György Lukács
György Lukács
György Lukács
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01789541
C1P-Brasil. Catalogação-na-Fonte
Câmara Brasileira do Livro. SP
CDD—335.438301
—301:8
81-0991 —301.092
ARTE Capa
Projeto gráfico: Elifas Andreato
Arte-final: René Etiene Ardanuy
Texto
Projeto gráfico: Virgínia Fujiwara
Produção gráfica: Elaine Regina de Oliveira
Supervisão gráfica: Ademir Carlos Schneider
<______________ .________ .__________________ y
: - _ ~ 1981 ~ ~ -
®-
INTRODUÇÃO: Lukács — Tempo e modo
(por José Paulo Netto). 25
1. MARXISMO E QUESTÕES
DE MÉTODO NA CIÊNCIA SOCIAL
1. 0 marxismo ortodoxo. 59
2. A ontologia de Marx:
questões metodológicas preliminares, 87
1885
— nasce em Budapeste, a 13 de abril, segundo filho de József Lukács
(que se destacou como dirigente de grandes estabelecimentos ban
cários) c Adél Wertheimer.
1902
— publica seus primeiros textos na imprensa húngara;
— interessa-se pela dramaturgia e, influenciado por Ibsen e G. Haupt-
mann, redige algumas peças;
— frequenta reuniões do “Círculo dos Estudantes Socialistas Revolu
cionários de Budapeste", criado neste ano por E. Szabó;
— ingressa na Universidade de Budapeste, inscrevendo-se no curso de
Jurisprudência.
1904
— funda, juntamente com L. Bánóczi e S. Hevesi, o grupo teatral
Thalia’,
— vincula-se à “Sociedade de Ciências Sociais”, criada por G. Pikler e
dirigida por O. Jázsi.
1906
— doutora-se em Leis pela Universidade de Budapeste;
— torna-se colaborador da revista progressista húngara Século XX
(Husradik Század);
— a leitura dos Novos poemas (Uj Versek), de Endre Ady, impressio
na-o vitalmente.
1906-1907
—• viaja a Berlim;
— prepara os originais da sua obra História do desenvolvimento do
drama moderno, para o que lê textos de Marx.
11
1908
— a Sociedade Kisfaludy concede-lhe o Prêmio Kristina, pela sua obra
sobre o drama moderno;
—- toma-se colaborador da revista Ocidente (Nyugat).
1909
— trava conhecimento pessoal com Endre Ady e torna-se amigo de Béla
Balázs;
— doutora-se em Filosofia pela Universidade de Budapeste;
— mantém relações afetivas com Irma Seidler;
— em húngaro, publica A forma dramática.
1909-1910
— viaja a Berlim;
— segue cursos na Universidade de Berlim, tomando-se o aluno favo
rito de Simmel e assíduo frequentador da sua casa;
— conhece Emst Bloch;
— freqiienta o “Círculo Galileu”, cenáculo liberal-radical fundado em
1908;
— realiza viagens pela Alemanha, França e Itália.
1910
— publica, em húngaro, A alma e as formas e Observações sobre a
teoria da história literária.
1911
— é um dos fundadores da revista Espírito (Szellem)-,
— publica, em alemão, A alma e as formas (Die Seele und die Formen)
e, em húngaro. História do desenvolvimento do drama moderno.
1912
— permanece algum tempo em Florença, onde é visitado por E. Bloch,
que o convence a transferir-se para Heidelberg.
1913
— vai para Heidelberg, onde estabelece relações com Max Weber,
Tõnnies, Gundolf e E. Lask;
— realiza estudos sobre Hegel;
— prepara materiais para uma Estética, que permanecerá inconclusa;
— em húngaro, publica Cultura estética.
12
1914-1915
— conhece a sua primeira mulher, Yelyena A. Grabenko;
— prepara os materiais de A teoria do romance (Die Theorie des Ro-
mans).
1916
— publica, como artigo, no periódico Zeitschrijt für Astheiik und Allge-
meine Kunstwissenschaft, “A teoria do romance".
1917
— retorna a Budapeste;
— é um dos animadores do “Círculo Dominical”, que se reúne na casa
de Béla Balázs; entre outros, fazem parte do grupo: Béla Fogarasi
(filósofo), Amold Hauser (sociólogo e historiador da arte), Karl
Mannheim (sociólogo) e Eugene Varga (economista);
— estimulado pelo sindicalista E. Szabó, participa das conferências da
Escola Livre de Humanidades, com amigos do “Círculo Dominical”
e ainda com Béla Bartók;
— recebe com entusiasmo as primeiras notícias da Revolução de Outu
bro;
— publica, em húngaro e em alemão, um fragmento da sua inacabada
Estética-, o ensaio “A relação sujeito/objeto na estética” (“Die
Subjekt/Objekt Beziehung in der Asthetik”).
1918
— recebe a visita-de Max Weber, que permanece algumas semanas em
sua casa;
— recomeça a estudar Marx e, sob a influência de E. Szabó, lê Rosa
Luxemburgo, Anton Pannekoek e Sorel;
— a 2 de dezembro, ingressa no Partido Comunista;
— em húngaro, publica Béla Balázs e seus adversários e O bolchevismo
como problema moral.
1919
— em março, cai a monarquia dos Habsburg. No dia 21, proclama-se
a República Soviética da Hungria, com Béla Kun à frente;
— é designado Vice-comissário do Povo para a Cultura e a Educação
Popular, cargo que desempenha com agilidade e eficiência;
— em agosto, a República Soviética é massacrada pelas forças fascistas
de Horthy (5.000 pessoas são executadas, 75.000 aprisionadas e
100.000 emigram);
13
1921
— desenvolve acurados estudos da obra de Marx;
— politicamente, oscila entre posicionamentos “esquerdistas”, face aos
problemas da revolução mundial (como teórico, apóia e legitima a
“ação de Março" na Alemanha), e atitudes não-sectárias na análise
da estratégia c da tática do Partido Comunista húngaro, aiinhando-se
na fração de J. Landler, dirigente que se opunha ao dogmatismo de
Béla Kun;
— como representante da fração de Landler, participa do III Congresso
da Hf Internacional, cm Moscou, quando mantém seu único encontro
pessoal com Leniu e Trotsky.
— publica vários ensaios, entre os quais “Espontaneidade das massas,
atividade do Partido” (“Spontaneitãt der Massen, Aktivitãt der Par-
14
1922
— aprofunda seus estudos sobre Marx e dedica atenção à obra de
Lenin;
— prossegue suas atividades na luta interna do Partido Comunista, con
tra a direção burocrática e autoritária de Béla Kun;
— recebe a visita de Thomas Mann, a quem admira desde 1909. Deste
encontro, Thomas Mann escreveu:
“Durante uma hora, ele desenvolveu suas teorias para mim. Enquanto
falava, tinha razão. E se, em seguida, subsistia uma impressão quase
inquietante de abstração, conservava-se também o incontestável senti
mento de uma pureza e de uma generosidade intelectuais imensas”.
1923
— publica História e consciência de classe (Estudos de dialética mar
xista) (Geschichte und Klassenbewusstsein/Studien über marxistische
Dialektik), cujos materiais básicos foram trabalhados entre 1919 e
*1922 (alguns dos ensaios do livro são versões novas de textos pu
blicados neste período).
1924
— História e consciência de classe é violentamente criticado, assim como
Marxismo e Filosofia (Marxismus und Philosophie), de Karl Korsch,
publicado no mesmo ano. O livro é condenado pela “direita” e pela
“esquerda” do movimento operário revolucionário mundial: em
junho/julho. através de Zinoviev e Bukharin, o V Congresso da In
ternacional reprova-o; em julho, por meio de S. Marck. a social-
-democracia ataca-o. Outras posições de repúdio são tomadas pelo
jornal russo Pravda e por filósofos como A. Deborin, russo, e L.
Rudas. um dos fundadores do Partido Comunista húngaro e que, até
então, alinhara-se com Lukács na lula contra a direção de Béla Kun;
— publica Lenin: a coerência do seu pensamento (Lenin: Studie über
den Zuzammenhang seiner Gedanken).
1925
— publica N. Bukharin: teoria do materialismo histórico (N. Bucharin:
Theorie des historischen Materialismus), demolidora crítica ao deter
minismo tecnológico expresso por Bukharin no seu manual de mate
rialismo histórico.
15
1925-1926
— conhece o poeta Attila József;
— aprofunda suas relações com J. Landler.
1926
— publica Moses Hess e o problema da dialética idenlista (Moses Hess
und die Probleme der idealistischen Dialektik).
1927
— em Budapeste, aos setenta e quatro anos, morre-lhe o pai;
— em húngaro, publica o ensaio “O impacto da revolução de Outubro
no Leste”.
1928
— com a morte de J. Landler, ocorrida neste ano, assume a liderança
da corrente anti-Béla Kun no interior do Partido Comunista;
— começa a preparar um informe para o congresso do Partido Comu
nista a ser realizado no ano seguinte.
1929
— durante três meses, permanece na Hungria, desenvolvendo atividades
partidárias clandestinas;
— apresenta, no II Congresso do Partido Comunista húngaro, o informe
que ficaria famoso: as Teses de Blum (Blum era o seu pseudônimo
na clandestinidade). Este informe (Thesen über die politische und
wirtschaftliche Lage in Vngarn und iiber die Aufgaben der Kommu-
nistischen Partei Ungarns), que antecipa muito da estratégia fren-
tista que o Kominter implementa depois de 1935, é duramente
criticado; até mesmo o Executivo da Internacional intervém no
debate, classificando o projeto político contida nas Teses como anti-
leninista e liquidacionista; o grupo de Béla Kun sai fortalecido do
congresso;
— ameaçado de expulsão, publica uma autocrítica em húngaro (Decta-
ração de Blum), com a qual se afasta da atividade diretamente
política por quase três décadas. Sobre esta autocrítica, escreveu
quase cinquenta anos depois:
— abandona a Áustria.
1930- 1931
— vai para Moscou, onde trabalha no Instituto Marx-Engels-Lenin,
dirigido por D. Riazanov;
— conhece os Manuscritos de 1844, bem como textos filosóficos de
Lenin;
— inicia suas relações com Mikhaii A. Lifschitz, com quem estabele
cerá fecundo diálogo intelectual c duradoura amizade.
1931- 1933
— vive semilegalmente em Berlim; nas atividades com alguma Impli
cação política, utiliza o pseudônimo de Kcller;
— membro da Federação de Escritores Proletários Revolucionários,
ligada ao Partido Comunista alemão, desempenha papel fundamental
na orientação do seu órgão teórico, a revista Virada à Esquerda
(Die Linkskurve), que circula entre agosto de 1929 e dezembro de
1932, tirando quarenta e um números;
— mantém estreita relação pessoal com E. Bloch;
— publica numerosos ensaios, tematizando a questão do realismo lite
rário e da ‘‘literatura proletária", entre os quais "Tendência ou par
tidarismo?" (“Tendenz oder Parteilichkeit?’’) c "Reportagem ou
configuração?" (“Reportage oder Gestaltung?”);
— num ensaio deste período, "Da necessidade, uma virtude” ("Aus der
Not eine Tugend”), esboça uma sumária autocrítica de História e
consciência de classe.
1933
— regressa a Moscou;
— publica o esboço autobiográfico Meu caminho até Marx (Mein Weg
ZU Marx).
1933-1940
— desenvolve: intensa atividade intelectual, centrada sobretudo em es
tudos estéticos e literários que, no pós-guerra, serão reunidos em
vários livros;
17
1941-1944
— em 1941, é preso pela polícia política stalinista, que, sem êxito,
tenta extrair-lhe uma confissão de que, nos anos vinte, fora um
“agente trotskista”; depois de alguns meses, é liberado graças à
intervenção de G. Dimitrov;
— estreita relações com J. Révai;
— em 1944, em húngaro, publica A responsabilidade dos intelectuais,
reunião de ensaios escritos entre 1939 e 1941.
1945
— regressa a Budapeste, em agosto;
— assume a cátedra de Estética e Filosofia da Cultura na Universidade
de Budapeste; s
— é membro do Parlamento e do Conselho Nacional da Frente Popu
lar Patriótica;
— participa da direção da Academia de Ciências da Hungria;
— publica o ensaio “Progresso e reação na literatura alemã'’.
18
1946
— participa dos debates sobre “O espírito europeu”, tema do I Encon
tro Internacional de Genebra, quando polemiza duramente com Karl
Jaspers;
— tunda a revista cultural Fórum1,
— publica a sua intervenção em Genebra, sob o título As concepções
do mundo aristocrática e democrática;
— em húngaro, publica Lenin e os problemas da cultura, Grandes rea
listas russos e Goethe e sua época.
1947
— em dezembro, participa, em Milão, do Congresso de Filósofos Mar
xistas, pronunciando a conferência “As tarefas da filosofia marxista
na nova democracia”;
— em húngaro, publica Literatura e democracia, A crise da filosojia
burguesa e Esboço de uma estética marxista; em alemão, sai à luz
Goethe e sua época (Goethe und seine Zeit}.
1948
— é membro fundador do Conselho Mundial da Paz;
— recebe o Prêmio Kossuth;
— em húngaro, publica Por uma nova cultura magiar e Problemas do
realismo; em francês, sai Existencialismo ou marxismo?; em alemão,
vêm à luz O jovem Hegel e os problemas da sociedade capitalista.
Ensaios sobre o realismo (Essays iiber Realismus), Reviravoltas do
destino (Schicksalswende) e Karl Marx e Friedrich Engels como
historiadores da literatura (Karl Marx und Friedrich Engels ais
Literaturhistoriker);
— na Hungria, eclodem conflitos intrapartidários cujas tendências mais
extremas são encarnadas por Rajk e Rakosi, este manifestando as
posições do dogmatismo próprio da era stalinista.
1949
— participa, em Paris, de um congresso internacional sobre a obra de
Hegel, centrado no tema *’Os novos problemas da pesquisa hege-
liana”;
— conhece Emilc Bottigclli, Jcan Desanti, Roger Garaudy, Henri Le-
fcbvre, Lucien Goldmann, Jean Hyppolite, Maurice Merleau-Ponty;
— na Hungria, a execução de Rajk abre um período de obscurantismo;
este ano, que Rakosi decreta ser o “ano da viragem”, marcará o
início da “questão Lukács”;
19
1949-1950
— abre-se a “questão Lukács”: a propósito de seus livros Literatura e
Democracia e Por uma nova cultura magiar, é atacado inicialmente
por Rudas e, em seguida, por J. Révai, seu antigo admirador e agora
Ministro da Cultura; também o secretário do mesmo ministério,
M, Horwath, cobre-o de injúrias; essa campanha de descrédito ideo
lógico — onde as acusações vão do epíteto “revisionista" à pecha
de “caluniador de Lenin” — repercute intemacionalmente: através
de Pravda, Fadeiev reclama medidas administrativas contra ele;
— submeddo a intensa pressão, faz uma autocrítica, que J. Révai con
sidera “meramente formal”;
— como consequência da “questão Lukács”, a revista Forum desapa
rece.
1951
— J. Darvas, sucessor de J. Révai no Ministério, faz-lhe ataques tão
duros que ele é obrigado a retirar-se da vida pública;
— em alemão, publica Realistas alemães do século XIX (Deutsche
Realisten des XIX Jahrunderts).
1952
— estreita relações com B. Brccht;
— em novembro, conclui a redação de A destruição da razão (Die
Zerstõrung der Vernunft);
— publica, em alemão, Balzac e o realismo francês (Balzac und der
jranzosische Realismus).
1953
•— participa dos debates em torno da obra de Tibor Déry;
— publica Breve história da nova literatura alemã (Skizze einer Ges-
chichte der neueren deutschen Literatur}', em húngaro, sai a obra
Contribuições à história da estética.
1954
-— publica, em alemão, A destruição da razão e Contribuições ã história
da estética (Beitrãge zur Geschichte der Âsthetik).
20
1955
— a passagem do seu septuagésimo aniversário motiva amplas mani
festações de apreço intelectual, nas quais tomam parte, entre outros,
E. Bloch e T. Mann;
— recebe novamente o Prêmio Kossuth',
— toma-se membro-correspondente da Academia Alemã de Ciências;
— publica, em alemão, Problemas do realismo (Probleme des Rea-
lismus).
1956
— ano de febril agitação na Europa Central e Oriental, como decor
rência do XX Congresso do PCUS;
— na Hungria, ocorrem amplas mobilizações no sentido da democra
tização do regime;
— rompe com seu silêncio compulsório: faz duas discutidas intervenções
no “Círculo Petõfi”, espaço institucional de inquietude intelectual e
política aberto em março e interditado em junho;
— a 14 de junho, em entrevista de repercussão mundial, reclama a
democratização;
— funda um novo periódico, com Tibor Déry, Gyula Tllés e István
Mészáros: Tomada de Consciência (Eszmélet)\
— a 23 de outubro sobe ao poder o grupo de Imre Nagy, que se propõe
a desestalinização da Hungria;
— a 24 de outubro, torna-se membro do Comitê Central do Partido
Comunista húngaro;
— a 27 de outubro, assume o Ministério da Cultura;
— a 31 de outubro, juntamente com Nagy, Donath e Kadar, constitui o
comitê para a organização de um novo Partido Comunista húngaro;
— com os apelos de Nagy ã intervenção da ONU e a retirada da Hun
gria do Pacto de Varsóvia, afasta-se do Ministério;
— com a defecção de Kadar, aprofunda-se a crise, que culmina com a
intervenção soviética;
— a 4 de novembro, refugia-se na embaixada da Jugoslávia;
— o novo governo, liderado por Kadar, procura, inutilmente, obter a
sua colaboração;
— é deportado para a Romênia;
— publica o texto da conferência que pronunciou no “Círculo Petõfi”
a 28 de junho, A luta entre o progresso e a reação na cultura do
nosso tempo.
21
1957
— em abril, obtém permissão para retomar a Budapeste;
-— não responde a nenhum processo pela sua participação nos eventos
de outubro, mas lhe é exigida uma autocrítica. Recusa-se a fazê-la.
Perde a cátedra universitária, é excluído do Partido e tem início uma
nova campanha de descrédito ideológico contra ele, capitaneada por
Szigéti, Ministro-adjunto para a Cultura. Sobre a sua resistência,
escreveu K. Axelos:
1965
— publica O jovem Marx (Der Junge Marx).
1966
— publica, em inglês, o extrato Tecnologia e relações sociais. t
1967
— é oficialmente reintegrado no Partido Comunista húngaro; I
— autoriza, pela primeira vez, uma reedição de História e consciência
de classe, precedida de um longo prefácio datado de março;
— são publicadas as entrevistas que concedeu a L. Kofler, W. Aben-
droth e H. H. Holz, sob o título Conversando com Lukács (Ges-
prdche mit Georg Lukács).
1968
— no interior do Partido Comunista húngaro, critica a intervenção que
as tropas do Pacto de Varsóvia realizam na Tchecoslováquia;
— ocupa-se da redação de um ensaio sobre o leninismo e a democracia *
socialista, que permanecerá inédito até 1991 (um fragmento deste
texto foi publicado em 1970: Lenin e as questões do período de
transição — Lenin und die Fragen der Übergangsperiod); i
— publica o ensaio "O marxismo na coexistência”.
1969
— torna-se doctot honoris causa da Universidade de Zagreb.
1970
— toma-se doctor honoris causa da Universidade Ghent;
— recebe o Prêmio Goethe\
— publica Solzenitsyn (Solschenizyn) e, em húngaro, a antologia Arte
e sociedade.
1971
— em fevereiro, escreve para o Time Literary Supplement uma breve *
apresentação de seus discípulos Agnes Heller, G. Markus, M. Vajda
e F. Feher, reconhecendo a existência de um círculo de estudos —
a “Escola de Budapeste";
— organiza a campanha mundial de solidariedade para com Angela
Davis?
23
1972-1974
I — a Luchtcrhand Verlag edita capítulos da obra em que trabalhava ao
morrer, a Ontologia do ser social (Zur Ontologie des gesellschafli-
chen Seins).
I 1973
— encontra-se, no depósito dc um banco de Heidclberg, a sua corres
pondência dos anos de 1900 a 1917 (cerca de 1.650 cartas, dirigidas
a familiares e a amigos da época); atualmente, duas pesquisadoras
húngaras, Eva Fekete e Eva Karadi, trabalham na edição deste ma
terial.
1974
— são divulgados pela primeira vez no Ocidente os ensaios que escreveu,
em Moscou, entre 1933 e 1944, tematizando problemas literários,
l no volume Ecrits de Moscou (Paris, Êd. Sociales).
1976
i — é publicado integral mente o volume inicial da Ontologia do ser social
(Ontologia delíessere sociale l. Roma, Ed. Riuniti).
1978
— são reeditados artigos que publicou, nos primeiros anos da década
dc vinte, no periódico alemão Die Rote Fahne (A Bandeira Verme
lha): sai o volume Littérature, philosophie, marxisme (1922-1923)
(Paris, P.U.F.),
[No momento em que este volume vai para o prelo, encontram-se
disponíveis ao público brasileiro dois capítulos da Ontologia do ser
, social de Lukács: “Os princípios ontológicos fundamentais de Marx”
e “A falsa e a verdadeira ontologia de Hegel”. ambos editados pela
Livraria Editora Ciências Humanas. S. Paulo. 1979. No mesmo ano,
a editora Nova Critica, do Porto, lançou em Portugal o livro Marx
e Engels como historiadores da literatura.}
I
<
LUKÁCS: TEMPO E MODO
1
I
< Não posso analisar aqui a complexa relação entre o pensamento de Lukács e a
problemática da era staiinista (no momento, estou preparando um ensaio sobre
esta questão, onde tento fundamentar a tese segundo a qual Lukács, sem conseguir
ultrapassar os limites ideológicos postos pela dogmática, sustentou sempre, contra
eia. uma oposição de princípio). Uma estimulante leitura sobre este ponto é o *
ensaio de LÕwy, M. Lukács and stalinism. New Left Review, London, 91, May-
-June 1975.
5 Cf. o prólogo que Ludz escreveu para a edição, em 1961, dos ensaios de Lukács,
sob o título Schriften zur Literatursoziologie (Neuwicd Luchterband Veriag). Neste
texto, Ludz deixa em aberto a possibilidade de um sexto período na reflexão lukac
siana — deve-se notar que, à época em que Ludz escrevia, Lukács ainda não
publicara a Estética l.
sequer tacitamente, Ludz coloca o problema das conexões internas do
pensamento lukacsiano em seus diversos estágios.
Esta última reserva aplica-se também ao trabalho de Henri Arvon,
que, em 1968, sugeriu uma periodização da obra de Lukács nitidamente
inspirada em Ludz •; ele não questiona os nexos internos que enlaçam
as várias etapas da evolução lukacsiana.
Arvon distingue cinco períodos nesta evolução. O primeiro, esten
dendo-se de 1907 a 1914, estaria dominado pela influência do neokan-
tismo, da filosofia da vida e da fenomenologia de Husserl. O segundo,
compreendendo os anos de 1914 a 1924, ainda conservaria marcas do
neokantismo, mas se colocaria, decididamente, sob o signo do neo-hegelia-
nismo, cujo clímax estaria patente na redação de História e consciência
de classe. O terceiro período, evidenciado nas teses literárias que Lukács
divulga através de Die Linkskurve, marcaria uma fase autocrítica e iria
até 1933. Neste ano, com o exílio na URSS, iniciar-se-ia o quarto
período, prolongado até a morte de Stalin T: teria sido esta a fase em
que Lukács aceitara, junto com a teoria leniniana do conhecimento,
alguns dogmas stalinistas. O quinto e último período, dominado pela
desestalinização, cobriria os anos posteriores a 1956,
• O esquema de Arvon é permeável a inúmeras críticas. Com efeito,
caracterizar o decênio 1914-1924 como unitário é extremamente dis
cutível, assim como é liminarmente precário assinalar como um bloco
o período 1933-1954. No primeiro caso, foge à ótica de Arvon o trân
sito do neo-hegelianismo lukacsiano ao radicalismo expresso nos ensaios
de Kommunismus-, no segundo, a angulação de Arvon é incapaz para
indicar em que medida as posições de Lukács no imediato pós-guerra se
imbricam nas que defendeu nos primeiros anos do exílio. Mais impor
tante, porém, é a ausência, já mencionada, de uma correta conexão entre
as problemáticas que foram objeto da reflexão de Lukács nos diversos
momentos por que evoluiu a sua obra.
Esta questão é, dc fato, a que pode decidir da validade de qualquer
periodização do pensamento lukacsiano. Não basta mostrar, de forma
mais ou menos correta, os instantes que marcam as inflexões maiores da
rota intelectual de Lukács. O que conta é, a par desta indicação, o
•'Cf. Georges Luktics ou le jronf populaire en liltératurê. Paris, Éd. Seghers, 1968.
p. 16 et seqs.
‘ Arvon comete, en passant, um incrível erro cronológico (op. cit., p. 17), dando
como data da morte dc Stalin (5/março/1953) o ano dc 1954.
30
Ele esclarece que seu estudo d’O capital, em 1908, não objetivava
mais que “uma fundamentação sociológica" para a obra com que se
ocupava sobre a evolução do drama moderno:
“voltei a estudar Marx, mas desta vez já orientado por interesses filosó
ficos gerais, e influenciado primordialmente não mais pela contempo
rânea filosofia do espírito, mas por Hegel”
IS 1<L. ibid., p. X.
'•Id., ibid.
1T Id. ibid. No ensaio de Leandro Konder, já citado, o leitor encontra interes
santes dados sobre esta comoção.
«"Id., ibid., p. XII.
*• Id., ibid., p. XXXIV.
33
Sl íd., Ibid.
Em 1967, fe. Bloch recordava este tempo: “Nós doí» conrideramo» a
Revolução de Outubro como o ‘cumprimento dc um destino’. Lukács, na época,
ainda mais num sentido teológico dq que eu”. (Apud Eonoe». ensaio citado.)
36
2,1 Cf. Introducción a los escritos estéticos de Marx y Engels. In: Aportar tones a
la historia de ia estética. México, Ed. Grijalbo, 1966. p. 233.
43
4
•
As indicações referidas à temporalidade e à modalidade do pensa
mento lukacsiano fornecem a chave para a sua compreensão, posto que
possibilitam o questionamento, ainda que sumário, de dois conjuntos
de problemas: a sua vinculação com as “exigências do dia” e o seu
enraizamento na tradição cultural de que c legatário.
29 Cf., a respeito, a sua entrevista, de 19 nov. 1970, a Franco Ferrarotti, que este
publicou em: Colloquio con Lukács/La rícerca sociologica e ii marxismo. Milano.
F. Angelli Ed„ 1975.
45
1,3 Cf. Hhioire rt conscience de classe. Paris. Éd. Mintiit. 1965. p. 56.
51
:w Implicitamente, Lukács reconhecia estas lacunas. Não é casual que, nos seus
úliimos dias, ele insistisse na imperiosa necessidade de escrever um novo O capital,
Esta preocupação frequentou, inclusive, o seu esforço na redação da Ontologia do
ser social (cf„ a respeito, o prólogo de A. Scarponi .t Ontologia drWrssere snc/alr
t. Roma. Ed. Riuniii. 1976).
52
Bibliografia
Livros
Artigos
I
♦
A dialética materialista é uma dialética revolucionária. Esta deter
minação c tão importante e de uma pertinência tão decisiva para a com
preensão da sua essência que deve ser primeiramente abordada, antes
mesmo que se possa tratar do método dialético em si, para que o pro
blema seja corretamente colocado. Trata-se, aqui, do problema da teoria
e da práxis, e não apenas no sentido que Marx lhe atribuía cm sua pri
meira crítica hegeliana, quando afirmava que “a teoria lorna-se força
material quando assumida pelas massas” *. A questão, antes, é a de
pesquisar, tanto na teoria quanto na modalidade da sua penetração nas
massas, os momentos e as determinações que fazem da teoria, do método
dialético, o veículo da revolução; trata-se de desenvolver a essência
prática da teoria a partir dela mesma e da relação que estabelece com
seu objeto. Porque, sem isto, aquele “assumir pelas massas" poderia ser
uma aparência vazia. Poderia ocorrer que as massas, movidas por im
pulsos muito diferentes, agissem em direção a objetivas diferentes e que
a teoria possuísse, para seu movimento, um conteúdo puramente con
tingente, que ela seja uma forma pela qual as massas elevem à consciência
sua ação socialmente necessária ou casual, sem que este ato de tomada
de consciência esteja ligado, essencial e realmente, à própria ação.
Marx, no mesmo texto, expressou claramente as condições de pos
sibilidade de uma tal relação entre a teoria e a práxis:
-’ M„ ibid., p. 393.
3 Td., ibid., p. 382-3. [Trata-se de uma carta a Ruge, datada de setembro de
1843. (N. do T.)J
62
4 ld., ibid.* p, 398. (Ncalc por lo. Lukacs remete o leitor ao ensaio ~A consciência
dc classe*’, texto lambóm inseriu em Historia c consciência de classe. Ima versão
brasileira deste ensaio enconira-se em Vf.lho, O. G. ct ul.. orgs. Estrutura dc
classes e estratificação social. Rio de Janeiro. Zahar Ed.. 1966. (N. do T. )|
63
como diz Engels s. Ou, como Marx escreveu, de modo mais preciso:
II
• Marx. K. Das Kapilat [O capital]. III, l, p. 188; igualmente, p. 21, 297 et seqs.
Esta distinção entre a existência (que sc decompõe em seus momentos dialéticos
da aparência, do fenômeno c da essência) e a realidade provém da lógica de
Hegel. Tnfelízmente, não c possível desenvolver aqui como toda a conceptualizaçáo
d' O capital inspira-se nestas distinções. Também a distinção entre a repiesentação
e o conceito vem de Hegel.
68
relações sociais. Toda categoria parcial isolada pode ser tratada e pen
sada (neste isolamento) como estando sempre presente durante toda a
evolução da sociedade humana (se não se encontra numa sociedade, é
então uma “exceção” que confirma a regra). A distinção real das eta
pas de evolução histórica se expressa de modo muito menos claro e
unívoco nas transformações a que estão submetidos os elementos par
ciais isolados do que nas alterações súbitas de sua função no processo
de conjunto da história, de suas relações com o conjunto da sociedade.
ni
Esta concepção dialética da totalidade, que aparentemente se afasta
tanto da realidade imediata e que, também aparentemente, constrói esta
realidade de maneira “não-científica” — esta concepção é, de fato, o
único método que pode apreender e reproduzir a realidade no plano
do pensamento. A totalidade concreta é, portanto, a categoria autêntica
da realidade u. A correção desta perspectiva revela-se, no entanto, em
toda a sua clareza quando colocamos no centro da nossa investigação o
substrato material real de nosso método, a sociedade capitalista e seu
imanente antagonismo entre as forças produtivas e as relações dc pro
dução. O método das ciências da natureza, que constitui o ideal metodo
lógico de toda ciência reflexiva e de todo revisionismo, não reconhece
em seu objeto nem contradição nem antagonismo — se ele encontra,
apesar de tudo, ,uma contradição entre diferentes teorias, vê aí, tão-
-somente, um índice do caráter inacabado do grau de conhecimento até
então alcançado. As teorias que se contradizem devem encontrar nestas
mesmas contradições os seus limites; elas devem, pois, ser consequente
mente modificadas e submetidas a teorias mais gerais em que as contra
dições desaparecerão definitivamente. No caso da realidade social, em
compensação, estas contradições não são índices de uma imperfeita apre
ensão científica da sociedade, mas estão vinculadas, de modo indissolú
vel, à essência da realidade mesma, à essência da sociedade capitalista.
Sua superação no conhecimento da sociedade não faz com que elas dei-
,a Marx, K. Theorien iiber den Mehnvert [Teorias sobre a mais-valin]. II, II.
P- 305-9.
72
IV
considerou este problema “do ponto de vista político e não do ponto de vista do
sociólogo" (Die marxisttche Geschichts. Gesellschafls und Staatstheorie {A teoria
marxista da História, da Sociedade e do Estado]. I, p. 308). É evidente: toda
a superação da filosofia hegeliananáo existe paro os oportunistas; quando eles não
se vinculam ao materialismo vulgar ou a Kant, utilizam os conteúdos reacionários,
da filosofia begeliana do Estado para eliminar do marxismo a dialética revolucio
nária — para perpetuar, no plano do pensamento, a sociedade burguesa.
28 A posição de Hegel face à economia política é muito característica (cf. Rechts-
philosophif (Filosofia do Direito], S 189). Ele reconhece claramente □ problema
metodológico fundamental que é o da contingência e da necessidade (de um modo
muito parecido ao de Engels em Ursprung der Familie fA origem da família, da
propriedade privada e do Estado], p. 183-4 c em Feuerbach [L. Feuerbach e o
fim da Filosofia clássica alemã], p. 44), mas não percebe o sentido central do
substrato material da economia, a relação dos homens entre si. Isto permanece
para ele uma "efervescência de vontades arbitrárias" e suas leis assumem uma
“semelhança com o sistema planetário" (loc. cit., p. 336).
80
' Cf. LukÁcs, G. Zur Ontologie des gesellschaftlichen Seins/Hegels falsche und echte
Ontologie [Ontologia do ser social ! A verdadeira c a falsa ontologia de Hegel].
Neuwied, Sammlung Luchterhand, 1971. [Trata-se do capítulo 3 da parte I da
Ontologia do ser social, que — junlamente com o capítulo 4 da parte I (sobre
Marx) e o capitulo I da parte II (sobre o trabalho) — foi publicado como
volume independente em alemão. Até o presente momento, se deixarmos de lado
a edição italiana da parte 1 (Ontologia deWessere sociale. Roma, Ed. Riuniti,
1976. v. 1, 408 p.), são esses trés capítulos os únicos trechos da obra já publi
cados. (N. do T.)J
2 Engels. F. Feuerbach. [Ludwig Feuerbach e o fim da Filosofia clássica alemã].
Víena/Berlim, 1827. p. 31.
■'‘Lenin. Aus dem philosophischen Nachlass [Textos filosóficos póstumos]. Vie
na/Berlim, 1932. p. 87.
89
"MECA. í, 5, p. 567.
32
do fato de que ele não leva em conta integralmente esse processo extre
mamente importante.) Hobbes vira já com clareza que tais deformações
têm lugar no campo do ser social com maior frequência e intensidade
que no domínio da natureza; c ele indicou também a causa desse fato:
o agir interessado ,T. Naturalmentc, um tal interesse pode se verificar
também em face de problemas do domínio natural, sobretudo por suas
consequências no âmbito da visão do mundo; basta recordar as polê
micas suscitadas por Copémico ou Darwin. Mas, dado que o agir inte
ressado representa uma componente ontológica essencial, ineliminável,
do ser social, o seu efeito de deformação dos fatos, de deformação do
seu caráter ontológico, adquire aqui um acento qualitativamente novo; e
isto sem falar no fato de que tais deformações ontológicas não alteram
o ser em-si da natureza em geral, enquanto no ser social podem — en
quanto deformações — tomar-se momentos dinâmicos e ativos da tota
lidade existente em-si.
Por isso, a afirmação de Marx — “toda ciência seria supérflua se
a essência das coisas c a sua forma fenomênica coincidissem imediata
mente" *• — é de extrema importância para a ontologia do ser social.
Decerto, a proposição vale, em-si e para-si, cm sentido ontológico geral,
ou seja, refere-se tanto à natureza quanto à sociedade. Todavia, vere
mos em seguida que a relação entre essência e fenômeno no ser social,
por causa do seu indissolúvel vínculo com a práxis, revela novos traços,
novas determinações. Vejamos aqui um único exemplo: parte importante
dessa relação é que, em todo processo acabado (relativamente acabado),
o resultado faz desaparecer em nível imediato o processo da sua própria
gênese. Em muitíssimos casos, a colocação científica nasce quando o
pensamento abandona a ideia de que estamos diante de um produto
imediatamente acabado, aparentemente definido, e toma-o visível apenas
em sua processualidade, não perceptível em nível imediato, em nível
fenomênico. (Inteiras ciências, como a geologia, surgiram de colocações
deste tipo.) No âmbito do ser social, porém, o processo genético é um
processo teleológico. Disso resulta que o seu produto assume a forma
fenomcnica de produto acabado, definido, e faz desaparecer a própria
gênese em nível imediato tão-somente quando o resultado corresponde
à finalidade; se isso não ocorre, é precisamente o seu inacabamento que
faz remontar diretamente ao processo genético. Escolhi propositada
mente um exemplo bastante primitivo. A especificidade da relação entre
"Embora Marx não nos tenha deixado uma Lógica... nos deixou a
lógica de O capital... Em O capital, aplica-se a uma só ciência a
lógica, a dialética, a teoria do conhecimento (não é preciso três palavras:
são uma mesma coisa ) do materialismo, o qual recolhe de Hegel quanto
há nele de precioso e o desenvolve mais profundamente" 2i.
* Lukács se refere à “Introdução” (dc 1857) aos 6n//uta. que ele tratará em
detalhe num contexto posterior da Ontologia. (N do T.)
24 Dc Gramsci a Caudwcll. há toda uma serie de tentativas nesse sentido. Tam
bém meu livro História e consciência dc claSse nasce nesse contexto. Mas a
pressão stahniana. dirigida para a vulgarização e a esquematização, reduziu bem
108
Stalin é também uma tendência gradual, da qual falta até hoje uma
exposição histórico-crítica. Sem dúvida, nos inícios, sobretudo na polê
mica contra Troiski, Stalin se apresenta como defensor da doutrina dc
Lenin; e algumas publicações desse período, até o início dos anos trinta,
revelam a tendência a afirmar a renovação leniniana do marxismo contra
a ideologia da Segunda Internacional. Por mais correta que fosse a ên
fase posta nas novidades trazidas por Lenin, ela teve um efeito cada
vez mais marcado durante a época de Stalin: aquele do gradualmente
pôr de lado o estudo de Marx e de colocar em primeiro plano o de Lenin.
Em seguida, essa orientação — especialmente depois da publicação da
História do PCUS (com o capítulo sobre a filosofia *) — converteu-se
na marginalização de Lenin cm favor de Stalin. Desde então, a filosofia
oficial reduziu-se a um comentário das publicações de Stalin. Marx e
Lenin aparecem apenas enquanto peças de apoio. Não é aqui □ lugar
para expor detalhadamente a devastação que tal orientação produziu no
plano teórico. Também essa seria uma tarefa extremamente atual e im
portante, que teria, ademais, sob muitos aspectos, grande significação
prática. (Basta pensar no fato de que a teoria oficial da planificação
ignora completamente os momentos decisivos da teoria marxiana da
reprodução social.) Na terminologia marxista, começou a imperar um
subjetivismo total e totalmentc arbitrário, que era, porém (e, aos olhos
de muitos, ainda é hoje), capaz de legitimar com métodos sofísticos
qualquer resolução enquanto decorrência lógica do marxismo-leninismo.
Aqui, temos de nos limitar a constatar a situação. Mas, se o marxismo
quer hoje voltar a ser uma força viva do desenvolvimento filosófico, deve
vincular-se, em todas as questões* ao próprio Marx. E se, nesta operação,
muitas contribuições podem provir da obra de Engels e de Lenin, em
nossas considerações — naquelas que nos dispomos a fazer neste livro
.— podemos tranqiiilamente, em troca, deixar de lado tanto o período
da Segunda Internacional quanto o período staliniano, embora criticar
a ambos do modo mais áspero — com a finalidade dc restaurar o pres
tígio da doutrina marxiana — fosse uma coisa da maior importância.
3. A DECADÊNCIA IDEOLÓGICA E AS
CONDIÇÕES GERAIS DA PESQUISA CIENTÍFICA *
Marx tinha treze anos quando Hegel morreu, catorze quando mor*
reu Goethe. Os anos decisivos da sua juventude transcorrem no período
entre a revolução de julho e a de fevereiro. O período dc sua primeira
grande atividade política c jornalística é a preparação da revolução de
1848 e a direção ideológica da ala proletária da democracia revolu
cionária.
Uma das questões fundamentais da preparação ideológica da Ale
manha para a revolução de 1848 é a tomada dc posição em face da
dissolução do hegelianismo. Esse processo de dissolução assinala o fim
da última grande filosofia da sociedade burguesa.
Esta crítica foi precedida no tempo não somente por aquela aos
epígonos hegelianos dos anos posteriores a 1840, mas sobretudo pela
grandiosa e vasta crítica da decadência política dos partidos burgueses
na revolução de 1848. Na Alemanha, os partidos burgueses traíram,
em favor dos Hohenzollern, os grandes interesses — ligados ao povo —
da revolução democrático-burguesa; na França, traíram os interesses da
democracia, em favor de Bonaparte.
Segue-se a essa crítica, logo após a denota da revolução, a crítica
das repercussões de tal traição sobre a ciência da sociedade. Marx
conclui seu julgamento de Guizot com as palavras: “Les capacites de la
bourgeoisie s'cn vont"; e, no Dezoito brumário, fundamenta este juízo
com a frase epigramática:
• • •
111
"Ele não faz senão reproduzir, sem nenhuma inteligência, o que Helve-
tius e os demais franceses do século XVIII disseram inteligentemente...
Com a mais ingênua vacuidade, propõe o pequeno-burguês moderno,
particularmente o inglês, como o homem normal. O que é útil a este
t tipo de homem normal e a seu mundo, é útil em si e para si. Utili
zando esta escala, ele mede ainda o passado, o presente e o futuro.
Assim, a religião cristã é ‘útil’ porque proíbe, do ponto de vista reli
gioso, os mesmos delitos que o Código Penal condena do ponto de vista
jurídico. [Que o leitor se recorde da audácia atéia dos filósofos, de
Hobbes a Helvetius — G. L.J Se eu tivesse a coragem do meu amigo
Heinrich Heine, chamaria o sr. Jeremy de gênio da estupidez burguesa”.
li
E evidente que, com tais idéias. Max Weber não podia realizar um
verdadeiro universalismo, mas, no máximo, a união pessoal de um grupo
de especialistas estreitos em um só homem. E, lendo-sc o pouco que
escreveu sobre o socialismo, pode-se facilmente determinar o caráter
apologético desta incapacidade de um ideólogo dotado de grandes qua
lidades, escrupuloso e subjetivamente honesto, de romper com a estreiteza
da divisão do trabalho científico, própria do capitalismo em declínio.
Numa conferência, Max Weber “refuta’’ a economia socialista, aduzindo
que o “direito aos proventos integrais do trabalho” é uma utopia irrea
lizável. Este erudito — que morreria de vergonha se lhe tivesse esca
pado um erro quanto a uma data da história da China antiga — ignorou,
portanto, a refutação da teoria lassalleana feita por Marx. Ele se
rebaixa aqui ao nível dos refutadores profissionais de Marx, ao nível
dos pequeno-burgueses apavorados pelo “igualitarismo” socialista.
Já é aqui claramcnte visível como a divisão capitalista do trabalho
se insinua na alma do indivíduo singular, deformando-a; como transfor
ma num filisteu limitado um homem que, tanto intelectual quanto mo
ralmente, está muito acima da média. Este império exercido sobre a
consciência humana pela divisão capitalista do trabalho, esta fixação do
isolamento aparente dos momentos superficiais da vida capitalista, esta
separação ideal de teoria e praxis, produzem — nos homens que capi
tulam sem resistência diante da vida capitalista — também uma cisão
entre o intelecto e a vida dos sentimentos.
Reflete-se aqui, no indivíduo, o fato de que na sociedade capitalista
as atividades profissionais especializadas dos homens tomem-se aparen
temente autónomas do processo de conjunto. Mas enquanto o marxismo
interpreta esta viva contradição como um efeito da “produção social e
apropriação privada”, o aparente contraste superficial é fixado, pela
ciência da decadência, como “destino eterno" dos homens.
Deste modo, ao burguês médio, sua atividade profissional parece
ser uma pequena engrenagem numa enorme maquinaria de cujo funcio
namento geral não pode ter a mínima idéia. E se esta conexão, esta
imprescindível socialidade implícita na vida do indivíduo, é simplesmente
negada, à maneira dos anarquistas, nem por isso deixa de se manifestar
a separação em compartimentos estanques, com a diferença de que recebe
agora uma orgulhosa justificação pseudofilosófica. Em ambos os casos,
a sociedade aparece como um místico e obscuro poder, cuja objetividade
fatalista e desumanizada se contrapõe, ameaçadora e incompreendida,
ao indivíduo.
126
1. O nascimento da Sociologia
“De fato, de tudo isso resulta que a vontade essencial traz consigo as
condições para a comunidade, ao passo que a vontade arbitrária produz
a sociedade".1
I...]
aquele que, mais tarde, virá a ser, assim como KJages, um represen
tante de primeiro plano da filosofia da existência — Jaspers. Seu
repúdio crítico, desse modo, vale apenas para as formas envelhecidas
e vulgares do irracionalismo. Dado que sua própria metodologia está
invadida por tendências irracionalistas, nascidas de motivos estritamente
imperialistas e que ele nâo pode superar; dado que tais tendências decor
rem da contraditoriedade imanente da sua própria posição diante do
imperialismo alemão e da democratização da Alemanha, Weber é obri
gado a aprovar as novas e mais sofisticadas formas do irracionalismo,
determinadas em parte pela sua própria metodologia inconseqiicnte. O
fato de que ele teria certamente rechaçado tais orientações de pensamento
em sua completa forma pré-fascista ou fascista nada prova contra essa
conexão histórico-metodológica. Ele teria se encontrado diante do fas
cismo, mutatis mutarulis, numa situação análoga àquela na qual se
encontraram, mais tarde, Stcfan George ou Spengler.
Max Weber combate o antiquado irracionalismo da sociologia
alemã em Roscher, Knies e Treitschkc; trava batalha contra o irracio
nalismo mais moderno, que continua, porém, a ser gnosiologicamente
ingênuo, dc Meinecke, e observa, ironizando: “A ação humana encon
traria portanto um significado específico no fato de ser inexplicável e,
como tal, incompreensíveF 2!k. De modo igualmente irônico, ele se refere
ao conceito de personalidade próprio da irracionalidade romântica, “que
a ‘pessoa’ tem perfeitamente em comum com o animai" 2e. Essa espiri
tuosa e justa polémica contra o irracionalismo vulgar então dominante
não afasta, contudo, o núcleo irracional do método e da concepção do
mundo de Max Weber. Weber quer salvar a cicntificidade da sociologia
excluindo do seu âmbito os juízos de valor; mas, assim, nâo faz mais do
que transferir toda a irracionalidade para os juízos de valor e para as
tomadas de posição. (Recordemos sua afirmação histórico-sociológica
sobre a racionalidade da economia e a irracionalidade da religião.)
Vejamos como Weber resume o seu ponto de vista:
uma coisa pode ser santa apesar de não ser bela, mas porque e
enquanto não é bela... e que uma coisa pode ser bela não apesar de
não ser boa, mas enquanto não é boa. Voltamos a sabé-lo a partir de
Nietzsche; e o encontramos expresso nas Fleurs du mal, título que
Baudelaire deu a seu livro de poesias. £ algo que sabemos no dia-a*
dia, ademais, que uma coisa pode ser verdadeira mesmo se e enquanto
não é bela, nem santa, nem boa... Aqui combatem entre si divin
dades diversas e, aliás, combatem por todo o tempo... De acordo com
a posição que assume, uma coisa é para o indivíduo o diabo, outra é
Deus; e o indivíduo tem de decidir o que para ele é Deus e o que é
o diabo. E assim ocorre em todas as ordens da vida... Os muitos e
antigos deuses, rompido o encantamento, e, portanto, sob a forma de
potências impessoais, clevam-se dos seus túmulos, aspiram a adquirir
poder sobre nossa vida e recomeçam entre eles a eterna luta” aT.
«M.. ibid.
34 Mannheim, K. Men.wh und GexrUschaft im Zeitalter des Umbaus [Homem
e sociedade em cpoca de reconstrução]. Leiden, 1935. p. 95.
30 kl., ibid., p. 5.
167
eles acolhem com satisfação e com alegria o caso Hitler a fim de mas
carar a sua aversão pela democracia como luta contra a direita e contra
a reação. Para tanto, servem-se do expediente demagógico, caro à social-
-democracia. de colocar acrilicamente no mesmo plano fascismo e bol-
chevismo, como sendo ambos adversários da “verdadeira” democracia (a
democracia liberal).
Reside aqui, segundo Mannheim, o problema central do nosso
tempo: entramos na época do planejamento; o pensamento, a moral,
etc. encontram-se ainda em fases mais atrasadas de desenvolvimento. A
função da sociologia e da psicologia que a cia se liga consiste em elimi
nar essa distância entre os homens e as tarefas que se lhes colocam.
"Ela — diz Mannheim — investigará as leis que desviam e sublimam
as energias de luta.” 40 Para isto, existem hoje três tendências progres
sistas na psicologia: o pragmatismo, a psicologia do comportamento
(behaviorisrn) e a “psicologia do profundo" (Freud-Adler). Com sua
ajuda, devem ser educados “tipos de pioneiros”, já que a importância
dos grupos de vanguarda, das elites, é decisiva no processo social.
Mannheim renova assim, mais uma vez, a questão já antiga da escolha
do elemento dirigente. Desapareceu aqui o aberto irracionalismo de
Alfred Weber, mas nem por isto o problema tomou-se mais concreto.
Numa sociedade cujos fundamentos econômicos e cuja estrutura conti
nuam a ser os do capitalismo monopolista, cuja evolução (enquanto não
se alteram essas bases econômicas) não pode deixar de se orientar em
sentido imperialista, nessa sociedade Mannheim quer criar — através dc
uma sublimação psicológica do irracionalismo — uma camada dirigente
antiimperialista. Uma tal utopia pode ser criada tão-somenie através
da radical eliminação dc todas as categorias objetivas da vida social; ou,
então, não passa de uma simples e oca demagogia a serviço do impe
rialismo. Mannheim trata detalhadamente o problema da educação, da
moral, etc., da nova elite, assim como das relações entre ela e as anti
gas. Mas o conteúdo político-social dessa nova elite é tão pouco concre
tizado como o daquela defendida, em sua época, por Alfred Weber.
Apenas num ponto se reconhece em Mannheim uma tomada de posi
ção mais clara. Ele recusa qualquer solução social através da força c
da ditadura, com o que volta a pôr no mesmo plano, de um ponto de
vista puramente formalista, a ditadura fascista e a ditadura do proleia-
• Os exemplos importantes referidos aqui por Lukács são os estudados nos capí
tulos anteriores da Introdução a uma estética marxista; Kanl, Schelling. Hegel e
Goelhe. No decorrer deste texto, haverá frequentes referências aos desenvolvi
mentos lukacsianos elaborados nas partes anteriores da Introdução..o que não
obstaculiza a sua compreensão isolada. (N. do Org.)
191
mente a gênese social da arte com a sua essência, chegando por vezes a
conclusões absurdas, como, por exemplo, à afirmação de que na socie
dade sem classes as grandes obras de arte criadas nas sociedades classistas
cessariam de ser compreendidas e apreciadas. Este modo estreito e
deformado de ver os problemas só pode surgir quando não se leva em
conta a teoria do reflexo e quando se concebe a arte como mera expressão
de uma determinada posição na luta de classes*. De fato, apenas
assumindo o reflexo como principio básico é possível fundamentar
teoricamente a universalidade da objetividade artística e, com ela, a
universalidade da forma artística. A determinação social da gênese, a
necessária tomada de posição de toda representação, podem realmente
se efetivar apenas sobre o terreno de uma tal universalidade do mundo
reproduzido e dos meios de reprodução. De acordo com este estado de
coisas, o próprio Marx colocou a questão de um modo inteiramente
diverso daquele dos seus vulgarizadores. Também para ele, naturalmente,
a gênese social é um ponto de partida; mas a tarefa real da estética só
começa quando tal gênese está esclarecida:
> Responsável, entre outros, por esta limitação da concepção de Marx é também
um teórico como Plekhanov, quando considera corno elemento de ligação entre
a base econômica e a ideologia “a psicologia do homem social" condicionada
pela primeira, e considera a ideologia — e portanto também a arte — como
reflexo “das propriedades desta psicologia”. (Plekhanov. Questões fundamentais
do marxismo. Rio de Janeiro, Editorial Vitória, 1956. p. 119. (N. do T.))
2 Marx. K. Grundisse. p. 31. [Não foi possível estabelecer com segurança a que
edição de Grundisse der Kritik der politisehen Okonomie (Fundamentos da crí
tica da Economia Política) refere-se Lukács neste texto. (N. do Org.)l
194
“Um homem não pede se tornar criança sem se tornar pueril. Mas não
lhe agrada a ingenuidade da criança? Não deve ele mesmo buscar
reproduzir, num mais alto nivel. a verdade da infância? Na natureza
infantil, não reviverá o caráter próprio dc cada época a sua verdade
natural? E por que então a infância histórica da humanidade, no mo
mento mais belo do seu desenvolvimento, nâo poderia exercer um fas
cínio eterno enquanto estágio que nâo mais retorna? Existem crianças
tolas e crianças tão sabidas como velhos. Muitos povos antigos per
tencem a esta categoria. Os gregos eram crianças normais. O fascínio
que a sua arte exerce sobre nós não está em contradição com o estágio
social pouco ou nada evoluído no qual cia amadureceu. Pelo contrário,
tal fascínio é o resultado deste atraso: está indissoluvelmente ligado ao
fato de que as imaturas condições sociais que deram nascimento a esta
arte e que só elas podiam dar não podem jamais retornar" 3.
â Id., ibid.
197
4 Esta situação foi reconheeida pela primeira vez. em grande estilo, na Fenonie-
nologia do espírito, de Hegeh e figurada no Fausto de Goeihe. CL, a respeito,
o capítulo a isto relativo no meu Der Jurtfte Heftel [O jovem Hcgel) e os estudos
sobre o Fausto em Goeihe und seine Zeit (Goethc e sua época), ambos editados
pela Aufbau. Berlim.
198
t
índice analítico
E ONOMÁSTICO
Abendroth, W„ 10. 22 capitalismo, 33, 35. 36. 38, 40, 43. 44,
acumulação primitiva, 149. 183 49, 52. 65. 66, 81. 115-8, 120, 121,
Adler, Max. 70, 72, 105 125, 129. 130, 134, 135, 140-2, 145-7,
Adorno, Th W.t 53 149-51, 156. 157, 163. 177. 184. 186-8
Ady, Endrc, 10, II apologia indireta do. 50, 114
agnoslicismo, 136, 145, 154, 155 crise geral do. 33, 52, 109
alienação, 39, 42. 44, 48. 51. 86. 114, crítica romântica do, 114, 116. 117,
128 129
Ancarini, U„ 55 monopolista, 170, 171
anticapitalismo romântico, 115. 118, 119, tardio, 33. 44. 50. 140
138-45 Carbonara, C.. 53
aparência e realidade, 128 Carlyle, Thomas, 117. 118, 129
A rato. A», 55 Cases. Cm 53
arte, 8. 38. 42. 47. 51. 141, 143. 175. categoria(s). 37. 49. 63, 64, 68-70, 76,
182. 189-94, 196-203 94, 102. 103, 121. 155. 156
Ar voo, Henri. 29. 53 econômicas, 64. 75. 76. 91, 133.
ateísmo religioso, 160. 162 167
autoconsciência humana. 201-3 sociais, 95, 126, 166, 167
Axelos. K.. 21, 63* Chiarini, 53
cidade e campo, 121, 180
ciência(s), 34. 64-6. 79. 91, 96. 99-102,
Bahr. E,. 53 104. 106. 112, 113. 116. 120, 142,
Balázs, Bela, 11, 12 157, 192. 201-3
Balzac. 117, 181, 184. 185 burguesa, 79, 96, 114
Baucr. Bruno, 88. 113 da natureza, 65. 66. 70, 96, 130,
Bedeschi. G., 53 131. 133, 146, 155, 192
Benseler, F.. 53 do espírito. 34. 133. 149. 155. 173
Bentham. Jeremy. 118. 119 singulares positivas, 96. 122. 137
Bcrnstein, 64, 69, 105. 147 sociais. 99. 122. 129. 136. 146. 155
Bismarck. 135. 136, 138. 149 cientifictdade» 102, 145, 161, 162
Bloch, Ernst. 11, 16. 17. 20. 35, 53 Classetsj. 41. 44. 46, 61, 75. 78, 81-3,
Boella, L., 53. 55 114. 128. 129. 135, 168. 180. 182.
Bóhm-Bawerk. 138. 139 183. 185. 187, 191, 195-7, 201
Bois, J., 63 luta de. 41, 72, 83. 110-2, 117, 123»
BolUmann. 98 127. 130. 147. 149. 157. 168»
Boruiiebcr, Gcrtrud, 13 182, 185. 186. 191-3
Brecht, Bertolt, I7, 19 pura si. 41. 84
burgucsiu. 81. R6, 110-2. 116. 128, 130. Cohen. Hermann, 34. 120
133-6. 138. 147, 181. 183. 185 Collelti. I~, 53
205
Comtc, A., 72, 133. 134. 137 Estado, 78, 79. 116» 142» 154» 156
conhecimento. 28. 37, 40, 65. 74. 82-4. teoria do, 147
165 estética. 51. 180. 181, 192, 193» 200
teoria do, 88, 106, 154 existência, 67, 85, 103, 150, 160
consciência, 42, 47, 61, 62, 77-81. 83,
84, 86. 90. 92, 99, 102, 125, 131, 160,
165. 166, 174. 185, 186. 189, 201-3
conteúdo. 174» 183. 190, 194, 196 fascismo. 115. 127» 159. 168. 170» Í72,
Copémico, 101, 131, 202 186
Coutinho, Carlos Nelson, 46, 53, 87. Fcenberg. A.. 55
109. 189 fenômeno(s>, 65-8. 74, 75, 78. 90, 99,
Craib, 1.. 53 100, 102. 104, 115. 120, 138. 143.
crítica literária, 38, 43. 51 144. 150. 151
cultura, 141-4. 185, 186 c essência, 100. 102
burguesa. 40, 143, 151 tratamento histórico dos. 46
Cunow. 74. 78 Feo. B.. 53
Ferrurotti. Franco, 44
Fetscher. I., 53
feudalismo, 81, 110
Daghini. G., 53 Feuerbach» L„ 31. 81. 88, 89, 91, 106
Danas, J., 19 Fichtc, 34. 77, 78
Darwin. Ch.. 101. 131. 202 filosofia, clássica alemã, 79. 178
decadência ideológica. 109-12, 119. 120, constru ti vista, 99
133 da vida, 28, 34, 144, 154. 157. 163.
democracia. 47. 152-4. 163» 168-70 164. 167
burguesa. 117, 152 Flores Olea. V., 53
Dery. Tibor, 19, 20 Fogarasí, Béla, 12, 21
desenvolvimento desigual, 142, 182 forças produtivas. 70. 142, 143, 147,
desestalinízação, 28, 29, 43 151. 180
devir, histórico-social. 157. 158 desenvolvimento das, 115, 151
social, 80, 81 formalismo. 123. 154, 155, 168. 171
dialética, 31, 35, 38. 40. 4*1, 43. 62-5. formas, de objetividade. 67, 74, 75. 95
70, 72, 73. 77-9. 88. 90, 105-7, 111, fetichistas de objetividade. 74. 75
127. 130. 147. 165. 167, 181, 197 Fouríer. O.» 117» 133
hegeliana. 77. 97. 106. 107
Dilthçy, 34, 137. 138. 145, 155. 162
Gabei. 1. 55
Gallas, H., 53
economia, 30. 75, 76, 79, 91. 96-8. 112. gênero literário, 175-7, 183
115. 119. 123, 130. 133, 135, 139. Glowka» D., 53
140. 148. 151. 166. 187 gnosiologia, 87. 96. 107. 156. 164-6
burguesa. 69. 76. 94. 110, 115, 133 Goethe. W. von. 109, 181. 184, 190. 197
clássica, 63. 70. 75, HO. 136 Goldmann. Lucien, 18, 27, 28. 53
marxista, 98, 99, 105, 123. 133, 151 Gorki. M-, 164. 186. 195
política. 44, 79, 136 Grabenko, Yelyena A., 12. 13
empirismo, 65, 98, 99, 103 Gramsci, Antonio. 36, 107. 108
Engels, F„ 42. 49, 51, 62-4, 66, 75, 79. Guesde. Jules, 85
80. 88. 89. 96. 100, 105-7» 111, 117. Guiducci, A.. 54
119-21. 143. 148 Gui2ot. 110-2
epopéia. 177, 178. 187
era stalinista, 28, 39. 50
escola histórica do direito, 137-9. 152
espírito absoluto, 77. 80 Hans-Dietrich, S.» 54
essência. 67. 68, 81. 100. 102 Harkness, Margareth. 49
estabilização relativa, 163» 168 Hauptmann, G.» 10, 129
206
Hegel. 11, 18, 25, 26, 31, 32, 34, 35, 38, Korvin. O., 13
40. 42. 47, 67. 69. 70. 77-82. 88-91, Kun. Bela. 12, 13, 35, 36
94. 96-8. 102. 104, 106, 107, 109,
131, 133. 157, 178, 179, 181, 197,
198 Landler, Jeno, 13, 15. 36
Heidegger, Martin, 45, 120, 144, 166 Lask. E., 11, 34
Hei ler, Agnes. 22. 55, 104 Lenín» 13. 14. 16, 19, 28, 31. 33, 37,
herói positivo, 180, 183, 184. 186 49, 51. 85. 88. 105-8. 120. 131. 164.
História. 30. 33, 40, 42-5, 47, 61, 72, 202
77-80. 83. 84. 89. 112, 114, 119, 123, Lichtheim, G., 54
124, 130, 137, 138, 142, 144-6, 148, literatura, 38. 42. 49. 64, 143, 173, 175,
154. 157, 197 176. 182. 183
concepção dialética da. 63 lógica. 87, 88, 96, 103. 106, 107
concepção materialista da. 80, 182 Lopez-Soria, J. J., 56
concepção marxista da, 182 Lõwy, M.. 27, 28. 54. 56
historicização. 39. 45 Ludz, Peter, 28. 29. 52
Hitler. 43. 170 Lukács, Georg, 9-23, 25-52, 87, 88, 93,
Hobbes, 101, 102. 118. 119, 139, 142 100. 107. 132. 173» 177, 189. 190,
Holz, H. FU 10. 22 193» 198
Horthy, 12. 13. 36 Luxemburgo. Rosa, 12. 14. 28, 31, 35.
Horwarth. M., 19 39. 49, 105
humanismo, conceito de. 42. 44. 189
humano universal, 192, 193
Husserl, E.. 29. 120 Maccíò. Mm 56
Mach, 63. 70. 74. 105, 120, 157
Malthus, 115-7
Mannheim, Karl. 12, 43, 163-72
idealismo. 26. 32, 69, 131. 178 Mann, Thomas. 13, 14, 20, 186
ideologia. 75, 118, 119 Markus, GM 22. 56
burguesa, 117. 120. 128, 130 Marx. Karl. 10, 12-4, 26. 28, 30-3. 42»
imperialismo. 169, 170 44, 48, 49, 51. 59-70. 74-82, 84.
alemão, 163 87-111, 113-4, 116-9, 125, 126, 128.
intelectualidade livre cm seus movimen 139-42. 178. 179. 181. 184, 193. 196,
tos, 164, 168, 169 199. 201, 202
irracionalismo, 43, 126. 127, 145, 148, marxismo, 28, 30-3, 35-40, 43, 42-5,
149, 157-9. 162. 163. 166, 167. 170 59-64, 72, 79. 83, 87-96. 102, 105-8,
119, 125, 127. 128, 136, 138, 139.
143, 146, 165, 167
Jacobsen, 185 ortodoxo, 59, 60, 86
Jánossy. Imre. 13 possível. 51
Jaspers, Karl, 18, 159. 162, 166 renovação leniniana do. 108
vulgar. 41-69
Jay, M.. 55
Jellinek; Georg. 154 materialismo, 26, 88, 91. 95, 106» 111.
130, 147
dialético, 80. 87. 109, 120. 180,
193, 203
Kant. U 77-9, 89. 96, 105, 190 histórico. 33. 43, 77. 80, 82-5, 110»
Kautsky, Karl, 34, 105 133, 148-50, 164-8. 192, 203
Kelter. Goitfried. 89 vulgar, 69, 74. 79. 192
Kettler. B.. 54 mediação(ões), 41. 45, 46. 49, 59, 68.
Koch. Hm 54 194. 197. 201
Kofler, L., 10. 22, 54 Menger, FG. 138, 139
Konder, Leandro, 27. 32» 35. 54» 55 mercadoria, 75. 76. 97
Korsch. Karl. 14, 15 Merieau-Ponty. M.. 1®. 54
207
í.