Dossier de ID UFCD9438 - Alexandre Gomes

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Dossier

Introdução ao Desporto

UFCD 9438 –Teoria e metodologia do treino


desportivo

Aluno: Alexandre Gomes

Santa Maria de Lamas 2021/22


UFCD 9438 –Teoria e metodologia do treino desportivo

Índice
1. Introdução..................................................................................................................3
2. Objetivos....................................................................................................................4
3. Carga de treino e processos adaptativos....................................................................5
3.1. Modelo simplificado da supercompensação.......................................................6
3.1.1. Estímulo de treino e repercussões no organismo........................................7
3.1.2. Processos internos de adaptação..................................................................7
3.1.3. Heterocronismo dos processos de adaptação..............................................8

1. Introdução

Neste dossier de Introdução ao Desporto irei apresentar todos os conteúdos sobre a


UFCD 9438 –Teoria e metodologia do treino desportivo.
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2. Objetivos

 Relacionar os conceitos de carga de treino e de processos adaptativos.

 Planificar sessões de treino em função dos objetivos e recursos disponíveis e das


características dos atletas.

 Identificar as principais lesões desportivas, os sinais de gravidade básicos e os


principais mecanismos inerentes à sua génese.

 Executar primeiros socorros básicos.

 Interpretar o desporto como forma de integração e capacitação das pessoas com


deficiência.
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3. Carga de treino e processos adaptativos

O desporto reúne hoje a atenção generalizada da sociedade. A prática desportiva,


independentemente da expressão e visibilidade, do desporto de lazer à prática federada
onde se enquadram o desporto infantojuvenil e o alto rendimento, atingiu um nível de
sofisticação metodológica assinalável. A procura da excelência dentro das
possibilidades e ambições dos praticantes é um denominador comum. O papel do
desporto há muito ultrapassou a mera ocupação do tempo livre. Segundo Marcel Mauss,
o desporto enquanto fenómeno social total evidencia relações estreitas com áreas sociais
diversas, emergindo a saúde e a economia como as que mais se destacam neste
relacionamento.
Pensar no desporto é indissociável de uma reflexão sobre os processos de preparação
que permitam aos atletas atingir desempenhos admiráveis. No essencial, para além da
existência como ponto de partida de condições morfológicas e funcionais adequadas às
exigências de cada modalidade desportiva, o desenvolvimento deste potencial estará
sempre dependente de uma estratégia de “boas escolhas”. O treino é um processo
contínuo de procura de estados de adaptação que permitam responder às exigências
crescentes colocadas pelo desporto. O treino desportivo constitui um processo dinâmico
cuja finalidade principal é promover a melhoria do rendimento do atleta.

Figura 1 - Determinantes do sucesso em diferentes


modalidades desportivas
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3.1. Modelo simplificado da supercompensação

O treino desportivo visa a melhoria do desempenho no universo específico das


modalidades desportivas. Este processo algo complexo sustenta-se na superação do
nível atual de rendimento, habilitando os atletas para utilizar e desenvolver recursos,
sejam de índole técnica, tática, energética e psicológica. Este processo decorre da
aplicação sistemática e progressiva de estímulos de treino (cargas) com a magnitude
necessária para desencadear mecanismos adaptativos.
Qualquer sistema biológico como o organismo do atleta se encontra normalmente em
homeostasia, ou seja, numa situação de equilíbrio dinâmico entre os processos que
concorrem para a estabilidade e os que em sentido oposto promovem a destruição deste
equilíbrio. Sempre que esta homeostasia é perturbada, como, por exemplo, na realização
de uma tarefa motora de magnitude considerável, ativam-se mecanismos de restauração
do equilíbrio destruído que, desde que assegurados os recursos energéticos e o tempo de
restauração necessários, promoverão uma resposta que permitirá ao indivíduo superar o
seu nível inicial. Este processo que constitui a base do treino denomina-se
supercompensação

Figura 2 - Modelo simplificado de supercompensação


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3.1.1. Estímulo de treino e repercussões no organismo

A carga de treino corresponde ao conjunto dos estímulos a que os atletas se submetem


durante o processo de preparação desportiva. A submissão regular e sistemática à carga
de treino predispõe o organismo a processos de supercompensação sucessivos que,
adequadamente doseados, promoverão a prazo a elevação na capacidade funcional do
indivíduo. A carga de treino pode ser considerada como a atividade funcional adicional
do organismo materializada na execução de exercícios de treino. Esta submissão induz
uma adaptação de uma capacidade de resposta aumentada que, através da utilização de
recursos existentes e já desenvolvidos desde que ultrapassada a capacidade atual,
promove novas aquisições para desempenhos mais ambiciosos. As possibilidades de
adaptação dos atletas estão limitadas não só pelas condições criadas ao seu
desenvolvimento (ambiente de treino, qualidade dos treinadores, valor social do
desporto, etc.), mas igualmente pelo potencial de desenvolvimento do sujeito. Não é
fácil antever com rigor o potencial, uma vez que em grande medida está predeterminado
pelo determinismo genético. Ainda assim, a margem disponível para progredir (reserva
de adaptação) é muito elevada e raramente esgotada.

3.1.2. Processos internos de adaptação

Dependendo do tempo de aplicação e das características dos exercícios, os recursos dos


atletas irão sendo mais ou menos utilizados. Assim, a magnitude da exigência da(s)
tarefa(s) realizadas em treino ou competição poderão afetar parcial ou quase
completamente as reservas existentes. Esta situação poderá conduzir a uma necessidade
de abrandar a intensidade e, no limite, poderá mesmo obrigar a interromper a tarefa que
se está a realizar. A esta situação dá-se o nome de fadiga, que não é mais do que a
manifestação da incapacidade temporária de manter a atividade física, objetivamente
detetada pela deterioração da capacidade do rendimento (velocidade mais lenta, menos
força...). De modo simplificado, podemos considerar uma fadiga tissular associada ao
esgotamento de substratos energéticos, à acumulação de metabolitos ou isquemia
(dificuldade na perfusão sanguínea por bloqueio) e a uma fadiga no sistema de comando
pela sobrecarga de sinais e instruções do sistema nervoso central (SNC) associado a um
esgotamento de neurotransmissores (por exemplo, acetilcolina), conduzindo muitas
vezes a desmotivação para continuar a atividade.
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3.1.3. Heterocronismo dos processos de adaptação

A adaptação produzida pelo treino é resultado do somatório de transformações


biológicas e funcionais em resposta à repetição sistemática de cargas de treino.
Pressupõe a reorganização biológica pela alteração dos seus limites de funcionalidade:
“a correta gestão das componentes de qualquer exercício ou conjunto de exercícios é
inseparável do conhecimento do estado de recuperação das estruturas solicitadas...”.
Como exemplo, atendamos ao tempo de recuperação de diferentes recursos energéticos
em condições nutricionais adequadas. Existe, pois, um desfasamento temporal entre a
realização dos exercícios de treino e a recuperação correspondente. O efeito retardado
do exercício de treino é função da sua especificidade e intensidade, logo existem
exercícios cujo efeito deletério se faz sentir mais rapidamente do que outros, tal como
existem exercícios que exigem um tempo de recuperação diferenciado. Quanto menos
consolidada estiver a adaptação (experiência e tempo dedicado à preparação), maior a
probabilidade de ocorrer a reversibilidade da adaptação conseguida. Depois de
adquiridas, as adaptações de caráter técnico parecem ser as que mais perduram.

Figura 3 - Modelo heterocrónico na resposta ao estímulo de treino.


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3.2. Noções básicas da organização do treino desportivo

A metodologia do treino desportivo orienta-se por princípios, biológicos, pedagógicos e


metodológicos que regulam e orientam o processo, com o objetivo de controlar a
elevação das capacidades do atleta permitindo superação. Esta visão holística pressupõe
que os princípios não devem ser vistos isoladamente, mas numa perspetiva integradora,
representando orientações generalistas relativamente à condução do processo de treino.
Tem pertinência a sua interpretação e aplicação quer nas fases conceptuais
(planeamento, programação), quer na condução dos exercícios de treino.

3.2.1. Especificidades biológica e metodológica no processo de treino

A aplicação de estímulos de treino no momento ótimo permite um progresso contínuo


da capacidade de rendimento dos praticantes. Isso implica que o novo estímulo de treino
aconteça após o período de recuperação necessário. Estímulos aplicados muito
espaçadamente, tornam--se ineficazes para a melhoria da capacidade de rendimento.
Embora as capacidades do atleta possam momentaneamente ver-se aumentadas, a
ausência de nova estimulação no momento apropriado, faz com aconteça uma regressão
para o nível inicial. O contrário também é verdade. Tempo de recuperação insuficiente
provoca o abaixamento contínuo das capacidades do atleta podendo conduzir à
instalação de uma situação de fadiga indesejável. No entanto o conceito de estímulo ou
carga de treino, não deve ser visto como o efeito isolado de uma sessão de treino (UT)
mas igualmente de conjuntos de UT (microciclos). Em atletas bem treinados é
necessário a repetição de estímulos com a mesma orientação de modo para induzir
fadiga sobrecarregando o desgaste de um sistema biológico - sobressolicitação. Desta
forma reduz-se, num período temporal curto, a capacidade de rendimento, para
posteriormente obter um estado de supercompensação, com a correspondente elevação
da capacidade de resposta do atleta.
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3.2.2. Individualização no processo de treino

Na condução do processo de treino, é fundamental considerar fatores que interferem


com a capacidade individual de trabalho nomeadamente:
1. conhecimento relativo ao desenvolvimento e maturação
2. experiência dos atletas
3. capacidade individual de trabalho
4. estado de treino e saúde
5. capacidade de recuperação do indivíduo
6. perfil psicológico do indivíduo

3.2.3. Desempenho desportivo e treinabilidade

Nas etapas iniciais da carreira desportiva, existe a evidência para que a maturação,
entendida como o processo biológico de aquisição do estado adulto, influencie
fortemente a capacidade de rendimento desportivo naquelas idades. Na generalidade,
rapazes com maturação precoce têm níveis elevados de sucesso imediato, sobretudo em
disciplinas de força e potência, enquanto raparigas com maturação precoce parecem ter
vantagens imediatas em disciplinas de agilidade, força e potência relativas. A questão
dilemática que se coloca neste âmbito está na possibilidade de o sistema desportivo não
ser capaz de reter os indivíduos maturacionalmente atrasadas, uma vez que são
sistematicamente ultrapassados na competição pelos seus pares biologicamente mais
avançados. No desporto dos mais jovens, o sucesso está demasiado associado ao
resultado desportivo, onde a maturação poderá ser fator de desequilíbrio, dando
vantagem aos mais avançados. No entanto, no final da adolescência, o indivíduo de
maturação tardia não só recupera a desvantagem em relação ao de maturação precoce
como frequentemente o ultrapassa em muitos dos atributos determinantes para o
desempenho desportivo. Emerge neste sentido o conceito de fases sensíveis, como
período de tempo durante o qual o indivíduo está particularmente predisposto para
realizar uma aprendizagem ou suscetível à influência de um fator ou à ausência de uma
estimulação particular. Tem, pois, toda a vantagem e racionalidade que o treino de
crianças e jovens considere o estádio maturacional, propondo um modelo de carreira
desportiva que atenda à necessidade de estimular adequadamente os fatores treináveis
considerados como particularmente adequados em cada etapa do crescimento e
maturação. Uma dinâmica multilateral do treino corresponde a esta exigência,
reconhecendo a existência de pré-requisitos gerais para a progressão e a especialização
futura. O desenvolvimento muscular geral, as qualidades físicas e psicológicas
entendidas numa base alargada, são pressupostos para aquisições posteriores
especializados. Este desenvolvimento multilateral geral, embora requerido nas primeiras
etapas, não impede a solicitação desde o início de atividade específica ou especializada,
devidamente dosificadas. A especialização representa o elemento essencial para obter
sucesso num dado desporto. O aumento da utilização de exercícios específicos deve
acontecer gradualmente na carreira do atleta. A discussão em torno das virtudes de um
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plano de preparação desportiva a longo prazo e justificadamente multilateral, por


oposição às desvantagens de uma especialização extemporânea dos jovens praticantes,
tem ocupado muita da literatura publicada sobre o tópico.

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