Livro Curto Circuito

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 225

CURTO·

CIRCUITO
Curto-Circuito

.,...º~"'º'....
l \
.
...Aii....JES
.~ ç~~/"'"º'
:Ioilt..

ºº"'"""
EDITORA AFIUADA
i-Luzzatto

É vedada a reprodução total ou mesmo parcial desta obra


sem o expresso consentimento do Editor.

~Clube ::d;ditores
~ do Rt0Gronde do Sul
Geraldo Kindermann
Professor da Universidade Federal de Santa Catarina

Curto-Circuito
2ª edição
Modificada e Ampliada

~
Sa~
LuZzatto
~@:!l'õ'fíJIWJ'V

Porto Alegre, 1997


© de Geraldo Kindermann
ia edição: 1992

Direitos reservados para a língua portuguesa:


SAGRA LUZZATTO
Livreiros • Editores e Distribuidores
Rua João Alfredo, 448 - Cidade Baixa
90050-230 - Porto Alegre, RS - Brasil
Fone (051) 227-5222 Fax (051) 227-4438
http:/ /www.sagra-luzzatto.com.br
E-mail: sagra @vanet.com.br

Capa: Carlos Alberto Cravina


Desenhos: José Carlos Luiz
Digitação: Rogério Luciano
Editoração coordenada pelo Autor
Fotolitos: Prismagraf e Maredi
Supervisão Editorial: Elisa Schein Wenzel Luzzatto

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Kindermann, Geraldo, 1949-


Curto circuito/ Geraldo Kindermann - 2ª edição - Porto Alegre: SAGRA LUZZATIO, 1997.

ISBN 85-241-0368-x

1. Circuitos elétricos 2. Curto-circuitos L Título.

92-0603 CDD-621.3192

Índice para catálogo sistemático:


1. Curto-circuitos : Engenharia elétrica 621.3192
O autor dedica este livro a

sua esposa Maria das Dores

e seus filhos

Katiuze
Krisley
Lucas
AGRADECIMENTOS

O autor agradece em especial ao professor Dinarte Américo Borba, pela revisão


do texto e contribuições técnicas que foram importantíssimas na lapidação deste livro.

Aos professores Jorge Coelho e Jorge Mario Campagnolo, pelas relevantes


discussões técnicas sobre Curtos-Circuitos nos Sistemas Elétrico de Potência e de Distribuição
de Energia Elétrica.

Ao engenheiro João Vitor Pereira Pinto, da ELETROBRÁS, pela apresentação


e pelas oportunidades proporcionadas. que muito têm contribuído ao enriquecimento técnico
e profissional do autor.

A Rogério Luciano pelo trabalho de digitação do texto.

A José Carlos Luiz pelo árduo trabalho na confecção dos desenhos.

Ao professor Renato Carlson. chefe do Departamento de Engenharia Elétrica, pela


confiança, incentivo e facilidades proporcionadas para a execução deste livro.

A todas as pessoas ligadas ao Grupo de Pesquisa em Planejamento de Sistemas de


Energia Elétrica (GPSE) e ao LABPLAN. que. deram suporte e incentivaram na elaboração
do livro.
APRESENTAÇÃO

Como resultado do intercâmbio que vem sendo desenvolvido entre a ELETROBRÁS,


através do Departamento de Desenvolvimento Empresarial e o Departamento de Engenharia
Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarma (UFSC), tenho a satisfação de apresentar
o livro CURTO-CIRCUITO, destinado aos alunos de graduação e a engenheiros e técnicos
da área de sistemas elétricos de potência.

O assunto tem evoluído tanto a ponto de merecer estudos apropriados para os


técnicos que atuam especificamente na área de distribuição de energia elétrica. Neste enfo-
que, a ELETROBRÁS incluiu o tema nos cursos promovidos para as empresas do Setor de
Energia Elétrica.

Mais uma vez o professor Geraldo Kindermann, do Departamento de Engenha-


ria Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina, desenvolveu uma obra de excelente
qualidade técnica, com base na experiência adquirida nos últimos anos de trabalho con-
junto com a ELETROBRÁS, propiciando o aprimoramento dos futuros engenheiros neste
campo. Esta 2.!!. edição, mostra claramente o sucesso desta obra, bem como os livros ATER-
RAMENTO ELÉTRICO, DESCARGAS ATMOSFÉRICAS e CHOQUE ELÉTRICO, todos
importantíssimos ao setor de Energia Elétrica.

JOÃO VITOR PEREIRA PINTO


Coordenador dos Cursos de Distribuição
Departamento de Desenvolvimento Empresarial da ELETROBRÁS
PREFÁCIO

Os livros sobre curtos-circuitos, existentes hoje no mercado, s'ão muito acadêmicos


e evidenciam basicamente a teoria, sem dar motivação e oportunidade de aplicação prática.
Aliado a este fato. constata-se, também, uma grande dificuldade, no aprendizado de curto-
circuito, principalmente no tocante às componentes simétricas. Particularmente. sobre este
assunto, tem-se verificado uma rejeição constante na assimilação do Teorema de Fortescue.
Deste modo, procurou-se escrever este livro com o intuito de mostrar esta ferramenta de
maneira clara, fazendo sempre uma correspondência entre teoria e fenômenos físicos, de
modo que a aplicação prática seja evidenciada no sistema elétrico, tanto na proteção como
no dimensionamento de equipamentos.

Procura-se, também, caracterizar a diferença devido ao tipo de núcleo dos transfor-


madores nas modelagens dos circuitos equivalentes.

Deste modo, espera-se que o livro atinja o objetivo proposto e contribua eficazmente
na melhoria da qualidade dos cursos técnicos, da graduação de engenharia elétrica e no
assessoramento aos profissionais que labutam na área.

O Autor.
Índice Geral

Representação de Sistemas Elétricos


1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.2 Diagrama Unifilar de Um Sistema de Potência .. .
1.3 Representação por Fase de Um Sistema de Potência
1.4 Gerador Síncrono . . .
1.5 Transformador
1.6 Linhas de Transmissão
1.7 Cargas . . . . . . . . .
1.8 Diagrama de Impedância de Um Sistema Elétrico 11
1.9 Valor por Unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.10 Valores Base das Grandezas Elétricas do Sistema 13
1.11 Sistema Monofásico . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.12 Sistema Trifásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.13 Mudança de Base de Uma Grandeza (Impedância) . 16
1.14 Impedância em pude Transformador Monofásicü de Dois Enrolamentos 17
1.15 Impedância em pu de Bancos de Transformadores Monofásicos . . . . 20
1.16 Impedância em pu de Transformadores 36 de Três Enrolamentos . . . 24
1.17 Representação em pu Por Fase de Um Sistema de Potência Completo 28
1.18 Vantagens dos cálculos em por unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2 Componentes Simétricas 33
2.1 Introdução . . . . . . . 33
2.2 Teorema de Fortescue . 34
2.3 Teorema de Fortescue a Sistemas Trifásicos . 35
2.4 Sistema Trifásico de Seqüência Positiva . 35
2 ..5 Sistema Trifásico de Seqüência Negativa . . 37
2.6 Sistema Trifásico de Seqüência Zero . . . . . 38
2.7 Expressão Analítica do Teorema de Fortescue 39
2.8 Componentes de Seqüências em Função do Sistema Trifásico Desbalanceado 40
2.9 Teorema de Fortescue em Termos de Corrente 41
2.10 Análise da Corrente de Seqüência Zero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3 Gerador Síncrono 47
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2 Impedância de Seqüência dos Equipamentos do Sistema . 47
3.3 Gerador Síncrono: O Elemento Ativo do Curto-Circuito . 48
3.4 Teste de Curto-Circuito Trifásico no Gerador Síncrono . 48
3.5 Período Sub-Transitório da Corrente de Curto-Circuito do Gerador Síncrono 51
3.6 Período Transitório da Corrente de Curto-Circuito do Gerador Síncrono . 52
3. 7 Período Permanente da Corrente de Curto-Circuito do Gerador Síncrono 53
3.8 Equação da Envoltória das Correntes de Curto-Circuito . 53
3.9 Reatância Sub-Transitória (X") do Gerador Síncrono 55
3.10 Reatância Transitória (X') do Gerador Síncrono 55
3.11 Reatância Síncrona (X.s:) do Gerador Síncrono 56
3.12 Corrente de Curto-Circuito Assimétrica . . . . . 56
3.13 Dimensionamento do Disjuntor . . . . . . . . . 57
3.14 Modelo de Seqüência Positiva do Gerador Síncrono 58
3.15 Modelo da Seqüência Negativa do Gerador Síncrono . 59
3.16 Modelo de Seqüência Zero do Gerador Síncrono . . . 61
3.17 Seqüência Zero de Gerador Síncrono Aterrado com uma Impedância ZN 62
3.18 O Gerador Síncrono e as Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.19 Valores Típicos das Reatâncias de Seqüência do Gerador Síncrono 65
3.20 Motor Síncrono . 67
3.21 Motor Assíncrono 68

4 Transformador 71
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.2 Transformadores do Sistema Elétrico . . . . . . 71
4.3 Transformador Monofásico de Núcleo Envolvido 72
4.4 Transformador Monofásico de Núcleo Envolvente 72
4.5 Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido. . . 73
4.6 Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente . . 73
4.7 Transformador Trifásico Formado por Banco de Transformadores Monofásicos 75
4.8 Impedância de Seqüência Positiva do Transformador . 7.5
4.9 Impedância de Seqüência Negativa do Transformador . . . . . . . . . . . . . 76
4.10 Impedância de Seqüência Zero do Transformador . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.11 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente, ou Banco
Monofásico Ligado em ?-Y;. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.12 Seqüência Zero do Transformador Trifásico di> Núcleo Enrnlvent<>, ou Banco
Monofásico Ligado em .;V - 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.13 Seqüência Zero do Transformador Trifásico d<' 1'1íclro En\'Oh·Pn1<' 011 Banco
Monofásico Ligado em Y-6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4.14 Seqüência Zero do Transformador Trifásico d<' I\1írlro Enrnlv(']lte 011 Banco
Monofásico Ligado em 6 - 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.15 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente, ou Banco
Monofásico ligado em _;;i-Y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.16 Seqüência Zero do Tran~formador Trifásico de Núcleo Envolvente, ou Banco
Monofásico Ligado em Y-Y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.17 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente, ou Banco
Monofásico com Impedância de Aterramento . . ·. . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.18 Quadro Geral dos Circuitos Equivalentes por Fase da Seqüência Zero de Trans-
formadores 3ef> de Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico . . . . . . . . . . 86
4.19 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente, ou Banco
Monofásico com Três Enrolamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.20 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido . . . . . . . 89
4.21 Seqüência Zero de Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido Ligado em
rY-Y-:__ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.22 Se.,.qüência Zero de Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido Ligado em
±-V-Y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.23 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido ligado em
±V-6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.24 Quadro Geral dos Circuitos Equivalentes por Fase da Seqüência Zero de Trans-
formadores Trifásicos do Núcleo Envolvido de Dois Enrolamentos . . . . . . 95
4.25 Seqüência Zero de Transformadores Trifásicos de Núcleo Envolvido com Três
Enrolamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
4.26 Deslocamento Angular nas Correntes de Seqüência Positiva e Negativa no
Transformador . . . . . . . . 95
4.27 Deslocamento Angular de 0° 95
4.28 Deslocamento Angular de 30° 98
4.29 Autotransformador 99

Linha de Transmissão 109


5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
5.2 Impedância de Seqüência Positiva da Linha de Transmissão . 110
5.3 Impedância de Seqüência Negativa da Linha de Transmissão 111
5.4 Impedância de Seqüência Zero da Linha de Transmissão 112

Curto-Circuito no Gerador Síncrono 117


6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.2 Curto-Circuitos no Gerador Síncrono 118
6.3 Curto-Circuito Trifásico no Gerador Síncrono 119
6.4 CurtÔ-Circuito Monofásico à Terra no Gerador Síncrono 122
6.5 Curto-Circuito Bifásico no Gerador Síncrono . . . . . 126
6.6 Curto-Circuito Bifásico à Terra no Gerador Síncrono 131
6. 7 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
7 Curto-Circuito no Sistema Elétrico 137
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . 137
7.2 Causas das Faltas na Rede Elétrica 138
7.3 Ocorrência dos Defeitos no Sistema Elétrico 140
'1.4 Ocorrências dos Tipos de Curto-Circuito no Sistema de Energia Elétrica 140
7.5 Curto-Circuito Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
7.6 Curto-Circuito Temporário . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
7.7 Ocorrência de Curtos-Circuitos Permanente e Temporário. 142
7.8 Curto-Circuito no Sistema de Energia Elétrica . . . . . . . 143
7.9 Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
7.10 Exemplo de Cálculo de Curto-Circuito no Sistema Elétrico 151
7.11 Impedância no Ponto de Curto-Circuito. 173
7.12 Resistência do Arco Elétrico . . . . . 179
7.13 Transformador de Aterramento . . . . . 180
7.14 Filtro de Corrente de Seqüência Zero . . 183
7.15 Filtro de Tensão de Seqüência Zero Usando o Terciário do TP em Delta Aberto186
7.16 Exercício Proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

8 Curto-Circuito em Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica 189


8.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
8.2 Sistema de Distribuição radial Simples . . . . . 189
8.3 Sistema de Distribuição Radial Multi-Aterrado . 190
8.4 Curto-Circuito 3<ll no Sistema Radial . . . . . 190
8.5 Curto-Circuito 2(/J no Sistema Radial . . . . . . 192
8.6 Curto-Circuito lcj.> - terra no Sistema Radial .. 193
8.7 Curto-Circuito l(/J - terra Mínimo no Sistema Radial 194
8.8 Correntes Assimétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
8.9 Fator de Assimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
8.10 Exemplo Completo de Curto-Circuito no Sistema de Distribuição 197

A Equações Básicas de Circuito Elétrico 201


A.1 Representação de um circuito simples 201
A.2 Representação da Carga 202
A.2.1 Barra l<I> 202
A.2.2 Barra 34> 203

B Transformação /:::, +-+ Y 205


B.l Transformação /:::, Y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205

C Operador a 207
C.l Operador à 207

D Parâmetros de Cabos Elétricos 209


Bibliografia 213
Capítulo 1

Representação de Sistemas Elétricos

1.1 Introdução
Atualmente, devido à necessidade de garantir a continuidade de suprimento ao mer-
cado, os sistemas elétricos operam interligados, formando redes complexas que, neste tra-
balho, serão designados simplesmente de sistema elétrico.
Deste modo, tanto sob o ponto de vista da operação quanto do planejamento, de
curto, médio e longo prazos, o comportamento do sistema deve ser acompanhado sistemati-
camente. Assim, para manter um histórico permanentemente atua.lizado, analisar o com-
portamento frente à contingências e alterações, diagnosticar e prever efeitos de medidas a
serem adotadas, planejar ampliações e alterações de configuração, o sistema elétrico deve ser
criteriosamente representado através de uma modelagem adequada ao tipo de estudo a ser
realizado.
Para estudos de proteção, por exemplo, valores das correntes de curto-circuito de-
verão ser calculadas. Portanto, cada componente do sistema deve ser modelado e represen-
tado sob a ótica do seu comportamento frente às correntes de curto. Esta modelagem é
relativamente simples devido às simplificações feitas nos circuitos equivalentes dos compo-
nentes. A adequação da modelagem para estudos de curto-circuito é feita com a utilização
de componentes simétricos, o que lPva à obtenção de três modelos do sistema: de seqüências
positiva, negativa e zero.

1.2 Diagrama Unifilar de Um Sistema de Potência


Como o sistema opera normalmPnte equilibrado, substitui-se sua repwspntaçào tri-
fásica, por uma representação simbólica, conhecida como diagra!lla unifilar.
Os elementos do sistrma, no diagrama unifilar, são representados por símbolos, onde.
por exemplo, as linhas de trans!llissão trifásicas são representadas por um único traço. l'lll
exe!llplo de diagra!lla unifilar é apresPntado na figura l.'2.1.
A importâ11cia do diagrama unifilar é aprPscntar clara!llenlc a topologia e, rn11-
CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Figura 1.2.1: Diagrama Unifilar

cisamente, os dados significativos do sistema de potência. O diagrama unifilar pode conter


informações diferentes, dependendo do tipo de estudo desejado, como por exemplo, diagrama
unifilar para Fluxo de Potência, Curto-Circuito, Estabilidade e Proteção.

1.3 Representação por Fase de Um Sistema de Po-


tência
Em sistemas equilibrados, representa-se uma única fase do Sistema em Y equivalen-
te, onde cada elemento (gerador, transformador, linha de transmissão, etc) é representado
pelo seu circuito equivalente por fase, conectado aos outros elementos de acordo com a
topologia do diagrama unifilar. No circuito equivalente por fase em Y, representa-se uma
fase com retorno por um suposto fio neutro. Como o sistema 3</J é equilibrado, não passa
corrente pelo fio neutro. Ver equação 1.3.1.

(1.3.1)
O fio neutro aparece no modelo apenas para viabilizar o retorno da corrente de fase.
Com a finalidade de formar o diagrama de impedância, é necessário fazer a mode-
lagf'm por fasp de cada elemento que compõe o diagrama unifilar do sistema, o que será visto
a seguir.

1.4 Gerador Síncrono


O modelo por fase do gerador síncrono, do ponto de vista da proteção, para o estudo
de curto-circuito, é apresentado na figura 1.4.1.

,-------,
1
1
JX"
d
i
1
CIRCUITO
1 1
EQUIVALENTE 1G 1

1 1
1 1
1 1
L ________ J

Figura 1.4.1: Modelo por Fase do Gerador Síncrono

Observe que o modelo é, simplesmente, uma reatância sub-transitória do eixo-direto,


em série com a fonte de tensão, o que vale também para o motor síncrono. No Capítulo 3
será analisado mais profundamente o comportamento do gerador síncrono sob curto-circuito.

1.5 Transformador
O circuito equivalente por fase do transformador em Y, com as impedâncias referidas
a um determinado lado. está indicada na figura 1.5.1.

Onde:

Ri, R2 Resistências elétricas dos enrolamentos primários e secundários;


Xi, X2 Reatâncias equivalentes, representando os fluxos dispersos nas bobinas do transfor-
mador;

Xm Reatância equivalente de magnetização, representando o fluxo resultante no núcleo ne-


cessário à operação normal do transformador;

R1 Resistência elétrica equivalente que produz a mesma perda no núcleo (perdas por histe-
rese mais as perdas por correntes parasitas).
CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

r-- - - -------------------.,
1
1 1
1
1
1
1
1
1
1
1 1
L ___________________ J
1 1

Figura 1.5.1: Circuito Equivalente por Fase do Transformador

Para efeito de cálculo de curto-circuito usado em proteção, este modelo é complexo.


A corrente que flui para o curto-circuito é grande, portanto, a corrente de derivação, isto é,
a corrente de magnetização do núcleo, pode ser desprezada, resultando o modelo da figu-
ra 1.5.2.

r-- ------,
1
1

xr = x,+ x2
Por ta se
RT = R1 +R2
1 1
1 1
L--------------~

Figura 1.5.2: Modelo por Fase do Transformador

Saliente-se que com a elevação da tensão do sistema, a relação Xr/ Rr aumenta. No


cálculo de curto-circuito pode-se desprezar Rr na modelagem do circuito equivalente por
fase, sendo que a corrente de curto-circuito é praticamente limitada somente pela reatância
Xr.
Já em Distribuição, a relação Xr / Rr diminui com a tensão, e a resistência Rr
contribui acentuadamente na oposição à corrente de curto, portanto ela será considerada.
1.6 Linhas de Transmissão
As Linhas de Transmissão transportam a energia do gerador até próximo do con-
sumidor. Dependendo do local da geração e do consumo, elas podem ter comprimentos
variados, e por este motivo, apresentam modelos distintos.

a) Linhas de Transmissão Curtas


Adotam-se modelos de impedância série cujo circuito equivalente por fase é o da
figura 1.6.1.

r--------------,
1 1
, w rn i

1 1
1 1
L ____ _ - - - - - - - - - _J

Figura 1.6.l: Modelo por Fase da Linha de Transmissão Curta

O comprimento que caracteriza uma Linha de Transmissão curta, depende do seu


nível de tensão. O comprimento máximo em função da tensão da linha de transmissão é
dado na tabela 1.6.1.
1 Linha Transmissão Curta
1 Tensão de Linha (VL) Comprimento Máximo (L)
1 VL < l50kV 80 km
l.50kV::; V L < 400kV 40 km
l. VL :'.:'. 400kV 20 km

Tabela 1.6.1: Linha Transmissão Curta

b) Linhas de Transmissão Médias


É usual, neste caso. a utilização do modelo 7r ou T.
No modelo 7r. os capacitores Shunt estão nas extremidades da impedância série. Ver
figura 1.6.2.

Onde:
CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Y12
·r w
RLT
rn
iXLT 1· .Y.12

.I I.
Figura 1.6.2: Modelo 7r da Linha de Transmissão Média

Y é a admitância total da linha de transmissâo


A figura 1.6.3 apresenta o modelo T de uma linha de transmissão média.

ZLT
--2-

I •
Figura 1.6.3: Modelo T da Linha Transmissão Média

Os comprimentos característicos de uma Linha de Transmissão média, em relação à


tensão da linha, são apresentadas na tabela 1.6.2.

Linha Transmissão Média


Tensão de Linha (VL) Comprimento Máximo (L)
VL < 150kV 80km $ L $ 200km
150kV :$V L < 400kV 40km $ L :$ 200km
VL 2::: 400kV 20km $ L $ lOOkm

Tabela 1.6.2: Linha Transmissão Média

c) Linhas de Transmissão Longas


A representação é mais complexa. Pode-se entretanto fazer um modelo 7r idêntico
ao das LT's médias, apenas com os valores de Z e Y corrigidos pelas expressões abaixo:

, senh(1. l)
Z corrigido =Z "! . [ (1.6.l)

, tanghif
Ycorrigido =Y ~ (1.6.2)
2

Onde:

--+ comprimento da Linha de Transmissão

/ constante de propagação, dado pela expressão 1.6.3

(1.6.3)

y admitância Shunt por unidade de comprimento

z --+ impedância série por unidade de comprimento

Do ponto de vista de Curto-Circuito, dependendo do caso, pode-se efetuar algumas


simplificações, como, por exemplo, desprezar as reatâncias Shunt. Normalmente os valores
da resistência série são bem menores do que a reatância série da Linha de Transmissão para,
tensões elevadas. Para tensões baixas o valor da resistência é significativa.
Assim o circuito equivalente por fase de uma linha de transmissão é o da figura 1.6.4.

r----- --- ----,


1 1

• 1 'V\/''--"~~~~--&Q.Q.Q,.---~\r--e
RL T jXLT :
1
1

1 1
L _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _J

Figura 1.6.4: Circuito Equivalente por Fase de Uma Linha de Transmissão


CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

1.7 Cargas
Cargas elétricas no diagrama de impedância, para cálculo de curto-circuito, podem
ser desprezadas ou não, dependendo do tipo, tamanho e importância no sistema.
Para caracterizar melhor a contribuição da carga no curto-circuito, faz-se uma
análise do diagrama unifilar da figura 1.7.1.

o__ _I J T ~-...+---1_TL- • C a r g o
~ t Resistivo

Íc rgã-- - - - -- 1
1
1

VR Rcorgo :
1

1
L---------l
Figura 1.7.1: Diagrama Unifilar e o Respectivo Diagrama de Impedância

A corrente de carga, em regime permanente de operação é obtida pela expressão

· Êc
!carga = j(Xc + XT + XLT) + Rcarga
A Rcarga, pode representar, por exemplo, a carga total de uma cidade, portanto o
seu valor é grande; isto é:

(1.7.1)
Assim, a targa, fica

· Êc (1.7.2)
]carga = Rcarga

Portanto, é a Rcarga que está limitando a corrente de carga targa·


Conseqüentemente, os fasores Ec e t.,
90 estão praticamente em fase, como
mostra
o diagrama da figura 1.7.2, isto porque a é pequeno.
Considerando um curto-circuito 3<;1> na barra da carga, na figura 1.7.3, a corrente de
curto é dada pela expressão 1. 7 .3.
a

vR
Figura 1. 7.2: Diagrama Fasorial

Reergo

Figura 1. 7.3: Curto-circuito 34' na Barra da Carga

· Êa (1.7.3)
Ice= j(Xa + Xr + XLr)
A corrente de curto-circuito é grande, pois é limitada apenas pelas reatâncias série
da fase do gerador. transformador, Linha de Transmissão, isto é, Xa + Xr + XLT·
Assim,

Ice >> I Rcarga (1.7.4)

Além do mais. o fasor ice está defasado de 90º do fasor tensão Ea. Ver o diagrama
fasorial da figura 1.7.4.
Pode-se concluir que. com o curto-circuito na barra de carga, a tensão cai a zero. e a
carga deixa de existir, ou seja. não fornece corrente ao Curto. Na verdade, o que ocorre é que
a Rcarga, representa n-malhas de carga e toda energia magnética no lado da carga é dissipada
nas n-malhas de carga. Isto significa que desprezar a carga, represente uma simplificação na
modelagem.
10 CAPtrULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS
EG

i cc
Figura 1.7.4: Diagrama Fasorial do Curto-Circuito

Será visto também, que a carga poderá ser considerada como uma impedância nos
modelos de sequência positiva, negativa e zero. Isto modificará muito pouco a corrente de
curto, porque as impedâncias equivalentes de Thévenin, de cada modelo de sequência, será
a impedância de carga em paralelo com as reatâncias série dos geradores, transformadores
e LTs. Como estas reatâncias são muito pequenas em relação à impedância equivalente
da carga, o valor da impedância resultante do paralelo será muito próximo das reatâncias
limitadoras do Curto. Ver figura 1.7.5.

ponto de
defeito
ar--

Figura 1.7.5: Considerando a Carga

A impedância eq~ivalente de Thévenin vista pelos terminais "a" e "b" será:

(1.7 ..5)
11

E será esta a impedância limitadora das correntes de seqüência positiva, negativa e


zero, de acordo com o respectivo modelo.

1.8 Diagrama de Impedância de Um Sistema Elétrico


Como os modelos de todos os elementos que compõem o sistema elétrico já estão
definidos, o diagrama de impedância do sistema elétrico é obtido fazendo o circuito equivalen-
te por fase do sistema. Para isto, basta ligar em cascata os circuitos equivalentes individuais,
de acordo com a topologia indicada no diagrama unifilar. Assim, por exemplo, o diagrama
de Impedância por fase do sistema 34i apresentado no seu diagrama unifilar da figura 1.2.L
está apresentado na figura 1.8.1.

Figura 1.8.1: Circuito Equivalente de Impedância

Este circuito é apenas uma fase do sistema em Y do diagrama unifilar apresentado.


O fio de retorno pode ser representado pelo terra ou então por uma linha ligando os terras.
As impedâncias indicadas na figura 1.8.1, podem ter seus valores representados de
duas maneiras, que são:

• Valores originais em Ohms, transferidos a um mesmo nível de tensão.


• Valores originais em Ohms, transformados em pu em relação a uma base conveniente
e adequada.
12 CAPíTULO 1 REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

A primeira alternativa é trabalhosa e complicada. levando à ocorrência sistemática


de erros. A segunda alternativa é adequada e seus detalhes serão analisados nos itens sub-
seqüentes.

1.9 Valor por Unidade


Geralmente em todas as formulações, cálculos, etc, as grandezas envolvidas tem
implicitamente como base o valor l.
Quando se deseja, para uma ou várias grandezas, usar como valor unitário um
número pré-estabelecido -/o l, todos os valores destas grandezas ficam medidos em relação ao
número pré-fixado. Esta alteração, dependendo do caso, produz facilidades. A formulação
usando esta medida é conhecida por resolução por unidade (pu), podendo ser usada em
qualquer ramo da ciência.
Especificamente em Engenharia Elétrica, o uso da representação do sistema de E-
nergia Elétrica em pu produz várias vantagens na simplificação da modelagem e resolução
do sistema. Estas vantagens serão vistas no decorrer deste capítulo.
VALOR POR UNIDADE (pu): é a relação entre o valor da grandeza e o valor base
da mesma grandeza, escolhido como referência.

l valor real da grandeza


(1.9.1)
va or pu = valor base da grandeza

Exemplo 1.9.1:
Referir as tensões abaixo em pu, usando arbitrariamente como BASE o valor de
120kV.

a) Vi= 126kV
\/ = 126 = 1,05pu
1
120
b) V2 = 109kV
109
Vi = = O, 908pu
120
e) Vi= 120kV
V3 = 120 = lpu
120
d) Vi= 500kV
V,4 = SOO = 4 17pu
120 '
13

1.10 Valores Base das Grandezas Elétricas do Siste-


ma
Cada ponto do sistema elétrico fica caracterizado por quatro grandezas:

• tensão elétrica (V)

• corrente elétrica (1)

• potência aparente (S)

• impedância (Z)

Observe-se que, conhecendo apenas duas destas grandezas, as outras duas ficam
também definidas através das equações apresentadas no Apêndice A. Basta, então, escolher
como base, apenas duas dessas grandezas. É comum, em Sistema de Potência, escolher como
bases a Tensão (Viaae) e a Potência Aparente (Sbaae), ficando, conseqüentemente, fixadas as
bases de corrente e de impedância para o nível de tensão correspondente.

1.11 Sistema Monofásico


É o caso de redes lef> ou transformadores lef>.
Cálculo da corrente base {haae):

(1.11.1)

Onde:

Viaae -+ tensão base da fase no nível de tensão considerado;

Sbaae -+ potência aparente base;

haae -+ corrente base no nível de tensão da Vbaae·

Cálculo de Impedância base ( Zbaae ):

Z _ ib~se
base - Sbase
( 1.11.2)
14 CAPfTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

1.12 Sistema Trifásico


Um sistema trifásico (34>) de potência envolve cargas e transformadores ligados em A
e Y. Os cálculos de curto-circuitos, para proteção, são feitos usando componentes simétricas,
que são equilibradas. Deste modo, pode-se analisar apenas uma única fa.K,
Portanto, toda a representação de um sistema trifásico em pu é feito numa única
fase do Sistema em Y equivalente. Ver figura 1.12.1.

!base

Figura 1.12.1: Modelo em Y equivalente

BASES ADOTADAS { Sb..••


Vi ....
Onde:

Sba•• -+ Potência aparente base do sistema trifásico, ou seja, é a soma das potências aparentes
base de cada fase.

(1.12.1)

Vbaae -+ tensão base de linha à linha, ou v'3 vezes a tensão base de fase do Y equivalente.

(1.12.2)

Vi, -+ tensão base de fase


15

Cálculo da Corrente de Base (Jbaae)


A corrente base é a mesma da linha do sistema trifásico original e da fase do Y
equivalente.

(1.12.3)

Cálculo da Impedância Base ( Zbaae)


A impedância base de um sistema trifásico, é sempre a impedância da fase do sistema
trifásico em Y equivalente.
Assim:

Como pela figura 1.12.1:

Via••= J3ViJ
Z Via•e
ba•• = v'3haae
Utilizando a expressão 1.12.3, tem-se que

z ba.ae =
Vii! ••
Sbaae
(1.12.4)

É interessante notar que as expressões 1.11.2 e 1.12.4, são aparentemente iguais. A


primeira expressão relaciona valores bases de um sistema monofásico, sendo que a segunda
relaciona os valores bases de um sistema trifásico.

Exemplo 1.12.1: Um sistema de potência 3ç!i, tem como base lOOMV A e 230kV. Determi-
nar:

a) Corrente base
Sbase lOOM
hase = .;3Vbase = y'3. 230 k = 251, 02A
b) Impedância base
z = Vii!•• = (230k)2 = 529rl
base Sba•• lOOM
16 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

e) Admitância base

}base= - -
1
= ~= l,89.10- 3 Siemens
ZbaSE 529
d) Corrente I = 502, 04A em pu
I 502. 04
fpu = hase = 251, 02 = 2pu
e) Impedância Z= 264. 5 + jl058 !1 em pu

zpu =
Z
Zbase =
264,5 + j1058 _O •
529 - • é) +J 2
. (pu]

f) Em pu, a impedância de uma Linha de Transmissão de 230kV com 52, 9km de


comprimento, tendo O, 5-f!; por fase .

• !1
ZLT = O, éJ km .52, 9km = 26, 45!1

ZLT,;u = ZLT = 26, 45 =O. 05pu


Zbase 529

1.13 Mudança de Base de Uma Grandeza (Impedân-


cia)
Geralmente os dados de placa dos transformadores não coincidem com a base na
qual o sistema está sendo calculado. A mudança de base da impedância do transformador
deverá ser efetuada como segue.

Z { Vbasel mudanca Z { Vbase2


2
--> pi.l Sbasel __, pu Sbase2

Na Base 1, tem-se

(1.13.1)
Já na Base 2, tem-se

(1.13.2)
17

Igualando-se as equações 1.13.1 e 1.13.2, obtém-se

(1.13.3)

Na prática, costuma-se usar a expressão 1.13.4, onde é feita uma mudança da base
velha para a base nova:

(l.13.4)

Exemplo 1.13.1: A placa de um gerador síncrono apresenta os seguintes dados: 50MV A,


13, 8kV e X = 203. Calcular a reatância da máquina em pu referida a uma nova base de
lOOMV A e 13, 2kV.

Dados:

X = O, 20pu { Vbnommal = 13, 8k F mudanca X _? { Vbnova = 13,2k\/


Sbnommal = 50MV A ---> novo - . Sbnova = lOOMV A

2
V (13,8k) 100M
,'>novo =O, 20 13, 2k 50M

X novo = O, 44 pu na base nova

1.14 Impedância em pu de Transformador Monofásico


de Dois Enrolamentos
Um transformador monofásico de dois enrolamentos. está representado na figura
1.14.1.
O enrolamento de maior tensão (AT) será denominado de primário. e o enrolamento
de menor tensão (BT) será o secundário.
O transformador apresenta numericamente duas impedâncias vistas pelos seus res-
pectivos enrolamentos. Estas sâo obtidas através do tradicional teste de curto-circuito. Pelo
teste, obtém-se as duas impedâncias abaixo:

ZAT --> Impedância vista pelo lado de AT.


18 CAPfTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Figura 1.14.1: Transformador Monofásico de Dois Enrolamentos

ZBT--+ Impedância vista pelo lado de BT.

Devido à relação de transformação do transformador, ele apresenta duas tensões


BAS.E, uma para o lado de AT e outra para o lado BT. Geralmente as tensões base e a
potência base são os próprios dados de placa do transformador. Assim:

v,,BT = VNBT

Sbaae =SI\·
Onde:

V,,AT e V,,BT são as tensões bases do lado de AT e BT do transformador.

VNAT e VNBT são as tensões nominais de lado de AT e BT do transformador.

SN potência aparente nominal do transformador

(1.14.l)

Referindo a ZAT para o lado de BT, usando a relação de transformação, tem-se

(1.14.2)
ou
19

Substituindo na equação 1.14.1, tem-se


2
v,,BT) ZAT ZAT
ZBT(pu) = ( V,,AT ~ = ~ = ZAT(pu) (1.14.3)
sb sb
(1.14.4)
Conclusão: Em um transformador, o valor em pu no lado da baixa ou da alta tensão é
o mesmo. Assim, apresenta-se um só valor na pla~ do transformador, evitando apresentar
dois valores em Ohrns. Esta é uma das vantagens da representação p.u ..

Exemplo 1.14.1: Üm transformador monofásico de 20MVA de 69/13,8kV, possui uma


impedância de O, 762f2 no lado de BT.

a) Qual o valor da impedância em pu


ZBT ZBT o, 762
ZT(pu) = -z-- = ~ = (IJ,Bk)• = O, 08pu
ba••BT _!!J;u;_ 20 M
Sbaae

b) Achar a impedância no lado de AT.

Primeira maneira:
2 2
VNAT) ( 69k )
ZAT= ( V.vBT ZBT=
13 ,Sk 0,762=19,05f2
Segunda Maneira:
(69k) 2
ZAT = ZT(pu)ZbAT =o, 08 20M = 19, osn
e) Qual o valor da impedância em pu do transformador, numa nova base de
30MV A com tensões nominais do Transformador.
2
13.8k) 30M ,
ZTnovc{p~) = O, 08 ( 13, 8k 2QM = O, 12pu

Exemplo 1.14.2: Cm transformador monofásico de lOMVA de 69/13,8kV, com 8% de


reatância. Calcular:

ZBT = ZT(pu)
zba••BT = 0,08loM
(13,8k)2
=
-23n
l.ô
20 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

1.15 Impedância em pu de Bancos de Transformado-


res Monofásicos
Muitas vezes um transformador 3.P é composto por 3 transformadores 14>, formando
um banco. A impedância de placa de cada unidade lq) é referida à sua potência nominal e
tensões nominais.
Quando três unidades ldi sâo interligadas formando um banco em/'::; ou em Y ligados
a uma rede 34>, sua placa fica mudada para:

Vi,(34>) é ditada pela ligação em/'::; ou em Y.

Os dados de placa do transformador l<P estão apresentados na figura 1.15.1, e as


bases são as suas próprias características nominais.

Figura 1.15.1: Transformador Monofásico

Os transformadores l.p podem ser conectados formando diversas combinações de


bancos 3.P. A seguir serão apresentados os dados de placas dos bancos 3.p, originados das
combinações dos transformadores 1<P.

a) Bancos 34> em Y - Y

BASE:
Sb(34>) = 3Sb(l4>)
YbAr(3q\) = V3VbAT(l<P)
VÍ,Br(34>) = V'3iÍiBr(ló)
X X T -1L
faSE
X T -1L
fase
T(3o)Pu = Xb(34>) = v,',_(31')
(1.15.1)
s.(31')

A reatância do Transformador 3q\ em pu, representada pela reatância da fase do Y


equivalente, é a própria reatância do transformador l<P. Assim, a expressão 1.15.1, fica
21

(1.15.2)

( 1.15.3)

Verifica-se que o valor em pu não mudou do transformador 14> para o Banco 3<P,
somente os valores bases foram adaptados à nova ligação.

b) Bancos 3<P em /:::,, - /:::,,

BASE:
Sb(34>)= 3Sb(l<P)
VbAr(3<P) = VbAr(l<P)
VbBr(3<P) = VbBr(l<P)
Para o cálculo em pu é necessário transformar a ligação /:::,,em seu Y equivalente.
A impedância do enrolamento do transformador l<b, é a impedância da fase do /:::,,.
Ver figura 1.15.2.

ZT (1 </Jl

Figura 1.15.2: Transformação /:::,, - Y

A análise da transformação 6 - Y está no Apêndice B.


Como as impedâncias de cada fase do /:::,, são iguais à impedância do transformador
( 1<P), as impedâncias de cada fase do Y equivalente são iguais, e podem ser calculadas pela
expressão 1.15.4.
22 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

. Z1:i.
Zv=3 (1.15.4)

Nota-se que o ângulo das impedâncias do 6 e Y são iguais.


Para obter a reatância do transformador em pu, deve-se calcular a reatância da fase
do transformador em Y equivalente.

(l.15.5)

Substituindo os valores para o transformador l</>, tem-se

XT(3<i>)PU = XT(l<l>)PU

O valor da reatância do transformador é o mesmo, apenas os valores bases foram


adaptados às ligações.

c) Bancos 3</> em Y - 6

BASE:
Sb(3</>) = 3Sb{l</>)
\/i,y = VJVBT(l<t>)
Vbt:i. = V,,AT(l!j>)
Analisando pelo lado do Y, recai-se no mesmo caso da ligação em Y - Y. Analisando
pelo lado do 6, recai-se no mesmo caso da ligação em 6 - 6.

Conclusão: O valor em puda impedância do transformador l</> e do Banco é a~. não


importando o tipo de ligação~

Exemplo 1.15.1: Três transformadores l</> de 50MV A e 132, 8/138kV, com reatância de
O, lpu, são interligados formando um banco Y - 6. O lado BT da unidade l</> é ligado em
Y, e o lado AT do l</> em 6.

a) Qual a placa do Banco?


23

Dados do exemplo na figura 1.15.3 e 1.15.4.

Figura 1.15.3: Transformador l</>

230kV•hl32,8kV

l AT BT
138kV
i b

Figura 1.15.4: Ligação do Banco em Y - 6.

Placa do Banco
Sb(3</>) = 150MV A
ViAT(3.P) = 230kV

ViBT(3.P) = 138kV
Xr =O, lpu
Pode-se observar que houve troca na denominação de AT e BT ao serem realizadas as ligações
do banco 3</>.

b) Qual o valor da impedância do lado AT do transformador l</> em n


zAT (l'i"',/..)=XT (pu ) V,,~r(l<b)
Sb(l</>)
= O, 1(138k)2 = 38 088!1
50M '
24 CAPiTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

e) Qual o valor da impedância do lado 6 do transformador 3<1>

z.6 = ZAr(l<t>) = 38.088n

Fazendo o mesmo cálculo usando pu, aplicando-se a expressão 1.15.4

(138k) 2
Z.6 = 3:Xr(pu)ZbaseBr(3<i>) = 3.0.1. 15
0M = 38.088f2
d) Qual o valor da impedância do lado Y do transformador 3<1>

o, 1.(230k )2
Zv = Xr(pu)ZbaseAr(3<i>) = 150
M = 35, 26f2

1.16 Impedância em pu de Transformadores 3cp de


Três Enrolamentos
O transformador 3.P de 3 enrolamentos interliga 3 níveis de tensão diferentes do
Sistema Elétrico. O seu diagrama unifilar é apresentado na figura 1.16.1.

Primário
H~H Seoondáno

AT MT

BT
Terciário

Figura 1.16.l: Transformador 3.p de 3 Enrolamentos

Os níveis de tensão são denominados:

• Alta Tensão (AT) - Enrolamento Primário

• Média Tensão (MT) - Enrolamento Secundário

• Baixa Tensão (BT) - Enrolamento Terciário

Cada lado é composto por 3 bobinas.


O transformador 3</> de 3 enrolamentos pode ser utilizado para ligar 3 sistemas
elétricos com níveis de tensão distintos, como mostra a figura 1.16.2.
Pode-se, também, usar o terciário ligado em 6 como filtro de seqüência zero, em
aplicações à proteção. Neste caso o terciário deve operar a vazio, isto é, não alimentar carga.
25
USINA DE "'"•>------~ USINA DE
PASSO 1 2 30KV . - - - - - - - - • SAL TO
FUNDO- RS ----_-._.!_._ _--,.-_ _...__.__ OSÓRIO- PR

:LJ SE

T
rrm - .. _J
---i.,,,.,
XANXERÊ- se

138KV
~-----• HERVAL
~----------•., D'OESTE-SC

Figura 1.16.2: Exemplo da Aplicação do Transformador a 3 Enrolamentos

O transformador de três enrolamentos é o elo da ligação de três sistemas elétncos


com níveis de tensão diferentes. Em relação a curto-circuito, considera-se apenas a ocorrência
de curto-circuito em uma das linhas conectadas ao transformador de 3 enrolamentos, pois
a possibilidade de dois curtos ocorrerem simultaneamente em linhas distintas é muito re-
mota. Portanto, levando isto em consideração, a corrente do curto passa pelo transformador
usando sempre dois enrolamentos. Assim, a impedância de curto-circuito do transformador
de 3 enrolamentos é obtida através de ensaio de curto-circuito, usando-se apenas dois dos
enrolamentos, enquanto o outro fica a vazio, isto é, com seus terminais abertos.
O ensaio segue a mesma rotina dos testes para transformadores de dois enrolamentos.
Para o caso de transformador de 3 enrolamentos. o ensaio é feito de acordo com a tabela
1.16.1.

Teste !\. Aplica-se Tensão Curto-Circuito Fica aberto Mede-se


primário secundário terciário Zps
primário terciário secundário Zpt
secundário terciário primário Zst

Tabela 1.16.1: Seqüência da Medição

Onde:

Zps -+ Impedância apresentada pelo transformador de 3 enrolamentos, a curto-circuito no


secundário com alimentação pelo primário. ou seja, é a impedância do primário ao
secundário referida ao primário.

Zpt -+ Impedância a curto-circuito no terciário com alimentação pelo primário.

Zst -+ Impedância a curto-circuito no terciário com alimentação pelo secundário, ou seja, é


a impedância do secundário ao terciário referida ao secundário.
26 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Figura 1.16.3: Circuito Equivalente por Fase em Y

As impedâncias Z,,i, z,,,


e Z, 1 não são adequadas para se compor um circuito equi-
valente por fase. A melhor representação por fase é o esquema em Y de uma única fase
como indica na figura 1.16.3.
Os valores dez,,, Z, e Z1 são obtidos, repetindo-se os testes dos ensaios de curto-
circuito indicados na Tabela 1.16.l. Assim, tem-se

teste n.l -+ z,,. = z,, + z.


teste n.2 -+ Z,,1 = Z,, + Z1 (1.16.1)
teste n.3 -+ z.1 z.
= + Z1
Resolvendo, para explicitar z,,, Z, e Z teremos
1,

z,, = ~(.i,,. + .i,,1 - .i.i)


z. = ~(.i,,. + z.1 - z,,1) (1.16.2)
:i1 = H.i,,1 + :i.1 - :i,,.)
As expressões 1.16.2 só são válidas se todos os valores estiverem em pu na mesma
base, ou se todos os valores das impedâncias em (O) estiverem transferidas a um só enrola-
mento.
Por imposição do modelo da figura 1.16.3, algum valor obtido pela expressão 1.16.2
pode ficar negativo. Isto não representa fisicamente nada, pois do ponto de vista do curto-
circuito, a impedância de oposição é obtida pela soma das impedâncias, isto é, :i,, + :i.,
z.
:i,, + Z1ou + Z1, que são sempre positivas.
Todas as considerações formadas neste item, são também válidas para transformador
monofásico de 3 enrolamentos.
De um modo geral. a sistemática apresentada também é válida para qualquer trans-
formador de "ri" enrolamentos.·

Exemplo 1.16.1:
27

Enrolamento Tensão Nominal de Linha Potência Nominal


Primário 14,85kV 15MVA
Secundário 66,00kV 15MVA
Terciário 4,80kV 5,25MVA

Tabela 1.16.2: Valores Nominais

Os valores nominais de um transformador 3</> de 3 enrolamentos estão indicados na


Tabela 1.16.2.
Após a realização dos ensaios de curto-circuito efetuados em laboratório, os valores
das impedâncias obtidas foram transformados em índices percentuais, e estão indicados
abaixo.
teste n.1 -+ Zpa = 6, 9% em 14, 85k V e 15MV A
teste n.2 -+ Zpt = 5, 6% em 14, 85k V e 5, 25MV A
Z, 1 = 3, 8% em 66k V e 5, 25MV A
teste n.3 -+

Obs.: Note que nos testes n.2 e 3 a potência de referência no teste foi de 5, 25MVA, porque
o terciário foi curto-circuitado e a lcc(3</>) no enrolamento do terciário tem que ser limitada
a sua capacidade nominal.

Resolução
Zp.,Zpt e .i.1 tem que estar em pu na mesma base.

Base adotada
Sbaae = 15MV A
{ Viase = tensões nominais dos respectivos enrolamentos

.ir>• = jO, 069pu já está na própria base.


No cálculo de Zpi, há necessidade de mudança de base.

z = .0 056 ( 14. 85k) 15M


2
Zpt = jO, 16pu
r>t J ' 14,85k 5,25M

Mudança de base também em Z, 1

2
· . (66k) 15M Z,1 = jO, 109pu
Zst = ;O, 038 66k 5, 25M

Portanto, como os valores de Zpi, .ir>• e Z, 1 estão numa mesma base, é possível
utilizar a expressão 1.16.2. Assim, após as substituições, tem-se

.ip = iuo, 069 + 10, 16 - 10, 109)


28 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

. 1 . . .
Zs = 2(JO, 069+10,109 - 10, 16)
. 1
Zt = 2(j0, 16+jO,109 - jO, 069)

ZP = jO, 06pu
Zs = jO, 009pu
Zt = jO, lpu
O diagrama de impedância por fase é o da figura 1.16.4.

p -· &Q.Q.Q;-rm :
jü,06 - = - 9_ _ _.._
ts

iü,1
Neutro

Figura 1.16.4: Circuito Equivalente por Fase

1.17 Representação em pu Por Fase de Um Sistema


de Potência Completo
Um Sistema de Potência é formado pela conexão de vários componentes (Geradores,
Transformadores, LTs, Cargas, etc), que tem suas impedâncias próprias por fase em níveis
de tensão diferentes devido à relação de transformação dos transformadores.
Os valores. das impedâncias no diagrama de impedância do sistema de potência,
podem ser dados de dois modos:

• todas as impedâncias em Ohm referidas a um mesmo nível de tensão.

• todas as impedâncias transformadas em pu numa única base.

Esta última alternativa é a mais simples, portanto adotada mundialmente. O pro-


cedimento para escolher a base a ser usada no sistema de potência é mostrado a seguir.

a) Seleção da base de potência aparente


Adota-se para todo o Sistema uma única potência base (Sbase)·
29

b) Seleção da tensão base


Escolhe-se uma Tensão Base de um certo nível de Tensão, que fixa através da relação
de transformação dos transformadores as tensões base nos outros níveis de tensão. Portanto,
a cada nível de tensão do sistema corresponde a um valor base de tensão.
A seqüência do cálculo para transformar as impedâncias dos elementos do sistema
elétrico em pu é feito a partir do nível de tensão da tensão base adotada inicialmente.

Exemplo 1.17.1:
Fazer o diagrama de impedância do sistema da figura 1.17.1, usando como base as
características nominais do gerador síncrono G 1 .

10MVA

T3H-B
y 13,SKV
x 1=12%
x=16%
2
Y6 x02 õ%
t5MVA
f38/13,2KV
X1LT=90.Cl
xT;12%
x 0• 21on
e
TzH-8

XtLT• 40!1 '12n

xºLT=tson .i{~ 20MVA


20MVA
ISKV
138/ISKV x =t3%
xT;to"lo 1
x2=1s%
Xo• 4º/o

Figura 1.17.l: Diagrama Unifilar

O diagrama contém dados de seqüência negativa e zero, cujos parâmetros serão


vistos nos capítulos subseqüentes.
Para resolver o exemplo. usar somente os parâmetros denotados pelo índice 1.

Gerador Síncrono G 1 :

Viasea 1 =13,SkV
Base {
Sbase = 30MV A

X 1 = O, 15pu está na própria base


30 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Transformador T1 :
Mudança de base no lado ~-usando a expressão 1.13.4, tem-se
2
13,2k) 30M
XTlnouo =O, 10 ( 13,8k . 35M = 0,078pu

Linha de Transmissão bc:


Cálculo da tensão base no nível de tensão da linha de transmissão. Pela relação do
transformador T1 , tem-se

138k ) ( 138k )
Ybaa•LTb, = ( 13 , 2k Vbaaea 1 = , k .13, 8k = 144, 27.kV
13 2

Impedância base é calculada usando a expressão 1.12.4.

zbaa•LTb, = {144, 27k)2 = 693 79!1


'
30 M

Linha de Transmissão ce:

x 1LTco --~-o o·-


693, 79 - ' 01pu

Transformador T2 :
Mudança de base usando o lado de AT, da expressão 1.13.4, tem-se
2
138k ) 30M
XTlnouo = 0.10 ( 144 , 27 k 20M =O, 137pu

Gerador Síncrono G 2 :
Cálculo da tensão base no nível de tensão do gerador síncrono G 2 • Pela relação do
transformador T2 , tem-se

Vbaaea 2 = ( 18kk ) · Yba••LTb, 18kk )


= ( 138 .144,27k\t' = 18,82kV
138

Efetuando-se a mudança de base, tem-se


2
X1
Glnouo
=0.13 (
~
18, 82k )
30Af
20
M = O, 178pu
31

Transformador T3 :
Mudança de base no lado de AT do Transformador T3 .
2
138k ) 30M
XT3novo = 0,12 ( 144,27k 15M = 0,219pu
Motor Síncrono (M):
Cálculo da tensão base no nível de tensão do motor síncrono (M).

144, 27k = 13, 8kV

Fazendo mudança de base:


2
13.8k) 30M
X1Mnovo =O, 12 ( 13, 8k lOM = 0,36pu

O diagrama unifilar por fase do sistema com os respectivos valores em pu está na


figura 1.17.2.

Neutro = Terra

Figura 1.17.2: Diagrama Unifilar por Fase do Exemplo 1.17.1

1.18 Vantagens dos cálculos em por unidade


As mais significativas vantagens do uso de valores em pu nos sistemas elétricos, estão
apresentadas a seguir.
32 CAPíTULO 1. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

• simplifica os cálculos. porque todos os valores em pu estão relacionados ao mesmo


percentual;

• quando os cálculos são feitos em pu. não há necessidade de referir todas as impedâncias
a um mesmo nível de tensão, pois, uma determinada impedância sempre tem o mesmo
valor, não importando o nível de tensão em que se encontra (Z(pu) = ~). Para
cada nível de tensão, temos um valor diferente Z(!1), mas varia também Zbase. de tal
forma que a relação é sempre a mesma;

• os fabricantes de equipamentos elétricos, tais como geradores, motores, transformado-


res, etc, nos fornecem nas placas desses equipamentos, os valores das impedâncias em
valores percentuais dos valores nominais do equipamento;

• as impedâncias de equipamentos como transformadores (caso mais típico) do mesmo


tipo, mas com potências muito diferentes, apresentam quase sempre o mesmo valor
quando expressas em pu ou percentual;

• modifica todos os transformadores para uma relação de transformação de 1 : 1, assim


o transformador não precisa ser representado no diagrama de impedância;

• necessita de apenas o valor em pu da impedância do transformador, sem referir a


qualquer lado (enrolamento):

• os valores em pu de equipamentos variam em uma faixa relativamente estreita. en-


quanto os seus valores reais variam em faixas amplas;
Capítulo 2

Componentes Simétricas

2.1 Introdução
Os curto-circuitos em sistemas elétricos de potência geram desbalanceamentos, difi-
cultando os cálculos e as simulações da ocorrência.
Por não existir ferramenta analítica adequada, inicialmente, os estudos e análises de
comportamento dos sistemas às diversas solicitações e ocorrências eram feitas em réplicas
miniaturizadas, às vezes construídas no próprio pátio das empresas. Isto. evidentemente,
trazia muitas dificuldades, principalmente pelo fato de o modelo reduzido ter que acompanhar
as mudanças e manobras do sistema original.
O caminho para a obtenção de uma ferramenta analítica que facilitasse àqueles
estudos começou a ser explorado em 1895. I\o estudo dos motores monofásicos foi lançada a
idéia de decompor o campo magnético estacionário pulsatório, gerado pelo estator. em dois
campos girando simultaneamente em direções opostas.
O motor monofásico pode girar para a esquerda ou para a direita dependendo do
impulso de partida, que faz com que o rotor se amarre a um dos dois campos rotativos.
estabelecendo conseqüentemente, o sentido de rotação.
Em 1915, Leblanc imaginou decompor as correntes trifásicas desequilibradas em três
grupos que seriam produzidos por três campos magnéticos, da seguinte maneira:

• um campo magnético girando em uma direção;

• um campo magnético girando em uma direção oposta;

• um campo magnético estático, pulsatório.


Estas idéias criaram corpo e, ainda em 1915, o Dr. C.L. Fortescue, conseguiu for-
mular uma ferramenta analítica muito poderosa, propondo, de maneira genérica, a decom-
posição de qualquer sistema de "n" fases desequilibradas nas suas respectivas componentes
simétricas equilibradas.
A formulação proposta por Fortescue, foi mais tarde, adaptada e aplicada aos ele-
mentos que compõem o sistema elétrico de potência. Isto possibilitou a aplicação de todas

33
34 CAPí'JULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

as técnicas já conhecidas e dominadas de circuitos trifásicos equilibrados aos sistemas des-


balanceados pelos curto-circuitos, através das componentes simétricas.
Posteriormente com o advento do computador digital, simulações no sistema elétrico
viraram rotinas.

2.2 Teorema de Fortescue


Fortescue, através do teorema intitulado de "Método de componentes simétricas
aplicado à solução de circuitos polifásicos", estabeleceu que um sistema de "n" fasores de-
sequilibrados pode ser decomposto em "n" sistemas de fasores equilibrados, denominadas
componentes simétricas dos fasores originais. A expressão analítica geral para um sistema
desequilibrado com n fases é dado por:

vª = vªº + vª + i~ 2 + vª, + · · · + vª, + · · · +


1 vª(n-l)

Vi, = vbo + vb, + i·;,, + Vi,, + ... + Vi,, + ... + vb(n-1)

i-;, = vcº + i-;,, + Vc, + i-;,ª + · · · + Vc, + · · · +


v"<n-1)
(2.2.1)

O sistema desequilibrado original de seqüência de fase a, b, c, · · ·, n é representado


pelos seus n fasores vª, vb, i-;,, ... , vn. que giram em velocidade síncrona na freqüência da
rede polifásica.
Cada um dos fasores. conforme equação 2.2.1 é decomposto em n fasores, designados
por componentes de seqüência zero, 1. 2, 3... k ... n - 1. Com isto se obtém um conjunto de n
sistemas equilibrados, ou seja, os n sistemas de seqüências descritas a seguir.
Cada seqüência é composta de n fasores equilibrados, isto é, de mesmo módulo e
igualmente defasados.
A defasagem fh de dois fasores consecutivos do sistema de seqüência k-ésima, é dada
por:

(2.2.2)

Assim, tem-se os sistemas de:

sequencia zero: é o conjunto de n fasores 1>ªº, 1>;,0 , i'co, · · ·, Vno de mesmo módulo e em fase,
girando no mesmo sentido e velocidade síncrona do sistema original de n fases.
0

seqüência 1: é o conjunto de n fasores Va,, Vi,,, i'ci, · · ·, i-;,1 de mesmo módulo, com defasa-
- - mento de~' girando no mesmo sentido e velocidade do sistema polifásico original.
35

seqüência 2: é um cónjunto de n fasores, Va 2 , i-í, 2 • \Í;,2 • • · , Vn,, de mesmos módulos. com


defasamento entre si de 2 ( ~), girando no mesmo sentido e velocidade síncrona do
sistema original.

seqüência k-ésima: é um conjunto de n fasores \rª•, vb., V.:., ... ,vn.,


de mesmo módulo,
com defasamento entre si de k ( ~), girando no mesmo sentido e velocidade síncrona
do sistema original.

Observe-se, que fisicamente o sentido da seqüência 2, ou de todas as seqüências de


ordem par. tem os seus conjuntos de seqüência girando contrários aos da seqüência 1. ou de
ordem ím~ar. Esta é a real interpretação física. É o que ocorre de fato no sistema, pois as
seqüências de ordem par geram campos girantes contrários aos do sistema original. Como
apresentado no Teorema de Fortescue, no entanto. todas as seqüências giram no mesmo
sentido. Isto é obtido permutando coerentemente as fases das seqüências pares, de modo a
possibilitar o equacionamento e as operações com os fasores.
Note-se que pelo teorema de Fortescue, a denominação de seqüência, que é um
conjunto de fasores balanceado. é referida quando dois fasores sucessores tem a mesma
defasagem angular, mas o conjunto dos n fasores não precisam necessariamente formar um
sistema simétrico.
Somente os sistemas polifásicos, com n igual a um número ímpar, terão sempre
os sistemas de seqüência em perfeita simetria dos fasores. Já o de ordem par, não terá a
simetria, serão apenas mantidas as defasagens entre dois fasores consecutivos.

2.3 Teorema de Fortescue a Sistemas Trifásicos


A formulação de Fortescue é válida para qualquer sistema com n fases, mas como
o sistema elétrico adotado internacionalmente é o trifásico, far-se-á um aprofundamento no
sentido de dominar todas as peculiaridades do Teorema aplicado ao sistema trifásico.
O teorema de Fortescue, aplicado à redes trifásicas, fica assim formulado: "Um
sistema 3<P de três fasores desbalanceados pode ser decomposto em três sistemas 3<P de três
fasores balanceados chamados de componentes simétricas de seqüência positiva. negativa e
zero". As definições de seqüência positiva, negativa e zero serão vistas a seguir.

2.4 Sistema Trifásico de Seqüência Positiva


É um conjunto de 3 fasores balanceados. ou seja, de mesmo módulo, defasados de
120º, com a seqüência de fase idêntica a do sistema 3<P original desbalanceado.
Notação:Índice 1 representa seqüência positiva.
O diagrama fasorial do sistema trifásico de seqüência positiva está na figura 2.4.1.
O sistema trifásico original tem uma seqüência de fase, que por conveniência será re-
presentada por abc, cujos fasores giram na velocidade síncrona (worigina/). O sistema trifásico
36 CAPíTULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

...
o b c = Sequência positiva
1 1 1
001 =w Síncrona

Figura 2.4.1: Seqüência Positiva

de seqüência positiva deve ter três fasores abc,


na mesma seqüência e velocidade síncrona do
sistema original.
Esta condição é simulada colocando um observador, figura 2.4.1, que vê as pontas
dos fasores girando na seqüência abc, isto é, positiva.
Supondo que os três fasores da figura 2.4.1 sejam tensões, e como são por definição
equilibradas, pode-se escrever:

(2.4.1)

Em módulo, elas são iguais, isto é:


(2.4.2)

As outras tensões foram expressas em função de Va,, porque o sistema é equilibrado,


então basta analisar uma única fase.
Em vez de usar o termo 1Í!1Q0 , é praxe, substituir este número complexo por uma
representação literal, batizada de ã, conhecida como operador rotacional. Assim,
ã= ifw_o (2.4.3)

é interpretado como um operador que aplicado a um fasor, gira-o de 120º no mesmo sentido
da rotação indicada pela velocidade w1 da seqüência positiva.
37

Na forma quadrangular o operador â vale:

(2.4.4)

As diversas combinações envolvendo o operador â, estão no Apêndice C.


Assim a expressão 2.4.1 colocada em termos do operador â fica:

vª,
Íi, = â
2
.Va, (2.4.5)
vci =a.Vª'
2.5 Sistema Trifásico de Seqüência Negativa
É um conjunto de 3 fasores equilibrados, girando numa seqüência de fase contrária a
do sistema original desbalanceado, em velocidade síncrona contrária a da seqüência positiva.
Notação: Índice 2 representa seqüência negativa.
O diagrama fasorial do sistema trifásico de seqüência negativa é o da figura 2.5.1.

a
2
e
..
2 b2=Sequência
negativo

Figura 2.5.1: Seqüência Negativa Real

Para possibilitar as operações algébricas com fasores, os fasores da seqüência ne-


gativa deverão girar no mesmo sentido da seqüência positiva. Assim, o diagrama fasorial
modificado fica o da figura 2 ..5.2.
38 . CAPíTULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

a e ~= Sequência negativa
2 2

+o
Jj_
Figura 2.5.2: Seqüência Negativa Modificada pelo Teorema de Fortescue

Note-se que do ponto de vista do observador não houve nenhuma mudança. É exa-
tamente isto que ocorre no enrolamento de uma máquina síncrona, ou de um transformador.
Portanto, para fazer esta adaptação, há necessidade de trocar a denominação de
dois fasores, isto é, trocar o fasor b pelo e. Na prática, trocando duas fases de um motor
trifásico de indução, o mesmo inverte a sua rotação.
Colocando-se os fasores tensão em função da tensão da fase a, tem-se

vªvb 2

= á.Vª 2 (2.5.1)
2

Í'c2 = á 2 .Va2

2.6 Sistema Trifásico de Seqüência Zero


É um conjunto de 3 fasores iguais, em fase, girando no mesmo sentido da seqüência
do sistema original desbalanceado, isto é, da seqüência positiva.
Notação: Índice Zero representa seqüência zero.
O diagrama fasorial do sistema trifásico de seqüência zero, é o da figura 2.6.l.
Em termos de tensão, os fasores de seqüência zero ficam

(2.6.1)
39

Figura 2.6.1: Seqüência Zero

Todas as considerações e formulações foram feitas para tensão, o mesmo poderia ser
feito para as correntes que percorrem as fases do sistema trifásico.

2.7 Expressão Analítica do Teorema de Fortescue


Com as definições apresentadas nos itens anteriores, pode-se colocar o Teorema de
Fortescue em representação analítica.
Como já foi dito, um sistema trifásico desequilibrado é composto por três sistemas
trifásicos equilibrados de seqüência zero, positiva e negativa. Portanto, fazendo a super-
posição dos três sistemas equilibrados, obtém-se como resultado real o sistema desbalanceado
original. A expressão analítica do teorema de Fortescue é:

Va = Va + Va, + Va2
0

vb = vbo + vb, + Vi,,


- -- -
{2.7.1)
Vc = Voo + Vc, + Vc 2

A B C D

A = Sistema trifásico desequilibrado

B = Sistema trifásico equilibrado de seqüência zero

C = Sistema trifásico equilibrado de seqüência positiva

D = Sistema trifásico equilibrado de seqüência negativa

A expressão 2.7.l mostra claramente o teorema de Fortescue. Como os sistemas


trifásicos de seqüência sâo equilibrados basta então fazer todo o estudo em relação a uma
fase "a".
Usando as expressões 2.4.5, 2.5.1, 2.6.1, de modo a colocar todas as tensões em
função da fase "a", a expressão 2.7.l fica
40 CAPíTULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

Va = i-~ 0 + V. + Va
vb = vªº + a2vª + aV.
1 2

1 2
(2.7.2)
vc = vªº + avª' + a vª 2
2

Ou, mais claramente, em forma matricial

[~ l
~
= [ ~ ªª ~ ~:V,,
1
2

<i
2 l[ l 2
(2.7.3)

Representando a matriz por T, tem-se

(2.7.4)

T é uma matriz quadrada 3x3, conhecida como matriz transformação das compo-
nentes de seqüência nos fasores originais do sistema desbalanceado.

Exemplo 2. 7.1: Dados três conjuntos 34> de seqüência positiva, negativa e zero, (Figura 2. 7.1),
aplicando a expressão 2.7.1, obter graficamente o conjunto de fasores 3</> desbalanceados.

Figura 2.7.1: Exemplo Gráfico do Teorema de Fortescue

2.8 Componentes de Seqüências em Função do Sis-


tema Trifásico Desbalanceado
Para obter as componentes de seqüência, em função do sistema desbalanceado, deve-
se, determinar o inverso do indicado na expressão 2.7.2. Manipulando-se a expressão 2.7.2 de
41

modo a explicitar, isto é, isolar os termos de Vªº' Va, e Va em função dos valores verdadeiros
vª, vb
e li;,, tem-se
2

Vao = ~ [Vª + V,, + li;,)


vª, = ~
Va2=~ V..+à 2 Vdàli::~
V..+ àV,, + à 2 Vc (2.8.1)

Ou, em representação matricial,

(2.8.2)

Portanto, define-se

r- 1 = ~ 1i à1 à12
3 [ 1 à2 à
l (2.8.3)

Sendo r- 1 a matriz inversa de T, ou seja, é a matriz transformação dos fasores


originais verdadeiros de fase nos fasores componentes de seqüência.
A matriz inversa r- 1 , também poderia ser obtida por qualquer processo de inversão
de matriz, aplicado diretamente na matriz T.

2. 9 Teorema de Fortescue em Termos de Corrente


Toda apresentação do teorema de Fortescue foi formulada em termos do fasor tensão,
no entanto, o mesmo se aplica aos três fasores de corrente do sistema trifásico desbalanceado.
Isto porque as operações das matrizes de transformação Te r- 1 , podem ser aplicadas a
qualquer conjunto de fasores 34>.
Assim, para as correntes da expressão 2.7.3, obtém-se

(2.9.1)

E da expressão 2.8.2, obtém-se

(2.9.2)
42 CAPíTULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

2.10 Análise da Corrente de Seqüência Zero


A Seqüência Zero tem uma característica muito peculiar, de extrema singularidade.
em que os fasores estão em fase, mesmo assim recebe a denominação particular de sistema
trifásico balanceado.
Seu estudo merece destaque porque sua interpretação é de extrema importância.
As conclusões obtidas produzem interpretações físicas, com aplicação direta à proteção do
sistema elétrico.
Da expressão 2.9.2, explicitando o fasor t 0 , tem-se

(2.10.1)

Com a expressão 2.10.1, pode-se analisar os seguintes casos:

a) Sistema trifásico terminando em Y aterrado ou com neutro.


É o caso de uma carga equilibrada ou não, ou de um transformador ligado em Y-i
A figura 2.10.1 mostra a ligação. .,.

Ía

Figura 2.10.1: Carga Ligada em Y""1-

Aplicando a Primeira Lei de Kirchhoff no nó da estrela, tem-se

jN = Ía + Íd Íc (2.10.2)

Substituindo em 2.10.1, tem-se

(2.10.3)
43

Isto significa que só pode existir corrente de Seqüência Zero em um sistema com
Neutro ou Aterrado.

b) Sistema trifásico em Y não aterrado e desbalanceado


É o caso de uma carga em Y desbalanceada ou carga balanceada e/ou transformador
com uma fase aberta. A ligação está apresentada na figura 2.10.2.

Figura 2.10.2: Carga Ligada em Y

Aplicando-se a Primeira Lei de Kirchhoff no nó, tem-se

Substituindo na expressão 2.10.1, obtém-se

(2.10.4)

Portanto. de acordo com a conclusão do item "a", como o sistema não está ater-
rado, não haverá possibilidade de ter corrente de seqüência zero. Note-se que a corrente de
seqüência (ia 0 ) precisa de um circuito fechado, para que possa circular.

c) Sistema trifásico em /::,. desbalanceado


Caso de carga em /::,. desbalanceado ou ligação do transformador em /::,. com uma
fase aberta.
A figura 2.10.3 mostra a ligação.
Neste caso, aplicando a Primeira Lei de Kirchhoff no "Super Nó", isto é, a soma das
correntes que entram no "Super Nó" é igual à soma das correntes que saem. Assim,
44 CAPi'TULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

Figura 2.10.3: Carga Ligada em !:::,

Substituindo na expressão 2.10.1, tem-se finalmente

(2.10.5)
As conclusões são as mesmas do item "b", isto é, não existe Seqüência Zero.

Exemplo 2.10.1: Um condutor de uma linha 3qi está aberto. A corrente que flui para uma
carga em Y (Figura 2.10.4) pela linha "a" é de 25A. Fazendo a corrente na linha "a" como
referência e supondo que seja a linha "c" aberta. Determinar as componentes de seqüência
das correntes de linha.

. .. . . .
ic =O
Ib =- Io

Figura 2.10.4: Carga em Y


45

Resolução
Pela figura 2.10.4, tem-se

t = 25ÍQºA
Substituindo os valores acima na expressão 2.9.2, obtém-se

. 1 (. . )
fao = 3 la - la +O t. =o
·
la, = 31 ( la· - .•
ala+ O
) ia - a).
= 3(1
De acordo com o Apêndice C, tem-se

1- à = v'3 /- 30°

j ª' = ~ '3/- 30°


3 V.J

25
i = \/'3 / - 30º A
ª' 3
ou

. 1 (. .2 . )
la 2 = 3 la - a la +O

j ª2 = ~(1-â
3
2)
As equações do Apêndice C indicam que:

1 -â 2 = v'3@0
j - i.J3hfrº
ª' - 3

i., = 2.5J3 áo_o A


3
ou
i., = 14,43flQºA
Construindo-s<> graficanwnte o teorema de Fortescue, através da aplicação da ex-
pressão 2.9.1, tem-se a figura 2.10.5.
46 CAPi'TULO 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS

Figura 2.10.5: Solução do Exemplo 2.10.1


Capítulo 3

Gerador Síncrono

3.1 Introdução
As formulações contidas no Capítulo 2 necessitam ser adaptadas para o cálculo das
correntes de curto-circuito que produzem desbalanceamento no sistema. Com o desenvolvi-
mento do Teorema de Fortescue, a atenção dos engenheiros de sistemas elétricos foi dirigida
para a aplicação do mesmo às necessidades que se apresentavam, ou seja, a obtenção dos
novos dados relativos às seqüências. Isto foi um desafio que exigiu tempo, dedicação e novos
estudos, porque não se dispunha de parâmetros relativos aos sistemas de seqüências, princi-
palmente os de seqüência negativa e zero. O conhecimento existente até então era somente
o relativo ao sistema trifásico equilibrado.
Assim, cada componente que constitui o sistema elétrico foi estudado, ensaios foram
elaborados e testes de laboratório foram efetuados, para permitir a obtenção das impedâncias
de seqüência, que são os parâmetros que se opõem às suas respectivas correntes de seqüência.
Com o passar do tempo, demonstrado ser o Teorema de Fortescue uma poderosa
ferramenta e vencido o desafio de aplicá-lo aos sistemas de potência, tornou-se disponível
uma sistemática de análise e estudos de sistemas elétricos que até hoje é explorada.
Portanto, o teorema de Fortescue foi demonstrado ser uma ferramenta poderosa, o
desafio de aplicar ao sistema de potência foi vencido, e os benefícios até hoje são explorados.

3.2 Impedância de Seqüência dos Equipamentos do


Sistema
Como já foi visto, um sistema elétrico trifásico será decomposto, segundo Fortescue,
em três sistemas elétricos trifásicos denominados de seqüência positiva, negativa e zero. Isto
leva à necessidade de se obter o modelo do sistema para cada componente de seqüência,
ou seja, haverá a necessidade de modelar o sistema para as seqüências positiva, negativa e
zero. Os três modelos obtidos são sistemas trifásicos equilibrados, sendo portanto, necessário
efetuar o estudo apenas de uma única fase, sendo a fase "a" adotada como referência.

47
48 CAPfTULO 3. GERADOR SfNCRONO

Portanto, através de ensaios em laboratório, ou pela característica do material e


forma de ligação, deve-se calcular ou medir a impedância apresentada pelo equipamento
quando submetido a cada seqüência individualmente. Assim, genericamente:

Z1 é a impedância apresentada pelo equipamento à seqüência positiva

Z2 é a impedância apresentada pelo equipamento à seqüência negativa

Z0 é a impedância apresentada pelo equipamento à seqüência zero

Para os estudos de curto-circuito, os elementos importantes a umsiderar no sistema


elétrico são os geradores, transformadores, linhas de transmissão e a configuração da rede.
Os modelos de seqüência positiva, negativa e zero destes equipamentos serão anali-
sados nos itens e capítulos seguintes.

3.3 Gerador Síncrono: O Elemento Ativo do Curto-


Circuito
É o gerador síncrono o elemento principal, o mais importante em todo o sistema
de energia elétrica. Ele supre, dentro de sua limitação, as energias solicitadas pelas cargas,
mantendo os níveis de tensão dentro de uma faixa estreita, de tal maneira que não venha a
comprometer os elementos à jusante e à montante, garantindo a continuidade e a estabilidade
do sistema.
Quando da ocorrência de um curto-circuito no sistema, a impedância vista pelo gera-
dor síncrono cai violentamente. Em conseqüência, o gerador, tentando garantir as condições
acima, injeta no sistema uma corrente de curto-circuito elevada. O defeito só será eliminado
com o adequado funcionamento da proteção e a devida abertura do disjuntor correspondente.
Portanto, o gerador síncrono é o elemento ativo do suprimento da corrente de curto-
circuito, e o seu comportamento será analisado no decorrer deste capítulo.

3.4 Teste de Curto-Circuito Trifásico no Gerador Sín-


crono
Primeiramente será analisado o curto-circuito trifásico, isto é, o que permite a
obtenção do circuito de seqüência positiva. A análise do espectro de corrente deve ser feito
através de ensaio em laboratório, usando um oscilógrafo de alta sensibilidade, que registrará
a evolução da corrente durante todo o período do curto-circuito.
O ensaio é feito aplicando-se um curto-circuito trifásico nos terminais do gerador
síncrono, inicialmente com tensão nominal e girando à vazio em velocidade síncrona. Ver
figura 3.4.1.
49

t=O

w Síncrono

Figura 3.4.1: Ensaio de Curto-Circuito Trifásico no Gerador Síncrono

Oscilografando simultaneamente as correntes de curto-circuito nas 3 fases do gera-


dor síncrono, obtém-se, dependendo do instante do chaveamento, as correntes mostradas na
figura 3.4.2, extraída da referência [22].

Tempo

Faacb

Figura 3.4.2: Forma de Onda das Correntes de Curto-Circuito Trifásico nas Três Fases de
um Gerador Síncrono.

Estas correntes são conhecidas por correntes assimétricas de curto-circuito <" são
compostas por uma componente contínua e uma componente alternada.
A componente contínua é decrescente, e aparece devido à importante propriedad1•.
de o campo magnético, mais propriamente o fluxo magnético, não poder variar bruscanw11tP.
obrigando a que as correntes de curto das três fases devam partir do zero.
50 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

Para facilitar a análise. fazendo as correntes de curto-circuito passarem por um filtro,


de modo a eliminar a componente contínua, pode-se verificar que as correntes das três fases
estão contidas na envoltória da figura 3.4.3, extraída da referência [22].

Período subtransitúrio

envoltúria transitúria

Figura 3.4.3: Envoltória das Correntes de Curto-Circuito.

Independentemente de quando vai ocorrer o chaveamento efetuado pelo disjuntor,


todas ondas de correntes de curto-circuitos estão contidas na envoltória. Isto é muito im-
portante porque dispensa a necessidade de estudar a forma de onda da corrente, bastando
analisar o comportamento da envoltória, que representa todas as correntes do curto-circuito.
Note-se que a forma de onda da corrente de curto não é fixa. Seus valores de pico
(cristas) inicialmente grandes, vão caindo ciclo a ciclo, até se estabilizar, atingindo o período
de regime permanente de curto-circuito.
Apesar disto, a corrente AC é simétrica em relação ao eixo do tempo, sendo, por
isto, conhecida como corrente simétrica de curto-circuito.
Devido a esta simetria, pode-se analisar apenas a parte de cima da envoltória. como
caracterizado na figura 3.4.4.
Como é o gerador síncrono que supre a corrente de curto-circuito, e esta, inicial-
mente, tem um valor grande, que vai decrescendo até atingir o regime permanente, pode--se
compreender que o gerador tem uma reatância interna variável, desde um valor pequeno até
a sua tradicional reatância síncrona (Xs), de regime permanente. Isto é:

Xinic1al :S:: Xgerador :S:: X,;ncrono (3.4.l)


Como a resistência interna do enrolamento da fase do gerador síncrono é muito
pequena em relação à reatância interna, o seu valor não é considerado na modelagem de
curto-circuito.
Por ser a reatância interna do gerador síncrono variável, fica extremamente difícil
calcular analiticamente a corrente de curto. Para facilitar a análise, supõe-se que a corrente
51

E.tropoloção do
envoltório transitório

Envoltório do corrente
o
u
I~= a Amplitude do corrente

:i,.AX • 9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ·- - - - - - - - -
RP

Tempo

Figura 3.4.4: Parte Superior da Envoltória

de curto-circuito tenha o comportamento indicado pela parte de cima da envoltória e esta,


subdividida no tempo, em três períodos:
\l05 d.,._\ \ (lT\I> \
• Período Sub-Transitório t-- ... e · uJ,\do 'd "'"'-'

• Período Transitório
• Período de Regime Permanente ~ _.... ~

Para cada período será definida uma reatância interna do gerador síncrono, estudado
nos itens seguintes.

3.5 Período Sub-Transitório da Corrente de Curto-


Circuito do Gerador Síncrono
O período sub-transitório, caracterizado pelo trecho "bc" da figura 3.4.4, é o período
inicial da corrente de curto-circuito do gerador.
Com a atenuação do sub-transitório, o gerador entra no período transitório, indicado
pelo trecho "cd". Após o desaparecimento deste, o gerador fica no período de regime perma-
nente, trecho "dh", caracterizado pela reatância síncrona (X 5 ). Todos os enrolamentos, isto
é, as bobinas das fases do estator (armadura), as bobinas do enrolamento de campo do rotor
e o enrolamento amortecedor, contribuem para o aparecimento dos períodos sub-transitório
e transitório.
O enrolamento amortecedor, figura 3.5.1 (obtida da referência [29]), colocado em
curto-circuito na cabeça do pólo do rotor, é o principal responsável pelo aparecimento do
período sub-transitório no gerador. Sua atuação é idêntica à gaiola de um motor de indução.
No entanto, em regime permanente, o rotor do gerador síncrono gira à velocidade
síncrona, ou seja, não existe escorregamento. Em conseqüência, não haverá indução de
52 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

Anel de cuno-circuito

N ~ S

Figura 3.5.1: Enrolamento Amortecedor

correntes no enrolamento amortecedor e tudo se passa como se ele não existisse. Sua pre-
sença e eficiência serão sentidas no instante inicial de curto-circuito. Isto porque, com o
curto-circuito, se estabelece. momentaneamente, variação entre o campo girante do estator
(armadura) e o do rotor, induzindo correntes no enrolamento amortecedor. Estas correntes
produzem um fluxo magnético adicional, atuando como freio impedindo maiores oscilações
do rotor, conferindo maior estabilidade ao gerador síncrono.
Portanto. o enrolamento amortecedor é importante para aumentar-a estabilidade do
gerador frente ao sistema elétrico. Mas, em contra-partida. aumenta a corrente de curto-
circuito, e conseqüentemente. aumentando também o dimensionamento dos disjuntores, e
TC's.
Um gerador síncrono. sem enrolamento amortecedor na cabeça polar, não terá o
período sub-transitório e o curto-circuito se dará imediatamente dentro do período tran-
sitório. Neste caso, o período seria representado pelo trecho "ad" da figura 3.4.4.

3.6 Período Transitório da Corrente de Curto-Circui-


to do Gerador Síncrono
O período transitório, é caracterizado por um decaimento mais suave e com período
maior do que o período Sub-transitório.
O principal responsável pela manutenção deste período é o enrolamento de campo
do rotor do gerador síncrono. Este enrolamento é energizado por uma fonte de corrente
contínua, cuja corrente cria o campo magnético. Este campo magnético gira em velocidade
síncrona acompanhando o rotor acionado por uma máquina primária. Durante o curto-
circuito, a brusca mudança no estado da topologia da rede provoca oscilações, fazendo o
enrolamento de campo do rotor funcionar como uma gaiola, na qual. é induzida, por reação,
uma corrente alternada.
O enrolamento de campo é encarado como um curto-circuito pela corrente AC in-
53

<luzida. As oscilações vão diminuindo e o gerador síncrono entra no período de regime


permanente.

3. 7 Período Permanente da Corrente de Curto-Cir-


cuito do Gerador Síncrono
O período permanente é extremamente conhecido e analisado profundamente em
qualquer bibliografia sobre máquinas síncronas. Este período é caracterizado pela reta "gh",
figura 3.4.4. Note-se que esta reta é o lugar geométrico dos valores de picos da onda senoi-
dal da corrente alternada de curto. O comportamento em regime permanente do gerador
síncrono, em curto-circuito ou em carga é o mesmo. Na prática, os dispositivos de proteção
eliminam o defeito através da abertura do disjuntor.
Na realidade, durante a ocorrência de um curto-circuito no sistema, o gerador
síncrono não chega a atingir o regime permanente de curto, porque os dispositivos de
proteção, isto é, os relés, promovem a abertura dos disjuntores, eliminando o defeito.
Os curto-circuitos devem ser eliminados pela proteção ainda no período sub-transitó-
rio. Se a proteção falhar, por algum problema. deverá atuar então, a proteção de retaguarda,
que é temporizada e atua no período transitório.

3.8 Equação da Envoltória das Correntes de Curto-


Circuito
A curva da envoltória descrita na figura 3.4.4, é representada pela expressão 3.8.1.

i(t)envoltória = (I::iáx - 1:náx) e r.!'ub-tran.ntôr10 +


(3.8.1)

Onde:

t ....... tempo.

i( tlenvoltória ---> valor da envoltória no tempo t.

1máxRP ---> corrente de crista da onda senoidal da corrente elétrica, de regime permanente de
curto.

1;,,áx corrente máxima da onde senoidal da corrente elétrica do período transitório do


--->
gerador síncrono sem o enrolamento amortecedor.

1:;.áx---> corrente máxima da onda senoidal da corrente do período sub-transitório.


54 CAPíTULO 3 GERADOR SíNCRONO

Tsub-transitório ---+ constante de tempo do período sub-transitório.

Ttransitório ---> constante de tempo do período transitório.

Os valores das constantes de tempo do gerador síncrono estão indicados na Tabela


3.8.l, referência [21].

Geradores de pólos Geradores de pólos


Tipo de
Turbogeradores salientes com salientes sem
Máquina
enrolamento amortecedor enrolamento amortecedor
rotor rotor rotor rotor
de alta de baixa de alta de baixa
1 velocidade velocidade velocidade velocidade
2p < 18 2p > 18 2p < 18 2p > 18
Constante
de tempo 0,03 0,03 0,03
Subtransitório 0,02 até 0,05 0,02 até 0,05 0,02 até 0,05
T:f em s
Constante
de tempo 1.3 1,6 1,6 1,6 1,6
transitória 0,5 até 1,8 0,7até2,5 0,7 até 2,5 0,7 até 2,5 0,7 até 2,5
r:i em s
Constante
de tempo 10 6 5 6 5
em vazio 5 até 15 4 até 10 3 até 8 4 até 10 3 até 8
T:, em s
0

Constante
de tempo da 0,15 0,18 0,22 0,30 0,35
componente de 0,07 até 0,40 0,10 até 0,40 0,10 até 0,40 0,15 até 0,50 0,20 até 0,50
corrente contínua
Tcc em s
Tabela 3.8.1: Constantes de Tempo de Gerador Síncrono, p é o números de Pólos

O valor da constante de tempo que aparece sozinho na Tabela 3.8.1, representa o


valor médio de maior incidência. A expressão 3.8. l da envoltória, não é útil para o cálculo
da corrente de curto-circuito, isto devido ser l::,áx• l:,,ár e lmáxnp desconhecidos.
Mas os valores l::,áx' l:,,áx e lmáxnP' poderão ser calculados para cada período sepa-
radamente, desde que sejam definidas as três reatâncias distintas do gerador síncrono que
serão apresentadas nos itens a seguir.
55

3.9 Reatância Sub-Transitória (X") do Gerador Sín-


crono
É definida supondo o período Sub-Transitório em regime permanente, tendo como
corrente o valor inicial I::,.;,, da envoltória da figura 3.4.4. Assim,

X"=!!_ (3.9.1)
/"
Onde:

E -+ valor eficaz da tensão fase a neutro nos terminais do gerador síncrono, antes do curto-
circuito.

/"-+ valor eficaz da corrente de curto-circuito do período sub-transitório em regime perma-


nente. Seu valor é dado por:

/"
!"= ~ (3.9.2)

Assim, o cálculo do curto-circuito fica simplificado, bastando apenas efetuar a reso-


lução de circuitos elétricos usando fasores.

3.10 Reatância Transitória (X') do Gerador Síncrono


Similarmente, definiu-se a reat.ância transitória (X') do gerador síncrono, supondo
o período transitório em regime permanente, tendo como corrente o seu valor inicial u:,.á,,)
da envoltória, caso o gerador não tenha o enrolamento amortecedor.
Assim,

\'= !!!_ (3.10.1)


. /'
Onde:

I' -+ valor eficaz da corrente de curto-circuito do período transitório considerado em regime


permanente.

Seu valor é

I' = l~,ár (3.10.2)


V2
56 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

3.11 Reatância Síncrona (Xs) do Gerador Síncrono


Neste caso, o gerador síncrono já está em regime permanente. Basta então, usar a
expressão 3.11. l.

Xs = §._ (3.11.1)
I
Onde:
I ___. valor eficaz da corrente de curto-circuito em regime permanente.

J= I~p (3.11.2)

O gerador síncrono é o único componente do sistema elétrico que apresenta três


reatâncias distintas, cujos valores obedecem a inequação 3.11.3.

x" < x' < Xs (3.11.3)

3.12 Corrente de Curto-Circuito Assimétrica


As correntes assimétricas. mostradas na figura 3.4.2, são as verdadeiras correntes
de curto-circuito. Elas são compostas de uma corrente alternada simétrica e de uma com-
ponente contínua. A corrente assimétrica sempre inicia do zero, portanto, a corrente inicial
da componente contínua tem o mesmo valor, mas sina.! oposto ao da. corrente alternada
simétrica do período Sub-Transitório. Assim, genericamente, pode-se fazer a superposição
indicada pela expressão 3.12.l.
i(t)assimétrica = i(t)simétrica + i(t)componentecontinua (3.12.l)
Para se obter o valor da corrente elétrica para o dimensionamento de disjuntor,
procura-se determinar a expressão analítica da curva obtida pela superposição da compo-
nente contínua com uma só parte da envoltória da componente simétrica do mesmo lado da
componente contínua. Isto é:

i(t)curvaassimétrica = (J:áx - J~áx) e r,,ub-tranaitór10 +


( I~áx - I máx RP) e- 'l'"tran;1tórto +
J.máXRP + J~áx·e rcomponen:econtÍnua (3.12.2)
Onde:
Tcomponente continua ___. constante de tempo da componente contínua.
A constante de tempo da componente contínua depende da relação ~ do circuito
percorrido pela corrente de curto-circuito.
57

3.13 Dimensionamento do Disjuntor


Este item é aqui apresentado apenas para justificar as considerações formuladas an-
teriormente. Para o dimensionamento do disjuntor é necess-ário conhecer o valor da corrente
de curto-circuito no instante da interrupção (abertura) do disjuntor. Esta corrente, junta-
mente com a tensão da rede no local de defeito antes do curto-circuito, define a capacidade
disruptiva da câmara de extinção do arco elétrico do disjuntor. Para disjuntores de pequena
capacidade este valor é dado em kA, mas, para disjuntores de grande porte, este valor é
expresso em potência aparente, mais precisamente, em MVA de ruptura. Seu valor é dado
pela expressão 3.13.1.

(3.13.1)
Onde:

VL -+ tensão eficaz de linha a linha no local do defeito, antes da ocorrência do curto-circuito.

lcurto-circuito -+ corrente eficaz de curto-circuito no local do defeito.

Sruptura -+ potência aparente de ruptura do disjuntor.

A corrente de curto-circuito é calculada, de modo simplificado, usando a corrente


inicial do período sub-transitório. Isto sem levar em consideração o fato de que apesar da
denominação instantâneo, o disjuntor leva algum tempo para atuar.
Na prática, este tempo é determinado pelo tempo de operação do relé mais o tempo
do mecanismo de abertura do disjuntor, juntamente com a extinção do arco elétrico. Este
tempo varia de 2, 5 a 6 ciclos elétricos.
Portanto, com a utilização da corrente inicial sub-transitória, o disjuntor está super-
dimensionado, isto é, a favor da segurança e contra o lado econômico.
Se o valor exato for necessário, deve-se usar o tempo de defeito na expressão 3.12.2.
Assim, deve-se modelar o sistema para o período sub-transitório, obtendo-se o valor
de 1:ár· Novamente modelar o sistema para o período transitório, obtendo-se I~ár· Depois,
modelar para o período de regime permanente, usando Xs, obtendo-se o ImárRPº Empregar
a expressão 3.12.2, para obter o valor da corrente de curto-circuito no instante da abertura
e no local de instalação do disjuntor. A capacidade disruptiva é então obtida pela expressão
3.13.1.
Os disjuntores instalados perto do gerador, ficam submetidos a correntes de curto-
circuito idênticas às da figura 3.4.2. Com o afastamento do disjuntor do gerador, a impedância
da linha de transmissão predomina sobre as outras impedâncias, e o efeito do sub-transitório
fica atenuado. Se o curto-circuito é muito afastado do gerador, na modelagem do gerador é
indiferente usar a reatância sub-transitória, a transitória ou a síncrona, pois praticamente a
corrente de curto-circuito será a mesma.
Assim, para ter uma corrente significativa usa-se apenas a reatância sub-transitória,
que contribui um pouco mais com o curto-circuito. Já no sistema de distribuição, a impedância
58 CAPITULO 3. GERADOR SlNCRONO

acumulada do gerador até o ponto de defeito é tão grande, que a corrente de curto-circuito
simétrica já é a de regime permanente acrescida apenas da componente contínua.

3.14 Modelo de Seqüência Positiva do Gerador Sín-


crono
Considerando a recomendação do item anterior, usa-se a reatância sub-transitória
na modelagem do gerador síncrono. Esta, produz uma corrente de curto-circuito maior, e
o disjuntor, apesar de estar um pouco mais dimensionado, melhora a segurança do sistema.
Portanto, do ponto de vista do curto-circuito, o circuito equivalente por fase do gerador
síncrono (ou motor) em Y para a seqüência positiva, está apresentado na figura 3.14.1.
A fase "a" é escolhida como referência.

-------------,
1 +

1
1

~ __ ~e~t~o~ :__!:r~ª_!_J
Figura 3.14.1: Circuito Equivalente por Fase do Gerador Síncrono

Onde:

Ea, -+ tensão de fase no terminal do gerador síncrono girando a vazio.


Va, -+ tensão da fase em relação ao neutro da seqüência positiva para qualquer situação.
Ía, -+corrente de seqüência positiva da fase "a", que sai dos enrolamentos da máquina para
o sistema.

A equação relacionada com o modelo da figura 3.14.1 é dada por:

(3.14.1)
Como o gerador é um elemento ativo, sua representação é feita por uma fonte de
tensão ideal, Éa,, atrás da reatância sub-transitória.
59

A seqüência positiva é um sistema equilibrado, portanto a sua modelagem é a mesma


caso o gerador esteja ligado em Y isolado ou Y aterrado, diretamente ou através de uma
impedância.
O ponto central da conexão em Y, identificado como neutro, tem o mesmo potencial
da terra, justificando assim a denominação da figura 3.14.1, em que neutro1 = terra1.

3.15 Modelo da Seqüência Negativa do Gerador Sín-


crono
O defeito que provoca desbalanceamento gera componente de seqüência negativa
nas tensões e correntes no sistema. Portanto, deve-se analisar o comportamento do gerador
síncrono frente a estas componentes. O ensaio de laboratório é feito simulando as con4ições
de seqüência negativa vistas pelo gerador. Para isto, o enrolamento de campo da máquina
deverá estar em curto, mas girando na velocidade síncrona no sentido da seqüência positiva.
Aplica-se outro gerador síncrono, que impõe no gerador em teste as seqüências negativas.
Ver figura 3.15.1.

e o

~ Curto Excitotriz

Figura 3.15.1: Ensaio de Seqüência Negativa

Para efetuar a simulação da seqüência negativa, o gerador síncrono externo gira


em velocidade síncrona, e induz tensões nas bobinas do estator na seqüência a 2 , /J.i, c2 • As
conexões indicadas na figura 3.15.1 fazem com que o gerador síncrono em teste veja a
seqüência de fase acb, que para ele é contrária a abc da seqüência positiva.
O curto-circuito feito no enrolamento de campo deve-se ao fato exposto no item 3.5,
isto é, a excitatriz em DC se comporta como curto-circuito para o sinal senoidal alternado.
O período sub-transitório e o transitório praticamente não existem em seqüência ne-
gativa. Portanto, a reatância do gerador síncrono, é simplesmente conhecida por reatância
60 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

de seqüência negativa (X2 ). Seu valor é obtido pela expressão 3.15.1.

X2=~ (3.15.1)
la
Onde:

X2 -+ reatância de seqüência negativa por fase.

Va -+ tensão de fase, lida no voltímetro.

Ia -+ corrente da fase, lida no amperímetro.

O circuito equivalente por fase para fase "a" do gerador síncrono em Y, para a
seqüência negativa é o da figura 3.15.2.

~-------------i +
1
1
1
1
1
1
1
1
Neutro2 : Terro2
1 ________
L _____ J1

Figura 3.15.2: Circuito Equivalente de Seqüência Negativa

Onde:

Va 2 -+ tensão de seqüência negativa no terminal da fase "a" em relação ao neutro do gerador.

ia 2 -+ corrente de seqüência negativa que sai pela fase "a" do gerador.

Como o gerador é construído perfeitamente equilibrado, o campo magnético do seu


rotor só poderá gerar tensões equilibradas na seqüência abc. Portanto o modelo de seqüência
negativa é um circuito passivo sem fonte de tensão.
A equação relacionada ao modelo da figura 3.15.2 é a expressão 3.15.2.

(3.15.2)

Nos geradores síncronos de pólos salientes com enrolamentos amortecedores, a reatância


de seqüência negativa pode ser obtida pela expressão 3.15.3.
61

X~+
X2=---
x; (3.15.3)
2
Onde:

xd -+ reatância sub-transitória do eixo direto do eixo polar do gerador síncrono.

x 9 -+ reatância sub-transitória do eixo em quadratura do gerador síncrono.

3.16 Modelo de Seqüência Zero do Gerador Síncrono


Pelo teorema de Fortescue a seqüência zero corresponde a três fasores em fase.
Portanto, para simular as condições de seqüência zero, o gerador síncrono deve ser submetido
a tensões iguais nos seus enrolamentos, com o seu enrolamento de campo em curto girando
na velocidade síncrona no sentido da seqüência positiva.
Os terminais do gerador síncrono são curto-circuitados e conectados a um gerador
síncrono monofásico, de acordo com o esquema da figura 3.16.1.

e
Rotor

~ Curto -......

Figura 3.16.1: Ensaio de Seqüência Zero

A tensão Ê do gerador síncrono monofásico é a mesma nas três bobinas do estator


(armadura) do gerador síncrono 3ó em teste.
A reatância de seqüência zero (X0 ), é dada por:

\" - li_ (:3.lfi.l)


· u - lo
Onde:
62 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

E --+ tensão lida no voltímetro.

10 --+ corrente da fase lida no amperímetro.

O gerador síncrono, em relação à seqüência zero, se comporta como um circuito


passivo. Portanto, o circuito equivalente de seqüência zero da fase "a" do gerador síncrono
em Y, é o da figura 3.16.2.

r - - - - - - - - - - - - -,
1

jXo

1
1

~ __ ~:_u~~o_: _!:_rr~Q.. __ J
Figura 3.16.2: Circuito Equivalente de Seqüência Zero

Onde:

Vao --+ tensão de seqüência zero da fase "a" em relação ao neutro do gerador síncrono.

ia 0 --+ corrente de seqüência zero que sai pela fase "a" do gerador síncrono.

A equação relativa ao circuito eq,uivalente da figura 3.16.2 é:

(3.16.2)
A reatância da seqüência zero, varia bastante de gerador para gerador, e sua faixa
de variação é indicada pela expressào 3.16.3.

Xo==Ü,l a O,ix~ (3.16.3)

3.17 Seqüência Zero de Gerador Síncrono Aterrado


com uma Impedância ZN
Geralmente, os geradores síncronos são aterrados através de uma impedância ZN.
Esta impedância é colocada para limitar a corrente de curto-circuito monofásico à terra nos
63

terminais do gerador síncrono. Geralmente utiliza-se uma reatância denominada de reatância


de Peterson. Esta impedância de aterramento é conectada entre o ponto neutro da ligação
em Y do gerador síncrono e a malha de terra da subestação. Figura 3.17.l.
j,l_I
Ío
..-~~~~~~~~~~--eVco

Terra

Figura 3.17 .1: Impedância de Aterramento do Gerador Síncrono

Todas as tensões são dos terminais da máquina em relação à terra.


A corrente de seqüência zero passa em cada fase do gerador síncrono. Em con-
seqüência, a corrente que sobe pelo aterramento, isto é, que passa pela impedância ZN, é
3Í0 • O ponto neutro N 0 fica com um potencial em relação a terra dado pela expressão 3.17.1.

(3.17.1)
Na seqüência positiva e negativa. o potencial do neutro é igual ao da terra, mas na
seqüência zero o potencial é expresso por 3.17.1.
O circuito equivalente da seqüência zero, por fase, é feito para a fase "a", com a
corrente da seqüência zero Ía 0 saindo pelo seu terminal correspondente, de modo a manter o
mesmo potencial da seqüência zero Í-~0 do seu terminal, em relação à terra. Assim. o circuito
equivalente é feito envolvendo a bobina do estator da fase "a" juntamente com a impedância
de aterramento ZN. Ver figura 3.17.2.
Como a corrente no modelo é apenas Ía 0 , para simular a mesma queda de tensão
entre o neutro e a terra. a impedância aparecerá com o valor de 3ZN. Assim. o circuito
equivalente é o da figura 3.17 .2. que é também apresentado na figura 3.1 7.3.
A relação entre a tensão de seqüência zero (V00 ) e a corrente de seqüência zero (Ía 0 ),
é de acordo com o modelo apresentado na figura 3.17.3, expresso pela equação 3.17.2.
64 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

Figura 3.17.2: Circuito Equivalente da Fase "a"

r-- -- -----------;
: N0 1
+
1
1 iXo
1
1

1
1
1 Terra 1

'- - - - - - - - - - - - - - - - _J

Figura 3.17.3: Circuito Equivalente por Fase de Seqüência Zero do Gerador Síncrono

(3.17.2)

A impedância ZN, no neutro do gerador, nâo afetará as componentes das seqüências


positiva e negativa, que são equilibradas.

3.18 O Gerador Síncrono e as Seqüências


O gerador síncrono, do ponto de vista do teorema de Fortescue, é composto pelos
geradores síncronos de seqüências positiva, negativa e zero.
Os modelos por fase da seqüência positiva. negativa e zero, estão agrupados na
figura 3.18.1.
65

Neutro1:: Terra1
Sequência positiva
+

Neutro2::. Terra 2
Sequência negativa
+
N0 ---""'vv,,.1v ~-----
iXo iao

Neutro 0 : Terro 0
Sequência zero
Figura 3.18.1: Seqüência Positiva, Negativa e Zero do Gerador Síncrono

3.19 Valores Típicos das Reatâncias de Seqüência do


Gerador Síncrono

Os valores nominais de placa e as reatâncias, em Ohm, dos geradores síncronos


variam numa larga faixa. No entanto, os valores das reatâncias quando apresentadas em
pu, variam em torno da média, numa faixa bastante estreita. Os valores típicos em pu das
reatâncias sub-transitórias, transitórias, síncrona e as de seqüência negativa e zero estão
apresentadas na Tabela 3.19.1, referência [21].
Quando não se tem informação dos dados de placa do gerador síncrono, pode-se
estimar a reatância em pu usando um valor representativo de sua categoria na Tabela 3.19.1.
66 CAPíTULO 3. GERADOR SíNCRONO

Geradores de pólos Geradores de pólos


Tipo de salientes sem
Turbogeradores salientes com
Máquina
enrolamento amortecedor enrolamento amortecedor
rotor rotor rotor rotor
de alta de baixa de alta de baixa
velocidade velocidade velocidade velocidade
2p < 18 2p > 18 2p < 18 2p > 18
Reatância
Subtransiória 12 18 20 25 30
(saturada) 9 até 20 14 até 23 15 até 25 22 até 35 25 até 40
X:fem%
Reatância
Transitória 18 27 30 27 33
(Saturada) 14 até 25 20 até 32 22 até 36 22 até 35 25 até 40
X~em %
Reatância
Síncrona 160 100 100 100 100
(saturada) 120 até 200 80 até 140 75 até 120 80 até 140 75 até 125
xd em%
Relação de
Curto-Circuito 0,60 1,0 1,0 1,0 1,0
em vazio 0,5 até 0,8 0,7 até 1,6 0,8 até 1,2 0,7 até 1,6 0,8 até 1,2
Ko
Reatância 12 20 24 45 50
Negativa 9 até 20 14 até 25 15 até 27 36 até 63 35 até 60
X 2 em %
Reatância
Zero 2 até 10 3 até 20 3 até 22 4 até 24 4 até 30
Xoem 3

Tabela 3.19.1: Valores Típícos dos Geradores Síncronos.


67

3.20 Motor Síncrono


Uma máquina síncrona pode operar como gerador ou motor síncrono. A caracteri-
zação é dada pelo sentido da corrente elétrica ou, mais precisamente, pelo sentido do fluxo
de energia.
Quando a energia elétrica sai da máquina síncrona para a rede, ela está operando
como gerador síncrono. Quando ocorre o contrário a máquina síncrona é um motor síncrono.
A rotação do rotor do motor síncrono é mantida pela energia elétrica suprida da
rede. A corrente elétrica da rede entra nas bobinas da armadura do motor, criando um
campo girante que se acopla e arrasta o campo magnético criado pela excitação do rotor.
Portanto, o acoplamento dos dois campos magnéticos faz o rotor girar na velocidade síncrona.
O motor síncrono é usado principalmente para girar cargas pesadas. Ver figura 3.20.l.

Rede

Figura 3.20.1: Motor Síncrono

O peso do próprio rotor mais o da carga formam, em conjunto, uma grande massa
girando na velocidade síncrona com uma alta inércia rotacional. Ocorrendo um curto-circuito
na rede elétrica que supre o motor síncrono, devido a alta inércia de sua rotação, o seu rotor
continua girando, induzindo tensões nas bobinas da armadura que, por sua vez passam a
suprir o defeito com uma corrente de curto-circuito proveniente do motor.
Portanto, durante o curto-circuito, o motor síncrono passa a operar como gerador
(ver figura 3.20.2). Este gerador não é mais síncrono, pois sua velocidade vai diminuindo
lentamente, até parar.
Devido a alta rapidez da proteção, considera-se somente a corrente inicial de curto-
circuito proveniente do motor síncrono. Portanto. a modelagem do circuito equivalente por
68 CAPITULO 3. GERADOR SíNCRONO

Ío ÍA
ib Motor
is Síncrono
Rede {
ic ic
Curto 3(2)

Cargo
Pesado

Figura 3.20.2: Curto-Circuito no Motor Síncrono

fase do motor síncrono é a mesma do gerador síncrono, considerando apenas a inversão da


corrente elétrica.
A figura 3.20.3 mostra os circuitos equivalentes por fase da seqüência positiva, ne-
gativa e zero do motor síncrono.

Figura 3.20.3: Circuitos Equivalentes por Fase da Seqüência Positiva, Negativa e Zero do
Motor Síncrono

3.21 Motor Assíncrono


O motor assíncrono também é denominado motor de indução. Seu rotor gira em
69

velocidade abaixo da velocidade síncrona do campo girante criado pelas correntes do estator.
Esta diferença de velocidade, produz o escorregamento do rotor, que induz correntes nas
barras da gaiola ou nas espiras da bobina do rotor. Estas correntes de reação no rotor criam
um campo girante que acompanha. com um certo defasamento. o campo girante do estator.
fazendo girar o rotor do motor de mdução.
Neste motor, o campo girante do rotor é originado pela excitação proveniente do
estator, isto é, da rede de energia elétrica que alimenta o motor de indução.
Portanto, no curto-circuito próximo dos terminais do motor de indução. a tensão
nas bobinas do estator deixa de existir. conseqüentemente deixando de existir, praticamente
de maneira instantânea. a excitação no rotor.
O fluxo magnético residual existente no núcleo magnético do rotor não pode desa-
parecer e nem variar bruscamente. Seu valor vai caindo rapidamente de modo contínuo e se
extingue em 2 ciclos.
Deste modo, o motor de indução de grande porte se comporta como gerador elétrico,
e contribui com corrente elétrica de curto-circuito até dois ciclos. Esta contribuição se dá
somente no período sub-transitório e os períodos transitório e de regime permanente não
existem.
Se os dispositivos de proteção atuam com tempo maior que dois ciclos o motor de
indução pode ser desconsiderado.
O valor da corrente inicial do curto-circuito é importante para dar subsídio à análise
das forças eletromagnéticas que atuam na estrutura do motor. Deste modo. o circmto
equivalente por fase de seqüência positiva e negativa é o da figura 3.21.1.

Figura 3.21.1: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Positiva e Negativa do Motor de
Indução
Onde:

EM ----> tensão por fase nos terminais do motor de indução antes do defeito.

Xs ----> reatância de ciispersão da bobina do estator.

Xr ----> reatância de dispersão da bobina do rotor referida ao estator.

O motor de indução :10 não tem seqiit;ncid zero, ou seja, st:u cirrníto equivalente é
70 CAPiTULO 3. GERADOR SíNCRONO

aberto.
Os efeitos resistivos das bobinas do estator e rotor são desprezados por serem valores
pequenos comparados com as reatâncias X. e Xr.
Os valores de X,+ Xr em pu, tendo como base as características nominais do motor
de indução 3</>, estão apresentados na tabela 3.21.1.

Motor de Indução 3</>


Potência 3</> HP x.+xr
até 5 o, 10- o, 14
5-25 o, 12 - o, 16
maior que 25 o, 15 - o, 17
Tabela 3.21.1: Valor X.+ Xr do Motor de Indução 3</>

Exemplo 3.21.1:
Um motor de indução 3</> está funcionando a plena carga. O valor de X, + Xr =
O, 16pu. Qual a corrente de curto-circuito que o motor de indução 3</>, contribui para um
defeito 3</> nos seus terminais.

Solução:
Como o defeito é trifásico, só existe seqüência positiva. Figura 3.21.2.

~pu

Figura 3.21.2: Dados do Exemplo 3.21.1

fcc3 ~ = 6, 25pu

A corrente inicial do curto-circuito é 6, 25 vezes a corrente nominal e extingue-se em


dois ciclos.
Capítulo 4

Transformador

4.1 Introdução
O transformador é um elemento importante do sistema elétrico. Ele interliga, isto é,
possibilita a conexão de vários equipamentos elétricos com tensões elétricas distintas. Como
as correntes de curto-circuito do sistema passam através dos transformadores, há necessidade
de analisar o comportamento do transformador em relação a estas correntes.
Num sistema elétrico o transformador é representado, conforme as considerações
feitas no Capítulo 1, por uma impedância conectada à outras impedâncias da rede, de acordo
com a configuração do sistema.
Como o transformador se opõe à corrente de curto-circuito, deve-se analisar o com-
portamento em relação às componentes da seqüência.
Neste capítulo, com o objetivo de aplicação à curto-circuito, será feita a análise do
comportamento dos transformadores em relação às componentes de seqüência. Para isso,
tendo em vista que o transformador, pelo Teorema de Fortescue, é representado por três
transformadores (cada um correspondente a uma das seqüências), será feita a modelagem
do equipamento para se obter os respectivos circuitos equivalentes, por fase, de seqüências
positiva, negativa e zero.
Poderá ser observado que somente a seqüência zero apresenta alguma dificuldade,
pois seu valor depende do tipo de transformador e das suas respectivas ligações.

4.2 Transformadores do Sistema Elétrico


No Sistema Elétrico de Potência, ou de Distribuição, são empregados vários tipos
de transformadores, usados sob as mais din•rsas formas de ligações (conexões):

• monofásico de núcleo envolvido.

• monofásico de núcleo envolvente.

• trifásico de núcleo envolvido.

il
72 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

• trifásico de núcleo envolvente.

Sem uma preocupação maior com detalhamento, serão apresentadas, a seguir, as


principais características de cada um desses tipos de transformadores. Se estudos mais
aprofundados são desejados, basta recorrer e examinar a vasta literatura específica sobre
máqumas elétricas.

4.3 Transformador Monofásico de Núcleo Envolvido


É um transformador muito utilizado, mais barato, fácil de fabricar, no entanto,
menos eficiente. Sua forma é apresentada na figura 4.3.1.

Núcleo magnético

Figura 4.3.1: Transformador Núcleo Envolvido

O material do núcleo de todos os transformadores utilizados nos sistemas elétricos


é o ferro-silício de grãos orientados. Isto é. os grãos deverão estar orientados no mesmo
sentido do fluxo magnético do transformador. Deste modo diminui-se a relutãncia magnética
e também diminui-se as perdas por histerese.

4.4 Transformador Monofásico de Núcleo Envolvente


É um transformador mais eficiente e necessita tecnologia mais avançada na sua
construção. Seu núcleo e ligação estão representados na figura 4.4.1.
As bobinas do transformador, na prática. são enroladas uma sobre a outra para
melhorar a qualidade do seu acoplamento, de modo a diminuir a reatância de dispersão.
Na figura apresentada, as bobinas primárias e secundárias, estão colocadas em se-
parado apenas para dar maior visibilidade ao desenho.
Sob os mesmos dados de placa, o transformador de núcleo envolvente (Shell-type)
tem uma reatãncia menor que a do transformador de núcleo envolvido (Core-type).
73

Bobina

Núcleo magnético

Figura 4.4. l: Transformador Núcleo Envolvente

4.5 Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido


É o transformador mais utilizado em todos os níveis de tensão do sistema elétrico. É
largamente usado no sistema elétrico de potência, de distribuição e na indústria. Seu núcleo
é o da figura 4.5.L

Bobina
Bobina
primária

secundária

Núcleo magnético

Figura 4.5.1: Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido

4.6 Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente


É um transformador de melhor qualidade, maior rendimento, mais caro, mais pe-
sado. Seu núcleo é o indicado na figura 4.6.1.
Como a quantidade de ferro-silício de grão orientado usada é muito grande, o trans-
formador fica caro e pesado. Na prática costuma-se inverter o sentido do enrolamento da
bobina do braço central, de modo que a densidade de fluxo magnético seja a mesma dos
74 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

Núcleo ma9nético
Figura 4.6.1: Transformador Trifásico de Núcleo Envolvente

braços laterais. Economizando-se assim, nos quatro braços laterais centrais, 57% de mate-
rial magnético. Esta inversão está indicada na figura 4.6.2.

Figura 4.6.2: Enrolamento da Bobina do Braço Central Invertido

O transformador trifásico de núcleo envolvente, para as mesmas condições de placa,


tem uma reatância de oposição ao curto-circuito menor que a do transformador trifásico de
núcleo envolvido.
Também, o desempenho dos dois transformadores, em relação à componente simétrica
de seqüência zero é diferente, como será examinado na análise dos respectivos circuitos equi-
valentes por fase.
75

4. 7 'I'ransformador 'I'rifásico Formado por Banco de


'I'ransformadores Monofásicos
Três transformadores monofásicos idênticos, operando em separados, são reunidos e
interligados de acordo com as conexões desejadas, formando um banco de transformadores.
Este banco de transformadores monofásicos constitui um transformador trifásico.
Esta constituição é interessante, porque os fluxos magnéticos das unidades monofási-
cas não interagem, elas operam desacopladas. O seu desempenho é idêntico ao transformador
trifásico de núcleo envolvente.

4.8 Impedância de Seqüência Positiva do Transfor-


mador
A impedância de seqüência positiva .Í1 é a mesma impedância de curto-circuito
obtida no ensaio de curto-circuito do transformador. Este é o ensaio típico usado p;:"ra
levantamento do circuito equivalente por fase do transformador, onde são desprezadas as
derivações centrais da resistência equivalente do ferro e da bobina de magnetização (ver
item 1.5 do Capítulo 1). O ensaio é feito curto-circuitando o enrolamento secundário, e
energizando o primário com tensão reduzida até que se obtenha a corrente nominal no
secundário. Ver figura 4.8.1.

Curto
Secundário ~
Trofo

em

Teste
Ícc =I Nominal

Figura 4.8.1: Ensaio de Curto-Circuito no Transformador

Após a leitura no voltímetro e amperímetro, obtém-se a impedância por fase de


curto-circuito do transformador pela expressão 4.8.1.

(4.8.1)

Esta é a impedância por fase vista pelo primário. Basta transformar este valor em
pu, e a impedância do transformador está obtida.
76 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

4.9 Impedância de Seqüência Negativa do Transfor-


mador
Como o transformador é um elemento do sistema puramente passivo e estático.
qualquer seqüência de fase será encarada como seqüência positiva, sendo a energização em
seqüência de fase contrária a de seqüência negativa. Portanto, a priori. não fica definida a
seqüência positiva do transformador. O ensaio de curto-circuito, em qualquer seqüência de
fase, dará o mesmo resultado, ou seja. o valor da impedância de seqüência negativa será o
mesmo da seqüência positiva.

(4.9.1)

4.10 Impedância de Seqüência Zero do Transforma-


dor
Como, por definição, as correntes de seqüência zero nas três fases são iguais. as
mesmas só poderão existir se houver possibilidade de retorno através de um circuito fechado.
A impedância de seqüência zero ( Z0 ) será obtida através do teste de curto-circuito. simulando
as condições da seqüência zero. O ensaio em qualquer transformador é feito de acordo com
a figura 4.10.1.

Primário

Transformador

Figura 4.10.1: Ensaio de Curto-Circuito de Seqüência Zero do Transformador

A impedância, por fase, de seqüência zero (Z0 ). será dada pela expressão 4.10.1.

. E
Zo= ~ (4.10.l)
Iop
A corrente no lado primário (Í0 P) não é a mesma no lado secundário (Í05 ), devido
ao fato de as bobinas primárias e secundárias estarem separadas.
77

Note-se que na figura 4.10.1 não está especificado o tipo de conexão dos enrolamentos
do primário e secundário. Estas conexões serão analisadas nos itens a seguir.
A impedância de seqüência zero (Z0 ) vai depender do tipo de transformador, da
forma do seu núcleo magnético e do tipo de conexão das bobinas primária e secundária.
Dependendo do transformador, a impedância de seqüência zero (Z0 ) poderá ter um dos
seguintes valores relacionados como indicado em 4.10.2.

(4.10.2)

4.11 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico Liga-
\, 6,Q.lj' ~f;.~-.Jt)

do em iY-~
O banco trifásico, formado por transformadores monofásicos do tipo núcleo en-
volvido ou envolvente tem o mesmo comportamento do transformador trifásico de núcleo en-
volvente, quando analisado em relação à corrente de seqüência zero. O ensaio está mostrado
na figura 4.11.1. 4-...::·· · · ·

Íop • • Íos
3Í 0 P
+
- Ê
Íop
3Íop
3Íos
Íos

3ios
:_," /, ~ V.. 2_

Figura 4.11.1: Ensaio de Transformadores p-%


Observe-se que as correntes nas bobinas primárias tem os seus reflexos de correntes
nas bobinas secundárias. Isto é, só pode passar corrente em um enrolamento se houver a
possibilidade de passar corrente no respectivo enrolamento do acoplamento magnético.
78 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

Neste caso, a impedância, por fase, de seqüência zero Z0 é dada por:

(4.11.1)

Esta impedância Z0 é praticamente só a reatância X 0 •


O circuito equivalente, por fase, da seqüência zero de um sistema em Y equivalente
está na figura 4.11.2.

p r---- - - ----- -·1 s


• 1 JW.o..Q;.....--~~--'-~••
I jXo

Figura 4.11.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador .fY-Y~

4.12 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico Ligado
em .p _ /;: ,.
O ensaio é feito segundo o esquema da figura 4.12.l.
As correntes jºP' no primário. obrigam as correntes j05 a circularem dentro do delta
(6), ou seja. o reflexo das correntes do primário está confinado no 6. As correntes na linha,
h, que emanam do 6, são nulas. Portanto, as correntes de seqüência zero não passam
para o sistema conectado no lado 6 do transformador. Assim, o transformador tem duas
impedâncias para a seqüência zero, que dependem do lado em que está vindo a corrente de
seqüência zero. Para o lado Y, a impedância de seqüência zero é dada por:

(4.12.1)

Para ficar mais claro, o ensaio de curto-circuito é feito invertendo a fonte de tensão
E e o curto. Ver figura 4.12.'.2°.
Como a corrente não pode passar pelo gerador monofásico E porque não há caminho
de retorno. a impedância vista é infinita. Portanto, não há corrente de seqüência zero nas
linhas no lado 6.
(.;;; r1!°('(){•Y\., d,.~ ,, ,,
l~-lç;, y ,..:.,, ,. '"" le<.

79

3ÍOp
+
Ê

----------
Figura 4.12.1: Ensaio no Transformador p- 6
r------ ------------------- ----..

Figura 4.12.2: Ensaio de Curto-Circuito Invertido

.iº"' = oo (4.12.2)

O circuito equivalente, por fase, para a seqüência zero do transformador é o da


figura 4.12.3.
80 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

r---- - -------,
1

---t--------
Lado jXo 1
1

n+ 1
1
1
1
+Lado6

1
1 Terra= Neutro
L - - - - - - - - - - __ J

Figura 4.12.3: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador~ - l::,.

4.13 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico Ligado
em Y-6

Neste caso, em nenhum dos lados haverá corrente de seqüência zero porque não há
retorno. Ver ensaio na figura 4.13.1.

r---------------------- - -- l
1


+
- E
L - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- i So=O
í Po"'º

Figura 4.13.1: Ensaio de Curto-Circuito no Transformador Y-6.


,.;1

Como a corrente de seqüência zero não pode circular cm rwnhum dos lados, a
impedância de seqüência zero é infinita, ou seja. Ío = oo. O circuito equivalente, por
fase, da seqüência zero é o da figura 4.13.2.

r---- - -------,
1 1

~~
l jXo :
: 1
1 1
1
1
1
1
1

'- - - - - - J

Figura 4.13.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador Y - 6.

4.14 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico Ligado
emb.-6
O esquema do ensaio de curto-circuito que simula a seqüência zero está na figu-
ra 4.14.1.
Nota-se, novamente, que não há retorno em ambos os lados do transformador e, em
conseqüência, a impedância de seqüência zero, vista por qualquer lado do transformador é
infinita (Ío = oo). O circuito equivalente por fase é o da figura 4.14.2.
Na figura 4.14.2, a reatância de acoplamento entre as bobinas primárias e secundárias
correspondentes é representada por X0 . Esta reatância X 0 forma um la.ç_o com a terra (barra
de referência), indicando a possibilidade de circulação de corrente de seqüência zero dentro
dos dois 6.. Esta possibilidade, no entanto, é remotíssima devido a própria blindagem da
carcaça do transformador.
82 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

r - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - --.
1 1
1 1
1

1
1 1

~--------------------------~

Figura 4.14.1: Ensaio de Curto-Circuito

í - --- - -------,
1 1
--+-- ~
1
iXo 1
1
1
1
1
1

1
L-----
Terra = Neutro
_______ .J
t

Figura 4.14.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador 6. ·_ 6.

4.15 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico ligado
em -FY-Y

O ensaio é feito de acordo com a figura 4.15.1.


Como não existe corrente de seqüência zero no secundário, também não haverá
corrente de seqüência zero no primário. Portanto, a impedância de seqüência zero vista por
ambos os lados é infinita ( Z0 = oo).
O circuito equivalente, por fase, de seqüência zero, para o transformador de núcleo
envolvente e banco monofásico ligados em p-Y
é o da figura 4.15.2.
f P;::;,1,~ -<~
1 '"
i,.-.-1 ~ "*"
Jt' '.' :· r
u

83

r - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -1
1

• *

+
- t L------------------------~

Figura 4.15.1: Ensaio de Curto-Circuito

r - -- - - ---------,
~~
JXo :
1

1
' Neutro= Terra
L-------------.J

Figura 4.15.2: Circuito Equivalente por Fase de Seqüência Zero do Transformador ,P-Y

4.16 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico Liga-
do em Y-Y

O ensaio, neste caso, é feito de acordo com a figura 4.16.1.


A impedância de seqüência zero é infinita (Zo = oo), para qualquer lado. O circuito
equivalente por fase da seqüência zero é o da figura 4.16.2.
84 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

,- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ,
j

• * *

+
~ E:
L------------------------

Figura 4.16.1: Ensaio de Curto-Circuito

r - - - - - ---------.
1 1
- - ; - --JlllillU-e ~
1 jX 0 :
1
1

1 1
L - - - - - - - - - - - - _J

Figt..ra 4.16.2: Circuito Equivalente por Fase do Transformadores Y-Y

4.17 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico com
Impedância de Aterramente
De um modo geral, qualquer impedância conectada ao ponto central da ligação em
Y do transformador, ficará submetida a uma corrente que será três vezes a corrente de
seqüência zero de uma fase do transformador. Por este motivo, no modelo por fase, para
simular a mesma queda de tensão, o valor da impedância de aterramento aparecerá com o
valor três no lado correspondente da conexão.
Portanto, os circuitos equivalentes de seqüência zero, por fase, são os mesmos dos
85

apresenta.dos nos itens anteriores, apenas colocando-se devidamente a impedância de ater-


ramento com o valor três vezes maior.
Para exemplificar, examinaremos o transforma.dor, indicado na figura 4.17.1.

Figura 4.17.1: Transformador com Impedâncias de Aterramento

O circuito equivalente por fase é idêntico ao da figura 4.11.2, apenas colocando em


série as impedâncias 3ZM e 3ZN, como mostra a figura 4.17.2.

r-----------,
1 1
• •
3iN :
1
1
1
1
1 Terra 1
L _ - - - - - - - - - - _J

Figura 4.17.2: Circuito Equivalente por Fase do Transformador com Impedância de Aterra-
mento

As impedâncias de aterramento, ZM e ZN, que aparecem na figura 4.17.1. são as


impedâncias acumuladas dos respectivos trechos percorridos pelas correntes de retorno 3Í0 .
A impedância de aterramento é obtida pelo somatório dos itens relacionados abaixo:

• Impedância do próprio elemento conectado entre o ponto neutro da ligação Y e a malha


de terra.
86 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

• Impedância da malha de aterramento.

• Impedância do cabo de cobertura da linha de transmissão.

• Resistência da terra que acompanha a linha de transmissão.

• Resistência do pé da torre de transmissão no local do curto-circuito.

4.18 Quadro Geral dos Circuitos Equivalentes por Fa-


se da Seqüência Zero de Transformadores 3</> de
Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico
Estes circuitos equivalentes estão na Tabela 4.18.1.

4.19 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvente ou Banco Monofásico com
Três Enrolamentos
Um transformador 3</> de três enrolamentos é constituído de nove bobinas, sendo
três no primário, três no secundário e três no terciário, denominadas, respectivamente, de
bobinas AT, MT e BT.
Os circuitos equivalentes, por fase, de seqüência positiva e negativa, são idênticos, e
feitos na representação em estrela por fase, como foi apresentado no Capítulo 1, item 1.16.
O circuito equivalente, por fase, de seqüência zero, é feito usando os modelos de
cada associação de 2 a 2 conjuntos de enrolamentos, montando racionalmente o circuito.
Por exemplo, para o transformador de 3 enrolamentos ligados em ..r::V 6. Y:i_ , o
circuito equivalente, por fase, para a seqüência positiva e negativa é o da fig~ra 4.19.I. O
circuito equivalente por fase da seqüência zero é feito considerando os enrolamentos 2 a 2,
não considerando a existência do outro. Assim, para os enrolamentos _r:V"\S_, a corrente
de seqüência zero passa do terminal primário para o secundário, atra;és d~ impedância
(jxo" + jxo 5 ). Ver figura 4.19.2.
Considerando os enrolamentos p 6., como a corrente de seqüência zero circula
dentro do 6., no modelo, a corrente passa pelo terminal primário (ou secundário) à terra
(referência) através da impedância (jx 0 " + jx 0 T). Esta corrente de seqüência zero não passa
ao terminal terciário, como mostra o circuito equivalente.
Para outros transformadores trifásicos de três enrolamentos, ver Tabela 4.19.1.
87

Transformador 3 0
Circuito equivalente por fase do sequência zero
2 enrolamentos

ti li o ~
Z0 • z1
o

.(í [>
: ru ..--o
o

1 [> ~
io= i:,
..--o
'.:' ::

6 6 --o
re°t1
0----.

o o

-ri 1 ~
:: io= i1
---o
-

li o-----. ~
Í 0 = Zt
---o

::

1 1 <>----e

::
~
io= z;
---o

~ o
'.:'
~
Zo(auto)
o
::

Tabela 4.18.1: Circuitos Equivalentes por Fase de Seqüência Zero de Transformadores 3ef> de
Núcleo Envolvente e de Banco de Transformador lef>.
88 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

Transformador
Circuito equivalente por fase da sequência zero
3 enrolamentos

P T S

il-T>d

Tabela 4.19.1: Circuitos Equivalentes,~ de Transformadores 3</> de Núcleo Envol-


vente com Três Enrolamentos
89

r----------1

1 1
L-----------...J
Figura 4.19.1: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Positiva e Negativa

r - - - - - - -1xo; 1
Po .--~uuuu~---"'..--~!.BL!.Lll~:-.. s0
1
1

_.!,._..TO
1

1 1
L-----------.J
Figura 4.19.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero

4.20 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvido
O transformador 1<P é uma unidade independente. O mesmo ocorre com o transfor-
mador 3</> de núcleo envolvente, onde cada bobina opera independentemente, de maneira
idêntica a um transformador l</>. Portanto, durante um curto-circuito, as correntes de
seqüência zero poderão passar pelos enrolamentos porque os seus respectivos fluxos mag-
néticos, de seqüência zero, terão caminhos fechados de retorno exclusivos, sem interferências
das outras bobinas. Neste caso, todo o fluxo de seqüência zero fica confinado dentro do
núcleo magnético, num circuito magnético de baixa relutância. Ver figura 4.20.1.
Observe-se que na figura 4.20.l está se analisando o efeito do fluxo magnético de
seqüência zero gerado apenas pelas correntes de seqüência zero da bobina primária do trans-
formador.
O que foi dito acima não vale para o transformador 3</> de núcleo envolvido, devido
ao fato de não haver caminho de retorno por dentro do núcleo magnético, como mostra a fi-
gura 4.20.2. Isto porque os fluxos magnéticos (</>0 ), de cada braço, estão em fase, estes fluxos
forçosamente tem que formar um circuito fechado, passando através do óleo, ar, ferragens
90 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

Figura 4.20.1: Fluxos Magnéticos de Seqüência Zero no Transformador 3</> de Núcleo Envol-
vente
\(1 (<"'ç~:.t?,". d.t u 1

,.
' /

p --,,, '~, /' / O,


/ .-'~~~~~---'~'~~~~~~'......., ~ •'
I
I
\ (0n·\ UI\<:.\

I
I
I llo
'º 1'
\ ~''"· . r._;,
1
/\
L\
I
~
1

1 ~
1 I
1 I
1
1 I
\ I
\ I
/
' ' ''C> _.,,, / I
/\
1 ' . . _.a /

{/ \
..... ___ -,. // ' ' ...... ___ ,,,,. /

Figura 4.20.2: Fluxo Magnético de Seqüência Zero no Transformador Trifásico de Núcleo


Envolvido

e carcaça do transformador. Portanto, o fluxo magnético circula por este novo caminho,
forçado pela seqüência zero, simulando exatamente o que acontece em um enrolamento 6.
Por este motivo, diz-se que o transformador trifásico de dois enrolamentos, de núcleo
envolvido, opera com este novo enrolamento em 6, conhecido como delta fictício. Assim,
um transformador de dois enrolamentos de núcleo envolvido, é encarado, do ponto de vista
da seqüência zero, como um transformador 3</> de três enrolamentos, sendo um enrolamento
sempre o delta (6) fictício.
91

O circuito equivalente, por fase, de seqüência zero do transformador 3</> de núcleo


envolvido, de dois enrolamentos, tem a mesma configuração do transformador 3</> de núcleo
envolvente de 3 enrolamentos, sendo o terceiro, o delta (6) fictício. Os parâmetros são
obtidos através de ensaio em laboratório para cada caso, e serão apresentados a seguir.

4.21 Seqüência Zero de Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvido Ligado em.?f-Yl:-
Seguindo a mesma rotina apresentada na figura 4.10.1, do ensaio de curto-circuito,
que simula as condições de seqüência zero no transformador 3</> de núcleo envolvido, obtém-se
o esquema da figura 4.21.1.
j :;,.,:. u ..A\,.-\
r - - - - - - - - - - - -
1
r-----------,
'

+
- E:

------------- -- --- - -~ - - --
Figura 4.21.1: Ensaio de Curto-Circuito do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido
Ligado em ~-Yl:-

Defeitos que geram correntes de seqüência zero, terão suas correntes passando pelo
enrolamento do primário, secundário e também circulando pelo delta (6) fictício.
Portanto, o transformador é de dois enrolamentos para a seqüência positiva e nega-
tiva, mas, para a seqüência zero, o seu comportamento é o de um transformador 34> de três
enrolamentos. Conseqüentemente, o circuito equivalente, por fase, para a seqüência zero, é
o apresentado na figura 4.21.2.
. O terminal terciário não ;>.parece porque não terá nada ligado a ele, apenas a corrente
IM circula dentro do delta fictício.
92 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

r ----- -----,

1 1

Figura 4.21.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador Trifásico
de Núcleo Envolvido Ligado em .p-~

O valor de X 0 é o mesmo da seqüência positiva e negativa, isto é:

(4.21.1)
O valor 4, 5X0 indicado na figura 4.21.2 , é aproximadamente o valor médio obtido
para o enrolamento fictício em 6.
Devido ao delta ( 6) fictício, observa-se que os modelos de seqüência zero são dife-
rentes para os transformadores com núcleos envolvidos e envolventes.

4.22 Seqüência Zero de Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvido Ligado emp-Y
Relevante atenção deve ser dada a este tipo de transformador. As ligações para o
ensaio de curto-circuito são apresentadas figura 4.22.1.
Note-se que, devido ao delta fictício, a corrente de seqüência zero i 0 P poderá passar
pelo enrolamento primário ligado em..::V porque o seu reflexo IoA está rodopiando dentro do
6 fictício. O enrolamento Y ficará funcionando como circuito aberto.
O circuito equivalente para a seqüência zero é o apresentado na figura 4.22.2.
Observe-se a diferença entre o circuito da figura 4.22.2 e 4.15.2. No transformador 34>
de núcleo envolvente, a corrente de seqüência zero não pode passar em nenhum enrolamento
porque a impedância vista de qualquer lado é infinita. Já no transformador 34> de núcleo
envolvido, a corrente de seqüência zero existe e passa pelo enrolamento_iY. A oposição a-
presentada por este transformador é de 5X0 . Apesar de a corrente ser pequena, é suficiente
para operar a proteção de neutro do relé ou religador.
93

-.................

--- ..... ---


Figura 4.22.1: Ensaio de Curto-Circuito do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido
ligado em .p-Y

r-----------,
--'--4
1
1
1

1 1
Terra
L-----------J
Figura 4.22.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador Trifásico
de Núcleo Envolvido Ligado em ,P-Y

4.23 Seqüência Zero do Transformador Trifásico de


Núcleo Envolvido ligado emfY-6
O ensaio que simula a seqüência zero, deste tipo de transformador, está na figu-
ra 4.23.1.
Neste caso, o delta (6) fictício aparece como um enrolamento em paralelo ao enro-
lamento Li do transformador.
94 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

3Íap
+

Figura 4.23.1: Ensaio de Curto-Circuito do Transformador Trifásico de Núcleo Envolvido


Ligado em ~ - ÍJ.

O circuito equivalente, por fase, da seqüência zero é o da figura 4.23.2.

r --- - -------,
1
1 , - - - - - ••
--1---e
: \ __ - - --,, \
1
1
1 \ \ 1
l ) )0,85X 0
1 \_ •• •
1
1 1
Terra
L-----------_J

Figura 4.23.2: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Zero do Transformador Trifásico
de Núcleo Envolvido Ligado em~ - !:::,.

A reatância de seqüência zero, vista pelo lado Y, é a soma da reatância da bobina da


ligação em Y com a do paralelo da bobina do ÍJ. e ÍJ. ficticio" Seu valor é dado pela expressão
4.23.l.

Xon, = Xoy + Xo,J / Xo 6 .


Jtchc10
= O, 85Xo (4.23.1)

Sendo:
95

Para os transformadores com a mesma reatância de seqüência positiva (Xi), a cor-


rente de curto-circuito monofásico à terra é maior no transformador 3</> de núcleo envolvido
do que no transformador 3</> de núcleo envolvente.

4.24 Quadro Geral dos Circuitos Equivalentes por Fa-


se da Seqüência Zero de Transformadores Trifá-
sicos do Núcleo Envolvido de Dois Enrolamentos
Os circuitos equivalentes estão na Tabela 4.24.1.

Seqüência Zero de Transformadores Trifásicos


de Núcleo Envolvido com Três Enrolamentos
Os transformadores 3</> de três enrolamentos se comportam como de quatro enrola-
mentos devido ao !:::,. ficticio' Seus circuitos equivalentes, por fase, para a seqüência zero, estâo
mostrados na Tabela 4.25.1.

4.26 Deslocamento Angular nas Correntes de Seqüên-


cia Positiva e Negativa no Transformador
Um transformador tem as bobinas primária (AT) e secundária (BT) acopladas no
mesmo braço do núcleo magnético, isto é, elas estão submetidas ao mesmo fluxo magnéti-
co. Este acoplamento é demarcado através da marca de polaridade. Portanto, nas bobinas
acopladas, as correntes reais do fluxo magnético de ação e reação estão em fase. Na repre-
sentação gráfica, as correntes estão em fase quando entram pela marca numa bobina e saem
pela marca na outra bobina.
As linhas de transmissão, em ambos os lados, estão conectadas às respectivas marcas
de polaridade do transformador.
Devido ao transformador, as correntes nas linhas de transmissão, nos lados de AT e
BT, podem apresentar deslocamento angular de Oº ou de :_ 30º.

4.27 Deslocamento Angular de oº


Todo transformador que tenha a mesma forma de ligação no primário e secundário
não produz deslocamento angular nas correntes e tensões de seqüências.
96 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

Transformador
Circuitos equivalente par fase da sequência zero
2 enrolamentos

~ ,...,..,..,..
--- -
nnnn,
- s
Xo
.&.
J:I 11-
T
:~ 4,5X 2
: 0

-- --
g
-- --os
1"11'\.AA

Xo
-2-
-ti 1 i~ 4,5Xo

- --

Tabela 4.24.1: Circuito equivalente por fase da seqüência zero de transformadores 3</> de 2
enrolamentos de núcleo envolvido
9i

Transformador 3 0
Circuito equivalente por fasa do sequênciozero
3enrolomentos

p T s
--os

O, 75 X 0

---oT

--oT

-ri C> C>

Tabela 4.25.1: Circuito equivalente por fase da seqüência zero de transformadores 3<;6 de 3
enrolámentos de núcleo envolvido
98 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

Na representação em pu, a relação de transformação fica 1 : 1. Deste modo, não


há necessidade de considerar o transformador, assim, a corrente de um lado é a mesma do
outro lado da linha de transmissão.
Os transformadores que apresentam deslocamento angular de Oº são os Y-Y, 6 - 6
e 6- ~

4.28 Deslocamento Angular de 30°


É o caso do transformador Y-6, que tem as correntes internas nas bobinas, em
fase, mas as correntes de linha sofrem um deslocamento angular que pode ser .:!: 30°. O
deslocamento dos fasores da corrente de seqüência depende de como é efetuada a ligação no
lado 6. Considerando a seqüência de fase abc, se a ordem de ligação for o início da bobina
da fase "a" ligado ao final da bobina da fase "b", obtém-se deslocamento angular de 30° nas
correntes de seqüência positiva e -30° nas correntes de seqüência negativa. Se a ordem de
ligação for feita com início de "a" no final de "c", as correntes de seqüência positiva ficam
com deslocamento angular de -30° e as correntes de seqüência negativa de 30°.
Neste livro, por coerência, será adotado o deslocamento angular de 30º para as
correntes de seqüência positiva e -30° para as correntes de seqüência negativa.
Este deslocamento para a corrente de seqüência positiva é analisado nas figuras
4.28.1 e 4.28.2.
As correntes nas bobinas correspondentes, isto é, t, e i;,, ib, e i{,,,ic,
e i;, estão
em fase.
Na ligação em 6, aplicando a primeira lei de Kirchhoff em cada nó, obtém-se:

i;, = iA, + i{,, ÍA, = i;, - i{,,


i{,, = iB, + t, iB, = i;, - i;, (4.28.1)
i;, = ic, + i:, ic, = i;, - i~,
O diagrama fasorial relativo a estas equações está na figura 4.28.2.
Para examinar o deslocamento angular, compara-se a corrente de seqüência positiva
Ía,, na linha no lado Y, com a da linha no lado 6, isto é, iA,. A corrente iA, do lado 6
está adiantada de 30° em relação a corrente ia, do lado Y.
Pode-se, então, generalizar que as componentes de seqüência positiva das correntes
de linha no lado do 6 estão 30° na frente (adiantadas) das correntes no lado Y. Similarmente,
para as correntes de seqüência negativa, as componentes de seqüência negativa das correntes
de linha no lado 6 estão 30° atrasadas das correntes no lado Y.
As correntes de seqüência zero não são analisadas porque elas não passam para a
linha de transmissão no lado 6.
Em resumo, as correntes de curto-circuito de seqüência positiva e negativa, que
passam através de um transformador Y-6, sofrem rotações de fase de 30º e -30º, sem
alterações nos seus módulos.
99
1- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - f' - - - - i
. ~ ª1 :
Ia,; • 1 IA 1
A

is,
.
.__. .,---a
1
1 *
* i~, i_ic,_ _ e
• 1

Ic1: v '-----,uliu*ur-9--~t--"7!

~ - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - -- - ~ - - ---- - - ~
Figura 4.28.1: Transformador Y-~

I
/
/
/ .------
iA,
I
/
I
I

I
I

~"-----'---~"""-------·
Í~
1 101

í~\

Figura ·L28.2: Diagrama Fasorial

4.29 A utotransformador
No transformador comum, as bobinas primária e secundária são isoladas eletrica-
mente e toda transferência de energia é feita via fluxo magnético através do núcleo.
O autotransformador é um transformador comum, com suas bobinas conectadas,
perdendo a sua isolação elétrica. A energia é transmitida via fluxo magnético pelo núcleo e
via condução direta pelo enrolamento (bobina) série da carga.
Quando o transformador comum é ligado como autotransformador, a sua impedância
de curto-circuito muda. O desenvolvimento deste item é no sentido de examinar e calcular
o novo valor da impedância, em Ohm e em pu.
Para que o assunto possa ser bem compreendido e assimilado, faz-se mister, primeira-
100 CAPfTULO 4. TRANSFORMADOR

mente, analisar o transformador comum, e após, então, conectá-lo como autotransformado r.

a) Transformador lef> Comum


A figura 4.29.1 mostra um transformador lef> comum, juntamente com sua repre-
sentação simbólica.

·~Np JJ·
+
o

*]
Vp Ns 'ils

o o
1
Np: Ns

:D ~i1iCJ
Figura 4.29.1: Transformador Monofásico Comum

A relação de transformação é dada por:

~= NP (4.29.1)
V. N,

A figura 4.29.2 mostra o ensaio feito no transformador lef> comum. Aplica-se tensão
no secundário, com o primário em curto-circuito.
z.
A impedância 11 de curto-circuito vista pelo secundário, com o primário em curto,
é dada pela expressão 4.29.2.
(4.29.2)

O circuito equivalente no secundário com .i,11 em Ohm, é o da figura 4.29.3.


O ensaio poderá também ser feito aplicando tensão no primário com o secundário.
em curto. A impedância obtida será Z11 ., isto é, impedância de curto vista pelo primário,
com o secundário em curto.
101

Np

Figura 4.29.2: Ensaio de Curto-Circuito no Transformador Monofásico

Np Ns
1 1 1
1
1 ' 1
1
L L
_-_-_
--_-_
- -_
--__J_
--- --- _j

Figura 4.29.3: Circuito Equivalente com z.P no Secundário


o valor de :ip. obtido pelo ensaio, será o mesmo transferindo a impedância z.p do
secundário para o primário, a transferência é feita usando a expressão 4.29.3.

. = (Nt!. )2 z.P.
Zp• (4.29.3)

O circuito equivalente, com a impedância :iP• em Ohm no lado do primário, é


mostrado na figura 4.29.4.
Se a modelagem for em pu, não haverá necessidade de apresentar o transformador
ideal, o circuito equivalente ficará mais simples, com apenas uma impedância, como mostra
a figura 4.29.5.
O valor de ZT(pu) pode ser calculado usando os valores base de qualquer lado do
transformador 1rj>. Seu valor é dado por:

(4.29.4)
102 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

r-- - ~ ------,
1 1

~ ~'---Np---.n N, : '
1

--~,~~~~~~~~~--' 1

1 1
L--- --- -- - _____ _J

Figura 4.29.4: Circuito Equivalente com Zp• no Primário

r------ 1
1

---~~~~~~~~---~~~~-! --
Zn p u)

1
1
L _____________ J

Figura 4.29.5: Circuito Equivalente em pu do Transformador Monofásico

b) Autotransformador
A figura 4.29.6 mostra o transformador comum conectado como autotransformador
juntamente com sua representação simbólica.
A relação de transformação do autotransformador é obtida pela expressão 4.29.5.

(4.29.5)

O ensaio de curto-circuito pode ser feito em ambos os lados, mas o lado da tensão
modificada, isto é, V,,auioJ' produz uma análise imediata e clara. Este ensaio está na figu-
ra 4.29.7.
Observa-se que os pontos "b" e "c" têm o mesmo potencial, portanto a fonte de
tensão está aplicada diretamente na bobina secundária com número de espiras N,. Con-
seqüentemente, este ensaio é idêntico ao da figura 4.29.2, isto é, do transformador comum,
dando a mesma impedância de curto-circuito. Assim,
103

• + +
Ns 'i/s
'ils (auto) = Vp + Vs
+ •
Yp(outo)=Vp Np

Figura 4.29.6: Autotransformador

Figura 4.29.7: Ensaio de Curto-Circuito no Autotransformador


104 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

.
.
z.p(auto) = tV:' = z.p ( 4.29.6)

A impedância de curto-circuito, em Ohm, do transformador comum e do autotrans-


formador é a mesma. O circuito equivalente do autotransformador com a impedância no
lado secundário é o da figura 4.29.8.

+ -----...... •• .-----llw.W.::ll------+
• • Np Np+N1
V'p(auto) =V'p V5 (auto)• Vp+ Vs

Figura 4.29.8: Circuito Equivalente do Autotransformador com a Impedância no Secundário

O ensaio de curto-circuito pelo lado primário não será demonstrado, mas o valor
obtido será o mesmo, transferindo a impedância :i.P para o lado primário, como indicado na
figura 4.29.9.

Zps (auto)
••
p--t:~WA---N-p....., ~;~o)=Vp+~
:·p-(o-u-to_)_=V-.

Figura 4.29.9: Circuito Equivalente do Autotransformador com a Impedância no Primário

O valor de Zps(auto) é dado pela expressão 4.29. 7.

(4.29.7)

Multiplicando e dividindo o lado direito da expressão 4.29.7 por N., tem-se


105

2 2
• N, ( NP · ) • ( N, ) ( Np) 2 •
Zp•(auto) = N. Np +
N. z.P = Np + N. N. z.p

Comparando com a expressão 4.29.3, obtém-se


2
.
Zpa(auto) =
(
Np +' N. )
N •
Zp. (4.29.8)

Examinando a expressão 4.29.8, constata-se que a impedância de curto-circuito,


vista pelo lado primário do autotransformador, é menor do que a do transformador lq'>
comum. Portanto, o transformador ligado como autotransformador se opõe menos à corrente
de curto-circuito, que será, conseqüentemente, maior.

Modelando-se o circuito equivalente em pu, tem-se a figura 4.29.10.

2
.
Zauto ( pu)
=(_!:!!__).ir
Np+ N5
(pu)

Figura 4.29.10: Circuito Equivalente em pu do Autotransformador

O valor da impedância em pu é o mesmo em ambos os lados e é dado pela expressão


4.29.9.

. _ Zap(auto) _ Zpa(auto)
Z auto(pu) - v> - ~·2 (4.29.9)
~~
S(auto)bou: S(auto)bou
Como:

vp(auto) .... = vp(ba•e)


V.(auto)ba,. = l'p(ba•e) + \,~(base)
106 CAPíTULO ·1. TRANSFORMADOR

Levaooo também em consideração 4.29.6 e 4.29.8. tem-se

2
.
Zauto(pu}
( /\·~
= /\'p + '\"
)
2

~
z.p =
( N
N.
+N
) .
Zps(pu}
.t s S(ba&e) p s
Sbrue

2 2
. ( .!\·. ) . ( Ns ) •
Za,,to(pu} = Np ...,... N. Zsp(pu) = Np + N. Zps(pu)

Como a expressão 4.29.4 indica que Zsp(pu) = Zps(pu) = ZT(pu}• tem-se


2
)
.
Zauto(pu) = ( Np N; Ns

ZT(pu)
(4.29.10)

Portanto, a impedância em pu do autotransformado r é menor que a correspondente


impedância em pu do transformador 1 <JJ comum.

Exemplo 4.29.1:
A placa de um transformador monofásico é de lMllA. 23k1l/13, SkV com ZT = 5%.

a) Calcular a relação de tranformação


Usando a expressão 4.29.1. tem-se:
N
; = 1,666
s

b) Calcular a impedância em Ohm vista pelo lado de 23kV

= ZT(pu}
z =o 05 (23k)2
Zps · Zbosedo/adode23kV ps ' lM
107

z.,,•. =.26, 45!1

e) Calcular a impedância em Ohm vista pelo lado do 13, 8kV

= ZT(pu)Zbasedoladodel3.8kV :.
z =Ü 05(13,8k)2
Zsp sp ' lM

Zsp = 9, 522!1

O transformador lct> foi conectado formando um autotransformador com a relação


de·3~~;[v·

d) Calcular a relação de transformação do autotransformador


Usando a expressão 4.29.5, obtém-se

~ = ___!i_ =
23
k = o, 625
Np + N, y;, -t- i~ 36. 8k

e) Calcular a Impedância em Ohm, vista pelo lado de 36,8kV do autotransfor-


mador.
Da expressão 4.29.6, tem-se

Zsp(auto) = Zsp = 9,522!1

!) Calcular a impedância em Ohm, vista pelo lado de 23kV do autotransforma-


dor.
Usando a expressão 4.29.8.
2 2 2
.
Zps(auto) =
( Np
N+5 N, ) .
Zps = ( 1, 666N:
N + N. ) 1
26, 45 = ( 1, 666 + 1) 26, 45

~sp(auto) = 3, 72!1
108 CAPíTULO 4. TRANSFORMADOR

g) Calcular a impedância do autotransformador em pu.


Basta usar a expressão 4.29.10
2
. = ( l, 1 )
Zauto(pu)
666 + l O, 05

Zauto(pu) = O, 00703pu
ou
Zauto = O. 703%
Capítulo 5

Linha de Transmissão

5.1 Introdução
A Linha de Transmissão é o elemento do sistema elétrico que transporta toda a
energia gerada nas usinas até os pontos de consumo. O Gerador Síncrono e o Transformador
Elétrico são compactos em relação à dimensão do sistema elétrico e, devido a este fato, estão
protegidos e vigiados dentro da propriedade da empresa exploradora do serviço, estando,
portanto, sujeitos a menores riscos e depredações. Já a linha de transmissão, cobrindo
extensivamente todo o sistema, fica exposta a toda sorte de riscos. Riscos estes provenientes
de condições isoladas ou combinadas que podem ser:

• menor confiabilidade, devido a grande quantidade de elementos que compõem a linha


de transmissão;

• intempéries;

• descarga atmosférica;

• vento;

• poluição industrial;

• animais;

• umidade;

• salinidade;

• queimadas;

• temperatura;

• árvores;

109
110 CAPíTULO 5. LINHA DE TRANSMISSÃO

• atos de vandalismo;

• outros.

Portanto, é a linha de transmissão o elemento mais vulnerável do sistema elétrico.


Os curto-circuitos ocorrem principalmente devido aos defeitos na linha de transmissão.
Outra característica da linha de transmissão é o fato de ter uma impedância alta,
sendo portanto, a grande limitadora da corrente de curto-circuito. Esta característica é mais
acentuada quando o defeito ocorre longe do gerador síncrono, que é o caso das redes do
sistema de distribuição.
A impedância da linha de transmissão fica, predominantemente, indutiva com o
aumento do nível de tensão. Deste modo, o ângulo de defasagem da corrente de curto-
circuito varia com o nível de tensão.
Devido à impedância da linha de transmissão, as correntes de curto-circuito têm
ângulos de defasagens entre 20º e 85º, dependendo do nível de tensão. As defasagens típicas
das correntes de curto-circuito são:

• 20º a 45° em linhas de transmissão de 7, 2 a 23k V

• 45º a 75º em linhas de transmissão de 23 a 69kV

• 60º a 80º em linhas de transmissão de 69 a 230kV

• 75° a 85° em linhas de transmissão maior que 230kV

No estudo de curto-circuitos deve-se conhecer as impedâncias de seqüências da linha


de transmissão. Assunto este, que será abordado neste capítulo.

5.2 Impedância de Seqüência Positiva da Linha de


Transmissão
A impedância de seqüência positiva é a impedância normal da linha de transmissão.
Existem vários livros especializados em métodos de obtenção da impedância da linha de
transmissão. A impedância pode ser obtida por cálculos ou por ensaios. O ensaio é feito
aplicando tensões trifásicas equilibradas no início da linha com o seu final em curto-circuitado
trifasicamente. Ver figura 5.2.1.
A impedância de seqüência positiva é dada pela expressão 5.2.1.

(5.2.1)
111

~
Início
t
Fim

Figura 5.2.1: Ensaio de Seqüência Positiva na Linha de Transmissão

Devido à grande dificuldade de efetuar o ensaio, na prática, os parâmetros da linha de


transmissão são calculados levando em consideração as características do condutor e suas res-
pectivas disposições geométricas nas torres de transmissão. Para se manter a linha perfeita-
mente equilibrada, são usados condutores de mesmas características, igualmente espaçados,
e fazendo a transposição dos condutores da linha para compensar eventuais desequilíbrios.
A figura 5.2.2 mostra a transposição de ~ma linha de transmissão.

:~.
o
Ía1 Íc1 ib,
b
e
?t ~ ~· Ib1
~ ~Ct Ia1
a

Figura 5.2.2: Transposição de uma Linha de Transmissão

A transposição compensa os desequilíbrios dos campos magnéticos entre fases, cabo


de cobertura, ferragens e o solo sob a linha de transmissão. A transposição equilibra a linha
de transmissão entre .as barras inicial e final. Como o curto-circuito 34> ocorre aleatoriamente
em qualquer ponto da linha de transmissão, é, portanto, levemente desequilibrado. Este
desequilíbrio não afeta a modelagem da seqüência positiva da linha de transmiss&o.
O circuito equivalente por fase da seqüência positiva de uma linha de transmissão é
o mesmo apresentado no item 1.6. Ver figura 5.2.3.

5.3 Impedância de Seqüência Negativa da Linha de


Transmissão
Como a linha de transmissão é um elemento estático do sistema de energia elétrica, a
sua performance não se altera com a seqüência de fase de energização e o seu funcionamento
112 CAPiTULO 5. LINHA DE TRANSMISSÃO

r----------,
1 1

' Neutro =Terra 1


L- - - - - - - - - - ___ .J

Figura 5.2.3: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Positiva da Linha de Transmissão

é idêntico para qualquer seqüência de fase balanceada. Deste modo, a impedância, por fase,
de seqüência negativa, é a mesma da seqüência positiva.

(5.3.1)
O circuito equivalente, por fase, de seqüência negativa da linha de transmissão é o
apresentado na figura 5.3.1.

r-----------.., 1
1

1 Neutro :Terra 1
L-------------_J
Figura 5.3.1: Circuito Equivalente por Fase da Seqüência Negativa da Linha de Transmissão

5.4 Impedância de Seqüência Zero da Linha de Trans-


missão
Como as correntes de seqüência zero de cada condutor da linha de transmissão são
iguais e estão em fase, elas são obrigadas a retornar por qualquer caminho que não seja o
formado pelos próprios condutores da. linha. Assim, elas retornam pelo cabo de cobertura
(cabo guarda ou cabo pára-raio), pelo solo sob o percurso da linha e pelo solo seguindo a
menor distância entre o ponto de defeito e a subestação.
113

Se a rede for de distribuição, a corrente de seqüência zero retorna pelo solo ou, se
for o caso, pelo cabo neutro.
Como as correntes de seqüência zero são iguais nas três fases da linha de transmissão,
elas geram fluxos magnéticos idênticos que se concatenam com o cabo de cobertura e com o
solo sob a linha. Ver figura 5.4.1. .-

Í cabo de cobertura

~:-:. :_:.-:'i.--~;~::-=f~j_çÇt :">" solo


terra

Figura 5.4.1: Retorno de Corrente pelo Cabo de Cobertura e pela Terra sob a Linha de
Transmissão

Este fluxo magnético resultante é variável e induz no cabo de cobertura uma corrente
de reação, isto é, de retorno, indicada na figura 5.4.1.
Sendo o solo sob a linha de transmissão também condutor, é induzida uma corrente
de retorno que acompanha o traçado da linha, o que justifica a importância do conhecimento
da resistividade do solo sob a linha de transmissão. Como a linha é longa e percorre terrenos
com características distintas, uma resistividade média e representativa destes solos devP
ser obtida. Nem todo o fluxo magnético das três correntes de seqüência zero da linha dP
transmissão se concatena com o solo. Portanto, uma parcela de corrente dP seqüência zero fica
liberada e retorna pelo solo seguindo a menor distância do ponto de defeito à subestação.
Assim, esquematicamente, a corrente de seqüência zero dos três condutores da linha dt>
transmissão retorna por vários caminhos para fechar o circuito. Isto pode ficar caractPrizaclo
pela expressão 5.4.1.

3j01tnha :::::: icabode cobertura + jterra .s,)b a linha + iterra liberad11 (.').!.!;
Os diversos caminhos percorridos pelas correntPs de sPqüência zero podem sPr \·ist os
na figura .5.4.2, que mostra, por exemplo. uma linha de trnnsmissào qut> contorna llllli1
montanha até chegar a uma cidade.
114 CAPíTULO 5. LINHA DE TRANSMISSÃO

~Defeito
Cidade

~ "-'-':-\?-'.~~~\\\?'I
Montanha

Figura 5.4.2: Percurso da Corrente de Seqüência Zero

Portanto, a impedância de seqüência zero de uma linha de transmissão apresenta


dificuldade no seu cálculo analítico, isto porque, dependendo do local do curto, a corrente
de seqüência zero pode passar por vários caminhos, tais como cabo de cobertura, torre,
aterramento da torre diferenciado, terrenos com resistividade diferentes, seguindo vários
caminhos paralelos, etc.
A determinação analítica da impedância de seqüência zero pode ser efetuada segundo
a proposta apresentada por John R. Carson na sua publicação indicada na referência [27],
onde ela é função da resistividade média do solo sob a linha, da altura média da linha em
relação ao solo, da freqüência elétrica do sistema de energia, e da característica do condutor
da linha de transmissão.
A impedância de seqüência zero pode também ser levantada por medição, execu-
tando o esquema apresentado na figura 5.4.3.
Com este teste, simula-se a seqüência zero, e o valor da impedância de seqüência
zero é dado pela expressão 5.4.2.

. E
Zo=-.- (5.4.2)
lo
I>e um modo geral, a impedância total de seqüência zero da linha de transmissão
com cabo de cobertura, com retorno pela terra, tem o seu valor indicado na expressão 5.4.3.
115

Ío

Barra Barra
inicial final

'// 5' /// ;i:=//li:/I/?// ::=/ 1 '3//, ::': 11 E:/!/:?/// E:-///;='-/, i :E //l.?//I :S- I// :=///

SOLO

\... ,,,..'
------------------------
Figura 5.4.3: Medição da Impedância de Seqüência Zero da Linha de Transmissão

(5.4.3)
A impedância de seqüência zero do cabo de cobertura depende do material do cabo.
Atualmente, procura-se empregar condutor de melhor qualidade para haver maior retorno
da corrente de seqüência zero por este cabo, obtendo-se assim, menor corrente de retorno
pelo solo. Conseqüentemente, a dimensão da malha de terra da subestação pode ser reduzida
devido à menores tensões de toque e passo originadas pela corrente de retorno pelo solo.
Para diminuir a impedância, o cabo de cobertura deve ser aterrado ao longo da linha
de transmissão. Esta prática, no entanto, impossibilita a transmissão de sinais via Carrier
por este cabo.
A transmissão de sinais via Carrier está obsoleta, e modernamente utiliza-se como
cabo de cobertura, um condutor coaxial com um fio de fibra ótica. O cabo metálico conduz
a corrente de retorno do curto-circuito, ou a corrente de surto da indução ou de descarga at-
mosférica, sendo o fio de fibra ótica usado para a transmissão de sinais de telefonia, medição,
controle e proteção. Apenas como ilustração, mostrando a vantagem do cabo pára-raios com
fibras óticas, por exemplo o cabo tipo OPGW(OPTICAL GROUND WIRES). tem 18 pares
de fibras óticas, podendo trafegar em cada par 7560 canais, perfazendo um total de 136.080
canais de comunicação.
Capítulo 6

Curto-Circuito no Gerador Síncrono

6.1 Introdução
Neste capítulo serão analisados os curto-circuitos equilibrados e desequilibrados nos
terminais do gerador síncrono.
Este estudo é importante porque todas as conclusões aqui obtidas serão estendidas
ao sistema elétrico de potência. Isto poderá ser feito devido ao fato de ser o gerador síncrono
o único elemento ativo do sistema.
As conclusões obtidas para os terminais do gerador síncrono serão as mesmas para
o ponto de defeito do sistema elétrico.
As análises serão efetuadas no gerador síncrono, girando à vazio na velocidade
síncrona com tensões nominais nos seus terminais. Os curto-circuitos que serão estudados
são os seguintes:

• Curto-circuitos trifásicos (34>)

• Curto-circuitos bifásicos (24>)

• Curto-circuitos bifásicos à terra (24> - t)

• Curto-circuitos monofásicos à terra (14> - t)

Apenas o curto-circuito trifásico (34>) é equilibrado, contendo somente componentes


de seqüência positiva. Os demais curto-circuitos são desequilibrados, contendo componentes
de seqüência positiva, negativa e zero.
Como os curto-circuitos serão efetuados no gerador síncrono, faz-se mister levar
em consideração os circuitos equivalentes, por fase, de seqüência positiva, negativa e zero,
apresentados no item 3.18.

117
118 CAPITULO 6. CUIITO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

6.2 Curto-Circuitos no Gerador Síncrono


Os curto-circuitos serão efetuados no gerador síncrono, com rotor girando à veloci-
dade síncrona, excitado de modo a gerar tensões nominais nas bobinas da armadura, sem
carga conectada aos seus terminais, isto é, à vazio.
Na situação supra.citada, o gerador síncrono com todas as possibilidades de curto-
circuito está mostrado na figura. 6.2.1.

Figura 6.2.1: Representação do Gerador Síncrono

Cada enrolamento de armadura é representado por uma bobina em série com uma
fonte de tensão ideal, cuja tensão é igual à tensão fase-neutro do gerador síncrono sem carga,
isto é, com tensão nominal. As tensões de fase nos terminais do gerador síncrono estão
referenciadas ao potencial da terra.
Com os fechamentos adequados dos disjuntores, os curto-circuitos pretendidos serão
simulados, isto é:
• Curto-circuito 3</>, fecham-se os disjuntores a, b e e.
• Curto-circuito l</>-terra, fecha-se o disjuntor a.

• Curto-circuito 24>-terra, fecham-se os disjuntores b e e.


119

• Curto-circuito 2</>, fecha-se o disjuntor bc.

6.3 Curto-Circuito Trifásico no Gerador Síncrono


O gerador síncrono é construído de modo a ficar perfeitamente equilibrado, isto é,
suas bobinas são idênticas e igualmente distribuídas espacialmente na armadura (estator).
Portanto, o curto-circuito trifásico nos seus terminais terá somente componentes de seqüência
positiva. O curto-circuito trifásico é feito fechando-se os três disjuntores a, b, e da figura
6.2.1, originando-se a figura 6.3.1. Como indicado na figura, os fasores tensões têm como
referência o potencial da terra. Neste caso como o curto-circuito é 3$, o potencial no ponto
neutro N é igual ao da terra.

sem efeito

/
!

1
Figura 6.3.1: Curto-Circuito Trifásico no Gerador Síncrono

As condições de defeÚo trifásico ~~s terminais do gerador síncrono girando à vazio,


na velocidade síncrona. com tensões nominais são:

(6.3.1)

A expressão 2.8.2, que representa a transformação dos fasores originais nos fasores
120 C.<\PfTULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

de seqüência, é novamente aqui reproduzida.

Substituindo a expressão 6.3.1 na expressão matricial anterior, tem-se:

(6.3.2)

Portanto, conclui-se que:


i~ 0 =O
{ '~I = Ü
(6.3.3)
vª' =o
As três tensões de seqüência da fase "a" são nulas, indicando que os três modelos
de seqüência apresentados na figura 3.18.1 estão em curto. Este curto está apresentado na
figura 6.3.2.

iXo

Sequência positivo Sequência negativo Sequência zero

Figura 6.3.2: Modelos de Seqüência em Curto

Dos três circuitos, o único ativo é o modelo de seqüência positiva. Como era de se
esperar, o curto-circuito trifásico é equilibrado e só se considera o circuito equivalente da
seqüência positiva.
A corrente de seqüência positiva da fase "a" é obtida pela expressão 6.3.4.

(6.3.4)

Exemplo 6.3.l:
Um gerador síncrono de pólos salientes. com as bobinas da armadura ligada em Y
com característica de placa de 30MV .4, 13, Sk V, 60H z, está funcionando à vazio com tensões
nominais em seus terminais. A reatância sub-transitória do eixo direto é igual a O, 2pu e a
121

reatância de seqüência negativa vale O, 25pu. A reatância de seqüência zero vale O, 08pu. O
gerador síncrono está aterrado através de uma reatância de O, 09pu.
Para um curto-circuito trifásico nos seus terminais, calcular:

a) As correntes de seqüência.
O circuito equivalente por fase da seqüência positiva é o da figura 6.3.3.

+
j0,2

Ê0 = 1 /90° pu

Figura 6.3.3: Dados do Exemplo 6.3.1

. É. l~º
1
ª• = jX1 = j0,2
i. = 5LQ_o pu
1 0 =O i. = O
2 i.
b) As correntes verdadeiras.
A transformação das correntes de seqüência nas correntes verdadeiras é feita pela
expressão 2.9.1. Assim, tem-se:

i. = Ía 1 :. Ía = 5tfr0pu
Íb = à2 i., :. Íb = 5 /- 120°pu
Íc = àÍa 1 Íc = 5L'.!.~Jtpu
A corrente base é:
Sbase 30M
/base= ~ = ~ = 1255, IA
V 3Viase V 3 .13, 8k
Ía = 5LQº.1255, 1 :. Ía = 6275,5A
Íb = 5 /- 120°.1255, 1 Íb = 6275, 5 /- 120° A
Íc = 5L'.!1Q 0 .1255, 1 :. Íc = 6275, 5illQ0 A
122 CAPíTULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

6.4 Curto-Circuito Monofásico à Terra no Gerador


Síncrono
Obtém-se este curto-circuito, fechando-se o disjuntor "a" da figura 6.2.1, tendo-se
assim o esquema apresentado na figura 6.4.1. ·

curto .
1fÍ - terra

/
t"·'
(b1_,'

-------
Figura 6.4.1: Curto-Circuito Monofásico a Terra no Gerador Síncrono

Pela figura 6.4.1, a característica do defeito impõe as seguintes condições:

l~ =o
(6.4.1)
jb = ic =o
Usando a expressão 2.9.2, obtém-se

(6.4.2)
123

(6.4.3)
Pelos modelos individuais de seqüência do item 3.18, tem-se as seguintes equações:

V.. 0 = -(iXo + 3ZN)ia 0

Ya, = Êa 1 - jX1ia1
V.. 2 = -jX2ia 2
Somando-se as três equações anteriores e considerando 6.4.3, tem-se:

Yao+ Ya, + Ya 2 = Êa 1 - (iX1 + iX2 + jXo + 3ZN)ia, (6.4.4)


A expressão 2.7.1, indica que Ya =Yao+ Ya, + Ya., então
Ya = Êa 1 - (jX1 + jX2 + jXo + 3ZN)ia,
Como a condição deste defeito é que Ya = O, obtém-se:
(6.4.5)
Para que as expressões 6.4.3 e 6.4.5 sejam satisfeitas, os modelos de seqüência do
gerador deverão ser ligados em série, no caso específico do curto-circuito monofásico-terra.
Ver figura 6.4.2.

ia, ±02
No iºº
+ + iXo
+
iX1 jX2

va, Va2 3Z N Voo

Figura 6.4.2: Modelos Ligados em Série no Curto-Circuito l</>-terra

Exemplo 6.4.1:
O gerador síncrono é o mesmo do Exemplo 6.3.1. O gerador síncrono está à rnzio
com tensão nominal nos seus terminais e ocorre um curto-circuito l<P-terra na fas<> ··a··.
Determinar:
124 CAPíTULO 6. CURTO-CIRCUITO !..-0 GERADOR SíNCRONO

a) as correntes de seqüência positiva, negativa e zero.


Os modelos de seqüência positiva, negativa e zero estão conectados em série como
mostra a figura 6.4.3.
r
1. \

Ía2 / iaa
r--U.l.ll..IL~----1..--......,Nap-,"'-llll..ll:Yr-~--~_..+_,nc
+
+ j0,20
- Ê0 • 1~pu

Neutra,:: Terra,
Terra.

Figura 6.4.3: Circuitos Equivalentes por Fase de Seqüência Ligados em Série

j =j =j =
2
Éa = l /.]Jf
ª' ª ª0 J(0,20+0,25+0,08+0,27) j0.8

Ía = jª' = Ía = 1. 25ffi0 pu
1 0

b) as correntes verdadeiras nas fases do gerador síncrono.


Usando a expressão 2.9.1, tem-se

Ía = Ía 1 + ja 1 + Í,, = 3Ía, = 3 . 1, 25l.Jt. = 3, 75Lfl0 pu


Íb = Ía1 (1 + â 2 + â) =o
Íc = Ía (1 + ci 2 + â) =O
1

1
base
=~ V3\-base
=~ V3 .13,. 8k
= 1255 ' lA
Ía = 3, 75 . 1255, 1 Ía = 4706,6A
e) a corrente que passa no neutro do gerador síncrono.

ÍN = 3Íao
ÍN =3 . 1, 25fJt. .. jN = 3, 75~pu ou ÍN = 4706, 6Llf A
d) a tensão do ponto neutro à terra.

VN-terra = VNa-terra = -j3(0,09}Ía


0 0 = -j0,27 · 1,25/Jlº
125

VN-terra = -j0,3375pu = 0,3375/- 90°pu


13,8k
Vbaae = J3 V

Ú / nnO 13,8 / --Ok


"N-terra=0,3375~. J3 =2,689L=..fil)_ V

e) as tensões de seqüências no ponto do defeito.


Pela figura 6.4.3, tem-se

V, 2 = -j0,25ia, = -j0,25. l,25L[> = -j0,3125pu = 0,3125/-90°pu

V., 0
0
= -j(0,08 + 3. 0,09)ia 0 = -j0,35. 1,25L!!, = -j0,4375pu = 0,4375/- 90°pu
Va 1 = -i a Vao = -(Va + Va = -(0,3125/- 90° + 0,4375/- 90°)
1
2 - 2 0 )

i'a = -0, 75 /- 90° =O, 75Ífil)ºpu


1

f) as tensões verdadeiras nas fases do gerador síncrono.


Note-se que i~ 1 e Va, são as tensões de seqüência positiva e negativa na fase "a" do
gerador síncrono.
O mesmo não ocorre para Va 0 , porque a tensão de seqüência zero na fase "a" do
gerador síncrono é a VaoJ\io. Portanto,

i~oNo 0
= -jO.OSill-0 = -j0,08 .1.25& = -jO, lpu =O, 1/-90°pu

Aplicando a expressão 2.7.3, tem-se

[~: l
\cN
=[ ~
1
ã2

VaN = Va N + Va + Va = -jO, 1 + jO, 75 - jO, 3125


0 0 1 2

VaN = 0,3375j = 0,3375fllli.0 pu = 2,689flQºkV


vbN = VaoNo + a 2 i~. + ai~2 = o, 1 /- 90° + l /- 120° . o, 75Ífil2_º + lLÍlQº . o, 3125 /- 90°
vbN =o, 1/-90° +o, 75 /- 30° +o, 3125Mº
VbN = -jO, 1+O,649.5 - jO, 375 +O, 2706+jO,1562 =O, 9201 - jO, 3188
VbN = 0.9737 /- 19. llºpu = 7, 757 ~ºkV
Vcl\' = VaoNo +a Va 1 + a 2 i~ 2 =O, 1/- 90° + 1D12.° . O, 75~ + 1/- 120° . O, 3125/- 90°
VcN = -jO, 1 + o, 75fl1.Q.
0
+ o, 3125 /- 21 oº
VcN = -jO, 1 - O, 6495 - jO, 375 - O, 2706+jO,1562 = -0, 9201 - jO, 3188
i~N = 0, 9737/- 160, 88°pu = 7, 757 / - 160, 88ºkV
12G CAPíTULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

g) as tensões verdadeiras de linha nos terminais do gerador síncrono.

Vab = VaN - Íbs = 2,689M- 7. 757L=lílllº


t~b = 2. 689j - 7, 3295 + j2, 5395 = 9/144, 5°kV
Íbc = vbN - Vc}\! = 7, 757 L.:=1.lliº - 7, 757L-160,88°
vbc = 14, 659~kV
Pela Lei de Kirchhoff

Vca = -(9/144,5° + 14,659~)


t~ª = 9,004/-144.SºkV
h) as tensões verdadeiras dos terminais do gerador síncrono em relação à terra.
Há vários modos de resolução. Pela figura 6.4.1. tem-se

vª =o
Íb = tí,N + V.v -terra = Íba + i·~ = Vba = - t~b
Vb = 9/ - 35. 5°kV
i~ = YcN - VN-terra = ~~a+\;~ = Voa

6.5 Curto-Circuito Bifásico no Gerador Síncrono


Este curto é obtido com o fechamento do disjuntor bc da figura 6.2.l. O curto
acontece entre as fases b e c, evidenciado na figura 6.5.l.
Este curto-circuito implica nas seguintes condições:

Í. =o
t;, =V,, (6.5.1)
jdic=O

Substituindo na expressão 2.9.2, tem-se


127

Figura 6.5.1: Curto-Circuito 2</> no Gerador Síncrono

A corrente de seqüência zero (Í00 ) é igual a zero porque o curto-circuito não envolve
a terra, isto é, não tem condições de fechar o circuito pela terra.
. 1 . 2 •
la, = 3(0 + ãlb - ã h)

1.ai -- !i('
3
a - a'2) (6.5.2)

1.a 2 = 31(0 +a·21'b - a·1')


b = 3jb( -a+
. a·2) = -3
jb('a - a·2)

j jb(. . )2
- a2=3a-a (6.5.3)
Comparando as expressões 6.5.2 e 6.5.3, obtém-se
ia1 = -Ía2 (6.5.4)
Usando a expressão 2.8.2, pode-se analisar as tensões de seqüência, isto é:

(6.5.5)
128 CAPITULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

. 1 . . 2 •
Va 1 = 3(Va + âV,, + â V,,)

.
Va 1 =31 [.Va+(â+â 2 )V,,· 1 (6.5.6)

. 1 . 2 • •
Va 2 = 3(Va + â V,,+ âV,,)

vª, =~[Vi+ (â 2
+ â)V,,] (6.5.7)

As expressões 6.5.6 e 6.5. 7 são iguais, portanto:

(6.5.8)

Examinando as expressões 6.5.4 e 6.5.8, conclui-se que os modelos de seqüência


positiva e negativa d~verão ser ligados em paralelo, para o curto-circuito 2</>, figura 6.5.2.

Ía1 Íaz Íao


No
jX1
+
jX2
+ iXo
+

va, Va2 3ZN Voo

Figura 6.5.2: Modelos Conectados em Paralelo no Curto-Circuito Bifásico

Por coerência, o circuito equivalente de seqüência zero foi apresentado na figura 6.5.2,
mas pode ser simplesmente eliminado. Mesmo assim, a seqüência zero produz resultados
interessantes, apresentados a seguir.
Pela expressão 6.5.5, tem-se

(6.5.9)

Do circuito equivalente de seqüência zero, tem-se

Portanto,
1 . .
O= '3(Va + 2V,,)
vª = -2V,, (6.5.10)
129

A expressão 6.5.10 é mais uma condição do curto-circuito bifásico, ou seja, a tensão


na fase "a" é o dobro da tensão da fase "b".

Exemplo 6.5.1:
O gerador síncrono tem as mesmas características do exemplo 6.3.1. O gerador está
girando à vazio com tensão nominal nos seus terminais e ocorre um curto-circuito bifásico
na fase b e c. Determinar:

a) as correntes de seqüências.
Os modelos de seqüéncia positiva e negativa são ligados em paralelo. Ver figura
6.5.3.

+ +
j0,25

Figura 6.5.3: .\fodelos em Paralelo no Curto-Circuito Bifásico

1. 1 - _j 2 - 1~ = _j_
ª - ª - jO, 20 + jO, 25 jO, 45

t, = -t 2 = 2, 22pu
Ía =O
0

b) as correntes verdadeiras nas fases do gerador síncrono.


Usando a expressão 2.9.1, tem-se
130 CAPíTULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

Do Apêndice C, tem-se

jb = 3, 845 / - 90°pu

J =~= _30M = 1255 IA


base v'3vbase v'3 .13, 8k '

jb = 4825,85/- 90°A
t = _ jb = 4825, 85l2.Q.º A
e) a corrente que passa pelo neutro do gerador síncrono

d) as tensões de seqüência no ponto do curto-circuito.

i1a0 =O
i a, = l::, = -j0.25t = -j0,25(-2,22) =j0,555pu
1
2

e) as tensões verdadeiras nas fases do gerador síncrono.


Usando expressão 2.7.3

i 1a = 2i:, = 2j0.555 = 1, llOÍJ!.Qºpu = 8. 843Ú!QºkV


Da expressão 6.5.10, tem-se

T°r
Vb
i-~ = ---
= -2 8, 813l.aQº "9"QIÜkT/
- - = 4,4~lv~ •
n - /

2
131

6.6 Curto-Circuito Bifásico à Terra no Gerador Sín-


crono
A figura 6.6.1 mostra o curto-circuito obtido pelo fechamento dos disjuntores b e c
do esquema apresentado na figura 6.2.1.

//
Vo~:
/ vb ±Terra

~ / __________.~e

~
Figura 6.6.1: Curto-Circuito Bifásico à Terra no Gerador Síncrono
As condições do defeito curto-circuito bifásico à terra são:

i. =o
~i>i~=O
Substituindo na expressão 2.8.2, tem-se

[ t.
l
(~o 1 [
\ ª' = -
3
1 :
1 a
1 0,2
132 CAPiTULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

i~o = i'a, = Va 2 =~ (6.6.1)


Pelo Teorema de Fortescue a corrente verdadeira na fase "a'' é igual a soma das três
correntes de seqüências, isto é:
ja =to +t, +ja2
Pela condição de defeito t = O, tem-se

(6.6.2)

Para satisfazer simultaneamente as expressões 6.6.l e 6.6.2, os circuitos equivalentes


por fases das seqüências positiva, negativa e zero, deverão ser conectados em paralelo no
curto-circuito 2,P-terra. Ver figura 6.6.2.

Ía1 Ía2 Íao


No
iX1 r
Va1
iX2
r
Va2
iXo
3ZN---
J,,,, .. ·
;·1
\+
Voo

L !_

Figura 6.6.2: Modelos Ligados em Paralelo no Curto-Circuito Bifásico-terra no Gerador


Síncrono

Pela figura 6.6.1 pode-se relacionar as seguintes expressões:

(6.6.3)

(6.6.4)
Exemplo 6.6.1:
O gerador síncrono é o mesmo do exemplo 6.3.1.. Ele está girando a vazio com
tensão nominal nos seus terminais e ocorre um curto-circuito bifásico à terra nas fases b e
e. Determinar:

a) as correntes de seqüência.
Os modelos são conectados em paralelo. Ver figura 6.6.3.
As reatãncias de seqüência zero estão em série, resultando o esquema da figura 6.6.4.
A figura 6.6.5 apresenta a redução das duas reatâncias em paralelo.

1. liB.Q.º - __j _ - 2 1 u
ª 1 = jO, 20 + jO. 1458 - jO, 3458 - ' 89 Sp
133

Ía1 Íaz Íaa


No
+ + +
io,20 j0,25 j0,08

E:º1 - 1~pu 'V'a, va 2 j 3x0,09 Voo

Figura 6.6.3: Dados do Exemplo 6.6.1

j0,35

Figura 6.6.4: Redução do Circuito

Figura 6.6.5: Redução do Circuito

Aplicando divisor de corrente na figura 6.6.4, tem-se

-ia, = jO, 35 ia
jO, 25 + jO, 35 1

i. = _j?, 35 2,8918 = -l,6868pu = 1,6868@ pu


2
0
10,6
Usando da Lei de Kirchhoff no nó da figura 6.6.4, obtém-se
134 CAPíTULO 6. CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SíNCRONO

jªº = -2, 8918 - (-1, 6868) = -L 205pu = 1, 205ill.Q0 pu


b) a corrente que passa pela terra.

jN = jterra = Úa = 3 · 1. 205Llfil>0 pu
0

0
jterra = 3. 615Ílfü)0 pu = 4537.18l_W. A
e) a tensão do neutro à terra.

ÍN-terra = VNo-terrao = -3ZNto = -j0,27. 1,205L.lfillº


VN-terra = 0,3253~pu == 2.591LJlQ0 kV
d) as correntes nas fases do gerador síncrono.
Usando a expressão 2.9.1. tem-se

t=O
Íb = Ía 0 + à 2 ia, + Úa 2
jb = 1. 205Llfillº + 1 / - 120° . 2. 8918 + 1ÍJ1&0 . 1. 6868{llQº
jb = -1, 205 + 2, 8918/ - 120° - 1, 6868LflQº
jb = 4, 3577 / - 114, 5°pu = 5469. 34 / - 114, 5° A
jb + jc = jterra
Íc = jterra - Íb = 4537, 18Ílfill.
0
- 5469,34~0
Íc = 5469, 75/114, 5º A
e) as tensões de seqüências

Va, = Va 2 = Va 0 = -j0.25Ía 2 = -j0,25. l.6868l!§.Q


0
= 0,4217LJllfpu
f) as tensões nos terminais do gerador síncrono.
Vb=Vc=O

Va = V + Va, + ~~ 2 = 3lia, = 3. 0.4217~ = l,265l~u


00

Í'ª = 10,07/:EJlºkV
g) as tensões nas fases do gerador síncrono.
135

Pela figura 6.6.1, as tensões são:

VaN = Va - ~'l\"-terra
VaN = 10.07LJ!Q0 - 2,591Lfil[> = 7,479LJl!tkV

6. 7 Consideraçõe s Finais
O estudo aqui abordado foi relativo à curto-circuitos nos terminais do gerador
síncrono girando à vazio na veiocidade síncrona. com tensões nominais em seus terminais.
As condições são as mesmas sob qualquer tensão nos terminais, desde que seja
respeitada a faixa limitativa do gerador síncrono.
As impedâncias de um sistema elétrico radial poderão ser incorporadas na reatância
interna do gerador síncrono e os curto-circuitos poderão ser calculados, conforme proposta
apresentada neste capítulo.
No gerador síncrono de rotor cilíndrico a corrente de curto-circuito bifásico é sempre
0,866Icc3.P, isto porque X 1 = X 2 • No sistema elétrico em anel. o cálculo do curto-circuito é
mais complexo, e será o assunto específico do capítulo 7.
Capítulo 7

Curto-Circuito no Sistema Elétrico

7.1 Introdução
Este capítulo destina-se ao estudo do curto-circuito no sistema elétrico. A análise
aqui desenvolvida é geral, sendo aplicada a sistema elétrico em anel e radial.
As correntes de curto-circuito serão calculadas fazendo-se uma extensão da análise
apresentada no capítulo anterior. No ponto do defeito, isto é, do curto-circuito, sempre é
possível obter o circuito equivalente de Thevénin, ficando o circuito idêntico ao do gerador
síncrono operando à vazio com o mesmo curto nos seus terminais.
Deste modo, a corrente de curto-circuito poderá ser obtida com facilidade. As
correntes nos outros trechos do sistema são obtidas fazendo o retrocesso no circuito, obtendo-
se as correntes que contribuem com o defeito, em vários pontos da rede elétrica.
Apesar do defeito ser indesejável, o curto-circuito sempre ocorre em pontos aleatórios
da rede elétrica. Se os curto-circuitos não forem rapidamente elirrúnados, os danos nos
equipamentos que integram a rede elétrica poderão ser elevados.
Portanto, as correntes de curto-circuitos deverão ser conhecidas em todo o sistema
elétrico para todos os possíveis defeitos.
O conhecimento da corrente de curto-circuito atende a diversos objetivos impor-
tantes, relacionados a seguir:

• conhecer a dimensão do seu valor.

• dimensionar a linha de transmissão em relação a seu lirrúte suportável de elevação da


temperatura devido ao curto-circuito.

• dimensionar o disjuntor quanto à secção dos seus contatos e capacidade disruptiva da


sua câmara de extinção do arco-elétrico.

• dimensionar o transformador de corrente (TC) quanto ao nível de saturação da sua


curva de magnetização definido pela sua classe de exatidão.

• efetuar a coordenação de relês.

137
138 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

• analisar as sobretensôes na freqüência industrial devido ao curto-circuito.

• conhecer o tempo de atuação do relé. conseqüentemente o tempo da eliminação do


defeito, para analisar as perturbações devido às harmônicas e da estabilidade dinâmica
do sistema elétrico;

• outros.

7 .2 Causas das Faltas na Rede Elétrica


Ao projetar um sistema, o objetivo básico é sempre projetá-lo adequadamente. com
lay-out otimizado. com materiais de qualidade comprovada, bem desenhados, e prevendo
a execução da obra e a instalação da melhor qualidade. Mesmo assim, o sistema estará
exposto às condições mais diversas e imprevisíveis, e a falha aparecerá em pontos aleatórios
do sistema.
As falhas são devidas à:

a) Problemas de Isolação
As tensões nos condutores do sistema são eievadas, conseqüentemente. rupturas para
a terra ou entre cabos poderá ocorrer por diversos motivos:

• desenho inadequado da isolação dos equipamentos, estrutura ou isoladores;

• material empregado (inadequado ou de má qualidade) na fabricação;

• problemas de fabricação;

• envelhecimento do próprio material.

b) Problemas Mecânicos
São os oriundos da natureza e que provocam ação mecânica no sistema elétrico:

• ação do vento.

• neve.

• contaminação.

• árvores, etc.
139

e) Problemas Elétricos
São os problemas elétricos intrínsecos da natureza ou os devidos à operação do
sistema:
• descargas atmosféricas diretas ou indiretas.
,, • 7
• surtos de chaveamento (manobra)

• sobretensão no sistema.

d) Problemas de Natureza Térmica


O aquecimento nos cabos e .equipamentos do sistema. além de diminuir a vida útil.
prejudica a isolação e é devido a:.
• sobrecorrentes em conseqüência da sobrecarga no sistema.
• sobretensão dinâmica no sistema.

e) Problemas de Manutenção
• substituição inadequada de peças e equipamentos.
• P.essoal não treinado e qualificado.

• peças de reposição não adequadas.


• falta de controle de qualidade na compra do material.
• inspeção na rede não adequada.

f) Problemas de Outra Natureza


• atos de vandalismo

• queimadas

• inundações
• desmoronamen tos

• acidentes de qualquer natureza.


140 C.4PiTULO 7 CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

7 .3 Ocorrência dos Defeitos no Sistema Elétrico


Procura-se apresentar aqui apenas uma idéia da ordem de ocorrência de falhas no
sistema elétrico. ísto é. na geração, subestação e transmissão. Cada setor, devido às suas
próprias características, contribui mais ou menos no curto-circuito.
Estas ocorrências são obtidas através do levantamento histórico de defeitos nas em-
presas de energia.
A contribuição de cada setor do sistema de energia elétrica em relação a curto-
circuitos está apresentada na Tabela 7 .3.1.

Setor do
Curto-Circuito 1
Sistema Elétrico
Geração 06%
Subestação 05%
1
Linhas de Transmissão 1 89%

Tabela 7.3.l: Porcentagem de Curto-Circuito no Sistema Elétrico

Pela própria natureza do sistema de energia elétrica. o setor mais vulnerável à falha
é a linha de transmissão. Isto porque ela percorre o país de ponta a ponta, passando por
diversos lugares, com terrenos e climas distintos.
Os elementos das linhas de transmissão, isto é, as ferragens. cabos. estruturas. estão
dispostos em série. diminuindo consideravelmente a sua confiabilidade.
A rede de distribuição também contribui com falhas. mas os seus curto-circuitos não
colocam tanto em risco o sistema elétrico como os curtos na linha de transmissão.

7.4 Ocorrências dos Tipos de Curto-Circuito no Sis-


tema de Energia Elétrica
Pela própria natureza física dos tipos de curtos-circuitos, o trifásico é mais raro. Em
contra-partida, é o curto-circuito monofásico à terra o mais corriqueiro. As percentagens
médias de ocorrência de cada tipo estão na tabela 7.4.1.

Tipos de Ocorrências
Curtos-Circuitos em%
3</; 06
2</; 15
2</;-terra 16
1 <j>-terra 63

T~bela 7.4.1: Ocorrência dos Curtos-Circuitos


141

7.5 Curto-Circuito Permanente


Os curto-circuitos podem ser do tipo permanentes ou temporários (fortuito).
Os curto-circuitos permanentes, como o próprio nome já indica, são do tipo ir-
reversível espontaneamente, necessitando de conserto na rede para restabelecer o sistema.
Após a abertura do disjuntor. a equipe de manutenção deverá se deslocar até o local do
defeito e. somente após o conserto, o sistema será restabelecido.

7.6 Curto-Circuito Temporário


Curtos-circuitos temporários. ou fortuitos. são aqueles que ocorrem sem haver defeito
na rede. Após a atuação da proteção o sistema pode ser restabelecido sem problemas.
Os curtos-circuitos temporários são oriundos de várias causas, tais como:

• sobretensão na rede. com a conseqüente quebra de isolamento do isolador, propiciando


o arco elétrico (fiashover).

• contaminação do is ola~o: ;ela poeira e poluição.


1
• umidade

• chuva

• salinidade

• galhos de árvores

• pássaros

• vento

• neve

O principal defeito temporário é a disrupção do arco elétrico (flashover) no isolador,


como mostra a figura 7.6.l.
O isolador enfraquecido, isto é, contaminado por poeira, salinidade, polaição. umi-
dade, produz urna considerável corrente de fuga por sua superfície. Uma sobretensão indu-
zida na rede provoca disrupção no isolador, ionizando o ar e formando o arco elétrico. Com
o desaparecimento da sobretensão, o arco elétrico persiste mantido pela tensão normal do
sistema. Isto se dá porque a resistência elétrica do ar ionizado é muito pequena.
Observe-se que a tensão do sistema mantém, através do arco elétrico. o curto-
circuito. Com a atuaç.ão do disjuntor o circuito é aberto. extinguindo o arco elétrico e,
em conseqüência, desionizando o ar, que recupera sua rigidez normal. Se o sistema for
provido de religamento automático, a energizaçâo será aceita e o sistema volta a operar nor-
malmente, como se nada houvesse ocorrido. Portanto, a vantagem do religamento é marcante
na manutenção da continuidade do serviço.
142 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO

/
Isolador
Arco / ~
elétrico 1

~·\
Pino

J ~ --- -- •'• ,>~--:=-:--~::;-~ ~zeto


~ ~ //C/F: ~~ ') ~- ~ "----
1 (--;: (~~- .~. -~- -

i
Figura 7.6.1: Flashover no Isolador

7.7 Ocorrência de Curtos-Circuitos Permanente e Tem-


porário

É o curto-circuito monofásico à terra o que tem maior incidência no sistema elétrico.


E deste, a predominância é de curto temporário.
A percentagem de ocorrência dos curtos-circuitos permanentes e temporários estão
na tabela 7.7.l.

·1 Curtos-Circuitos Ocorrências
10-t.erra em%
1 Permanente 04
1 Temporários 96

Tabela 7.7.1: Ocorrência dos Curtos-Circuitos Permanente e Temporário

Observa-se que a taxa de ocorrência do defeito temporário é grande, compensando


usar o religamento monopolar na fase em curto-circuito do sistema elétrico de grande porte.
Neste caso, durante o tempo morto do religador, o sistema elétrico fica momentaneamente
desequilibrado. Se o sistema elétrico for de pequeno porte é usual o religamento trifásico.
143

7.8 Curto-Circuito no Sistema de Energia Elétrica


Os curtos-circuitos trifásicos são equilibrados. bastando para tanto considerar o
circuito equivalente de seqüência positiva. Já os curto-circuitos bifásicos, bifásicos à te~ra e
o monofásico à terra, são desequilibrados, e os diagramas de seqüências positiva, negativa e
zero deverão ser usados.
O importante é calcular a corrente de curto no ponto de defeito. Partmdo desta. as
correntes em outros trechos são calculadas fazendo o retrocesso nos circuitos equivalentes.
Com o objetivo de calcular a corrente de curto-circuito no local do defeito, far-se-
á correspondência com as técnicas usadas nos curtos no gerador síncrono do Capítulo 6.
Para tanto, deve-se obter o circuitó equivalente de Thévenin no ponto de defeito do sistema
elétrico e efetuar a correspondência com o gerador síncrono, como indica a tabela 7.8.l.

Circuitos de Seqüência Circuito de Seqüência do Sistema


do Gerador Síncrono a Vazio de Potência
Ea, --+ f.e.m da fase "a" no Ea, --+ tensão de fase no local do
terminal do Gerador Síncrono a defeito (tensão de Thévenin antes
vazio do defeito)
Obs.: a tensão deverá ser obtida com
o sistema alimentando normaímente
as cargas 1

Zi, Z2, Zo --+ Impedância de Z1. Z2. Zo--+ Impedâncias de


Seqüência do Gerador Síncrono Seqüências Equivalentes (vista)
1 no ponto de defeito (equivalente

1 de Thévenin) em cada um dos

circuitos de seqüências
Ia,Ib,Ic--+ correntes nas ! 0 , h. Ic - t correntes que fluem
fases a, b e e durante o do sistema para o defeito no
defeito local do defeito

Tabela 7.8.1: Correspondência do Gerador Síncrono com o Sistema Elétrico

Para estabelecer, com maior fundamento o significado das correntes jª' jb e jc,
que fluem do sistema para o defeito. de modo a fazer a correspondência, isto é, as mesmas
características de defeitos do gerador síncrono à vazio, são apresentadas as tensões e correntes
no local do defeito conforme figura 7.8.l.
No local da ocorrência do curto-circuito, usa-se o artifício de construir uma pequena
linha ideal, isto é, sem impedância. As correntes que fluem do sistema para o defeito são as
correntes desta linha imaginária.
Observe-se que para a linha imaginária da figura 7.8.1, o sistema está operando à
vazio, isto é, sem carga.
As tensões V,,, Vi, e Vc são as tensões desta linha à terra.
144 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO
Loca 1 do defeito
Linha
de

} transmissão

Figura 7.8.1: Tensões e Correntes no Local do Defeito

As impedâncias equivalentes de Thévenin Zi, Z2 e Z0 , do sistema elétrico, são obti-


das dos diagram~s de impedância das respectivas seqüências. Como os circuitos equivalentes
de seqüência negativa e zero são passivos, o circuito equivalente de Thévenin é apenas repre-
sentado pela impedância Z2 e Zo. Sendo a seqüência positiva ativa, o seu circuito equivalente
de Thévenin é representado pela impedância de seqüência positiva ( Zi) atrás da tensão de
Thévenin (Ea, ), que é obtida no local do defeito antes da ocorrência do curto-circuito.
O circuito de Thévenin da seqüência positiva do sistema elétrico é o da figura 7.8.2.


Sequência

positiva da
sistema

elé !rico

Figura 7.8.2: Circuito de Thévenin da Seqüência Positiva

Os diversos curto-circuitos poderão agora ser simulados.

a) Curto-Circuito l,P-terra
Basta fazer a conexão na figura 7.8.1 da fase "a" com a terra, obtendo-se a figu-
ra 7.8.3.
145

Local do defeito
e

Figura i .8.3: Curto-Circuito Monofásico-Terra

As condições do defeito são:

jb = t =o
vª =o
Estas são as mesmas condições apresentadas· no item 6.4, portanto, os circuitos
equivalentes de Thévenin das seqüências positiva:, negativa e zero, no local do defeito, deverão
ser conectados em série. A conexão, em série, dos circuitos equivalentes de Thévenin por
fase, está apresentada na figura i.8.4.

b) Curto-Circuito 2o na linha "b" e "e".


Na figura i.8.1, conectando as fases b e e, obtém-se o curto 21;. indicado na figu-
ra i.8.5.
As condições do defeito são:
145

Local do defeito
e

Figura 7 .8.3: Curto-Circuito Monofásico-Terra

As condições do defeito são:

jb = jc = Ü

V.= o
Estas são as mesmas condições apresentadas· no item 6.4, portanto, os circuitos
equivalentes de Thévenin das seqüências positiva", negativa e zero, no local do defeito, deverão
ser conectados em série. A conexão, em série, dos circuitos equivalentes de Thévenin por
fase, está apresentada na figura 7.8.4.

b) Curto-Circuito 2o na linha "b" e "e".


Na figura 7.8.1, conectando as fases b e e, obtém-se o curto 2c/J. indicado na figu-
ra 7.8.5.
As condições do defeito são:

ja =Ü
146 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

.---------.ia,
+
Sequência po1itivo

Figura 7.8.4: Conexões em Série para o Curto Monofásico-Terra

Local do defeito
e

Figura 7.8 ..5: Curto-Circuito Bifásico no Sistema Elétrico


147

Estas condições são as mesmas apresentadas no item 6.5, portanto, os modelos de


seqüência positiva e negativa serão conectados em paralelo. Figura 7.8.6.

Sequência positivo Va 1 Sequência negativo Va2

Figura 7.8.6: Modelos em Paralelo no Curto Bifásico

e) Curto-Circuito 2<i>-terra nas fases "b" e "c".


Este curto está apresentado na figura 7.8.7.

Local do defeito

Figura 7.8.7: Curto Bifásico-Terra no Sistema Elétrico


148 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO
As condições deste curto-circuito 2</>-terra são:

i. =o

Estas condições são similares às apresentadas no item 6.6, e os modelos dos circuitos
equivalentes de Thévenin, no ponto de defeito, são conectados em paralelo. Figura 7.8.8.

- - - - - - - . Ía,
,+
Sequência positiva Sequência negativa v02 + Sequência Zero
Voo

Figura 7.8.8: Ligação em Paralelos dos Modelos no Curto-Circuito Bifásico-Terra

d) Curto-Circuito 3dl.
É o curto onde todas as correntes são equilibradas, portanto, não há diferença no
curto-circuito 3</> e 3</>-terra. Ver figura 7.8.9.
e e
b b
o a

Íc

Figura 7.8.9: Curto-Circuito Trifásico no Sistema Elétrico


149

As condições do defeito são:

Estas são as mesmas do item 6.3 do capítulo 6, indicando que os modelos de seqüência
positiva, negativa e zero estão curto-circuitados.
Como os circuitos equivalentes de seqüência negativa e zero são passivos. só há
necessidade de apresentar o circuito de seqüência positiva. Ver figura 7.8.10.

Sequência positiva

Figura 7.8.10: Modelo de Seqüência Positiva em Curto no Curto-Circui.to Trifásico

7.9 Cargas
As. correntes de curto-circuito calculadas no item anterior são somente a contri-
buição das correntes quando se considera o sistema elétrico operando a vazio, isto é. sem
carga. Como, na realidade. o sistema está sempre operando com carga, o curto-circuito
nesta situação deve ser considerado. Assim, para se obter as condições iniciais das correntes
verdadeiras de curto-circuito no sistema operando com carga e sob defeito, deve-se fazer a
superposição do sistema operando normalmente com carga com o sistema com defeito mas
sem carga.
Observe-se que a superposição só é válida se os dois sistemas (circuitos) forem iguais,
isto é, o sistema elétrico é o mesmo, com carga e sob curto-circuito.
As correntes nos diversos trechos do sistema elétrico são calculadas através do pro-
grama de fluxo de carga (Load Flow). Note-se que o cálculo do fluxo de carga deverá ser feito
com as reatâncias internas dos geradores e motores síncronos correspondentes as do período
sub-transitório, isto é, x~. No entanto, como a contribuição da reatância sub-transitória
frente às reatâncias do sistema juntamente com a impedância da carga é muito pequena, nã.o
se comete erro considerando a reatância síncrona dos geradores e motores síncronos no fluxo
da carga normal.
Junto com a solução do fluxo de carga. que é uma prática rotineira das empresas
de energia elétrica. oiJtém-se também, o valor de Éa,, isto é, da tensão em relação à terra
(neutro) no local do defeito. Esta tensão Éa, será transformada em puna base correspondente
;)0 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

ao nível de tensão do local do defeito. Ea, será a tensão de Thévenin, ou seja, a tensão da
fonte ideal do circuito equivalente da seqüência positiva do sistema elétrico. Dependendo do
tipo de defeito, os modelos de seqüência positiva, negativa e zero serão conectados como já
visto, e as correntes de curto-circuitos do sistema sem carga serão calculadas.
Em um mesmo ponto do sistema eléti.ico, fazendo-se a superposição das correntes
de carga com a corrente de curto-circuito do sistema sem carga, obtém-se a corrente ver-
dadeira de curto-circuito do sistema elétrico com carga. A expressão 7.9.1 elucida bem a
superposição.

jverdadeira do .sistema com carga sob defeito = Ícarga aem defeito+ jdefeito aem carga (7.9.1)

As correntes de carga são praticamente limitadas pelas impedâncias das cargas,


portanto, seus valores são pequenos, com fatores de potência maiores ou iguais a O, 85.
Conseqüentemente, a defasagem da tensão de fase-neutro (terra) e a corrente da carga é
muito pequena.

Em contra-partida, as correntes de curto-circuito são apenas limitadas pelos parâ-


metros do sistema, que têm valores pequenos e indutivos. Em conseqüencia as correntes de
curto-circuito são grandes e com defasagem também grande em relação à tensão fase-neutro.

Diagrama fasorial da superposição está na figura 7.9.1.

Ídefeito

.l:Carc;io sem defeito

Figura 7.9.1: Diagrama Fasorial


151
Não há muita diferença nos módulos da corrente verdadeira e da corrente de curto-
circuito do sistema sem carga. Isto é, a contribuição da corrente de carga é muito pequena,
podendo tranqüilamente ser desprezada no cálculo do curto-circuito. Além do mais, não há
necessidade de a corrente de curto-circuito ser calculada com absoluta precisão, mas apenas
ter-se uma idéia do valor da sua grandeza em módulo, que é fundamental na análise da
proteção do sistema elétrico.

Se precisão for requerida-, as correntes de carga poderão ser consideradas. No en-


tanto, é rotineiro na prática, as cargas serem desprezadas no cálculo da corrente de curto-
circuitos.

7.10 Exemplo de Cálculo de Curto-Circuito no Sis-


tema Elétrico
Para explicitar e consolidar as ferramentas da técnica aqui proposta, resoluções
completas de exemplos serão apresentadas.

Exemplo 7.10.1:
O sistema elétrico da figura 7.10.1 opera sem carga. Para um curto-circuito l<,i>-terra
na fase "a" da barra "c", calcular as correntes de curto-circuito considerando o transformador
de núcleo envolvente e envolvido.

o b

l130~YR-
13,SKV
x 1 LT=15,S7n
XoL T= 47,61.!l

X1= 15% 30MVA 10 - terra


X2=20% 13,8/69KV
X 0 =5°/o XT=IOº/o

Figura 7.10.1: Diagrama Unifilar

a) Tranformador de Núcleo Envolvente


Como 0 curto-circui.to é l<,i>-terra, os modelos de seqüência positiva, negativa e zero
152 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

são conectados em série. Figura 7.10.2.

+
1/90º pu

bo Co
ºº
j0,05 j0,10 j0,3 Í 00
\'.!ao

Figura 7.10.2: Modelos em Série Considerando Transformador de Núcleo Envolvente

Pode-se constatar pela figura 7.10.2, que o circuito está aberto devido ao bloqueio
da seqüência zero no transformador. Isto é:

Apesar da fase "a" estar em contato com o solo, o bloqueio do transformador de


núcleo envolvente não dá condições de operação à proteção de neutro (relé ou religador).

b) Transformador de Núcleo Envolvid_o


Os modelos conectados em série estão na figura 7.10.3.
Devido ao 6 fictício, há possibilidade de passagem da componente de seqüência
zero.
153

+
"ºº

Figura 7.10.3: Modelos em Série Considerando o Transformador do Núcleo Envolvido

. . .1
lLJill.o
I,,. = I,,. = ª 2 = j0,15+j0,l +jO,l +j0,2+j0,l +jO,l +j0,5+j0,3

t. = t 1 = i,, 2 = O, 645lpu

Utilizando a expressão matricial 2.9.1, obtém-se

[ ~I:c: l =[ ~l ~2 õ.~ ~: ~:~~


ã 2
l[ l
O, 6451

ia = 1, 9353pu
154 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

30M
]base = vÍJ.
69
k = 251, 02A

ia= 485,SA
Note que a corrente de curto é pequena. apenas 93% maior que a corrente de pleno
carregamento do circuito. mas já suficiente para fazer operar a proteção de neutro do religador
ou do relé.
Este exemplo mostra claramente a influência do tipo de núcleo do transformador
nas correntes de curto-circuito do sistema de energia elétrica.

Exemplo 7.10.2:
O sistema de energia elétrica tem o diagrama unifilar apresentado na figura 7.10.4

tOMVA
13,BKV
T3H-B
y x 1=12%
x21s%
Y6 Xõ5%

15MVA
138/13,2KV
x 1LT=90.ll
xr;12%
x 0• 2100
r2 f ~

x 1LT 400
Ç(~
H-B v}n
xºLT=1son 20MVA
20MVA
18KV
138/1BKV x =13%
1
xr;'ºº'•
x2•t8%
Xoª4%

Figura 7.10.4: Diagrama Unifilar

Todos os transformadores são de núcleos envolventes. O exemplo será resolvido


considerando um defeito na linha de transmissão "bc". O defeito é um curto-circuito lq)-
terra, isto é, envolvendo a fase "a'" e a terra, situado a 70% da linha de transmissão "bc".
O sistema apresentado está operando a vazio, isto é, sem carga.
155

a) Fazer o diagrama de impedância de seqüências positiva, negativa e zero.


O sistema elétrico deste exemplo é o mesmo do exemplo apresentado no item 1.17
do Capítulo 1. Portanto, os cálculos em pu já foram efetuados e o diagrama de impedância
de seqüência positiva é o mesmo da figura 1.17.2, que está aqui reproduzido na figura 7.10.5.

J0,15 J0,078 j0,0903 j0,0387 J0,219

J0,36

+ +
Seqüência Positiva

Figura 7.10.5: Diagrama de Impedância por Fase de Seqüência Positiva

Observe-se que a impedância em puda linha de transmissão "bc" foi dividida em duas partes,
uma com 703 e a outra com 30%.
Como antes do defeito o sistema estava operando a vazio, as três fontes de tensão
da figura 7 .10.5 estão em fase e pode-se aplicar o teorema de deslocamento de fontes. As-
sim, as três fontes ficam reduzidas a uma única fonte de tensão, conforme recomendado na
tabela 7.8.1. Efetuando o deslocamento de fontes origina-se a figura 7.10.6.
Topologicamente o diagrama de impedância da seqüência negativa é o mesmo da
seqüência positiva, mas os valores em pu das reatâncias dos geradores e motores são dife-
rentes. O diagrama de impedância da seqüência negativa, com os valores em pu na base
recomendada no item 1.17, está na figura 7.10.7.
156 CAPíTULO í. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

º1 ±.,,bc e,
t---Jl.l~,....---~~--<----Jl.ll.llll;~~~~~--,&ll.J:~d,
J0,15 J0,078 b1 J0,!90 + J0,0387

J0,36
•1

j0,137
"'º1
Seqüência Positiva

j0,178

Figura 7.10.6: Deslocamento de Fontes

dz
)0,20 j0,078 J0,0903 j0,0387 j0,219

J0,48
j0,057

ez
Seqüência .[';°egativa J0,137
lio2

f2

j0,247

Figura 7.10.7: Diagrama de Impedância por Fase de Seqüência Negativa


157

O circuito equivalente por fase de seqüência zero, deve ser feito considerando as
conexões dos enrolamentos dos transformadores de núcleo envolvente de acordo com a Ta-
bela 4.18.l. Os valores das reatâncias de seqüência zero já transformadas em pu, estão na
figura 7.10.8.

Íaa
no bo do
ºº

JO,t~
j0,1~7x 3=j0,47t

Seqüência Zero
>;too

Figura 7.J 0.8: Diagrama de Impedância por Fase da Seqüência Zero

b) Calcular as correntes verdadeiras de curto-circuito que fluem do sistema para


a terra.
Exatamente no local do defeito, esta é a corrente que deixa o sistema na fase "a" para
a terra. Como o curto-circuito é l</>-terra, os modelos de seqüência deverão ser conectados
em série. As ligações das conexões deverão ser feitas no ponto do defeito. Ver figura 7.10.9.
O objetivo inicial é calcular a corrente jª'. Portanto, deve-se reduzir os circuitos da
figura 7.10.9. As reduções estão nas figuras 7.10.10, 7.10.11, 7.10.12 e 7.10.13.
SISTE MA ELÉTR ICO
158 CAPíT ULO 7. CURT O-CIR CUITO NO

j0,219
'2 d2

Ía 2 M

j0,057 J0,48

j0,137

jozG2
'2

)0,247

ioo
•o Ío 0 bc '•
noGi
bo J0,2114 j0,0906 )0,219 1::M
)0,471 i 00 T1

Seciüênc10 ztro
j0,23

•o
f""
j0,137 t noM
~ºº
fo
J0,0~4

IooGz

j0,507

Série
Figur a 7.10.9: l\fodelos Conectados em
159

Io1bc e,
+

j0,3183
Vo1
t j0,372
jO . .j79

= t/90ºpu

Ía 2 bc C2
+ j0,0387 Ía2M

j0,3683 j0,441
vª2 j0,6

Íaobc

+
j0,2894 Voa j 1,0186

Figura 7.10.10: Redução do Circuito


160 CAPfTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

j0,3183
jO, 2265

j0,3683

~o j0,2253

Figura 7.10.11: Redução do Circuito


161

I 01 bc ia,
+

jo,3183 .!
Vo1
jO, 2652

--E = 01 1/90° pu

±02bc ±02

j0,3683 va 2 j0,3091

Íoo

j0,2253
voo

Figura 7.10.12: Redução do Circuito


162 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

Figura 7.10.13: Redução do Circuito


163

Do circuito reduzido da figura 7.10.13, obtém-se

. . . llru!º llfill.?
Iao =Ia, = Ia, = jO, 1447 + jO, 1680 + jO, 2253 = jO, 5380

Pela condição do defeito, tem-se

i. = 5. 576lpu

A corrente base. no nível de tensão do local do defeito, é:

I Sba•e 30M = 120. 05A


base= v'3°Vbase = v'3.144,27k

ia = 5 ..j761 . 120, 05 ia= 669,41A


As correntes de curto-circuito do sistema para o defeito. estão na figura 7.10.14, que
mostra a linha de transmissão "bc".
e) Calcular as correntes verdadeiras nas três fases da linha de transmissão
"bc", correspondente ao trecho que vai da barra "b" ao ponto do defeito.
As correntes de seqüência positiva. negativa e zero do trecho "bc" estão indicadas
na figura 7.10.9, 7.10.10. 7.10.11 e 7.10.12.
Do circuito da figura 7.10.12, aplicando divisor de corrente. tem-se

j _ jO, 2652 j _ jO, 2652. 1, 8587


ª 1• 0
- jO, 3183 + jO, 2652 ª 1 - jO, 3183 + jO, 2652
164 CAPíTULO i. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

. _ yO. 3091 j _ jO. 3091. 1, 8587


1 2
ª •' - jO, 3683 + jO, 3091 ª 2 - jO, 3683 + jO, 3091

t 2 ., = O. 848lpu

Usando divisor de corrente na figura 7.10.10. obtém-se:

. - jl.0186 j - jl.0186.1,8587
1
ªº•' - j0,2894+jl,0186 ªº - j0,2894+jl,0186

As correntes em pu nas três fases da linha de transmissão do trecho "bc" são obtidas
aplicando a expressão matricial 2.9.l.

Substituindo os valores. tem-se:

à1
á2
l[ l
o.1. 8448
44 75
o. 8481
Resolvendo. obtém-se:

t., = 3.1404pu
165

Multiplicando-se pela ham obtém-se as correntes verdadeiras em cada fase da linha


de transmissão do trecho "bc". Assim

t., = 377. OlA

t., = 72, 16 I - O. 272° A

Estas correntes estão indicadas na figura 7.10.14.

fase e
fase e
fase
fase b

tose o

Ia(bcl• 377. OI A
borro b

Figura 7.10.14: Correntes de Curto-Circuito que Fluem do Sistema para o Defeito

d) Calcular as correntes verdadeiras em cada fase do gerador síncrono

As correntes de seqüência que passam pela bobina do gerador síncrono G 1 estão


indicadas na figura 7.10.9. As correntes de seqüência positiva e negativa são as mesmas do
trecho da linha de transmissão "bc" até o ponto do defeito. Isto é:
166 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

Ía 2 G 1 = Ía2 1>c = O, 848lpu

A corrente de seqüência zero é nula devido ao bloqueio do enrolamento 6. do trans-


formador T1 .

As correntes de sequencia positiva e negativa foram obtidas desconsiderando a


rotação de 30° do transformador T1 . Introduzindo a rotação angular devido a ligação do
transformador T1 , as correntes ficam:

Aplicando a expressão matricial 2.9.1, obtém-se:

a1
a2
l[ o.o 8448Ll!t'.
o. 8481 l - 30°
l

A corrente hase no nível de tensão do gerador síncrono G 1 é:


Sbase 30M •
hase = J3Viase = J3. l 3. 8 k = 1250, lA

Assim
167

e) Calcular as correntes verdadeiras na linha de transmissão "bc", correspon-


dente ao trecho do ponto de defeito a barra "c".
Estas correntes podem ser obtidas aplicando-se a Primeira Lei de Kirchhoff na figu-
ra 7.10.14.
As correntes nas fases "b" e "c" são as mesmas, isto é:

Já a corrente na fase "a" é diferente, e obtida por:

j~(b<) = jª(b<) - t = 377, 01 - 669, 41

j~<b'> = -292.4 = 292,4/180°A

f) Calcular a corrente que sobe pelo terra do transformador T1 •


A corrente de seqüência zero é representada por jªºTi , que está indicada na figu-
ra 7.10.9.

A corrente verdadeira é:
168 CAPíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

g) Calcular a corrente que sobe pelo terra do transformador T2 pelo lado da AT.
Esta corrente é o complemento da corrente que sobe pelo terra do transformador T1 ,
isto é:

669. 41 = 521. 317 + jN(T,)

h) Calcular a corrente que sobe pelo terra do gerador síncrono G 2 •


Esta corrente é:

A corrente Ía. 002 está indicada na figura 7.10.9 e 7.10.10. Pela figura 7.10.10, tem-se:

Ía. 002 = 1. 8587 - 1, 44 75 = O, 4112pu

jN(a,) = 3.0,4112 = l,2336pu

Multiplicando-se pelo hase correspondente ao nível do tensão do gerador síncrono


G2 , tem-se:

J - ~ -
3
0M =920,32A
basea, - J3Viasea - J3 .18, 82k
2

jNca,) = 1, 2336. 920, 32 = 1135, 31A

Esta é a mesma corrente que desce pelo terra do transformador T2 •


169

i) Calcular as correntes verdadeiras de curto-circuito que fluem do motor


síncrono.
As correntes de seqüência relativas ao motor síncrono estão indicadas nas figu-
ras 7.10.9 e 7.10.10.
· jO, 372 · · jO, 372
]ªIM = jO, 372 + jO, 5 79 Ua1 - Ía1bJ = jO, 372 + jO, 579 (1, 8587 - O, 8448)

Ía 1 M =O, 3966pu (sem a rotacão de 30° do transf armador T 3 )

· jO 441 · · jO 441
Ia2M = ·o 441 '+ ·o 699(1ª2 - Jª2bJ = ·o 441 '+ ·o 699(1,8587 - 0,8481)
J ' J ' J ' J '

Ía 2M =O, 3909pu (sem a rotacão de - 30° do transformador T3)

jaoM =o
Substituindo as correntes de seqüência na expressão matricial 2.9.1

tM
[ ~bM
]CM
l [ l[
= 12 â
11 â
1 â â2
1 00, 3966 ~
0,3909 I - 30º
l

Sbase 30M
ÍbaseM =~
y3VbaseM
=~
y3.13,8k
= 1255, lA
170 CAPíTULO i. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

tM = 855,98A

ÍcM = 855,98~A

j) Calcular as correntes verdadeiras que passam pela linha de transmissão da


barra "e" para a barra "e". As correntes de seqüência, em pu. são as mesmas que
passam pelo gerador síncrono G 2 e estão indicadas na figura 7.10.9 e 7.10.10.

Ía 1 G = 1,8587 - 0,8448 - 0,3966


2
= 0,6173pu

Ía 2 G 2 = L 8587 - O, 8481 - O, 3909 = O, 619ípu

ÍaoG = 0.4112pu (já calculado no item h)


2

Aplicando a expressão matricial 2.9.L tem-se:

1
â
â2
l[ l
O, 4112
0,6173
o, 6197

Ía(trecho .,! = 1, 6482pu = 197, 873A


171

jCCtrecho ec) =O, 2073 /- 180°pu = 24, 89 / - 180° A

k) Calcular as correntes verdadeiras nas fases do gerador síncrono G2 •


As correntes em pu são as mesmas do trecho "ec" da linha de transmissão, no
entanto. as correntes bases são diferentes.

Ía 02 = 1, 6482. 920. 32 = 1516, 87 A

jba 2 = O. 2073 L.1.§Q.0 • 920, 32 = 190, 78 l.lfil!. A


0

jCG2 ==o. 2073 /- 180°. 920. 32 = 190, 78 /- 180º A

l) Fazer o diagrama trifilar com as correntes em todos os trechos.


O diagrama trifilar apresentando todas as correntes está na figura 7.10.15.
172 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO
~

~~ i "1
~ . iilf.
,. ~
~-ô

00 <
~
~ Q
xi

:-
~N
!&';..
~
- ~-
148.093A
1\
<!-:\
! \
/

1
,'

'1
4
1

-f--t:.....~_ _............,'--} i}
1
1
< I
..,. I
g ,'
~lo{

1
:::
~
d \
u - 1

;
~ I

.: "'"' 1:
173

7.11 Impedância no Ponto de Curto-Circuito


Até o momento considerou-se curto-circuitos sólidos, isto é, sem impedância no local
de defeito.
Na realidade, os curtos ocorrem com a presença da impedância Zd no local do defeito.
Desprezar a impedância Zd equivale a obter correntes maiores que as reais, o que,
felizmente, está a favor da segurança, porque os equipamentos elétricos ficam melhor di-
mensionados. No local do defeito, a impedância Zd pode ser formada pelos elementos a
seguir:

• resistência do arco elétrico entre o condutor e a terra, ou entre dois condutores.

• resistência de contato devido a oxidaçâo no local.

• resistência da camada mais superficial do solo.

• resistência de terra no local.

• resistência devido a qualquer outra situação.

A impedância Zd no local do defeito pode ser facilmente incorporada aos modelos de


seqüência positiva, negativa e zero. Esta facilidade é obtida considerando-se que no sistema
original fica incorporada (adicionada) uma pequena linha imaginária com impedância zd
devidamente acomodada em cada fase, originando uma barra fictícia nos seus terminais.
Nesta barra fictícia ocorrerão os curto-circuitos. A seguir será feita uma análise para cada
tipo de curto-circuito.

a) Falta trifásica (3.P)


A impedância do defeito (Zd), ocorre entre os três condutores, formando uma co-
nexão em Y, de acordo com a figura 7 .11.1.
O defeito equivale à ocorrência de um curto-circuito 34' na barra fictícia, portanto
basta incorporar a impedância Zd no circuito equivalente de Thévenin de seqüência positiva.
Ver figura 7.11.2

b) Falta l<P-Terra
É o caso da impedância de defeito Zd. entre o condutor e a terra. Ver figura 7.11.3.
Há duas maneiras de resolver o presente problema:

Primeira Maneira:
174 CAFtTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

y ... a

equivalente
a

_--barra fictícao

b Curto30~
Figura 7.11.1: Impedância de Defeito no Curto-Circuito 34>

Sequência positivo Zd
do
sistema elétrico

Figura 7.11.2: Impedância de Defeito Incorporada ao Modelo de Seqüência Positiva do


Sistema Elétrico

Usando o primeiro esquema da figura 7.11.3, pode-se supor que a impedância Zd foi
deslocada e inserida no neutro do gerador ou transformador. Assim, somente a seqüência
zero veria esta impedância, que no modelo de seqüência zero aparece com valor 3Zd.

Segunda Maneira:
Usando a barra fictícia, como mostra o segundo esquema da figura 7.11.3.
Levando o sistema até a barra fictícia, a impedância do defeito Zd é inserida no
modelo de seqüência positiva. negativa e zero. Corno no curto l<P-terra, os três modelos são
ligados em série e a impedância aparece com o valor 3Zd· Ver figura 7.11.4.
175

c--------------

...
b --------------- b
o

equivalente

___ borro
fictício

Figura 7.11.3: Falta 1iP- Terra com Impedância de Defeito

,-------.. . ±ª2 ..-------±ªº 3Zd


+ +
Sequência positiva !sequência negativa

Figura 7.11.4: Impedância do Defeito no Curto lc/>-Terra

e) Falta 2</>

Falta 2ef> com a impedância de defeito :id conectada entre as duas fases em curto. A
figura 7.11.5 mostra a impedância de defeito juntamente com a sua linha imaginária.
Levando o sistema equivalente no ponto de defeito até a barra fictícia, a impedância
+ será inserida no modelo de seqüência positiva e também no modelo de seqüência negativa.
No curto-circuito 2</> os dois modelos de seqüência são conectados em paralelo. No
caso particular, no entanto, ficam em série porque a seqüência zero não tem influência
devido ao fato de o defeito não envolver a Terra. Assim, na conexão dos modelos, as duas
impedâncias + somadas darão apenas :id, como mostra a figura 7.11.6.
176 CA.PfTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA. ELÉTRICO

...
b

equivalente

__ borro
fictício

Figura 7.11.5: Impedância de Defeito no Curto 2</>

Zd

+
Sequê~cia paaitiva V01 Sequência negativa

Figura 7.11.6: Impedância de Defeito no Modelo de Seqüência no Curto-Circuito 2</>

d) Falta 2</>-Terra, com impedância de defeito à terra


Para este defeito é feita a hipótese de que a impedância de defeito .id é conectada
como mostra o esquema da figura 7.11.7.
Isto é, as fases "b" e "c" estão em curto sólido entre si, mas o curto para a terra é
feito através da impedância de defeito .id. Pode-se considerar que a impedância de defeito
.id, é deslocada e inserida no neutro do gerador ou transformador, ficando, conseqüentemente
incorporada no modelo de seqüência zero com o valor 3Zd. Como o curto-circuito é 2cp-terra,
os modelos serão ligados em paralelo como mostra a figura 7.11.8.
0------------
177

Zd
...
equivalente

- borro
fictício

Figura 7.11.7: Impedância de Defeito no Curto-Circuito 2</>-terra

Íoo

Sequência positiva
.+
Voo

Figura 7.11.8: Modelos de Seqüência com a Inclusão da Impedância de Defeito no Curto-


Circuito 2</> - terra

e) Falta 20-terra com impedância de defeito entre condutores e a terra

Neste caso, considera-se impedância de defeito entre as duas fases e também entre
o local de defeito e a terra. Ver figura í.11.9.
178 CAPíTULO 7.. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

b
o -------------
b

e quivolente

.tt
2
- - borro fictício

it

Figura 7.11.9: Impedância de Defeito entre Fases e a Terra

Levando o sistema original até a barra fictícia, tem-se a impedância .+


inserida nos
z
modelos de seqüência positiva, negativa e zero. Já a impedância 1 poderá ser deslocada e
colocada no neutro do gerador ou transformador, que no modelo de seqüência zero aparecerá
com o valor 3Z1. As conexões dos circuitos de seqüência, estão apresentadas na figura 7.11.10,
com impedância de defeito indicada na figura 7.11.9.

Íao

+ + +
Sequência positiva Sequência negativa Sequência zero

Figura 7.11.10: Conexões dos Modelos de Seqüência no Curto-Circuito 2~-terra


179

Com as considerações feitas neste item. os curto-circuitos com impedâncias de defeito


no local da falha podem ser facilmente calculados. obtendo-se valores mais realistas.

7.12 Resistência do Arco Elétrico


No local do curto-circuito sempre há a presença do arco elétrico. A corrente de curto-
circuito, devido ao aquecimento, propicia a ionização do ar possibilitando o aparecimento do
arco elétrico. Mesmo se o condutor se afasta do solo. o arco elétrico mantém a continuidade do
curto-circuito. O arco elétrico funciona como um verdadeiro maçarico, queimando, fundindo.
carbonizando os materiais alcançados pelo arco, propiciando destruição e incêndio. üm
exemplo de arco elétrico é o curto-circuito lct>-terra. apresentado na figura 7.12.l.

Ícurto
arco elétrico
///~//(';éj':
solo

Figura 7.12.1: Arco Elétrico no Curto-Circuito 1<1>-terra

O efeito do arco elétrico não é mais drástico porque, devido à formação de bolhas df'
material fundente, ao ar ionizado e à ação das forças eletromagnéticas. o arco tem tendência
a se mover, dissipando e distribuindo o seu efeito.
O arco elétrico é praticamente resistivo e o valor de sua resistência poderá ser m-
corporada aos modelos de seqüência de acordo com as recomendações do item 7.11.
A resistência do arco elétrico pode ser calcuiada pela fórmula ciP Warrington md1cada
na expressão 7.12.1.
28707 . L [rll. (7.12.l)
Rarco elétrico = ~ .

Onde:
180 CA.PíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

L --> Comprimento do arco elétrico em metros

I --> Corrente elétrica [A] do curto-circuito, sendo que 1:::; lOOOA

Nas redes de distribuição, quando o condutor fase cai sobre areia silicosa, o calor do
arco elétrico funde a areia e, com o desligamento da rede pelo religador, o material fundido se
solidifica, formando uma camada vitrificada que adere ao condutor. Esta camada vitrificada
é isolante e. com a energização (religamento), o sistema volta a operar como se não existisse
nenhum defeito. Esta é uma situação crítica, que abala os técnicos do setor de distribuição.

7.13 Transformador de Aterramento


Muitos sistemas de energia elétrica operam totalmente isolados da terra ou aterra-
dos através de uma alta impedância. Apesar das vantagens que isto proporciona, há uma
desvantagem marcante que é caracterizada pela insensibilidade aos defeitos la>-terra.
Estes defeitos l<P-terra, por não caracterizarem um curto-circuito. nâo possibilitam a
atuação da proteção. Num sistema isolado. o condutor pode cair no solo sem que a proteção
atue, e o defeito só será percebido quando outro defeito â terra ocorrer em algum lugar do
sistema.
Para usufruir das vantagens do sistema isolado e aproveitar também a vantagem
principal do sistema aterrado. isto é. a alta sensibilidade aos defeitos 1 d>- terra. há necessidade
do uso de transformador de aterramento.
O transformador de aterramento é um transformador que opera a vazio e que tem
as seguintes características.

• tem impedância infinita na operação normal do sistema, mantendo, portanto, a carac-


terística de sistema isolado.

• tem impedância muito baixa nos defeitos que envolvem a terra. isto é, usufrui da
característica do sistema aterrado.

Para caracterizar com mais profundidade estes fundamentos, serão analisados. a


seguir, dois tipos de transformador de aterramento.

a) Transformador de Aterramento J...Y-6


Este é um transformél<lor Y-6 c~mum. conectado rnmo indica a figura 7.1:3.l.
O enrolamento L está operando a \·azio. portanto a corrente que passa pelo enrola-
mento em Y f. a corrente dc magnetização. Esta correme de magnetização é pequena, com
valor suficiente apenas para induzir uma tensào idêntica a da rede.
Portanto, para a seqüência normal do sistema. isto é, seqüência positiva, o trans-
181

Ío
io

-~

Ío 3Í 0

Figura 7.13.1: Transformador de Aterramento JjY- D.


formador tem uma impedância muito alta (infinita). A seqüência negativa é também equi-
librada, e segue a mesma análise da seqüência positiva.
Quando ocorre um defeito lef>-terra no sistema elétrico, a corrente de seqüência zero
retorna pelo solo e sobe pelo terra da ligação em Y. O reflexo desta corrente fica perfeitamente
sintonizado com o rodopio de corrente dentro do D.. Ver figura 7.13.1.
Portanto, no instante do defeito 14'>-terra, o transformador aterra o sistema, advindo
daí o nome bem apropriado de transformador de aterramento.
O sistema fica aterrado através da impedância de seqüência zero do transformador
Y-D.. O circuito equivalente de seqüência zero é apresentado na figura 7.13.2.

b) Transformador de Aterramento em Zig-Zag


É um transformador comum de relação 1 : 1, conectado como autotransformador.
Ver figura 7.13.3.
As seqüências positiva e negativa são bloqueadas pelo autotransformador ligado em
zig-zag.
182 CAPiTULO 7. CVRTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

jxo

terro 0

Figura 7.13.2: Circuito Equivalente da Seqüência Zero do Transformador de Aterramento

e
b
a

Figura 7.13.3: Transformador de Aterramento em Zig-Zag

No defeito lef>-terra, as correntes de seqüência zero estão em fase e sobem pelo


aterramento da ligação em Y. Como as bobinas do autotransformador estão conectadas em
zig-zag, as correntes indicadas na figura 7.13.3 produzem fluxos magnéticos que são contra-
balanceados com fluxo magnético idêntico mas de sentido contrário.
183

Portanto, em cada perna do transformador, os fluxos se anulam, possibilitando a


passagem da corrente da seqüência zero.
Assim, este transformador aterra o sistema isolado através de uma impedância de
seqüência zero, que é muito pequena. O circuito equivalente deste transformador é o mesmo
da figura 7.13.2.
A ligação apresentada na figura 7.13.3 pode ser representada esquematicamente pela
figura 7.13.4.

e
b
o

Figura 7.13.4: Representação do Transformador de Aterramento em Zig-Zag

Observe-se que as bobinas paralelas são as bobinas acopladas na mesma perna do


núcleo do transformador da figura 7.13.3. No defeito 1</>-terra os seus fluxos são contrários,
aterrando instantaneamente o sistema elétrico.
Portanto, o sistema elétrico isolado, pode usufruir da característica do sistema ater-
rado, desde que seja usado um transformador apenas para este fim.

7.14 Filtro de Corrente de Seqüência Zero


Os filtros de corrente de seqüência zero são utilizados em relés de sobrecorrentes
para proteção de curto-circuitos que envolvem a terra (2</> - t e 1</> - t), ou para polarizar,
através da corrente, relés direcionais de terra (neutro).
184 CAPíTULC 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

Há vários filtros (sensores) de corrente de seqüência zero. Algumas alternativas


serão apresentadas a seguir.

a) Filtro de corrente de seqüência zero usando 3 TC's em paralelo

A figura 7.14.1, mostra 3 TC's idênticos em paralelo.

--z_ sensor de
sequência zero

Figura 7.14.1: 3 TC's em Paralelo

Usando a Primeira Lei de Kirchhoff, tem-se

jx = ja + jb + jc (7.14.1)
Usando a expressão 2.9.1, isto é:

t =to +t1 +t,


jb = t +ã 2 t +ãt,
0 1

Substituindo as correntes ja· jb e Íc na expressão 7.14.1, tem-se


185

como
1 +a+ a2 =o
(7.14.2)

Conclusão
O relé conectado a 3 TC's em paralelo, verá apenas as correntes de seqüência zero
provenientes do circuito, isto é, o ramo do circuito do relé é um sensor de terra ou do fio
neutro.

b) Filtro de corrente de seqüência zero usando o terra da ligação I'


Os geradores, motores síncronos ou transformadores, cuja ligação é J::V, têm a ca-
racterística de ter o sensor de seqüência zero na ligação do ponto central do Y com o ater-
ramento. Figura 7.14.2.

Figura 7.14.2: Filtro de Seqüência Zero

c) Filtro de corrente de seqüência zero no enrolamento 6 sem carga


Muitos transformadores de 3 enrolamentos utilizam o enrolamento terciário em 6
apenas para ter disponível o sensor de seqüência zero. Ver figura 7.14.3.
186 C.4.PíTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

lerciÓr10

- a

b O----r--- en:r~::o~!nto
enro~~~"J3riÕ
-----+-
eo- --+----o_ e

Figura 7.14.3: Enrolamento 6 como Sensor de Seqüência Zero

Se o enrolamento terciário em 6 está operando a vazio, a única corrente que pode


circular pelas bobinas é a corrente de seqüência zero. Portanto, pode-se utilizar esta corrente
para sensibilizar o relé de neutro, ou para examinar o perfil da corrente em um registrador
gráfico, etc.

7.15 Filtro de Tensão de Seqüência Zero Usando o


Terciário do TP em Delta Aberto
A tensão de seqüência zero é obtida através de um transformador de potencial (TP)
com 3 enrolamentos, sendo o terciário em 6 aberto. Mostra-se na figura 7.15.1, apenas o
enrolamento terciário em delta aberto .

.ruli.l
1 1

·-·
1 1
1 1

-+ >;'X

Figura 7.15.1: TP com Delta Aberto


187

Vx=Va+"Vi,+ilc (7.15.1)
Utilizando a expressão matricial, tem-se

Substituindo-se Í 10 , Vi, e i~ na expressão 7.15.1, tem-se

(7.15.2)
Esta tensão 3Í~ 0 é usada principalmente para polarizar relés direcionais de neutro.

7.16 Exercício Proposto


No diagrama unifilar da figura 7.16.1 calcular todas as correntes para um curto-
circuito lei> - terra no meio da linha de transmissão. O sistema esta operando a vazio com
tensão igual a tensão nominal do gerador síncrono.

M1
20MVA
12,5KV

f
Xo=250.Cl x,=x 2 =20%
G K Tt l m T2
XLT=eo.n Xo • 5%
j
2n
fQ:+HI
DQ 13,SKV
1=x 2 =15°/o
X • 53 13,2/t15KV
-=-
~o
1121-1
1
.,Ç'(6 M2
115/t3,2KV 10MVA
.,. o 35 MVA
35MVA 12,5KV
X•10%
X=t0% y x 1=x2=20%
Xo= 5%

Figura 7.16.l: Diagrama Unifilar

A solucão completa. isto é, a resposta do exercício proposto está apresentada na


figura 7.16.2.
188 CAPfTULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO

o~ <
..."'

<
o
"'
;;;

º• ...,<

t"' 11,
\
1

....."'
<
I

<
p
"'"' /
"' 1<'
\
\
<
~ t 1

1/

<
o
"'"'
"'

Figura 7.16.2: Solucão Completa


Capítulo 8

Curto-Circuito em Sistemas de
Distribuição de Energia Elétrica

8.1 Introdução
O sistema de distribuição de energia elétrica forma uma verdadeira árvore para
poder entregar energia a cada consumidor.
O sistema mais simples. mais barato e menos eficiente é. sem dúvida. o sistema
radial. Neste sistema a energia elétrica flui num só sentido. isto é. da fonte para o consumidor.
O sistema mais sofisticado é o anel. cuja característica é suprir o consumidor com
mais de uma alternativa. de modo a manter a continuidade de serviços.
Os curto-circuitos no sistema em anel e radial são calculados pelas técnicas apresen-
tadas nos capítulos anteriores.
O sistema radial apresenta características específicas. sendo possível deduzir ex-
pressões próprias, válidas somente para este sistema. Neste caso, o cálculo da corrente de
curto-circuito é simples. bastando para tanto. obter-se o circuito equivalente de Thévenin.
com a impedância acumulada desde a geração até o ponto de defeito.

8.2 Sistema de Distribuição radial Simples


É o sistema cujo alimentador é constituído por três fios. A corrente de curto-
circuito 1<P - terra tem que retornar pela terra. exatamente como ocorre na figura 7.12.l.
Esta corrente de curto-circuito é pequena, principalmente no final do alimentador, devido à
resistência de contato. Isto é um problema que preocupa os técnicos de distribuição, pois
é baixa a sensibilidade da proteção à corrente de curto-circuito. Este problema também
ocorre quando o cabo alimentador cai em solo que contém areia silicosa. Como citado no
item 7.12, forma-se uma camada isolante vitrificada no cabo. Com o religamento, o sistema
é restabelecido, e a proteção não atua, devido à camada isolante da vitrificação. O sistema
é restabelecido com o cabo no chão. criando uma situação de risco em tennos de segurança.

189
190CAPíTULO 8. CURTO-CIRCUITO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

8.3 Sistema de Distribuição Radial Multi-Aterrado


Para dar maior sensibilidade à proteção de neutro, adota-se o sistema de distribuição
multi-aterrado. Este sistema é constituído de quatro fios, sendo três fases e um cabo neutro
multi-aterrado. O quarto fio acompanha a rede de distribuição desde a subestação. Ver
figura 8.3.l.

Rede

:'/

MALHA

Figura 8.3.1: Sistema de Distribuição Multi-Aterrado

A corrente de curto-circuito 14>- terra tem vários caminhos de retorno. diminuindo


a impedância de oposição ao curto. Deste modo. aumenta-se a sensiblidade da proteção,
principalmente nos casos mais problemáticos.

8.4 Curto-Circuito 3cjJ no Sistema Radial


O objetivo é apenas obter o módulo da corrente de curto-circuito. A partir do
ponto de curto-circuito, efetua-se o equivalente de Thévenin de todo o sistema elétrico. As
impedâncias de todo o sistema será a impedância acumulada, conhecida como impedância
de Thévenin.
Como as correntes de curto-circuito 3d> são balanceadas, somente o modelo de
seqüência positiva é considerado. Ver figura 8.4.1.

Onde: Z1 -+ impedância de seqüência positiva acumulada desde o gerador, até o ponto de


defeito considerado, ou seja, é a impedância de Thévenin de seqüência positiva vista pelo
ponto de defeito.
191

Figura 8.4.1: Circuito Equivalente no Curto-Circuito 3</>

Utilizando a expressão 2.9.1, isto é:

(8.4.1)

Assim

como

tem-se

Em módulo

Portanto, a corrente em módulo de qualquer fase é:

(8.4.2)
l92CAPíTULO 8. CURTO-CIRCUITO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

8.5 Curto-Circuito 2</J no Sistema Radial


O Sistema de Distribuição geralmente está longe do gerador. Pode-se, então. consi-
derar que a impedância de seqüência positiva Z1 é igual à impedância de seqüência negativa
Z2 • Assim, para o curto-circuito 2<f>, os modelos são conectados em paralelo. Ver figura 8.5.1.

z, i2
Ía1 + +
Ía2

1~ Vo 1 vº2

Figura 8.5. l: Modelos em Paralelo no Curto-Circuito 2<P

. 1
1
ª' = 2.i1

t2 = -t,
Pela matriz transformação 2.9.1, tem-se

[kul
t =o

ib = i . o+ â 2 t, - ãL, (8.5.1)
Pelo Apêndice C, tem-se que
HJ3

a2 - a = J3 / - goº

Obtendo-se apenas o módulo, tem-se

I _ J3 ~
b - 2 . IZ1I
Não há necessidade de especificar a fase em curto-circuito. Comparando com a
expressão 8.4.2, chega-se à expressão 8.5.2.

8.6 Curto-Circuito 1</> - terra no Sistema Radial


Neste caso, os modelos são conectados em série. Ver figura 8.6.l.

+ +

Figura 8.6.l: '.\1o<lelos em Série no Curto-Circuito lei> - terra

onde:

Zo --+ impedância da seqüência zero, acumulada até o ponto de defeito.


194CAPíTULO 8. CURTO-CIRCUITO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Pelo Teorema de Fortescue. tem-se

. 3
Ia=-.--.-
2Z1 + Zo
Sem especificar a fase. o módulo da corrente de curto-circuito lqi - terra é:
3
fccl<t>-terra = - . -- . - • hase (8.6.1)
l2Z1 + Zol

8. 7 Curto-Circui to lc;b - terra Mínimo no Sistema Ra-


dial
Devido ao comentado no item 7.12 e também à presença de uma impedância no
local do defeito, a corrente de curto-circuito é pequena, produzindo pouca sensibilidade na
operação da proteção. Uma grande preocupação dos técnicos é calcular esta corrente de
curto-circuito, conhecida como corrente de curto-circuito l<P - terra mínimo.
Os modelos de cada seqüência são conectados em série com a impedância de defeito
anexada ao circuito de seqüência zero. Ver figura 8.7.1.

+
z,
1/0ºpu

Figura 8. 7.1: Modelos em Série no Curto-Circuito 1<1> - terra mínimo

O valor da corrente em módulo é o da expressão 8. 7 .1.

Jccl<P-terra m;nimo = · .3 · · ]base (8.7.1)


l2Z1+Zo+ÇI
195

A obtenção do valor de Zd é um problema de difícil solução.


Uma das primeiras recomendações foi feita nos Estados Unidos, atribuindo, no local
do defeito, uma resistência elétrica de ~n. Este valor foi adotado no Brasil por vários anos.
Posteriormente, com o estudo das características regionais de cada empresa, valores próprios
representativos foram usados. ·
No Brasil, por existirem solos com características de resistividades bastante distintas,
as concessionárias de energia elétrica foram obrigadas a propor e usar valores próprios de
impedância no local de defeito. Por exemplo, a CELESC usa o valor de ~n para calcular
o curto-circuito monofásico à terra mínimo. Mesmo assim, deve-se, ainda, regionalizar este
parâmetro para a obtenção de valores mais representativos.

8.8 Correntes Assimétricas


Este assunto já foi visto no item 3.12, no entanto, aqui chama-se a atenção para
o fato de que a distribuição está longe do gerador síncrono. Portanto, o efeito variação da
reatância interna do gerador síncrono é desconsiderado porque a impedância acumulada até
o ponto de curto-circuito é grande. Deste modo, não se considera a variação da corrente
simétrica devido ao período sub-transitório e transitório.
A corrente verdadeira de curto-circuito, isto é, a assimétrica, é composta da corrente
simétrica senoidal e da componente contínua. Ver figura 8.8.1, onde a corrente simétrica é
a corrente de curto-circuito formada pela corrente alternada, ou seja, a obtida pelo cálculo
das correntes de curto-circuito através das componentes simétricas.
i(t )
assimétrica

Figura 8.8.1: Corrente Assimétrica

As correntes assimétricas são necessárias para o dimensionamento dos equipamen-


tos que interrompem as correntes de curto-circuito, tais como Disjuntor, Religador, Chave
Fusível.
196CAPíTULO 8. CURTO-CIRCUITO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

8.9 Fator de Assimetria


Pode-se calcular a corrente assimétrica pelo uso direto do fator de assimetria (F.A.),
que é definido pela relação entre a corrente assimétrica e a corrente simétrica.

F.A. =]ASSIMÉTRICA (8.9.1)


]SIMÉTRICA

O valor do F.A. é dado pela relação ~ da corrente de curto-circuito, ou seja, do


circuito na qual a corrente passa.
O valor ~ é análogo à constante de tempo_ do circuito visto pela fonte de tensão de
seqüência positiva. Seus valores são fornecidos pela curva de F.A. versus ~, como indica a
figura 8.9.l.

r\
I\
l,G
~
\
1
! 1

\
I\
~
l~
Q \
1
"' f\.
1,2
\
""- N
'·' 1--.......__ r--__
-r----_ -
a,oººººIÔ ~
O&r>Pl'lN-
m,.. Cô .n "',.;
RELAÇAO X/R
-- 1

Figura 8.9.1: F.A. versus ~


197

8.10 Exemplo Completo de Curto-Circuito no Siste-


ma de Distribuição
Apenas para consolidar as técnicas apresentadas neste Capítulo, efetua-se a resolu-
ção de um alimentador de Distribuição, cujo diagrama unifilar é o da figura 8.10.1.

225KVA

2Km
13,SKV

5Km 75KVA
SE
3# 4/0(1/0)CA
500KVA

E 3#3/0(2)CA
"'
3# 1/0 (4 )CU
--~~--K--m~~~~-<e(]150KVA
3 4
300KVA

Figura 8.10.1: Diagrama Unifilar do Alimentador

Os trechos dos alimentadores são com bitolas e materiais diferentes, apenas para dar
maior diversidade no procedimento de cálculo. A impedância equivalente do sistema elétrico
até o ponto da subestação é de:

~1 = Z2 = 0,3 + j0,8 [pu] } BASE { Vi,ase = 13, 8kV


Zo = 0,8 + jl,2 [pu] Sbase = lOOMV A

Os parâmetros dos condutores estão nas Tabelas do Apêndice D. no final deste livro.
Para obter as correntes de curto-circuitos nos pontos enumerados, basta acumular
a impedância do trecho considerado com a impedância equivalente do sistema, isto é:

Zacumulada = Zequivalente da SE +L Ztrechos

a) Calcular as correntes de curto-circuito no ponto 1 do diagrama unifilar da


figura 8.10.1
A impedância do cabo do trecho da SE até o ponto 1, é obtida na tabela do
Apêndice D, usando o cabo CA.
l98CAPíTULO 8 ..CURTO-CIRCUITO E.'1 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

. . n
Z1cabo4/0 = Z2 = 0,297 + j0.424[km)

. n
Zocabo4/0(l/O) = 0,685 + jl,323[km)

A impedância do trecho da SE até o ponto 1 é:

Z1(trcchoSE-l) = Z2rrcchoSE-l = (5km)(0.297 + j0,424)[k~J

Z11fr<ehoSE-li = Z2tr<ehoSE-1 = 1,485+j2,12 [íl]

Zo'<mhoSE-l = (5kml(O, 685 + jl,323)[k~J

Zo(trcchoSE-l) = 3,425 + J6.615 [íl]


Transformando a impedância da SE até o ponto 1 em pu, obtém-se

Z \'b~se (13,8k)2
base = Sbase = lOOM = 1, 9044 íl

. 1. 485 + j2. 12 1, 485 . 2, 12 7 . [ l


Z l(tmhoSE-l) = 1. = l, +J 1. 9044 =O, 7975+Jl,1320 pu .
9044 9044

Z1(trcchoSE-1) = Z2(trcchoSE-li =O, 77975+jl,1320 [pu]

. 3,42.S+j6,615 •.•
Zo(trcchoSE-l) = 1.
9044
= l,7984u+J3,473J5 [pu]

A corrente de curto-circuito 3ql no ponto 1 é dada pela expressão 8.10.l.

1
fcc3ç,pon<ol = 1Zi (ponto l) 1 · hase (8.10.1)

Sbase lOOM
hª" = ~ = ~ =4183,69A
v3hase v3.13,8k
199

A impedância acumulada da geração até o ponto 1 é dado por:

Zlpontol = Z1 + Z1 (trechoSE-01) =O, 3 + jO, 8 +O, 77975+j1. 1320

zlpontol = 1, 07975 -j- jl. 9132 [pu]

Aplicando a expressão 8.10.1. tem-se

fcc3<Ppontol =
2
,
1 ~ 689 · 4183, 69 = 1904, 36 A
fcc3</Jpontol = 190-L 36 A

b) Calcular a corrente de curto-circuito 2<P no ponto 1.

V3 V3
fcc2<Pponto1 = 2 fcc3</Jponto1 = 2 . 1904, 36

lcc2<Ppontol = 16·19. 22 A

c) Calcular a corrente de curto-circuito 1<1>-terra no ponto 1.


A impedância de seqüência zero acumulada no ponto 1 é dada por:

Zopontol = 0,8+jl,2+1, 79845 + j3,47355 = 2.59845 + j4,67355

Substituindo na expressão 8.6.1, tem-se

4183 69
fcclef>-terrapontol = j 2(1. 07975 + jl. 91320/+ 2, 59845 + ]4, 67355) j . '

fcclrp-terraponto 1 = 1288, 4 7 A

d) Calcular a corrente de curto-circuito l,P-terra mínimo no ponto 1.


Usando a expressão 8.7.1, obtém-se
200CAPíTULO 8. CURTO-CIRCUITO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

fccld>-terraponto1 = 1 2( 1. 07975+j1. 91320) + 2. 59845 + j4. 67355 + l.~44 [ . 4183, 69

fccld>-terrapontol = 462, 72 A

e) Calcular a corrente assimétrica no ponto 1.

fasS1métrica(pontol) = F ·A• fs1métrica(pontol)

Z1(pontol) = l,07975+jl.9132 [pu]

X1 = 1. 9132 = 1. 7718
R1 1, 07975

Levando o valor acima na curva da figura 8.9.1. obtém-se

F.A. = 1. 07

las simétrica (ponto 1) = 1. 07 . 1904, 36

JasS1métrica (ponto J) = 2037, 66 A


f) Calcular todas as correntes de curto-circuitos nos pontos enumerados
do sistema.
Estes resultados estão apresentados na Tabela 8.10.l.

Ponto 1
1 1

1
fcc3d>
[A] !
fcc2d>
[A]
1 fccl[Ãt"ª Jcc 14>-tcrra M;nimo
[A]
1

SE 1 489G. 64 ! 4240, 61 4009. 29 555. 88


1 1 190-í. 36 1 1649, 22 1288, 50 462, 72
2 1 171 L29 ! 1484. 61 1148.15 447, 70
3 [ 1379.26 i 1194,47 904. 07 1 411. 96
4 1 105S. 40 ! 916. 60 1 682. 92 365. 89
5 l 1448.60 1 125'1.50 96,1. 6-t 421,03
6 l 1311.lfl i 1162,01 881. 47 409. 43

Tabela 8.10.l: Solução Geral do Sistema de Distribuição


Apêndice A

Equações Básicas de Circuito Elétrico

A.1 Representação de um circuito simples

~
:________, i.• R+ jX •ZLr_

Figura A.1.1: Circuito Simples.

Onde:

z impedância elétrica [íl]


R resistência elétrica [íl]

, . . . { Indutiva [íl]
X reatanc1a e 1etnca . ["]
e apacitiva H

-> é o ângulo da impP-dáncia, ou ângulo de defasagem entre \l e i, ou ângulo do fator


de potência da carga Z. .

v = z. j
s = v . i· = s&
201
202 APÊNDICE A. EQUAÇÕES BASICAS DE CIRCUITO ELÉTRICO

i• conjugado do número complexo que representa o fasor Í.


Uma variável com um ponto em cima. representa um fasor que é um número com-
plexo.

S = ( Z . i) . j· = Z . 12 = (R + j X) . 1 2 = R . 12 + j X . 12
S= R .1 2
+j 2
X .1 = P +jQ
P = R.1 2
Q =X .1 2
-~ = v ~·z· = vz·.v· = ".'z·2
A admitância é definida por:

}'=l=YL.d..
z
. 1 R . X
y = R + jX = R2 +X2 - J R2 + X 2 =G - jB
G condutância (Siemens)

B -+ susceptância (Siemens)
Y admitância (Siemens)

A.2 Representação da Carga


Pode-se representar a carga de um barramento por uma impedância equivalente.

A.2.1 Barra lq>


Uma carga ligada em uma barra 19, pode ser representada como mostra a figu-
ra A.2.1.
203

••
equivalente

Figura A.2.1: Carga lc,6

A.2.2 Barra 3d>


Uma carga 3ct> é representada pela figura A.2.2.

borro 30 V

1~3+P+jQ • •
equivalente
i

Figura A.2.2: Carga 34'>

V
Vjcue = y'3"

S/aae = Z fJaae
J _ Sfase _ __§_ _ v'J" §_
Jaae - Vfa•e - 3 :lJ - 3 V

~
3
= z (v'3J" §_)2
V
zs2
= 3V 2 Z
. = v25 S. = v2S (P + jQ)
2 2

. v2 v2
z = R + jX = s2 p +j 52 Q
Uma carga 3<,6 pode ser representada por uma carga em Y. Deste modo temos a
representação por fase, útil na modelagem do sistema em pu.
Apêndice B

Transformação ~ +-+ Y

B.1 Transformação 6 ~ Y
Um elemento ou carga ligada em D,. pode ser convertida em Y, ou vice-versa, desde
que nenhuma mudança seja percebida pela alimentação.
A figura B.l mostra as conexões.

A A

equivalente

• •
e e
B B

Figura B.l : Transformação D,. +-> Y

A demonstração tradicional é trabalhosa, mas a equivalência deve ser satisfeita sob


qualquer circunstância, efetua-se então o seguinte artifício, para simplificar e achar a equi-
valência.
Nos esquemas da figura B.l, supor linha C aberta. Neste caso:

z z _ ZAB(ZcA + ZBc) (B.1.1)


A + B - ZAB + ZBc + ZcA
Supondo na figura B.l a linha B aberta, tem-se:

205
206 APÊNDICE B. TRANSFORMAÇÃO 6 - Y

(B.1.2)

Supor linha A aberta:

(B.1.3)

Explicitando ZB de B.1.1, tem-se

ZB = ~AB(ZC:A + Z~c) _ .iA (B.1.4)


ZAB + ZBc + ZcA
Explicitando Zc de B.1.2. tem-se

Zc = .zcA(Z~B + Zi;ic) _ ZA (B.1.5)


ZAB + ZBc + ZcA)
Substituindo B.1.4 e B.1.5 na B.1.3, tem-se

ZA = . ZAf! ZcA (B.1.6)


ZAB + ZBc + ZcA
Similarmente para ZB e Zc, obtém-se:

ZB = .iAB ZBc . (B.1.7)


ZAB + ZBc + ZcA

Zc = . Zc1 ZBc (B.1.8)


ZAB + ZBc + ZcA
Fazendo o inverso, obtém-se:

.i _ ZA + .iB + Zc (B.1.9)
AB - Zc

z _ZA + ZBZA + Zc
BC -
(B.1.10)

(B.1.11)
Apêndice C
Operador â

C.1 Operador à
O operador â é um número complexo com módulo unitário e ângulo de 120°. Isto é:

â=l~ (C.1.1)
O operador tem a propriedade de girar qualquer fasor de 120° no sentido de giro da
velocidade síncrona.
A figura C.l ilustra as possíveis combinações do operador â.

Figura C.l : Combinações do Operador â

Da figura C.l pode-se obter várias expressões:

207
208
APÊNDICE C. OPERADOR A

ã 2= 1/240° = 1/-120° (C.1.2)

l - i i2 = v3á['. (C.1.3)

1- a = v3/ - 30º (C.1.4)

a2 - a = v3 / - 90º (C.1.5)

a2- 1 = v3 ! - 150° (C.1.6)

a-l=.J3@ (C.1.7)

a-a2=.J3M (C.1.8)

i +a+ a2=o (C.1.9)


Apêndice D

Parâmetros de Cabos Elétricos


~ .
o
o:

. .... .... ... .. .... ..


~
1
.: ~ ~
- - "'
.. -
o

~ - .:
~
o
;)

:z

~ . ~ ;;; .. .;
1
..
o
ó o õ ó õ õ ó õ - .: .: .:
~
::;
..
1 ~

. .. . ..
~

:!::
~
·1 ~ '
o
~ N
o
"' "' .. N N

>
~
~
~
o o
... ~ ~
~
~
1
o o
o:
iii o
·: .. ~
..
o
.. ..
~ ~- ~
o
; - .: - _.

H8 ~ "o
.
u

gg i ;
~
o õ ó ô ô - N

.~ ~~
i;i
~ ! ~ . ..
o
ô ó ó ô ó ô
o
ó
.. o

.
l! ,..:
~ ~
~
ó ó ó o o ó
o
.
o
o
.;
8"

~ .
o o
'
o
-

209
210 APÊNDICE D. PARÂMETROS DE CABOS ELÉTRICOS

.. .. .. ...
o
~
. ..
- - ~
;::
- - - .:

o
~ ~
!
~
..:a
g
z
o
o ô o
.... a ...
ô õ ô ô
li
.-
o

õ .: .:
....
- ~
.; - .;
::;
~
8 ;;:-
a
~ a;;
·=1 o o
....o o
.... N N .. N .. N .. .. .
E
5 ;;;~
~ li!
. o o o
E ~ ;;; ~
~1
~ u o
~ -j o .. .. .. .. .. ..
o g~ - -
o 1 o

~
o g
~ .. .. N ~
o õ o ô o .: ...
:i
1t

:õ o ..
~ :: o
;;;
;e õ o õ ô õ õ ô
~ w


.. o
o ..
o õ ô õ õ .: .:

o
~ ~ ;;; ~ ~
IMPEDÂNCIAS DOS CONDUTORES O( COBRE EN Olu•/KM
TEMPERATURA DO CONDUTOR, 50ºC RESISTIVIDADE DA TERRA- 100 Ohm a"'
ESPAÇAMENTO EOUIVALENTE TRIFÁSICO - 1,35(•) FREOUÊNCIA- 60HZ
[SPAÇAMENTO EOUIVALENTE CABO NEUTRO - 1,516 (111)

COMP. OE IMPEO. DE COMP. DE IMPED. DE SEQ. ZERO COMP. OE INPE O. OE SEQ. ZERO
NEGAT PILINHA $/NEUTRO MULTI- ATEAR. BITOLA CABO-NEUTRO P/LINHA C/NEUTRO

XI 1 X2 RO Xo Ro

1/0 o, 488 1,22 9


4/0 O, 18 8 o, 420 o, 365 1, 878 4/0
2 o, 569 '· 32 4
1/0 o, 53 7 1. Z.34
3/0 0,237 0,426 o, 414 •••• 3 3/0
º· ••• 1, 3 29

o, 680 1. 3 45
2/0 º· 299 1 o, 442 1 º· 476 '· 899 1 2/0
O, 7 3 1 1, 4 80

O, 75 8 1, 354
1/0 o, 377 º· 451 0,554 '1 908 1/0
o, 809 1, 489

º· 977 1. 371
o, 596 º· 468 º· 773 1, 9 2 5 2
1, 02 8 1, 506

0,934 º· 460 l, 111 1, 947 . 1, 366

1, 3 65
1, 5 28

1, 913
1, 482 0,508 1, 659 1,965 6

. 8 1, 868 1, 809

2, 359 0,525 2. 536 1,982 8 2,745 1,826


Bibliografia

[1] E. Clarke. Circuit Analysis of A-C Power Systems. Volume 2, General Electric, Co.,
Schenectady, New York. 1950.
[2] C.L. Forstecue. Method of symmetrical coordinates applied to the solution of polyphase
networks. ln Trans. AJEE 37 Parte II, pages 1027-1140. 1918.

[3] P. M. Anderson. Analysis of Faulted Power Systems. The Iowa State University Press,
1973.

[4] E. J. Robba. Introdução a Sistemas Elétricos de Potência. Edgard Blücher Ltda, 1977.

[5] O. 1. Elgerd. Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica. McGraw-Hill do


Brasil, 1976.

[6] G. Kindermann. Curto-Circuito em Sistemas Elétricos de Potência. Publicação Interna


- 124 páginas - EEL/UFSC, 1987.

[7] B. M. Weedy. Sistemas Elétricos de Potência. Polígono. 1973.

[8] Westinghouse Electric Corporation. Applied Protective Relaying. Westinghouse Electric


Corporation, 1976.

[9] J. E Kemmerly W. H. Hayt. Análise de Circuitos em Engenharia. McGraw-Hill do


Brasil, 1973.

[10] C. Concordia. Synchronous Machines - Theory and Performance. John Wiley, New
York, 1951.

[11] P. M. Anderson. Analysis of simultaneous faults by two-port network theory. ln Trans.


JEEE, PAS - 90, pages 2199-2205, Sept./Oct. 1971.

[12] A. Monticelli. Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica. Edgard Blücher, 1983.

[13] G. Kindermann e J. M. Campagnolo. Aterramento Elétrico. Editora SAGRA-D.C.


LUZZATTO, Porto Alegre - RS, 1995. 3g_ edição.

[14] D. S. Ramos e E. M. Dias. Sistemas Elétricos de Potência - Regime Permanente.


Volume 2, Guanabara Dois, 1982.

213
214

[15] C. R. Mason. The Art and Sczency of Protective Relaying. John Wiley, 1956.
[16] A. R. Warrington. Protective Relays. Chapman-Hall, 1962-69.
[17] C. C. B. Camargo. Transmissão de Energia. Editora da UFSC, 1984.
[18] V. A. Venikov. Transient Phenomena in Electrical Power Systems. Pergamon Press,
1964.
[19] R. Fuchs. Transmissão de Energia Elétrica: Linhas Aéreas. Livros Técnicos e
Científicos Editora, 1977.
[201 W. D. Stevenson Jr. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. McGraw-Hill do
Brasil, 2 edição, 1986.
[21] R. Roeper. Correntes de C. C. em Redes Trifásicas. EPV, 1979.
[22] A. E. Fitzgerald e C. J. Kingsiey e A. Kusko. Máquinas Elétricas. McGraw-Hill do
Brasil. 1978.
[23] G. Kindermann. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência. Publicação Interna - 140
páginas - EEL/UFSC, 1987.
[24] A. S. Langsdorf. Teoria de Las Maquinas de Corriente Alterna. McGraw-Hill, 1967.
[25] Westinghouse Electric Corporation. Transmission and Distribution - Reference Book.
East Pittsburgh, PA., 4th edition, 1950.
[26] G. Kindermann. Distribuição de Energia Elétrica. Publicação Interna - 103 páginas -
EEL/UFSC, 1990.
[27] J. R. Carson. Wave propagation in overhead wires with ground return-bell system.
Tech. J., 1(5):539-554, 1926. :\ew York.
[28] R. D. Evans C. F. Wagner. Symmetrical Components. McGraw-Hill Book Co .. New
York, 1933.
[29] l. L. Kosow. Máquinas Elétricas e Transformadores. Globo, 5 edição, 1985.
[30] R. G. Jordão. Máquinas Síncronas. Livros Técnicos e Científicos, 1980.
[31] G. Kindermann. Avaliação e controle da segurança no planejamento da transmissão e
operação de sistemas de energia elétrica. Tese de Mestrado, UFSC-1981.
[32] R. Colombo. Disjuntores de Alta Tensão. l\obel, 1988.
[33] G. Kindermann. Sobretensão no Sistema de Distribuição de Energia Elétrica. Publicação
Interna - 120 páginas - EEL/l"FSC, 1991.
[34] G. Kindermann. Descargas Atmosféricas. Editora SAGRA-D.C. LUZZATTO, 1992.
C RTO·
CIRCUITO
°' h'"" ""'"'
t..Uno--cin:u11~ c:ustcntcs
hoje no men"ado ~l muno
a:adl!m1..:l~ e e\ 1t.koc1am basit..°'3-'
mente a lcona, ~m dar moti'ação
e oportunidade d< aplic-açllo pniUca.
Aliado ante fahl. constala·se também uma
gl'llDd< d1ficulda<k no •?"'nJl/-"<lo de wno-.:m:u1to.
pnncipalmentc no tocante às componente" MmCtrica,.
Panicularmcnte sobtt este wunlo. 1cm-sc 'enfkado uma re)C!ição
\.''OR5lantc na animilaçlo do Teorema de roncv.:uc. 0c ...1c modo,
procumu·!"l.C e.~rever e..'le 11,·m com o in1u1to de mo1rotrar e.-.ta
ferramenta de maneira 1.:lara. fa.LenUo 'C:ll1pn: uma
ctll'Tr\ponc.Jlrn:ia entre teoria e fenômeno' fí\iCO\. de
modo qut a aplicaçlo prauca \CJa ev1denc1ada no
M!Olema el~trico. lanlo na prutcçào como no
dimensionamento
de equipamcnt<.l\.

.1[1111

Você também pode gostar