneira semelhante para a distribuição II (primeira linha e se-
gunda coluna), obtemos a sequência:
B—C—A—B—C—A—…
e, finalmente, para a distribuição III (segunda linha e primeira coluna), obte-
mos a sequência:
A—C—B—A—C—B—…
Vistas como uma fila ou permutação simples, é claro que estas três
sequências são diferentes. Nas duas primeiras, o primeiro objeto de uma é di-
ferente do primeiro objeto da outra, por exemplo. Na segunda e na terceira os
primeiros objetos também são diferentes. Com relação à primeira e à terceira,
o segundo elemento de uma é diferente do segundo elemento da outra. As-
sim, percebe-se claramente que, como permutações simples, as três são dife-
rentes. Acontece que em uma distribuição circular não existe um primeiro nem
um segundo. Qualquer um pode ser o primeiro, dependendo de por onde se
quer começar a enumeração. Assim, uma alternativa para se tentar comparar
as distribuições anteriores é seguir um sentido - horário ou anti-horário - e, ao
invés de começar sempre pela mesma posição, começar pelo mesmo objeto.
Desta forma, as distribuições anteriores, na forma de sequência, ficariam:
I: A — B — C — A — B — C — …
II: A — B — C — A — B — C — …
III: A — C — B — A — C — B — …
Observemos que procedendo desta maneira as duas primeiras distri-
buições passam a ser iguais, enquanto a terceira é diferente. As sequências
que ficaram iguais são exatamente as da mesma linha, ou seja, aquelas que
se tornam iguais por rotações sucessivas de 120o, em torno do centro do cír-
culo, no sentido horário.
Isto sugere a definição que segue.
• Distribuições circulares iguais. Duas distribuições circulares de n objetos
distintos são iguais se uma pode ser obtida da outra por meio de uma rota-
ção em torno do centro do círculo, no sentido horário ou anti-horário.
De acordo com o que foi feito, existem apenas duas permutações circu-
lares dos 3 objetos A, B e C. Começando com A, são elas ABC e ACB.
4!
(PC)4 = = 3! = 3 × 2 × 1 = 6.
4
Generalizando. Para o caso de n objetos, basta observarmos que, em cada
linha teremos n permutações iguais, obtidas pelo deslocamento para frente do
objeto que se encontra na primeira posição até ele chegar à última posição.
Assim, o número de permutações circulares de n objetos é dado por
n!
(PC)n = = (n - 1) !.
n
Exemplos 1. Quatro meninos podem formar uma roda de ciranda de
(PC)4 = 3! maneiras diferentes.
Exemplos 2. O número de rodas de ciranda distintas que se pode formar com
seis meninos, nas quais dois deles sempre estão juntos, é 2X(PC)5 = 2 x 4!.
Síntese do Capítulo
Dando prosseguimento ao nosso estudo de análise combinatória, neste ca-
pítulo abordamos os agrupamentos conhecidos como arranjos e aqueles co-
nhecidos como permutações. Vimos que as permutações são casos particu-
lares dos arranjos e que tanto estes quanto aqueles podem ser classificados
como simples ou com elementos repetidos.
Vimos também que o número de arranjos simples de n objetos tomados
p a p é indicado por An,p e o de permutações simples de n objetos é indicado
por Pn. Já os arranjos com repetição de n objetos tomados p a p e as permu-
tações de n objetos com repetição de elementos são denotadas por (AR)n,p e
Pna1, a2, a3,… ar, respectivamente.
Aprendemos a calcular o número de cada um desses agrupamentos,
diferenciando uns dos outros e introduzimos a notação fatorial que nos per-
mite abreviar o produto da sequência de números naturais desde 1 até n,
indicando tal produto por n!. Por fim, estudamos as permutações circulares,
que consistem na distribuição de objetos ou pessoas em torno de um círculo,
formando sequências ordenadas e determinando a quantidade destas sequ-
ências em função do número de objetos ou de pessoas.
Atividades de avaliação
1. Quantos números pares, com quatro algarismos distintos, é possível formar
com os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6?
2. Quantos números compreendidos entre 200 e 1000, com algarismos distin-
tos, é possível formar com os algarismos 0, 1, 2, 3, 4 e 5? E se os algaris-
mos puderem ser iguais?
3. Resolva as equações:
Ax,3 = 4Ax,2
An,2 + An-1,2 + An-2,2 = 20
4. Calcule o valor de .
7. Simplifique a expressão
8. Resolva as equações
H1 H2 H3 H4
A esposa M1 pode sentar nas posições ou . Se a esposa M1 sentar
na posição , teremos duas posições para esposa M2 sentar, quais se-
jam, as posições ou .
M1 H1 H2 H3 H4
O mesmo ocorre se M1 sentar na posição , teremos duas posições para
M2 sentar. As posições e .
H1 M1 H2 H3 H4
De maneira semelhante, escolhida uma das seis distribuições dos mari-
dos, cada esposa tem duas possibilidades de escolha para sentar. Por-
tanto, temos ao todo 3! x 24, possibilidades de distribuição dos casais em
torno da mesa.
15. Determine o número x, x ≥ 2, de modo que se tenha Ax,2 = 110.
16. Com os algarismos 1, 3, 5, 7 e 9, quantos números inteiros, compreendi-
dos entre 100 e 1000, de algarismos distintos, podemos formar?
Texto complementar
Texto 1: A função Gama de Euler
A função gama de x, denotada por G(x) e definida por
, para x > 0,
pode ser vista como uma generalização, ao conjunto dos números reais, da função
fatorial de n, definida para todo número natural n.
A partir da definição por meio da integral indefinida, é fácil ver, que
G(x + 1) = xG(x)
e que G(1) = 1. Consequentemente, teremos
G(2) = G(1 + 1) = 1G(1) = 1
G(3) = G(2 + 1) = 2G(2) = 2 X 1
G(4) = G(3 + 1) = 3G(3) = 3 X 2 X 1
G(5) = G(4 + 1) = 4G(4) = 4 X 3 X 2 X 1
e, de maneira geral,
G(n+1) = nG(n) = n X (n – 1) X … X 4 X 3 X 2 X 1
ou ainda, G(n+1) = n!.
Assim, a função G(X) pode ser vista como uma extensão da função fatorial de x ao
conjunto dos números reais.
1
Sabendo que G( ) = π , é possível determinar o valor da função para qualquer fração
2
cujo denominador é igual a 2, como veremos a seguir.
Se o numerador for um inteiro positivo par, então a fração será um inteiro positivo e já
vimos como calcular o valor da função, neste caso.
Se o numerador for um inteiro positivo ímpar, então teremos
Referências
DANTE, Luiz R. Matemática: contexto e aplicações, v.2. São Paulo: Editora
Ática, 2004.
DASSIE, Bruno Alves e outros. Curso de Análise Combinatória e Proba-
bilidade: aprendendo com a resolução de problemas. Rio de Janeiro: Ed.
Ciência Moderna, 2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: Análise
combinatória e Probabilidade. São Paulo: Atual Editora, 2004.
LIMA, Elon Lages e outros. Temas e problemas. Coleção do Professor de
Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 2003.
LIMA, Elon Lages e outros. A matemática do ensino médio, v.2. Coleção do
Professor de Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 1998.
MORGADO, Augusto C. de O. e outros. Análise Combinatória e Probabili-
dade: com as soluções dos exercícios. Coleção do Professor de Matemática.
Rio de Janeiro: SBM, 2006.
SANTOS, J. Plínio O. e outros. Introdução à análise combinatória. Campi-
nas: Ed. da UNICAMP, 2002.
SCHEINERMAN, E. R. Matemática discreta. São Paulo: Thomson Learning
Edições, 2006.
Objetivos
• Conceituar os agrupamentos chamados de combinações simples e de
combinações completas, diferenciando um tipo do outro.
• Relacionar as combinações simples com os arranjos simples, determinan-
do o número de um em função do número do outro.
• Determinar o número de combinações completas de n objetos tomados p a p.
• Utilizar as combinações completas no cálculo do número de soluções de
certas equações e inequações diofantinas.
• Conceituar números binomiais e estudar algumas de suas propriedades.
• Relacionar o desenvolvimento do binômio (a + b)n com o estudo das com-
binações simples.
1. Introdução
Neste capítulo abordaremos mais dois tipos especiais de agrupamentos que
diferem dos anteriores posto que estes não são ordenados. São eles: as com-
binações simples e as combinações completas. Veremos que as combina-
ções simples coincidem com os subconjuntos de um determinado conjunto
e que, portanto, determinar o número de combinações simples de n objetos,
tomados p a p, coincide com determinar o número de subconjunto contendo p
elementos do conjunto cujos elementos são os n objetos dados.
Aprenderemos a calcular o número de combinações simples e esta-
beleceremos a relação entre este número e o número de arranjos simples.
Definiremos combinações completas e, a partir da determinação do número
de soluções de certas equações diofantinas, determinaremos o número de
combinações completas de n objetos, tomados p a p. Estudaremos as combi-
nações complementares e estabeleceremos a relação de Stiefel.
Definiremos e estudaremos as principais propriedades dos números
binomiais e, por fim, estudaremos o desenvolvimento da expressão (x + a)n,
expressão conhecida como binômio de Newton.
2. Combinações Simples
Quando estudamos os arranjos simples de n objetos tomados p a p, com
1 ≤ p ≤ n, vimos que eles consistem na escolha e ordenação de p desses
objetos. Assim, para os algarismos 2, 3, 4 e 5, se escolhermos o 3 e o 4, por
exemplo, podemos ordená-los de duas formas: 34 ou 43; se escolhermos os
algarismos 2 e 5, podemos ordená-los, também, de duas formas: 25 ou 52;
escolhendo os algarismos 2, 3 e 5, podemos ordená-los de seis formas: 235,
253, 325, 352, 523 ou 532.
Como se percebe, para cada escolha de p dentre os n objetos dados te-
mos um número de ordenações que coincide com o número de permutações
de p objetos, ou seja, é igual a Pp.
Denotando por Cn,p o número de escolha de p dentre n objetos distintos,
conclui-se que
Cada uma dessas escolhas é dita uma combinação dos n objetos toma-
dos p a p. Mais precisamente, temos a definição seguinte.
Combinação simples de n objetos. Uma combinação simples ou combina-
ção de n objetos tomados p a p, com 1 ≤ p ≤ n, é qualquer escolha de p desses
objetos.
Note que, enquanto no arranjo nós temos uma escolha seguida de
uma ordenação, na combinação temos apenas a escolha, ou seja, a ordem
na qual os objetos são escolhidos não interessa. Na realidade, as combina-
ções correspondem a subconjuntos do conjunto cujos elementos são todos
os n objetos.
Exemplo 1. Dadas as vogais a, e, i, o, u, as combinações dessas letras
tomadas 3 a 3 são os conjuntos { a, e, i }, { a, e, o }, {a, e, u}, { a, i, o }, { a,
i, u }, { a, o, u }, { e, i, o }, { e, i, u } e { i, o, u } e, portanto, são 10. Note que
essas combinações são todos os subconjuntos do conjunto V = { a, e, i, o,
u } que possuem, exatamente, 3 elementos.
Exemplo 2. Os subconjuntos do conjunto V = { a, e, i, o, u }, com exatamente 2
elementos são os 10 conjuntos: { a, e }, { a, i }, { a, o }, { a, u }, { e, i }, { e, o }, { e, u
}, { i, o }, { i, u }, { o, u }, e são os subconjuntos das combinações dos objetos – a,
e, i, o, u – tomados 2 a 2.
Exemplo 3. As combinações das vogais a, e, i, o, u tomadas 1 a 1 corres-
pondem aos cinco subconjuntos unitários do conjunto V = { a, e, i, o, u }.
.
Exemplo 4. Qualquer que seja o número natural n, 1 ≤ n, temos
, como já tínhamos visto, uma vez que Cn,1 cor-
responde ao número de subconjuntos unitários de um conjunto com n elementos.
7! 7!
Exemplo 5. Os números C7,3 e C7,4 são iguais, pois C7,3 = 3!4!
e C7,4 = 4!3!
.
AB AC AD AA
BC BD BB
CD CC
DD
Cada uma delas pode ser pensada como uma solução da equação e foi
obtida pela inserção de bolas em 2 dos 4 espaços existentes entre as 5 unida-
des (representadas pelas barras horizontais), dividindo-as em três partes. De
fato, nas figuras de 1 a 5 temos as soluções (1, 2, 2), (2, 1, 2), (3, 1, 1), (1, 1, 3)
e (1, 3, 1), respectivamente.
Portanto, de acordo com o que fizemos, podemos determinar todas as
soluções em inteiros positivos da equação dada por meio desse artifício: esco-
lher 2 dos 4 espaços e inserir uma bola em cada um deles.
Assim, o número de soluções em inteiros positivos da equação
X + Y + Z = 5 é dado por C4,2.
Generalizando. Notemos que, na equação anterior, se tivéssemos apenas
duas incógnitas, ou seja, se a equação fosse X + Y = 5, deveríamos dividir
as 5 unidades em duas partes. Isso poderia ser feito pela inserção de uma
única bola em um dos quatro espaços, ou melhor, deveríamos escolher 1
dos 4 espaços. Assim teríamos C4,1 soluções em inteiros positivos distintas.
De maneira geral, para determinarmos o número de soluções em intei-
ros positivos da equação diofantina x1 + x2 + x3 + … + xp = N, em que x1, x2, x3,
…, xp são incógnitas que somente podem assumir valores inteiros e N é um
número inteiro positivo, devemos distribuir p - 1 bolinhas nos p - 1 espaços
entre as N barras que representam as unidades, ou seja, devemos escolher
p - 1, entre os n - 1 espaços existentes.
Logo, o número de soluções em inteiros positivos da equação
x1 + x2 + x3 + … + xp = N
é Cn – 1, p – 1.
Exemplo 2. O número de soluções em inteiros positivos da equação
X + Y + Z + T = 8 é C7,3.
x1 + x2 + x3 + … + xp = n + p,
4. Números binomiais
Sejam n e p números inteiros não negativos, com 0 £ p £ n. O número de
combinações simples de n objetos tomados p a p é chamado de número
binomial de n de classe p e é denotado por Cn,p ou , que se lê: n sobre p.
Assim, = .
A notação é devida ao matemático suíço Leonhard Euler.
= = = .
É importante lembrarmos que o número representa a quantidade
de escolhas possíveis de p dentre n objetos dados e que cada escolha de p
objetos corresponde a uma escolha (complementar) de n – p objetos.
Assim, existe uma correspondência biunívoca entre as combinações
simples dos n objetos tomados p a p e as combinações simples dos mes-
mos n objetos tomados n – p a n – p. Logo, mostramos novamente que
= .
p = 4 ou p + 4 = 10, ou seja, p = 6.
6 6
Exemplo 6. Os números binomiais e
somente serão iguais se p
q +1 p -1
6 6
– 1 = q + 1 ou se p + q = 6. Por exemplo, para p = 6 e q = 0, temos = ;
1 56
para p = 4 e q = 2, temos as igualdades p + q = 6 e p – 1 = 3 = q + 1 e
6 3
= . Note que, como devemos ter 0 ≤ q + 1 ≤ 6 e 0 ≤ p – 1 ≤ 6, não basta que
3
p + q = 6 ou p – q = 2.
= +
= +
= = = .
5. Binômio de Newton
Nós já estudamos o desenvolvimento da expressão (x + a)2 e vimos que
vale a igualdade
(x + a)2 = (x + a) x (x + a),
(x + a)2 = (x + a) x (x + a) = x x (x + a) + a x (x + a) = xx + xa + ax + aa.
(a + b)(c + d)
O produto (a + b)(c + d)(e + f)(g + h). A luz do que foi feito, o produto de
a+b por c+d por e+f por g+h, vai dar como resultado a soma de 16 (= 2 x 2 x 2 x 2)
parcelas composta, cada uma delas, de 4 letras, a primeira podendo ser a ou b; a
segunda podendo ser c ou d; a terceira, e ou f; e a quarta g ou h. Como o produto
é comutativo, essa ordem não interessa, ou seja, cada monômio é composto de
4 letras, sendo elas a ou b, c ou d, e ou f e g ou h. Os dezesseis monômios são:
Quadro 3
Para cada uma das escolhas do evento E1, temos duas possibilidades
– c ou d – para a escolha de E2.
2 X 2
E1 E2 E3 E4
Pelo princípio multiplicativo da contagem, temos 2 x 2 (= 4) possibilida-
des para a ocorrência de E1 seguida da ocorrência de E2.
Para cada uma das 4 possibilidades anteriores, temos duas possibili-
dades de escolha de E3: e ou f. Perfazendo, pelo princípio multiplicativo da
contagem, 2 x 2 x 2 (= 8) possibilidades para a ocorrência de E1, seguido de
E2 e seguido de E3.
2 X 2 X 2
E1 E2 E3 E4
Finalmente, como E4 pode ocorrer de duas maneiras distintas, pelo
princípio multiplicativo da contagem, temos 2 x 2 x 2 x 2 (= 16) possibilidades
para a ocorrência simultânea de E1, E2, E3 e E4.
2 X 2 X 2 X 2
E1 E2 E3 E4
são uma do primeiro binômio, uma do segundo binômio e uma do terceiro bi-
nômio. Como, em cada binômio, as letras ou são x ou são a, teremos que os
8 monômios de (x + a)3 são:
Quadro 4
(1) x x x (5) a x x
(2) x x a (6) a x a
(3) x a x (7) a a x
(4) x a a (8) a a a
Quadro 5
Quadro 6
(1) x x x x
(2) x x x a
(3) x x a x
(4) x x a a
(5) x a x x
(6) x a x a
(7) x a a x
(8) x a a a
(9) a x x x
(10) a x x a
(11) a x a x
(12) a x a a
(13) a a x x
(14) a a x a
(15) a a a x
(16) a a a a
Síntese do Capítulo
Iniciamos este capítulo definindo e exemplificando as combinações simples,
que são um tipo de agrupamento no qual a ordem em que os objetos apare-
cem não é importante e que, portanto, podem ser utilizados na determinação
do número de subconjuntos de um determinado conjunto. Em seguida, es-
tudamos a combinação com elementos repetidos ou combinação completa,
conceituando-a e aplicando-a na determinação do número de soluções de
certas equações diofantinas.
Aproveitando a definição de combinações, apresentamos os números
binomiais e uma nova notação para o número de combinações de n objetos
tomados p a p, notação essa devida a Euler. Definimos números binomiais
complementares e apresentamos a relação de Stiefel. Por fim, estudamos os
binômios de Newton, com o objetivo de determinar os coeficientes dos monô-
mios que ocorrem no desenvolvimento de (x + a)n.
Atividades de avaliação
1. Prove que dados os inteiros n e p, com 1 ≤ p ≤ n, temos que n =
n .
n p n - p
Solução: Temos que = = e, por outro lado
n - p
n
= . Valendo a igualdade.
p
a) b)
Ou, ainda, T2 + T4 + T6 =
Texto complementar
Texto 1: Um pouco de história
Texto extraído do livro Análise combinatória e probabilidade, de Augusto Cesar Morgado e
outros, Coleção do Professor de Matemática. SBM: Rio de Janeiro, 2006. pp.2-4. Adaptado.
.
C C C
p +1 p +1 p
=
n +1 n
+ n
n
n
∑ i x y …
n -i i
(x + y)n =
i =0
Isaac Newton (1646-1727) mostrou como calcular diretamente (1+x)n sem antes
calcular (1+x)n-1. Ele mostrou que cada coeficiente pode ser determinado, usando o
anterior, pela fórmula
n n -r n .
=
r + 1 r + 1 r
Em verdade, Newton foi, além disso, e mostrou como desenvolver (x + y)r, onde
r é um número racional, obtendo neste caso um desenvolvimento em série infinita.
Referências
DANTE, Luiz R. Matemática: contexto e aplicações, v.2. São Paulo: Editora
Ática, 2004.
DASSIE, Bruno Alves e outros. Curso de Análise Combinatória e Probabili-
dade: aprendendo com a resolução de problemas. Rio de Janeiro: Ed. Ciência
Moderna, 2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: Análise
combinatória e Probabilidade. São Paulo: Atual Editora, 2004.
LIMA, Elon Lages e outros. Temas e problemas. Coleção do Professor de
Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 2003.
LIMA, Elon Lages e outros. A matemática do ensino médio, v.2. Coleção do
Professor de Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 1998.
MORGADO, Augusto C. de O. e outros. Análise Combinatória e Probabili-
dade: com as soluções dos exercícios. Coleção do Professor de Matemática.
Rio de Janeiro: SBM, 2006.
SANTOS, J. Plínio O. e outros. Introdução à análise combinatória. Campi-
nas: Ed. da UNICAMP, 2002.
SCHEINERMAN, E. R. Matemática discreta. São Paulo: Thomson Learning
Edições, 2006.
Objetivos:
• Complementar e aprofundar os conhecimentos de análise combinatória a
partir do estudo de outros métodos de contagem.
• Conceituar permutações caóticas e determinar o número de permutações
caóticas de n objetos.
• Apresentar e utilizar os lemas de Kaplansky no cálculo do número de certos
argumentos.
• Apresentar e utilizar o princípio das gavetas de Dirichlet, também conheci-
do como princípio da casa dos pombos.
1. Introdução
Neste capítulo, com o intuito de completarmos nossa formação em termos de
conhecimento da Análise Combinatória, estudaremos alguns tópicos que são
da maior importância nesse sentido. Inicialmente definiremos permutação caó-
tica e, em seguida, retomaremos o princípio da inclusão e exclusão para, utilizá-
-lo na determinação do número de tais permutações, no caso de n elementos.
Dando continuidade à complementação da nossa formação, estudare-
mos os lemas de Kaplansky e, por fim, o princípio das gavetas de Dirichlet que
também é conhecido como princípio da casa dos pombos e que, diferente-
mente do que vínhamos fazendo até agora, em que estávamos interessados
na contagem do número de objetos com certas propriedades, esse princípio
garante a existência de objetos com alguma propriedade dada, sem se preo-
cupar com sua quantidade.
2. Permutações caóticas
Sabemos que uma permutação de n objetos é qualquer ordenação desses
objetos. Assim, se os objetos são os algarismos 2, 3, 4 e 5, por exemplo, en-
tão os números 2345, 2435, 4532, 5432 e 5324 são, todos, permutações dos
algarismos dados, pois em todos eles foram utilizados os algarismos 2, 3, 4 e
5 e a única diferença entre eles é a ordem na qual os algarismos aparecem.
- n( A1 A 2 ) - n( A1 A 3 ) - n( A1 A 3 ) - … - n( A1 A r )
- n( A 2 A 3 )- n( A 2 A 4 ) - … - n( A1 A r )
...
- n( A r -1 A r )
+ n( A1 A 2 A 3 )+ n( A1 A 2 A 4 ) + … + n( A1 A 2 A r )
+ n( A 2 A 3 A 4 )+ n( A 2 A 3 A 5 ) + … + n( A 2 A 3 A r )
+ ... +
+ n( A r - 2 A r -1 A r )
+ ... +
+ (-1)n-1n( A1 A 2 A 3 ... A r )
Assim, incluímos na contagem todos os elementos de A, de B e de C;
depois excluímos os que estão ao mesmo tempo em dois quaisquer desses
conjuntos, pois estes foram contados mais de uma vez; depois incluímos
aqueles que foram retirados a mais por se encontrarem em três dos conjuntos;
e assim por diante, excluindo e incluindo.
Exemplo 4. No caso dos conjuntos A, B e C, o princípio da inclusão e exclu-
são ficaria assim:
n(A B C) = n(A) + n(B) + n(C) - n(A B) - n(A C) - n(B C) + n(A B C) .
Como podemos perceber, contamos todos os elementos de A, os de B
e os de C, depois excluímos os que estão ao mesmo tempo em dois quaisquer
desses conjuntos (A e B, A e C, B e C), depois incluímos aqueles que foram
retirados a mais por se encontrarem nos três conjuntos.
- n(A 1 A 2 A 3 A 4 ) .
Assim, n(A1 A 2 A 3 A 4 ) = 3! + 3! + 3! + 3! - 2! - 2! - 2! - 2! - 2! - 2! + 1! + 1! + 1! + 1! - 0!
= 4 × 3! - 6 × 2! + 4 × 1! - 1 × 0!.
Finalmente.
• Quantas das permutações de 1, 2, 3 e 4, nesta ordem, são caóticas,
isto é, não deixam nenhum algarismo fixo? Denotando por D4 o número
de permutações caóticas de 1, 2, 3 e 4, nesta ordem, temos que D4 pode
ser obtido como a diferença entre o número total de permutação dos 4 al-
garismos e o número de permutações dos 4 algarismos que deixam, pelo
menos um, algarismo fixo. Assim, temos que
D4 = 4! – (4.3! – 6.2! + 4.1! – 1.0!).
n n n
Dn = n! – [ (n - 1)! – (n - 2)! + … + (-1)n -1 n (n - n)! ] .
1 2
Dn = n![ 1 – 1 + 1 – 1 + … + (-1)n 1 ],
0! 1! 2! 3! n!
3. Lemas de Kaplansky
Dado o conjunto A = {1, 2, ,3 ,4 ,5 ,6, 7}, sabemos que é possível construir 7!/3!
4! = 35 subconjuntos de A, contendo três elementos, número esse encontrado
a partir da combinação de 7 tomados 3 a 3. Os conjuntos {1, 2, 3, 4}, {2, 4,
5, 6}, {3, 4, 6, 7}, {1, 3, 5, 7} são alguns exemplos desses subconjuntos. Note
que, de todos os subconjuntos de A, com 4 elementos, o único que não possui
elementos consecutivos é o conjunto {1, 3, 5, 7}. Isto pode ser visto de forma
bem simples – mas trabalhosa – se enumerarmos todos os subconjuntos de
A com 4 elementos.
Mas, será que este é o único meio de provar essa afirmação? Será que
não conseguimos um resultado mais geral que nos permita concluir essa afir-
mação? É o que tentaremos fazer agora.
Na realidade, este resultado existe, é conhecido como primeiro lema de
Kaplansky e pode ser enunciado como segue.
a) Primeiro lema de Kaplansky. O número de subconjuntos do conjunto
{1, 2, 3,
, n}, com p elementos, nos quais não há elementos consecuti-
vos é indicado por f(n, p) e pode ser obtido por f(n, p) = Cn – p + 1, p.
Veremos inicialmente o resultado para o nosso problema original, qual
seja, o caso em que n = 7 e p = 4. Em seguida buscaremos a generalização
do resultado.
Retomando os subconjuntos de A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} com 4 elementos,
X X X
Figura
Ou seja, temos uma única possibilidade de distribuição para os quatro
sinais + que coincide com f(7, 4) = C7 – 4 + 1,4.
Antes de demonstrarmos o caso geral, vamos fazer outro exemplo com
o objetivo de compreendermos melhor o que foi feito.
Vejamos o caso em que devemos formar subconjuntos do conjunto
A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}, com 3 elementos, sem que tenhamos 2 elementos consecutivos.
Como no caso anterior, vamos transformar nossos subconjuntos em
sequências de sinais + ou X, conforme o elemento pertença ou não ao sub-
conjunto. Neste caso, os subconjuntos que nos interessam são aqueles que
dão origem a sequências contendo 3 sinais + e 4 sinais X, sem que tenhamos
dois sinais + consecutivos.
Distribuindo, como no caso anterior, os sinais X, temos 5 espaços para
distribuir os sinais +.
X X X X
dos elementos e a dos que não possuem. O total procurado será a soma
desses dois totais.
Para determinarmos o número de subconjuntos de A = {1, 2, 3,
, n},
com p elementos, contendo o 1 e não contendo elementos consecutivos
basta verificarmos que em cada um desses subconjuntos não pode figurar o
2 nem o n. Assim, sobram os n - 3 elementos do conjunto { 3, 4, 5,
, n - 2, n
- 1 } e com devemos construir conjuntos com p - 1 elementos e sem elemen-
tos consecutivos. De acordo com o primeiro lema de Kaplansky, o número
de tais conjuntos é Cn – 3 – (p – 1) + 1,p – 1 = Cn – p – 1,p – 1.
Para determinarmos o número de subconjuntos de A = {1, 2, 3,
, n},
com p elementos, não contendo o 1 e não contendo elementos consecutivos
basta verificarmos que cada um desses subconjuntos é um subconjunto do
conjunto B = { 2, 3, 4,
, n }, com p elementos e sem elementos consecutivos.
Assim, de acordo com o primeiro lema de Kaplansky o número de tais subcon-
juntos é Cn – 1 – p + 1, p= Cn – p,p.
Somando estes dois números, obtemos que
n
g(n, p) = C .
n - p n – p,p
Exemplo 3. Em uma sala de aula com 50 pessoas, pelo menos 5 delas nasce-
ram no mesmo mês. De fato, de acordo com a generalização do princípio de
Dirichlet, o resultado já vale para 49 pessoas, se tomarmos os cada mês como
uma gaveta, isto é, n = 12 e k = 4. Neste caso, temos 49 = 12 × 4 + 1.
Síntese do Capítulo
Neste capítulo, com o intuito de complementar o nosso conhecimento de
Análise combinatória, abordamos tópicos que não são usualmente aborda-
dos em livros do ensino médio, como as permutações caóticas, os lemas de
Kaplansky e o princípio de Dirichlet. Vimos que as permutações caóticas são
aquelas permutações que não deixam nenhum elemento na sua posição ori-
ginal e aprendemos a calcular seu número em função da quantidade de ele-
mentos que estamos permutando.
Estudamos os lemas de Kaplansky, cujo primeiro nos permite determi-
nar o número de subconjuntos do conjunto {1, 2, 3,
, n}, com p elementos,
nos quais não há elementos consecutivos e o segundo lema que nos permite
determinar o número de subconjuntos com p elementos do conjunto A = {1, 2,
3,
, n - 1, n}, nos quais quaisquer dois deles não são consecutivos, conside-
rando agora o 1 e o n como elementos consecutivos.
Finalmente, apresentamos e demonstramos o princípio de Dirichlet ou
princípio da casa dos pombos que, diferentemente do que foi feito até agora,
aborda um problema de existência e não de contagem. Apesar de possuir um
enunciado bastante simples, por afirmar que “Se n + 1 ou mais pombos são
colocados em n casas, então pelo menos uma casa recebe mais de um pom-
bo.”, esse é um princípio da maior importância na matemática.
Atividades de avaliação
1. Quantos são os anagramas da palavra PERMUTA que deixam exatamente
3 letras na sua posição original.
2. Prove que, para n ≥ 3, Dn = (n – 1)[Dn–1 + Dn–2].
3. Quantas são as permutações das letras A, B, C, D, E, F, G, H e I, nesta or-
dem, que deixam apenas as vogais nos seus lugares de origem? E quantas
são as que deixam somente as consoantes fixas?
4. Quantas são as permutações dos números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, nesta
ordem, de modo que os números ímpares não fiquem em suas posições origi-
nais? E em quantas os números pares não ficam nas suas posições originais?
5. Dois professores particulares, um de matemática e outro de física, resol-
vem juntar 5 alunos em comum para dar aula em um único dia, no horário
das 7 horas às 12 horas. Cada um dos cinco alunos terá aula de 1 hora
com cada um dos professores. De quantas maneiras distintas é possível
fazer a agenda de cada um deles?
6. Mostre que em um conjunto com 8 números inteiros sempre há dois deles
cuja diferença é um inteiro múltiplo de 7.
Solução: Sejam a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7 e a8 os oito inteiros. Quando dividimos
(divisão euclidiana) um número inteiro por 7, os retos possíveis são 0, 1, 2, 3,
4, 5 e 6. Assim, como temos 8 números e 7 restos possíveis, ao dividirmos
cada um desses números por 7, pelo menos 2 deles deixarão o mesmo res-
to. Digamos que, após uma reordenação se for o caso, os números a1 e a2
sejam dois dos que deixam o mesmo resto quando divididos por 7.
Assim teremos a1 = 7q1 + r e a2 = 7q2 + r e, portanto, a1 – a2 = 7(q1 – q2) é
uma diferença que é um múltiplo de 7.
7. Qual o número mínimo de pessoas que deve haver em um grupo para que
possamos garantir que nele há pelo menos 7 pessoas que nasceram no
mesmo mês.
8. Considere um quadrado de lado 2 e tomemos na superfície deste quadra-
do 5 pontos distintos. Mostre que há 2 desses pontos tais que a distância
entre eles é menor do que ou igual a .
9. Mostre que em uma reunião de 5 pessoas há sempre 2 com o mesmo nú-
mero de conhecidos. E se forem 6 pessoas, o resultado ainda vale?
10. Mostre que se S é um subconjunto qualquer, contendo 7 elementos, de
A = {1, 2, …, 10, 11, 12}, então S possui dois subconjuntos cuja soma dos
elementos é a mesma.
Solução: Dentre todos os subconjuntos de A, com sete elementos, aquele
cuja soma dos elementos é a maior possível é o subconjunto S = {6, 7, 8, 9,
10, 11, 12}, cuja soma dos elementos é 63. Assim, para todo subconjunto não
vazio de A, com no máximo 7 elementos, a soma dos seus elementos varia
de 1 a 63. Dado um subconjunto S1 de A, com 7 elementos, S1 possui exa-
tamente 127 (=27 – 1) subconjuntos não vazios, cujas somas dos elemen-
tos variam de 1 a 63. Pelo princípio das gavetas de Dirichlet, devem existir
pelo menos dois subconjuntos de S1 com a mesma soma dos elementos.
11. Mostrar que dentre 9 pontos quaisquer de um cubo com 2 cm de aresta,
existem pelos menos dois cuja distância entre eles é menor do que ou
igual a .
12. Mostre que em uma reunião na qual estão presentes 49 pessoas, pelo
menos 5 nasceram no mesmo mês.
13. O teorema de Ramsey afirma que dado qualquer conjunto de n pontos no
plano (n ≥ 6), tal que quaisquer 3 deles não são colineares, se pintarmos
com apenas duas cores todos os segmentos ligando dois desses pontos,
então teremos um triângulo cujos lados são da mesma cor. Prove o teore-
ma de Ramsey para o caso em que n = 6.
14. Uma urna contém 22 bilhetes numerados cada um deles contendo uma
dezena. Em 7 deles, o algarismo das dezenas é 1; em 6, o algarismo das
dezenas é 2; e em 9, o algarismo das dezenas é 5. Quantos bilhetes de-
vem ser sorteados, no mínimo, para termos certeza de que em 5 deles o
algarismo das dezenas é igual?
Texto complementar
Texto 1: O princípio da inclusão-exclusão
Texto extraído do livro Matemática discreta, de Edward R. Scheinerman, São Paulo:
Thomson Learning Edições, 2006. p.124.
Para achar o tamanho de uma união, somamos os tamanhos dos conjuntos individuais
(inclusão), subtraímos os tamanhos de todas as interseções duas a duas (exclusão), so-
mamos os tamanhos de todas as interseções três a três (inclusão) e assim por diante.
A ideia é que, quando somamos todos os tamanhos dos conjuntos individuais, soma-
mos demais, porque alguns elementos podem estar em mais de um conjunto. Assim,
para compensar, subtraímos os tamanhos das interseções duas a duas; mas então
estamos subtraindo em demasia. Corrigimos somando os tamanhos das interseções
triplas, mas isto causa um excesso, o que nos obriga a subtrair novamente. Surpreen-
dentemente, no final, tudo está perfeitamente equilibrado
no máximo uma pessoa com exatamente 2 fios de cabelo, e assim por diante, até, no
máximo, uma pessoa com exatamente 500.000 fios de cabelo.
Mas, então, isso significaria que em Fortaleza existiriam, no máximo, 500.001 ha-
bitantes. Como em Fortaleza existem 2.470.000 habitantes aproximadamente e como
esse número é maior do que 500.000, deve haver duas pessoas com o mesmo número
de fios de cabelo.
Esse fato é decorrente do princípio da casa dos pombos, um resultado com um enun-
ciado simples e, aparentemente óbvio, mas que é de grande importância na matemática,
tanto assim que frequentemente ele é utilizado como ferramenta básica de muitas provas.
Referências
DANTE, Luiz R. Matemática: contexto e aplicações, v.2. São Paulo: Editora
Ática, 2004.
DASSIE, Bruno Alves e outros. Curso de Análise Combinatória e Proba-
bilidade: aprendendo com a resolução de problemas. Rio de Janeiro: Ed.
Ciência Moderna, 2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: Análise
combinatória e Probabilidade. São Paulo: Atual Editora, 2004.
LIMA, Elon Lages e outros. Temas e problemas. Coleção do Professor de
Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 2003.
LIMA, Elon Lages e outros. A matemática do ensino médio, v.2. Coleção do
Professor de Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 1998.
MORGADO, Augusto C. de O. e outros. Análise Combinatória e Probabili-
dade: com as soluções dos exercícios. Coleção do Professor de Matemática.
Rio de Janeiro: SBM, 2006.
SANTOS, J. Plínio O. e outros. Introdução à análise combinatória. Campi-
nas: Ed. da UNICAMP, 2002.
SCHEINERMAN, E. R. Matemática discreta. São Paulo: Thomson Learning
Edições, 2006.
Objetivos
• Apresentar a noção de experimento aleatório, fazendo a distinção entre tais
experimentos e os determinísticos.
• Definir e determinar espaços amostrais de experimentos aleatórios.
• Definir e exemplificar eventos de experimentos aleatórios.
• Operar com eventos de experimentos aleatórios.
• Definir e exemplificar eventos mutuamente excludentes.
• Definir e eventos complementares.
1. Introdução
Neste capítulo introduziremos os conceitos de experimentos aleatórios e ex-
perimentos determinísticos a partir de um exemplo para, em seguida, definir
e determinar espaços amostrais de alguns experimentos aleatórios. Apresen-
taremos a definição de evento de um espaço amostral W como qualquer sub-
conjunto de W e operaremos com eventos, obtendo outros eventos: união,
interseção e o evento complementar. Finalizaremos o capítulo com a noção
de eventos complementares.
Observe que, de acordo com o que foi feito anteriormente, quando rea-
lizamos um experimento aleatório e dizemos que ocorreu o evento A, quere-
mos dizer que o resultado do experimento foi um dos elementos de A. Assim,
quando jogamos um dado de seis faces, não viciado e com as faces numera-
das de 1 a 6, diremos que ocorreu o evento A = {1, 2, 3} se na face superior for
observado o número 1 ou o 2 ou o 3.
Exemplo 5. Dado o experimento aleatório E: lançar duas moedas distinguí-
veis, simultaneamente, e observar a face superior, seu espaço amostral é o
conjunto W = {CC, CK, KC, KK} em que C representa “cara” e K representa
“coroa”. O subconjunto de W dado por A = {CC, KK} pode ser pensado como
o evento A: observou-se resultados iguais. O subconjunto B = {CK, KC, KK}
pode ser pensado como o evento B: observou-se pelo menos uma coroa.
Exemplo 6. No lançamento simultâneo de dois dados distinguíveis e não
viciados, o conjunto A = {(1, 2), (2, 1)} pode ser pensado como o evento A: a
soma dos números nas faces superiores é 3. O conjunto B = {(1, 6), (2, 5), (3, 4), (4,
3), (5, 2), (6, 1)} pode ser pensado como o evento B: a soma dos números
nas faces superiores é 7. O conjunto C = {(5, 1), (5, 2), (5, 3), (5, 4), (5, 5) }
pode ser pensado como o evento C: o maior número observado foi 5.
Síntese do Capítulo
Neste capítulo iniciamos o estudo da Probabilidade introduzindo os conceitos
básicos de experimentos aleatórios, em contraposição a experimentos deter-
minísticos. Introduzimos também os conceitos de espaço amostral associado
a um experimento aleatório e de eventos, aproveitando para conceituar even-
tos simples ou elementares.
Aprendemos a operar com eventos, determinando o evento união, o
evento interseção e o complementar de um evento em relação ao espaço
amostral. Vimos que a união e a interseção de eventos podem ser realizadas
com quantidades finitas ou com quantidades infinitas enumeráveis de even-
tos. Definimos eventos mutuamente excludentes como aqueles cuja interse-
ção é o evento impossível, ou seja, o conjunto vazio.
Atividades de avaliação
1. Uma urna contém uma bola vermelha e três bolas pretas. Determine o espa-
ço amostral do experimento aleatório E: retirar uma bola e observar sua cor.
Defina os eventos A: retirar bola vermelha, B: retirar bola azul, C: retirar bola
vermelha ou azul e D: retirar bola vermelha ou preta.
Solução 1: Sabemos que a urna contém bolas vermelhas (V) e bolas pre-
tas (P). Assim, para o experimento aleatório E: retirar uma bola e observar
sua cor, o espaço amostral é o conjunto Ω = {V, P}. Os eventos A, B, C e
D são dados por A = {V}; B = ∅, pois não existe bola azul na urna; C = {V}
e D = {V, P} = Ω .
Solução 2: Para deixar claro que na urna existem quatro bolas, sendo 1
vermelha e 3 pretas, podemos pensar o espaço amostral do experimento
aleatório E: retirar uma bola e observar sua cor como sendo o conjunto Ω =
{V, P1, P2, P3}, em que V representa a bola vermelha e Pi (i = 1, 2, 3) repre-
Texto complementar
Texto 1: Um pouco de história
Texto extraído do livro Análise combinatória e probabilidade, de Augusto Cesar
Morgado e outros, Coleção do Professor de Matemática. SBM: Rio de Janeiro, 2006.
pp.6-7. Adaptado.
Diz-se geralmente que a teoria das probabilidades originou-se com Blaise Pascal e
Pierre de Fermat devido à curiosidade do Chevalier de Méré, jogador apaixonado, que
em cartas discutiu com Pascal problemas relativos à probabilidade de ganhar em certo
jogo de cartas. Despertado seu interesse pelo assunto, Pascal correspondeu-se com
Fermat sobre o que hoje chamaríamos de probabilidades finitas.
Mas em verdade a teoria elementar das probabilidades já tinha sido objeto de
atenção bem antes. Levando em conta o fascínio que os jogos de azar sempre exerce-
ram sobre os homens, estimulando-os a achar maneiras seguras de ganhar, não é de
se espantar que muito cedo problemas relativos a jogos de cartas ou de dados tenham
atraído a atenção de pessoas...
A primeira obra conhecida em que se estudam as probabilidades é o livro De Ludo
Aleae (Sobre os jogos de Azar), de Jerônimo Cardano, publicado em 1663. É possível
que o interesse de Cardano pelo assunto se deva a sua paixão pelos jogos de azar
Uma
tradução para o inglês moderno do livro de Cardano encontra-se no livro Cardano, the
Gambling Scholar, Oysten Ore.
Na parte dedicada à probabilidade Cardano mostra, entre outras coisas, de quan-
tas maneiras podemos obter um número, lançando dois dados. Assim, por exemplo,
10 pode ser obtido de 3 maneiras: 5 em cada dado, 6 no primeiro e 4 no segundo, e 4
no primeiro e 6 no segundo.
Além de Cardano, Johannes Kepler fez algumas observações sobre probabilidades,
em um livro publicado em 1606, no qual estuda as diferentes opiniões sobre o apare-
cimento de uma estrela brilhante, em 1604.
Também Galileu preocupou-se com as probabilidades, estudando os jogos de da-
dos, para responder à pergunta de um amigo: Com três dados, o número 9 e o número
10 podem ser obtidos de seis maneiras distintas, cada um deles. No entanto, a experi-
ência mostra que 10 é obtido mais frequentemente do que 9. Como explicar isso. Ga-
lileu estudou cuidadosamente as probabilidades envolvidas e mostrou, corretamente,
que, de 216 casos possíveis, 27 são favoráveis ao aparecimento do número 10 e 25 são
favoráveis ao aparecimento do número 9.
Malgrado investigações destes precursores, a Teoria das Probabilidades só come-
ça a se desenvolver a partir dos trabalhos de Pascal, que aplicou seu estudo com o
triângulo aritmético que leva seu nome ao estudo dos jogos de cartas.
Referências
HARIKI, Seiji e ONAGA, Dulce S. Curso de matemática, vol.3. São Paulo:
Ed. Harper & Row. 1981.
DANTE, Luiz R. Matemática: contexto & aplicações, vol.2. São Paulo: Ed.
Ática. 2004.
DOLCE, Osvaldo, IEZZI, G. e outros. Tópicos de matemática, vol. 2. Ed.
Atual. São Paulo: 1980.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar: combinatória e
probabilidade, vol. 5. São Paulo: Ed. Atual. 2004.
BOYER, C. B. História da matemática. Trad. Elza F. Gomide. São Paulo: Ed.
Edgard Blücher. 1976.
DANTAS, C. A. B. Probabilidade: um curso introdutório. São Paulo: Edusp. 2008.
MORGADO, A. C. O. e outros. Análise combinatória e Probabilidade. Cole-
ção do Professor de Matemática. Rio de Janeiro: SBM. 2006.
Objetivos
• Apresentar as definições de probabilidade, distinguindo entre a clássica, a
frequentista e a axiomática.
• Enunciar e demonstrar as principais propriedades da probabilidade, de
acordo com a definição clássica.
• Utilizar as propriedades da probabilidade na resolução de problemas.
• Definir e exemplificar a probabilidade condicional.
• Definir e exemplificar eventos independentes.
• Enunciar e demonstrar o teorema da probabilidade total.
• Definir e exemplificar a distribuição binomial de probabilidade.
1. Introdução
A probabilidade de um evento é a medida da chance desse evento ocorrer. Por
exemplo, no experimento E: lançamento de uma moeda honesta, o evento A:
observar cara na face superior ocorre com probabilidade 1/2, ou seja, a chance
de ocorrer cara é de 1 em 2 resultados possíveis. De fato, quando lançamos uma
moeda honesta, podemos observar cara ou coroa na face superior. Assim obser-
var cara é um dos dois resultados possíveis.
Neste capítulo apresentaremos três definições de probabilidade – a clás-
sica, a frequentista e a axiomática – todas possuindo as mesmas propriedades,
intrínsecas à definição, que são apresentadas e demonstradas. Definiremos
probabilidade condicional, exemplificando e apresentando suas propriedades
e principais resultados, como o teorema da probabilidade total e o teorema de
Bayes, aproveitando este conceito para definirmos eventos independentes.
Por fim, estudaremos a distribuição binomial de probabilidade como o
modelo probabilístico adotado para um experimento aleatório no qual estamos
interessados na ocorrência de um evento específico.
2. Definições de Probabilidade
Como dissemos anteriormente, não se pode prever de antemão o resultado
de um experimento aleatório. Entretanto, sabemos que alguns resultados são
mais fáceis de ocorrer do que outros. Por exemplo, quando lançamos uma
moeda e observamos sua face superior, os únicos resultados possíveis são
cara e coroa, que denotaremos, respectivamente, por C e K.
Assim, o espaço amostral no lançamento de uma moeda é W = { C, K } e,
se a moeda for perfeita, acreditamos que qualquer uma das faces pode ocorrer
com a mesma chance. Já no lançamento de um dado cujas faces encontram-
-se numeradas com os números 1, 2, 4, 8, 16 e 32, parece óbvio que a chance
de ocorrer na face superior um número par é maior do que a de se obter um
número ímpar. É essa chance que desejamos mensurar. A medida da chance
de um evento A ocorrer é chamada probabilidade de A e será denotada por p(A).
Assim, p(A) =
1
• Propriedade 3. Para cada x ∈ Ω , p(x) = p({ x }) = .
n(W)
Prova: Deixada para o leitor.
grande de repetições. Este fato é que nos permite recorrer à definição fre-
quentista de probabilidade.
Além disso, a função freqüência relativa fn(ai) = , onde n representa
o número de repetições do experimento E e n(ai) representa o números de
vezes que ocorreu o evento { ai }, para n muito grande, possui as mesmas
propriedades da função probabilidade da definição clássica de probabilidade,
para eventos não vazios de espaços amostrais finitos.
p(A) = ∑ p (a ) .
a i ∈A
i
Sabendo que o número sorteado foi par, qual a probabilidade de Thiago ganhar o jogo e
Pergunta 2
qual a probabilidade de Mariana ganhar o jogo?
Sabendo que o número sorteado foi ímpar, qual a probabilidade de Thiago ganhar o jogo e qual a
Pergunta 3
probabilidade de Mariana ganhar o jogo?
n( M ∩ A)
• p( M / A) = n( A)
n (T ∩ B)
• p(T / B) =
n (B)
n (M ∩ B)
• p(M / B) =
n (B)
Mostrando o resultado.
Exemplo 3. No experimento aleatório E: retirada sucessiva e sem reposição
de bolas de uma urna contendo 8 bolas pretas e 6 bolas brancas, ao retirar-
4
p(A1 ∩ A2 ∩ A3 ∩ A4 ∩ A5) = = .
143
Eventos independentes. Quando lançamos uma moeda honesta duas ou
mais vezes, o fato de dar cara no primeiro lançamento não vai influenciar no
resultado do segundo lançamento nem no resultado dos demais lançamen-
tos. Dizemos, por isso, que, por exemplo, os eventos A: dar cara no primeiro
lançamento e B: dar cara no segundo lançamento são independentes. Essa
é a ideia intuitiva de eventos independentes. Mais precisamente, temos a de-
finição seguinte.
• Eventos independentes. Sejam A e B eventos de um experimento E com
espaço amostral Ω . Dizemos que A e B são independentes se, e somente
se, vale a igualdade p(A ∩ B) = p(A).p(B).
Exemplo 5. No caso das moedas, temos p(A) = 1/2, p(B) = 1/2 e p(A ∩ B) = 1/4,
uma vez que o espaço amostral para o experimento E: lançar uma moeda ho-
nesta 2 vezes e observar o resultado na face superior é dado por Ω = {CC, CK,
KC, KK} e os eventos A: observar cara no primeiro lançamento e B: observar
cara no segundo lançamento são, respectivamente, A = {CC, CK} e B = {CC, KC}
e, consequentemente, o evento AÇB é dado por AÇB = {CC}. Assim, temos que
p(A) = 1/2, p(B) = 1/2 e p(A ∩ B) = 1/4, valendo a igualdade p(AÇB) = p(A).p(B).
Das igualdades p(A ∩ B) = p(A). p(A/B), p(B ∩ A) = p(B). p(B/A) e p(A ∩ B)
= p(A).p(B), segue que, se A e B são eventos independentes, tais que p(A) ≠ 0 e
p(B) ≠ 0, então p(A/B) = p(A) e p(B/A) = p(B). Este resultado encontra-se sin-
tetizado na proposição seguinte.
• Proposição 8. Sejam A e B eventos independentes, tais que p(A) ≠ 0 e p(B) ≠ 0.
Nestas condições p(A/B) = p(A) e p(B/A) = p(B).
Teorema de Bayes. Encerraremos esta seção com dois resultados bastante
utilizados e úteis na resolução de problemas envolvendo a probabilidade con-
1 1 1 1
Para a primeira linha temos p(SSS) = p(S).p(S).p(S) = ( )3 ;
3.3.3 = 3
1 1 2 1 2 2
para a segunda, p(SSF) = . .
3 3 3
= (3 ) . ( 3 ) ; para a terceira linha, a probabili-
1 2 1 1 2
dade é dada por p(SFS) = . . = ( )2 . ( ) ; e assim por diante. Isso porque
3 3 3 3 3
as repetições probabilidade do experimento são independentes entre si, ou
seja, o resultado de uma repetição não influi no resultado da outra.
• Solucionando o problema. Para respondermos à pergunta “Qual a probabi-
lidade de Toby ganhar exatamente 2 vezes em 3 repetições do experimento
E, ou seja, em 3 lançamentos do dado”, basta calcularmos a probabilidade
do evento (SSF) ∪ (SFS) ∪ (FSS), ou seja, basta somarmos as probabilida-
des das sequências SSF (linha 2), SFS (linha 3) e FSS (linha 5).
O quadro a seguir mostra a probabilidade de cada um dos oito eventos
listados anteriormente.
Lançamentos
Linha Probabilidade
1 2 3
1 S S S 1 1 1
. .
3 3 3
2 S S F 1 1 2
. .
3 3 3
3 S F S 1 2 1
. .
3 3 3
4 S F F 1 2 2
. .
3 3 3
5 F S S 2 1 1
. .
3 3 3
6 F S F 2 1 2
. .
3 3 3
7 F F S 2 2 1
. .
3 3 3
2 2 2
. .
8 F F F 3 3 3
De acordo com o que foi feito anteriormente, estamos interessados nas se-
quências de 5 letras, sendo 3 letras S e 2 letras F. Assim, para resolver o
problema, podemos pensar que temos 5 espaços para escolher 3 e colocar
as 3 letras S. Como sabemos, isso pode ser feito de C5,3 maneiras distintas.
Como as etapas são independentes – sucesso ou fracasso em uma etapa
não interfere no resultado da etapa seguinte – e, em cada uma delas a pro-
babilidade de sucesso (S) é 1/3 e a de fracasso (F) é 2/3, a probabilidade de
1 2
cada uma dessas C5,3 maneiras é (3)3 × ( 3 )2 .
Portanto, a probabilidade de Toby ganhar em exatamente 3 dos 5 lançamen-
1 2
tos é C5,3 × (3)3 × ( 3 )2 .
Uma primeira generalização. Nos nossos problemas, a repetição do expe-
rimento aleatório E deu origem ao experimento E×E×E ou E×E×E×E×E, com
seus espaços amostrais correspondentes, nos quais a probabilidade de cada
evento elementar é dada por
1 2
( )k × ( )n - k
3 3
em que n = 3 ou n = 5.
Além disso, para cada k, a quantidade de eventos elementares com a
1 2
probabilidade (3)k × (3 )n -k é Cn,k. Este resultado lembra os números binomiais,
as fórmulas anteriores lembram a fórmula do termo geral do desenvolvimento
do produto (x + y)n.
Essa é a ideia da distribuição binomial de probabilidade.
O teorema binomial. Consideremos um experimento aleatório no qual esta-
mos interessados na ocorrência de um evento específico, que será indicado
por S, denominado de sucesso e cuja probabilidade será indicada por p [p =
p(S)]. Seu complementar será indicado por F e denominado de fracasso. Sua
probabilidade p(F) será denotada por q. Como S e F são complementares,
temos que p + q = 1, ou ainda, q = 1 – p.
Esse experimento é repetido n vezes, dando origem ao experimento
E × E × E × … × E, cujo espaço amostral é o conjunto de todas as n-uplas de
sucessos ou de fracassos, sucessos e fracassos esses que ocorrem sempre
com a mesma probabilidade p ou 1 – p, respectivamente, sendo que a ocor-
rência de determinado evento em uma etapa não influencia no resultado da
etapa seguinte.
Nestas condições vale o teorema binomial que afirma o que segue.
• Teorema binomial. A probabilidade de ocorrerem exatamente k sucessos
em uma sequência de n provas independentes, na qual a probabilidade de
n
sucesso em cada etapa é p, é igual a k pk (1 - p)n -k .
Prova: A prova deste teorema segue do que foi feito anteriormente e sua
sistematização será deixada para o leitor.
Exemplo 1. Uma moeda honesta é lançada 10 vezes. A probabilidade de
ocorrerem exatamente 6 caras é que, por sua vez, é igual a
.
Exemplo 2. Em uma prova com 20 questões, cada uma delas com quatro al-
ternativas das quais somente é a correta, a probabilidade de uma pessoa que
não saiba a matéria acertar exatamente 12 delas é que, por
sua vez, é igual a .
Síntese do Capítulo
Neste capítulo apresentamos a probabilidade de um evento de um experimen-
to aleatório como a medida da chance desse evento ocorrer. Iniciamos intro-
duzindo a definição clássica de probabilidade, ou seja, a probabilidade como
o quociente entre o número de casos favoráveis e o de casos possíveis, em
que, por casos possíveis entendemos todos os elementos do espaço amostral
e por casos favoráveis entendemos todos os elementos do evento do qual
desejamos calcular a probabilidade.
Em seguida, apresentarmos as definições frequentista e a axiomática, to-
das possuindo as mesmas propriedades. Vimos que, na definição axiomática, as
probabilidades atribuídas aos eventos elementares de um espaço amostral não
dependem da realização desse experimento. Elas são atribuídas segundo certas
regras, de modo que satisfaçam as propriedades das probabilidades, proprieda-
des estas que foram obtidas da definição clássica, ao realizarmos efetivamente
os experimentos e que queremos intrínsecas à definição de probabilidade.
Estudamos as probabilidades condicionais, ou seja, a probabilidade de
ocorrência de um evento quando sabemos da ocorrência de outro evento.
Com isso, definimos e estudamos os eventos independentes e os teoremas
da probabilidade total e de Bayes, teoremas bastante úteis na resolução de
alguns problemas envolvendo probabilidade condicional.
Por fim, estudaremos a distribuição binomial de probabilidade como o
modelo probabilístico adotado para um experimento aleatório no qual esta-
mos interessados na ocorrência de um evento específico para ser utilizada
no estudo da probabilidade de eventos de experimentos aleatórios que são
realizados em sequência.
Atividades de avaliação
1. Considere o experimento aleatório E: jogar uma moeda duas vezes para
cima, observando a cada lançamento sua face superior. Determinar a pro-
babilidade do evento A: obter duas caras.
Solução: Denotando por W o espaço amostral do experimento aleatório E,
temos que W = {CC, CK, KC, KK}, em que C representa “observou-se cara”
e K representa “observou-se coroa”. O evento A: observar duas caras é o
n( A) 1
conjunto A = {CC}. Assim, p(A) = n(W) = 4 .
2. No lançamento de 2 dados não viciados e distinguíveis, qual a probabi-
lidade de que os números nas faces superiores sejam diferentes?
Solução: Sejam E o experimento aleatório E: lançar os dois dados e ob-
servar os números nas faces superiores e A o evento A: os números nas
faces superiores são iguais. Temos que em W possui 36 elementos (6 x 6)
e A possui os seis elementos (1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4), (5, 5) e (6, 6). Assim,
a probabilidade de A é dada por
p(A) = .
Como o evento B: os números nas faces superiores são diferentes é o com-
plementar de A, ou seja, B = Ac, a probabilidade de termos os números
1 5
diferentes é p(Ac) = 1 – p(A) = 1 – = .
6 6
3. No lançamento de dois dados normais e distinguíveis qual a probabilidade
de obtermos soma 8 ou soma 6?
Solução: Sejam os eventos A: a soma dos números nas faces superiores é
6 e B: a soma dos números nas faces superiores é 8. Queremos determinar
p(A ∪ B).
Temos que p(A ∪ B) = p(A) + p(B) – p(A ∩ B) e como A e B são mutuamente
excludentes, uma vez que se a soma for 6 não será 8 e se for 8 não será 6,
temos que p(A ∩ B) = 0. Assim, p(A ∪ B) = p(A) + p(B).
Sabemos que A = {(1, 5), (2, 4), (3, 3), (4, 2), (5, 1)} e
B = {(1, 7), (2, 6), (3, 5), (4, 4), (5, 3), (6, 2), (7, 1)} e, consequentemente,
p(A) = e p(B) = . Portanto,
p(A ∪ B) = p(A) + p(B) = .
a) par?
b) maior do que 200?
c) múltiplo de 2 ou de 3?
6. No lançamento simultâneo de dois dados não viciados, um vermelho e ou-
tro branco, qual a probabilidade de que:
a) a soma na face superior seja maior do que 1?
b) a soma na face superior seja 7?
c) ambos os números sejam iguais?
7. Um número inteiro é escolhido aleatoriamente entre os números positivos
1, 2, 3, 100. Qual a probabilidade de o número escolhido ser múltiplo de 6
ou de 9?
8. Uma urna contém 2 bolas pretas e 3 bolas brancas. Quantas bolas azuis
devem ser colocadas na urna para que a probabilidade de se retirar uma
bola azul seja 2/3?
9. No lançamento simultâneo de 4 moedas perfeitas e distinguíveis, qual a
probabilidade de se obter:
a) exatamente 3 caras?
b) pelo menos 2 coroas?
10. De uma urna contendo 30 bolas iguais numeradas de 1 a 30 retira-se uma
bola e anota-se seu número. Considere os eventos A: o número observa-
do é múltiplo de 2 e B: o número sorteado é múltiplo de 5. Determine p(A),
p(B) e p(A ∪ B).
11. Um juiz de futebol possui em seu bolso três cartões sendo um todo ver-
melho, um todo amarelo e um com uma das faces vermelha e a outra
amarela. Em um lance, o juiz retira do bolso, sem olhar, um dos cartões e
mostra ao jogador. Qual a probabilidade de o juiz ver uma face vermelha
e o jogador ver uma face amarela?
12. Em uma população de 500 pessoas, 280 são mulheres e 60 exercem a
função de advogado, sendo 20 do sexo feminino. Tomando-se ao acaso
uma dessas pessoas, qual é a probabilidade de que, sendo mulher, seja
advogada. Tente resolver por probabilidade condicional.
13. Dado o espaço amostral W = { a1, a2, a3, a4, a5 }, seja pi um número real per-
tencente ao intervalo [0,1], tal que pi = p(ai) para alguma função p. Quais
dos números (pi) abaixo definem uma distribuição de probabilidade em W?
a) p1 = p2 = p3 = p4 = p5 = 1/5.
b) p1 = p2 = 1/3 e p3 = p4 = p5 = 3/5.
c) p1 = p2 = 1/4, p3 = p4 = 2/3 e p5 = 1/5.
14. Uma moeda é viciada de tal forma que a probabilidade de dar cara é
o quádruplo da probabilidade de dar coroa. Qual a probabilidade de dar
cara e qual a probabilidade de dar coroa?
15. Em uma urna existem 10 bolas numeradas de 1 a 10. Uma bola é sor-
teada ao acaso. Se a probabilidade de uma bola com número maior do
que 5 ser sorteada é o dobro da probabilidade de uma bola com número
menor do que ou igual a cinco ser sorteada, qual a probabilidade do
evento A = {1, 2, 6} e a probabilidade do evento B = {5, 6, 7}?
16. No lançamento de um tetraedro, os números pares ocorrem com o dobro
de chance dos números ímpares. Determine a probabilidade de ocorre-
rem os eventos A: o número sorteado é primo, B: o número sorteado é par,
C: o número sorteado é 2 e D: o número sorteado é 3.
17. No lançamento de um dado duas vezes, determine o evento:
a) ocorre o mesmo número nas duas vezes.
b) ocorre o número 5 no primeiro lançamento.
c) ocorre 9 na soma dos dois números obtidos.
18. No lançamento de 1 dado sejam os eventos
A: ocorre divisor de 3.
B: ocorre número ímpar.
C: ocorre múltiplo de 3.
Determine os eventos A ∪ B, B ∪ C, A ∪ C, B ∩ C, A ∩ B, Ac, Bc.
19. Dados os eventos A e B do espaço amostral de um experimento aleatório
E, definimos o evento diferença A - B como o evento que ocorre quando
ocorre A e não ocorre B. Mostre que A - B e A ∩ B são mutuamente exclu-
dentes. Conclua que p(A - B) = p(A) - p(A ∩ B).
20. Numa remessa de 100 aparelhos de televisão, 12 têm defeito de ima-
gem, 10 têm defeito de som e 8 têm ambos os defeitos. Escolhendo-se
ao acaso um aparelho, qual a probabilidade de que este não tenha defeito
algum?
21. O diagrama de Venn ao lado representa um espaço amostral W equipro-
vável e três eventos A, B e C. Calcule o que se pede.
a) p(A).
b) p(B).
c) p(C).
d) p(A ∩ B).
e) p(A ∪ B ∪ C).
22. Resolvido. Bolas são colocadas em 5 urnas, uma de cada vez, até que
alguma urna receba duas bolas. Qual é a probabilidade de colocarmos
exatamente 4 bolas?
Solução. Seja p(4) a probabilidade de colocarmos exatamente 4 bolas.
Sabemos que p(4) é o quociente entre o número de casos favoráveis e o
número de casos possíveis. Como caso possível entendemos qualquer
forma de distribuir as 4 bolas pelas 5 urnas. Assim, o número de casos
possíveis é 54, pois a primeira bola pode ser colocada em qualquer uma
das 5 urnas; a segunda bola pode ser colocada em qualquer uma das 5
urnas; o mesmo acontecendo com as terceira e quarta bolas.
5 5 5 5
B1 B2 B3 B4
Os casos favoráveis são aqueles em que as 4 bolas são distribuídas de
modo que as três primeiras bolas fiquem em urnas distintas e a quarta
bola seja colocada exatamente em uma das 3 urnas que já contém 1
bola. Assim, o número de casos favoráveis é 180, pois a primeira pode
ser colocada em qualquer uma das 5 urnas; a segunda pode ser colocada
em qualquer uma das 4 urnas sem bola; a terceira pode ser colocada em
qualquer uma das 3 urnas sem bola; e, finalmente, a quarta bola deve ser
colocada em qualquer uma das 3 urnas que já contém uma bola.
5 4 3 3
B1 B2 B3 B4
Texto complementar
Probabilidade Geométrica
Extraído do livro Curso de Análise Combinatória e Probabilidade: aprendendo com
resolução de problemas, de Bruno Alves Dassie e outros, pp. 136-137.
Alguns problemas de probabilidades são equivalentes à seleção aleatória de pontos
em espaços amostrais representados por figuras geométricas. Nesses modelos, a pro-
babilidade de um determinado evento se reduz à seleção ou ao seu limite, caso exista,
entre medidas geométricas homogêneas, tais como comprimento, área ou volume.
Diversas atividades interessantes podem ser usadas na introdução desses concei-
tos, como o disco das cores, o jogo dos discos e ladrilhos.
vamos reproduzir o relato do professor Eduardo Wagner, de uma experiência
desenvolvida com seus alunos do Ensino Médio. Esse relato se encontra na Revista do
Professor de Matemática, no 34, pág.28.
“No ensino médio, o ensino de probabilidades se restringe ao caso finito e os pro-
blemas são basicamente de contagem de casos favoráveis e casos possíveis. Existem,
entretanto, problemas muito simples e interessantes de probabilidades onde o espa-
ço amostral possui a situação análoga ao seguinte exemplo: um atirador, com os olhos
vendados, procura atingir um alvo circular com 50 cm de raio, tendo no centro um
disco de 10 cm de raio. Se em certo momento temos a informação de que o atirador
acertou o alvo, perguntamos qual deve ser a probabilidade de que tenha atingido o
disco central.
Tenho sugerido esse problema a alunos do ensino médio e frequentemente ob-
tenho deles respostas corretas, baseadas unicamente na intuição. Como obviamente
não se pode contar casos favoráveis e possíveis e como para um atirador vendado
não há pontos privilegiados do alvo, a probabilidade acertar o disco central deve ser
a razão entre as áreas do disco e do alvo. Um cálculo elementar leva à resposta certa:
4%. Esse é um exemplo do que se chama Probabilidade geométrica.”
(Wagner, Revista do Professor de Matemática, 34, p. 28)
Referências
HARIKI, Seiji e ONAGA, Dulce S. Curso de matemática, vol.3. São Paulo:
Ed. Harper & Row. 1981.
DANTE, Luiz R. Matemática: contexto & aplicações, vol.2. São Paulo: Ed.
Ática. 2004.
DOLCE, Osvaldo, IEZZI, G. e outros. Tópicos de matemática, vol. 2. São
Paulo: Ed. Atual. 1980.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar: combinatória e
probabilidade, vol. 5. São Paulo: Ed. Atual. 2004.
BOYER, C. B. História da matemática. Trad. Elza F. Gomide. São Paulo: Ed.
Edgard Blücher. 1976.
DANTAS, C. A. B. Probabilidade: um curso introdutório. São Paulo: Edusp.
2008.
MORGADO, A. C. O. e outros. Análise combinatória e Probabilidade. Cole-
ção do Professor de Matemática. Rio de Janeiro: SBM. 2006.
12
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia