Crónica de D.João I
Crónica de D.João I
Crónica de D.João I
João I
Mestre de Avis (D. JOÃO I) – Era filho de D.Pedro e de uma aia de D.Inês de Castro.
Um homem que se mostra receoso, no seguimento do assassinato do conde Andeiro
(amante de D.Leonor Teles). Era acarinhado e apoiado pelo povo de Lisboa, um líder
resoluto, mas também solidário com a população, aquando do cerco à cidade. Foi
aclamado rei em 1385, nas cortes de Coimbra.
Álvaro Pais – o burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estão a matar o Mestre,
influenciando o povo a correr em seu auxílio.
D. Leonor Teles – a mulher que gera ódios na população e que é apelidada de
“aleivosa” (traidora).
Nuno Álvares Pereira – vai chefiar o exército quando o Mestre de Avis é aclamado rei.
Resumo do capítulo 11
O pajem do Mestre de Avis brada pelas ruas, a caminho da casa de Álvaro Pais,
que matam o Mestre nos paços da rainha, o que leva as gentes, em agitação, à
saírem para a rua e a pegarem em armas.
Álvaro Pais, que já estava preparado, dirige-se com o pajem e outros aliados
para os paços, apelando à população para que se junte e corra em auxílio do
Mestre.
Chegada às portas do paço, que estavam fechadas, a multidão mostra-se ansiosa
e agitada, querendo entrar para confirmar que o Mestre está vivo.
Aconselhado pelos que estavam consigo e atendendo ao alvoroço das pessoas, o
Mestre aparece à janela para apaziguar os ânimos. Perante esta visão, a
população manifesta um "gram prazer".
Sentindo-se seguro, o Mestre deixa os paços e cavalga pelas ruas em direção aos
paços do Almirante, onde se encontrava o conde D. João Afonso, irmão da
rainha.
Pelo caminho, o Mestre contacta com a população, que se mostra aliviada,
alegre e disponível.
Próximo dos paços do Almirante, o Mestre é acolhido pelo conde, pelos
funcionários da cidade e por outros fidalgos.
Já à mesa, vêm dizer ao Mestre que as gentes da cidade querem matar o bispo
(Conde Andeiro) O Mestre traz tenções de o ir socorrer, mas é aconselhado a
permanecer ali (o bispo é morto pela população).
Linguagem e estilo
• Visualismo e dinamismo - a movimentação e o sentir das massas são-nos
apresentados de uma forma muito forte e real, não só através de recursos expressivos,
como a comparação ("e assi com viuva que rei nom tinha'), como também através do
apelo às sensações ou do uso de verbos de movimento ("A gemte começou de se jumtar
a elle, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nò cabiam pellas ruas primçipaaes, e
atrevessavom logares escusos", "Huûas vinham com feixes de lenha, outras tragiam
carqueyja').
O leitor/ouvinte presencia:
Na descrição da cidade de Lisboa, quando o rei de Castela a cercou (de
que guisa estava a fidade, jazemdo elRei de Castella sobrella"):
A preparação da defesa da cidade pelo Mestre de Avis, juntamente
com a população ("per que modo poinha em ssi guarda o Mestre, e as
gertes que dêtro eram, por nom rreceber dano de seus emmiigos");
O esforço, a valentia, a determinação que a gente de Lisboa
mostrava ("e fouteza que comtra eles mostravom").
Linguagem e estilo
Registo coloquial - evidente nos apelos ao leitor/ouvinte e no uso da 2.a pessoa
do plural; a transcrição da cantiga, ao reproduzir uma linguagem popular e
carregada de insinuações, contribui também para o tom coloquial.
Descrição viva e dinâmica - os preparativos de defesa são apresentados com
minúcia, recorrendo a pormenores (quantificação), a vocabulário técnico e a
recursos expressivos, como a enumeração ("forom feitos fortes caramanchoões
de madeira, os quaaes eram bem forneçidos descudos e lamças e dardos e bestas
de torno) e a adjetivação ("gramde e poderoso çerco", "fortes caramanchões",
"O que fremosa cousa", "tam alto e poderoso senhor" "tam fremoso cerco').
Linguagem e estilo
• Rigor do pormenor - patente, por exemplo, na descrição detalhada dos que saíam à
noite de barco e iam buscar trigo; na informação precisa sobre o preço de alguns
alimentos, como o trigo, o milho, o vinho, a carne - recurso à enumeração.
• Conjugação de planos - por um lado, é-nos dado um plano geral da cidade; por outro,
são-nos apresentados planos de pormenor (por exemplo, quando a atenção se toca nos
pobres, nos que foram expulsos da cidade, nos homens e nas moças cheios de fome que
esgaravatavam a terra).
• Coloquialismo - muito evidente nas interrogações retóricas e no uso do imperativo, no
último parágrafo, combinado com a comparação ("Hora esguardaae, como se fossees
presente “)