Economia Digital

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 126

DIGITAL

ECONOMIA DIGITAL PASSADA A LIMPO


7
7
SÍNTESE E INSIGHTS

patrocínio realização
DIGITAL
ECONOMIA DIGITAL PASSADA A LIMPO
SÍNTESE E INSIGHTS
7

patrocínio realização
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca Walther Moreira Salles
Fundação Dom Cabral

D574
Digital : Economia Digital passada a limpo. Síntese e Insights /Núcleo de
Inovação e Empreendedorismo. - Nova Lima : Fundação Dom Cabral,
2021. (Economia digital ; 7)
E-book : il. color.

E-book no formato PDF.


ISBN:

1. Economia 2. Digital. 3. Inovações tecnológicas I. Título. II. Série.

CDD: 330

Bibliotecária: Daiane Campos Procópio – CRB 6/3215


CRÉDITOS FALE COM A DIGITAL
economiadigital@fdc.org.br
0800 941 9200

EDITORES-EXECUTIVOS
Carlos Arruda
Heloísa Menezes
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
APOIO EDITORIAL
Camila Cavalini Pedroso
Daniel Galdino Netto
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
PROJETO GRÁFICO E REVISÃO
CeD | Criação&Design FDC
Anderson Luizes | Designer Gráfico
Daniela Ank e Euler Rios | Coordenadores
Dayse Lucia Mendes | Revisora
FUNDAÇÃO DOM CABRAL

As opiniões expressas no relatório são de


responsabilidade dos autores convidados
que contribuíram para a coletânea, base
para o presente Relatório Executivo. Não
refletem necessariamente a opinião da
publicação. É permitida a reprodução das
matérias publicadas, desde que citada a
fonte.

EBOOK
INTERATIVO
CONHEÇA OS ÍCONES DE
NAVEGAÇÃO PRESENTES
NESSE EBOOK E SUAS
A Fundação Dom Cabral é um centro de
FUNCIONALIDADES
desenvolvimento de executivos, empresários
e empresas. Há 40 anos pratica o diálogo e
a escuta comprometida com as empresas, TEXTO NA ÍNTEGRA
construindo com elas soluções educacionais
integradas, resultado da conexão entre teoria AVANÇAR ARTIGO
e prática. A vocação para a parceria orientou
sua articulação internacional, firmando RETROCEDER ARTIGO
acordos com grandes escolas de negócios. A
FDC está classificada entre as dez melhores RETORNO AO SUMÁRIO
escolas de negócios do mundo, no ranking
do jornal Financial Times, e é a primeira na
VÍDEO
América Latina.
carta
editordo
O mundo se tornou digital, e a crise causada pela pandemia trouxe mais
evidência a essa constatação.  As relações entre pessoas e as trocas
de bens e de serviços privados e públicos são realizadas cada vez mais
sob plataformas globais possibilitadas pela Internet, habilitadas por
CARTA DO EDITOR

tecnologias disruptivas, gerando dados que são usados para melhor


conhecer e atender os clientes e os cidadãos, gerando mais valor para
estes e mais e novos negócios.

O peso dos negócios digitais nas cadeias de valor se acelera, a


economia digital cresce no mundo 2,5 vezes mais que a economia
tradicional e tem sua base de apoio e de disseminação nas tecnologias
como inteligência artificial, advanced analythics, blockchain, metaverso,
na computação em nuvem e em novas formas computacionais, como a
computação quântica.

Esta economia, que é “aberta” e “democrática”, gerando uma profusão


de oportunidades para pequenos negócios, startups e um sem número
de negócios bilionários, paradoxalmente pode aprofundar abismos entre
pessoas, empresas e nações, o que deve ser objeto de atenção e de
ações de todos.

O olhar sobre a economia digital deve ser global, dado o caráter


deslocalizado das tecnologias, dos fluxos de dados e de conhecimento. 
Porém, cada país precisa ter a sua estratégia de inserção na economia
digital e na nova globalização digital. Uma estratégia que considere
as pessoas, as empresas e os governos para além da tecnologia.
Assim, é possível e necessário haver um olhar diferenciado sobre as
perspectivas para a economia digital no Brasil, considerando os nossos
condicionantes, oportunidades e impulsionadores.

DIGITAL 5
Como a economia digital afeta os países, as organizações e as
pessoas?

É do que trata o projeto Economia Digital


Passada a Limpo, as 100 questões mais
instigantes envolvendo o tema, retratadas
em insights neste Relatório Executivo a
partir de uma coletânea de 6 e-books
contendo artigos de opinião de 169 autores
nacionais e estrangeiros convidados
exclusivamente para o projeto pela editoria
da Fundação Dom Cabral.

Além dos artigos de opinião, foram realizados 17 eventos com


os convidados, enriquecendo ainda mais o debate. Assim como
os e-books contendo os artigos de opinião, os eventos e vídeos
gravados pelos autores encontram-se disponíveis no hotsite do
projeto.

O presente Relatório Executivo traz os links aos artigos e vídeos dos


especialistas, oportunizando o acesso ao conteúdo em formatos
variados.

Os temas dos e-books e artigos foram organizados a partir de um


framework desenvolvido para permitir a compreensão holística
sobre a economia digital e a inserção competitiva dos países nela,
a fim de orientar a reflexão sobre a amplitude, a complexidade e
as perspectivas de avanço da economia digital no mundo e no
Brasil. O projeto aborda temas atuais que são de grande interesse,
colocando luz sobre grandes desafios da humanidade e dos países,
identificando os gaps do país em termos de ativos e tecnologias
digitais, de competências pessoais, empresariais e de governo.

Desde já, é importante dizer que acreditamos que uma economia


digital deva ser inclusiva, confiável e sustentável. Assim, o projeto
defende a centralidade nas pessoas, a garantia da privacidade,
segurança, ética, estabilidade social e democrática para gerar
confiança, requerendo que as pessoas estejam preparadas e
tenham amplo acesso e uso dos meios digitais.

Esperamos que o projeto tenha contribuído para o fomento a


debates de alto nível, apoiando a criação de um ambiente propício
para habilitar os governos, as organizações e as pessoas para liderar
negócios e realizar transações digitais em grandes dimensões e que
possam causar impacto positivo sobre a sua realidade. 

Heloísa Menezes e
Carlos Arruda

DIGITAL 6
O PROJETO EM Convidamos os leitores a

NÚMEROS
acessarem o conteúdo integral
dos artigos e os vídeos em
economiadigital.fdc.org.br

6
E-BOOKS
+1 RELATÓRIO
EXECUTIVO

112
ARTIGOS

169
AUTORES
127 HOMENS E
42 MULHERES

23
E-BOOK I
A economia digital: como
AUTORES INTERNACIONAIS e por que move o mundo
*CHINA, COREIA DO SUL, ESTADOS UNIDOS, e as empresas, onde
NORUEGA, COLÔMBIA, FRANÇA, SUÍÇA, ITÁLIA.
estamos e aonde podemos

8
CASES
chegar?
E-BOOK II
Negócios e transformação
digital

12
ENTREVISTAS
E-BOOK III
Acesso e adoção de meios
digitais: estamos prontos? 

49
C-LEVELS
SENDO
7 MULHERES E-BOOK IV
A adequação do
ecossistema regulatório e
de inovação para o digital

72
VÍDEOS
E-BOOK V
O desafio da confiança
e da segurança na

17
economia digital

E-BOOK VI
EVENTOS
Os pequenos negócios e
o mundo digital

DIGITAL 7
CLIQUE SOBRE
OS NÚMEROS E
TÍTULOS PARA
ACESSAR OS A economia digital é movida
CONTEÚDOS.
pela criação de valores em um
ecossistema global e local com
níveis diferenciados de

1 COMPETITIVIDADE

e de

2 PRONTIDÃO DIGITAL
considerando as condições de
infraestrutura, acesso e adoção de
meios digitais e preparação das
pessoas e dos negócios para o uso de
dados e de tecnologias habilitadoras.

3 NEGÓCIOS E
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL
Novos negócios são gerados
e outros transformados com
muita agilidade, habilitados por
tecnologias disruptivas, cujo
avanço exige

4 CONFIANÇA E
REGULAÇÃO
SUMÁRIO

para a construção de
um

5 FUTURO.
Futuro digital confiável,
responsável e includente.

ARTIGO ESPECIAL
+
METAVERSO

6 OS IMPACTOS SOCIAIS
E HUMANOS DA
ECONOMIA DIGITAL E A
RESPONSABILIZAÇÃO
DE TODOS

DIGITAL 8
COMO LER
ESSE RELATÓRIO EXECUTIVO
A anatomia da economia digital pode ser compreendida
a partir da jornada de conhecimento que se propõe como
blocos estruturados por temas.
O relatório foi estruturado para ser lido na sequência
proposta ou por blocos e traz os principais destaques dos
e-books em termos de números, opiniões e insights.

A economia digital é
o conjunto de valores
criados por um
ecossistema global
composto por pessoas,
negócios e máquinas
hiperconectadas e
habilitadas por uma
série de tecnologias e
dados. Tudo isso sob
plataformas digitais
que facilitam as
conexões.
Heloisa Menezes

DIGITAL 9
1 COMPETITIVIDADE

DIGITAL 10
DIGITAL
COMO E POR QUE MOVE O
MUNDO E AS EMPRESAS?

A economia digital impulsiona o crescimento da economia global e define


os padrões de competitividade dos países.

O avanço das tecnologias digitais e do fluxo transfronteiriço de dados tem


moldado a nova globalização e contribuído para uma nova geopolítica, em
que há a clara disputa pela hegemonia entre os Estados Unidos e a China.

A globalização 5.0 não dará frutos igualmente para todas as economias,


mesmo com a democratização do acesso aos meios digitais e a
popularização do uso das tecnologias. Mesmo assim, há espaços
relevantes para os países emergentes que souberem somar ao tamanho
do seu mercado ingredientes como a capacidade de inovar.

A competitividade das nações será definida pela sua capacidade de


desenvolver e fazer a gestão global de produtos e serviços inovadores e
baseados em dados e pelos seus talentos, mas também pelo seu ritmo de
crescimento e desigualdades estruturais.

DIGITAL 11
AS TECNOLOGIAS DIGITAIS
AFETAM, PERMEIAM E TRANSFORMAM
TODAS AS CAMADAS HISTÓRICAS DA
GLOBALIZAÇÃO.
A GLOBALIZAÇÃO
5.0 É DIGITAL.
CAMADAS DA GLOBALIZAÇÃO

Manufatura P&D A velha


globalização
está morta.
1.0 3.0 5.0 Viva a nova
2.0 4.0
globalização
digital!
Mercados Serviços Fluxo de dados
transfronteiriços

OS SINAIS DA GLOBALIZAÇÃO DIGITAL


• Nuvens globais permitem a conectividade digital. Anil Gupta e
Hayan Wang
• Todos os novos gigantes globais são ativadores
digitais ou empresas puramente digitais.
• Produtos físicos com conexão por serviços digitais
produzidos e fornecidos globalmente e que
respondem por uma parcela crescente do valor do
produto.
• Avançam os gastos dos consumidores em produtos
puramente digitais, comprados e consumidos via
streaming, em uma base internacional.
• A pandemia acelerou a tendência contínua em
direção à ciência colaborativa além-fronteiras.
• Globalização das ideias.

DIGITAL 12
A GLOBALIZAÇÃO 5.0 GERARÁ FRUTOS DESIGUALMENTE
ENTRE OS PAÍSES
Terão dificuldades os países com taxas de crescimento muito baixas, desigualdade
alta e crescente, baixo nível de servicificação da economia, baixos níveis e ritmos de
investimentos digitais e insatisfatórios níveis de respostas inovativas.
Nas economias avançadas a economia digital está muito mais madura e tem
investimentos em ritmo mais acelerado.

O Brasil figura em posições


muito desfavoráveis nos
principais rankings
GII Inovação: 57 em 132 (2021)

GEI Empreendedorismo: 98 em 137 (2018)

WCI Competitividade: 51 em 64 (2018)

NRI Prontidão digital: 52 de 130 (2021)

DCI Competitividade Digital: 51 de 64 (2021)

MELHOR PIOR

GII Global Innovation Index


Acesso: https://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/wipo_pub_
gii_2021/br.pdf, nov/21
GEI Global Entrepreneurship Index
Acesso: https://thegedi.org/global-entrepreneur-
ship-and-development-index/
WCI Ranking de Competitividade Digital
Acesso: https://www.fdc.org.br/conhecimento-site/blog-fdc-
site/Documents/Analises_Competitividade_Digital_IMD-
FDC_2021.pdf
NRI Network Readiness Index
Acesso: https://networkreadinessindex.org/countries/brazil/
DCI Digital Competitiveness Index
https://www.imd.org/centers/world-competitiveness-center/
rankings/world-digital-competitiveness/

DIGITAL 13
CONTRIBUIÇÃO DOS
SERVIÇOS PARA O

PIB:
O nível de
desenvolvimento
da economia
de serviços
também importa.
A servicificação
e as tecnologias
digitais andam de EUA:
mãos dadas e se
autoimpulsionam.
Mas é importante
83%
DO PIB
qualificar os
serviços. ARGENTINA,
BRASIL E
MÉXICO:
65% BRASIL:
73%
Jorge DO PIB
Arbache

DO PIB

Há enorme relevância dos serviços B2B e da


sua composição para a competitividade e a
produtividade agregada da economia:

• Presentes em grande proporção nas


economias avançadas.

• Incluem as tecnologias digitais voltadas


para os negócios .

• Têm maior produtividade que serviços B2C,


em que predominam as tecnologias digitais
voltadas para o consumidor final.

Entre os serviços B2B há maior produtividade


naqueles de diferenciação de produtos e
agregação de valor, como P&D, MKT e marcas.

DIGITAL 14
COMPOSIÇÃO DOS SERVIÇOS Os gaps digitais se

B2B: aprofundam entre


países...
EUA:
53%
Mas há oportunidades
para os emergentes
graças à sua demanda
e à capacidade de
resposta das empresas
à digitalização,
dos serviços
B2B são
ARGENTINA, principalmente em
serviços BRASIL E
convencionais, MÉXICO pagamentos digitais,

70%
como logística fintechs, e à apropriação
e manutenção
de tecnologias digitais.
É o caso de países
como China e Índia,
que desenvolveram
inovações reversas em
AS TECNOLOGIAS DIGITAIS ESTÃO MAIS modelos de negócios,
BARATAS, PODEROSAS E ONIPRESENTES E processo de produção,
TÊM GRANDE POTENCIAL DE CAPACITAR O relações de trabalho e
LEAPFROG DOS MERCADOS EMERGENTES fornecimento de bens
Em 2020, oito países emergentes do G20 (Coreia, China, e serviços inteligentes
Malásia, Polônia, Tailândia, Rússia, Índia e Filipinas) estavam adequados às suas
entre os 50 países mais inovadores no mundo pelo Global próprias necessidades e
Innovation Index, comparados com apenas cinco na
ambientes.
década passada.

A mudança que está ocorrendo é profunda: por um lado,


a inovação nos mercados emergentes não se limita a
inovações de processo e de custo, mas também abrange
inovações tecnológicas mais fundamentais, baseadas
Casanova e
em gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D),
Mirroux
patenteamento e similares.

De acordo com o painel de investimentos em P&D industrial


da União Europeia de 2020, das 2000 empresas que mais
investem em P&D no mundo, cerca de 25% são de mercados
emergentes, em comparação com menos de 5% uma
década atrás.

DIGITAL 15
A NOVA
GEOPOLÍTICA
A DISPUTA PELA HEGEMONIA NA
Tatiana
Prazeres

ECONOMIA DIGITAL ENTRE EUA E CHINA


PODE LEVAR À SUA FRAGMENTAÇÃO E
EXIGIRÁ NOVOS FOCOS DE ATENÇÃO
NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DAS NAÇÕES.

EUA E CHINA NA
GLOBALIZAÇÃO DIGITAL

75% 75%
de todas as do mercado de
patentes computação na
relacionadas nuvem
a blockchain

50% 80%
dos gastos globais com Amazon, Microsoft
internet das coisas e Alibaba ocupam
no mercado

DIGITAL 16
A “ROTA DA SEDA DIGITAL”
DO SÉCULO 21

O que os ingleses fizeram na Primeira


Revolução Industrial com seus trens
a vapor, a China repete a fórmula
na Quarta Revolução Industrial e na
Sociedade 5.0, investindo bilhões de
dólares em várias economias da Ásia
e da Europa, criando em mais de cem
países uma grande rede de 5G, cabos
de fibra óptica, data centers, hubs
e zonas de livre comércio digital e
cidades inteligentes, incluindo sistemas
de navegação por satélite, inteligência
artificial e computação quântica.

Conhecido como
cyber-soberania, cria
um ambiente digital
internacional com
diplomacia digital e
governança multilateral,
o que leva a China à
supremacia quântica
e à busca da maior
superpotência tecnológica
do século 21.

Gil
Giardelli

DIGITAL 17
2 PRONTIDÃO

DIGITAL 18
A PRONTIDÃO
DIGITAL DO BRASIL

Os benefícios da economia digital devem ser para todos. O acesso


aos meios digitais já está sendo considerado como um dos direitos
fundamentais dos cidadãos, dado o seu poder de facilitar o acesso a
serviços públicos, como educação, saúde e assistência social. Entretanto,
há níveis muito diferenciados de prontidão digital entre as pessoas,
empresas e países, o que faz com que a prontidão possa ser considerada
um acelerador de gaps de competitividade e de desenvolvimento.

E como está o Brasil? Como estamos em termos de acesso à internet


de boa qualidade, preços de conexão e de equipamentos de acesso
compatíveis com a renda da população e cobertura no território nacional?
E toda a população tem as habilidades necessárias para serem boas
usuárias das tecnologias? Nossos executivos, trabalhadores e gestores
públicos estão prontos para o desafio da Sociedade 4.0? O melhor e amplo
entendimento sobre a prontidão digital do Brasil e os gaps existentes em
termos de infraestrutura e de competências necessárias para os cidadãos,
empresas e governos contribuirá para melhores estratégias empresariais e
políticas públicas.

DIGITAL 19
BRASIL NO NETWORK
READINESS INDEX
NRI score and GPD per capita PPP (log)
BRASIL – NRI 2021:
• #52 ranking geral -
entre 130 países
(#59 em 2020)
• #6 países de renda
média-alta -
entre 33 países
(#12 em 2020)

DESTAQUES:
• Serviços online do
governo
• Publicação e uso de
dados abertos
• SMS enviados por
pessoas de 15-69 anos
• Publicações científicas
de IA
• Utilização de rede
móvel pela população
• Investimentos anuais
em telecomunicação
• Cibersegurança
• Regulação de CT&I NRI score and GPD per capita PPP (log)
• Legislação de
e-commerce
• Participação digital

FONTE: https://networkreadinessindex.org/
country/brazil/

DIGITAL 20
COMPETITIVIDADE E
PRONTIDÃO DIGITAL
SÃO FACES DA MESMA
MOEDA, NAS PALAVRAS DE
ESPECIALISTAS

“A prontidão para o futuro digital é uma dimensão central da


competitividade das nações no século XXI.“
Soumitra Dutta e Bruno Lanvim

“Há grandes restrições à digitalização nas economias emergentes:


lacunas de conectividade entre áreas rurais e urbanas ou entre
grupos sociais mais e menos abastados; restrição de capital
humano; regulação e ambiente de negócios.“
Casanova e Mirroux

“O certo é que, para avançar na transformação digital, o central


é melhorar a performance geral da economia brasileira. Parar de
remar contra a maré. O crescimento econômico é a melhor mola
propulsora da inovação. Crescer e se abrir para o mundo são
os elementos essenciais. Olhar para o mundo como um imenso
mercado e não apenas como solução para importar hardware
e software. Temos empresas que conseguem fazer isto. Não são
milhares de empresas, mas são em número suficiente para mostrar
que isto é possível.“
Carlos Américo Pacheco

“A prontidão também requer flexibilidade de negócios e implica


que as empresas em uma economia específica sejam capazes
de transformar seus modelos de negócios para aproveitar novas
oportunidades. Também se refere ao nível de inovação proveniente
do setor privado.“
Carlos Arruda

DIGITAL 21
A PRONTIDÃO
DE UM PAÍS PARA O
DIGITAL EXIGE UM
CONJUNTO DE
COMBINAÇÕES,
MAS OS FATORES MAIS
RELEVANTES SÃO A
EXISTÊNCIA DE UMA
INFRAESTRUTURA
ADEQUADA,
AS COMPETÊNCIAS
E HABILIDADES,
OS NÍVEIS DE
ACESSO E
ADOÇÃO
DOS MEIOS
DIGITAIS.

DIGITAL 22
A CONECTIVIDADE, OU O ACESSO À
INTERNET, DEVE SER TRATADA COMO
DIREITO FUNDAMENTAL.
A população precisa ter acesso à internet com conexão de banda larga para usufruir de serviços
que vão desde o internet banking até educação e saúde a distância. E só o acesso não basta,
as pessoas precisam de dispositivos para acessar a internet, sejam computadores, celulares ou
tablets. A velocidade e a estabilidade de conexão também dependem da infraestrutura correta,
e tecnologias como o 5G e o Wi-Fi são a chave para conectar os brasileiros à internet.

Capacitar os usuários também é vital para a inclusão dos brasileiros no universo digital. Pessoas e
instituições devem estar preparadas para usar a internet com segurança, com recursos técnicos
e com o devido treinamento. Isso é vital para diminuirmos o digital divide, a desigualdade digital,
que ameaça a transformação que colocamos em prática durante a pandemia. Precisamos falar
sobre segurança – a privacidade de dados também deve ser encarada como direito fundamental.
Toda a população deve estar alfabetizada digitalmente para que todos possam usufruir em pé de
igualdade das vantagens dos serviços e da economia digital.

Um dos grandes inibidores da digitalização do Brasil pós-COVID-19 ainda é a falta de


capacitação, aliada à condição socioeconômica da população.

Se quisermos digitalizar o Brasil, cabe a nós, sociedade e organizações públicas e privadas,


oferecer oportunidades para que toda a população possa participar da nova economia e criar a
próxima geração de novas tecnologias.

Laercio Albuquerque

GettyImages

DIGITAL 23
O QUE ESTÁ EM JOGO NA
INFRAESTRUTURA
DIGITAL É O PODER DE
PROCESSAMENTO DE DADOS E A
CAPACIDADE COMPUTACIONAL,
QUE VÃO GERAR MAIS VALOR.
MAS TAMBÉM A REDUÇÃO DO GAP
DIGITAL .

VELOCIDADE É
FUNDAMENTAL!
• BANDA LARGA DE ALTA
VELOCIDADE
• ANTENAS, DATA
CENTERS, CABEAMENTO,
BACKBONES DE FIBRA
ÓPTICA, CLOUD

O QUADRO ATUAL DO BRASIL


• Cerca de mil municípios sem backhaul* de fibra óptica, a
maioria desses localizados nas regiões Norte e Nordeste.
• Pouco mais do que 20% do espaço agrícola brasileiro possui
algum nível de cobertura por internet.
*Backhaul é a porção de uma rede hierárquica de telecomunicações responsável por fazer a
ligação entre o backbone, ou o núcleo da rede, e as sub-redes periféricas.

DIGITAL 24
A velocidade com que Se a entrada de pessoas
aeroportos ou estradas na economia digital
se tornam obsoletos é requer formação, pede o
dramaticamente inferior acesso a infraestruturas
à rapidez com que o fio digitais desde o início da
de cobre foi superado trajetória escolar.
pela fibra ótica. Ou Ainda hoje, 2/3 das
esta pela progressiva crianças no mundo não
utilização de tecnologias têm acesso à internet
de satélites. em casa. Além disso,
persistem grandes
Marcos diferenças entre
Troyjo áreas urbanas e
rurais.

Roberto
Alvarez

DIGITAL 25
O Brasil é desigual não apenas
PARA ALÉM DA no que se refere ao acesso à
INFRAESTRUTURA, internet, mas também à qualidade
desse acesso e às habilidades
OS AVANÇOS necessárias para que seu uso seja
NO ACESSO E “empoderador”.

NA ADOÇÃO Os números relacionados ao acesso,


à adoção e ao uso da internet
DOS MEIOS refletem a desigualdade. No país,
DIGITAIS TÊM 60% da população paga um valor
maior do que o recomendado pela
QUE OCORRER Comissão de Banda Larga das
EM EMPRESAS, Nações Unidas, que é de 2% da
renda média mensal a cada 1GB de
CIDADÃOS E dados móveis, e para a população
GOVERNOS. brasileira pertencente ao quintil
mais baixo de renda, esse número
Empresas: atinge 8%. Enquanto as classes A e B
capacidade de fazer a
transformação digital, requerendo
têm quase a totalidade das pessoas
flexibilidade do modelo de negócios acessando a internet, apenas 80%
e inovação empresarial. da classe C, e apenas 50% das
classes D e E, o fazem.
Cidadãos: Além de uma quantidade de dados suficiente, a
acesso à Internet de alta “conectividade significativa” (qualidade do acesso,
velocidade a preços compatíveis sua velocidade, quantidade de dados e frequência
com a renda, acesso a de uso em patamares disponíveis a todos) apenas
smartphones, habilidades para existe quando a velocidade da internet é compatível
adoção. com aquela encontrada no 4G, quando é possível
fazer uso diário da internet, e quando esse acesso
Governo digital: é feito por um dispositivo apropriado, ou seja, no
E-Gov como serviços para os mínimo um smartphone.
cidadãos e estímulo à inovação
aberta, política de dados abertos. Nathalia
Foditsch

DIGITAL 26
HÁ UMA MAS TER ACESSO
CRESCENTE À INTERNET NÃO É
NECESSIDADE SUFICIENTE
DE UMA MELHOR Muito embora a conectividade e seu

QUALIDADE DE custo ainda sejam grandes questões


a ser enfrentadas no Brasil, solucioná-
ACESSO las não seria suficiente, pois
há ainda um outro
grande gargalo,
relacionado à devida
ACESSO À INTERNET NOS utilização da internet,
DOMICÍLIOS BRASILEIROS à literacia digital e às
(IBGE, 2021. PNAD Contínua) habilidades digitais
necessárias para tanto.
¾ das pessoas que não utilizam
a internet não sabem usá-la ou
não têm interesse, e a maior parte
dos acessos é feita por meio de
aplicativos de mensagens, conversas
e vídeos, que podem conferir uma

99,5%
experiência do uso bastante limitada.

Por vezes não há sequer o


via smartphone
conhecimento por parte do usuário
de que é possível ir além do aplicativo
e acessar outros conteúdos e/ou
plataformas.

Nathalia

45,1%
Foditsch

têm computadores

DIGITAL 27
O IMPACTO O GAP DIGITAL EXISTE
ESPERADO EM TODO O MUNDO.
DIMINUÍ-LO É DECISIVO
DO 5G NO NA REDUÇÃO DA POBREZA
BRASIL
E NO AUMENTO DA
COMPETITIVIDADE

O PAPEL DO ACESSO À INTERNET NA REDUÇÃO


DA POBREZA, DO GAP RURAL-URBANO, E NO
AUMENTO DOS NEGÓCIOS DIGITAIS NA CHINA

Jean Carlos A taxa de penetração da internet nas áreas rurais é de


Borges 55,9%. Nos últimos anos, houve um progresso substancial
e acentuado na redução da pobreza on-line, e a
transformação de não usuários da internet em áreas
remotas e pobres foi acelerada.

Colocar a população on-line também foi fundamental para


o crescimento do comércio eletrônico na China, já que a
conectividade foi o primeiro passo para eliminar a divisão
rural-urbana e aumentar o número de pessoas on-line,
permitindo que as plataformas alcancem continuamente
novos mercados no país. Em 2015, o governo chinês investiu
cerca de US$ 21 bilhões para expandir a internet de banda
larga para 98% das 500.000 vilas administrativas do país
até 2020; em dezembro de 2020, os usuários de internet na
Marcelo
área rural eram mais de 300 milhões.
Duarte Preto

Mike H. Liu e
Cheng Peng

DIGITAL 28
A FORÇA QUE EMANA DO
DIGITAL ESTÁ FUNDADA NO
CONHECIMENTO
Desenvolvimento de
habilidades:

• Técnicas
• Informacionais
(uso das informações para gerar
conhecimento)

• Soft
(relacionais)

Os profissionais que desenvolvem Estamos saindo da era na qual a


adequadamente suas soft skills economia dependia unicamente da
duplicam o rendimento das hard produção de objetos, commodities e
skills (conhecimentos técnicos). Dito infraestrutura para entrarmos no limiar
de outra forma, os desempenhos de uma economia circular, digital, de
educacional e profissional são baixo carbono e pós-industrial. Um
fortalecidos pela criatividade, momento em que a educação de alto
adaptabilidade, flexibilidade, empatia, impacto e o poder intelectual contam
comunicação interpessoal, gestão de tanto quanto portos.
tempo.

Eduardo Gil
Rezende Giardelli

DIGITAL 29
A IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO DAS
COMPETÊNCIAS DIGITAIS
E O APAGÃO DE TALENTOS

2020
1,9% 2024
Déficit de 2030
da força de Déficit de
trabalho no 290 MIL 1 MILHÃO
setor STEM profissionais
OCDE de TI de profissionais de TI
BRASSCOM no mundo
MCKINSEY

No Brasil, enquanto a penetração


da Internet está aumentando, as
desigualdades enraizadas impedem
que as comunidades menos
privilegiadas se favoreçam de todos Soumitra Dutta e
os benefícios da economia digital. Bruno Lanvin

OS JOVENS E O FUTURO DO TRABALHO


Apenas 20% dos entrevistados entendiam que o emprego do futuro terá
como base as tecnologias de ponta. A maior parte dos jovens mostrou
não ter conhecimento sobre as inovações. Excluindo internet e comércio
digital, a minoria se diz familiarizada com big data (39%), impressoras 3D
(37%), inteligência artificial (36%), computação em nuvem e realidade virtual
aumentada (35%), robótica (30%), biotecnologia e automação de processos
(28%).
Pesquisa “Os Jovens e o Futuro do Trabalho” (ABDI/2019), que ouviu 2.015
jovens, entre 16 a 29 anos, em todo o país.
Andre Macera e Igor Calvet

DIGITAL 30
3 NEGÓCIOS E
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL

DIGITAL 31
No momento em que o peso dos negócios digitais nas cadeias de valor se
acelera, em especial no cenário da “economia do baixo contato” resultante
da pandemia da COVID-19, a base empresarial brasileira ainda se prepara
para compreender o real alcance do digital nos seus negócios, havendo
um numeroso grupo de empresas defasadas tecnologicamente e
“desalentadas” polarizando com um grupo de empresas capacitadas que
investe para alcançar o padrão 4.0, como alerta Luciano Coutinho em seu
artigo para o Projeto Economia Digital Passada a Limpo. De acordo com
João Emílio Padovani, ainda haveria entre os empresários uma relativa
falta de urgência e a percepção de outras possibilidades para ganhar
eficiência, empregando ferramentas de gestão da produção já disponíveis.
“Perdemos o bonde da 3a Revolução Industrial e estamos tendo uma
segunda chance com a Indústria 4.0. É o bonde passando de novo. Quem
ficar parado vai perder”.

Para muito além das políticas de estímulo à digitalização e à


transformação digital, é necessário compreender o estágio atual das
empresas, suas oportunidades, dificuldades e os condicionantes da
própria organização para avançar na tão necessária maturidade digital.

DIGITAL 32
A fluência digital das lideranças empresariais requer a compreensão
das funcionalidades e aplicações das tecnologias habilitadoras nas
corporações, a constante análise de mercado e a perspectiva do cliente
como condições para a organização tomar decisões com agilidade, olhar
atento sobre o futuro ainda não existente, seja relativo ao negócio core
e indo mais além deste. Modelos de negócios inovadores consideram
a inserção da empresa em ecossistemas e exigem novos processos e
cultura, bem como uma liderança transformadora. Esses são alguns dos
impulsionadores da transformação digital.

Transformação é um processo de tentativas, erros e aprendizados. Neste


momento de aprofundamento da economia digital, que envolve pessoas
e organizações (lideradas por pessoas), aqueles que realmente se
transformarem (e não somente se digitalizarem) serão eternamente úteis.

DIGITAL 33
PARA UMA NAÇÃO SER
COMPETITIVA DIGITALMENTE,
DEVE CRIAR CONDIÇÕES HUMANAS,
ESTRUTURAIS E REGULATÓRIAS PARA
ABSORVER, EXPLORAR E DESENVOLVER
NOVAS SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

• Discutir as condições
de realização da
transformação
digital significa
discutir os
determinantes da
competitividade no
país, as condições
dadas às empresas
para que elas
possam competir
globalmente.
• O Brasil ainda está
aquém de ser um
usuário pleno de
tecnologia.
E, certamente, mais
distante ainda de ser
um desenvolvedor.
Andrea
Macera e
Igor Calvet

DIGITAL 34
TRANSFORMAÇÃO
ESTRATÉGICA
COMBINADA COM
INOVAÇÃO
DIGITAL É IGUAL A
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL.
Sílvio Meira

• Plataforma
• 5G
• Aplicativos/
serviços habilita e vai envolver
digitais provoca

MUDANÇAS
ESTRUTURAIS NOS
O DIGITAL NOVOS NEGÓCIOS E MODELOS TRANSFORMAÇÃO
DE NEGÓCIOS
COMPORTAMENTOS
NO MERCADO ESTRATÉGICA
• Pessoas como implicam • arquitetura do processo de
consumidores em tomada de decisão
• Usuários de • execução da estratégia
negócios
digitais

DIGITAL 35
Transformação digital
é muito mais do que
o digital

É NECESSÁRIO MELHOR ENTENDIMENTO E


INTEGRAÇÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE O
UNIVERSO DIGITAL
O maior desafio para a transformação digital inicia-
se com o entendimento sobre o tema. Grande parte
dos executivos de médias empresas pesquisados pela
Fundação Dom Cabral compreende que uma mudança
do mundo analógico para o digital seria a ênfase para o
assunto.
Esperava-se uma compreensão mais profunda,
envolvendo uma combinação de entendimento entre
o universo dos campos da tecnologia com estratégia,
inovação e operações.

Hugo
Tadeu

DIGITAL 36
QUAL É A NOSSA
MATURIDADE
DIGITAL?
Cultura e
A maturidade pessoas

digital das
empresas 59,14%

brasileiras Tecnologias
64,00%
Consumidores
cresceu no
Habilitadoras
59,14% 57,71%
64,00% 62,17%
primeiro ano da
pandemia, porém
elas ainda estão
52,94%
no estágio de 56,21%
56,97%
60,90%
desenvolvimento, Dados e
ambientes Concorrência

indicando que regulatórios

conhecem e têm 51,73%


57,40% 56,49%
ações voltadas à 61,31%

Transformação 53,72%
59,51%
Digital, mas ainda
desconectadas Modelos de
Inovação

da estratégia. Negócios

Processos
2019 2020
55,55% 60,02%

Índice Cesar de Transformação Digital 2021

Vivemos em uma sociedade cada vez mais digital. Porém ainda temos
um caminho para percorrer quando o assunto é maturidade digital.
Entendo que nosso maior desafio passa por (1) dados e analythics, (2)
líderes preparados para gerir um modelo de negócio digital e (3) uma
estrutura organizacional e estratégica que conduza a empresa para o
digital, pois o que mais vemos são ações e práticas isoladas.
Karla Godoy

DIGITAL 37
IMPORTA NA
O QUE
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL
Ter uma estratégia digital que objetive:
• novo modelo de negócios e/ou ambidestria;

• processos que foquem na melhoria da


experiência do cliente;

• engajamento do ecossistema em tempo real;

• pessoas habilitadas em todos os níveis da


organização para conhecer e lidar com as
tecnologias digitais;

• cultura de dados;

• adotar melhores práticas de gestão para


perseguir a estratégia;

• e, sobretudo, uma liderança transformadora.

DIGITAL 38
NOVOS MODELOS
DE NEGÓCIOS
A PALAVRA DOS ESPECIALISTAS

É um caminho sem volta! Todo negócio NA DIMENSÃO MODELOS DE


hoje precisa ser minimamente híbrido, ou
NEGÓCIO,
seja, precisa ter presença digital e física,
simultaneamente, e, mais importante, O ATRIBUTO
integrada. Talvez nunca tenha se falado
“EXPLORAÇÃO”
tanto de ambidestria organizacional.
PASSOU DE
O ÍNDICE CESAR DE
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL 58,79%
2021: 2019
Manter a operação de forma eficiente PARA
foi a principal preocupação, mas a
necessidade de experimentar tornou-se
clara para muitos e foi trazida para a 64,35%
mesa.
2020

Fred Arruda, Eduardo Peixoto e Karla Godoy

A diferença de modelos de negócios


digitalizados para modelos de negócios
digitais é que o modelo de negócio digital
foi pensado digital first (parto do princípio
de que vou fazer inovação digital para
modelar o meu negócio). E o negócio
digitalizado sofre uma introdução de
tecnologias digitais para encapar o modelo
e os processos de negócios [que são]
velhos legados analógicos.
Existe uma percepção de transformação digital em que, na
realidade, só aconteceu digitalização. Isso pode ser fatal para
Sílvio
muita gente!
Meira

DIGITAL 39
A EXPERIÊNCIA
DO CLIENTE
A PALAVRA DOS ESPECIALISTAS

A transformação digital não é um fim em si. Ela é


um meio para melhorar a experiência do cliente.
Senão você está gastando dinheiro mal. E tendo dito isso, transformar-
se digitalmente significa transformar a sua empresa em uma empresa
de tecnologia. As empresas que não entenderem isso vão ter dificuldade
de fazer transformação digital ou vão fazer transformação digital de
forma incompleta. As que entenderem ganharão claramente vantagens
competitivas. E isso reflete, inclusive, em valuation.
Agostinho Villela

As tecnologias são ferramentas


estratégicas para melhorar a
experiência do cliente, cada vez
mais adepto da multicanalidade e
do tratamento personalizado.
A famosa CX (Customer Experience) vai além de
uma interface ou flow de telas em um app. Ela se
faz presente, inclusive, antes de tudo, entendendo
muito bem quem é o consumidor, o que ele precisa,
o que o negócio tem por objetivo, indo até a parte
de atendimento e retenção do consumidor. Ela é Alex Winetzki e
tão importante quanto a qualidade do produto. Guilherme Stefanini

Eu não posso tratar cliente como cliente, eu tenho


que tratar cliente como pessoas.
Colocar digital em todo canto não significa que eu tirei a alma do negócio.
Eu posso simplificar do jeito que for, mas do outro lado há pessoas. E elas
ficarão extremamente infelizes e insatisfeitas se de repente a tecnologia
que eu criei tratá-las de uma forma que a gente poderia qualificar como
desumana, [como] segregar pessoas, usar inteligência artificial com
dados viciados para, por exemplo, negar crédito a quem deveria ter só por
causa de cor ou de endereço.
Sílvio Meira

DIGITAL 40
O segredo para o sucesso na estratégia omnichannel
não é exatamente a quantidade de canais que a
empresa oferece, que, por sua vez, aumentam a cada
dia devido à tendência da policanalidade, mas sim a
consistência da experiência do cliente oferecida nesses
vários canais.

Se, por um lado, o cliente se considera


cada vez mais policanal – ou seja, uma
hora ele irá à loja física, outra ao site, ao
marketplace,ao WhatsApp ou, ainda,
às redes sociais – por outro, ele espera
ser tratado como se todos esses canais
fossem um só, um monocanal. Daí
nasce a estratégia omnichannel. Elói
Assis

DIGITAL 41
O ENGAJAMENTO
DO ECOSSISTEMA
A PALAVRA DOS ESPECIALISTAS

É muito provável que, nesse universo figital para onde Os desafios do novo
a gente está indo, vá ter um conjunto competitivo contexto de mercado
de ecossistemas criados ao redor de empresas que demandam das empresas
mobilizam redes usando suas plataformas digitais. uma “mentalidade
Plataformas digitais, infraestruturas e serviços fazem biológica” que reconhece
com que um universo e um mercado de aplicações o poder dos ecossistemas
existam ao seu redor. E esse mercado e universo de em produzir interações e
aplicações mobilizam ecossistemas que cooperam, resultados de alto valor
mas também competem uns com os outros. a um amplo conjunto de
partes, que removam o
O papel do líder é articular esse ecossistema
atrito dos mercados e
(baseado e habilitado por plataformas digitais), que
criem experiências de
vai transformar o seu negócio num atrator de outros
vida e de sociedade cada
negócios, um compositor de cenários, um construtor
vez mais convenientes,
de mundos, aos quais nós queremos de alguma forma
personalizadas e
nos aliar por causa de um conjunto muito grande de
socialmente conscientes.
fatores. Uma das principais preocupações, aliás, dos
líderes figitais é com o entendimento e o uso na prática
Ideias e insights vêm
de efeitos de rede para fazer com que suas redes
de todos os lugares,
sejam populadas, às vezes, a partir do zero; que tribos
e multidões, nuvens,
diferentes sejam atraídas para as suas redes para que
colaboradores,
grupos desenvolvam conhecimento e façam uso dele
competições e
por lá (efeitos de utilidade para pessoas, de identidade,
cocriadores podem
“faz sentido para mim, fazer parte de uma certa rede”).
fundamentalmente
Existe um grande número de efeitos de rede que os
ajudar a definir nosso
líderes têm que entender e usar. E isso é parte da teoria
futuro compartilhado.
do negócio figital, que, aliás, ainda está sendo escrita
agora. Não existe esse livro no mercado: Introdução à Mary
Teoria dos Negócios Figitais Ballesta

Sílvio Meira

DIGITAL 42
O GRANDE PODER DOS

ECOSSISTEMAS
ESTÁ NA SUA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO:
COMUNIDADES
DIVERSAS, DINÂMICAS
E COEVOLUTIVAS: Os
ecossistemas, normalmente, QUE CRIAM E CAPTURAM
reúnem múltiplos atores de NOVOS VALORES: Capacitados
diferentes tipos e tamanhos a pela conectividade muito melhorada
fim de criar, escalar e atender a através de capacidades e recursos
mercados de formas que estão especializados e pela dramática
além da capacidade de qualquer escalada da tecnologia, os
organização – ou mesmo de ecossistemas desenvolvem soluções
qualquer indústria tradicional. novas e cocriadas que atendem às
necessidades e aos desejos humanos
fundamentais e aos crescentes
desafios sociais. Os ecossistemas
PROMOVENDO também aumentam a importância
CONHECIMENTO, de descobrir novos modelos de
INTELIGÊNCIA negócios para capturar esse valor
E A INOVAÇÃO, em um mundo de comoditização e
PARA SERVIR À “desmonetização”.
COMUNIDADE:
As pessoas querem
pertencer, compreender
e ser compreendidas, EM UMA ATUAÇÃO QUE COMBINA
alcançar competência COLABORAÇÃO E CONCORRÊNCIA:
reconhecida em sua A competição, embora ainda essencial,
arena escolhida e fazer certamente não é o único motor do sucesso
uma diferença positiva no mercado. O pensamento dos ecossistemas
em seu mundo. proporciona uma nova mentalidade que capta
uma profunda mudança na economia e no
cenário empresarial, principalmente orientada
a formar um conjunto de capacidades que
conseguem resolver não apenas ofertas, se
não grandes problemas sociais que nenhuma
organização individual é capaz ou incitada a
resolver.

Mary Ballesta

DIGITAL 43
CULTURA
DE DADOS
A PALAVRA DOS ESPECIALISTAS

Ser uma empresa orientada a dados é muito mais


que termos ferramentas de big data complexas
e sofisticadas. Passa pela disseminação de
uma cultura de dados, e isso não é trivial. Exige
o desenvolvimento de novas habilidades e
comportamentos, a democratização da informação,
a forma como ela é utilizada nas tomadas de
decisão. É uma jornada que precisa ser encarada
como estratégica para as empresas.
Karla Godoy

Mudar processos é doloroso, Na minha opinião, o número é


mas não é tão difícil de ser pequeno, porque muitas empresas,
planejado; adotar uma nova por desconhecimento de como
tecnologia, idem, mas adotar chegarão lá, não dão prioridade a
uma estratégia correta de uso de essa dimensão.
dados é um desafio enorme para Apesar de as empresas
qualquer organização. Coletar apresentarem alguma melhoria
dados é relativamente no uso de dados 52,94%, em
simples; transformá- 2019, para 56,21%, em 2020,
los em informação útil e essa dimensão continua sendo,
nas pesquisas com o ICTd,
tomar decisões rápidas
independente do setor, em que as
e seguras em cima empresas brasileiras admitem o
dessas informações menor grau de maturidade.
é superdesafiador e
complexo.
Quem tiver profissionais
capacitados e souber traçar
Fred Arruda,
estratégias adequadas terá grande Eduardo Peixoto e
vantagem competitiva. Karla Godoy

DIGITAL 44
Os diferentes produtos digitais da Globo se traduzem em
um alcance de mais de 100 milhões de usuários por mês,
equivalente a 81% da internet brasileira
(Fonte: ComScore, fevereiro de 2021).

Esses usuários interagem com essas propriedades através


de diversas plataformas (web, mobile, tvs conectadas, etc.),
consumindo diferentes tipos de conteúdo (artigos, vídeos,
fotos, comentários, etc.). Todas essas iterações geram uma
quantidade colossal de dados, o chamado big data. Para
se ter uma ideia, em um dia de pico chega-se a capturar
mais de 13 bilhões de sinais de comportamento de consumo
dos usuários (play em um vídeo, scroll em uma página),
contribuindo para a formação de um repositório com mais
de 2 petabytes de dados, o que corresponderia a mais de 100
anos assistindo a filmes sem parar.
A partir desses dados, consegue-se capturar o padrão de comportamento dos
usuários e transformá-los em informações que geram bastante valor para o negócio.
Eles são explorados para ajudar nas tomadas de decisão e também como base para
a criação de aplicações de inteligência artificial que buscam eficiência operacional,
experiências mais assertivas e personalizadas nos produtos e melhor performance
nos negócios. Com um ecossistema de produtos que faça parte da jornada completa
do consumidor, é possível ter uma visão bem completa e granular de cada usuário
que interage com as propriedades Globo, potencializando o conhecimento sobre o
consumidor sob diversos aspectos, tais como demografia, interesses e geografia, e
permitindo correlacionar diferentes usuários e seus atributos, de forma a entender
os relacionamentos entre eles e inferir como novos relacionamentos podem ser
capturados”.
Isso cria um ciclo virtuoso, em que mais
informações permitem melhores experiências
que derivam maior engajamento e, portanto,
aumentam a captura de informações.
Bruno Souza e Igor Macaúbas

Em um mundo no qual são gerados cerca de 2,2 milhões de terabytes


todos os dias (...), ter ferramentas que ajudem as empresas a transformar
essa avalanche de códigos em informações mensuráveis, palpáveis
e de fato relevantes para os negócios passa a ser uma condição de
sobrevivência.
Dennis Herszkowicz

DIGITAL 45
O AVANÇO NO USO DE DADOS
REQUER ATENÇÃO ESPECIAL,
PRINCIPALMENTE EM
PRIVACIDADE E
CIBERSEGURANÇA.

POR QUE A SEGURANÇA DEVE ESTAR NA SUA


LISTA DE PRIORIDADES:
• Ameaça à confidencialidade dos dados.

• Comprometimento da integridade.

• Risco de inconformidade.

• Diferencial de mercado.

DIGITAL 46
OS PRINCÍPIOS PARA AS ORGANIZAÇÕES
COMPREENDEREM E COMBATEREM
OS RISCOS CIBERNÉTICOS
Reconhecer que a
Entender o impacto econômico cibersegurança é um
do risco cibernético: para que as capacitor estratégico de
organizações tomem decisões negócios: a cibersegurança
empresariais eficazes, as organizacional contribui
determinações de risco devem diretamente tanto para a
se concentrar no impacto preservação do valor quanto
financeiro que terão, incluindo os para novas oportunidades
trade-offs entre transformação de criação de valor para a
digital e risco cibernético. empresa e para a sociedade
em geral.

Alinhar o gerenciamento de risco


cibernético com as necessidades
comerciais: a governança eficaz
de qualquer empreendimento
requer um alinhamento claro
entre os gerenciamentos de
risco cibernético e os objetivos
comerciais em todas as facetas da
tomada de decisão.

Assegurar que o projeto


organizacional apoie a
segurança cibernética:
as organizações devem
projetar uma estrutura Fomentar a resiliência
de governança interna Incorporar a experiência sistêmica: os líderes
que aborde a segurança em segurança cibernética devem reconhecer a
cibernética e toda a à governança da diretoria: natureza interligada
empresa. os líderes devem se valer do risco cibernético e
de diversas fontes de encorajar respostas
experiência e conhecimento unificadas a ele.
em segurança cibernética.

Fonte: World Economic Forum - Daniel Dobrygowski

DIGITAL 47
DICAS SOBRE
CIBERSEGURANÇA
E CIBERRESILIÊNCIA
O RISCO CIBERNÉTICO DE TODO UM SISTEMA É
IGUAL AO DA SUA PARTE MAIS VULNERÁVEL
• Liderança deve conhecê-lo profundamente, tratar como tema estratégico,
incluí-lo na análise de riscos e na definição de planos de ação acompanhados
pelo Conselho de Administração.
• Cultura da segurança – compartilhar com todos os colaboradores e parceiros
os conceitos e estratégias.
• Resiliência cibernética e treinamento.
Não existe prontidão sem treinamento. Ter um plano de contingência não é
suficiente, os procedimentos ali descritos devem ser treinados e, principalmente,
avaliados. As pessoas têm que saber, exatamente, o que fazer. Quem é o
comandante na cena? Quem fala com a mídia? Qual a mensagem que deve ser
transmitida aos acionistas? Em caso de crise, não pode existir esse tipo de dúvida.
Usar “jogos de guerra” para identificar e mitigar vulnerabilidades operacionais.
São ferramentas de baixo custo que, de acordo com o cenário elaborado, podem
trabalhar questões políticas, estratégicas e táticas.
• Treinamento deve envolver também os prestadores de serviços.
A partir de 2020, a fim de elevar o grau de segurança de sua cadeia de suprimento,
o U.S. Department of Defense (DoD) tem exigido de seus fornecedores de bens e
serviços a conformidade em relação ao Cybersecurity Maturity Model Certification
(CMMC).

O “ponto de vista hacker“ deve ser adotado, pois


possibilita aos times de segurança reavaliarem as
brechas expostas.
A preocupação com a segurança cibernética deve
estar no mindset de toda e qualquer organização
ativa.
Leidivino Natal

DIGITAL 48
PESSOAS
HABILITADAS
A PALAVRA DOS ESPECIALISTAS

Quem se transformar junto com o processo de transformação será


eternamente necessário. Se eu continuar me transformando com a
transformação, o que implica principalmente a aquisição de novas
competências, habilidades e a capacidade de executá-las em alta
performance, qualquer um que fizer isso como líder será eternamente
necessário.
Há muita gente muito nova que é completamente analógica. Nós estamos
falando aqui de processo de transformação digital, que é centrado em
transformação, e não em digital. Então, para começar, envolve agilidade
na tomada de decisões, o que é diferente de velocidade.

Sílvio Meira

Um estudo que foi publicado


recentemente [a respeito do
desenvolvimento de artefatos digitais
nos negócios] aponta que
quando o tempo de
tomada de decisão [de um
projeto], na engenharia de
construção de artefato, é Nos projetos em que
menor que uma hora o tempo de tomada
(estamos falando de uma hora para de decisão é acima
tomar a decisão), a chance de de 5 horas, a chance
sucesso é de de sucesso cai para
68%. 18%.
Ou seja, dois em cada dez dão
certo.

Sílvio Meira

DIGITAL 49
Ao considerar a área de tecnologia como uma
combinação entre funções técnicas e de negócio,
muitas médias empresas brasileiras sugerem
adotar um modelo organizacional similar ao
contexto de empresas multinacionais, sendo
uma surpresa interessante dessa pesquisa.
Isto é, há uma equipe de tecnologia focada nas
funcionalidades e no desenvolvimento de sistemas
internos, como o tradicional sistema integrado de
gestão e sistema para o relacionamento com os
clientes, enquanto há uma equipe digital focada
no desenvolvimento de aplicativos, novos canais
digitais de atendimento e no treinamento de
equipes.
Hugo Tadeu

Acredito que as empresas estão percebendo que


serem eficientes apenas não é suficiente. Peter
Drucker, em seu livro A Teoria dos Negócios, já
afirmava que negócios bem administrados morrem
quando as bases nas quais os negócios foram
construídos desaparecem. A pandemia destruiu
uma base nunca esperada, a do consumidor
no ponto de venda ou de entrega do serviço. O
que vem depois? O mapa não existe. Então, para
estar preparado, é preciso construir uma cultura
que promova o aprendizado, a criatividade e a
resiliência. Apesar do número ainda pequeno, vejo
muitas boas empresas apontando nessa direção.

Eduardo Peixoto

DIGITAL 50
LIDERANÇA
TRANSFORMADORA
A PALAVRA DOS ESPECIALISTAS

Estamos falando mais de TRANSFORMAÇÃO do que de digital, requerendo


um líder transformador capaz de envolver o ecossistema, de se arriscar
e de permitir o risco para a organização, de estudar e de olhar para o
futuro, de colocar a organização em movimento.

Lideranças que transformam dramaticamente os seus negócios. E


que correm riscos. Tem que ser também, obviamente, uma liderança
empreendedora. Para ser uma liderança empreendedora, tem que ser
uma liderança curiosa, que pesquisa, estuda e está preocupada com a
nova teoria da firma.

Se a gente conseguisse imaginar um processo de transformação de


um negócio formalmente, teria, literalmente, a transformação de uma
teoria A (aquela segundo a qual o negócio funciona agora) para uma
teoria B (aquela segundo a qual o negócio deveria estar começando a
funcionar agora). Um líder transformador é um líder que
transforma teorias de negócio!

Sílvio Meira

DIGITAL 51
AS MELHORES PRÁTICAS DE
GESTÃO PARA PERSEGUIR A
ESTRATÉGIA DE
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
• Desenvolver uma estratégia digital centrada em dados e clientes.
• Estabelecer equipes multifuncionais, combinando a experiência em
revisão de processos internos, atendimento ao cliente e adoção das novas
tecnologias digitais, atuando de forma descentralizada e reduzindo o prazo de
entrega de projetos.

• Estruturar um comitê digital.


• Analisar constantemente um portfólio de iniciativas digitais,
combinando projetos com foco em excelência operacional, desenvolvimento de
novos produtos, serviços e avanços tecnológicos, além do core business atual.

• Acompanhar as tendências de mercado (concorrentes e novas


tecnologias).

• Criar uma mentalidade do investimento recorrente em tecnologia,


estimulando o debate sobre o papel da estratégia e da inovação no negócio.

• Avaliar recorrentemente a maturidade digital do negócio


(competências atuais, desenvolvimento de conhecimentos e de novos processos
e modelo decisório).

• Perseguir a jornada do cliente (levantar os problemas e indicadores de


insucesso na jornada do cliente, corrigindo rapidamente o que for necessário e
adotando tecnologia para simplificar os pontos de contato com o mercado).

• Treinar e capacitar toda a equipe em novas competências digitais,


novos modelos de gestão de equipes e mensuração de resultados.
• Compreender que inovação e digital caminham juntos, isto é, não
existe tecnologia sem uma cultura propícia ao ambiente da experimentação,
testes e projetos-piloto focados em novos negócios.

• Criar uma nova ambição para o negócio, questionando a estrutura


decisória e processos atuais, em busca de novos modelos e mercados diferentes
dos atuais.

Hugo Tadeu, baseado em pesquisa da FDC sobre


maturidade digital das médias empresas

DIGITAL 52
A GESTÃO DA INOVAÇÃO
NA ERA DIGITAL

O principal objetivo da
gestão da inovação é
permitir que uma empresa
consiga realizar as
transformações de que
necessita para alcançar as
suas ambições de longo
prazo. Essa essência não
muda em nada na era
digital. O que muda são
as transformações que
uma empresa precisa
buscar para sobreviver e
crescer em um mundo de
abundância de recursos
tecnológicos.

Jaime
Frenkel

DIGITAL 53
A JORNADA DA
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL
É MAIS IMPORTANTE
QUE O DESTINO
PASSO 4
Engaje a
organização
PASSO 3
Compartilhar a
Defina visão de futuro com
prioridades os colaboradores,
para os 3 deixando claras as
horizontes prioridades nos três
horizontes; empoderar
Avaliar o grau de as pessoas para
PASSO 2 ameaça do seu core gerar oportunidades;
Construa business e decidir selecionar as
oportunidades de
a visão de sobre a estratégia e
alocação de recursos maior potencial e
futuro alocar recursos para o
entre os 3 horizontes.
seu desenvolvimento;
Avaliar a evolução do comunicar os
comportamento do resultados obtidos
cliente e do papel das e reconhecer os
tecnologias digitais contribuidores.
no atendimento às
PASSO 1 necessidades do
Entenda o cliente. Identificar
contexto como usar as
tecnologias em H1, H2
Compreender e H3 para criar novas
continuamente como oportunidades de
as tecnologias digitais gerar valor.
e o mercado evoluem
e transformam o
contexto competitivo
da empresa.

DIGITAL 54
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL E PEQUENOS
NEGÓCIOS

PRINCIPAIS DESAFIOS:
Independentemente do porte, o
varejista precisa se dedicar ao
• Acesso e acessibilidade aprendizado digital junto com
à infraestrutura digital. sua equipe, não ter receio de
criar seu próprio conteúdo e se
• Visão estratégica e permitir errar.
aprendizado sobre nova
E para quem quer apoiar a
forma de fazer negócio. cadeia em que está inserido, as
dicas são: seja autêntico, leve
• Letramento digital.
isso a sério e busque entender
o que o ecossistema precisa
• Capacidade de avaliar
ganhar de fato.
a melhor tecnologia
e o retorno sobre o Illan Sztejnman
investimento em
tecnologias digitais.
• Cibersegurança.

DIGITAL 55
O ECOSSISTEMA QUE
As oportunidades POTENCIALIZA O DIGITAL PODE
da transformação
digital dos
COMPENSAR AS FRAGILIDADES
pequenos INTERNAS E OS CUSTOS DE
negócios são AQUISIÇÃO
potencializadas
pelas conexões • Um parceiro tecnológico, que ofereça soluções tecnológicas
customizáveis (sistemas, suportes e consultorias externas)
com o
para dar o primeiro passo.
ecossistema
e com maior • Uma empresa da cadeia produtiva, que possa oferecer
plataformas de relacionamento com os clientes,
maturidade capacitação de fornecedores e revendedores/lojistas.
tecnológica.
• Um “conector” , como uma plataforma de marketplace ou
de streaming de conteúdo, evitando os custos de criação
do próprio e-commerce e permitindo maior visibilidade e
alcance de mercado.
A grande
tendência e a • Um “capacitador” , como uma entidade de apoio, startups
e comunidades de criativos e inovadores, que prestam
porta de entrada consultoria, treinamento e capacitação das MPEs no uso de
ao mundo digital ferramentas digitais.
para os pequenos
negócios é a
utilização de
ferramentas de
marketing digital,
principalmente
via redes sociais,
e a aproximação
com os clientes
via marketplaces.

DIGITAL 56
INDEPENDENTEMENTE DO
SEU SETOR, O PEQUENO
NEGÓCIO DEVE INVESTIR NO
E-COMMERCE.
NA PANDEMIA O
E-COMMERCE CRESCEU
EXPONENCIALMENTE EM
TODOS OS SEGMENTOS.
MÍDIAS SOCIAIS SÃO OS
CANAIS PREFERIDOS PELOS
PEQUENOS NEGÓCIOS.

CRESCIMENTO DO E-COMMERCE NO BRASIL (2019-2020)

Fonte: https://datareportal.com/reports/digital-2021-brazil

DIGITAL 57
PRINCIPAIS INDICADORES DO E-COMMERCE

Fonte: Webshoppers, 43a edição

E-COMMERCE TENDE A GANHAR NOVOS ENTRANTES COM MUITA


ADERÊNCIA AO NOVO ESTILO DE CONSUMO

DIGITAL 58
A JORNADA DA
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL
DO PEQUENO NEGÓCIO E AS
FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS
• Dar atenção à gestão. Exemplo: implementação de um sistema de gestão (ERP)
para dar mais agilidade e produtividade aos processos
e facilitar a gestão integral do negócio.

• Construir a jornada Exemplo: iniciar a jornada on-line, via e-commerce,


on-line do cliente.  tirar dúvida com o chatbot e finalizar a compra via
WhatsApp.

• Escolher uma boa Exemplo: Há plataformas que permitem a customizaça


plataforma de do site, conforme o design da marca, disponibilizam
e-commerce que dê a painéis de acompanhamento, com informação e
você elementos para métrica para o negócio.
a gestão do cliente e
adicionar  ferramentas e
API’s para incrementar a
gestão e funções do site.

• Adotar uma presença e


estratégia omnichannel.

• Adotar estratégias de
marketing digital para
ampliar a presença on-
line nos canais certos e
reforçar a marca.

• Usar dados para Exemplo: uso de IA voltados para precificação de


fortalecer as estratégias produtos; segmentação do público através do ticket
de marca e de médio; buscas personalizadas e mais assertivas;
relacionamento automação de atendimento, por meio da criação e
com o cliente. implementação de chatbots para apoiar o cliente no
momento da compra.
Fonte: Ramon Martins

DIGITAL 59
AS TECNOLOGIAS MAIS
CONTRATADAS PARA O
PRIMEIRO PASSO SÃO AS
DOS MARKETPLACES DE
E-COMMERCE E REDES
SOCIAIS, SERVIÇOS
DE DATA ANALYTICS,
DE GESTÃO DE RISCOS
E CIBERSEGURANÇA,
SOLUÇÕES DE
INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL, SERVIÇOS
DE NUVEM.
OBJETIVOS:
• Melhor conhecimento sobre o
cliente e a personalização do
atendimento.
• A melhoria de gestão.
• Segurança da armazenagem de
dados.
• Aumentar a eficiência e a
produtividade empresarial.

DIGITAL 60
COMPREENDENDO AS
VANTAGENS E DESVANTAGENS
DE COMERCIALIZAR POR MEIO DE
PLATAFORMAS
É preciso entender as regras de negócio de cada
uma das plataformas, escolher aquelas que
melhor se adaptam à estratégia de atuação do
seu negócio e fazer uma boa escolha sobre onde
posicionar sua marca.
Janaína Vendramini

VANTAGENS
• atuam na atração de consumidores;
• emprestam reputação;
• em geral só cobram quando algo foi vendido;
• oferecem tecnologia de ponta, antifraude, meio de pagamento e suporte ao
consumidor inclusos;
• possuem logística própria ou condições diferenciadas com transportadoras.
 
DESVANTAGENS
• a concorrência estará em evidência;
• a não permissão para customizações da loja;
• a necessidade de fazer precificação de forma diferenciada para garantir
margens;
• algumas plataformas não entregam o contato do cliente, entendendo que o
dado é seu e não do vendedor;
• o repasse financeiro pode demorar um pouco.
Fonte: Flávio Petry

DIGITAL 61
O QUE É PRECISO CONHECER AS DIFICULDADES
SOBRE O NEGÓCIO DA DE SUCESSO EM
PLATAFORMA NA QUAL FOR MARKETPLACES, SEGUNDO O
OPERAR COREANO CHONG PARK KIM :
• Perfil e quantidade de visitantes • Perda de controle da identidade
• Percentual sobre vendas: da marca, do marketing próprio ou
audiência, exclusividade, força da atendimento ao cliente
marca e suporte ao seller e ao • Perda de acesso ao banco de
cliente. dados dos clientes
• Divulgação. • Não permissão de links para o site
• Prazo de recebimento. externo e anúncios externos

• Concorrentes: Vale a pena estar


junto com eles?
• Direitos e obrigações.
• Sistema de gestão de estoque.
• Operação: cadastramento de
produtos, gestão de preço, de
estoque e logística.

DIGITAL 62
INOVAÇÃO E DIGITAL
CAMINHAM JUNTOS O NECESSÁRIO
ESFORÇO DE CONSENSO E UNIÃO DA
TRIPLA HÉLICE PARA A
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

A digitalização da economia e da sociedade brasileira não avançará


sem um esforço concentrado e integrado de um tripé básico, formado
pelo setor público, universidades e pelas empresas.

A explosão inovadora, com desenvolvimento


tecnológico real, tem nas empresas e nas forças
de mercado um imprescindível sustentáculo.
Mas inovação e tecnologia não podem prescindir
de políticas públicas de qualidade, pois o
ritmo e a temporalidade desses processos não
têm sintonia automática com a atuação dos
mercados.
Apelos para que as empresas desenvolvam inovações radicais soam
bonito, mas são ineficazes na economia real, como o debate sobre os
avanços da digitalização deixa bem claro. São poucas as empresas
que estão preparadas para controlar, mesmo que parcialmente,
tecnologias de impacto, como inteligência artificial, big data, robótica e
outras.

Sem ter um rumo claro de país, desamparadas diante da competição,


carentes de profissionais qualificados, parte significativa das empresas
se acomoda na condição de usuária de tecnologias, que nem sempre
são as mais avançadas. A realidade é que o direcionamento para
a inovação precisa mudar, pois as empresas não são as únicas
responsáveis pelo baixo padrão de desenvolvimento tecnológico.

Glauco Arbix

DIGITAL 63
4 CONFIANÇA
E REGULAÇÃO
O DESAFIO DA CONFIANÇA NA
ECONOMIA DIGITAL E O
PAPEL DA REGULAÇÃO

A economia digital nasceu da Internet, que tem como princípio fundamental


a liberdade. A rede de computadores, criada com o intuito de sustentar
grupos de pesquisa de todo o mundo com conexões fundamentais para
a ciência e para as tecnologias da informação, dominou o mundo e abriu
inúmeras e inimagináveis possibilidades de aplicações em todos os
campos da vida.

Àmedida que a economia e as tecnologias digitais se amplificam e


impactam crescentemente as pessoas, as empresas, os governos e até
mesmo os rumos da globalização não somente requerem governança e
regulação em várias esferas, mas contam com a vigilância e o ativismo
da sociedade. Vivemos no mundo da algocracia e dos seus riscos éticos,
da gig economy, da economia do compartilhamento, do excesso de
informações e de desinformações, dos ciberataques com impactos
bilionários.

DIGITAL 65
Estão em jogo princípios fundamentais do ser humano, como liberdade,
democracia, privacidade e igualdade. Os avanços da economia digital e
a sua sustentabilidade requerem confiança entre os atores, em que tais
princípios serão respeitados e os negócios digitais servirão a propósitos
responsáveis.

Assegurar a privacidade dos dados pessoais, a segurança nas operações


digitais, o direito de concorrência leal e de tributação adequada, o respeito
à ética, a contribuição para a sociedade e para o meio ambiente, o trabalho
digno são alguns dos elementos que compõem a amplo espectro das
questões críticas que envolvem a confiança na economia digital e a sua
regulação pelas autoridades nacionais. E também compõem os debates
envolvendo as atitudes e responsabilização das grandes empresas de
tecnologia, que passam a ter na sua agenda estratégica preocupações
sobre como se proteger e como evitar serem responsabilizadas por
vazamento de dados, um crime, ou por atitude antiética, discriminatória ou
de ameaça à democracia. Como serem responsáveis socialmente diante
dos resultados do avanço das tecnologias digitais e dos novos modelos de
negócios?

São alguns dos temas relevantes analisados no quinto livro da coletânea


Economia Digital Passada a Limpo, algumas delas destacadas a seguir.

DIGITAL 66
OS LÍDERES DA ECONOMIA DIGITAL
DEVEM ADOTAR UMA

ABORDAGEM
CENTRADA NO
SER HUMANO
PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

As implicações negativas das novas tecnologias – erosão da privacidade, aplicação


de preconceitos e outros males – eram consideradas como meras “externalidades”,
irrelevantes para as próprias tecnologias. Porém, a fim de construir uma economia
digital verdadeiramente sustentável, esses aspectos negativos devem ser
reconhecidos como resultantes de decisões humanas no desenvolvimento e
aplicação de um conjunto diversificado de tecnologias.

Isso significa que novas regras e normas devem ser colocadas em prática para
governar as tecnologias e orientar a inovação responsável. No mínimo, isso inclui
avaliações de como essas tecnologias aderem às responsabilidades éticas
geralmente reconhecidas.

A tecnologia confiável também


deve incluir proteções adequadas
para valores compartilhados,
por exemplo, privacidade, antes
que essas tecnologias sejam
implementadas e adotadas.
Além disso, novos mecanismos de
responsabilização devem estar em
vigor para garantir que os erros
ou violações das expectativas
compartilhadas tenham soluções Daniel
eficazes. Dobrygowski

DIGITAL 67
PRINCIPAIS
TEMAS REGULATÓRIOS
QUE AFETAM A
ECONOMIA DIGITAL
A VELOCIDADE EXPONENCIAL DAS TECNOLOGIAS E DAS SUAS
POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO EXCEDE O RITMO DAS LEGISLAÇÕES E
JURISPRUDÊNCIAS E TRAZ NOVOS DESAFIOS. A REGULAÇÃO ENVOLVE
VÁRIOS NÍVEIS, PARTINDO DAS PRÁTICAS DE INFORMAÇÃO E DA
AUTORREGULAÇÃO.

Foco social e humano


• Inteligência artificial
• Letramento digital
• Legislação trabalhista
• Lei Geral de Proteção de Dados e Lei de Direitos Autoriais
• Privacidade
• Tributação de serviços digitais X não digitais
• Regulação do e-commerce
• Defesa do consumidor
• Desinformação

Foco competitividade
• Tributação de serviços digitais
• Cibersegurança
• Defesa da concorrência
• Padrões internacionais para serviços interoperáveis
• Documentação eletrônica

Foco inovação
• Lei Geral de Proteção de Dados
• Mineração de dados e de textos a partir de bancos de dados
• Propriedade intelectual
• Inteligência artificial
• Regulação bancária
• Marco Legal de Startups
• Aquisição de soluções inovadoras
• Sandbox regulatório

DIGITAL 68
O DESAFIO DE
REGULAR
SEM FERIR A LIBERDADE E O
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
A VOZ DE ESPECIALISTAS

Existe uma diferença muito grande entre a Revolução Industrial e a


Revolução Digital. Para um país ter uma indústria de ponta, ele precisa
vencer várias etapas antes: precisa ter infraestrutura, transporte,
indústria de base, e por aí vai... Precisa evoluir várias etapas para
chegar à final. Na Revolução Digital não. Se se garantir segurança
jurídica e gente qualificada, se consegue ir de 0 a 100 em poucos
anos.

Vinicius Poit

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Não é pequeno o desafio do legislador. É preciso elaborar normas não
restritivas, que abarquem uma visão processual em vez da produção
de regras que busquem abordar resultados substantivos ou tecnologias
específicas no tempo presente, e, ao mesmo tempo, que criem um
ambiente de segurança jurídica na utilização da IA, de modo a não gerar
desincentivos para sua implementação.

São perceptíveis as lacunas na regulamentação, que decorrem das


novidades trazidas pela implementação da tecnologia. Ao observar
a história de desenvolvimento da IA, principalmente o período de
disseminação de tecnologias como o deep learning, em 2015, por
meio do programa AlphaGO da empresa Google, percebemos que o
debate sobre a regulamentação ficou mais evidente em função das
possibilidades de aplicação abertas advindas do uso da tecnologia.

Um equilíbrio entre inovação tecnológica e


considerações de privacidade promoverá
o desenvolvimento de IA socialmente
responsável, que pode auxiliar na criação de
Bruno Jorge
valor público a longo prazo.
Soares

DIGITAL 69
A INTELIGÊNCIA A REGULAÇÃO DO SEU DESENVOLVIMENTO E

ARTIFICIAL É UMA
USO PODE SER DAR NA FORMA DE
C² = Comando e Controle
TECNOLOGIA DE (DETERMINA TECNOLOGIA, PROCESSO OU
PROPÓSITO GERAL DESEMPENHO) OU POR AUTORREGULAÇÃO

E PERVASIVA, (POTENCIAIS REGULADOS CRIAM E SEGUEM


SUAS REGRAS), EX-ANTE OU EX-POST.
IMPACTANDO TODA A NO BRASIL A REGULAÇÃO DE IA ESTÁ EM
SOCIEDADE. DISCUSSÃO.

REGULAR EX ANTE ANTES


Antecipar como uma tecnologia
molda uma sociedade e define
regras para minimizar riscos.
Ex: Princípio da Precaução

REGULAR EX POST

1 2
Tecnologia surge, se
desenvolve, interage e
impacta a sociedade.
Nesse momento, não há
regulação.

Nesse momento, Sociedade usa


Sociedade diz
não há regulação e a tecnologia e
como deve
somente discussão. discute os seus
ser a nova
impactos.
tecnologia.

Tecnologia pode aprender com


as iterações com a sociedade e
ter uma nova versão.

4 Nesse momento, a sociedade avalia


e interage com a nova versão da
tecnologia.
3

DIGITAL 70
A INOVAÇÃO PRECISA DE PROPRIEDADE
INTELECTUAL?
Os direitos de propriedade propriedade intelectual continuam a
funcionar como um estímulo à inovação (seja ela tecnológica
ou cultural) ou como uma camisa de força? O fato é que, hoje, a
propriedade industrial, e falando especificamente do sistema de
patentes da forma como ela foi concebida, precisa de alguns ajustes
para continuar a ter ou para passar a ter um incentivo à inovação
(historicamente, a gente pode até questionar se isso de fato ocorreu!).

Diogo Coutinho e Guilherme Carboni

DEFESA DA CONCORRÊNCIA NA ECONOMIA


DE PLATAFORMAS
O sistema jurídico brasileiro de defesa concorrencial está
compatível com as práticas e necessidades da economia
digital? Surge o desafio de compreender qual deve ser o
papel da autoridade de concorrência, pois se, por um lado,
é muito intervencionista, pode restringir a livre iniciativa
e atravancar o progresso tecnológico, por outro lado, se
muito permissiva, pode consentir na criação de grupos
econômicos tão fortes e colossais que subjugarão a livre Vicente
concorrência. Bagnoli

PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS


Pode-se imaginar que o acesso livre e indiscriminado aos dados
pessoais é útil para o desenvolvimento de novos negócios. Essa visão
simplista parece ocultar o fato de que a ausência de uma regulação
coesa sobre proteção de dados abre espaço para toda série de
incertezas sobre o que se pode fazer com um dado pessoal e como
as autoridades podem atuar nas atividades de fiscalização e de
sancionamento.

Carlos Affonso Souza

DIGITAL 71
PRIVACIDADE DE DADOS
O CUIDADO COM O GRANDE ATIVO
DA ECONOMIA DO SÉCULO XXI,
OS DADOS
DEVE SE SOMAR AO ESG COMO AS
,

GRANDES PREOCUPAÇÕES DAS


EMPRESAS E GOVERNOS

O uso irrestrito e sem regras desse O QUE AS EMPRESAS PRECISAM FAZER


que é o grande ativo que mobiliza PARA GARANTIR A PRIVACIDADE DE
a economia do século XXI [os
DADOS?
dados] pode gerar efeitos negativos
sistêmicos sobre todo o ecossistema Para além da atuação do órgão
digital, que podem ser comparados
regulador, a lei expressamente
aos que decorrem da exploração
desenfreada de recursos naturais
conferiu às organizações
ocorrida nas últimas décadas. um papel central a ser
desempenhado no processo de
Vale dizer, tanto num caso como no construção de uma cultura da
outro, que há o risco de ocorrer o que
proteção de dados pessoais no
os economistas chamam de “tragédia
dos comuns“, situação na qual todos
país. Destacam-se aqui a adoção de boas
práticas, a exemplo do privacy by design, de
perdem e sofrem com os problemas
regras de transparência e de mecanismos que
gerados em razão do predomínio de
facilitem o exercício de direitos pelos titulares; e
decisões fundadas em considerações
a implementação de mecanismos adequados
de curto prazo, que atingem e minam
de governança, que viabilizem o monitoramento
a sustentabilidade dos recursos
contínuo de riscos e a avaliação periódica das
coletivos no longo prazo, entre os
ações da organização, incluindo as medidas de
quais a própria confiança.
prevenção e segurança implementadas.

Miriam Wimmer e Lucas Borges

DIGITAL 72
O EXCESSO DE
INFORMAÇÃO,
CONTEÚDOS DE
BAIXA QUALIDADE
E A PANDEMIA DA
DESINFORMAÇÃO
SÃO
CONSEQUÊNCIA
DA PROFUSÃO
DE DADOS E DE
ESTRATÉGIAS
TECNOLÓGICAS
DAS PLATAFORMAS
COM BAIXO NÍVEL
DE REGULAÇÃO. A
CIRCULAÇÃO DE
DADOS E ÉTICA
ALGORÍTMICA SÃO
PREOCUPAÇÕES
CRESCENTES,
E A PRÓPRIA
TECNOLOGIA
PODE AJUDAR NO
CONTROLE.

DIGITAL 73
DESINFORMAÇÃO
LIBERDADE NA INTERNET
DA ORIGEM DE TUDO A UM
FUTURO AMEAÇADO PELA QUEBRA DE PRIVACIDADE,
DESINFORMAÇÃO E PRÁTICAS ANTIÉTICAS

A vantagem de existir a No Brasil, o artigo 12 do Marco Civil da Internet estabelece


internet e de poder usá-la uma estrutura legal abrangente para crescentes
livremente supera de longe intervenções por violações de proteção à privacidade.
os riscos que ela carrega. No entanto, embora seja pioneira no campo da
Entretanto, parece vital não privacidade e proteção ao consumidor, essa lei de 2014
só para a sobrevivência permanece em grande parte omissa quanto aos direitos
da rede, mas também, dos usuários da Internet de serem livres de propaganda
e especialmente, para a e quanto às responsabilidades das plataformas de
preservação da civilidade mídia digital em impedir sua disseminação.
nas relações humanas As plataformas de mídia digital
coletivas, e da morigeração deveriam ser obrigadas a ajudar
no trato pessoal, que sempre
a informar e educar os usuários e
observemos o princípio
visitantes sobre o conteúdo que
de Postel “sejamos
poderia ser enganoso antes de se
conservadores no
espalhar, ajudando tanto a educar os
que enviamos, e
cidadãos sobre técnicas úteis para
tolerantes no que
identificar a informação falsa quanto
recebemos“.
a limitar o ciclo de vida da publicação
Demi Getschko problemática.

Sascha Meinrath,
Steven Mansour,
Humza Jilani

DIGITAL 74
ÉTICA E TRANSPARÊNCIA INVISIBILIZAÇÃO
ANDAM JUNTAS COMO ESTRATÉGIA: A
DESINFORMAÇÃO PODE SE
Precisamos falar mais de mais ética e ESCONDER NOS CAMINHOS
menos de técnica.
TECNOLÓGICOS
As pessoas não sabem da importância
Ao publicar um conteúdo on-line e
dos dados, sobre seus respectivos dados,
divulgá-lo nas redes, ele ganha uma
sobre como aquilo está sendo usado
vida própria que, em certa medida,
e como aquilo pode estar está sendo
independe da referência original.
usado contra ela. As pessoas precisam
realmente de uma educação, precisam
Conteúdos de baixa
saber que aquele dado está sendo usado
para influenciar diversas tomadas de
qualidade tendem
decisões na vida dela. a ser publicados e
compartilhados rápida
A questão ética e a e longamente, o que faz
transparência estão muito com que a existência do
juntas para você poder conteúdo original seja muito
auditar uma resposta. Se menos relevante.
entro com um dado, sai uma
Nina Santos
resposta, é preciso entender
aquele processo. Como
funciona isso? As melhores
técnicas não estão prontas
para isso. Elas não fazem
isso. Tem muita coisa que
precisa ser feita.

Sandra
Ávila

DIGITAL 75
A PRÓPRIA TECNOLOGIA PODE
IDENTIFICAR VIESES E SE
AUTORREGULAR
A concepção das Há caminhos da regulação não
tecnologias utilizadas nos pelo caminho da lei, mas pelo
negócios digitais considera da tecnologia. São as assim
aspectos fundamentais, chamadas Privacy Enhancing
iniciando pela construção Technologies (PETs), de cujo
de sistemas éticos desde espectro deriva o conceito do
as etapas iniciais de privacy by design. Em outras palavras,
projeto (ethics by design). conceitos do direito à privacidade e proteção
Isso permite considerar de dados pessoais são incorporados, desde
a concepção da arquitetura dos sistemas (by
os diversos desafios que
design), e por padrões de configuração padrão
incluem o projeto de (by default), de modo a garantir condições
algoritmos e sistemas para que o usuário tenha possibilidade de
éticos, a (não) inclusão controlar sua privacidade e o tratamento de
de vieses humanos e seus dados pessoais
preconceitos nos dados
Vê-se portanto, que diversamente do antigo
e sistemas, a interação
paradigma de proteção de dados, com
e mediação ética das fulcro na autodeterminação informativa, que
tecnologias digitais com o tem mudado cada vez mais para colocar
ser humano e o uso dual da obrigações de responsabilização sobre os
tecnologia nos negócios. controladores de dados, como guardiões
confiáveis de dados pessoais, e obrigá-los
Luis Lamb a gerenciar riscos, o paradigma PET parte de
uma outra percepção, diante da concepção
de delegar à própria tecnologia a contribuição
mais significativa na proteção dos dados
pessoais.

Juliana Abrusio

DIGITAL 76
CIBERSEGURANÇA
É ELEMENTO DA SOBERANIA NACIONAL E DA
ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS

CIBERSEGURANÇA
EM NÚMEROS
As notificações referentes a
ataques cibernéticos contra
empresas brasileiras cresceram
220% no primeiro semestre de
2021 em comparação com o
mesmo período de 2020 (CVM).

45%
das empresas brasileiras
não estão preparadas para
Um vazamento de dados
combater crimes cibernéticos
demora, em média,

207
(MARSH/JLT, 2019).

O PREÇO DO CIBERCRIME DIAS

73
para ser identificado e
Gastos previstos com

U$S 3
cibersegurança em 2021:

DIAS
para ser contido
TRILHÕES (IBM).

A capacidade de manter a
Aumento de 220% no número de
continuidade da operação nesse
ataques cibernéticos a empresas
ambiente de ameaça persistente
brasileiras Q1 2021/Q1 2020.
é vital para a sobrevivência do
negócio.

DIGITAL 77
O SER HUMANO É O FATOR MAIS OS ATAQUES NÃO POUPAM
IMPREVISÍVEL E VULNERÁVEL. NINGUÉM:
O phishing é o início dos ataques e deve

43%
90%
ser alvo de treinamento das equipes:

dos ataques visaram a pequenas


empresas.

56,9%
dos ataques cibernéticos têm o seu
início com a aplicação da técnica de
phishing
(Microsoft Digital Defense Report)
das micro e pequenas empresas
O resultado da aplicação de um pesquisadas no início de 2021 não
treinamento anti-phishing publicado no implementaram ferramentas
Phishing by Industry 2020 Benchmarking de segurança cibernética em
Report: melhoria de 87% no desempenho. seus negócios. Dessas, apenas
21,4% possuem alguma solução
Inicialmente, sem qualquer tipo de implementada.
treinamento específico, 37,9 % do (Fonte: pesquisa ABDI/FGV, 2021).
universo pesquisado clicou em um link ou
respondeu a uma solicitação maliciosa.
Após um treinamento de 90 dias, aquele
número percentual reduziu para 14,1%. Ao
término de um ciclo de capacitação de
12 meses, apenas 4,7% .

DIGITAL 78
POR QUE A SEGURANÇA DEVE ESTAR NA SUA
LISTA DE PRIORIDADES:
• Ameaça à confidencialidade dos dados.

• Comprometimento da integridade.

• Risco de inconformidade.

• Diferencial de mercado.

Cada vez mais, os líderes Em uma realidade na


empresariais serão qual os ativos digitais
responsabilizados por são 85% do valor
seus acionistas, pelos de uma empresa,
reguladores e por seus cybersegurança
clientes, por garantirem passa a ser prioridade
uma boa cibersegurança. estratégica
das empresas,
A fim de reforçar a confiança, que é vital
compondo a gestão
para uma economia digital sustentável,
devemos implementar tanto uma
de risco sistêmico e
boa segurança quanto boas políticas devendo ser tema
e governança. É aqui que entram as dos conselhos
questões de responsabilidade, ética e empresariais.
responsabilização. Para construir uma
economia digital sustentável, devemos
assegurar que seus fundamentos
tecnológicos sirvam aos propósitos da
sociedade como um todo.

Daniel Dobrygowski
Wilson
Lauria

DIGITAL 79
A DEFESA DA CONCORRÊNCIA NA ERA DIGITAL

COMO SOBREVIVER
NA ERA DO PODER
DE MERCADO DAS
PLATAFORMAS
DIGITAIS GIGANTES?
Paulo Affonso de Souza

PRÁTICAS QUE PODEM AMEAÇAR A LIVRE CONCORRÊNCIA


1. Cartéis praticados entre empresas por meio da utilização de algoritmos.
Cláusulas de paridade de preços (price parity clauses) injustas para uso de
plataformas de vendas pela Internet.

2. Emprego do big data para determinar o perfil do consumidor e direcionar


vendas de produtos ou serviços.

3. Diferenciação ou discriminação de preços feita por sistemas que definem o


perfil do consumidor.

4. “Scraping” (cópia de conteúdo competitivo de sites temáticos rivais para uso


nos buscadores temáticos).

5. Adoção de cláusulas abusivas para licenciar programas de interoperabilidade


de anúncios nas plataformas de anúncios.

6. Proteção de dados na defesa da concorrência.

DIGITAL 80
AS GRANDES
PLATAFORMAS A ascensão das plataformas digitais e a
relevância que elas têm na estrutura do
DIGITAIS ESTÃO mercado trouxeram um significado inovador

SOB PRESSÃO que vai além de meros “facilitadores“ ou


“intermediários“ a uma verdadeira estrutura
CRESCENTE essencial (essential facility), que as leva a

DOS ÓRGÃOS serem compreendidas como serviços de


utilidade pública.
REGULADORES – Quanto maior e mais
EM JOGO ESTÃO poderosa a plataforma
A PRIVACIDADE digital, maior a dependência
que essa infraestrutura
DOS DADOS, A exerce na sociedade, o que
NEUTRALIDADE demanda um maior rigor
DA REDE, A na aplicação do Direito da
Concorrência, a submissão das
DEFESA DA superplataformas e até mesmo
CONCORRÊNCIA, regulamentações específicas.
A PROTEÇÃO DOS
PARCEIROS E DO Vicente
Bagnoli
CONSUMIDOR

DIGITAL 81
TRIBUTAÇÃO
SE AS
PROPOSTAS
DE REFORMA
OS PROBLEMAS TRIBUTÁRIOS TRIBUTÁRIA
DO MUNDO ANALÓGICO SÃO NÃO OLHAM
POTENCIALIZADOS NO MUNDO PARA A
DIGITAL
ECONOMIA
A tributação tem que estar em perfeita sintonia com: DIGITAL E A
• a tecnologia a ser implementada (a inteligência REALIDADE
artificial; o e-business e o e-commerce; os drones; as DAS EMPRESAS
bitcoins e as fintechs);
EXPONENCIAIS
• a internet;
E SEUS
• os dispositivos digitais nos processos de produção e
distribuição de produtos e serviços.
PRODUTOS
E SERVIÇOS
Exemplo de problema é o conflito de competências diante FLUIDOS, OS
do fracionamento dos serviços que compõem uma
solução digital e da delocalização da atividade digital e da
PROBLEMAS
sua distribuição. QUE JÁ
• Como se tributar tais serviços, uma vez que as fases do EXISTEM HOJE
valor agregado são distribuídas geograficamente pelo CRESCERÃO DE
mundo afora praticamente em tempo real?
MODO TAMBÉM
• O ISS, se devido, será cobrado por qual ente da
federação?
EXPONENCIAL.
• Será o Imposto sobre Serviços fracionado entre dois ou
mais entes tributantes?
Argos Gregório

• Os entes federativos do Brasil terão competência para


tributar tais serviços ou a tributação incidente deverá
ser fracionada entre os países nos quais eles foram
consumidos?
• Não seriam os países que detêm os softwares de
armazenamento on-line competentes para tributar
uma fração do valor final em relação ao valor
agregado?
• Sabendo que as APIs são como pedaços de programas
que podem ser reutilizados por outros programas
como se componentes deles fossem (ao exemplo
do mundialmente conhecido brinquedo de montar
“LEGO”), como é possível falar em tributação desse
tipo de serviço (ou seriam produtos), uma vez que são
prestados on-line por máquinas e se encontram em
lugares do mundo em que muitas vezes são totalmente
desconhecidos ou inacessíveis?

DIGITAL 82
5 FUTURO
E o futuro?

E O FUTURO?

Quais são as tecnologias que moldarão o nosso futuro digital? Qual o caminho
que tomarão os negócios habilitados pelas tecnologias digitais? Como as
transformações propiciarão as condições para a melhoria das vidas e de
desenvolvimento das nações? E como o nosso país abordará tal futuro? Em
ambientes de profundas mudanças e incertezas, realizar exercícios sobre
futuros possíveis – ou desejáveis – é fundamental. A coletânea Economia
Digital Passada a Limpo traz algumas reflexões dos autores sobre o que está
por vir e sobre a atenção necessária que todos temos que ter com as pessoas,
com as relações sociais e com o meio ambiente. Até mesmo a geopolítica e
as relações entre os países são objeto de atenção sobre o futuro digital.

A velocidade e a não linearidade das mudanças tecnológicas continuarão


dando o tom para o próximo período, o que exigirá das pessoas, das empresas
e governos a manutenção do senso de alerta e a neurose pelas adaptações
e mudanças permanentemente. “Empresas unicórnio‘“e “empresas camelo“
conviverão, combinando o DNA de inovação e adaptações sucessivas com o
DNA de resistência.

As transformações tecnológicas atuais que estão em curso não irão se


completar nos próximos anos, até mesmo porque em tecnologias como
5G e 6G ainda não conseguimos prever o real impacto que provocarão nas
cidades e nos negócios. O mesmo com relação ao metaverso e às inúmeras
possibilidades com o blockchain.

A crescente digitalização e plataformização da economia fará acelerar


exponencialmente o fluxo global de dados, gerando inúmeras oportunidades
de negócios e de serviços públicos e privados. Mas o fluxo acelerado e
a mineração de dados estarão cada vez mais na pauta das mudanças
climáticas. Big techs e green techs lidarão com os impactos do consumo
crescente de energia requeridos pela mineração de dados. As grandes
empresas de tecnologia elevarão seus investimentos em fontes renováveis.
As tecnologias digitais e seus usos também estarão cada vez mais na pauta
social, humana e política, abrangendo aspectos éticos relacionados aos
vieses dos algortimos, à privacidade, ao trabalho sem proteção social, à
desinformação, entre outros. Viveremos momentos de mais ativismo e de
mais regulação sobre o digital, em momento em que aumenta ainda mais
o poder das empresas plataforma no domínio da informação, o que as leva
também à horizontalização e criação de novos negócios.

DIGITAL 84
O mundo será cada vez mais open (open banking, open platforms, open
data, open APIs, open gov,….). Dados e APIs abertos adquirem importância
estratégica para a geração de novos negócios e para a maior inclusão de
pequenos negócios e startups. A demanda por open data deve crescer para
acelerar transformações nos serviços públicos.

As empresas acelerarão a sua transformação digital, sendo que as


pequenas e médias empresas o farão a partir da ligação com plataformas
de e-commerce ou de plataformas das empresas dominantes das suas
cadeias de valor, a montante ou a jusante. Vendas, relacionamento com os
clientes e eficientização devem continuar sendo os principais motivadores
da transformação digital dos pequenos negócios. No mundo volátil caem
barreiras à entrada; no mundo àgil cresce a importância do ecossistema e
da diversificação de parcerias para a combinação de ativos entre empresas
do mesmo segmento, empresas de outros segmentos e portes, startups e
centros de pesquisa.

Estes são alguns dos temas exploradas no tópico a seguir.

DIGITAL 85
AS TECNOLOGIAS
HABILITADORAS DA
TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL

DIGITAL 86
TENDÊNCIAS EM
DADOS
OFERTA DE MAIS VALOR DATA CAP
PARA O USUÁRIO Valuation da empresa com base nos
DISPONIBILIZAR SEUS DADOS dados que ela possui como ativos
A empresa terá que demonstrar valiosos.
mais valor agregado com o dado
e a finalidade do seu uso. Há maior
dificuldade de captura de dados com
a entrada em vigor da LGPD.
USO DOS DADOS PARA
CIBERSEGURANÇA
Prevenção e combate de ataques
cibernéticos.

MINERAÇÃO DE DADOS A
PARTIR DO INFORMATION
LIFE CYCLE
Saber minerar os dados que a
empresa já tem, começando pelo O PARADOXO AMBIENTAL
entendimento do ciclo de vida da
ENVOLVENDO OS DADOS
informação, seguido da curadoria,
A quantidade e velocidade de
construção de um processo
produção de informação são muito
semântico, tratar os dados para deles
maiores que o ganho de eficiência de
tirar o melhor proveito.
4G para 5G e para 6G.

ATRIBUINDO VALOR AOS DADOS

“As empresas têm que tirar o dado da


periferia e movê-lo para o lugar onde
pode ser mais bem aproveitado”.
Agostinho Villela

DIGITAL 87
NUVEM HÍBRIDA E
EDGE COMPUTING (OU
COMPUTAÇÃO DE BORDA)
Escolha de que dados armazenar na nuvem, em data centers
ou na borda das redes (em rede de microcentros de dados
que permite processá-los de forma local).

TECNOLOGIA, GREENTECHS E ESG A tecnologia edge cloud


computing vai além de
5G IMPULSIONA A TRANSFORMAÇÃO processar dados em tempo real.
DIGITAL, IOT, CIDADES INTELIGENTES Para as companhias, ela é uma
ferramenta eficiente de coleta
“O 5G não só se propõe a dar banda larga móvel (o que
de dados em redes corporativas,
por si só já é fantástico), mas a dar conexões de latência
aumentando a velocidade e
de alta confiabilidade e permitir 1 milhão de dispositivos
confiabilidade, fazendo com que
por quilômetro quadrado. Isso faz com que ele seja
haja um ganho de produtividade
muito mais pervasivo na sociedade e seja mais útil do
e uma qualificação na tomada
que qualquer outra geração anterior de tecnologia. Eu
das decisões.
não consigo imaginar transformação digital sem se
valer disso: alta velocidade, confiabilidade, baixa latência Mais de 50% da nova
e alta densidade”.
infraestrutura de TI
6G GREENTECH corporativa, em 2021,
“O 6G, diferentemente das tecnologias anteriores, estará “na borda”, em
não vai ser desconectado do ESG. Ele é parte integral. vez de datacenters
Não basta dar, a cada 10 anos, uma nova geração corporativos –
de telefonia celular mais bacana se não tiver uma atualmente esse
conexão mais forte com questões ambientais, sociais,
número está em 10%.
etc. A pegada de carbono da internet das coisas é 1/8
do benefício que ela pode trazer para a Terra. Cada IDC InfoBrief. 2021 Outlook for
vez mais você precisa de tecnologias desse tipo, que Edge Services. In: https://
img03.en25.com/Web/
a pegada de carbono ideal seja setada n vezes para o
LLNW/%7Ba395f644-7dd2-
benefício que ela possa trazer para sociedade.” 42be-9afd-751d80a70832%7D_
DATA CENTERS COM ENERGIA RENOVÁVEL IDC-2021-Outlook-For-Edge-
Services.pdf
Os centros de computação são um dos grandes
consumidores de energia e têm que se preocupar com
isso. Tanto é que você está vendo data centers que
dizem: “toda a minha energia vem de fontes renováveis”.
Cada vez é menos modismo e mais sincero, porque está
caindo a ficha de que o negócio é sério.
Agostinho Villela

DIGITAL 88
COMPREENDENDO O
METAVERSO
“O Metaverso é uma Ao invés de uma realidade digital
paralela, o Metaverso é a própria
rede em grande escala e
realidade. Uma revolução tecnológica
interoperável de mundos na qual não há mais distinção entre o
virtuais 3D renderizados físico e o digital.
em tempo real que podem
ser experimentados É como atravessar o espelho de
de forma síncrona e Foucault, permitindo a navegação
por entre heterotopias distintas em
persistente por um número
um passe de mágica.
efetivamente ilimitado de (FOUCAULT, 1984)
usuários com um senso
de presença individual O metaverso transforma salas
e com continuidade de de aula em naves espaciais para
estudar o sistema solar, salas de
dados, como identidade,
jantar em salões de conferências
história, direitos, ou a sua cadeira do ônibus em uma
objetos, comunicações e mesa de pôquer com amigos.
pagamentos”.
(BALL, Jun 29, 2021) É uma promessa muito sedutora,
com grande potencial de
enriquecimento da experiência
humana, mas também com riscos
que devem ser discutidos hoje, antes
de consolidarmos o metaverso.

Marcello Caldas Bressan

ARTIGO
ESPECIAL
COMPLETO
pág. 105

DIGITAL 89
METAVERSO
AINDA NÃO TEMOS A VISÃO
COMPLETA SOBRE A TECNOLOGIA
E SUAS POSSIBILIDADES DE USOS E
NEGÓCIOS
Espaços phygitais que são “donos O Metaverso é composto por um
de si” e meta-humanos navegando conjunto de categorias que abrem
junto com humanos para cocriar inúmeras possibilidades:
parece algo saído de filmes de 1. Hardware
ficção científica, mas pode ser uma 2. Rede
realidade mais próxima do que 3. Poder computacional
você imagina. 4. Plataformas virtuais para os
mundos digitais imersivos
Mas, se levarmos em conta o
tridimensionais
estágio tecnológico atual, diria que
5. Ferramentas e padrões para
estamos bem distantes.
pagamentos com moedas
Marcello Caldas Bressan digitais
6. Conteúdo, serviços e ativos do
metaverso
7. Comportamentos do Usuário

Ainda não se tem a visão completa do metaverso e suas possibilidades,


pois requer:
• avanços técnicos (ex: produzir simulações persistentes
compartilhadas que milhões de usuários sincronizam em tempo
real);
• revisões nas políticas de negócios ;
• mudanças no comportamento do consumidor;
• regulação.

DIGITAL 90
INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL
Aprofundamento do seu uso como
propósito geral, aplicada a todos os
setores e portes, a partir do 5G.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DE TUDO - AIoT

A estratégia de negócio global da empresa é ter a


inteligência artificial sempre atuando em conjunto
com os produtos conectados, sejam eles sensores,
máquinas ou equipamentos.
É o que chamamos de AIoT.
Besaliel Botelho

IA – inteligência artificial, CX –
Customer Experience, multicanalidade
e personalização são as principais
tendências para transformar a jornada
de atendimento. Há poucos anos, a
inteligência artificial (IA) era um campo
da ciência computacional segregado
aos filmes de ficção científica, mas
avanços importantes na tecnologia
nos últimos cinco anos a fizeram parte
integrante de quase tudo o que move
a nova economia: de algoritmos de
busca a indicação de produtos, da
otimização logística ao atendimento.
Nos dias atuais, não existem modelos
de atendimento que não contem com Alex Winetzki
e Guilherme
inteligência artificial em seu projeto. Stefanini

DIGITAL 91
SE DADO É O NOVO PETRÓLEO, ASSIM COMO A
ECONOMIA DO CARBONO ESTÁ SOB QUESTÃO,
O FUTURO DA IA REQUER ATENÇÃO
AOS VIESES DISCRIMINATÓRIOS.

Os processos de Big Data codificam o passado. Eles não inventam o


futuro. Fazer isso requer imaginação moral, e isso é algo que apenas
os humanos podem fazer.

Temos que incorporar explicitamente valores


melhores em nossos algoritmos, criando
modelos de Big Data que sigam nossa
liderança ética. Às vezes, isso significará
colocar a justiça à frente do lucro.
Luis Lamb

Têm aparecido, cada vez mais,


ferramentas que tentam pegar
um modelo e identificar se há viés.
Atualmente, a questão do viés é uma
preocupação para quase todos os
profissionais de TI. A recém-divulgada
pesquisa Global AI Adoption Index 2021
apontou que 94% deles relatam que
é importante para seus negócios ser
capaz de explicar como a IA chegou a
Agostinho
uma determinada decisão. Villela

DIGITAL 92
QUAL O
FUTURO DA
SOCIEDADE
NA ERA DIGITAL?

• Associação mais profunda entre gap digital e desigualdades


sócioeconômicas.

• Aumento do ativismo a respeito de privacidade, ética, cobrança das


empresas por envolvimento com aspectos sociais e ambientais.

• Aumento da demanda e da oferta de capacitações de curta


duração em STEAM.

• Maior comprometimento das empresas de tecnologia com reskilling


e upskilling.

O médico na era da IA tem que estar bem


mais preparado para conhecer o ser humano.
Não mais depender apenas de exames, mas
estar ciente que a automação vai demandar
um olhar muito mais humano para seus
pacientes. Combinando a força de humanos e
máquinas, a inteligência emocional humana
com a inteligência estatística e matemática das
máquinas teremos uma nova medicina. Uma
medicina onde a empatia, hoje desestimulada
nas escolas de medicina, passa a ser o principal
diferenciador do médico humano dos robôs
e assistentes virtuais. A medicina torna-se
humana e não mais uma medicina industrial,
entregue como uma linha de montagem.
Cezar Taurion

DIGITAL 93
E COMO OS PAÍSES PODEM
SE POSICIONAR NAS
ONDAS DE MUDANÇA
TECNOLÓGICA?
Primeira onda: revolução digital das
tecnologias Web 2.0, e essa onda está no seu
auge na fase de implantação.
Já afetou a maioria dos setores dos países
desenvolvidos e fez bons avanços nos países
em desenvolvimento de maior renda.
A outra onda tecnológica que agora estamos
vendo é baseada em tecnologias como
inteligência artificial, robótica, Internet das
Coisas (IoT), blockchain e outras associadas
à indústria 4.0. Essa onda está em seu
estágio inicial de instalação no paradigma da
revolução tecnológica.
No entanto, essas revoluções tecnológicas
ainda não são a realidade para a maioria das
pessoas em países em desenvolvimento de
baixa renda.
Essas grandes ondas de mudança tecnológica
realmente se comportam como ondas que
começam em um ou dois dos países mais
tecnologicamente avançados e depois se
espalham pelo mundo – primeiro para outras
economias avançadas, depois para setores
mais complexos de economias emergentes, e
ao longo do tempo elas se movem em direção
às economias mais periféricas.
Clóvis Freire

DIGITAL 94
PAÍSES E CIDADES
• Aceleração da disputa pela A competição por empresas líderes,
hegemonia econômica entre EUA tecnologias, padrões técnicos, dados,
e China por empresas líderes, mercados, comércio e investimentos
tecnologias, padrões técnicos, dados, traz o alerta para possível
mercados, comércio e investimentos fragmentação da economia digital.
trazem o alerta para uma possível Nesse contexto, várias perguntas se
fragmentação da economia digital. impõem, por exemplo: as tensões
Padrões, plataformas, APPs, Internet ou podem levar a estruturas tecno-
splinternet? econômicas distintas? Farão surgir
diferentes padrões técnicos, gerando
• Semicondutores, inteligência
dificuldades de compatibilização?
artificial, data sciences e segurança
Aprofundarão a separação entre a
cibernética no centro das estratégias
internet na China e nos EUA, com um
e dos investimentos de P&D público e
número cada vez maior de aplicativos
privado .
e plataformas que funcionam apenas
• Aceleração de debates sobre em uma ou outra jurisdição? A internet
regulação e governança global em passará a se aproximar de uma
temas como padrões, dados, uso de splinternet?
IA, segurança e resiliência cibernética.
• Aprofundamento do gap digital entre Governança de dados em
países. nível global, segurança
• 5G acelerando cidades inteligentes. nacional e defesa e
• Pressão logística por centros resiliência cibernética
urbanos de distribuição menores e passam a ser foco de
pulverizados. atenção na formulação de
• Governos abertos e governo como políticas nacionais para
plataforma criando ambientes de tecnologia, comércio e
negócios mais favoráveis e soluções investimentos.
para os problemas do cidadão.

Tatiana Prazeres

DIGITAL 95
O FUTURO DOS
NEGÓCIOS
NA ERA DIGITAL
A CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA E A DISSEMINAÇÃO DAS
APLICAÇÕES DIGITAIS CRIANDO NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS E
NOVOS NEGÓCIOS
• A crescente plataformização dos negócios promove a horizontalização das empresas e
entrada em novos mercados fora do seu core business.
• A economia do tudo “open” facilitará a criação de novos negócios e o avanço de
parcerias de negócios e tecnológicas (open banking, open data, open platform, open
gov, open APIs...).
• A crescente disponibilização de APIs (Application Programming Interface) ao mercado
deve acelerar a implantação de novos negócios digitais e a diferenciação das ofertas
(o uso de APIs cresceu no Brasil 159% em 2020 e há mais de 1 milhão de APIs ativos)- o
dado pode ser usado para ilustrar a tendência.
• As conexões crescentes entre as várias tecnologias e negócios contribuirão
decisivamente para a criação de novos negócios.
• O crescimento exponencial do e-commerce forçando a reinvenção da logística (os
grandes centros de distribuição localizados fora dos grandes centros urbanos estarão
combinados com centros de distribuição menores nos centros urbanos).
• A integração digital abrangente e on-line nas cadeias de valor começa a ganhar
tração e, em consequência, os modelos de negócio das empresas e suas respectivas
cadeias evoluem em direção a modelos integrados, conectados, inteligentes e
servicizados (4.0).

MATURIDADE DIGITAL CRESCENTE E


RESILIÊNCIA EMPRESARIAL A CRISES
• Aumento da maturidade digital das empresas no pós-pandemia, com foco em
eficientização e no relacionamento com os clientes.
• A transformação digital e cibersegurança crescentemente estarão no centro da
gestão estratégica das empresas de todos os portes.
• A fluência digital das lideranças empresariais deve se somar, como um dos principais
atributos dos líderes, ao olhar atento sobre o futuro ainda não existente.
• A tecnologia cada vez mais quer ser embutida em tudo na empresa e não como um
centro de custo.
• Diante das incertezas e mudanças velozes no cenário macroeconômico, de negócios e
de tecnologias, é hora das “empresas-camelo” (resistentes a mudanças estruturais e a
riscos sistêmicos).

DIGITAL 96
O FUTURO DOS
NEGÓCIOS
NA ERA DIGITAL

AS MUDANÇAS DO CONSUMIDOR
VIERAM PARA FICAR
• Consolidação da nova matriz de consumo, Há pouco tempo as
baseada no figital (multicanalidade), no mudanças eram mais
compartilhamento de bens e serviços, no “faça de tecnologia, mas
você mesmo”, no consumo consciente.
agora combinam
• As organizações exploram cada vez mais o
relacionamento com o cliente baseado em IA,
novas tecnologias,
na hiperpersonalização baseada em dados, novos modelos
a UX (User Experience) para garantir compras de negócios e
sem fricção, o marketing de conteúdo. abundância de
dinheiro para
O ECOSSISTEMA MANTÉM FORÇA investir e patrocinar
• Ganha força a gestão de parcerias para a aplicação dessas
combinar os ativos com os dos parceiros,
tecnologias. O
adquirir proficiência de velocidade de decisão
e de execução.
empresário tem
• Reforço da inovação aberta envolvendo que ser neurótico,
médias-grandes empresas, startups e estar sempre alerta,
universidades-centros tecnológicos. pois as ameaças e
concorrências vêm de
ESG PLUS diversas áeas. Temos
• Aumento do papel das tecnologias mais players e mais
e das empresas tecnológicas para o
oportunidades.
desenvolvimento de green techs e de
negócios e práicas sustentáveis Marco Stefanini
• A relevância crescente da Confiança dos
cidadãos, consumidores e empresários na
economia digital traz a necessidade de
estratégias e práticas empresariais do tipo ESG
Plus ou TESG (inclusão de Trust, que considera
o respeito à privacidade de dados e à ética
nos negócios, para além dos compromissos
sociais, ambientais e de governança).

DIGITAL 97
O FUTURO
PRÓXIMO
NÃO SERÁ
LINEAR
O futuro próximo não será linear, mas sim
repleto de mudanças, que não irão se completar
totalmente, o que requer organizações mais
resistentes, robustas e resilientes.

É a hora das “empresas-camelo”, não das


empresas-unicórnio, foco dos últimos 30 anos.
Estamos à beira de um deserto. Precisamos de
organizações que sejam capazes de aguentar e
de se adaptar às mudanças que estão ocorrendo
e que só irão se completar na década de 2030,
quando se anuncia o sexto ciclo de Kondratieff.

Por décadas, o mantra organizacional foi a busca


de performance, mas essa busca criou empresas
de alto risco e alto retorno, porém vulneráveis
a mudanças estruturais e a riscos sistêmicos.
A necessidade nos próximos anos é a de criar
organizações com médio risco e médio retorno,
mais resistentes, robustas e resilientes.
Paulo Vicente Alves

DIGITAL 98
A integração digital abrangente e on-line nas cadeias
de valor começa a ganhar tração na maioria das
economias desenvolvidas e, em consequência, os
modelos de negócio das empresas e suas respectivas
cadeias vêm evoluindo em direção a modelos
integrados, conectados, inteligentes e servicizados
(4.0). Os diferentes elos das cadeias de valor e das
atividades intraempresa ficarão tão integrados
(independentemente das respectivas localizações
físicas) que suas fronteiras tendem a se desfazer. Serão
cadeias inteligentes porque informações econômicas
e técnicas serão captadas e processadas on-line,
de modo que, através de algoritmos de inteligência
artificial, decisões de ações e reações a fenômenos
produtivos e mercadológicos poderão ser delegadas
a equipamentos e sistemas digitais. Modelos dessa
natureza permitem que as empresas forneçam bens e
serviços intrinsecamente complementares, ou que, ao
invés de apenas vender, comercializem o uso de bens
sob a forma de serviços.

Ao gerar novas eficiências e vantagens competitivas,


tais modelos aceleraram as estratégias empresariais de
digitalização dos processos, produtos e cadeias de valor,
viabilizando a otimização da gestão de toda a cadeia.
Por exemplo, será possível aumentar precisão dos
parâmetros de eficiência em todos os elos, combinando
escala com diferenciação e customização de produtos
conectados/inteligentes e, no limite, personalizando tais
bens de consumo.

Luciano Coutinho

DIGITAL 99
OS MERCADOS
DO AMANHÃ
Eixos tecnológicos que mais têm recebido investimentos, induzidos
pela corrida militar, sinalizando as tecnologias e negócios do futuro:
1. Tecnologia espacial
2. Fontes de energia renovável
3. Automação (Indústria 4.0)
4. Agricultura de precisão
5. Infraestrutura e logística
6. Transformação digital
7. Melhoria humana (Human Enhancement Technologies – HET)

Paulo Vicente Alves

OS MERCADOS DO AMANHÃ

Salvaguardando as fronteiras Capacitanto e protegendo Avançando o conhecimento


planetárias pessoas 17. Inteligência Artificial
1. Veículos elétricos 7. Antivirais de amplo 18. Genes e sequências de
2. Permissões de gases de espectro DNA
efeito estufa 8. Cuidado 19. Serviços de satélite
3. Hidrogênio 9. Dados 20. Voos espaciais
4. Reciclagem de plásticos 10. Serviços financeiros digitais
5. Serviço de reflorestamento 11. Editech e serviços de
6. Direitos de água e créditos requalificação
de qualidade 12. Serviços de transporte
baseados em hyperloop
13. Novos antibióticos
14. Medicina de precisão e
medicamentos órfãos
15. Capital de habilidades
16. Seguro-desemprego

DIGITAL 100
Os Mercados do Amanhã
podem transformar nossa
economia. Um novo mercado
se constrói e substitui os
anteriores e pode se tornar
uma parte de um novo
paradigma, impulsionando
a transformação econômica.
Esta, por sua vez, requer a
transição de um conjunto
de tecnologias e instituições
para outro. Apesar de o Brasil
apresentar sólidos sistemas
tecnológicos (destaque
para tecnologias agrícolas
e alimentares, internet das
coisas e computação em
nuvem e tecnologias de
processamento de informação
como IA , big data, VR e AR ),
não tem um tecido social e
institucional igualmente sólido
e dinâmico para construir os
mercados do futuro.
Attilio di Battista

DIGITAL 101
OPEN DATA
A ECONOMIA DE Dados abertos são aqueles

TUDO disponibilizados ao público


(cidadãos, empresas e

“ABERTO” agentes públicos) e que podem


ser utilizados, reutilizados,
analisados e compartilhados.
Podem ser usados para validar
modelos de análise e ajustar
algoritmos de inteligência
OPEN BANKING
artificial e aprendizagem de
O poder
máquina. Podem ser ativos
transformador
fundamentais para uma
do open
economia mais inclusiva
banking guarda
e competitiva, ajudando
semelhança com
a encontrar soluções para
a internet. No seu
problemas que afetam toda
início, não se fazia
a humanidade nesse mundo
ideia de como
transformado pela pandemia e
mudaria a vida da
que requer múltiplas formas de
sociedade mundial.
cooperação.
Por razões de limites de capacidade de
Otávio Damaso
fazer uma transformação digital em sua
plenitude, o acesso a dados relevantes para
os pequenos negócios deve ser parte de uma
estratégia de dados abertos (open data), que
facilita a entrada dos pequenos negócios na
economia digital. O Governo Federal já vem
trabalhando uma política de dados abertos
e de serviços digitais e grandes corporações,
sobretudo na perspectiva de inovação aberta,
e tem disponibilizado dados abertos que
podem orientar estratégias de negócios de
pequenas empresas.
Vinícius Lages

DIGITAL 102
GOVERNO ABERTO E COMO A ÚNICA
E GOVERNO COMO CERTEZA SÃO AS
PLATAFORMA MUDANÇAS,
SEMPRE
A ideia de open by
default se caracteriza
pela possibilidade de
cidadãos e empresas HAVERÁ
acessarem dados
governamentais QUESTÕES
e participarem
dos processos de EM ABERTO
elaboração de
políticas públicas.
Essa colaboração gera
A bolha das techs virá?
valor, conhecimento
e inteligência, que Qual o alcance e impacto de
podem ser utilizados tecnologias como 5G, 6G e metaverso?

no desenho de O quanto a segregação digital e a


novas iniciativas, concentração de poder digital podem
mapeamento e se transformar em movimentos sociais
de caráter local e global?
caracterização de
desafios, crowdsourcing A regulação sobre o digital passará a
ser mais restritiva?
para novas ideias
e soluções, sendo
imprescindível para o
sucesso das compras
públicas de inovação.

Jackline Conca e
Maycon Stahelin

DIGITAL 103
Entre as modernas técnicas de gestão estratégica e
de gestão da inovação, é estimulado o uso de ficção
científica como ferramenta de antecipação do futuro.
Em um cenário de ficção científica retratado nos
alarmantes episódios da série do Netflix, Black Mirror,
poderíamos pensar em futuros com riscos evitáveis?
Assim como há um grupo de riscos mais afeito a todo
tipo de negócios, como os ciberataques, outro grupo
adquire uma perspectiva mais ampliada, ao envolver
não somente as empresas, sejam elas as empresas
em geral ou as grandes plataformas digitais (que,
ao mesmo tempo que são impactadas, são atores
relevantes na geração dos riscos), mas também
os cidadãos, as relações de trabalho, a relevância
das pessoas, a liberdade e a democracia. Estamos
falando da privacidade de dados pessoais, de ética
algorítmica, da desinformação como estratégia,
de gaps digitais causados por falta de capacidade
formativa, de renda, de acesso à infraestrutura
digital, mas também de trabalho digno no mundo
digital. As grandes plataformas digitais são o
principal alvo dos questionamentos. O livro traz uma
série de artigos que descrevem e avaliam tais riscos à
confiança na economia digital e, por que não dizer, ao
futuro da humanidade, como alerta Yuval Harari.
Heloisa Menezes e
Carlos Arruda

DIGITAL 104
ARTIGO ESPECIAL

COMO O
METAVERSO
PODE IMPACTAR A
SOCIEDADE E
AS EMPRESAS? Marcello Caldas Bressan

INTRODUÇÃO
O autor de ficção científica William Gibson deu origem a um termo que traduziu
a essência das transformações que a computação trouxe para a humanidade,
abrindo as portas paraa Era da Informação.

Trata-se do “Ciberespaço”, um não lugar no qual as interações ocorrem sem


a dependência de um espaço físico,conforme descrito em seu livro de 1984,
“Neuromancer” (GIBSON, 2013).

Pierre Lévy define o Ciberespaço como “espaço decomunicação aberto pela


interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”
(LÉVY, 2010).

A informação se tornou uma espécie de entidade


viva, que trafegava por uma dimensão abstrata,
“dentro” dos computadores e, ao mesmo tempo,
muito mais ampla.

No entanto, ter a tela do computador como uma


janela para o ciberespaço não era o suficiente
para explorar o potencial que a internet possuía
no imaginário coletivo.

DIGITAL 105
Foi então que o termo “Metaverso” foi utilizado pela primeira vez em 1992, no
livro de Neal Stephenson intitulado “SNOWCRASH”. Stephenson descreve uma
camada digital da realidade que se sobrepõe ao mundo físico, percebida graças
a periféricos como capacetes de realidade virtual, mas suas interações dialogam
com o mundo físico.

O Metaverso de Stephenson difere do Ciberespaço de William Gibson, pois a


mecânica de sua interação é de sobreposição.

Ao invés de uma realidade digital paralela, o


Metaverso é a própria realidade. Uma revolução
tecnológica na qual não há mais distinção entre
o físico e o digital.

É como atravessar o espelho de Foucault,


permitindo a navegação por entre heterotopias
distintas em um passe de mágica (FOUCAULT,
1984).

O metaverso transforma salas de aula em naves


espaciais para estudar o sistema solar, salas
de jantar em salões de conferências, ou a sua
cadeira do ônibus em uma mesa de pôquer com
amigos.

É uma promessa muito sedutora, com grande


potencial de enriquecimento da experiência
humana, mas também com riscos que devem
ser discutidos hoje, antes de consolidarmos o
metaverso.

Olhemos, por exemplo, o mundo descrito por Ernest Cline em seu livro de ficção
científica de 2011, “Ready Player One”.

A trama se desenrola com tons distópicos, e tudo gira em tornode uma única
corporação que controla o metaverso e gamifica a desigualdade social.

DIGITAL 106
O que parece ser uma revolução pode, talvez, ser apenas o próximo passo da
Internet, sujeito a incidentes históricos parecidos,como foi a bolha das empresas
Dotcom, de 1995 a 2000.

Ao longo desse período, houve uma supervalorização das empresas de mídia e


comércio eletrônico seguida de um estouro atrelado a fatores como decisões ruins
de investidores, performance do varejo digital em 1999, e aos gastos acelerados
relativos à transiçãopara o ano 2000 (lembram do “bug do milênio”?).

É indiscutível que estamos observando um conjunto de nichosde mercado


surgindo de forma acelerada. Portanto, vamos explorar ao longo deste artigo como o
metaverso pode vir a impactar a sociedade e empresas, levando em consideração
que vários players já estão se posicionando.

DEFININDO O METAVERSO
Muitos conceitos que emergem na ficção científica acabam ficando no domínio
do imaginário, como as máquinas de teletransporte de “Star Trek” ou o Delorean de
“De Volta Para o Futuro”.

Mas e quanto ao Metaverso? Quão distantes estamos


da visão proposta por Stephenson em “Snow Crash”?

Se levarmos em conta o estágio tecnológico atual,


diria que estamos bem distantes.

Então, do que estamos falando quando falamos de metaverso hoje, em 2021?

Para fins de simplificação, vou propor três possibilidades:


1) Metaverso como a promessa de um mundo phygital 100% interconectado e ubíquo,
tal qual imaginado por Stephenson.Aqui tratamos da visão das grandes empresas
que estãoinvestindo na infraestrutura para tornar isso tudo realidade.
2) Metaverso(s) como ambientes virtuais interativos. Aqui falamos de plataformas
digitais de jogos ou chats virtuais com avatares que podem se deslocar no
ambiente virtual com certa liberdade. Aqui são empresas de jogos, redes sociais
e mídia que tentam promover interações com uma camada de serviços digitais.
Pensem em jogos como o Second Life ou Roblox.
3) Metaverso como simulação do mundo, podendo conter um marketplace de assets
digitais com geolocalização ou recursos de simulação avançados para estudos
científicos. Pensem em plataformas como Next Earth ou Earth-2 da NVIDIA.

DIGITAL 107
Essas definições frequentemente se sobrepõem. Portanto, é comum as
expectativas parecerem exacerbadas.

Existem, pois, alguns elementos que nos ajudam a identificarse estamos de fato
falando de Metaverso:

1. Seja persistente.

2. Seja síncrono e ao vivo.

3. Sem limites de usuários simultâneos, ao mesmotempo fornecendo a cada


usuário uma sensação individual de “presença”.

4. Seja uma economia em pleno funcionamento

5. Seja uma experiência que abrange o mundo físico e o digital, redes privadas
e públicas, plataformas abertas e fechadas.

6. Oferece interoperabilidade sem precedentes.

7. Ser preenchido por ‘conteúdo” e “experiências’ criadas e operadas por uma


gama incrivelmente ampla de colaboradores.” (BALL, 2021).

Para deixar mais claro, dentro do que já está sendo trabalhadopor todo um
ecossistema de empresas de mídia e tecnologia atualmente, temos uma
descrição mais técnica:

“O Metaverso é uma rede em grande escala


e interoperável de mundos virtuais 3D
renderizados em tempo real que podem ser
experimentados de forma síncrona e persistente
por um número efetivamente ilimitado de
usuários com um senso de presença individual
e com continuidade de dados, como identidade,
história, direitos, objetos, comunicações e
pagamentos.” (BALL, jun. 29, 2021).

DIGITAL 108
Essa definição é interessante, pois ela ajuda
a dimensionar o desafio numa perspectiva
tecnológica, ao mesmo tempo que dá uma noção
de seu potencial para os negócios.

A euforia provocada por uma nova arena, ainda em estágio embrionário, despertou
uma legião de artistas digitais e colecionadores para o potencial de aquisição e
venda de ativos digitais graças aos NFTs, tokens digitais não fungíveis.

Um NFT permite que você possua um certificado único de propriedade de um ativo


digital. Por mais que o ativo possa ser copiado, um contrato inteligente é gerado, e
o reconhecimento do real detentor da obra é atribuído ao comprador.

Isso passa a fazer mais sentido quando entendemos queexistem artefatos digitais
de grande valor circulando de forma consistente dentro de diversas plataformas
digitais e jogos on-line.

É o caso dos jogos no modelo Play to Earn (P2E), como o Axie Infinity, em que o
jogador recebe moedas digitais do jogo que podem ser vendidas para outros
usuários por bitcoins ou moedas convencionais.

REALITY PRIVILEGE
Uma ínfima parte da população mundial tem acesso a ambientes e experiências
extremamente gratificantes ao longo desuas vidas.

Restaurantes luxuosos, viagens para locais paradisíacos e baladas incríveis com


pessoas interessantes de vários locais do mundosão um luxo para poucos,
particularmente durante a pandemia.

Paradoxalmente, a vasta maioria das pessoas simplesmente

não tem acesso a tal estilo de vida por questões financeiras, contentando-se com o
que o mundo virtual tem a lhes oferecer.

DIGITAL 109
No Metaverso é possível viajar, se divertir,
encontrar o amor e muito mais de forma mais
frequente e acessível.

É o conceito de Privilégio de Realidade:

O entendimento de que as vidas no Metaverso


serão imensamente mais gratificantes do que
no mundo real, a menos que você seja rico o
suficiente para desfrutar do mundo físico.

Shaan Puri, um empreendedor da área de tecnologia, postou uma tread


recentemente no Twitter:

“O metaverso é o momento em que nossa vida digital vale mais para nós do
que nossa vida física.” (PURI, 29/10/2021)

Nós já vivemos com nossas pegadas digitais, o que nos permite entender o quanto
nossas vidas digitais valem para grandes corporações.

Poucos aspectos de nossas vidas, em uma perspectiva administrativa, estão


isentos de serem digitais.

Pergunto-me, no entanto, se nossas vidas deveriam alicercear seu valor nisso.

REGRAS DO METAVERSO

Quando vemos o quanto somos vulneráveis


diante das ameaças do mundo digital,
estremecemos diante do que pode vir se aqueles
que estão criando o Metaverso não refletirem
sobre suas implicações éticas.

É comum que pessoas da área de tecnologia se


proponham a estabelecer fronteiras éticas para
sua atuação, como foi o Manifesto Hacker.

DIGITAL 110
Em um movimento para o
bem-estar comum, Tony
Parisi propõe 7 regras
para o Metaverso:

“Regra #1.
Só há UM Metaverso.

Regra #2:
O Metaverso é para todos.

Regra #3: Parisi é extremamente crítico


Ninguém controla o quanto a definições ambíguas de
Metaverso. Regra #4: O Metaverso.
Metaverso é aberto.
Ele defende que deve haver
um único metaverso, aberto e
Regra #5:
interoperável, acessível por todos.
O Metaverso independe de
hardware. “Ninguém controla o Metaverso.
É o bem comum universal para
Regra #6: a comunicação e o comércio
O Metaverso é uma Rede. digital,intermediado conforme as
necessidades ditam, governado
Regra #7: conforme necessário para o
interesse comum, em direção ao
O Metaverso é a Internet. bem maior para o maior número.”
“(PARISI, 2021). (PARISI, 2021).

Uma visão interessante, porém, historicamente observamos que existem


chances maiores de o Metaverso ser controlado por grandes corporações ou
barrado por fronteiras geopolíticas.

Seria de fato um grande avanço para a humanidade termos enfim a “Aldeia


Global” (MCLUHAN, 1974) de Marshall McLuhan tomando vida graças ao
Metaverso.

DIGITAL 111
CYBRID
Em sua obra “Os Meios de Comunicação como Extensão do Homem”, McLuhan
defende que utilizamos as mídias como extensões de nosso sistema nervoso.

Ele preconizava que fazemos isso para alcançar lugares e pessoas em todo mundo
simultaneamente, formando uma grande rede.

Peter Anders identificou a necessidade de dar uma estrutura cognitiva que


conectasse o espaço físico e o ciberespaço e a possibilidade de criar espaços
híbridos. Tais espaços que existemno mundo físico e digital foram chamados por
Anders de Cybrids. (ANDERS, 1997)

Considerando a dependência tecnológica para acessarmos o metaverso, torna-se


relevante explicar como recriamos essas realidades em nossas mentes.

Figura 1

https://www.uoc.edu/caiia-star-2001/eng/articles/anders0302/anders0302.html

DIGITAL 112
A nossa relação com o mundo passa pelos nossos sentidos. O queé sensível é
“capturado” por nosso sistema sensorial e convertido em memória pelo nosso
cérebro.

O que ocorre com realidades mediadas por computadores é que geramos uma
camada de informação e a projetamos para nossosórgãos sensoriais.

O metaverso é, portanto, uma extensão dos


nossos sentidos, gerando uma realidade
ciborgue a partir de uma arquitetura híbrida em
nossas mentes, o que Anders chama de Cybrids.
(ANDERS, 1997).

A palavra-chave aqui é “mediação”. Uma


curadoria do que é real, do que é exposto,
maquiado ou ocultado, implica uma fragilidade
ética do Metaverso.

Estamos falando de uma promessa de uma nova


configuração da sociedade, na qual criadores
de conteúdo podem redesenhar a realidade de
qualquer pessoa, dentro de limites tecnológicos
e normativos trazidos pelas organizações
detentoras das plataformas.

NOVA LÓGICA, NOVAS METÁFORAS

Se nossas vidas já giram em torno de


plataformas digitais, por que então chamar este
“próximo passo” da Internet de Metaverso?

Por uma razão simples: Metaverso e Internet


operam sob lógicas diferentes.

DIGITAL 113
A Internet, também conhecida como “rede mundial decomputadores”, foi
desenvolvida para download e upload de arquivos.

Ela é um recurso de transações. Após um “ping”, recebe-se umsinal de retorno, e um


arquivo é enviado de forma distribuída dentro de uma rede.

O Metaverso, por sua vez, opera com uma lógica de ações. Você vai até o local
onde o artefato está e literalmente o pega (virtualmente).

A infraestrutura para promover uma


experiência minimamente gratificante em um
mundo virtual imersivo é muito mais pesada
do que a necessária para o “simples” envio de
arquivos.

Comprar um tênis em um e-commerce e passear com seu tênis de luxo virtual no


metaverso são experiências radicalmente diferentes. (LOURES; CASTRO, 2021).

O “TERCEIRO LUGAR” VIRTUAL


Jogos multijogadores já promovem algumas dessas experiênciasimersivas, como o
caso do primeiro show ao vivo no Fortnite, do artista Marshmello. (GOEMAN, 2019).

Espaços que antes serviam apenas para jogadores se enfrentarem se tornaram


áreas de conversação e interações sociais mais sofisticadas.

O sociólogo Ray Oldenburg cunhou o termo “Terceiro Lugar”,que se refere aos


espaços de convivência da comunidade para finsde entretenimento e interação
positiva, como um café ou um clube.Trata-se do “Terceiro Lugar”, pois o primeiro,
segundo Oldenburg, é o lar, e o segundo, o ambiente de trabalho.

O que aconteceu durante a Pandemia da COVID-19 foi que, devido à necessidade


de isolamento social, as corporações abraçaram o trabalho híbrido, e os três
lugares se tornaram um.

Rapidamente as empresas de tecnologia propuseram soluções (algumas já


existentes) para melhorar as condições durante a quarentena.

DIGITAL 114
O trabalho híbrido está ganhando ares de gamificação em plataformas
interativas com avatares customizáveis e interações mensuradas por algoritmos.

O lazer também está sendo monetizado, transformando gaming em fonte de renda


através dos modelos P2E ou dos e-sports.

Por fim, a promessa do Metaverso se expande para o mundo físico, tornando


redes sociais phygitais, uma centralização de todas as nossas interações.

CONCLUSÃO
O Metaverso em seu potencial pleno ainda está distante, porémjá sentimos sua
influência hoje em 4 dimensões.

Sociocultural
Na dimensão sociocultural, podemos observar os efeitos da homogeneização
da cultura provocada pela globalização e os efeitos da colonialidade sendo
acelerados pela Internet.

Ao mesmo tempo, observamos contramovimentos e o resgate de culturas graças


a espaços virtuais que permitem articulações e trocas de informações valiosas
para o patrimônio histórico.

E se o Metaverso trouxesse de volta características locais devastadas pela


colonização ou por eventos climáticos? Como a educação se transformaria a
partir daí?

Político-ideológica
Na dimensão político-ideológica é onde temos os maiores riscos. As redes
sociais hoje já não conseguem controlar movimentos extremistas e, muitas
vezes, contribuem com a fragilização dademocracia devido a algoritmos de
desinformação.

Ambiental
Já na dimensão ambiental, devemos lembrar que todo o processamento
massivo de dados vai requerer uma quantidade imensa de energia, e a
manufatura de dispositivos eletrônicos temum supply chain já bastante
complexo.

Econômica
Por fim, na dimensão econômica, vemos claramente como o anseio por algo
mais está constantemente nos atraindo para umaversão mais digital da vida.

DIGITAL 115
Para muitos, será o principal canal de expressão e experiência por restrições
financeiras. Se o Metaverso só puder ser acessado por uma minoria, será sua
ruína, pois o seu valor está, em grande parte, em quem está lá. O Metaverso
está, como todas as tecnologias humanas, sendo feito por e para pessoas.

No entanto, observamos que boa parte de nossa vida já contempla interações


sofisticadas com assistentes virtuais.

Na China, a assistente virtual da Microsoft, Xiaoice, está sendoadotada por


pessoas que tiveram decepções amorosas como umsubstituto afetivo
para relações interpessoais. (AU, 2021). Já são mais 660 milhões de usuários
globalmente.

Tais pessoas digitais serão um componente essencial para o Metaverso.


Pessoas não humanas também farão parte do Metaverso, pegando o exemplo
do projeto Terra0, uma floresta aumentada autoproprietária, que explora os
recursos gerados em seu território físico. (SEIDLER; KOLLING; HAMPSHIRE, 2016).

A Terra0 é um protótipo de uma floresta inteligente que nos dáuma leitura do


que poderia acontecer se a promessa do Metaverso ubíquo se concretizar,
tornando-se uma segunda natureza da realidade.

Espaços phygitais que são “donos de si” e meta-humanosnavegando junto


com humanos para cocriar parece algo saído defilmes de ficção científica,
mas pode ser uma realidade mais próxima do que você imagina.

Marcello Caldas Bressan

Marcello Bressan é Head de Inovação na Stefanini, professor no Mestrado


Profissional em Design, na CESAR School, Chapter Leader N-NE do Teach
The Future, e um dos futuristas fundadores da Futuring Today. É graduado
em Comunicação Social - UNIAESO Barros Melo, com especialização em
Administração de Marketing, pela UPE, e Mestre em Design, pelo CESAR. É
doutorando em design pela UFPE.

DIGITAL 116
NOTAS E REFERÊNCIAS

ANDERS, P. Cybrids: integrating Cognitive and Physical Space in Architecture. In:


NEREIM, A. (ed.). International Symposium on Electronic Art. Chicago, September
22–27, 1997. p. 5 – 7.

AU, B. ‘He’s always there’: Chinese AI chatbot eases heartbreak, offers companionship
for lonely millions. 2021. Disponível em: https://www:scmp:com/video/
technology/3146282/hes-always- there-chinese-ai-chatbot-eases-heartbreak-
offers-companionship. Acesso em: 1º dez. 2021.

BALL, M. The Metaverse: What It Is, Where to Find it, and Who Will Build It. 2021.
Disponível em: https: //www:matthewball:vc/all/themetaverse. Acesso em: 1º dez.
2021.

BALL, M. Framework for the Metaverse. Jun 29, 2021. Disponível em: https://
www:matthewball:vc/all/forwardtothemetaverseprimer. Acesso em: 1º dez. 2021.

CLINE, E. Ready Player One. [S.l.]: Random House, 2011. FOUCAULT, M. De outros espaços
(1967), Heterotopias.Architecture, Mouvemente, Continuité, n. 5, 1984. p. 46 – 49.

GIBSON, W. NEUROMANCER. 4. ed. São Paulo: Editora Aleph, 2013. 237 p. ISBN 978-85-
7657-140-7. Disponível em: https://edisciplinas:usp:br/pluginfile:php/4118319/mod_
resource/ content/1/Neuromancer%20-%20William%20Gibson:pdf. Acesso em: 30
abr. 2020.

GOEMAN, C. ‘FORTNITE’ HOSTS FIRST LIVE CONCERT

EXPERIENCE FOR PLAYERS. 2019. Disponível em: https://www:altpress:com/news/


fortnite-in-game-concert-marshmello/. Acesso em: 1º dez. 2021.

LÉVY, P. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2010. 272 p.

LOURES, A.; CASTRO, F. Ousado, tênis virtual da Gucci testa limites da virtualização
das marcas. 30/03/2021. Disponível em: https://exame:com/bussola/ousado-
tenis-virtual-da-gucci-testa- limites-da-virtualizacao-das-marcas/. Acesso em:
1º dez. 2021.

MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensão do homem (Understanding


media). São Paulo: Cultrix, 1974.

PARISI, T. The Seven Rules of the Metaverse. 2021. Disponível em: https://medium:com/
meta-verses/the-seven-rules-of-the- metaverse-7d4e06fa864c. Acesso em: 1º
dez. 2021.

PURI, S. Hot take: Everyone is wrong about the Metaverse. 29/10/2021. Twitter Thread.
Disponível em: https://twitter:com/ShaanVP/status/1454151237650112512. Acesso
em: 1º dez. 2021.

DIGITAL 117
SEIDLER, P.; KOLLING, P.; HAMPSHIRE, M. Terra0: Can

an augmented forest own and utilise itself? 2016. White paper. Disponível em: https://
www:terra0:org/assets/pdf/ terra0_white_paper_2016:pdf. Acesso em: 1º dez. 2016.

STEPHENSON, N. Snow Crash. [S.l.]: Bantam Books, 1992. 480p.

DIGITAL 118
6 OS IMPACTOS
SOCIAIS E HUMANOS
DA ECONOMIA DIGITAL E
A RESPONSABILIZAÇÃO
DE TODOS

DIGITAL 119
OS IMPACTOS SOCIAIS
E HUMANOS DA
ECONOMIA DIGITAL E A
RESPONSABILIZAÇÃO
DE TODOS

É inevitável o aprofundamento do futuro digital e os seus impactos na


humanidade. Evitável, ou minimizável, poderá ser o aprofundamento das
desigualdades digitais, econômicas e sociais entre países, empresas e
pessoas, dependendo de como governos, empresários e cidadãos agem
e se coordenam para buscar a competitividade e a prontidão digital.
Educação, inovação, infraestrutura digital, ambiente de negócios, são
somente alguns dos temas que requerem atenção e ação orquestrada e
urgente de todos para tenhamos um futuro digital inclusivo, responsável e
seguro.

DIGITAL 120
OS BENEFÍCIOS DA GRANDE ACELERAÇÃO
DIGITAL NÃO SÃO ACESSÍVEIS PARA TODOS

As tecnologias digitais têm o potencial NA CHINA, ONDE A


de promover um novo salto de DESIGUALDADE GANHA
produtividade e bem-estar similar ao
IMPORTÂNCIA CRESCENTE
que a humanidade viu com a Revolução
COMO TEMA DE POLÍTICA
Industrial. Elas podem trazer a solução
PÚBLICA , OS

400
para uma série de problemas que
colocam em risco a sustentabilidade
do planeta, tais como o aquecimento
global e a escassez de recursos naturais,
como a água. Porém, nada disso irá MAIORES
adiantar se no processo não tivermos
um trabalho consciente e intencional BILIONÁRIOS
de ampliar a inclusão e permitir que DETÊM UMA RIQUEZA

MAIOR QUE O
mais e mais pessoas tenham acesso
às oportunidades criadas por essa

PIB ANUAL
transformação.
Essa segregação digital já começa

DO BRASIL,
a ser apontada como uma ameaça
à estabilidade da nossa sociedade.
O Global Risks Report do E, SÓ
World Economic Forum
traz as questões de
desigualdade digital e
EM 2020,
CRESCERAM SUAS
concentração de poder FORTUNAS EM

60%.
digital nas posições 6 e 7,
respectivamente, entre os
10 maiores riscos globais
mais prováveis.
Ana Paula Assis

DIGITAL 121
MAS A RESPONSABILIDADE
PELA INCLUSÃO NO NOVO
MERCADO DE TRABALHO
DIGITAL É DE TODOS!

GOVERNOS EMPRESAS ESCOLAS ONGs


devem realizar e precisam, no seu devem reorientar precisam
implementar um papel social de a sua missão de complementar o
planejamento formadoras de provedoras de papel do governo
estratégico para pessoas, fazer a conteúdo para na formação de
desenvolver a recapacitação dos preparadoras de competências.
infraestrutura e seus funcionários eternos aprendizes
criar as habilidades. – ao invés de curiosos, através
Políticas de simplesmente de atividades
inovação e políticas substituí-los; em que privilegiem a
educacionais. conjunto com o experiência prática e
mundo acadêmico, a empregabilidade.
criar currículos
mais adequados
para formar os
perfis técnicos e
interpessoais.

A questão é complexa demais para ser resolvida exclusivamente


por uma parcela da sociedade. Governos, empresas, instituições
de ensino e organizações da sociedade civil precisam trabalhar
de maneira colaborativa para corrigir essas distorções.
Ana Paula Assis

DIGITAL 122
RECOMENDAÇÕES Para os governos,
apresentam-se enormes
ÀS EMPRESAS E tarefas. Primeiro, empreender
políticas industriais
GOVERNOS PARA O contemporâneas, de forma a
ENFRENTAMENTO simultaneamente destravar
o potencial empreendedor
DOS IMPACTOS da sociedade, acelerar a
SOCIAIS E adoção de tecnologias e
modelos de negócios digitais
HUMANOS DA e construir liderança em
ECONOMIA DIGITAL áreas tecnológicas e setores
da economia do futuro.
Segundo, investir em formação
• Compartilhar a responsabilidade pelo profissional e educação em
desemprego estrutural. todos os níveis, tendo como
• Investimento relevante e compartilhado
pano de fundo soluções que
em capacitação e recapacitação e em permitam o acesso de todos
inovação e difusão de tecnologia. a infraestruturas digitais.
• Práticas responsáveis e éticas com dados.
Terceiro, oferecer proteção
social e oportunidades para
• Empoderar o ecossistema para inovação e
spillovers (startups e pequenas empresas,
aqueles indivíduos mais
inovação aberta, plataformas e dados afetados pela mudança
abertos). tecnológica.
• Compromisso com novos modelos de
investimento para inovação (corporate
venture, crowdsourcing, crowdfunding,
competições), com o compartilhamento de
dados e de infraestrutura. Roberto
• Negócios social e ambientalmente Alvarez
sustentáveis.
• Políticas compensatórias envolvendo as
empresas de tecnologia.

DIGITAL 123
DESIGUALDADES DIGITAIS
E SOCIOECONÔMICAS SE
TORNARAM INTERLIGADAS

Essas divisões digitais expuseram o fato de que as desigualdades digitais


e socioeconômicas se tornaram interligadas. Com o mundo digital e o
mundo físico se tornando mais integrados, para fechar a brecha digital
temos que também enfrentar as desigualdades socioeconômicas. Não é
possível enfrentar um sem atacar o outro.
Os gaps digitais são resultado de desigualdades sociais e, por sua vez,
reforçam as desigualdades existentes em um ciclo vicioso. Soluções
técnicas que utilizam tecnologias digitais podem beneficiar grupos
marginalizados e aqueles menos favorecidos. Ainda assim, eles também
podem ajudar ainda mais aqueles que já têm uma vantagem em
diversas dimensões sociais e econômicas (riqueza, educação, saúde).
A desigualdade digital é uma consequência e um subconjunto de
desigualdades econômicas e sociais mais amplas. Ao mesmo tempo, elas
podem reforçar e perpetuar disparidades socioeconômicas.
Clovis Freire

Países com níveis elevados de desemprego estrutural, estruturas sociais


heterogêneas e polarizadas com forte concentração da renda e da
riqueza, mercados de trabalho desregulamentados, crescimento lento
ou descontínuo e economias indiscriminadamente abertas tendem a ser
mais vulneráveis aos impactos negativos dos processos de mudança
tecnológica. Também são menos aptos a capitalizar as oportunidades
por eles oferecidas e a realizar programas socialmente eficazes de renda
básica.

Paliativos ao desemprego tecnológico, como programas de renda


mínima, deveriam ser complementados com medidas e políticas
que ajudem a construir um modelo de desenvolvimento socialmente
mais inclusivo, ambientalmente sustentável, e que reduza, ao invés de
perpetuar, a desigualdade entre grupos sociais, regiões e países.

Gerson Gomes

DIGITAL 124
A gig economy As plataformas digitais
de serviços reduzem
desempenha importante dramaticamente as
função social ao criar barreiras de entrada ao
emprego.
oportunidade de Diego Barreto
renda e flexibilidade
no trabalho, mas são
questionáveis o
nível de proteção
social do trabalho e a As tecnologias digitais
têm implicações
responsabilização profundas, mas não

das plataformas estamos migrando para


o fim do trabalho.
digitais, exigindo Luis Lamb

atenção dos
empregadores e dos
governos.
Nessa “Nova
ASSIM COMO NOVOS MODELOS DE Economia“, os ditos
NEGÓCIOS OU UMA TECNOLOGIA “empregadores“
DISRUPTIVA, A ECONOMIA DE trabalham com
PLATAFORMA TAMBÉM GERA um baixo nível de
RECEIOS. QUEM CAPTURA O VALOR responsabilidade pelos
GERADO POR ESSAS PLATAFORMAS? seus colaboradores.
O trabalho é prestado
Se, por um lado, as plataformas estruturam e formalizam em um ambiente
a conexão entre fornecedor e consumidor, por outro totalmente não
lado, também ameaçam mercados já regulados. Ao regulado.
mesmo tempo que criam inúmeras novas profissões
Wilson Engelmann
e oportunidades de trabalho com horários flexíveis,
também tornam mais tênue a relação com o
empregador.

DIGITAL 125
patrocínio

realização

Você também pode gostar