O Uso Dos Óleos Essenciais Na Terapêutica 2020
O Uso Dos Óleos Essenciais Na Terapêutica 2020
O Uso Dos Óleos Essenciais Na Terapêutica 2020
O termo "aromaterapia" teria sido criado por um químico francês, Maurice René de
Gattefossé em 1937, que após ter queimado as mãos em um acidente em seu
-as, acidentalmente, em um tanque contendo óleo essencial
de lavanda, pensando que fosse água. Para sua surpresa a dor passou e ocorreu
cicatrização do ferimento sem infecção. A partir deste evento passou a
pesquisar as atividades terapêuticas dos óleos essenciais, que eram usados com
finalidade cosmética e como odorizante (HUDSON, 1999)
Nas duas guerras mundiais os óleos essenciais foram muito utilizados para o
tratamento de ferimentos. A França tornou-se pioneira nestes trabalhos, evoluindo
para a prescrição individual de óleos essenciais, adequada às particularidades do
-1968), bioquímica criou um método de a
dos óleos pela massagem, selecionando-os de acordo com as características
físicas, mentais e emocionais de seus clientes. Atualmente, há faculdades de
medicina que possuem a matéria "aromaterapia" como opcional (HUDSON, 1999)
O uso de óleos essenciais tem duas grandes áreas de atuação: a nível fisiológico,
uma vez que as substâncias constituintes são absorvidas pelo organismo via oral,
cutânea, respiratória, injetável (aplicada somente por profissionais de saúde
graduados), etc.; a nível psicológico, onde os óleos atuam sobre o estado
emocional e mental trazendo equilíbrio pela estimulação ou sedação.
Com o desenvolvimento da indústria química, os óleos sintéticos começaram a ser
produzidos em larga escala, tornando-se mais acessíveis economicamente. Se
por um lado o uso de óleos essenciais na terapêutica passa a ser mais divulgado
(através do marketing das industrias químicas), por outro ocorre um prejuízo, pois
produtos sintéticos não podem ser comparados a produtos naturais em seus
uticos. Para o uso farmacêutico, somente os óleos naturais são
permitidos pela farmacopéia (SIMÕES et al., 1999).
Pesquisas demonstraram que o óleo essencial (constituído por um conjunto de
substâncias) apresenta uma melhor atividade terapêutica do que a s
isolada que representa sua principal composição, por exemplo: o óleo essencial
de Eucaliptus globulus tem atividade antisséptica maior do que o seu principal
constituinte ativo isolado, o cineol ou eucaliptol (representando 80% da
composição). Um óleo essencial apresenta uma composição complexa, algumas
vezes, de centenas de diferentes compostos químicos, onde eles apresentam
ação sinérgica ou complementar entre si, modalizando sua atividade.
Óleo essencial é um termo que designa substâncias aromáticas, geralmente de
odor agradável e intenso, na maioria em forma líquida, encontradas em diferentes
órgãos vegetais, são solúveis em solventes polares, por exemplo óleos fixos e
com solubilidade limitada em água, por isso as águas aromáticas (hidrolatos)
apresentam o aroma da essência. Evaporaram rapidamente, quando expostos ao
ar à temperatura ambiente, por isso também são chamados de óleos voláteis ou
etéreos. Apresentam sabor acre (ácido) e picante; quando extraídos
recentemente são incolores ou ligeiramente amarelados (poucos apresentam óleo
como o óleo essencial de camomila que é azul, devido ao alto teor de azulenos);
não são muito estáveis, alterando-se principalmente na presença de ar, luz, calor
umidade e metais. Frequentemente o aroma se modifica pela ação do ar e da luz,
tornando-se menos agradável: nesta circunstância a cor também se torna mais
escura, a fluidez diminui, adquire reação ácida e por vezes, chega a resinificar-se,
alterando-se profundamente (FARM BRAS. II). O óleo de copaíba e a es
terebentina sofrem resinificação com o passar do tempo. Sua composição é
complexa e seus constituintes variam desde hidrocarboneteos terpênicos, álcoois
simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, óxidos, peróxidos.
orgânicos, cumarinas, até compostos com enxofre (SIMÕES et
al.,1999)
Existem espécies no cerrado que são aromáticas e que apresentam uso medicinal
e potencial em aromaterapia, entre elas podemos citar: hortelã do campo (Hyptis
cana Pohl), sucupira branca (Ptedoron pubescens Benth.), tapera velha (Hyptis
suaveolens Poir), cedro rosa (Cedrela odorata Linn.), copaíba (Copaifera
langsdorffii Desf.), arnica ou candeia (Lychnophora ericoides Less, laranjinha do
cerrado (Styrax ferrugineus Ness & Mart.) e árvore de espinho ( Xylopia aromatica
Mart.) (DE LA CRUZ, 1997; ALMEIDA et al., 1998). Outras espécies não são
nativas mas se adaptaram às condições climáticas da região Centro Oeste e são
facilmente encontradas em jardins e hortas caseiras como: alecrim (Rosmarinus
officinalis L), alfavaca (Ocimum basilicum L.), alfavaca cravo (Ocimum gratissimum
L.), Colônia (Alpinia speciosa Schum.), erva cidreira (Lippia alba (Mill.) Brown),
capim cidreira (Cymbopogon citratus Stapf.), gengibre (Zingiber officinale Rox.),
hortelã rasteira (Mentha villosa Huds.), vique (Mentha arvensis L.), funcho
(Foeniculum vulgare Miller), etc. (DE LA CRUZ, 1997)
• pelas condições de colheita: geralmente, deve ser bem cedo pela manhã, pois
o calor do sol pode levar a perdas quantitativas. O ilangue-ilangue (Canada
odorata ) é colhido bem cedo pois apresentam maior teor de óleos essenciais.
Rosa centifolia e R. damascena), são
submetidas ao processo de extração utilizando as pétalas frescas, outras
espécies como zimbro (Juniperus comumnis) necessitam que seus frutos
sejam desidratados.
• pela forma de obtenção: o método de extração varia conforme a localização do
óleo essencial na planta e com o tipo de uso (medicinal, ali
cosmético). Os métodos mais utilizados são:
• enfloração - extração do óleo das pétalas de flores de laranjeira e rosas,
que são colocadas sobre uma camada de gordura durante um período de
tempo, após são substituídas por outras, quando a gordura estiver saturada
ela é tratada com álcool para retirar o óleo essencial.
• Por arraste com vapor d’água: o óleo é arrastado pelo vapor e depois
separado. A água que resulta é conhecida como hidrolato.
• Extração com solvente: as plantas são colocadas em um tambor com
solvente, que dissolve o óleo, depois de filtrada a solução, ela é
concentrada e destilada até a obtenção do óleo puro.
• Prensagem: indicado para obtenção de óleo de frutos cítricos, as cascas
são prensadas até soltar o élo, a camada superficial é separada e depois
destilado.
• Extração por dióxido de carbono supercrítico: é a forma mais eficiente, o
CO2 sob alta pressão torna-se líquido e o óleo se dissolve nele, depois ao
retornar a pressão normal ele se torna gás e tem-se o óleo puro.
5. Cuidados na Armazenagem
De acordo com HUDSON (1999), a validade da maioria dos óleos é de dois anos,
os cítricos devem ser usados até um ano a partir de sua data de fabricação,
quando diluídos em óleos carreadores, sua validade é de alguns meses (deve-se
observar alterações na coloração e no odor).
A deterioração de um óleo essencial reduz seu valor comercial, um fenômeno.
Para garantir a qualidade do produto, devem ser:
• guardados em frascos de pequeno volume, em embalagens neutras, a mais
comum é o vidro âmbar tipo I ou de borosilicato, completamente cheios e
hermeticamente fechados;
• rotulados, indicando a proporção da diluição, a data em que ocorreu e o tipo de
• devem ser estocados em baixas temperaturas, quando armazenados por longo
tempo, (podendo solidificar mas voltarão ao estado líquido quando em
temperatura ambiente). Para uso diário guardar em local fresco (18°C).
Os recipientes plásticos apresentam problemas de permeabilidade e adsorção dos
componentes dos óleos essenciais. Além disso, o plástico cede substâncias para
do-o .
7. Usos terapêuticos
A atividade farmacológica de uma determinada essência dependerá de sua
composição química. Genericamente, as essências demonstram atividade sobre
mucosas, secreções, músculos lisos e sistema nervoso central (SNC).
Possuem ação carminativa (contra gases intestinais) e purificadora por
apresentarem propriedade anestésica sobre a Cárdia (abertura superior esofágica
de estômago) que relaxa e permite a saída de ar. Atuam sobre os músculos lisos e
terminações nervosas, diminuindo a motilidade do estômago e intestinos
conferindo deste modo a propriedade antiespasmódica, por isso são usadas em
cólicas (camomila, macela, funcho, erva-doce e sálvia). Há ainda, efeito
estimulante sobre as secreções naturais do aparelho digestivo justificando a ação
digestiva da hortelã, melissa, gengibre e zimbro.
Algumas essências (canela, açafrão) possuem atividade específica sobre o
músculo liso do útero sendo utilizadas na dismenorréia (menstruação irregular).
Em doses altas podem provocar o aborto.
No SNC seu efeito é complexo. Atua de diversas formas, por exemplo, como
tônicos e estimulantes (óleos que contém cânfora como o alecrim), enquanto que
a melissa, camomila, hortelã, capim limão e valeriana são depressores (utilizados
como sedativos). Alguns podem causar convulsões como óleo essencial de
8. Toxicidade
Os óleos essenciais são produtos de extração de uma espécie vegetal e portanto
mais concentrados, apresentam toxicidade mais elevada que a da planta de
origem (SIMÕES, 1999). O uso abusivo e sem orientação não é aconselhado. A
toxicidade pode ser aguda ou crônica e ainda pode existir também a interação
medicamentosa entre os inúmeros componentes do óleo com certos
medicamentos utilizados pelo indivíduo.
O grau da toxicidade dependerá da dose utilizada de óleo essencial, em alguns
casos baixas dosagens acarretam intoxicações devido a sensibilidade individual,
provocando desde sensibilização num primeiro contato (exemplo: óleo de canela),
alergias (por contato consecutivos) e reações de fotossensibilidade (exemplo: óleo
de bergamota que contém furocumarina) até problemas mais graves,
principalmente quando utlizados por via oral.
Alguns óleos ricos em tujona (losna e sálvia), fenchona (funcho), cânfora são
neurotóxicos em altas doses, podendo provocar convulsões, distúrbiossensoriais e
Óleos para pele seca Óleos para pele normal Óleo para pele oleosa
Figura 3 - Alecrim
• Composição química principal: pineno, cineol, cânfora, canfeno, acetato e
bornila, borneol
• Emoções e mente: revigorante e estimulante. Massagem do corpo e rosto
• Corpo: estimula a circulação, alivia as dores reumáticas e musculares, alivia
sintomas de resfriados, diminui a congestão nasal, melhora a digestão,
antisseptico, antifúngico e antibacteriano, acne, cabelos oleosos, diminui a
caspa
Camomila Romana – Chamaemelum nobile – flores
Camomila Alemã – Matrvcaria recutita - flores
Figura 4 - Camomila
• Emoções e mente: ansiedade, insônia, dores de cabeça, TPM
• Corpo: alivia dores musculares, articulações inflamadas, cólicas intestinais,
digestão difícil, acne, eczema, psoríase, alergias, assaduras
Laranja – Citrus auranthium. – casca
Figura 5 - Laranja
• Composição química principal: limonemo, mirceno, citral, citronelal
• Emoções e mente: Tônico geral, revigorante, ansiedade, indicado para
Figura 6 - Bergamota
• Composição química principal: acetato de linalila, limonemo, linanol,
bergapteno
• Emoções e mente: calmante, antidepressivo, diminui ansiedade e aflições
• Corpo: cistite (banho com óleo diluído a 1%), acne, ferimentos, abcessos,
Figura 10 – Eucalipto
• Composição química principal: cineol, limoneno, pineno
• Corpo: antisséptico das vias respiratórias, expectorante
Tea Tree – Melaluca alternifolia. – folha
• Aroma: temperado fresco, medicinal. Nota: média,
baixa.
• Advertências: em peles sensíveis usar baixas
Figura 12 – Manjerona
• Composição química principal: metilcavicol, terpineol, eugenol, linalol
• Emoções e mente: insônias, desgaste mental
• Corpo: dores reumáticas, músculos tensos, fadiga muscular, resfriados, dor de
cabeça, bronquite, sinusite, cólicas menstruais
Gerânio – Pelargoium graveolens. – partes aéreas
14 Referências Bibliográficas
• ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E.; SANO, S. N.; RIBEIRO, J. F. Cerrado.
Espécies vegetais úteis. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998, 469 p.
• AROMALÂNDIA – Óleos essenciais. http://aromalandia.isonfire.com, 2002
• BRUNETON, J. Pharmacognosie. Phytochimie Plantes medicinales. 2ª ed.
Paris: Tec Doc, 1993. 915 p.
• CRAVEIRO, A . A. ; MACHADO, M. L. L. De aromas, insetos e plantas.
Ciência Hoje, v. 4, n. 23, p.54-63, 1986.
• DE LA CRUZ, M. G. F. Plantas medicinais utilizadas por raizeiros: uma
abordagem etnobotânica no contexto da saúde e doença, Cuiabá, Mato
Grosso. Cuiabá, 1997. (Dissertação de Mestrado Saúde e Ambiente/
ISC/UFMT).
• SIMÕES, CM. & SPITZER, V. Óleos essenciais. In: SIMÕES, C. M. O.;
SCHENCKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P. Farmacognosia. Da
planta ao medicamento. Porto Alegre/ Florianópolis. Ed. UFRGS/UFSC,
1999, p. 387-415.