Apresentação CONAELL 2021

Eixo Temático 5: Análises do discurso, linguagem e historicidade.
VOCÊ NÃO É TODO MUNDO:

Bradesco e o discurso sobre a pandemia
Milton Mauad de Carvalho Camera Filho
PPGLetras (UNEMAT/Sinop)
Luana Mariá de Souza

Letras (UNEMAT/Sinop)
Aureir Alves de Brito

PPGLetras (UNEMAT Sinop)
Objetivo
Compreender os sentidos mobilizados pelo

emprego das formulações ‘você’ e ‘nosso’ na peça
publicitária Resiliência – Reinvente o futuro.
Marco teórico
A ideologia é uma força material, diz Pêcheux (2014, p. 258):
“[…] a exploração capitalista se apoia sobre uma

manipulação ideológica que tem por fim apresentar as
aparências às massas exploradas, de modo que essas
massas as tomam pela própria realidade […].”
Marco teórico
Os bancos e a mídia (no caso, publicitária) atuam sob a

forma de AIEs, nos termos de Althusser (1996):
Um conjunto de instituições que se empenham em garantir

as condições para a reprodução das relações de produção:
não pela violência, mas pela ideologia.
Marco teórico
O discurso não representa a realidade, Orlandi (2015, p. 71):
“[…] ele funciona de modo a assegurar a permanência de

uma certa representação. […] há na base de todo discurso
um projeto totalizante d sujeito, projeto que o converte em
autor.”
Corpus: Resiliência - Reinvente o futuro
Campanha:
Reinvente o
futuro.
Canal:
Bradesco.
YouTube:
31 mai. 2020,
60 seg.
Tratamento do corpus
Decupagem:
Adaptado de
Costa (2019).
Tratamento do corpus
Após a decupagem, procedemos a transcrição do vídeo e o

destaque das expressões com entonação marcada:
“você” (05 seg.); ”todos os dias” (35 seg.);

“precisou” (10 seg.); ”mais do que nunca” (45 seg.);
“guerreira” (15 seg.); ”aguentar firme” (50 seg.);
”acorda cedo” (20 seg.); ”hoje” (55 seg.).
”milhões de brasileiros” (30 seg.);
As marcas discursivas
“Guerra permanente preventiva instalada no interior

da paz social, dispositivo essencial do Estado
capitalista autoritário moderno, a propaganda se faz
com imagens e palavras, sentimentos, ideias e gestos.
É, pois, um negócio de psicologia.” (Pêcheux, 2015. 74).
Sujeitos em questão
• Todo mundo; • Você;

• A gente; • Bradesco;
• Gente; • Brasileiros.
Delimitação dos sujeitos: quem faz o que?
Deslizamentos: quem fala, quem ouve
a gente → Bradesco → (nós,) Brasileiros

Deslizamentos: quem fala, quem ouve
Você → Gente → Brasileiros

“o nosso futuro”: a universalização/indistinção
“O Bradesco reconhece e se inspira no exemplo desses milhões de

brasileiros, que continuam batalhando todos os dias.
Brasileiros que entendem a importância de se desafiarem e de se
reinventarem.
Que entendem que, mais do que nunca, é preciso aguentar firme, para
continuar a construir o nosso futuro do jeito que dá: hoje!”
O Bradesco + milhões de brasileiros → NÓS

Considerações finais
• Quem é o interlocutor (você) dessa campanha?
• Quem é esse sujeito que precisou sair de casa?

Por fim, buscamos pôr em evidência o efeito de memória que se

opera: o sacrifício de alguns em prol de uma coletividade imaginária.
Universalização → individualização
“Meus compatriotas, reside em suas mãos, mais do que nas minhas, o êxito ou o
fracasso de nosso curso de ação. Desde a fundação deste país, cada geração de
americanos foi convocada a prestar testemunho de sua lealdade à nação.
[…] meus compatriotas, não perguntem o que seu país pode fazer por vocês – mas
o que vocês podem fazer pelo seu país.”
Discurso de posse de John F. Kennedy

Washington, D.C.
20 de janeiro de 1961
Obrigado!
Referências
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado (notas para uma investigação) [1970]. 1996. In:
ŽIŽEK, Slavoj (org.). Um Mapa da Ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
COSTA, Débora Pereira Lucas. Agro – a Indústria – Riqueza do Brasil: a mídia e o processo de produção de
sentidos para o agronegócio brasileiro. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade do Estado de Mato
Grosso, Sinop, 2019. Disponível em: https://drive.google.com/open?id=1exz31dhtR2Z0h252xvhTcCS2DSQzi0GQ.
Acesso em: 05 ago. 2020.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 12. ed. Campinas: Pontes Editores, 2015.
PÊCHEUX, Michel. Foi “Propaganda” mesmo que você disse? In: ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: Michel
Pêcheux, textos escolhidos por Eni Puccinelli Orlandi. Campinas: Pontes Editores, 2015.
PÊCHEUX, Michel. Uma teoria científica da propaganda? In: Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do
óbvio. 2. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2014.

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Compreender os sentidos mobilizados pelo

A ideologia é uma força material, diz Pêcheux (2014, p. 258):

“[…] a exploração capitalista se apoia sobre uma

Os bancos e a mídia (no caso, publicitária) atuam sob a

Um conjunto de instituições que se empenham em garantir

O discurso não representa a realidade, Orlandi (2015, p. 71):

“[…] ele funciona de modo a assegurar a permanência de

Após a decupagem, procedemos a transcrição do vídeo e o

“você” (05 seg.); ”todos os dias” (35 seg.);

“Guerra permanente preventiva instalada no interior

• Todo mundo; • Você;

a gente → Bradesco → (nós,) Brasileiros

Você → Gente → Brasileiros

“O Bradesco reconhece e se inspira no exemplo desses milhões de

O Bradesco + milhões de brasileiros → NÓS

• Quem é o interlocutor (você) dessa campanha?

• Quem é esse sujeito que precisou sair de casa?

Por fim, buscamos pôr em evidência o efeito de memória que se

Discurso de posse de John F. Kennedy

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