Atlantida Um Mito Platonico
Atlantida Um Mito Platonico
Atlantida Um Mito Platonico
Filosofia da Astronáutica
e Ficção Científica
Esta coluna trata de temas ligados ao ramo da astronáutica e estudo
da vida extraterrestre em contexto com situações e obras marcantes da ficção
científica, em especial da série Perry Rhodan.
De fato, relatam nossas crônicas como, de uma feita, vossa cidade des-
truiu uma grande potência que invadira insolentemente a Europa e a
Ásia, proveniente das bandas do Oceano Atlântico... Maior, toda, ela,
do que a Líbia e a Ásia reunidas (Platão: Timeu, 24e).
Mas o Timeu não é apenas o relato das façanhas dos antigos atenienses
contra os atlantes, seu objetivo é narrar a cosmologia platônica, tema principal
desse diálogo. Será em outro diálogo, Crítias, que a narrativa platônica sobre
Atlântida será retomada. Se no Timeu o continente perdido aparece em uma
pequena parte do diálogo (20d-26d), no Crítias ela é o tema principal.
Enquanto no Timeu temos o relato da guerra entre os atlantes e os pro-
toatenienses, no Crítias Platão apresenta a descrição elaborada do continente
perdido e sua sociedade. Ficamos sabendo que a guerra entre atenienses e
atlantes teria ocorrido nove mil anos antes do relato platônico, portanto cerca
de onze mil e quinhentos anos antes de nossa era.
Platão descreve a ilha como um “sistema de cinturões alternados de mar
e de terra, no qual os maiores envolviam os menores, a saber: dois de terra
e três de mar, que ele torneou igualmente, a partir do meio da ilha, a igual
distância um do outro, deixando-os intransponíveis para o homem” (Platão:
Crítias, 113d).
A ilha Atlântida, localizada para além das Colunas de Héracles (Gibraltar),
ou seja, no Oceano Atlântico, apresentava grandes riquezas:
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SSPG Editora Perry Rhodan
Referências Bibliográficas:
PLATÃO. Diálogos Vol. XI: Timeu, Crítias, O 2º Alcibíades, Hípias Menor. Trad.
Carlos Alberto Nunes. Belém / Pará: Universidade Federal do Pará, 1986 (Co-
leção Amazônica. Série Farias Brito).
VIDAL-NAQUET, Pierre. Atlântida: Pequena história de um mito platônico. Trad.
Lygia Araújo Watanabe. São Paulo: Editora UNESP, 2008.
Edgar Indalecio Smaniotto é filósofo, mestre e doutor em Ciências Sociais. Professor universitário,
desenvolve pesquisas relacionadas à eugenia, ficção científica, transumanismo, defesa, educa-
ção e histórias em quadrinhos. Autor de artigos e ensaios em periódicos e anais acadêmicos, do
livro “A Fantástica Viagem Imaginária de Augusto Emílio Zaluar: ensaio sobre a representação
do outro na antropologia e na ficção científica brasileira” (Corifeu, 2007), escreveu ensaios
para as coletâneas de contos: “UFO: Contos não identificados” (Literata, 2010); “Zumbis: Quem
disse que eles estão mortos” (All Print, 2010), “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Estronho,
2011), “Mr. Hyde” (All Print, 2014), e foi convidado especial no Anuário Brasileiro de Literatura
Fantástica 2010 (Devir, 2011). Membro da Associação Brasileira de Antropologia – ABA; da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC; da Associação de Pesquisadores em
Arte Sequencial – ASPAS, do Centro de Educação Transdisciplinar – CETRANS, Grupo de Pes-
quisa Social – UNESP, Sociedade Planetária e do Clube de Leitores de Ficção Científica – CLFC.
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