Liderança Na Era Exponencial-v.Ted
Liderança Na Era Exponencial-v.Ted
Liderança Na Era Exponencial-v.Ted
Ao longo dos últimos anos vem ficando cada vez mais evidente que a palavra que melhor
retrata o período em que vivemos é “exponencial”. São inúmeros os exemplos de evolução
acelerada, refletidos por indicadores, como o número de novas patentes anualmente
registradas no mundo, o número de usuários de celulares, a velocidade de bandas de
comunicação, a capacidade de processamento de computadores (retratada pela famosa
Lei de Moore) e de armazenagem de dados, o volume de informações disponíveis na
Internet, o consumo de matérias-primas e produtos manufaturados, entre inúmeros
outros. Por essa razão, os tempos atuais começam a ser alcunhados como a “Era
Exponencial”, que tem suas origens já na transição entre a Idade Média e a Renascença,
quando começou a Revolução Científica, e foi acelerada no início do século XX, com os
grandes avanços da medicina e do saneamento básico nas grandes cidades. Com isso,
simultaneamente, tanto a expectativa de vida humana como a quantidade de habitantes
do planeta passaram a crescer exponencialmente e, consequentemente, uma quantidade
de pensadores, cientistas e pesquisadores veio crescendo e vivendo cada vez mais. Na
mesma proporção, eles, por sua vez, vêm gerando conhecimento de forma acelerada. E,
para completar, nas últimas décadas, esses mesmos geradores de conhecimento foram
responsáveis por novas invenções que permitiram uma “aceleração da aceleração” de
suas descobertas, como é o caso, principalmente, dos computadores e da Internet.
O que vem pela frente pode parecer angustiante, mas é inexorável. Aumento significativo
da expectativa de vida, inteligência artificial e robótica tomando o lugar de pessoas,
implantes de chips e outros artefatos biológicos e não biológicos em nosso corpo,
impressão em 3D de órgãos artificiais, uso de engenharia genética no aperfeiçoamento
de seres vivos, sistemas de dessalinização da água dos oceanos, formas revolucionárias
de geração de energia, apenas para lembrar de alguns dos desdobramentos da evolução
da ciência que não apenas são visíveis, mas já estão batendo às nossas portas.
Que necessidades são essas? Fundamentalmente aquelas propostas por Abraham Maslow
em sua Teoria da Hierarquia de Necessidades Humanas, desenvolvida na década de 1930:
Necessidades Fisiológicas, de Segurança, Sociais (ou de Pertencimento), de Estima e de
Autorrealização. O ponto central é que a aceleração do conhecimento está trazendo
incontáveis novas maneiras de fazer com que essas necessidades humanas sejam
atendidas.
Para alguns, as empresas mais inovadoras, como as icônicas Google, Apple, Netflix,
Amazon, Uber e outras, alcançam enorme sucesso porque conseguem antecipar
necessidades que nem sabíamos ter. Mas, na realidade, não é isso que acontece. Elas têm
o mérito de encontrar formas revolucionárias de atender às mesmas conhecidas
necessidades humanas, porém, de maneira totalmente inovadora e inesperada. Um
smartphone, por exemplo, existe para atender, no mínimo, a necessidades de segurança
(possibilidade de acionar ajuda a qualquer tempo), sociais (inclusão, relacionamento,
amizade, sentimento de pertencimento, etc.), e de estima (autoestima, conquistas —
pense nos games!).
Ter essa consciência é importante para os negócios porque nos permite abrir um leque
enorme de opções que podem ser exploradas na forma de gerar valor. E nos traz também
a terrível constatação de que, a qualquer momento, uma nova forma de atender a alguma
necessidade da sociedade, que hoje esteja sob nosso domínio, pode surgir do nada, em
alguma parte remota do planeta, produzida por, digamos, um jovem trajando camiseta
regata e sandálias e coberto por tatuagens, e em questão de meses ou mesmo de semanas
nosso negócio poderá perder todo o seu valor de mercado e até desaparecer.
Mas, então, o que se pode fazer a respeito? A resposta é: pouco. Mas não quer dizer que
não se possa fazer nada. O papel da liderança nas empresas talvez nunca tenha sido tão
decisivo para sua sobrevivência e prosperidade, quanto nos tempos atuais.
Tenho ouvido, aqui e ali, que em função da Era Exponencial, os líderes atuais precisam
ser ousados, precisam pensar de forma ousada. Imediatamente me vem a questão: “e
quando isso foi diferente?”. Ao longo da história não consigo encontrar um líder bem-
sucedido sequer que não tenha demonstrado essa característica da ousadia, de pensar à
frente, de desafiar o estado de coisas e buscar a mudança. O que a Era Exponencial traz
de novo, na realidade, é que os ciclos de inovação e de mudanças nos negócios são muito
mais acelerados e mais curtos, portanto, muito mais frequentes, obrigando as empresas
a serem muito mais ágeis e adaptáveis. Aumenta, e muito, a complexidade do papel de
liderar, e esse “estado de ousadia” do líder e da organização precisa ser constante.
A Era Exponencial impõe desafios sem precedentes aos líderes também na esfera
comportamental. O estado de permanente ousadia e atenção que é necessário manter,
combinado com um ambiente de negócios complexo e volátil — que gerou, inclusive, mais
um verbete repetido à exaustão pelos adeptos dos modismos, o “Mundo VUCA” – Volátil,
incerto (Uncertain, em inglês), Complexo e Ambíguo, faz com que os executivos atuais
sejam submetidos a níveis de pressão e de estresse provavelmente muito mais altos que
antes. Nesse contexto, ter desenvolvidas as habilidades relacionadas à autoconsciência,
administração das emoções, automotivação e saber lidar com os outros, pilares da
inteligência emocional, é um fator essencial de diferenciação para liderar. Ser resiliente,
saber ser e saber conviver, em tempos de transparência quase total, definem o grau de
aceitação que o líder tem não apenas de suas equipes, mas da comunidade como um todo.
Desvios de comportamento não passam em branco, e é muito possível, se não provável,
que sejam divulgados em redes sociais e outras ferramentas de comunicação em massa,
minando ou mesmo arruinando a reputação e a carreira de executivos menos preparados
emocionalmente. Não é à toa que as empresas demonstram cada vez mais a disposição
em investir nas habilidades comportamentais de seus quadros. Se já há décadas relações
internas saudáveis, espírito de equipe, motivação e grau de engajamento das pessoas
eram considerados determinantes para o sucesso das organizações, agora, na Era
Exponencial, esses fatores ganham importância ainda maior, porque somente esse alto
grau de envolvimento, consciência de propósito e atenção aos negócios de todos na
organização é que poderão permitir que ela tenha a agilidade necessária para prosperar
e se moldar ao ambiente complexo em que vivemos. É papel da alta liderança das
organizações propiciar as condições e trabalhar incansavelmente para que isso aconteça.
Em síntese
Ser líder na Era Exponencial não é diferente, na essência, do que sempre foi exercer esse
papel. Porém, os desafios atuais são muito maiores, em função principalmente da
velocidade com que mudanças acontecem, e da complexidade que a rápida evolução da
ciência está trazendo à sociedade e consequentemente ao próprio ambiente de negócios,
cada vez mais volátil. É preciso ser mais rápido e saber mais. Portanto, para melhor
desempenhar suas funções, os líderes de negócio de hoje precisam intensificar muito seus
esforços no sentido de:
Seguir esses pontos assegura seu sucesso como líder? Não há nenhuma garantia. Mas
tenho a convicção de que aumenta consideravelmente sua probabilidade de êxito nessa
jornada fascinante.