Ficha 4 PT
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QUESTÃO-AULA
Lê o texto.
É um dos mitos mais duradouros da alma lusa, juntamente, creio-o, com o mito do
sebastianismo. A história é conhecida e conta-se em poucas palavras. Em 1340, o infante D. Pedro,
de vinte anos, filho d’el-rei D. Afonso IV, apaixonou-se loucamente por uma dama galega que veio
para Portugal no séquito de D. Constança Manuel, sua noiva e futura rainha. A galega chamava-se
5 Inês e teria entre quinze a vinte anos. A relação cedo começou a tornar-se notada. Oito anos mais
tarde, D. Constança morreu e a relação entre Pedro e Inês, agora à rédea solta, reforçou-se.
Supostamente terão casado, coisa que não se sabe bem se sucedeu. E se esse matrimónio sucedeu
seria ilegal naquele tempo, já que Pedro e Inês eram compadres (Inês era madrinha de um dos filhos
de Pedro e Constança), o que tornava a sua relação incestuosa. Tiveram quatro filhos, um dos quais
10 morreu em criança.
Em vão o rei Afonso IV instou Pedro a casar de novo. Pedro negava-se alegando estar ainda
muito dolorido pela morte de Constança; mas, entretanto, ceguinho de amores, mantinha a mancebia
com Inês. Por fim, sete anos depois da morte de Constança, o rei ordenou a execução de Inês,
levada a cabo por Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco, a 7 de janeiro de 1355. A
15 sua morte desencadeou uma fúria rebelde em Pedro, que pegou em armas contra o pai. Só em
agosto desse ano, e por intercessão da rainha Beatriz, mãe de Pedro, é que a paz foi assinada.
Pedro comprometeu-se a não se vingar nos executores da sua amada, mas logo após a morte do
pai, e já rei, Pedro executou o Coelho e o Gonçalves com requintes de sadismo. Segundo algumas
crónicas, mandaria ainda exumar a sua amada, tê-la-ia sentado no trono e obrigado os seus fidalgos
20 ao beija-mão das suas ossadas.
Nesta história de um louco e contrariado amor romântico, que reúne todos os ingredientes
para bons romances, belos filmes e excelentes peças de teatro (e tudo isso se fez), há uma pergunta
que ressalta: por que razão foi Inês executada por ordem de Afonso IV? Porque não se deixou o
coração seguir o seu natural destino e a sua inevitável inclinação? A resposta é simples. Por razões
25 de Estado. Claro que esta resposta ainda mais torna simpática a relação entre os dois amantes.
Afinal, a fria razão política matou as ardentes paixões da alma.
Porém, se formos racionais, a verdade é que a D. Afonso IV pouco mais restava, depois de
tantos vãos avisos e tantas inúteis admoestações que fez ao filho para se afastar da galega.
Inês de Castro pertencia a uma das mais poderosas famílias galegas, os Castro, cuja
30 predominância na corte portuguesa cedo começara a ser notada, aproveitando a ascendência de
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Inês no ânimo de Pedro. Inês tornara-se assim, consciente ou inconscientemente, num peão da
estratégia política da sua própria família. Mais ainda. Devido às relações dos Castro com Castela, o
frágil equilíbrio de poder ibérico estaria ameaçado. Por cruel que fosse, a decisão do rei tinha
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justificações de peso. A alma humana é que é leve… e empatiza desde logo com este par
destrambelhado.
Um derradeiro apontamento. A história do beija-mão real nunca terá existido. Foi um epílogo
lendário e macabro – pensa-se que de origem castelhana – para uma história romântica e trágica.
Sérgio Luís de Carvalho, Foi mesmo assim que aconteceu? Mitos, enganos e mistérios da História de Portugal.
Lisboa: Clube do Autor, 2018 (texto com supressões)
COLUNA A COLUNA B
a. O infante D. Pedro apaixonou-se loucamente por
uma dama galega
(B) “ (…) a verdade é que a D. Afonso IV pouco mais restava (…)” (l. 27)
(C) D. Afonso IV pediu ao filho que casasse de novo.
(D) D. Pedro apaixonou-se por uma dama galega que veio para Portugal no séquito de D.
Constança.
5. Coloca as formas verbais sublinhadas nas frases no tempo indicado entre parênteses. Faz
as alterações necessárias.
a. “É um dos mitos mais duradouros da alma lusa, juntamente, creio-o, com o mito do
sebastianismo.” (ll. 1-2) (futuro do indicativo)
b. “Pedro comprometeu-se a não se vingar nos executores da sua amada (…)” (ll. 16-17)
(futuro do indicativo)
c. “Foi um epílogo lendário e macabro – pensa-se que de origem castelhana – para uma
história romântica e trágica.” (ll. 35-36) (condicional)
8.1. Indica uma expressão equivalente (sinónima) para cada uma das expressões.
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