Invalidade Dos Negocios Juridicos
Invalidade Dos Negocios Juridicos
Invalidade Dos Negocios Juridicos
RESUMO: Este artigo discorre sobre as hipóteses de invalidade do negócio jurídico, tratando
tanto da nulidade, como da anulabilidade.
1 INTRODUÇÃO
O estudo do negócio jurídico é um dos pontos nodais do Direito Civil, já que consubstancia a
essência da relação entre indivíduos em um sistema jurídico. Na classificação dos fatos
jurídicos, o negócio jurídico situa-se na categoria dos atos jurídicos lícitos, ao lado do ato
jurídico stricto sensu.
Um dos aspectos mais relevantes do estudo do negócio jurídico é a análise das invalidades,
que se dividem em nulidade relativa (também chamada de anulabilidade) e nulidade absoluta
(ou, simplesmente, nulidade).
2 DESENVOLVIMENTO
A invalidade do negócio jurídico – tratada nos artigos 166 a 184 do Código Civil – é um
gênero que comporta a nulidade absoluta (ou nulidade) e nulidade relativa (ou anulabilidade),
que apresentam algumas diferenças cardeais.
1
Juiz de Direito do Estado de Pernambuco. Ex-membro do Ministério Público de Minas Gerais.
2
Em primeiro lugar, a nulidade atinge interesse público, ao passo que a anulabilidade ofende
interesse meramente particular.
Além disso, a nulidade pode ser suscitada por qualquer interessado, pelo Ministério Público e
deve ser reconhecida de ofício pelo juiz (art. 168 do Código Civil). O reconhecimento de
ofício pelo juiz é exceção ao princípio da inércia da tutela jurisdicional, que se justifica pelo
interesse público.
Há algumas exceções, como o casamento (artigos 1.562 e 1.563 do Código Civil), que exige a
propositura de ação própria para reconhecimento de nulidade, e a Súmula nº 381 do Superior
Tribunal de Justiça – STJ, que impede o reconhecimento de ofício da abusividade de cláusula
em contrato bancário (posição muito criticada na doutrina).
Por outro lado, a anulabilidade só pode ser suscitada pelos interessados (art. 177 do Código
Civil).
Além disso, a nulidade não é passível de ratificação (art. 169, 1ª parte, do Código Civil), ao
contrário do que ocorre com a anulabilidade (art. 172 do Código Civil).
Em regra, a nulidade produz efeitos ex tunc. Mas, é possível que a partir de um negócio nulo,
surjam novas situações fático-jurídicas. Não se trata da situação jurídica acordada entre as
partes, mas sim de outras situações. Como exemplo, pode-se afirmar que a compra e venda
nula não gera a transferência de propriedade, mas gera a transferência da posse, logo dá início
ao prazo da usucapião.
2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Parte geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
3
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v. I.
4
GOMES, Orlando. Obrigações. 16. ed. atual. por Edvaldo Brito. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
5
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Teoria geral do direito civil. 24. ed. São Paulo: Saraiva,
2007. v. 1.
6
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. Parte Geral. 14. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012. v. I.
3
Por fim, a nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo (art. 169, 2ª parte, do Código
Civil). Esta é a chamada “imprescritibilidade do ato nulo”. O Código Civil de 1916, omisso,
gerava controvérsia. Havia o entendimento predominante na época no sentido de que a
nulidade prescrevia em vinte anos (prazo residual de prescrição), já que a prescrição (assim
como a nulidade) também é tema de ordem pública.
O Código Civil de 2002 adotou a corrente minoritária à época do código anterior, prevendo a
sua imprescritibilidade. Por conta disso, há entendimento doutrinário no sentido de que o
reconhecimento da nulidade é imprescritível, mas os reflexos patrimoniais decorrentes da
nulidade prescrevem. Assim, se o sujeito pleiteia a nulidade de contrato cumulado com perdas
e danos, as perdas e danos prescrevem. Esse entendimento tende a ser dominante na
jurisprudência, de forma a preservar a mínima segurança jurídica nas relações privadas. Num
paralelo com o direito público, se a própria Administração Pública, que goza de diversas
prerrogativas, possui prazo de cinco anos para anular atos que gerem legítima expectativa em
terceiros, é razoável que se imponha prazo prescricional a atos praticados por particulares.
7
MATTIETTO, Leonardo. A representação voluntária e o negócio jurídico da procuração. Revista Trimestral de
Direito Civil, 2000. v. 4.
8
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito civil. Teoria Geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2006.
9
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Negócio Jurídico. Existência. Validade. Eficácia. Vícios. Fraude. Lesão.
Revista dos Tribunais, 780.
4
Já com relação à anulabilidade, há prazos previstos em lei para suscitá-la. Para as causas de
anulabilidade previstas no art. 171 do Código Civil, o prazo decadencial é de quatro anos (art.
178 do Código Civil). Porém, o legislador pode prever causas específicas de anulabilidade em
outros dispositivos legais. Nesses casos, se não houver previsão específica de prazo, aplica-se
o prazo residual de dois anos (art. 179 do Código Civil). São exemplos de causas de
anulabilidade com aplicação do prazo residual: artigos 117, 496 (Enunciado nº 368 do
Conselho da Justiça Federal – CJF), e 533, II.
Quanto à venda de ascendente a descendente (art. 496 do Código Civil), o Código Civil de
1916 não definia claramente se o ato era nulo ou anulável. Então, como forma consolidar o
entendimento em vigor, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula nº 494, prevendo
o prazo prescricional de vinte anos, o que demonstrava que a hipótese era de nulidade (na
época, predominava o entendimento de que a nulidade prescrevia em vinte anos). A súmula
ainda está formalmente em vigor, mas esse entendimento foi definitivamente afastado com o
Código Civil de 2002, que claramente afirma que a hipótese é de anulabilidade.
A conversão do ato nulo está prevista no art. 170 do Código Civil, cuja possibilidade baseia-
se no princípio da conservação dos negócios jurídicos. Apesar da redação confusa do
dispositivo legal, a primeira premissa da conversão é que haja a celebração de um negócio
nulo. A segunda premissa é haja compatibilidade de vontades.
Então, se as partes celebram o tipo negocial “A”, mas a vontade dirigida à prática desse tipo
negocial é nula, porque as partes escolheram mal, para que seja possível converter o negócio
“A” no negócio “B”, é necessário que a vontade manifestada para celebrar o tipo negocial
“A” seja compatível com a vontade manifestada para a prática do tipo negocial “B”.
O juiz não pode converter de ofício, mas a conversão independe de acordo de vontades. Se o
acordo de vontades fosse requisito, não haveria utilidade na conversão do ato nulo, já que
bastaria que as partes pactuassem um novo acordo.
5
O exemplo prático mais comum é a compra e venda de imóvel. Quando realizada por
instrumento particular, ela é nula por vício de forma. Mas, o compromisso de compra e venda
admite o instrumento particular (art. 1.417 do Código Civil). A vontade de vender/comprar é
compatível com a vontade de prometer vender/prometer comprar. Outro exemplo é a renúncia
antecipada da prescrição, que é nula (art. 191 do Código Civil). Contudo, quem renuncia à
prescrição reconhece o direito do credor. Logo, é possível convertê-la em causa interruptiva
de prescrição (art. 202, VI, do Código Civil). HUMBERTO THEODORO JÚNIOR10
apresenta o seguinte exemplo: o penhor nulo pode ser convertido em direito de retenção.
Parte-se da premissa de que o penhor típico pressupõe a entrega do bem ao credor. Se o
penhor for nulo, ele se desconstitui, mas remanesce o direito de retenção por parte do credor.
Tal exemplo é bastante criticável, porque o direito de retenção não se presume, por ser
resquício de autotutela.
A conversão pode ser formal ou substancial (ou material). Naquela, altera-se apenas a forma.
É o caso do testamento público nulo convertido em testamento particular. LEONARDO
MATTIETTO11, dentre outros, defende que esta espécie de conversão não é conversão
propriamente dita, já que não há mudança na qualificação jurídica. A mudança ocorre apenas
na forma.
Por sua vez, a conversão substancial (ou material) resulta na mudança na qualificação jurídica
do negócio. Trata-se da conversão propriamente dita.
Aquele que deu causa à nulidade não pode alegá-la, sobretudo por vício de forma. Esta é a
chamada inalegabilidade de forma (ou inalegabilidade dos vícios formais), o que é justificado
pela boa-fé objetiva, especificamente na tu quoque.
A questão não é muito debatida na doutrina brasileira, já que, no Brasil, o vício de forma gera
nulidade absoluta (art. 166, IV, do Código Civil), que deve ser reconhecida de ofício pelo
10
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Negócio Jurídico. Existência. Validade. Eficácia. Vícios. Fraude. Lesão.
Revista dos Tribunais, 780.
11
MATTIETTO, Leonardo. A representação voluntária e o negócio jurídico da procuração. Revista Trimestral
de Direito Civil, 2000. v. 4.
6
2.2 SIMULAÇÃO
A simulação – prevista no art. 167 do Código Civil – caracteriza um negócio nulo. Ela
consiste numa declaração enganosa de vontade, em conluio com o declaratário, com objetivo
de enganar terceiro, ocasião em que ocorre um negócio meramente aparente. Há uma situação
de mera aparência negocial. O conluio é chamado de pactum simulationis.
A simulação pode ser relativa ou absoluta. Na simulação relativa, há tanto o negócio simulado
(negócio aparente), como o negócio dissimulado (negócio que as partes desejam efetivamente
praticar). O exemplo clássico deriva da vedação prevista no art. 550 do Código Civil, que
trata da anulabilidade da doação do cônjuge para amante: o cônjuge e sua amante celebram
uma compra e venda para esconder uma doação.
12
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Negócio Jurídico. Existência. Validade. Eficácia. Vícios. Fraude. Lesão.
Revista dos Tribunais, 780.
13
TEPEDINO, Gustavo. Comentários ao novo Código Civil. In: TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo. São Paulo:
Forense, 2008. v. X.
14
VELOSO, Zeno. Condição, termo e encargo. São Paulo: Malheiros Ed, 1997.
7
Apesar de consagrada na doutrina, essa simulação atinge interesse de terceiros, pois gera
reflexos tributários, já que a compra e venda é fato gerador do imposto sobre a transmissão de
bens imóveis (ITBI), cuja competência tributária pertence ao Município, ao passo que a
doação é fato gerador do imposto sobre transmissão causa mortis e doação (ITCMD), cuja
competência tributária pertence ao Estado-membro.
O Código Civil de 1916 (art. 104) deixava claro que a simulação inocente não era invalidante,
pois não causava prejuízo a terceiro. O Código Civil de 2002, no entanto, é omisso a respeito
do tema.
Apesar disso, o art. 167 do Código Civil mitiga a regra de que a simulação inocente também é
invalidante, pois permite o aproveitamento do negócio simulado. Para que isso seja possível, a
simulação deve ser relativa e inocente. Deve ser relativa porque o aproveitamento do negócio
simulado será feito com a adoção do negócio dissimulado. E, ainda, deve ser inocente porque
o dispositivo prevê que a simulação deve ser válida “na substância e na forma” (Enunciado nº
153 e 293 do CJF). Tal dispositivo está em sintonia com o princípio da conservação dos atos e
dos negócios jurídicos.
8
Ainda, a simulação pode ser objetiva ou subjetiva. A simulação subjetiva é aquela em que o
negócio é realizado através de interposta pessoa, muito comum na venda de ascendente a
descendente, que é anulável por força de lei (art. 496 do Código Civil). Se o ascendente
transfere um bem a terceiro e, posteriormente, este terceiro o transfere ao descendente, a
simulação é subjetiva. O terceiro, nesse caso, é chamado de “testa de ferro” ou, para os
alemães, “homem de palha”. Essa espécie de simulação está prevista no art. 167, § 1º, I, do
Código Civil.
A seu turno, a simulação objetiva tem incidência residual. Todas as simulações que não forem
subjetivas são objetivas.
A simulação não possui a mesma sistemática do dolo recíproco, no qual, se ambas as partes
agem dolosamente, nenhuma delas pode alegar o dolo em face do outro (art. 150 do Código
Civil). Essa regra se inspira no instituto da tu quoque.
O Código Civil de 1916 previa a mesma regra para a simulação. Mas, como a simulação
passou a ser causa de nulidade absoluta, a regra não está prevista no Código Civil de 2002. Há
interesse público no reconhecimento da simulação. O juiz deve, inclusive, reconhecê-la de
ofício. Logo, é possível que uma das partes em conluio invoque a simulação em face da outra
parte em conluio (Enunciado nº 294 do CJF). O objetivo da regra não é tutelar o interesse da
parte em conluio, mas sim o interesse público.
Num caso em que o negócio jurídico havia sido celebrado sob a égide do Código Civil de
1916, o STJ aplicou a regra de direito intertemporal do art. 2.035 do Código Civil de 2002 e
determinou que a simulação fosse regulada pelas regras do Código Civil de 1916,
impossibilitando que uma das partes alegasse a simulação contra a outra (AgRg no REsp nº
747.953).
Outra diferença entre a sistemática do Código Civil de 1916 e do Código Civil de 2002 reside
na proteção dos interesses de terceiros de boa-fé. No código anterior, o negócio nulo não
produzia efeitos (os efeitos da nulidade eram ex tunc). A decretação de nulidade afetava
inclusive os interesses de terceiros de boa-fé, pois os interesses privados não prevaleciam
sobre o interesse público resultante da nulidade.
9
Porém, no código atual, a legítima expectativa de terceiros foi alçada à categoria de matéria
de ordem pública, que não está mais fundada apenas em interesses patrimoniais individuais,
mas sim na boa-fé objetiva. Por isso, o Código Civil de 2002 resguarda a legítima expectativa
de terceiros de boa-fé, não obstante haja nulidade absoluta no negócio simulado (art. 167, §
2º, do Código Civil).
Ante a invalidação do negócio, o art. 182 do Código Civil impõe a restauração do status quo
ante ou, na sua impossibilidade, a indenização pelo equivalente. No Código Civil de 1916,
que também continha essa regra, essa impossibilidade era sinônimo de impossibilidade física.
No entanto, no Código Civil atual, além da impossibilidade física, deve-se considerar a
impossibilidade jurídica, que se configura no caso de o bem ter sido transferido a terceiro de
boa-fé. Não haveria lógica em se proteger o terceiro de boa-fé em caso de simulação
(nulidade), mas não protegê-lo em caso de anulabilidade ou outros casos de nulidade.
Importante notar que uma venda fictícia a terceiro com objetivo de frustrar credores não é
caso de fraude contra credores. Na fraude contra credores, há efetiva transferência
patrimonial. A alienação não é ficta, mas sim real. Nesse caso, há uma simulação, logo é caso
de nulidade absoluta, e não de nulidade relativa. Eventuais credores do suposto adquirente não
podem prejudicar o interesse dos credores do suposto alienante.
Por fim, é importante consignar que o negócio fiduciário e o negócio indireto não se
confundem com a simulação. Naqueles, há a mera utilização de tipo negocial para obtenção
de efeitos que não lhe são próprios. Porém, as vontades declaradas pelas partes correspondem
à realidade.
As causas gerais de anulabilidade estão previstas no art. 171 do Código Civil: incapacidade
relativa e defeitos dos negócios jurídicos. É válido ressaltar que, no caso da fraude contra
credores, há autores que entendem que se trata de ineficácia relativa, e não anulabilidade.
A anulabilidade é ratificável. A ratificação pode ser expressa (artigos 172, 173 e 176 do
Código Civil) ou tácita. A ratificação tácita extrai-se da conduta do agente. Há duas possíveis
manifestações de ratificação tácita. Uma delas é a não invocação da anulabilidade no prazo
10
decadencial previsto em lei (artigos 178 e 179 do Código Civil), que provoca a convalidação
do ato anulável.
A outra é o cumprimento da prestação pelo devedor, mesmo depois de ciente do vício (art.
174 do Código Civil). A expressão “livre do vício” seria mais apropriada do que “ciente do
vício”, utilizada no dispositivo legal. Isso porque o sujeito que efetua pagamentos mensais
sob coação, está ciente do vício e, justamente por isso, realiza os pagamentos.
Para que haja ratificação tácita, o adimplemento não precisa ser substancial. Basta o início do
cumprimento da prestação. Essa regra é inspirada no instituto do venire contra factum
proprium. No entanto, é mister advertir que a ratificação tácita não resulta do venire. Ela
resulta de regra legal. Só é possível afirmar que uma solução jurídica baseia-se no venire
contra factum proprium se não houver regra legal específica que trate do tema, como no caso
de ruptura abrupta das tratativas contratuais, que, por força de lei, não geram efeitos
vinculantes.
O texto legal prevê a ratificação tácita apenas no caso de cumprimento da prestação pelo
devedor. Mas, toda conduta do devedor incompatível com a vontade de anular o negócio gera
a ratificação tácita. Nesses casos em que não há previsão legal expressa, a solução jurídica é
obtida por meio da analogia com a regra legal e baseada no venire contra factum proprium.
Esta hipótese pode ser ilustrada pela alienação do bem pelo devedor a terceiro ou pelo pedido
de prorrogação de prazo pelo devedor. Diversos autores como FRANCISCO CAVALCANTI
PONTES DE MIRANDA15, ZENO VELOSO16 e HUMBERTO THEODORO JÚNIOR17
seguem esse entendimento.
15
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972. t.
LVI.
16
VELOSO, Zeno. Condição, termo e encargo. São Paulo: Malheiros Ed, 1997.
17
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Negócio Jurídico. Existência. Validade. Eficácia. Vícios. Fraude. Lesão.
Revista dos Tribunais, 780.
18
GOMES, Orlando. Obrigações. 16. ed. atual. por Edvaldo Brito. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
19
AMARAL, Francisco. Direito civil. Introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
20
VELOSO, Zeno. Condição, termo e encargo. São Paulo: Malheiros Ed, 1997.
21
SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de direito civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1971. v. 1.
11
produz efeitos ex tunc, convalidando o ato desde a origem, ela deve respeitar a forma do
negócio praticado.
A ratificação não atinge direito de terceiro (art. 172 do Código Civil). Assim, conforme
exemplo clássico trazido pela doutrina, se uma pessoa relativamente incapaz, sem assistência,
celebra um negócio jurídico com Alberto (contrato anulável) e, posteriormente, a mesma
pessoa relativamente incapaz, dessa vez devidamente assistida, celebra um contrato com
Bruno, envolvendo o mesmo objeto, não é cabível a ratificação do negócio anulável celebrado
com Alberto, pois ela atentaria com a legítima expectativa de Bruno. O terceiro (no caso,
Bruno) é juridicamente interessado em alegar a anulabilidade do negócio jurídico anterior
para evitar uma eventual ratificação. Logo, nesses casos, o terceiro é legitimado para propor
ação de anulabilidade (art. 177 do Código Civil).
Como efeito da função social do contrato, o contrato passa a produzir efeitos externos
(Enunciado nº 21 do CJF). Há uma evidente revisão do princípio da relatividade dos
contratos. Dessa maneira, a função social do contrato pode mitigar a aplicação do art. 172 do
Código Civil. O direito do terceiro de postular a anulabilidade do negócio jurídico não é
absoluto. Se o terceiro sabia do vício, o terceiro deixa de ter legítima expectativa.
O art. 183 do Código Civil determina que a invalidade do instrumento não induz a invalidade
do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio. Essa regra só se aplica se
o negócio possuir forma ad probationem tantum. Se a forma for ad solenitatem, a invalidade
do instrumento induz a invalidade do negócio jurídico (salvo a hipótese de conversão).
22
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972. t.
LVI.
23
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Negócio Jurídico. Existência. Validade. Eficácia. Vícios. Fraude. Lesão.
Revista dos Tribunais, 780.
12
Por fim, vale registrar que o art. 184 do Código Civil trata do instituto da redução, que é fruto
da expressão utile per inutile non vitiatur. A diferença da redução para a conversão é que, na
redução, há mera limitação interpretativa sem que ocorra mudança na qualificação jurídica ou
na forma (para quem admite a conversão formal). Em comum, ambos os institutos se inspiram
no princípio da conservação dos atos e dos negócios jurídicos.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMARAL, Francisco. Direito civil. Introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Teoria geral do direito civil. 24. ed. São Paulo: Saraiva,
2007. v. 1.
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito civil. Teoria Geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2006.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMinistério PúblicoLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. Parte
Geral. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. I.
GOMES, Orlando. Obrigações. 16. ed. atual. por Edvaldo Brito. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Parte geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v. I.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972. t.
LVI.
SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de direito civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1971. v. 1.
TEPEDINO, Gustavo. Comentários ao novo Código Civil. In: TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo. São Paulo:
Forense, 2008. v. X.
13
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Negócio Jurídico. Existência. Validade. Eficácia. Vícios. Fraude. Lesão.
Revista dos Tribunais, 780.
VELOSO, Zeno. Condição, termo e encargo. São Paulo: Malheiros Ed, 1997.