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Seção 1.

1 se alcançar este objetivo é o desenvolvimento e lançamento de um novo


produto no mercado. Este pode ser incluído em um mix já existente, substi-
Fundamentos do desenvolvimento de produtos tuir um produto que está no final do seu ciclo de vida ou mesmo aprimorar
um produto já existente.
Diálogo aberto Podemos definir produto como sendo um conjunto de requisitos produ-
zido e disponibilizado para compra aos clientes, com o objetivo de atender
Caro aluno,
uma ou mais necessidades do mercado, agregando valor e gerando benefícios
Os conteúdos a serem trabalhados nesta seção irão trazer a base sobre ao consumidor. Segundo Armstrong e Kotler (2007, p. 200):
o projeto e os processos para o desenvolvimento de um produto e como


este pode contribuir para a competitividade da empresa no mercado.
Definimos um produto como algo que pode ser oferecido a um
Desenvolver um produto não é uma tarefa fácil e precisa ser muito bem
mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e que pode
planejada para que possam ser evitados atrasos e gastos com retrabalho
satisfazer um desejo ou necessidade. Produtos incluem mais do
e desperdícios. Quanto mais planejado tal desenvolvimento, mais asser-
que apenas bens tangíveis. Definimos amplamente, incluem
tivo será o projeto. Para isso, vamos estudar o caso da fábrica de produtos
objetos físicos, serviços, eventos, pessoas, lugares, organizações,
plásticos em que você foi contratado. Seu objetivo é desenvolver um novo
ideias ou um misto de todas essas entidades.
produto para a empresa. Os produtos atualmente comercializados são os
baldes de 10 litros, a pá de lixo e o cesto de lixo de 12 litros, cada um com
um molde diferente para injeção. Estudando o mercado você tem perce- O produto pode ter diferentes níveis. Segundo Kotler e Keller (2006)
bido que apenas o lançamento de um novo produto desta linha atual já pode ser destacado inicialmente o nível central que se encontra no núcleo,
tem bastante concorrência. Um diferencial competitivo encontrado seria a o qual será o motivo principal pelo qual o consumidor irá adquiri-lo, anali-
incorporação de um ou mais serviços ao produto, agregando valor a este. sando os benefícios encontrados e identificados por meio do posicionamento
O produto físico é mais fácil de ser “copiado”, porém o serviço prestado ao do produto. Ele busca neste momento identificar se o item terá o pacote de
cliente é peculiar de cada empresa e se mostra como diferencial competi- valores que ele procura naquele momento. Em seguida temos o nível básico,
tivo. A ideia proposta será o desenvolvimento de garrafas plásticas perso- que determina as características principais como:
nalizadas de água no formato de squeeze. Quais são as fases que devem ser
• Embalagem: pode alavancar as vendas de um produto novo no
planejadas para a concepção desta nova ideia? É possível agregar valor ao
mercado que não é conhecido e que ainda não foi testado pelo
novo produto por meio deste serviço personalizado? Quais as vantagens e
consumidor, porém a embalagem trará a sensação de credibilidade,
desvantagens da inclusão deste serviço? Procure absorver ao máximo os
confiança, qualidade e desejo de uma compra inesperada;
temas descritos a seguir referentes ao conceito de produto, a integração
entre produto e serviço e os benefícios, além do conceito e da importância • Design: em paralelo com a embalagem, desperta o desejo do consu-
do Processo de Desenvolvimento de Produto para ajudar a fábrica de midor como um item relevante no processo de venda, proporcio-
produtos plásticos a prosperar seu negócio. Preparado? Vamos trabalhar? nando a atratividade do cliente final.
• Níveis de qualidade: qual o nível de qualidade do produto recém-
Não pode faltar -lançado no mercado e se este atende às necessidades do consu-
midor. Fator importante, pois os produtos concorrentes estão muito
Prezado aluno, parecidos e o cliente precisa ter claro as características e o valor
agregado que o produto ou serviço oferece;
Em um mercado extremamente concorrido nos dias atuais, o desafio
de se manter sempre competitivo é muito grande. Equilibrar as finanças, • Marca: ponto importante neste processo. Por muitas vezes o
aumentando a participação de mercado (Market Share) e reduzindo custos produto é vendido pela marca consolidada que possui na visão dos
e despesas é um caminho que requer um planejamento estratégico apurado consumidores. O cliente pode nunca ter usado o produto, mas o
da visão da empresa a médio e longo prazo. E uma das estratégias para compra pela confiança na marca e nas suas experiências anteriores.

Seção 1.1 / Fundamentos do desenvolvimento de produtos - 9 10 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


Outro nível é o esperado, no qual deve contemplar um pacote de • A funcionalidade refere-se àquela que o produto deve executar
atributos esperados pelo consumidor para a compra. Em seguida, baseado em seus requisitos técnicos. São as funções que o modelo
temos o nível ampliado que inclui os serviços de pós-venda, as desempenha.
garantias e a instalação, trazendo um diferencial entre os concor-
• Já a segurança busca requisitos com o objetivo de evitar riscos e
rentes, fechando adequadamente o fluxo da cadeia de valor do
possíveis acidentes para os usuários.
processo. E por último, temos o nível de produto potencial, em que
contempla mais atributos que a versão original, preparando o lança- • No caso da estética temos o fator de sintonia proporcionado para o
mento de uma nova versão mais inovadora para o futuro. cliente, mostrando um valor de confiabilidade para o produto.
• Já o fator economia remete à relação de custo-benefício do produto
comparando seu pacote de valores com o preço ofertado.
Reflita
E-books e aplicativos de celular podem ser considerados como produtos • A sustentabilidade é um fator crescente no desenvolvimento de
por serem negociados e vendidos em ambiente digital? Produtos produtos, tanto no que diz respeito ao tipo de matéria-prima utili-
“digitais” são desenvolvidos com o mesmo processo e etapas que um zada bem como se o processo de fabricação causa algum impacto
produto considerado convencional? ambiental.
• A ergonomia se preocupa principalmente em fazer com que o
Existem produtos gerados a partir de uma necessidade inédita deman- produto não cause doenças ocupacionais em seus usuários, fazendo
dada pelo consumidor em que neste caso devido à falta de histórico anterior, com que cada colaborador se adapte facilmente ao produto.
o risco e a incerteza sobre o sucesso do produto aumentam consideravel-
• A produtibilidade é um fator interno que busca facilitar o processo
mente. Já outros são criados para aperfeiçoar o modelo anterior, agregando
de fabricação do produto, gerando maior velocidade e menor custo
mais valor à nova versão. Podemos agregar valor inovando e acrescen-
no processo. Um tema muito abordado ultimamente é a aplicação da
tando melhorias ao produto ou serviço, tornando-o mais atrativo à compra
inteligência artificial em processos por meio da chamada Indústria 4.0.
em relação aos concorrentes, criando assim vantagens competitivas para a
empresa. Por exemplo, um modelo novo de um smartphone com uma melhor • Por fim, a operacionalidade mostra as etapas do ciclo de vida após a
capacidade de memória e resolução de fotos. Neste caso todas as informações fabricação e mede o nível de problemas ou defeitos para principalmente
do projeto antigo podem ser utilizadas como base para a concepção do novo decidir se o produto deve ou não ser mantido no mix de produtos.
produto, facilitando o desen-
Existe também a ideia de produto não-material mais conhecido
volvimento e mitigando
como serviço. E a isso é englobada uma estratégia de venda muito bem
Figura 1.1 | Qualidades básicas do produto (reduzindo ou eliminado a
recebida pelos consumidores que une o fornecimento de produto mais
probabilidade de ocorrência)
os serviços necessários. Neste mercado de alta concorrência os clientes
os possíveis riscos do projeto.
não querem mais ter vários fornecedores e sim optar por aquele que
Porém, independente da
fornece a solução similar a um fornecimento “turn key” (com a chave na
necessidade, algumas carac-
mão), com o produto entregue, instalado e funcionando. O atendimento
terísticas se repetem para
das necessidades do cliente ainda é o foco para uma empresa desen-
todos os casos. A Figura 1.1
volver um novo produto para consumo no mercado, porém algumas
mostra as qualidades básicas
perguntas novas surgem nesta concepção: além do produto, devemos
de um produto:
oferecer serviços agregados a ele? O cliente terá a percepção de valor
A seguir, as principais agregado destes serviços? Muitas organizações vêm revisando seu
Fonte: Carpes (2014, p. 9). qualidades segundo Carpes modelo de negócio, agregando aos seus produtos valores de serviços,
(2014): sejam diretamente na solução ou mesmo na fase de pós-venda.

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A isso damos o nome de Servitização. Baines et al. (2007) comentam que bens necessários para a produção de um produto com fins comerciais”. Em
a Servitização consiste na melhoria da capacidade e dos processos de fabri- uma era de gestão de conhecimento, a busca e o uso das informações do
cação com o objetivo de integrar serviços ao pacote de valores de um deter- mercado têm sido os fatores principais para que se possa fornecer produtos
minado produto. Com o aumento acelerado da concorrência e a queda na com qualidade e reverter a queda do número de clientes que compravam o
fidelização dos produtos por parte dos clientes devido ao grande número de produto. O PDP procura estar totalmente alinhado com as estratégias empre-
opções no mercado, as companhias têm utilizado como diferencial estraté- sariais, o que se torna óbvio. Se colaboradores e departamentos não geren-
gico um ou mais serviços integrados ao produto. ciarem seus projetos em sintonia com os objetivos estratégicos da empresa,
consequentemente não contribuirão com a organização para atingir as metas
estratégicas. E esse alinhamento promove um aumento substancial na quali-
Pesquise mais dade final do produto, fator de grande relevância para a decisão de compra do
Conceito de Servitização como um novo modelo de negócios adotado consumidor. O PDP é uma atividade que envolve o produto em si, planeja-
pelas empresas. mento, processos e principalmente pessoas. A gestão de equipe deve possuir
FRANK, A. G. A Servitização: um novo modelo de negócio para as uma atenção especial. O PDP pode ter um planejamento excelente, mas
empresas. CREA-SC. 2015. não irá garantir o sucesso no final se as pessoas não executarem e contro-
larem com qualidade. De acordo com Jugend (2013), cada setor da empresa
contribui com algumas atividades durante o PDP. São elas:
Algumas empresas utilizam mão de obra própria para desenvolver tais
serviços, fazendo com que o cliente receba uma solução completa. Isso faz Marketing: abastecer o PDP de informações sobre o mercado,
com que este possa ter uma preferência para a empresa que fornece a solução sendo fundamental tanto para as decisões sobre desenvolver
completa em vez de ter maior complexidade no gerenciamento com dois ou um novo produto e suas características como para colocar o
mais fornecedores para obter a solução. É uma tendência forte para o futuro produto desenvolvido no mercado e coletar informações sobre ele.
com foco contínuo e total no cliente. Vendas: muitas vezes a área de vendas é subordinada à gerência de marke-
ting. Por ser o elo direto entre cliente e empresa pode captar valiosas
informações, tais como necessidades de clientes, características dos
Exemplificando
produtos e oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos.
Como exemplo de Servitização, podemos imaginar uma empresa de
Engenharia: definições, execução e melhorias do projeto do produto, do
ferramentaria que comprou um centro de usinagem pode utilizar
processo e da preparação para a produção.
como um dos critérios de seleção, fornecedores que entreguem a
máquina, instalem, treinem os funcionários e realizem o startup (início P&D: pesquisar e identificar novas tecnologias, desenvolvimento e
de operação) ao invés, por exemplo, de contratar um fornecedor para domínio de tecnologias para o projeto do produto, do processo e da prepa-
a compra da máquina e outro para dar a partida no equipamento, ração para a produção.
aumentando assim a complexidade do gerenciamento dos processos
Suprimentos: interação com fornecedores, fornecimento de matérias-
de aquisições.
-primas e componentes, localização e desenvolvimento de fornecedores.
Temos também o conceito de Produtização que transforma um produto Produção: elaboração do protótipo de produção, produção piloto,
em um “campeão” de vendas. Para isso, ele já passou por testes e aprovações resolução de problemas para a passagem da produção piloto à escala comer-
necessárias tanto no ambiente interno da empresa como pelo mercado. Ou cial, ações para a melhoria da capabilidade do processo e das reduções de
também podemos considerar serviços formatados na forma de produtos. custos de processamento do produto.
Tanto a utilização do Produtizar como o Servitizar, requer um planeja-
Logística: definição de canais de distribuição e formas para a armaze-
mento específico de todo o Processo de Desenvolvimento de Produto, o qual
nagem, o manuseio e o transporte do produto.
chamamos de PDP.
Assistência técnica: os reparos e as reclamações de falhas dos produtos
Segundo Clark e Fujimoto (1991, p. 241), PDP “é o processo a partir do
permitem conhecer melhor as necessidades e os usos efetivos pelos clientes,
qual informações sobre o mercado são transformadas nas informações e nos

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conhecimento este que pode ser usado em novos produtos e em melhorias Sem medo de errar
nos já existentes.
Chegou o momento de contribuir com a fábrica de produtos plásticos
Finanças: cálculos de fluxos de caixa, necessidades de investimento e para a qual você foi contratado. Ela espera de sua parte o desenvolvimento
determinação de indicadores, como taxa interna de retorno, valor presente de um novo produto, além dos atualmente comercializados que são o balde
líquido e retorno do investimento e payback, por exemplo, para o projeto de 10 litros, a pá de lixo e o cesto de lixo de 12 litros, cada um com um
do novo produto. Colaboração na definição de preços e margens de contri- molde diferente para injeção. Estudando o mercado você tem percebido que
buição de cada produto. apenas o lançamento de um novo produto desta linha atual já tem bastante
concorrência. Com isso, a ideia proposta será o desenvolvimento de garrafas
Recursos humanos: recrutamento, seleção e desenvolvimento de profis-
plásticas personalizadas de água no formato de squeeze. Quais são as fases
sionais para trabalhar ao longo de todas as etapas do PDP. Diagnóstico de
que devem ser planejadas para a concepção desta nova ideia? É possível
necessidade e de treinamento de pessoal para trabalhar em um novo produto/
agregar valor ao novo produto através deste serviço personalizado? Quais as
serviço a ser lançado.
vantagens e desvantagens da inclusão deste serviço?
Alta administração: tomada de decisões. Planejamento estratégico.
Como primeiro passo você deve definir as principais etapas para o desen-
Controle de resultados.
volvimento. Devem ser consideradas o que de uma maneira geral pode
Podemos perceber então que o PDP promove uma melhoria na ser incluído dentro das etapas de Pré-Desenvolvimento, Desenvolvimento
comunicação integrada da companhia, fazendo com que por meio do e Pós-Desenvolvimento. O primeiro levantamento a ser feito é relativo às
engajamento dos colaboradores cada um possa se tornar parte integrante características da garrafa plástica:
do projeto, aumentando assim seu comprometimento e responsabili-
• Qual a cor ou as cores desenvolvidas?
dade. Isso ocorre principalmente em estruturas organizacionais do
tipo funcionais, nos quais não possuem departamento de projetos e • Qual o custo de fabricação? Cada cor tem um custo de fabricação
normalmente um dos gerentes funcionais assume temporariamente a diferente?
função de gerente de projetos, além da sua área funcional. Com esse
• Qual será o design do produto?
baixo nível de maturidade em projetos é necessário um planejamento
dos processos para que todo o escopo seja cumprido de uma maneira • Qual será a estética do produto?
integral, entregando as etapas no prazo, no custo planejado e com a
• Quais funcionalidades o produto deve ter?
qualidade esperada.
• Quais os requisitos de segurança o produto deve conter?
Assimile • Será um produto com característica sustentável? Os materiais a
A comunicação entre os departamentos é o maior desafio encontrado serem utilizados tem esta característica?
pelas empresas. Uma boa comunicação no desenvolvimento de produtos
• Quais preocupações com ergonomia devem ser levadas em
trará benefícios qualitativos e quantitativos no final do projeto, fazendo
consideração?
com que o produto final adquira mais qualidade e valor agregado ao
chegar para o consumidor. • Quais possíveis defeitos podem ocorrer?
Além disso, você deve começar a mapear quais os prováveis departa-
Com estes conceitos, você será capaz de prosseguir com os estudos mentos que deverão participar do projeto, definindo as funções de cada um.
da próxima seção que abordarão o ciclo de vida do produto desde a sua
O João está muito empolgado com este produto, pois enxerga que os
concepção até a sua retirada do mercado consumidor. E poderá também
serviços podem trazer muitos benefícios de rentabilidade, aumento da parti-
agora ajudar a empresa de produtos plásticos a desenvolver e comercializar
cipação de mercado, redução nos custos e fortalecimento de sua marca.
um novo produto.
Apenas um cuidado a ser tomado é que a empresa não possui conhecimento

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no fornecimento de serviços, o que pode dificultar o fortalecimento do ajudar o João por meio da Servitização, agregando um serviço ao produto
produto no mercado. que normalmente era vendido.
Após essa etapa, você pode preparar as informações para posterior-
mente avaliar o ciclo de vida de produtos desta empresa, fazendo com que as Faça valer a pena
tomadas de decisão estratégicas sejam mais assertivas.
1. ...“os produtos podem ser definidos como o objeto principal das relações de
Avançando na prática troca que podem ser oferecidos num mercado para pessoas físicas ou jurídicas,
visando proporcionar satisfação a quem os adquire ou consome” (CASAS, 2006, p.
A máquina parou de novo! 164). Para satisfazer o consumidor, outros valores específicos podem ser agregados
ao produto, fazendo com que o consumidor decida pela compra em virtude da
qualidade percebida.
Descrição da situação-problema
São qualidades básicas de um produto (assinale a alternativa correta):
João trabalha como gerente de manutenção de uma indústria que fornece a) Funcionalidade, operacionalidade, lucratividade e logística.
peças para as montadoras de veículos. Ele está muito preocupado, pois a b) Sustentabilidade, operacionalidade, logística e lucratividade.
sua principal máquina tem parado constantemente devido à quebra de um c) Economia, ergonomia, logística e lucratividade.
rolamento existente. Você tem uma distribuidora que fornece este item e vem d) Estética, produtibilidade, segurança e sustentabilidade.
informando que algumas peças quebradas foram analisadas e não demons- e) Segurança, produtividade, operacionalidade e lucratividade.
traram nenhum problema. Pelo fato de você também prestar serviços na área
de manutenção, João lhe chamou para uma reunião esperando uma solução
para este caso. Ele vem perdendo muito dinheiro com a máquina parada.
2. Os produtos de um determinado segmento estão cada vez mais parecidos uns
com os outros. Está cada vez mais difícil convencer o consumidor a comprar o seu
Como você pode ajudá-lo? Existe alguma ação possível para eliminar o
produto em relação ao de seus concorrentes a não ser que tenha um ou mais diferen-
problema? O que pode estar acontecendo com o rolamento?
ciais relevantes. Devido a isso, a ideia de Servitização vem como uma solução para
Resolução da situação-problema muitas empresas.

Após receber mais informações sobre a máquina que o rolamento Assinale a alternativa correta para o conceito de Servitização.
tem quebrado, você pesquisou mais sobre como as inovações da chamada a) A Servitização é um processo que inicia o oferecimento de serviços aos clientes,
Indústria 4.0 poderiam ajudar e sugeriu ao João a instalação para teste substituindo os produtos do mix atual, fazendo com que a empresa aumente suas
de uma solução que monitora em tempo real os níveis de vibração do receitas.
rolamento. Com isso é possível entender em quais momentos os níveis de b) A Servitização é um processo que insere apenas um serviço ao produto aumen-
vibração aumentam para poder tomar ações corretivas e perceber possí- tando seu valor agregado e tornando o item mais competitivo no mercado, propor-
veis tendências e avisos em tempo real de quando pode ocorrer uma cionando assim o aumento das vendas da empresa.
quebra e reduzir o tempo de máquina parada e consequente perda de c) A Servitização é um processo que insere um ou mais serviços ao produto aumen-
produção. Diferentemente de antes que as medições eram feitas uma vez tando seu valor agregado e tornando o item mais competitivo no mercado, propor-
por semana, agora as medições serão em tempo real. Como uma medida cionando assim o aumento das vendas da empresa.
corretiva rápida, esta solução atende às necessidades do João, evitando que d) A Servitização é um processo que terceiriza a mão de obra de um projeto de desen-
a máquina fique parada, perdendo produtividade e reduzindo os custos volvimento de produto com o objetivo de reduzir os custos do projeto.
de manutenção. Mas você deve sugerir a implantação de mais soluções e) A Servitização é um processo que terceiriza a mão de obra de um projeto de desen-
de vibração na máquina para checar se alguma outra parte está interfe- volvimento de produto com o objetivo de reduzir os custos, assim como de todos
rindo ou contribuindo com o aumento da vibração e provável quebra do os outros projetos da organização.
rolamento. Com isso, pode ser encontrada a causa raiz e eliminá-la ao invés
de encontrar uma solução para resolver apenas o efeito. Você acabou de

Seção 1.1 / Fundamentos do desenvolvimento de produtos - 17 18 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


3. O PDPenvolve uma série de departamentos da empresa, tais como Recursos Seção 1.2
Humanos, Produção, Marketing, Financeiro, Contábil, Engenharia e todos os outros
com envolvimento para a conclusão de um projeto. Ciclo de vida do produto
Assinale a alternativa correta que define o PDP:
a) Processo que auxilia no desenvolvimento de projetos apenas para o lançamento Diálogo aberto
do produto no mercado.
b) Processo que desenvolve produtos internos de melhoria das instalações da empresa Prezado aluno,
sem o objetivo de comercialização no mercado.
Os conteúdos aqui estudados têm o objetivo de abordar quais são as
c) Processo que auxilia no desenvolvimento apenas para o estudo de viabilidade de
fases do ciclo de vida de um produto ou serviço e suas principais caracte-
produtos.
rísticas, mostrando quais produtos vendem mais ou menos, quais devem ser
d) Processo que auxilia no desenvolvimento de produtos desde o estudo de mercado
mantidos ou substituídos e quais proporcionam mais ou menos lucro. Será
até a retirada do produto do mercado, tendo a participação de todas as áreas neces-
abordado também como ao longo do tempo estes produtos trocam de fase
sárias para tal entrega.
com a dinâmica do mercado.
e) Processo que auxilia no desenvolvimento de produtos desde o estudo de mercado
até a retirada do produto do mercado, participando apenas o setor da Engenharia Será estudado também a relação destas fases com os tipos de consumi-
no processo. dores destacando entre eles os inovadores, adotantes imediatos, maioria
imediata, maioria tardia e retardatários, podendo assim a empresa planejar e
programar com mais assertividade o volume de vendas.
Para isso, vamos retomar o caso da fábrica de produtos plásticos em que
você foi contratado. Na seção anterior você preparou as informações sobre as
características da garrafa plástica e os possíveis departamentos que partici-
parão do desenvolvimento.
Continuando agora o desenvolvimento, você verificou que como a
empresa não inova, uma faixa de consumidores não é atingida. Estes são os
clientes do tipo inovador, imediatistas, que estão sempre ligados à procura de
novidades e compram um produto logo que é lançado. Além disso, este perfil
de consumidor prefere a compra no ambiente virtual através do computador
ou do celular. Este é um serviço que funcionará como diferencial competitivo,
além claro do serviço da garrafa personalizada. Outro ponto é que a pá de
lixo tem contribuído muito pouco em termos de receita para a empresa nos
últimos anos, dando inclusive prejuízo financeiro e encontra-se no declínio
do ciclo de vida, considerada como um produto “abacaxi”.
Após saber desta informação o dono da empresa solicitou que você
retirasse a pá do mercado e substituísse pela garrafa personalizada, com
venda exclusiva pela internet. É possível atender este novo perfil de consu-
midor e preservar os clientes antigos? Como a tecnologia da informação
pode contribuir nas vendas deste novo produto? Como realizar a transição
de descontinuar um produto de maneira repentina e adotar a implantação de
um novo? Vamos ao trabalho?
Bons estudos!

Seção 1.1 / Fundamentos do desenvolvimento de produtos - 19 20 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


Não pode faltar também produzido, passando por muitos testes até que o fluxo tenha como
saída um produto com a qualidade e com os requisitos esperados. A partir
O mercado é extremamente dinâmico e a cada mudança as empresas
deste momento, o custo de produção diminui devido à resolução das falhas
devem estar preparadas com soluções para manter sua competividade. Após
de produção e consequente excelência operacional do processo. Estes testes
o estudo inicial do conceito de produto, da integração deste com os serviços
justificam em muitos produtos o elevado preço de lançamento, buscando
e do conceito e da importância do Processo Desenvolvimento de Produto
justificar o prejuízo com os erros nos processos produtivos. Porém, nesta
(PDP), iremos agora dar sequência aos estudos tratando sobre o ciclo de vida
fase não há nenhum retorno financeiro, pois, o produto ainda não foi
de um produto, suas fases e a interação com os diversos tipos de consumi-
disponibilizado para venda no mercado. É uma fase na qual a empresa deve
dores. A análise das fases, fará com que novamente as decisões gerenciais se
financiar o desenvolvimento. O que pode acontecer em termos financeiros
tornem cada vez mais assertivas.
seria um ganho (risco positivo) no caso, por exemplo, da entrega adiantada
Podemos entender o ciclo de vida de um produto como sendo a trajetória do protótipo ao cliente, ganhando um bônus conforme contrato. Mesmo
percorrida por este desde o seu nascimento com a ideia inicial da empresa, assim não configuraria como entrada de receita.
baseando em pesquisa de necessidades com o cliente, passando pelo lança-
mento, pelo crescimento e pela maturidade chegando até a eliminação ou
substituição do produto por outro. Assimile
Muitas empresas não consideram o planejamento, o projeto e a fabri-
Segundo Gobe et al. (2004, p. 117), “o ciclo de vida de um produto é a
cação como fase do ciclo de vida do produto, considerando a análise
representação dele no mercado desde seu lançamento até o declínio, passando
apenas mercadológica, a partir da fase de lançamento ou introdução
por diferentes estágios, de maneira similar ao que ocorre com qualquer ser
no mercado.
vivo”.
Já conforme comenta Sandhusen (2010, p. 304):
A segunda fase refere-se ao lançamento ou à introdução do produto no
mercado. Conforme comenta Carpes e Widomar (2014), é a fase de introdução do


produto no mercado. Quando temos um produto completamente novo é previsto
o modelo de Ciclo de Vida do Produto (CVP) supõe que os
um volume pequeno de vendas nesta fase por este ser ainda desconhecido. É uma
produtos introduzidos com sucesso em mercados competitivos
fase de intenso investimento mercadológico por parte da empresa para promover
atravessam um ciclo previsível ao longo do tempo, consistindo
o produto ao público-alvo. Caso o produto já tenha uma marca forte e consolidada,
de introdução, crescimento, maturidade e fases de declínio, com
mais fácil será o convencimento e a captação de clientes para compra, mesmo o
cada fase propiciando ameaças e oportunidades, as quais os
consumidor não conhecendo bem o produto, pois este estará confiando na marca.
profissionais de marketing devem encarar para manter a renta-
Por exemplo, um perfume lançado pela Colgate pode ter uma aceitação mais rápida
bilidade do produto”.
pelo consumidor pelo fato de ele conhecer e confiar na marca. Outro caso que pode
facilitar as vendas iniciais é o lançamento de um produto que sofreu poucas altera-
A Figura 1.2 mostra as Figura 1.2 | Ciclo de vida do produto
ções em relação à versão anterior, visto que o público-alvo já conhece as princi-
fases do ciclo de vida segundo
pais características e estará mais aberto à compra da nova versão. Por exemplo,
Carpes (2014):
um carro de motor 1.0 tem uma nova versão 1.4 mais econômica e que fará com
A primeira fase mostrada que os antigos clientes comprem esta versão pelo conhecimento e pela confiança
na Figura 1.2 refere-se ao na anterior. A baixa produção nesta fase normalmente proporciona um aumento
planejamento, ao projeto nos custos da produção, porém, como o produto já está disponível no mercado, a
e à fabricação. Nesta fase obtenção de receita nesta fase já é aparente, mas com uma tendência ainda de ser
ocorrem custos com horas menor que os custos.
gastas de planejamento,
A próxima fase é a de crescimento, na qual o produto recebe o legado da fase de
engenharia para que possa
introdução, e este definirá seu futuro. Caso não tenha um processo crescente na fase
ser projetado o produto e Fonte: Carpes e Widomar (2014, p. 7).

Seção 1.2 / Ciclo de vida do produto - 21 22 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


de lançamento, ao chegar neste momento é possível que o ciclo de vida se encerre Saiba mais
mais rápido, não permitindo nem que o produto passe pela fase de maturação Existe uma matriz muito utilizada pelas empresas que define o ciclo de
esperada pela empresa. No caso de uma fase inicial bem-sucedida, o produto ganha vida de um produto não considerando apenas a fase de planejamento,
força e continua crescente rumo ao patamar máximo que pode proporcionar para projeto e fabricação, analisando, portanto, a partir da introdução do
a empresa. Nesta fase ainda é possível agregar algum valor percebido para o cliente produto no mercado. Esta matriz, conceitua (a partir de um eixo que
como forma de atualização. Neste momento a receita aumenta consideravelmente, mede a taxa de crescimento do mercado e outro eixo que mede a partici-
visto que o produto está mais conhecido, tem maior volume de fabricação e custo pação do produto no mercado) os produtos como “Em questionamento
reduzido devido ao aprendizado e excelência nos processos produtivos. Os erros ou incógnita” (Introdução no mercado), “Estrela” (Crescimento e maturi-
de fabricação ficaram no passado e é possível a venda com um preço final menor, dade), “Vaca leiteira” (Saturação) e “Abacaxi” (Declínio).
atraindo mais consumidores. Um cuidado que deve ser tomado é que com o ENDEAVOR BRASIL. A Matriz BCG no ciclo de venda: como identificar
aumento das vendas cresce também o número de concorrentes que enxergam uma vacas leiteiras e abacaxis.
nova oportunidade de venda e, estavam apenas esperando o produto “dar certo”
para lançarem um similar no mercado. Por isso, quanto mais inovadora a empresa,
Muitos fatores podem contribuir ou não com o tempo de vida de um
maior a chance de estar sempre à frente da concorrência, fazendo com que a parti-
produto no mercado. A seguir iremos verificar tais fatores segundo Gurgel
cipação no mercado por um bom período traga maior rentabilidade devido à falta
(2008):
de concorrentes.
Inovação: essa característica dá a um produto uma possibilidade de vida
Após a fase de crescimento, temos a fase de maturidade caracterizada pelo
maior, desde que ele seja proveniente de uma invenção patenteada, pois cada
aumento das vendas, chegando ao máximo patamar qualitativo e quantitativo que
invenção pode tornar-se um produto novo, constituindo uma inovação.
o produto pode contribuir com a empresa. É o máximo que este produto conse-
guirá vender a partir dos investimentos planejados, gerando o máximo de lucro Concorrência: é um fator que pode prejudicar a venda e reduzir a vida do
para a empresa. É a maior receita proporcionada em relação ao baixo custo de produto, sob ameaça de um concorrente ou substituto.
produção. A partir deste momento, segundo Sandhusen (2010), o departamento
Obsolescência: um produto pode tornar-se obsoleto por não ser mais
mercadológico da empresa tem como missão manter o produto no topo de maturi-
necessário, ou por ter surgido um produto substituto que o supere em
dade o máximo que conseguir, até o momento em que este esforço não faça mais
desempenho.
efeito e não esteja mais se transformando em vendas do produto, pois a partir de
agora, o preço começa a cair, o número de concorrentes aumenta e novas tecnolo- Moda: um produto pode sair de moda, não sendo mais desejado porque
gias aparecem. ninguém mais o usa.
Por fim, temos a fase que chamamos de declínio, no qual os custos Preço: a prática de preços muito altos ou muito baixos pode inibir o
caem devido também à queda considerável no volume de vendas. consumo.
Conforme comenta Sandhusen (2010), a demanda cai devido ao menor
Promoção: falta de acompanhamento pela gerência de produto, falta de
número de clientes e outros produtos concorrentes com um pacote
sustentação publicitária ou esforços promocionais pelo merchandising.
de valores mais interessante. Neste momento algumas alternativas
são possíveis para este produto. Uma alternativa é reviver o produto, Distribuição: a distribuição pelos canais errados ou de maneira inade-
reposicionando-o com novas propagandas e apresentação aos clientes, quada pode reduzir a vida de um produto.
investindo em promoção, podendo até agregar um serviço para deixá-lo
Mesmo com os fatores colocados, uma empresa pode optar em manter
mais atraente. Outra alternativa é eliminar o produto, retirando do mix
um produto que está fora de moda, obsoleto ou que não esteja mais propor-
da empresa e substituindo o produto com o desenvolvimento de um
cionando lucro, ou seja, que está em fase de declínio, por uma questão estra-
novo. Mas isso deve ser feito de uma maneira equilibrada, pois mesmo
tégica, na qual sua função será contribuir com a venda de outros produtos
vendendo pouco, este ainda contribui com a empresa. Ao passo que o
do mix.
produto novo que o substituirá, aumenta suas vendas, e o produto em
declínio pode ir sendo eliminado do mercado.

Seção 1.2 / Ciclo de vida do produto - 23 24 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


Exemplificando Outro ponto importante que deve ser analisado são os tipos de consumi-
Uma empresa que comercializa produtos agropecuários pode oferecer dores e a sua relação com as fases do ciclo de vida do produto. Cada estilo
a uma fazenda uma lista de produtos, tais como ração para os animais, tem um perfil diferente de compra e pode atuar em diversas fases do ciclo,
feno, medicamentos, produtos de higiene, entre outros. E baseado na cabendo à empresa um estudo e planejamento para atingir cada tipo de
ideia já abordada na seção anterior em que vimos que o cliente hoje consumidor. A Figura 1.3 mostra cada tipo de consumidor:
busca um fornecedor que ofereça o pacote completo (produtos e
Figura 1.3 | Tipos de consumidores
serviços), um destes produtos como o feno pode estar dando prejuízo
financeiro, estando localizado na fase de declínio do ciclo de vida e
portanto, não justificando mais sua produção e comercialização, porém
é necessário que a empresa mantenha o item no mix de produtos para
que a fazenda não procure um outro fornecedor para ter a comodidade
de comprar tudo no mesmo local.

Podemos perceber, portanto, que as fases do ciclo de vida variam sobre


vários aspectos, principalmente em relação ao composto de Marketing como
o preço, a praça e a promoção dos produtos.
A seguir, no Quadro 1.1, temos um resumo mostrando os vários estágios
Fonte: https://friendslab.co/o-que-e-curva-do-ciclo-de-adocao-dos-produtos/. Acesso em: 6 set. 2018.
no ciclo de vida do produto:
A seguir, suas principais características conforme Rogers (2003):
Quadro 1.1 | Estágios no ciclo de vida
• Inovadores: são consumidores que compram o produto
imediatamente ao seu lançamento. Gostam de inovação e são
ansiosos por novidades, porém representam menos de 3% dos
consumidores totais. São importantes para a fase de lança-
mento do produto, contribuindo para o aumento das vendas
e disseminando o produto no mercado. Correm mais riscos,
pois pela falta de análise, podem comprar um produto que
não atenderá ao pacote de valores desejado. Por exemplo,
um consumidor que passa a madrugada inteira na fila para
comprar um celular de última geração no primeiro dia
de venda.
• Adotantes imediatos: vem logo após aos inovadores e esperam
um pouco mais (mas nem tanto) para ter certeza que o produto
não mostrou defeito e também que o preço já caiu em relação
ao lançamento. São formadores de opinião correspondendo a
uma parcela de quase 14%. São muito importantes na fase de
crescimento do ciclo de vida, contribuindo com o aumento das
vendas e consolidação do produto no mercado. Por exemplo, um
consumidor de um novo chocolate que espera todos seus amigos
experimentarem e aprovarem o produto para que em seguida
Fonte: adaptado de Sandhusen (2010, p. 305). seja comprado por ele.

Seção 1.2 / Ciclo de vida do produto - 25 26 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


• Maioria imediata: são consumidores que esperam muito tempo Sem medo de errar
para a compra em relação ao lançamento e não gostam de correr
Chegou a hora de ajudar novamente a empresa de plástico com o
riscos. Embora não sendo formadores de opiniões, representam
desenvolvimento do novo produto: a garrafa personalizada. Você verificou
34% dos consumidores e são importantes para a fase mais nobre
que como a empresa não inova, uma grande faixa de consumidores não é
do ciclo de vida: a maturação, na qual se obtém a maior receita
atingida. Além disso, o dono da empresa quer descontinuar a pá de lixo, que
do produto para a empresa. Por exemplo, um consumidor de
vem dando prejuízo financeiro e encontra-se no declínio do ciclo de vida. Ele
uma guitarra, que não compra quando lançada e nem após seus
quer a substituição pela garrafa e sua venda sendo exclusiva pela internet.
conhecidos testarem, mas tem que verificar a performance desta
É possível atender este novo perfil de consumidor e preservar os clientes
no palco para validar a compra.
antigos? Como a tecnologia da informação pode contribuir nas vendas deste
• Maioria tardia: são consumidores ainda mais lentos que os novo produto? Como realizar a transição de descontinuar um produto de
de maioria imediata e também não correm riscos. São muito maneira repentina e adotar a implantação de um novo?
resistentes à adoção de novos produtos e só passam a adotar
Inicialmente vamos entender onde estão posicionados cada produto no ciclo
quando a grande maioria dos consumidores já compraram. São
de vida. O balde de 10 litros é o produto campeão em vendas, estando na fase
importantes para ajudar a manter por mais um tempo a fase de
de maturidade e este, com um certo tempo de mercado não dá sinais de entrar
maturidade do produto e também manter um nível mínimo de
em declínio rapidamente. Tem custo baixo e mesmo com pequena queda nas
vendas na fase de declínio. Correspondem a 34% dos consumi-
vendas, ainda se mantém no topo. É um produto que deve ser mantido, portanto,
dores. Por exemplo, um consumidor de paleta mexicana que foi
com a mesma estratégia. O cesto de lixo é um produto que se encontra na fase de
provar o produto no início do inverno, após a grande maioria já
crescimento, quase chegando também à maturidade. É do mesmo material que
ter experimentado o produto durante o verão e o outono.
o balde, facilitando e barateando o custo e conquistando mercado pela confiança
• Retardatários: são consumidores avessos a novos produtos sendo que o consumidor já comprava o balde. É o único que não tem queda nas vendas.
extremamente conservadores. Ficam incomodados quando Deve ser mantida a estratégia também. Já a pá de lixo vem dando prejuízo. Teve
adquirem um novo produto. Correspondem a 16% dos consumi- seus tempos áureos, mas agora perde vendas a cada dia, devido a demora de inves-
dores e mesmo assim ainda contribuem na fase de declínio para o timento para mantê-la no topo, fazendo com que seus concorrentes ganhassem
equilíbrio nas vendas. Por exemplo, um consumidor que compra um uma boa fatia do mercado. Em princípio é interessante a substituição da pá pela
carro zero que está em seu último ano de fabricação. garrafa personalizada, mas percebendo que o custo de produção continua baixo,
pode ser feita a opção de reviver o produto que se encontra em declínio. Por
isso, é válida uma tentativa, por exemplo, de agregar a venda da pá com outro
Reflita produto, formando um “combo”, fazendo com que a pá utilize o investimento
Os tipos de consumidores de produtos de alta tecnologia têm um de marketing do outro produto, não tendo assim custo em promoção. Pode ser
perfil diferente ao apresentado anteriormente? Como eles contri- oferecido um “combo” de balde mais a pá, cesto mais a pá ou mesmo balde, cesto
buem nas fases do ciclo de vida do produto? Esperam muito tempo e pá. Com isso é possível primeiro verificar se o produto reage antes de descon-
para comprar ou são imediatistas? Estão dispostos a pagar um preço tinuá-lo. Em pararelo, a introdução da nova garrafa no mercado vai sendo feita
mais alto por tecnologia? de maneira equilibrada. Caso a venda dos combos não traga o retorno esperado
você poderá substituir a pá pela garrafa personalizada. Caso a venda dos combos
traga retorno, é possível mantê-la e além disso agregar o novo produto ao mix.
Com estes conceitos, você será capaz de prosseguir com os
estudos da próxima seção que abordarão a engenharia simultânea e Com relação ao atendimento dos consumidores inovadores e até mesmo
engenharia sequencial, mostrando as vantagens e desvantagens de cada os chamados adotantes imediatos é importante o atendimento para forta-
processo. E agora está capacitado também a continuar o desenvolvi- lecer a fase de introdução do produto no mercado. Porém, quanto ao pedido
mento da nova garrafa plástica da empresa em que você foi contratado. do dono em fazer a venda da garrafa apenas pela internet, ainda é arriscado.
Até a próxima! O ideal é o posicionamento de uma parcela de venda física, mantendo a
segurança do modelo de negócio tradicional e outra pela internet ou celular.

Seção 1.2 / Ciclo de vida do produto - 27 28 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


Assim é possível medir qual público responderá melhor e se necessário Faça valer a pena
posteriormente aumentar a estrutura para um comércio eletrônico. Caso não
tenha retorno, o investimento no e-commerce será baixo e a empresa perde 1. Um produto de uma empresa teve recorde de vendas nos últimos dois anos em
menos. No futuro o e-commerce pode ser expandido para a venda dos outros todo o Brasil. Porém, nos últimos meses suas vendas têm caído consideravelmente
produtos também, fortalecendo este novo canal de venda. devido ao lançamento de um produto concorrente com uma tecnologia bem mais
avançada. A empresa verificou que o investimento para sua atualização será maior do
Após essa etapa, você pode apresentar as informações obtidas da análise
que partir para o desenvolvimento de um novo produto.
do ciclo de vida ao dono da empresa, fazendo com que suas tomada de
decisões estratégicas sejam mais assertivas. Considerando o ciclo de vida, em que fase o produto citado se encontra? Assinale a
alternativa correta:
a) Crescimento e maturidade.
Avançando na prática b) Saturação.
c) Declínio.
O medo da inovação d) Incógnita.
e) Introdução no mercado.

Descrição da situação-problema
O sr. Cristiano tem uma empresa de produtos para escolas onde fabrica
2. Um gerente de fábrica ficou sabendo que muitas empresas têm usado impressora
3D para a elaboração de protótipos de peças a um custo reduzido. Porém, está receoso
um produto composto por giz e seu respectivo quadro negro e outro de
se o equipamento realmente funciona. Quer esperar um pouco para colher outras
canetas com seu respectivo quadro branco. Ele tem percebido uma queda
experiências, mas não quer esperar muito também com medo de ficar ultrapassado
considerável nas vendas de giz e seu respectivo quadro, porém os produtos
com novas ideias para a fábrica.
ainda trazem pequena receita e lucro para a empresa. Quanto ao quadro
branco e suas canetas as vendas continuam iguais e altas, gerando boas O tipo de consumidor descrito refere-se a: (assinale a alternativa correta):
receitas e lucros. Um amigo lhe sugeriu que parasse de fabricar quadro negro a) Inovadores.
e giz e substituísse por uma lousa eletrônica do tipo Smart Board que pode b) Maioria tardia.
ser ligada no computador. O sr. Cristiano, sendo muito conservador está com c) Retardatários.
dúvidas em implantar a sugestão e contratou você para lhe orientar. Analise d) Adotantes imediatos.
a ideia do amigo de Cristiano com relação ao ciclo de vida dos produtos e e) Maioria imediata.
oriente o que ele deve fazer. O produto deve ser substituído?

3. O ciclo de vida de um produto traz as fases de um produto desde a sua concepção


Resolução da situação-problema até sua extinção no mercado. São elas: introdução, crescimento, maturidade e declínio.
Pode ser considerada também uma fase precedente à introdução chamada de planeja-
Pensando em termos de ciclo de vida, a lousa branca e suas canetas
mento, projeto e fabricação.
estão na fase de maturidade, gerando grande volume de vendas e retorno
financeiro. Neste caso este item não deve ser modificado. Com relação Assinale a alternativa correta referente as fases de um produto:
ao quadro com giz, apesar de estar na fase de declínio, ainda traz benefí- a) Na fase de maturidade as vendas caem bruscamente não trazendo retorno finan-
cios de vendas e lucro para a empresa. Portanto, o produto não deve ser ceiro para a empresa.
substituído neste momento. Deve ser mantido e em paralelo deve ser b) A fase de planejamento, projeto e fabricação caracteriza como sendo a de menor
desenvolvida e lançada a nova lousa eletrônica. Com o passar do tempo, custo e maior retorno financeiro para a empresa.
caso a lousa de giz continue perdendo vendas e chegue a dar prejuízo, c) Na fase de crescimento ocorre um aumento nas vendas e a diminuição dos custos
pode ser substituída pela lousa eletrônica, caso esta também apresente de produção devido ao aprendizado e à excelência no processo de fabricação.
evolução positiva no ciclo de vida.

Seção 1.2 / Ciclo de vida do produto - 29 30 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


d) Na fase de introdução os custos de produção são muito baixos devido ao enorme Seção 1.3
volume de vendas.
e) Na fase de declínio tem-se uma grande diminuição nas vendas e a única opção Engenharia simultânea e o desenvolvimento
neste caso é a parada da fabricação e retirada do produto do mercado. de produto

Diálogo aberto
Caro aluno,
Os conteúdos aqui estudados têm o objetivo de abordar os conceitos e as carac-
terísticas, as as vantagens e desvantagens da engenharia sequencial e também da
engenharia simultânea, mostrando o que podem contribuir para a competitivi-
dade nas organizações.
Para isso, vamos retomar o caso da fábrica de produtos plásticos em que você
foi contratado.
Na seção anterior, você pôde apresentar as informações obtidas da análise do
ciclo de vida ao dono da empresa, fazendo com que suas tomadas de decisão estra-
tégicas fossem mais assertivas.
Continuando agora o desenvolvimento, você verificou que o dono da empresa
de plásticos está muito empolgado com a nova ideia da garrafa. Ele está ansioso
que você comece logo o desenvolvimento desse produto e quer que execute as
atividades do projeto rapidamente, porém você está mostrando a ele que antes de
qualquer execução, é necessário um bom planejamento do projeto.
A empresa hoje não possui uma comunicação interna adequada na qual as
áreas não conversam entre si.
Neste momento, seu objetivo é iniciar o desenvolvimento do produto
integrando as áreas e coletando o máximo de informações por meio do conceito de
engenharia simultânea e suas etapas, criando uma equipe integrada e com sinergia
entre as áreas.
Quais as vantagens de trabalhar com uma equipe integrada e quais setores
devem ser envolvidos? E com relação ao lançamento do produto, a engenharia
simultânea poderá contribuir com a redução de tempo para o lançamento?
Preparado? Então, vamos ao trabalho!

Não pode faltar


Caro aluno,
O desenvolvimento de produtos nas empresas vem evoluindo de maneira
rápida, no qual velocidade, redução de custos, interação com o cliente, aumento

Seção 1.2 / Ciclo de vida do produto - 31 32 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto


dos atributos e trabalho em equipe tem se tornado pontos de diferenciação. Após Podemos perceber que a metodologia é praticada com as etapas em
o estudo inicial do conceito de produto, da integração deste com os serviços, do sequência, promovendo a não integração das responsabilidades e gerando
conceito e importância do Processo Desenvolvimento de Produto (PDP) e do um ambiente individual onde cada setor enxerga o produto e sua relação
ciclo de vida e suas fases, iremos agora dar sequência aos estudos tratando sobre com o consumidor de uma maneira diferente. Esta ideia de áreas isoladas
os conceitos de engenharia simultânea, além de entender como eram realizados os pode causar alguns problemas para o desenvolvimento, como a falta de
desenvolvimentos com os chamados processos sequenciais ou tradicionais. alinhamento com as estratégias da empresa. A organização busca estraté-
gias futuras para se manter competitiva no mercado e uma destas pode ser
Este processo trabalha com as chamadas metodologias prescritivas que focam
o desenvolvimento de um novo produto. Se este é desenvolvido pelas áreas
muito as atividades do processo de desenvolvimento e não o ciclo de vida do
sem o alinhamento com o futuro, provavelmente não irá contribuir para a
produto. A expressão “jogar por cima do muro” traduz a falta de interação entre os
manutenção da competitividade no mercado.
departamentos da empresa para o desenvolvimento do produto, ou seja, um depar-
tamento realiza suas atividades e “joga por cima do muro” para que as informações Outro ponto que pode influenciar negativamente é a falta de monitora-
caiam no próximo setor, para que este possa dar continuidade ao desenvolvimento mento e controle dos resultados obtidos nas fases, fazendo com que ocorra
do produto. retrabalho, atrasos e aumento nos custos.
Segundo Back et al. (2008), as metodologias prescritivas ou sequenciais têm A consequência final reflete no cliente que ficará frustrado com o pacote
suas atividades realizadas em série em que primeiro o especialista da área merca- de valores agregados no produto no qual a empresa produziu um produto
dológica prepara uma lista de necessidades do produto. Em seguida, é feito o diferente daquele que estava esperando encontrar.
projeto e são transmitidos os documentos para o setor de produção fabricar, e
As Figuras 1.5 e 1.6 demonstram um processo sem controle e com falta
assim por diante. É criada uma dependência entre as etapas onde normalmente
de sinergia:
a etapa sucessora não pode ser iniciada enquanto a etapa predecessora não estiver
100% completa. A seguir na Figura 1.4, temos um exemplo de uma metodologia Figuras 1.5 e 1.6 | Processos sem controle e sinergia
prescritiva:
Figura 1.4 | Procedimento geral para o projeto de sistemas segundo a VDI 2221 (1985)

Fonte: iStock.

Assimile
Todas as fases de um desenvolvimento de produto devem ser muito bem
executadas. Um estudo de viabilidade mostra uma tendência de sucesso,
mas não garante o mesmo se o desenvolvimento não for bem plane-
jado. Um excelente estudo de viabilidade e planejamento não garantem
sucesso, se não houver uma excelente execução das fases e também se
não houver controle para melhoria e correção de ações.

Com o passar do tempo e o avanço dos processos produtivos, o número de


Fonte: Back et al. (2008, p. 42). concorrentes aumentou fazendo com que os produtos tivessem cada vez mais

Seção 1.3 / Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produto - 33 34 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto
qualidade e também que fossem Com esse trabalho em grupo, tendo cooperação, planejamento prévio e
Figura 1.7 | Engenharia simultânea – sinergia entre
lançados em menos tempo. as áreas compartilhamento de recursos tanto pessoais como materiais, o Processo de
Com isso houve uma neces- Desenvolvimento de Produto (PDP) tende a fluir de maneira rápida e natural.
sidade de maior integração Com isso o tempo de desenvolvimento é acelerado, pois é antecipado o início do
entre as áreas, ocorrendo um projeto e montagem da equipe multifuncional.
salto qualitativo e a maturidade
Como vantagem podemos entender uma posição de pioneirismo de lança-
no entendimento de alinhar
mento de produtos perante os seus concorrentes e poder estar sempre à frente com
o desenvolvimento de um
as ideias em um mercado tão concorrido.
produto aos objetivos estraté-
gicos da organização. Ocorreu Além disso, equipes multifuncionais, devido à execução de etapas em paralelo e
uma transição de uma visão de pela menor ocorrência de modificações, reduzem os custos dos desenvolvimentos.
desenvolvimento de produto
baseada em processos para uma Fonte: iStock.
visão voltada para o negócio. Reflita
Com isso, surgiu a chamada engenharia simultânea que trabalha com etapas Na engenharia simultânea é utilizada uma equipe multifuncional com
em paralelo para o desenvolvimento do produto. Ela se contrapõe ao modelo colaboradores de vários departamentos. Porém, como gerenciar a
sequencial trazendo maior comunicação entre as áreas. A Figura 1.7 reflete esta comunicação e o atingimento das metas do desenvolvimento do produto
ideia: com uma equipe que pode e terá colaboradores de diferentes gerações,
conhecidas como Baby Boomers, Geração X, Y e Z? Como gerenciar estes
Conforme Prasad et al. (1998), a engenharia simultânea aborda os aspectos
conflitos para manter a sinergia da equipe?
da gestão do ciclo de vida do produto integrado com o planejamento, o projeto, a
produção e asdemais fases.
Já para Smith (1997), a engenharia simultânea tem uma cooperação multifun- Pesquise mais
cional no desenvolvimento do produto com o objetivo de criar produtos melhores, Diferentes gerações - as vantagens de se ter uma equipe multigeracional
mais baratos e lançados mais rapidamente no mercado. dentro das organizações e dos projetos.
OLIVIERI, M. Baby boomer, X, Y e Z: as vantagens de uma equipe multi-
Na engenharia simultânea são tratados em paralelo as restrições e os riscos
geracional.
do projeto, com a finalidade de mitigar possíveis ocorrências e retrabalhos. Isso é
possível por meio de uma equipe multidisciplinar que compartilha ideias e troca de
experiências entre as áreas, consultando principalmente as opiniões especializadas Figura 1.9 | Passos para a implantação da engenharia simultânea
no assunto. Esta equipe permanece desde o pré-desenvolvimento até o pós-desen-
volvimento, garantindo que as necessidades dos clientes serão atendidas.
Figura 1.8 | Integração de uma equipe Carpes Jr. (2014) comenta que um
dos fatores essenciais para o sucesso
do projeto são seus colaboradores,
devendo a equipe contar com proje-
tistas habilitados e com profissionais
de formação diferenciada que contri-
buam principalmente na análise e
tomada de decisões. A Figura 1.8 pode
demonstrar melhor a integração de
uma equipe:
Fonte: iStock. Fonte: Back et al. (2008, p. 64).

Seção 1.3 / Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produto - 35 36 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto
A criação de uma equipe multifuncional na verdade reflete um dos pontos da • Relacionamento estratégico com os fornecedores.
primeira etapa de implantação da engenharia simultânea. A Figura 1.9 a seguir
Para finalizar a seguir veremos uma comparação entre a engenharia
mostra os passos para a implantação da engenharia simultânea:
sequencial ou tradicional e a engenharia simultânea. A Figura 1.10 mostra
A primeira etapa refere-se ao projeto piloto onde deve ser escolhida e esta comparação:
treinada a equipe multifuncional. Nesta etapa deve-se aprender o máximo de
Figura 1.10 | Engenharia Sequencial x Engenharia Simultânea
novas técnicas e ferramentas, aplicando e adaptando conceitos de qualidade
para o projeto. Na segunda etapa, a equipe transfere todo o aprendizado para
a alta gerência para que novas soluções e novos conceitos sejam difundidos
para os setores da empresa interessados no desenvolvimento. Uma vez absor-
vido o conhecimento pela alta gerência, esta, na terceira etapa, conduz todo o
processo de planejamento e definição de escopo para que na quarta e última
etapa sejam envolvidas todas as partes interessadas da organização que parti-
ciparão do projeto com as devidas tarefas para serem executadas.
Portanto, como vantagens e benefícios da engenharia simultânea no
processo de desenvolvimento de produtos, Back et al. (2008, p. 67 e 68) citam
que: diante dos princípios, modelos e aspectos da implantação da engenharia
simultânea, destacam-se, conforme Clausing (1994), os principais benefícios
dessa metodologia: Fonte: elaborada pelo autor.

• O desenvolvimento dos sistemas de produção e das áreas de apoio Podemos verificar que na Engenharia Sequencial as etapas são reali-
começa cedo. zadas uma por vez, ou seja, a predecessora deve ser concluída 100% para
que a sucessora seja iniciada e que o processo passe exclusivamente por
• A análise dos aspectos relacionados ao produto ocorre simultanea-
cada área não havendo iteração da equipe, fazendo com que o risco de retra-
mente entre projeto, produção e logística, como um sistema único.
balho aumente e consequentemente aumentem os custos. Já na Engenharia
• A facilidade de obter um bom projeto para manufaturabilidade e Simultânea as etapas podem ser realizadas em paralelo, reduzindo o tempo
apoio logístico. do cronograma e com isso possibilitando o lançamento do produto em
menos tempo, isso devido à iteração entre as áreas gerando menos risco de
• A produção e as pessoas das áreas de apoio ganham um claro enten-
retrabalho e redução de custos.
dimento do projeto e comprometem-se para seu sucesso.
• As modificações no protótipo são reduzidas porque o projeto se
torna mais maduro desde as fases iniciais. Exemplificando
Como exemplo podemos imaginar um fluxo baseado na Figura 1.10,
• Esses benefícios implicam diretamente numa melhoria de processo
onde será desenvolvido um novo sapato. Para esse desenvolvimento os
de desenvolvimento de produto, a saber:
departamentos de marketing e vendas podem iniciar o processo e após
• Foco na qualidade, no custo e no cronograma de desenvolvimento. a validação já passam informações para o desenvolvimento do conceito
e detalhes do projeto, antes mesmo que a fase anterior termine. Isso
• Ênfase na satisfação do consumidor.
irá facilitar os engenheiros que em paralelo irão recebendo informações
• Ênfase nas melhores práticas de desenvolvimento. validadas e adiantando o protótipo para fabricação, testes e produção
para o possível lançamento. Podemos perceber que a iteração de várias
• Equipe multidisciplinar de desenvolvimento;
áreas realizando atividades em paralelo melhorou muito a comunicação
• Funcionários envolvidos e participantes no gerenciamento. e reduziu sensivelmente o prazo de entrega do desenvolvimento.

Seção 1.3 / Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produto - 37 38 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto
Com esses conceitos, você será capaz de prosseguir com os estudos da produto. Faça o planejamento em conjunto com o dono da empresa, definindo o
próxima unidade que abordará as fases do Processo de Desenvolvimento de escopo, cronograma e custos do projeto, além de definir as tarefas para cada parti-
Produto (PDP). E também, a partir do conhecimento e da compreensão dos cipante da equipe. Feito isso, realize a última fase que inicia a mobilização da equipe
conceitos, saberá aplicar os fundamentos do processo de desenvolvimento delegando a cada um suas atividades e iniciando a execução do projeto. Perceba
de produtos. Vamos então terminar o estudo de desenvolvimento da nova que com esta iteração entre a equipe e a possibilidade de realizar etapas em paralelo
garrafa plástica da empresa em que você foi contratado. a engenharia simultânea contribuirá para o lançamento da garrafa em um prazo
menor que o de costume, deixando o dono da empresa novamente satisfeito.

Sem medo de errar Com isso, você pôde ajudar a empresa de plásticos a manter a competitividade
no mercado. E ao final desta unidade pôde conhecer, compreender e saber aplicar
Chegou a hora de ajudar novamente a empresa de plástico com o desenvol- os fundamentos do processo de desenvolvimento de produtos para avaliar o ciclo
vimento do novo produto: a garrafa personalizada. Você verificou que o dono de vida de produtos em uma organização e tomar decisões estratégicas que contri-
da empresa de plásticos está muito empolgado com a nova ideia da garrafa e buirão na manutenção de uma empresa sólida no mercado.
está ansioso pelo desenvolvimento deste produto. Ele está querendo que você
execute as atividades do projeto rapidamente, porém você está mostrando a ele
que antes de qualquer execução, é necessário um bom planejamento do projeto. Avançando na prática
Neste momento, seu objetivo é iniciar o desenvolvimento do produto por meio do
conceito de engenharia simultânea e suas etapas, criando uma equipe integrada As crianças não gostaram de novo do
e com sinergia entre as áreas. Quais as vantagens de trabalhar com uma equipe brinquedo?
integrada e quais setores devem ser envolvidos? E com relação ao lançamento, a
engenharia simultânea poderá contribuir com a redução de tempo para lança-
mento do produto? Descrição da situação-problema
Inicialmente você deve formar a equipe que irá trabalhar no desenvolvi- André é dono de uma fábrica de brinquedos e têm ouvido falar que deve estar
mento. Baseado na engenharia simultânea, deve ser uma equipe do tipo multifun- sempre à frente dos concorrentes. Ele atropela o desenvolvimento de cada produto
cional, que trará a vantagem de uma excelente comunicação interna e que poderá novo, acelerando seu lançamento. No começo parece bom porque as vendas são
otimizar o tempo do cronograma por ser capaz de realizar as etapas em paralelo. boas, mas logo em seguida vêm os problemas: uma série de devoluções e recla-
Para a empresa de plásticos, os setores envolvidos devem ser o de marketing, para mações porque ficou faltando essa ou aquela característica e que o produto não
informar todas as necessidades e os benefícios que o consumidor imagina obter tem determinada funcionalidade. Por ser autoritário, ele imagina como a criança
na garrafa, o setor de engenharia que poderá desenhar e projetar a ideia inicial gostaria do brinquedo e manda a fábrica produzir. Depois de ter que criar um
da garrafa baseado nos atributos informados pelo setor de marketing, o setor de Serviço de Atendimento ao Cliente enorme para atender às reclamações, ele lhe
produção que poderá analisar a viabilidade de produção do produto desejado além procurou para pedir ajuda. Ouviu falar de uma tal de engenharia simultânea e
de verificar se o produto terá um custo adequado para a produção. Você poderá gostaria de sua orientação para como implantá-la. Analise a fábrica de André e lhe
envolver também o setor financeiro para verificar o valor do investimento e se oriente do que fazer. É necessário mudar as etapas de desenvolvimento de produto?
o retorno sobre ele é viável. Como a empresa é pequena os envolvidos para este A equipe está em sinergia para tal desenvolvimento?
caso estão suficientes, porém entenda que outros setores podem ser incluídos ou
retirados do desenvolvimento dependendo do porte e da cultura organizacional de
cada organização. Com isso a primeira etapa de implantação da engenharia simul- Resolução da situação-problema
tânea está realizada. A etapa seguinte será levar todas as informações e estudos deste
Ao realizar a análise, você percebeu que existe uma situação pior do que
projeto piloto para a alta gerência. Novamente como a empresa é pequena, agende
uma engenharia sequencial, pois o desenvolvimento dos produtos, mesmo
uma reunião com o dono (não existe diretor) para mostrar o projeto piloto e obter
que sem iteração dos departamentos, não passa por eles, indo direto do dono
a provação necessária. Caso tudo esteja aprovado, você pode partir para a terceira
para a produção. Para ajudar André, crie inicialmente uma equipe multi-
parte que será o planejamento do projeto de desenvolvimento até o lançamento do
funcional que possa trabalhar integrada e com uma comunicação excelente,

Seção 1.3 / Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produto - 39 40 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto
capaz de realizar as etapas do processo em paralelo. Faça um projeto piloto a) II, I, III, IV.
e apenas após isso apresente ao André para análise. Uma vez aprovado, faça b) III, II, I, IV.
o planejamento em conjunto com ele e coloque a equipe para trabalhar, c) III, II, IV, I.
delegando as atividades definidas para cada um. Com tudo isso, André conti- d) II, I, IV, III.
nuará podendo lançar seus produtos em um tempo curto, mas agora de uma e) I, IV, III, II.
maneira organizada, planejada e assertiva.

Faça valer a pena

1. Um dos processos de Desenvolvimento de Produto utiliza etapas ordenadas de


modo que é necessário o término de cada uma para o início da próxima. Não há
iteração entre os departamentos e com isso um maior risco de retrabalho e aumento
de custos. É conhecido como o processo de “jogar por cima do muro”.

O texto refere-se a qual processo? Assinale a alternativa correta:


a) Engenharia reversa.
b) Engenharia simultânea.
c) Engenharia de produção.
d) Engenharia sequencial.
e) Engenharia de desenvolvimento.

2. Na engenharia simultânea são criadas equipes chamadas multifuncionais. São


escolhidos colaboradores de vários departamentos envolvidos no desenvolvimento
do produto para compor as equipes, que trabalham integradas durante todo projeto.

Assinale a alternativa correta que mostra apenas benefícios de se ter uma equipe
multifuncional:
a) Melhoria na comunicação e redução do prazo de lançamento do produto.
b) Aumento na qualidade do produto e aumento no prazo de entrega.
c) Aumento dos custos do projeto e aumento da qualidade do produto.
d) Redução do prazo de lançamento do produto e queda na qualidade do produto.
e) Melhoria na comunicação e aumento do prazo de lançamento do produto.

3. Para a implantação da engenharia simultânea deve-se realizar o processo a partir


de quatro etapas. A seguir as etapas de maneira aleatória:
I) Envolvimento de toda a organização.
II) Transferência de experiência à alta gerência.
III) Projeto piloto.
IV) Condução do processo pela alta gerência.

Assinale a alternativa que mostra as etapas na ordem correta:

Seção 1.3 / Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produto - 41 42 - U1 / Projeto e processo de desenvolvimento de produto
Referências
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on Engeneering Management. v. 44, n. 1, 1997.
Unidade 2 Nesta unidade estudaremos em linhas gerais as fases do processo de
desenvolvimento de Produto (PDP), passando pelas seções e tratando
do Modelo de referência do PDP, a Fase de Pré-desenvolvimento que
tratará do Planejamento estratégico e de projeto do novo produto, a Fase
Desenvolvimento integrado do produto de Desenvolvimento que abordará os Projetos informacional, conceitual
e detalhado, além da preparação da produção do produto e o lançamento
deste. Por fim, será mostrada a Fase de Pós-desenvolvimento que acompanha
Convite ao estudo o produto no mercado e descontinua este até o término de seu ciclo de vida.
O planejamento em qualquer projeto é de fundamental importância para
Bons estudos!
o seu sucesso. Quanto mais planejamos, maior a chance de ser realizada a
execução de um projeto de maneira linear e com o mínimo de retrabalho. Já
se o planejamento for pequeno ou mesmo não ocorrer, a probabilidade de
erros na execução aumenta consideravelmente fazendo com que o projeto
atrase e gaste mais com retrabalhos.
Nesta unidade estudaremos as fases do processo de desenvolvimento
do produto, passando pelo Pré-Desenvolvimento, Desenvolvimento e
Pós-Desenvolvimento além de verificar quais são os modelos de referência
utilizados no PDP.
Isso irá proporcionar que você conheça, compreenda e saiba aplicar os
fundamentos do desenvolvimento integrado dos produtos para analisar e
gerir as fases do processo de desenvolvimento do produto, integrando todas
essas fases.
Para entender melhor o assunto, você foi procurado pelo dono de uma
fábrica de café para fazer a implantação do Processo de Desenvolvimento de
Produto e realizar o Desenvolvimento Integrado deste, desde a implantação
do projeto até a retirada do produto do mercado.
As vendas da empresa vêm caindo de 30% a 40%, principalmente
devido aos consumidores estarem optando pelo consumo de cápsulas e não
mais utilizar o café em pó. Sua ideia é transformar o café oferecido em
pó em pacotes de 500 g e 1 kg também em um novo produto que pode
ser consumido através das cápsulas. Além disso, ele tem percebido que
seus concorrentes estão agregando os produtos aos serviços para poder
ter mais vantagens competitivas e quer fazer isso também. Um dia desses
foi a um supermercado e reparou que quase todos os seus concorrentes
já têm o produto em cápsulas. Ele pensou em fazer uma loja de fábrica
onde além da compra dos produtos, funcionasse como cafeteria, aliando
produtos com serviços. Quais etapas devem ser implantadas? Ao final do
seu ciclo de vida, o produto deve ser mesmo retirado do mercado? O que
deve ser considerado nas fases de Pré-Desenvolvimento, Desenvolvimento
e Pós-desenvolvimento?
Seção 2.1 Mas antes disso, abordaremos o modelo de referência para a utilização
do PDP.
Fases do Processo de Desenvolvimento de Segundo Vernadat (1996), modelos de referência são parciais utilizados
Produto (PDP) como base para desenvolver modelos específicos. São designados parciais,
pois não atendem a um processo definido.
Diálogo aberto Amaral et al. (2006) demostram na Figura 2.1 a seguir uma visão geral do
modelo de referência para o PDP:
Caro aluno,
Figura 2.1 | Visão geral do modelo de referência
Os conteúdos aqui estudados têm o objetivo de abordar em linhas gerais
quais são as fases do processo de desenvolvimento de produtos (PDP),
mostrando desde a ideia inicial com o planejamento estratégico e do projeto,
os requisitos, detalhamento, protótipo, testes, fluxo de produção até o lança-
mento. Será estudado também o acompanhamento do produto durante as
fases do ciclo de vida até a sua descontinuidade e retirada do mercado para
colher as lições aprendidas e verificar quais os pontos positivos e pontos de
melhoria para os próximos ciclos.
Para isso, vamos estudar o caso da fábrica de café em que você foi contra-
tado. Seu objetivo inicial é analisar estrategicamente a viabilidade de implan-
tação e planejar a equipe do projeto. Os produtos oferecidos atualmente são
o café em pó embalado à vácuo em pacotes de 500 g e 1 kg com intensidade
média. O objetivo é criar o produto na forma de cápsulas para baixa, média e
alta intensidades. Além disso deve ser criada uma cafeteria no próprio prédio
Fonte: Amaral et. al. (2006, p. 44).
da fábrica para unir a venda do produto com o serviço de atendimento aos
clientes. Além de tomar um café ele pode comprar os produtos da empresa.
Podemos perceber que este modelo demostra uma visão holís-
Neste primeiro momento você deve realizar a fase de pré-desenvolvimento,
tica de todo o processo, desde o Pré-Desenvolvimento até o
verificando a viabilidade estratégica da implantação do novo produto. Além
final do Pós-Desenvolvimento. Este indica inicialmente a fase de
disso, como deve ser a equipe do projeto? Como devem ser analisadas as
Pré-Desenvolvimento em que serão abordados o planejamento estraté-
estratégias para o ciclo de vida do produto no mercado?
gico dos produtos e o planejamento do projeto a ser realizado. Após isso
Preparado? Então vamos trabalhar! indica a fase de Desenvolvimento que serão abordados o projeto infor-
macional, conceitual e detalhado, além da preparação da produção e
lançamento do produto. Por fim, na fase de Pós-Desenvolvimento, que
Não pode faltar irá tratar de acompanhar o produto e processo no mercado e descon-
tinuar o mesmo do mercado até o término de seu ciclo de vida. Tudo
Caro aluno,
acompanhado de processos de apoio para gerenciamento de mudança e
Após o estudo na Unidade 1 dos fundamentos do desenvolvimento e do melhoria contínua.
ciclo de vida dos produtos e também da engenharia simultânea, chegou a
O mais importante de se entender é o modelo acima ser como o próprio
hora de explorarmos mais as fases que compõem o processo de desenvolvi-
nome diz de referência para a criação do modelo necessário a ser praticado
mento de produto (PDP). Serão tratadas as fases de Pré-Desenvolvimento,
no dia a dia da empresa, baseado na equipe, cultura e estrutura organiza-
Desenvolvimento e Pós-Desenvolvimento para poder analisar, gerir e
cional da empresa.
integrar as fases do processo de desenvolvimento do produto.

Seção 2.1 / Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) - 47 48 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto
A fase de Pré-desenvolvimento é normalmente composta por duas No projeto informacional é o momento em que são coletadas todas as
etapas de planejamento: informações e requisitos solicitados pelo cliente para o desenvolvimento do
novo produto. O produto deve conter um pacote de valores atraentes para o
- Planejamento estratégico de produtos;
consumidor, pois o preço é diferente de valor. Muitos consumidores compram
- Planejamento de projeto. considerando o preço do produto (que é um dos valores), porém muitos
buscam encontrar o pacote de valores que melhor supre suas necessidades.
Na etapa de planejamento estratégico é realizado um estudo de viabi-
lidade realizando análises financeiras e de mercado baseado no portfólio Segundo Las Casas (2007), a oferta de valor é um diferencial percebido
de produtos já existentes na empresa. Isso mostrará se a ideia de um novo pelo consumidor tanto na aquisição de um produto como em um serviço. E
produto está alinhada com os objetivos estratégicos para o futuro, ou seja, se este diferencial deixa o cliente satisfeito. A seguir Kotler e Keller comentam
está alinhado com a missão, visão e valores da organização. em que consiste a satisfação do cliente:
Na etapa de planejamento do projeto é realizado o planejamento de um “Satisfação consiste na sensação de prazer ou desapontamento resultante
ou mais projetos, em que o resultado de cada um irá concluir o desenvol- da comparação do desempenho (ou resultado) percebido de um produto em
vimento. Neste momento serão planejados o escopo, cronograma, custos, relação às expectativas do comprador” (KOTTLER; KELLER, 2006, p. 58).
qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos, aquisições e partes
Gobe et al. (2004) mostra na figura a seguir alguns fatores que podem
interessadas de cada projeto.
influenciar na satisfação do cliente:
Figura 2.2 | Diagrama de Kano de satisfação dos clientes
Assimile
Quando temos um conjunto de projetos que possue o mesmo objetivo final,
damos a ele o nome de programa. Portanto, dentro do desenvolvimento de
um novo produto pode haver um programa de vários projetos no qual cada
um contribuirá com algum benefício para formar o produto final.

Como saída deste processo, teremos os requisitos coletados no planeja-


mento, que servirá como informações de entrada para o projeto informa-
cional que inicia a próxima fase: desenvolvimento. Nesta, temos o projeto
informacional, projeto conceitual, projeto detalhado, a preparação da
produção do produto e o lançamento do produto. É importante reforçar que
apesar de citadas em sequência, algumas atividades podem ser realizadas
de maneira sobreposta, em paralelo, baseadas no conceito da Engenharia
Simultânea.
Fonte: Gobe et al. (2004, p. 221).
Atenção
O diagrama reflete as expectativas dos clientes no que se refere aos requi-
Os itens planejamento do projeto de desenvolvimento do produto,
sitos de um produto. Requisitos considerados básicos não são considerados
projeto informacional – desenvolvimento de produto, projeto conceitual
para a decisão de compra, pois imaginamos que estes são de caráter obriga-
– desenvolvimento de produto, projeto detalhado – desenvolvimento de
tório e já estão consolidados no mercado. Por exemplo, esperamos conseguir
produto, preparação da produção, lançamento do produto, acompanha-
sentar numa cadeira, conservar um alimento gelado em uma geladeira, ou
mento do produto no mercado, retirada do produto do mercado serão
seja, características mandatórias que se faltarem no produto, este não pode
estudados nas Seções 2.2 e 2.3 com mais detalhes, ok?
nem estar na concorrência para venda. Esses requisitos são percebidos,
porém nem citados.

Seção 2.1 / Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) - 49 50 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto
Figura 2.3 | Exemplo das etapas do projeto conceitual
Já os requisitos considerados de desempenho esperado são aqueles
manifestados pelo consumidor e que na primeira compra eram inesperados.
Características inéditas buscadas pelos consumidores, porém sem que conse-
guissem externar tais desejos. A partir da próxima compra estes requisitos
se tornam esperados e aprovados pelo consumidor, validando uma versão
atualizada do produto.
Por último o gráfico mostra o desempenho de excitação rapidamente
citado anteriormente. São aqueles requisitos que deixam o consumidor
surpreso, feliz e excitado com um produto que supera suas expectativas,
algo inovador de fato. Porém, como dito anteriormente, o inesperado se
torna esperado a partir da próxima compra. Devido a isso, há a necessidade
da empresa sempre estar buscando melhorias com inovações tanto para
melhorar o produto como para lançar um novo.
Fonte: Gobe et al. (2004, p. 243).

Podemos perceber inicialmente as entradas, ferramentas e saídas do


Exemplificando
processo:
Os serviços agregados aos produtos também podem proporcionar expec-
tativas diferentes no consumidor. Por exemplo, se você for a uma papelaria - Entradas: água limpa, sabão, roupas sujas, informação (grau de
comprar uma caneta e ao pagar ganhar mais uma caneta de brinde, suas lavagem);
expectativas na experiência da compra serão superadas. Porém, ao
- Atividades: misturar água e sabão, produzir movimento, molhar roupas,
realizar uma próxima compra futura, o seu primeiro pensamento será
alternar movimento, esfregar roupas, enxaguar roupas e secar roupas;
de querer o brinde, ou seja, o inesperado da primeira compra tornou-se
esperado a partir das próximas. Devido a isso, deve-se deixar bem claro - Saídas: energia, água suja e o objetivo final: roupas limpas.
quando são feitas campanhas de descontos promocionais, que estas são
Entendendo a cadeia, água e sabão são misturados enquanto em paralelo
por tempo limitado, exatamente para tirar o compromisso deste valor (no
é ligada a energia para a produção de movimento e alterná-lo posteriormente
caso o preço) tornar-se esperado nas próximas aquisições.
se necessário. É molhada a roupa suja para em seguida, através do movimento
e de informações técnicas necessárias, esfregá-la tirando a sujeira. Uma vez
Após a busca dos requisitos, no projeto conceitual devemos criar a feito isso, usamos mais água limpa para enxaguar as roupas retirando o sabão
concepção do produto para simular e validar os passos até o processo de delas. Em seguida, iremos secar as roupas para chegar ao objetivo final das
fabricação. De maneira similar a um processo produtivo devemos desenhar roupas limpas. Perceba que uma das saídas é a água suja por consequência
uma cadeia de valor, simulando desde a entrada das informações e matéria- das atividades de enxaguar e secar as roupas. Uma última saída é o gasto de
-prima, escolhendo a ferramenta ou atividades que irão transformar estas energia para realizar o processo.
entradas em saídas do processo. A seguir na Figura 2.3, veremos um exemplo
Portanto, é desenhado um fluxo de atividades que possa verificar e validar
hipotético para a lavagem de roupas:
como o produto será produzido identificando possíveis riscos e mitigá-los
quando do início do processo de fabricação.
O próximo item refere-se ao projeto detalhado que dá continuidade à
fase anterior e tem o objetivo de desenvolver e finalizar as especificações do
produto. São analisados os chamados “SSC” compostos por sistemas, subsis-
temas e componentes.
Segundo Gobe et al. (2004), temos 3 ciclos para o projeto detalhado:

Seção 2.1 / Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) - 51 52 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto
Ciclo de detalhamento: como primeiro passo buscamos reutilizar os Figura 2.4 | Ciclo PDCA
SSC´s da própria empresa para o desenvolvimento do produto. Caso seja
possível, podemos passar diretamente para o ciclo de otimização.
Ciclo de aquisição: caso não seja possível reaproveitar SSC´s da empresa
é realizado o ciclo de aquisição que vai analisar e definir o que deve ser
produzido internamente e o que será comprado fora de um fornecedor. A
isso damos o nome de “make or buy”.
Ciclo de otimização: é a fase onde os SSC´s são construídos através de
protótipos e também avaliados, preparando e planejamento o processo de
fabricação para lançamento do produto.
Ainda na fase de desenvolvimento, temos a etapa de preparação para
produção, onde é realizada a produção de um primeiro lote capacitando os
colaboradores e planejando a manutenção caso necessária.
Na fase do projeto detalhado foi possível homologar o produto com base
no protótipo, avaliando e aprovando sua funcionalidade, seus requisitos e
conhecendo seus riscos. Agora é necessário homologar o processo, definindo
Fonte: Istock.
o fluxo e tempo de produção do produto, validando também se o custo de
fabricação previsto foi alcançado. Validado o custo, é possível a formação de O ciclo começa com o “P” de “Plan” (Planejamento) em que para este
preço para a fase de lançamento. caso são planejadas todas as atividades de acompanhamento do produto. A
partir disso, é realizado o “D” de “Do” (Executar), no qual são executadas
Por fim, na fase de desenvolvimento temos a etapa de lançamento do
todas as atividades e são gerados relatórios para análise. Com estes relató-
produto que tem como objetivo planejar e estimar as vendas, marketing e
rios é possível realizar o “C” de “Check” (Checar, monitorar), no qual são
logística, acompanhando a evolução do produto em sua fase inicial do ciclo
checados todos os possíveis desvios que ocorreram em um período de tempo
de vida na qual este ainda é uma incógnita. É o momento em que a equipe
em relação ao planejado. E por último através destes desvios é possível
do projeto pode ser dispensada ou retornar aos postos originais de trabalho,
realizar o “A” de “Act” (Agir), fazendo o controle e tomando ações corretivas
tendo agora um novo produto na empresa.
para solução dos problemas.
Após esta análise, sempre devemos registrar lições aprendidas, verifi-
Reflita cando o que aconteceu de bom e ruim durante o ciclo de vida para ser utili-
Por que em geral novos produtos têm preço mais alto no momento de zado em próximos desenvolvimentos.
lançamento? Quais os fatores que podem influenciar nesta alta?
Já na fase de descontinuidade do produto é realizada a retirada do
produto do mercado e encerramento do seu ciclo de vida. São coletadas as
Como saída deste processo temos o produto no mercado sendo comercia-
lições aprendidas documentando os pontos fortes e fracos para que possa
lizado e isso servirá de entrada para o início da fase de pós-desenvolvimento
haver uma melhoria contínua do processo. Devemos aqui dar uma atenção
que é marcada por duas etapas que acompanha produto e processo no mercado
especial à importância da sustentabilidade e reciclagem ao retirar o produto
e descontinua o produto do mercado até o término de seu ciclo de vida.
do mercado. Os dados coletados durante o acompanhamento do produto
Na fase de acompanhamento do produto e processo, o produto é no mercado devem ser levados em consideração para possíveis impactos
acompanhado através de um controle que irá analisar seu desempenho no ambientais, considerando os valores que a sociedade possui neste tema.
mercado e também possíveis melhorias por intermédio das reclamações de Uma retirada mal realizada em relação às questões pode acarretar processos
clientes. Um método conhecido que pode ser utilizado nesta fase é o PDCA, judiciais para a empresa no futuro.
mostrado na Figura 2.4 a seguir:

Seção 2.1 / Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) - 53 54 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto
Pode também neste momento estar ocorrendo uma transição da descon- por colaboradores de todas as áreas envolvidas no desenvolvimento.
tinuação deste produto e o desenvolvimento e lançamento de um novo que Inicialmente você deve alocar um colaborador de Marketing, Produção,
irá substituir o antigo. Projeto, Custos e Engenharia. Caso tenha necessidade outros colabora-
dores podem ser adicionados.
Lembre-se também de que a empresa pode decidir estrategicamente
manter o produto em seu mix mesmo este não sendo mais atrativo para Após essa etapa, você pode apresentar as informações para a empresa,
ajudar na venda de outros produtos da empresa. fazendo com que possa ser aprovado o desenvolvimento e iniciado o projeto.
Com esses conceitos, você será capaz de prosseguir com os estudos
da próxima seção que abordarão o planejamento do projeto e os projetos Avançando na prática
informacional, conceitual e detalhado. E agora você está capacitado
também a iniciar o trabalho na fábrica de cafés em que você foi contratado.
Até a próxima!
O kit de panelas

Descrição da situação-problema
Sem medo de errar
Sr. Cláudio possui uma conhecida fábrica de diferentes tipos de panelas.
Vamos agora estudar o caso da fábrica de café em que você foi contratado. Seu negócio vem avançando a cada dia e agora ele teve uma ideia de lançar
um kit com as panelas mais utilizadas pelos principais chefs do país, mas
Seu objetivo inicial é analisar estrategicamente a viabilidade de implan-
não tem ideia de como desenvolver este produto. Por isso, contratou você
tação e planejar a equipe do projeto. Os produtos oferecidos atualmente são
para indicar como fazer. Quais são as etapas que devem ser cumpridas para
o café em pó embalado à vácuo em pacotes de 500 g e 1 kg com intensidade
esse desenvolvimento? É necessária uma equipe multifuncional para esse
média. O objetivo é criar o produto na forma de cápsulas para baixa, média e
desenvolvimento?
alta intensidades. Além disso deve ser criada uma cafeteria no próprio prédio
da fábrica para unir a venda do produto com o serviço de atendimento aos Resolução da situação-problema
clientes. Além de tomar um café, ele pode comprar os produtos da empresa.
As etapas que devem ser cumpridas pelo Sr. Cláudio devem ser inicial-
Quais etapas devem ser consideradas para o pré-desenvolvimento? Como mente o planejamento estratégico do produto e do projeto, verificando se
deve ser a equipe do projeto? Como devem ser analisadas as estratégias para de fato este produto é viável para ser colocado no mercado no que se refere
o ciclo de vida do produto no mercado? às vendas, aos custos de fabricação, por exemplo. Este estudo faz parte da
fase de Pré-Desenvolvimento. Após isso deve ser feito o projeto informa-
Inicialmente nesta fase de Pré-Desenvolvimento, você deve analisar se
cional que coletará todos os requisitos necessários, para que com o projeto
a proposta das cápsulas estão alinhadas com a missão, visão e valores da
conceitual possa decidir a concepção do kit de panelas e através do projeto
empresa, além de analisar quais são os concorrentes e os tipos de cápsulas
detalhado realizar um protótipo para ser validado antes da produção. Neste
oferecidas. Baseado nisso, a próxima decisão deve ser para a manutenção
caso, esta etapa e a próxima de preparação da produção podem ser puladas,
dos pacotes de 500 g e 1 kg. Em princípio estes produtos mostram uma
pois todas as panelas já são fabricadas. O que deve ser testado nesta fase
solidez trazendo excelente receita para empresa, podendo continuar
são compostos como a nova embalagem e seu design, por exemplo. Com
sendo comercializado no mix de produtos. A dúvida agora cai em lançar
isso o lançamento do produto pode ser realizado completando a fase de
as cápsulas de baixa, média e alta intensidade ou apenas uma delas para
desenvolvimento. Agora está quase terminando! Proponha ao Sr. Cláudio
sentir o mercado. Após sua análise e conversa com os departamentos de
o acompanhamento do produto durante o ciclo de vida e quando chegar
Marketing e Produção, tanto para o lançamento quanto para a produção,
no declínio, retirar o produto do mercado realizando as lições aprendidas
foi unânime a ideia de desenvolver as cápsulas com as três intensidades,
para o novo ciclo. Assim, você conclui a fase de Pós-Desenvolvimento. Com
pois dá mais possibilidades de compra aos consumidores e não impacta em
relação à equipe, esta deve sim ter colaboradores de diferentes áreas para que
custos adicionais na produção, pois independente da intensidade, a cápsula
a integração das fases seja realizada de maneira completa.
será a mesma. Com relação à equipe do projeto esta deve ser composta

Seção 2.1 / Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) - 55 56 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto
Faça valer a pena Seção 2.2

1 . Uma empresa está neste momento coletando todas as informações e requisitos Desenvolvimento integrado do produto I
necessários informados pelos consumidores com o desejo de um novo produto que
possa ser lançado no mercado. O pacote de valores desse novo produto deve contem-
plar todos esses requisitos para que o cliente fique satisfeito.
Diálogo aberto
Prezado aluno,
Assinale a alternativa correta que define esta etapa:
a) Projeto conceitual. Iremos estudar nesta seção os conteúdos relativos ao planejamento do
b) Retirada do produto do mercado. projeto de desenvolvimento que se encontra na fase de Pré-Desenvolvimento
c) Pós-desenvolvimento. e os projetos informacional, conceitual e detalhado, dando continuidade
d) Projeto informacional. à sequência do PDP (Planejamento de Desenvolvimento de Produto),
e) Projeto detalhado. mostrando todo detalhamento, etapas e validações para se chegar até o
momento antes da produção do produto pela empresa.
2. No Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP), temos uma etapa de lança- Para isso, vamos retomar o caso da fábrica de café em que você foi contra-
mento do produto ao consumidor, e logo em seguida uma etapa de acompanhamento
tado. Na seção anterior,
desse produto passando pelas fases do ciclo de vida até o seu declínio e retirada do
mercado. após a análise com os departamentos de Marketing e Produção, foi
decidido desenvolver as cápsulas com as três intensidades, pois dá mais
Assinale a alternativa correta com as fases onde estão inseridas respectivamente o
possibilidades de compra aos consumidores e não impacta em custos adicio-
lançamento do produto e seu acompanhamento no mercado:
nais na produção. Foi orientado também a formação de uma equipe multi-
a) Planejamento Estratégico e Pré-Desenvolvimento.
disciplinar com colaboradores das áreas de Marketing, Produção, Projeto,
b) Pré-Desenvolvimento e Desenvolvimento.
Custos e Engenharia.
c) Desenvolvimento e Pós-Desenvolvimento.
d) Pré-Desenvolvimento e Planejamento do Projeto. Validado isso, sua missão agora é realizar o planejamento do projeto do
e) Pós-Desenvolvimento e Planejamento Estratégico. produto e em seguida dar sequência com os projetos informacional, concei-
tual e detalhado, concluindo a fase de Desenvolvimento do Produto.
3 . A fase de desenvolvimento do PDP é a mais longa do processo e requer uma
Faça um relatório com os pontos a serem seguidos em cada etapa de
atenção especial no cumprimento das etapas para que não se perca nenhum detalhe
maneira geral. Que áreas de conhecimento devem ser consideradas no plane-
no meio do caminho. Qualquer detalhe esquecido pode refletir no cliente e em possí-
jamento do projeto? Quais itens devem constar no projeto informacional?
veis reclamações e retrabalho do processo.
E no projeto conceitual? Devem ser realizados testes no projeto detalhado
Assinale a alternativa correta que indica as cinco etapas da fase de desenvolvi- antes do início da produção?
mento:
Preparado? Então vamos trabalhar!
a) Projeto conceitual, Projeto detalhado, Projeto informacional, Preparação da
Produção e Lançamento do produto.
b) Projeto informacional, Projeto conceitual, Projeto detalhado, Preparação da Não pode faltar
Produção e Lançamento do produto.
c) Projeto detalhado, Projeto conceitual, Projeto informacional, Preparação da Prezado aluno,
Produção e Lançamento do produto.
Na seção anterior conhecemos de uma maneira geral o modelo de
d) Projeto detalhado, Projeto conceitual, Preparação da Produção, Projeto informa-
referência utilizado para o Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP)
cional e Lançamento do produto.
e também as fases deste modelo, que são as de Pré-desenvolvimento, Fase de
e) Projeto detalhado, Preparação da Produção, Projeto conceitual Projeto informa-
Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento.
cional e Lançamento do produto.

Seção 2.1 / Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) - 57 58 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto
Nesta seção iremos explorar com mais detalhes o Planejamento do Para este estudo a fase de planejamento é de fundamental impor-
Projeto de desenvolvimento que está dentro da fase de Pré-Desenvolvimento tância. Nesta destaca-se o planejamento do escopo, coletando os requisitos,
e também os projetos informacional, conceitual e detalhado que fazem parte definindo o escopo e criando a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que
da fase de Desenvolvimento do Produto. mostrará todas as entregas que devem ser feitas (e somente elas) para cumprir
o objetivo final do projeto.
Antes de falar sobre o planejamento do projeto, vamos relembrar o que é
de fato um projeto:
“Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um Atenção
produto, serviço ou resultado único” (PMBOK, 2017). Importante mostrar a diferença entre escopo do projeto e escopo do
produto: escopo do projeto são atividades a serem realizadas para a
Segundo Maximiano (2014, p. 5) projeto é “um empreendimento orien-
entrega do produto ou serviço solicitado no projeto. Já escopo do produto
tado para uma mudança benéfica, definido por objetivos para entregar um
são características e funções que o produto ou serviço deve possuir.
resultado”.
O gerenciamento de projetos cresce dia após dia e cada vez mais as
empresas buscam maturidade e projetização, principalmente quando as Percebemos que a partir de um escopo definido e validado é possível o
estratégias da empresa são alinhadas com as estratégias do projeto. planejamento do cronograma (e não ao contrário), definindo e sequenciando as
atividades, estimando recursos e durações das atividades bem como o caminho
No estudo de estratégia é mostrado que se deve definir exatamente qual
crítico do projeto. Caminho crítico é um conjunto de atividades dependentes
é o objetivo para após isso definir aonde se quer chegar. E nada melhor que
que não possuem folga, ou seja, não podem atrasar. Caso uma delas atrase,
transformar o planejamento estratégico da empresa em realidade através de
toda a cadeia é replanejada e consequentemente irá atrasar o projeto.
novos projetos conforme mostra a Figura 2.5 abaixo:
Outro ponto que pode ser definido a partir do escopo validado é o plane-
Figura 2.5 | A importância de projetos na estratégia das empresas
jamento dos custos. A partir das entregas podemos estimar e determinar o
orçamento do projeto. O planejamento da qualidade também deve ser reali-
zado neste momento verificando as normas e requisitos a serem conside-
rados, bem como se haverá necessidade de um plano de inspeção e testes
(PIT) para validação do escopo e consequente aprovação do projeto.
Mas tudo isso não será executado a contento se o planejamento do engaja-
mento das partes interessadas e sua adequada comunicação não forem reali-
zadas. O que um gerente de projeto mais faz durante seu dia é se comunicar e
liderar pessoas. Como cada liderado é diferente, o gerenciamento das partes
interessadas e a comunicação com colaboradores, fornecedores, clientes,
entre outros, torna-se de fundamental importância para o sucesso do projeto.
Fonte: elaborada pelo autor.
Outro item a ser planejado são as aquisições necessárias para o projeto.
Neste momento deve ser analisada a ideia do Make or Buy, ou seja, é mais
Reflita viável adquirir um produto/serviço fazendo internamente ou comprando de
Um excelente planejamento garante o sucesso de um projeto? Podemos um fornecedor? Quanto tempo e custo leva interna ou externamente?
executar o projeto antes de planejá-lo 100%? Podemos ao mesmo tempo
Por último e também de extrema importância devemos planejar os riscos
que se planeja, executar algumas atividades do projeto?
do projeto. Neste momento podemos realizar uma análise qualitativa dos
riscos que poderão ser mitigados impactos sobre a reputação e qualidade nos
serviços da empresa. E também podemos realizar uma análise quantitativa

Seção 2.2 / Desenvolvimento integrado do produto I - 59 60 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


que fará como que se guarde um valor financeiro como forma de reserva, Dando novamente importância ao tema, segundo Amaral (2006), o
de contingência no projeto, caso algum risco chegue a 100% de probabili- primeiro ponto a ser realizado no Projeto Informacional é uma revisão e
dade de acontecer. Esta contingência deve ser somada ao valor do orçamento, se necessário, atualização do escopo do produto. Projetos são dinâmicos e
compondo o valor total que pode ser gasto no projeto sem necessidade de podem sofrer alterações (desde que aprovadas e validadas). Devido a isso
futuras aprovações de custos adicionais. é importante verificar se os requisitos para o desenvolvimento do produto
estão de acordo com o planejado para evitar que se cumpra menos do que
Podemos agora integrar todos os planejamentos e criando um plano de
o cliente espera ou que se forneça além do esperado. Mas fornecer além do
gerenciamento do projeto, para que depois de validado pelas partes interes-
esperado ao cliente não é bom? Na verdade, a assertividade no fornecimento
sadas possa ser executado, monitorado e controlado, tomando ações caso
do escopo é o ideal. Fornecer mais significa mais custos que não estavam
necessário para o atingimento do objetivo final.
previstos. Quando é fornecido algo ao cliente além do escopo validado
chamamos de gold plating e este pode fazer com que sempre seja pedido o
fornecimento de algo além do que o acordado.
Assimile
A definição e validação do escopo do projeto é o ponto mais importante A partir desta definição, duas atividades serão agora realizadas em
do planejamento. Ela servirá de base para o planejamento do crono- paralelo: a definição dos requisitos do produto e o detalhamento do ciclo de
grama, custos, qualidade, recursos, aquisições, comunicação, partes vida, definindo seus clientes.
interessadas e riscos. Portanto, conclui-se que um projeto não começa a
Os requisitos mostram a visão detalhada do escopo. As características
partir do cronograma de atividades.
de cada entregável contido na Estrutura Analítica do Projeto determinam o
caminho para o desenvolvimento, determinando como o produto deve ser
O planejamento do projeto de desenvolvimento encerra a fase que chamamos entregue e com que níveis de qualidade.
de Pré-Desenvolvimento e suas informações serão entrada para a fase de
Em paralelo deve ser detalhado o ciclo de vida do projeto que é composto
Desenvolvimento do Produto. A primeira etapa desta fase é o projeto que denomi-
pela iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encer-
namos de informacional. A Figura 2.6 mostra as características deste projeto:
ramento. Estas fases não necessariamente são dependentes uma das outras e
Figura 2.6 | Etapas do projeto informacional podem ser realizadas em paralelo.

Exemplificando
Um projeto de uma máquina tem um prazo crítico de entrega e possui
um motor com prazo de entrega alto. Para conseguir entregar no prazo
de contrato não será possível esperar todo o final do planejamento
para iniciar a execução e o processo de compra do motor. Pode-se em
paralelo ao planejamento executar a aquisição do item para adiantar
e cumprir o prazo de entrega. Lembrando apenas que tal execução
em paralelo deve ser aprovada e validada tecnicamente pelas partes
interessadas envolvidas.

Após essas etapas é possível agora definir as especificações do


produto solicitado ao cliente e monitorar a viabilidade econômica para
confirmar se os custos totais estão compatíveis, podendo formar um
preço de venda coerente com o mercado e que possa atingir o objetivo
de lucro da empresa.
Fonte: Amaral et al. (2006, p. 212).

Seção 2.2 / Desenvolvimento integrado do produto I - 61 62 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


Essas informações devem ser documentadas e neste momento pode ser Após a arquitetura definida, é possível agora selecionar concepções alter-
realizada uma reunião para coletar as lições aprendidas até o momento. Este nativas para o desenvolvimento do produto e novamente monitorar a viabi-
projeto informacional deve ser avaliado e aprovado, servindo de entrada para lidade econômica para confirmar se os custos totais continuam compatíveis.
o projeto conceitual. A Figura 2.7 mostra as características deste projeto: Podemos perceber que a cada projeto devemos revalidar a viabilidade econô-
mica para preservar os objetivos finais do projeto de desenvolvimento.
Figura 2.7 | Etapas do projeto conceitual
Novamente também, essas informações devem ser documentadas e reali-
zada uma reunião para coletar as lições aprendidas até o momento. Este
projeto conceitual deve ser avaliado e aprovado, servindo de entrada para
mais uma evolução: o Projeto Detalhado. A Figura 2.8 mostra as caracterís-
ticas desse projeto:
Concepção do Produto Figura 2.8 | Etapas do projeto detalhado
• Integração dos princípais de
solução (para atender à função
total do produto)

• Arquitetura do produto (BOM


inicial e interfaces)

• Layout e estilo do produto

• Macroprocesso de fabricação
e montagem

• Lista inicial dos SSCs


principais

(Modelo conceitual do produto)

Fonte: Amaral et al. (2006, p. 236).

Neste projeto a primeira atividade é modelar funcionalmente o produto,


ou seja, começar a dar corpo e vida a este, desenvolvendo paralelamente
alternativas e soluções para as funções mapeadas através dos requisitos do
projeto informacional. Segundo Amaral (2006), com isso é possível definir
como será a arquitetura do produto que consiste em analisar e definir como
será a ergonomia para que não ocorra nenhum problema com os consumi- Fonte: Amaral et al. (2006, p. 297).
dores que estarão consumindo e também a definição da estética do produto.
Para esta última etapa da fase de desenvolvimento, segundo Amaral
Este ponto deve ter atenção, pois na pesquisa de mercado que detectou o
(2006), o projeto detalhado começa com o detalhamento, documen-
desejo do consumidor, foram encontrados uma série de detalhes que se não
tação e configuração dos Sistemas, Subsistemas e Componentes (SSC)
atendidos, farão toda a diferença na decisão de compra do produto. A estética
baseados no plano macro do projeto conceitual. Com isso é possível
das embalagens e do produto deve ser sempre atualizada e seguir as tendên-
decidir se cada item será feito internamente ou comprado fora. Caso seja
cias de necessidades dos consumidores no mercado.
comprado fora, é o momento de desenvolver e qualificar fornecedores
Outro ponto também na definição da arquitetura é a análise dos Sistemas, para as aquisições. Essas decisões permitirão o planejamento do processo
Subsistemas e Componentes (SSC) para definir o plano macro de processo de fabricação e montagem, assim como o planejamento de possíveis
de desenvolvimento e construção do produto e definir se necessário, parce- recursos para fabricação, otimizando o processo e confirmando se todos
rias para que se possa realizar um desenvolvimento em conjunto com esses os SSC estão validados para início da próxima etapa. Completando, será
parceiros. possível a criação da embalagem. Com todas as aquisições e validações

Seção 2.2 / Desenvolvimento integrado do produto I - 63 64 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


realizadas e com todos os itens disponíveis é possível agora realizar os - Definição do orçamento do projeto;
testes e homologação do produto. Uma vez aprovado nos testes é possível
- Planejamento de comunicação e engajamento das partes interessadas;
novamente monitorar a viabilidade econômica para confirmar se os
custos totais continuam compatíveis. - Definir quais aquisições serão necessárias.
Novamente também, essas informações devem ser documentadas e reali- Para o projeto informacional você deve seguir os seguintes passos:
zada uma reunião para coletar as lições aprendidas até o momento. Neste caso
- Revisão e atualização do escopo do produto se necessário;
podemos também planejar até o fim de vida do produto que será estudado
na próxima seção. Este projeto deve ser avaliado e aprovado, servindo de - Identificar requisitos e detalhar o ciclo de vida do produto;
entrada para mais a fabricação e lançamento do produto no mercado, que
- Definir os requisitos do produto;
serão objetos de estudo da próxima seção.
- Definir as especificações do produto e monitorar sua viabilidade
E agora com estes conceitos assimilados vamos avançar no estudo da
econômica;
fábrica de cafés em que você foi contratado.
- Avaliar e aprovar o projeto;
Até a próxima!
- Realizar reunião de lições aprendidas para verificar pontos fortes e
fracos das etapas com o objetivo de melhoria contínua.
Sem medo de errar
Para o projeto conceitual você deve seguir os seguintes passos:
Vamos retomar agora o caso da fábrica de café em que você foi contratado. - Modelar o produto funcionalmente;
Após a decisão de desenvolver as cápsulas com as três intensidades e - Definir soluções para as funções do produto;
formar a equipe multidisciplinar com colaboradores das áreas de Marketing,
- Desenvolver as alternativas de soluções;
Produção, Projeto, Custos e Engenharia, sua missão agora é fazer um relatório
com o planejamento do projeto do produto e em seguida dar continuidade - Definir a arquitetura do produto;
com os projetos informacional, conceitual e detalhado com os pontos a
- Definir a ergonomia, estética, analisar os SSC´s e se necessário, definir
serem seguidos em cada etapa de maneira geral.
parcerias de codesenvolvimento;
Que áreas de conhecimento devem ser consideradas no planejamento do
- Selecionar concepções alternativas e monitorar sua viabilidade
projeto? Quais itens devem constar no projeto informacional? E no projeto
econômica;
conceitual? Devem ser realizados testes no projeto detalhado antes do início
da produção? - Avaliar e aprovar o projeto;
Inicialmente vamos confirmar o alinhamento do novo produto com a - Realizar reunião de lições aprendidas para verificar pontos fortes e
missão, visão e valores da empresa. Uma vez feito isso, vamos definir os fracos das etapas com o objetivo de melhoria contínua.
passos para o planejamento do projeto:
Para o projeto detalhado você deve seguir os seguintes passos:
- Levantamento dos requisitos;
- Detalhar, documentar e configurar os Sistemas, Subsistemas e
- Definição do escopo através de uma estrutura analítica de projeto; Componentes (SSC);
- Criação e validação do cronograma de atividades; - Decidir se cada item será feito internamento ou comprado fora (make
or buy);
- Planejamento dos riscos (qualitativo e quantitativo);
- Se comprado fora desenvolver e qualificar fornecedores;
- Definição dos recursos humanos (equipe multifuncional definida) e
materiais; - Planejar o processo de fabricação e montagem;

Seção 2.2 / Desenvolvimento integrado do produto I - 65 66 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


- Planejar possíveis recursos para fabricação; viabilidade econômica do projeto, visto que esta pode ter sofrido alterações e
até mesmo não se torne mais viável o desenvolvimento deste produto. Após
- Otimizar o processo e confirmar se todos os SSC estão validados para
validado e aprovado, estas informações poderão ser utilizadas para o desen-
início da próxima etapa;
volvimento do projeto conceitual que definirá como funcionará o produto
- Criar a embalagem; para que depois seja fabricado.
- Testar e homologar o produto; Não esqueça também de realizar uma reunião de lições aprendidas para
verificar pontos fortes dessa etapa e que devem ser mantidos, e também os pontos
- Monitorar sua viabilidade econômica;
fracos para verificar o que não ocorreu corretamente e que pode ser melhorado.
- Avaliar e aprovar o projeto;
- Realizar reunião de lições aprendidas para verificar pontos fortes e Faça valer a pena
fracos das etapas com o objetivo de melhoria contínua.
Após essa etapa, você pode apresentar as informações para as 1 . O planejamento do projeto para desenvolver um novo produto tem papel funda-
partes interessadas, fazendo com que possa ser realizada e aprovada mental no sucesso deste. Não que irá garantir seu sucesso totalmente, mas dará uma
a fase de Desenvolvimento, preparando o produto para a fase de base importante para a equipe executar posteriormente as atividades com maior
Pós-Desenvolvimento. clareza. No planejamento, envolvemos várias áreas de conhecimento de projeto.
Assinale a alternativa correta que contenha apenas áreas de conhecimento que devem
Avançando na prática ser envolvidas no planejamento:
a) Escopo, cronograma e riscos.
Sabemos apenas planejar b) Escopo, cronograma e encerramento.
c) Execução, encerramento e controle.
d) Execução, recursos e qualidade.
Descrição da situação-problema e) Monitoramento, escopo e custos.

Um amigo lhe pediu ajuda no desenvolvimento de uma das etapas do


processo de desenvolvimento de produto (PDP). Ele tem uma empresa que
2 . No Processo de Desenvolvimento de um Produto (PDP) é necessária a realização de
vários testes para validar seu funcionamento e desempenho, além de confirmar se todos
fabrica confeitos e o responsável por projetos saiu da empresa, mas deixou o
os requisitos foram incluídos no produto e se este pode ser liberado para a produção.
planejamento do projeto concluído. Agora você será contratado para iniciar
pelo menos a fase de Desenvolvimento com o projeto informacional até que Assinale a alternativa correta onde são realizados os testes do produto:
seja contratado outro profissional. Quais itens devem ser considerados nesta a) Projeto conceitual.
fase? Quais requisitos devem ser considerados? b) Projeto detalhado.
c) Lançamento do produto.
d) Planejamento do projeto do produto.
Resolução da situação-problema e) Projeto informacional.

Após o planejamento do projeto, você deve colocar em prática o projeto


informacional, revisando e atualizando o escopo a partir da Estrutura
3 . É um projeto que a partir dos requisitos inicia-se o processo de modelagem,
análise de funções e melhores alternativas para sua arquitetura e concepção, levando
Analítica do projeto (EAP). Apesar de planejados, os projetos sempre são
em consideração fatores como ergonomia, estética e buscando parceiros para o
dinâmicos e podem conter alterações. Confirmados os requisitos e entre-
desenvolvimento se necessário.
gáveis, você poderá detalhar o ciclo de vida do produto e entender o que
acontecerá em cada fase desde o lançamento até a retirada do produto O texto acima reflete qual das opções abaixo? Assinale a alternativa correta:
do mercado. Com isso é possível validar as especificações e confirmar a

Seção 2.2 / Desenvolvimento integrado do produto I - 67 68 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


a) Projeto informacional. Seção 2.3
b) Projeto paralelo.
c) Projeto informal. Desenvolvimento integrado do produto II
d) Projeto conceitual.
e) Projeto detalhado.
Diálogo aberto
Prezado aluno,
Dando sequência em nossos estudos, iremos abordar nesta seção as etapas
relativas à fase de Pós-Desenvolvimento verificando como o produto é prepa-
rado para a produção, como é realizado o lançamento deste no mercado,
como é feito o acompanhamento e também qual é a melhor maneira de
retirá-lo do mercado ao fim do seu ciclo de vida. Esta fase conclui o estudo
do PDP (Planejamento de Desenvolvimento de Produto), fazendo com que
se tenha uma visão holística de todo o processo. E para concluí-la, vamos
retomar agora ao caso da fábrica de café em que você foi contratado.
Você já decidiu com os interessados sobre desenvolver as cápsulas com
três intensidades, já formou uma equipe multidisciplinar, planejou o projeto e
já desenvolveu as etapas da fase de Desenvolvimento (projeto informacional,
conceitual e detalhado) do novo produto. Por fim, sua missão agora é fazer
um último relatório planejando as etapas da fase de Pós-Desenvolvimento
do produto. Você deve decidir também junto com a equipe se é viável o
lançamento de uma loja de fábrica no estilo cafeteria neste momento ou se
pode ser feito em uma segunda onda de desenvolvimento. Quais atividades
devem ser realizadas para produzir o produto? Como deve ser realizado o
lançamento do produto? O que deve ser analisado no acompanhamento
do produto no mercado? Como devemos retirar o produto do mercado de
maneira sustentável?
O conteúdo do Não pode faltar a seguir irão lhe ajudar a concluir esta
última etapa.
Bons estudos!

Não pode faltar

Caro aluno,
Na seção anterior estudamos como realizar o planejamento do projeto
e também as etapas da Fase de Desenvolvimento do PDP (Processo de
Desenvolvimento de Produto), contemplando o projeto informacional,
que busca identificar os requisitos e definir suas especificações, o projeto
conceitual, desenvolvendo a arquitetura, ergonomia e estética do produto e

Seção 2.2 / Desenvolvimento integrado do produto I - 69 70 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


Figura 2.10 | Etapa de preparação da produção
o projeto detalhado, no qual ocorre um detalhamento dos sistemas, decisões
entre fazer ou comprar, testar e homologar o produto.
Nesta seção iremos abordar a última parte do Processo de Desenvolvimento
do Produto (PDP): a Fase de Pós-Desenvolvimento. Lembrando que as infor-
mações obtidas na Fase de Desenvolvimento servirão como entrada para essa
nova fase.
A primeira etapa a ser estudada refere-se à preparação da produção
do produto, recordando que a produção basicamente remete a um
fluxo básico de 3 processos onde são reunidas todas as entradas, como
insumos e matéria-prima, estas entradas são transformadas através das
ferramentas adequadas e resultam como saída o produto final a ser
vendido. Estas ferramentas estão associadas a diferentes processos de
fabricação e é isto que vai agregando valor ao produto. A Figura 2.9
demonstra este fluxo:
Figura 2.9 | Fluxo básico de produção
Fonte: Amaral et al. (2006, p. 395).

Segundo Amaral (2006), o primeiro ponto a ser realizado é o planeja-


mento de uma produção piloto. É importante realizar os testes de produção
em um pequeno lote para validar se todas as informações de entrada da fase
de Desenvolvimento foram contempladas e se o produto está funcionando
Fonte: elaborada pelo autor.
conforme os requisitos desejados. Para isso, é necessário obter os recursos
de fabricação, tanto os itens fabricados internamente (make) como os
comprados fora em fornecedores (buy), recebê-los e inspecioná-los e fazer
Saiba mais
a instalação adequada para que o equipamento tenha a melhor performance
Outra ferramenta utilizada no processo de produção é a chamada SIPOC
possível e o menor índice de intervenção ou ajustes neste teste piloto.
onde o “S” significa “Supplier”, ou seja, os fornecedores do processo;
onde o “I” significa “Input”, ou seja, as entradas do processo; onde o “P” A partir desta produção é possível avaliar se os resultados foram satisfa-
significa “Process”, ou seja, a transformação das entradas; onde o “O” tórios. Caso sim, é possível homologar o processo, buscar melhorias sempre
significa “Output”, ou seja, as saídas do processo (produto final); e por otimizando a produção e certificar o produto.
fim onde o “C” significa “Customer”, ou seja, a entrega do produto final
Mas se houver divergências e o produto ainda não estiver aprovado, é
ao cliente.
necessário produzir um novo teste piloto com os ajustes necessários para
FM2S treinamentos, projetos e resultados. O que é SIPOC?
uma nova validação. Este processo pode se repetir o número de vezes neces-
sárias até o produto chegar na excelência de produção.
A preparação do produto passa por algumas etapas que serão estudadas a
seguir. A Figura 2.10 mostra as características desta etapa:
Assimile
A produção de um lote piloto pode ser refeita, porém caso se repita
várias vezes, pode ser necessária uma interrupção para uma melhor
avaliação dos requisitos e encontrar o que de fato está acontecendo de
errado. A cada novo piloto o custo de fabricação na formação de preço
do produto tende a aumentar.

Seção 2.3 / Desenvolvimento integrado do produto II - 71 72 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


Após a validação final do piloto é possível desenvolver processo de Nesta etapa, conforme Amaral (2006), o primeiro passo é o planeja-
produção do produto para que seja realizada em um maior lote. mento do lançamento do produto, desenvolvendo as estratégias do processo
de vendas, criando o composto mercadológico, mostrando a ele o pacote de
Consequentemente esta etapa está mais maturada e agora sim é possível
valores que diferencia seus produtos dos outros, segmentando o mercado e
um treinamento completo dos colaboradores que estarão participando deste
definindo o público-alvo a ser atingido em vários âmbitos diferentes, posicio-
processo. É importante a capacitação dos envolvidos para evitar qualquer
nando o produto, ou seja, mostrando sua identidade para que serve. Deve
desvio produtivo.
definir também se a única fonte de renda será o produto e se algum produto
Com esta fase já avançada, também é possível o desenvolvimento das também será gerador de renda.
etapas do processo de manutenção do processo produtivo, planejamento e
Deverá também definir quais os canais de relacionamento (comerciais,
mitigando possíveis quebras de máquinas e peças com defeitos.
Facebook, Instagram, entre outros) o produto será comunicado com o cliente e
também como este chegará ao cliente, ou seja, definir os canais de distribuição
e qual será o raio de ação que o produto irá atingir? Será vendido em todo o
Reflita
Brasil? No mundo inteiro? Ou em apenas um nicho ou região específica?
Por que os novos produtos lançados no mercado geralmente possuem
um preço mais alto de venda em relação aos outros? Um outro ponto que não pode ser esquecido é desenvolver processo de
assistência técnica. Por mais que o produto tenha sido testado, é necessário
um plano de atendimento ao cliente para possíveis reparos que venham a
Após estas etapas, é possível iniciar a produção do produto em maiores
ocorrer. E também estes dados serão importantes para o controle e ações
quantidades e monitorar a viabilidade econômica para confirmar se os custos
corretivas, buscando sempre uma melhoria contínua no produto e mantendo
totais estão compatíveis baseados na linha de base planejada.
a satisfação do cliente. A atenção a esse pós-venda tem grande importância
Essas informações devem ser documentadas e neste momento pode ser na satisfação do cliente e consequentemente fidelização deste, principal-
realizada uma reunião para coletar as lições aprendidas até o momento. Esta mente no mercado atual de alta concorrência e competitividade.
produção deve ser avaliada e aprovada, preparando o produto para o seu
Com essas etapas realizadas, é possível agora lançar o produto e em
lançamento. A Figura 2.11 mostra as características desta etapa:
paralelo ir atualizando seu ciclo de vida para que se tenha um histórico de
Figura 2.11 | Etapa de lançamento do produto informações que serão úteis posteriormente na tomada de decisão de quando
o produto deverá ser retirado do mercado.
Após isso, também será possível monitorar a viabilidade econômica para
confirmar se os custos totais estão compatíveis baseados na linha de base planejada.
Essas informações devem ser documentadas e neste momento pode ser
realizada uma reunião para coletar as lições aprendidas até o momento.
Imediatamente após o lançamento é possível iniciar a próxima etapa e
acompanhar a evolução do produto ao longo do ciclo de vida.
A Figura 2.12 mostra as características desta etapa:

Fonte: Amaral et al. (2006, p. 416).

Seção 2.3 / Desenvolvimento integrado do produto II - 73 74 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


Figura 2.12 | Etapa de acompanhamento do produto no mercado
Para uma pesquisa com assertividade é importante definir o problema e
objetivos da pesquisa, ou seja, o que eu gostaria de saber de relevante do meu
consumidor. Importante definir também o método de coleta de dados, os
formulários de coleta, definindo se as perguntas serão abertas, fechadas ou
em forma de roteiro e definir o tamanho da amostra.
Com a coleta dos dados, será possível monitorar e controlar o processamento,
análise e interpretação destes, realizando lições aprendidas e tomando as ações
de melhoria do produto necessárias ou até mesmo mudando algumas estratégias.
Esta etapa é realizada durante todas as fases do ciclo de vida do produto
para exatamente acompanhar sua evolução e definir se este ao chegar no
declínio deve ser retirado do mercado.

Exemplificando
Existem produtos que possuem tempo de vida definidos devido a
algumas circunstâncias de mercado. Por exemplo, um álbum de figuri-
nhas da Copa do Mundo tem seu ciclo de vida encerrado poucos meses
Fonte: Amaral et. al. (2006, p. 437).
após o término do evento, não justificando a comercialização posterior
devido ao baixo interesse do público.
Amaral (2006) comenta, em princípio, antes mesmo do acompanha-
mento é necessário realizar uma auditoria após o projeto coletando dados
sobre os processos de produção, vendas, distribuição, atendimento ao cliente Caso sim, podemos analisar e aprovar a descontinuidade do produto,
e assistência técnica, registrando as lições aprendidas e buscando sempre a iniciando a última etapa do Pós-Desenvolvimento.
melhoria contínua do produto no mercado.
A Figura 2.13 mostra as características desta etapa:
Outro ponto a ser avaliado de muita importância é referente à satisfação
Figura 2.13 | Etapa de retirada do produto do mercado
do cliente. Existem muitas formas de pesquisar e medir se o cliente está satis-
feito com o produto ou não.
Tais pesquisas, você mesmo pode realizar através de entrevistas e formu-
lários sendo estes impressos ou eletrônicos, pela internet através de formu-
lários de pesquisas no Google ou outras versões gratuitas oferecidas como a
Survio e a Online Pesquisa.
E também pode ser contratada uma empresa especializada em pesquisa
para informar os resultados.

Saiba mais
Uma metodologia muito utilizada para medir a satisfação dos clientes é o
chamado NPS (Net Promoter Score), metodologia criada por Fred Reichheld.
DUARTE, T. O que é o Net Promoter Score?
Fonte: Amaral et al. (2006, p. 447).

Seção 2.3 / Desenvolvimento integrado do produto II - 75 76 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


Segundo Amaral (2006), uma vez aprovada devemos planejar a descon- - Produzir lote piloto (em paralelo, obter recursos de fabricação, recebê-
tinuidade do produto, preparar e acompanhar o recebimento do produto, -los e instalá-los);
iniciando a descontinuidade da produção.
- Homologar o processo, otimizar a produção e certificar o produto;
Mas aqui cabe um alerta. O fato de retirar o produto do mercado não
- Produzir mais um lote piloto (se necessário);
quer dizer que o consumidor ainda não possa continuar usando o item.
Portanto, deve ser planejado por quanto tempo haverá a fabricação de peças - Desenvolver processo de produção e manutenção;
de reposição (spare parts) para atender aqueles que ainda possuem o produto.
- Treinar os colaboradores;
Feito isso, poderá ser realizada uma avaliação geral do encerramento do
- Monitorar viabilidade econômico-financeira;
projeto verificando em termos financeiros e de mercado o que o produto
agregou de valor para a empresa e para os clientes e se também contribui para - Avaliar e aprovar esta fase;
a manutenção da competitividade na organização.
- Documentar as decisões tomadas e registrar as lições aprendidas.
Pronto! Fase de Pós-Desenvolvimento finalizada!
Após esta etapa, para o lançamento do produto, você deve seguir os
Utilize os conceitos adquiridos nesta seção para resolver a situação-pro- seguintes passos:
blema a seguir.
- Planejar o lançamento;
- Desenvolver o processo de vendas;
Sem medo de errar
- Promover marketing de lançamento;
Vamos retomar agora ao caso da fábrica de café em que você foi contra- - Desenvolver o processo e canis de distribuição;
tado para concluir a última fase.
- Desenvolver processo de assistência técnica;
Você já decidiu com os interessados sobre desenvolver as cápsulas com
- Desenvolver processo de atendimento ao cliente;
três intensidades, já formou uma equipe multidisciplinar, planejou o projeto e
já desenvolveu as etapas da fase de Desenvolvimento (projeto informacional, - Gerenciar o lançamento do produto;
conceitual e detalhado) do novo produto. Agora, seu objetivo é fazer um último
- Lançar o produto (em paralelo: atualizar plano de fim de vida);
relatório planejando as etapas da fase de Pós-Desenvolvimento do produto. Você
também deverá decidir junto com a equipe se é viável o lançamento de uma loja - Monitorar viabilidade econômico-financeira;
de fábrica no estilo cafeteria neste momento ou se pode ser feito em uma segunda
- Avaliar e aprovar esta fase;
onda de desenvolvimento. Quais atividades devem ser realizadas para produzir
o produto? Como deve ser realizado o lançamento do produto? O que deve ser - Documentar as decisões tomadas e registrar as lições aprendidas.
analisado no acompanhamento do produto no mercado? Como devemos retirar
Após esta etapa, para o acompanhamento do produto do mercado,
o produto do mercado de maneira sustentável? Antes de verificarmos as etapas,
você deve seguir os seguintes passos:
você concluiu juntamente com a equipe que não é o momento de abrir uma loja
de fábrica com cafeteria em paralelo ao lançamento das cápsulas. Foi decidido - Realizar auditoria pós-projeto (em paralelo: registrar lições aprendidas);
aguardar a performance e consolidação do produto no mercado para em uma
- Avaliar a satisfação do cliente (em paralelo: registrar lições aprendidas);
segunda onda realizar este novo projeto.
- Monitorar desempenho do produto.
Inicialmente vamos definir as atividades para preparar a produção
do produto:
- Planejar produção piloto;

Seção 2.3 / Desenvolvimento integrado do produto II - 77 78 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


E por fim, para a retirada do produto do mercado, você deve seguir os Caso com estas avaliações seja decidido retirar o produto do mercado,
seguintes passos: você deverá aprovar essa descontinuidade do produto com a parte interessada
responsável na empresa, planejar esta descontinuidade, preparar e acompa-
- Analisar e aprovar descontinuidade do produto;
nhando o recebimento do produto, descontinuando a produção e finalizando
- Planejar a descontinuidade do produto; o suporte ao produto. No final, faça uma avaliação geral do encerramento do
projeto e verifique se o produto gerou os lucros esperados e contribuiu na
- Preparar e acompanhar o recebimento do produto;
manutenção da competitividade.
- Descontinuar a produção;
Você poderá também chegar à conclusão que o refrigerante de abacaxi,
- Finalizar suporte ao produto; mesmo dando prejuízo, ainda é estratégico, pois atrai a venda de outros
sabores no combo e por isso é importante mantê-lo fabricando.
- Realizar uma avaliação geral do encerramento do projeto.
Com isso, você poderá apresentar as informações para o seu amigo e dar
Com isso, você poderá apresentar as informações para as partes
melhores informações para sua tomada de decisão.
interessadas, fazendo com que possa ser realizada e aprovada a fase de
Pós-Desenvolvimento e apurando o que o produto representou em termos
financeiros e estratégicos para a empresa neste período. Faça valer a pena
Podemos assim, analisar e gerir as fases do processo de desenvolvimento
de um produto. 1. Em uma das etapas do PDP relativas ao Pós-Desenvolvimento são realizadas
atividades como a promoção de Marketing, definição dos canais de distribuição,
assim como os processos de assistência técnica e atendimento ao cliente referente ao
Avançando na prática produto desenvolvido.

Troco ou não? A esta etapa damos o nome de: (assinale a alternativa correta).
a) Lançamento do produto no mercado.
b) Projeto conceitual.
Descrição da situação-problema c) Projeto detalhado.
d) Acompanhamento do produto no mercado.
Seu amigo, dono de uma fábrica de refrigerantes, contratou-lhe para
e) Retirada do produto do mercado.
avaliar se o refrigerante sabor abacaxi deve ser retirado do mercado e
substituído por um de sabor uva tipo Itália. Diz ele que muitos clientes
estão pedindo este sabor e que precisa atendê-los urgente para não perder
2. A fase de Pós-Desenvolvimento do Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP)
tem como características toda execução final para se colocar em prática o processo de
as vendas. Mas ele gosta do sabor abacaxi mesmo vendendo menos a
disponibilização do produto ao consumidor, podendo a partir de agora acompanhar se
cada mês. Quais os fatores que devem ser analisados para a tomada desta
este dará retorno ou não para a organização e trará satisfação aos clientes.
decisão? Seria possível comercializar os dois sabores?
Qual é a alternativa que mostra a sequência das etapas da fase de Pós-Desenvolvi-
mento? Assinale a alternativa correta:
Resolução da situação-problema a) Retirada do produto do mercado, lançamento do produto no mercado, acompa-
nhamento do produto no mercado, preparação da produção do produto.
Para realizar esta avaliação você deve inicialmente procurar entender o
b) Retirada do produto do mercado, lançamento do produto no mercado, preparação
porquê das vendas estarem caindo em razão de uma pesquisa. O produto está
da produção do produto, acompanhamento do produto no mercado.
obsoleto? Apareceram novos produtos substitutos? Mesmo caindo as vendas,
c) Preparação da produção do mercado, lançamento do produto no mercado,
ainda gera lucro para a empresa.
retirada do produto do mercado, acompanhamento do produto no mercado.
d) Preparação da produção do produto, lançamento do produto no mercado,

Seção 2.3 / Desenvolvimento integrado do produto II - 79 80 - U2 / Desenvolvimento integrado do produto


acompanhamento do produto no mercado, retirada do produto do mercado. Referências
e) Lançamento do produto no mercado, preparação da produção do produto,
AMARAL, D. C. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria
acompanhamento do produto no mercado, retirada do produto do mercado. do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.

3. O fluxo básico de produção de um produto normalmente é composto pelas entradas MAXIMIANO, A. C. A. Administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 5.
ed. São Paulo: Atlas, 2014.
de insumos, matéria-prima, mão de obra, que serão transformadas através de máquinas
específicas e resultará como saída o produto final acabado. Project Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos
(guia PMBOK®). 6. ed. Pennsylvania-USA: 2017.
Porém, outra ferramenta utilizada no processo de produção é a denominada “SIPOC”.
Assinale a alternativa correta que mostra a definição do termo:
a) Supplier (fornecedores), Input (entradas), Project (projeto), Output (saídas),
Customer (clientes).
b) Support (suporte), Input (entradas), Project (projeto), Output (saídas), Customer
(clientes).
c) Supplier (fornecedores), Input (entradas), Process (processo), Output (saídas),
Customer (clientes).
d) Supplier (fornecedores), Input (entradas), Project (projeto), Output (saídas), Creati-
vity (criatividade).
e) Support (suporte), Input (entradas), Process (processo), Output (saídas), Creativity
(criatividade).

Seção 2.3 / Desenvolvimento integrado do produto II - 81


Unidade 3 Assim, caro aluno, ao final desta unidade você estará apto a compreender
e saber aplicar as diferentes ferramentas de desenvolvimento de produto,
sendo algo essencial para a sua trajetória profissional.

Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de Trazendo um viés prático, suponha que você tenha sido contratado recen-
temente e esteja trabalhando como gerente de desenvolvimento de produtos
produtos numa empresa de utensílios plásticos de médio porte que está atualizando
a sua linha de produtos, buscando melhorar seu desempenho e inovar nas
soluções com foco nas necessidades dos clientes. Um dos objetivos atuais
Convite ao estudo da direção é aplicar as ferramentas de desenvolvimento de produtos para
Caro aluno, deve ter ficado claro para você, até agora, a importância do atender ao mercado e à organização.
desenvolvimento de novos produtos no contexto organizacional.
Um dos problemas enfrentados atualmente pela empresa são as questões
De fato, a introdução de novos produtos no mercado muitas vezes está ambientais ligadas aos produtos desenvolvidos, uma vez que a busca pelo
associada ao sucesso contínuo dos negócios, contribuindo para o crescimento desenvolvimento de produtos que possam ser reciclados é um diferencial
e desempenho da empresa. Ademais, do ponto de vista do consumidor e da competitivo na busca por melhores vendas. Como gerente de desenvolvi-
sociedade como um todo, novos produtos são responsáveis pela geração de mento de produtos, a direção da empresa gostaria que você explicasse como
emprego, crescimento econômico, progresso tecnológico e padrões de vida as ferramentas DFX podem ser aplicadas no desenvolvimento dos novos
otimizados. Portanto, o estudo do desenvolvimento de produto e suas ferra- produtos para atender a esse requisito ambiental. Para tanto, foi solicitado
mentas e processos são importantes. que você realizasse uma apresentação que será direcionada aos diretores da
organização.
Para apoiar o time de desenvolvimento no esforço de projetar o melhor
produto para atender às necessidades e expectativas do consumidor, é neces- A empresa está desenvolvendo um carrinho portátil e desmontável para
sário um conjunto de ferramentas. A estratégia básica em usar diferentes transporte de compras em supermercados, com o apelo sustentável que vise
ferramentas no processo de desenvolvimento de produto é: prever falhas diminuir o uso de sacolas plásticas. Como gerente de desenvolvimento de
antes dele chegar ao cliente; ouvir a voz do cliente e fabricar o produto que produtos, você pretende aplicar o Desdobramento da Função da Qualidade
atenda plenamente a sua necessidade em relação à qualidade; ajudar na (DFQ) para colaborar na obtenção dos requisitos dos clientes e da organi-
previsão de componentes para manufatura, montagem e desmontagem do zação para as especificações do produto. Como você aplicaria o DFQ nesse
produto a fim de alcançar pontos ótimos no tocante ao tempo de lançamento desenvolvimento? Apresente os resultados para os diretores da organização a
e custo; entre outros. fim de que eles decidam pela confecção do produto.
Logo, na primeira seção desta unidade focaremos nas ferramentas DFX A empresa gostaria de desenvolver um mapeamento tecnológico para
aplicadas ao desenvolvimento de produto, enfatizando o estudo do DFM, conectar o desenvolvimento dos produtos com o desenvolvimento de tecno-
DFA, DFMA, DFR, DFCL e DFE, uma vez que seus usos são muito comuns logias e do mercado. Para isso, a empresa está considerando que é necessário
na concepção de novos produtos. melhorar a interação entre os departamentos que desenvolvem os produtos.
De que modo você, como gerente de desenvolvimento de produtos, poderia
Na segunda seção desta unidade iremos ver especificamente a ferramenta
ajudar nesse aprimoramento? A direção gostaria que você apresentasse um
Desdobramento da Função Qualidade (DFQ), também conhecida como
modelo de implementação do TRM para que fosse desenvolvido um proto-
Quality Function Deployment (QFD) em inglês, de modo que estudaremos
colo de implementação na empresa no desenvolvimento de novos produtos.
a casa da qualidade e a sua construção no escopo do desenvolvimento de
novos produtos. Tenha um excelente estudo e seja ativo, a partir de agora, na construção
do seu próprio conhecimento!
Por fim, na terceira seção desta unidade, vamos estudar o mapeamento
tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto, englobando o modelo
T-Plan e a implementação do roadmap.
Seção 3.1 Não pode faltar

Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento Prezado aluno, vamos agora concentrar os nossos estudos nas ferra-
de Produto mentas DFX aplicadas no contexto de desenvolvimento de produto? Em
primeiro lugar, vamos entender o que significa DFX.
Sabemos que o projeto de produto é composto por decisões que precisam
Diálogo aberto
ser analisadas de modo cauteloso, de forma que os projetistas utilizem ferra-
Caro aluno, o estágio de concepção do produto é muito crítico, já que mentas específicas para auxiliar na tomada de decisões referentes ao projeto
muitas decisões que afetam as atividades de desenvolvimento e o custo e concepção do produto. Essas ferramentas são conhecidas como Design For
do produto são feitas nesse estágio. Ao longo dos anos, vários conceitos/ X ou Projeto para X em tradução livre (DFX).
métodos Design for X (DFX) foram desenvolvidos para aumentar a efici-
De acordo com o apresentado por Amaral et al. (2006), a letra X pode
ência na fase de projeto e reduzir o custo total do produto, além do prazo de
ser qualquer um dos itens que está associado ao ciclo de vida do produto,
desenvolvimento.
como a manufatura e a montagem do produto, ou, ainda, a um atributo que
Projeto para manufatura, montagem, qualidade, manutenção, meio o produto deve possuir, como a qualidade, impacto ao meio ambiente, entre
ambiente, obsolescência e reciclabilidade, entre outros, destacam-se entre as outros. Nesta seção veremos com mais detalhes alguns desses itens.
ferramentas DFX.
Cada uma das técnicas que veremos possui diretrizes ou métricas que
Assim, nesta seção estudaremos as ferramentas DFX no escopo de desen- ajudam os projetistas a desenvolver produtos melhores, tendo como base os
volvimento de produto, de modo que veremos os conceitos, características e itens avaliados.
vantagens das ferramentas DFX mais utilizadas, isto é, DFM, DFA, DFMA,
As ferramentas DFX devem fazer parte do desenvolvimento do produto
DFR, DFCL e DFE.
como um todo, ou seja, de modo holístico, e não aplicadas de modo isolado.
Logo, suponha que você tenha sido contratado recentemente e esteja traba-
Como já vimos, as decisões associadas ao projeto afetam de modo global
lhando como gerente de desenvolvimento de produtos numa empresa de utensí-
todos os estágios de desenvolvimento do ciclo de vida do produto.
lios plásticos de médio porte que está atualizando a sua linha de produtos,
buscando melhorar seu desempenho e inovar nas soluções com foco nas neces- Podemos dizer que conforme o desenvolvimento do produto avança, o
sidades dos clientes. Um dos objetivos atuais da direção é aplicar as ferramentas custo e a dificuldade para alterar o projeto aumentam, portanto, devemos
de desenvolvimento de produtos para atender ao mercado e à organização. observar os possíveis problemas ou alterações o mais cedo possível. As ferra-
mentas DFX nos auxiliam, por meio de diretrizes e até softwares, na análise
Um dos problemas enfrentados atualmente pela empresa diz respeito às
dos diferentes aspectos do ciclo de vida do produto, além de ser uma das
questões ambientais ligadas aos produtos desenvolvidos, uma vez que a busca
possíveis abordagens para o uso da engenharia simultânea.
pelo desenvolvimento de produtos que possam ser reciclados é um diferencial
competitivo na busca por melhores vendas. Como gerente de desenvolvimento
de produtos, a direção da empresa gostaria que você explicasse como as ferra-
Reflita
mentas DFX podem ser aplicadas no desenvolvimento dos novos produtos.
Agora que você já compreendeu o conceito de DFX, reflita e elenque
Qual delas atende a esse requisito ambiental? Para tanto, foi solicitado que você
ao menos quatro itens que você considera fundamentais no projeto de
realizasse uma apresentação que será direcionada aos diretores da organização.
desenvolvimento de produto e que você acredita que estão contem-
Reflita sobre essa indagação para conseguir desenvolver o que foi solici- plados nas ferramentas do DFX. Quais os itens que você escolheu e
tado pela empresa e se empenhe no estudo do material a fim de conseguir por que você acredita que o DFX poderia colaborar no aprimoramento
aplicar esses conhecimentos com sabedoria e de forma efetiva no mercado desses itens no projeto do produto?
de trabalho! Reflita sobre o questionamento anterior e apresente os seus principais
argumentos.
Tenha um ótimo estudo.

Seção 3.1 / Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento de Produto - 85 86 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
A primeira ferramenta DFX que analisaremos é o DFM, que é o Design • Processo: fazer críticas nas soluções e métodos para simplificar a
For Manufacturability (ou Projeto para Manufatura, em tradução livre). De montagem, ao mesmo tempo em que mantem o projeto flexível.
acordo com Amaral et al. (2006), trata-se de uma maneira de reduzir os
• Ferramenta: leva em consideração alternativas de projeto, como
custos de fabricação do produto sem sacrificar sua qualidade, sendo uma das
número de componentes, manipulação e inserção, tempo de
ferramentas mais integrativas no desenvolvimento do produto.
montagem, entre outros.
Para entender melhor o DFM você deve fazer a seguinte pergunta: como
Portanto, o DFA examina cada componente do produto, bem como
o sistema de manufatura interage com o projeto do produto? Assim, como os
sua relação com os demais, permitindo que o produto seja conhecido em
componentes do produto serão fabricados, levando em consideração que
detalhes e dando origem para a próxima ferramenta, o DFMA.
não podemos tratar de modo separado o projeto do produto e o projeto do
processo de fabricação. Vale destacar, entretanto, que podem existir conflitos entre o DFM e o
DFA quando fazemos a implementação de ambos. Isso porque o DFM pode
Como sabemos, os processos possuem diferentes capacidades e custos,
buscar simplificar os componentes, do ponto de vista da fabricação, enquanto
de modo que um recurso pode estar disponível num processo de fabricação,
o DFA busca se concentrar na combinação dos componentes, para simpli-
mas indisponível pelo seu custo ou pela produção em outro processo. Para
ficar a estrutura do produto. Às vezes uma redução no custo de fabricação
gerenciar esse tipo de situação, devemos verificar os manuais ou mapas de
pode ser compensada por um custo muito maior na montagem, portanto, o
informação de processo para observar as diretrizes que são específicas para
mais usual é adotar o DFMA.
cada processo de fabricação.
O Design for Manufacturing and Assembly (DFMA) – ou Projeto para
Além disso, devemos estimar os custos de fabricação dos projetos, dado
Manufatura e Montagem em tradução livre – surgiu, então, da necessidade
que quaisquer mudanças poderão acarretar em novos custos. Os softwares
de projetar produtos levando em consideração as automações na montagem
que oferecerem suporte ao DFM ajudam a estimar os custos e restrições de
e na produção, na busca por competitividade.
fabricação quando projetamos o produto em softwares CAD. Um exemplo de
aplicação de diretrizes para o uso de recursos de fabricação pode ser o ato de Como já vimos, o DFA e o DFM avaliam pontos diferentes do produto,
evitar o uso de cortes superiores sempre que possível. enquanto o DFA busca simplificar a arquitetura do produto, o DFM busca
simplificar a produção dos componentes por meio de formas geométricas
A segunda ferramenta, que está muito próxima do DFM, é o Design
mais simples.
For Assembly (DFA) ou Projeto para Montagem, em tradução livre. Similar
ao DFM, no DFA temos como objetivos a redução de custos, mas relacio- O DFMA tem o mesmo objetivo, isto é, buscar identificar os custos mais
nada agora ao processo de montagem, que pode ser definido no projeto de altos o mais rápido, minimizando o redesenho e reduzindo o custo total de
montagem. fazer o produto, por meio da interação entre a montagem e os processos de
fabricação, conforme observado na Figura 3.1.
O DFA se preocupa com a estrutura do produto, de modo que as diretrizes
gerais da ferramenta estão preocupadas em destacar as características desejá- Figura 3.1 | Relacionamento entre DFM e DFA
veis na montagem, como fazer peças simétricas sempre que possível. A
diferença para o DFM é que o DFA possui várias metodologias que incluem
os procedimentos para otimização de tempos de montagem e a redução de
custos baseados nas características dos componentes, fazendo com que o
produto tenha o menor número de peças e a montagem seja eficiente.
De acordo com Amaral et al. (2006) o projeto para montagem deve levar
em consideração:
• Filosofia: ocorre desde a etapa conceitual do projeto, para reduzir
custos do produto, até a montagem, composta pela melhoria
contínua e pela qualidade. Fonte: Amaral et al. (2006, p. 274).

Seção 3.1 / Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento de Produto - 87 88 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
No item (a) da Figura 3.1 observamos a integração entre forma, material, Isso ocorre em virtude das crescentes preocupações com os danos
processo e função, o que caracteriza o DFMA, que está associado ao DFM ambientais, o que leva a pesquisas para desenvolver produtos ambiental-
(b), que busca relacionar a forma, o material e o processo de fabricação e, por mente menos agressivos. As ferramentas DFE buscam reduzir o impacto
sua vez, o DFA (c), que engloba a função do produto com a forma, o material ambiental global do produto.
e o processo de montagem.
A última ferramenta que veremos é o Design For Cycle of Life (DFCL), ou
Projeto para Ciclo de Vida em tradução livre. O DFCL apresenta os fatores
associados ao ciclo de vida do produto, levando em consideração as incer-
Pesquise mais
tezas e custos do projeto.
Para aprofundar os nossos conhecimentos sobre o DFMA, leia o artigo
Estudo de redução do custo de fabricação e montagem em um motor
a diesel com o auxílio do DFMA e descubra como é possível reduzir os
Exemplificando
custos de fabricação e também de montagem de motores diesel fabri-
A fim de tangibilizar os conceitos estudados, vamos pensar em exemplos
cados em Curitiba – PR para que eles sejam economicamente viáveis.
que envolvam o DFR e o DFE.
O método para redução de custos empregado é o DFMA e os resultados
Já que uma das crescentes preocupações das organizações é com o impacto
apontam uma redução do custo do motor completo, bem como do
ambiental dos seus produtos, algumas empresas do segmento automo-
subsistema estudado. Boa leitura!
bilístico têm empregado as ferramentas DFR e DFE para diminuir danos
que os seus produtos causam ao meio ambiente. Por exemplo, os plásticos
ESTORILIO, C.; SIMIAO, M. C.; SCHONOSKI, C. L.; LARA, M. C. Estudo de
geralmente são mais difíceis de reciclar, então, as empresas montadoras
redução do custo de fabricação e montagem em um motor a diesel com
e fornecedoras estão desenvolvendo polímeros que permitem diversos
o auxílio do DFMA. Produto & Produção, v. 9, n. 3, p. 5-14, 2008.
ciclos de reciclagem e estão utilizando em veículos. O outro exemplo é
no segmento de serviços, especificamente o tratamento de efluentes e
O Design For Recycling (DFR), ou Projeto para Reciclagem em tradução reuso de água. Podemos empregar as diretrizes que aprendemos para o
livre, apresenta como diretrizes as recomendações para reaproveitamento desenvolvimento de um serviço que seja ambientalmente mais eficiente,
do produto, ou partes dele, em outros fins, estando associado ao projeto de reduzindo a vazão de efluentes de indústrias no meio ambiente.
desmontagem, que é similar ao DFA, mas estabelece e avalia as sequências de
desmontagem para o produto.
Após conhecer algumas das ferramentas do DFX, ficou evidente a sua
Em produtos que são difíceis de separar as partes, a reciclagem provavel- importância e o seu uso (AMARAL et al., 2006). Porém, a fim de deixar mais
mente será mais complicada. Portanto, o DFR apresenta diretrizes qualita- claro as vantagens e ganhos com as ferramentas DFX, vamos sintetizar alguns
tivas, como o rótulo que permita a identificação dos componentes, bem como itens que são aperfeiçoados com o uso dessas ferramentas:
métodos que busquem facilitar a desmontagem e a reciclagem de um produto.
• Tempo: como você deve saber, um dos inimigos das organizações
Alinhado à análise econômica do projeto de produto, também se busca é o retrabalho, justamente pelo tempo perdido refazendo algo
a sustentabilidade ambiental e a aplicação do tripé da sustentabilidade. que não está agregando valor ao produto ou serviço oferecido. O
Associado ao DFR temos também o Design For Environment ou Projeto para mesmo vale para os projetos, refazer o projeto quando ele já está
o Meio Ambiente em tradução livre (DFE), que também busca minimizar o próximo de ser concluído significa que terá retrabalho e desper-
impacto ambiental resultante dos projetos e de sua produção. dício de tempo e, quanto mais avançado estiver o estágio do
projeto, mais tempo com retrabalho será necessário para altera-
Entre os termos muito aplicados hoje e associados ao DFE temos o
ções ou correções.
Green Design (Projeto Verde) e todos os demais conceitos de sustentabili-
dade. Diferentemente das demais ferramentas analisadas, o DFE aborda • Qualidade: quando inserimos, analisamos e avaliamos o conceito de
menos os aspectos comerciais do produto, buscando em primeiro lugar a qualidade na fase de projeto do produto, ou seja, na concepção do
sustentabilidade. produto, teremos menos adaptações futuras e menos problemas para

Seção 3.1 / Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento de Produto - 89 90 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
serem tratados. Isso fará com que a execução do projeto, isto é, a Agora, após as exposições sobre as principais ferramentas que compõem o
produção, seja mais linear e sólida, evitando contratempos. DFX, reflita sobre quais as possíveis aplicações a serem utilizadas por você
e dê continuidade aos seus estudos sobre o desenvolvimento de produtos.
• Custo: como já vimos quanto mais avançado o projeto maior o
tempo gasto em retrabalhos em caso de problemas ou alterações,
o que acarreta em custos maiores. Portanto, reformular um projeto Sem medo de errar
que esteja na sua fase final terá um custo alto, uma vez que a efici-
ência do processo de projeto é baixa.
Vamos retomar a situação na qual supomos que você tenha sido contra-
tado recentemente e esteja trabalhando como gerente de desenvolvimento de
produtos numa empresa de utensílios plásticos de médio porte? A empresa
Assimile
está atualizando a sua linha de produtos, buscando melhorar seu desem-
Caro aluno, em primeiro lugar perceba que o conceito de DFX refere-se
penho e inovar nas soluções com foco nas necessidades dos clientes. Um dos
ao Projeto para X, que é o Design For X, sendo o X qualquer um dos
objetivos atuais da direção é aplicar as ferramentas de desenvolvimento de
itens que estão associados ao ciclo de vida do produto ou, ainda, a um
produtos para atender ao mercado e à organização.
atributo do produto.
O fato do X ser genérico expande os potenciais usos desse tipo de ferra- Um dos problemas enfrentados atualmente pela empresa diz respeito
menta, sendo bastante empregada pelos times de desenvolvimento de às questões ambientais ligadas aos produtos desenvolvidos, uma vez que a
produtos em diferentes empresas no mundo. busca pelo desenvolvimento de produtos que possam ser reciclados é um
Entre as ferramentas DFX, as principais que compõem e suas aplicações diferencial competitivo na busca por melhores vendas. Como gerente de
são: desenvolvimento de produtos, a direção da empresa gostaria que você expli-
• DFM: trata-se do Projeto para Manufatura, que é um modo de reduzir casse como as ferramentas DFX podem ser aplicadas no desenvolvimento
os custos de fabricação do produto sem sacrificar sua qualidade. dos novos produtos para atender a esse requisito ambiental? Para tanto, foi
• DFA: Projeto para Montagem, similar ao DFM, o objetivo é reduzir os solicitado que você realizasse uma apresentação que será direcionada aos
custos relacionados ao processo de montagem por meio da simplifi- diretores da organização.
cação da estrutura do produto.
O primeiro conceito que você deve acrescentar na sua apresentação é o
• DFMA: é o Projeto para Manufatura e Montagem, que surgiu da
DFR. Sabe-se que os plásticos, em geral, possuem alta taxa de reciclagem,
necessidade de considerar a automação na montagem e na produção,
como é o caso do polipropileno. O polipropileno possui boas propriedades
integrando a montagem e os processos de fabricação.
para a fabricação, pois ele é facilmente moldável e, por ser um tipo de termo-
• DFR: Projeto para Reciclagem, associado ao reaproveitamento do
plástico, basta aquecê-lo. Esse plástico também tem um custo baixo e alta
produto, ou partes dele, em outros fins.
resistência química, o que faz dele um dos mais utilizados na indústria.
• DFE: Projeto para o Meio Ambiente, que busca minimizar o impacto
ambiental resultante dos projetos e de sua produção. Sobre a aplicação do DFR, você deve levar em consideração como o
• DFCL: Projeto para Ciclo de Vida, que apresenta os fatores associados produto poderá ser reaproveitado quando chegar ao final da sua vida útil.
ao ciclo de vida do produto. Portanto, você deve atentar-se à composição do material dos produtos e ao
• Por último, perceba que as principais vantagens e ganhos com o processo de desmontagem, que favorece também a reciclagem.
emprego do DFX são:
Não são todos os tipos de plásticos que são recicláveis, o que por vezes
• Tempo.
pode influenciar no preço do material a ser utilizado na composição do
• Qualidade.
produto, mas como a sua empresa está preocupada com as questões ambien-
• Custo.
tais e de sustentabilidade, a aquisição de matérias-primas mais caras pode
ser justificada, inclusive para o cliente, em função do benefício ambiental,
conferindo um diferencial para o produto.

Seção 3.1 / Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento de Produto - 91 92 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Portanto, é preciso evitar o uso de plásticos termorrígidos na fabricação sua opinião com relação à diminuição desses custos e gostariam que você
dos produtos da empresa, uma vez que eles não podem ser reutilizados apresentasse uma ferramenta que poderia colaborar nesse propósito. Você
quando aquecidos e, portanto, não são recicláveis. É o caso, por exemplo, poderia trazer os esclarecimentos necessários?
do poliestireno, que não é reciclável, mas ainda utilizado em uma série de
Resolução da situação-problema
produtos cotidianos, como potes de sorvetes, iogurtes e outros.
A primeira coisa que você se lembrou quando pensou em redução nos
O segundo item que você pode levar em consideração na sua apresen-
custos de fabricação da linha das dobradiças, maçanetas, fechaduras, entre
tação é o DFE, que seria o Projeto para o Meio Ambiente. Uma das formas de
outras, foi no DFM. No entanto, você também lembrou que, para reduzir
aplicar esse conceito nos produtos plásticos da empresa é levar em conside-
os custos com a montagem desses produtos, poderia ser empregado o DFA.
ração o tempo de vida dos produtos e o seu descarte.
No entanto, você pode ter chegado a um problema: para diminuir o custo
Ou seja, considere que um produto seja descartado. Quanto tempo esse
de fabricação utilizando o DFM você teria que simplificar a produção dos
produto levará para se decompor na natureza, caso não seja reciclado? Por
componentes do produto, como simplificar as tarefas na hora de usinar e
exemplo, as embalagens longa vida, utilizadas para conservação de diversos
dar acabamento nos itens que serão utilizados na montagem, deixando os
alimentos, podem levar até 100 anos para se decompor na natureza. Os
componentes com formas mais geométricas e acabamento inferior. Por outro
plásticos, em geral, levam de 400 a 500 anos para se decompor na natureza,
lado, ao fazer isso, você poderia comprometer o processo de montagem,
como é o caso das sacolinhas plásticas de supermercado. Portanto, o ideal
fazendo com que os custos de montagem ficassem maiores, uma vez que o
é que esses produtos sejam projetados para serem reaproveitados, e não
DFA está concentrado na simplificação da estrutura do produto, o que você
descartados, poluindo o meio ambiente.
observou que elevaria os custos de fabricação.
Vale ressaltar, na sua apresentação, a importância da preocupação com
Então, a solução que você pensou é na aplicação do DFMA, verificando os
os impactos ambientais advindos do projeto de produtos plásticos, buscando
custos mais altos e redesenhando e reduzindo o custo total para fazer o produto.
diminuir os danos ao meio ambiente e promover a sustentabilidade, até
mesmo como diferencial competitivo perante às demais empresas. Agora você começou a pensar na priorização da integração entre a forma,
o material, o processo e a função a fim de reduzir os custos de fabricação e
Agora será possível que os diretores integrem as atividades do DFR e do
montagem na linha de produtos de dobradiças, maçanetas, fechaduras e outros
DFE com os setores envolvidos no desenvolvimento de produtos na busca
por melhores soluções, que englobem também a questão ambiental.
Parabéns por mais um desafio vencido! Faça valer a pena

1. O projeto de produto é composto por decisões que precisam ser analisadas de modo
Avançando na prática cauteloso, de forma que os projetistas utilizam ferramentas específicas para auxiliar na
tomada de decisões referentes ao projeto e à concepção do produto. Essas ferramentas são
DFMA na indústria metalúrgica conhecidas como DFX. A letra X é genérica e pode se referir a qualquer um dos itens que
esteja associado a um determinado conceito macro do produto ou a um atributo do produto.

Descrição da situação-problema Assinale a alternativa que apresenta corretamente a qual conceito o texto acima se refere.
a) Manufatura.
Prezado aluno, considere que você esteja trabalhando como líder na equipe
b) Montagem.
de desenvolvimento de produtos de uma empresa metalúrgica de pequeno
c) Ciclo de vida.
porte, que entre as suas linhas de produtos têm a fabricação de dobraduras,
d) Descontinuação.
maçanetas, fechaduras, etc. Um dos objetivos é diminuir os custos de fabri-
e) Obsolescência.
cação e montagem dessa linha de produtos. Como líder da equipe de desen-
volvimento de produtos, os proprietários da empresa gostariam de saber

Seção 3.1 / Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento de Produto - 93 94 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
2. As ferramentas DFX devem fazer parte do desenvolvimento do produto como um Seção 3.2
todo, ou seja, de modo holístico, e não aplicadas de modo isolado. Isso se deve ao fato
de que as decisões associadas ao projeto afetam de modo global todos os estágios de Desdobramento da função qualidade e o
desenvolvimento do produto. Avalie a ferramenta citada abaixo. desenvolvimento de produto
Essa ferramenta DFX surgiu da necessidade de projetar produtos levando em consi-
deração as automações na montagem e na produção, na busca por competitividade.
Essa ferramenta busca identificar os custos mais altos o mais rápido, minimizando o Diálogo aberto
redesenho e reduzindo o custo total de fazer o produto, por meio da interação entre a
Caro aluno, vamos dar continuidade ao estudo das ferramentas que
montagem e os processos de fabricação.
podem ser aplicadas ao desenvolvimento do produto.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a ferramenta citada acima.
Nesta seção, especificamente, focaremos na ferramenta Desdobramento
a) DFA.
da Função da Qualidade (DFQ) – também conhecida como Quality Function
b) DFLC.
Deployment (QFD) em inglês –, de modo que estudaremos a casa da quali-
c) DFM.
dade e a sua construção no escopo do desenvolvimento de novos produtos.
d) DFMA.
e) DFE. De modo geral, é importante que você já comece a sua reflexão sobre esta
seção sabendo que a ferramenta QFD se concentra na voz do cliente e na sua
tradução em engenharia da qualidade ou em características de engenharia
3. O estágio de concepção do produto é muito crítico, já que muitas decisões
do produto.
que afetam as atividades de desenvolvimento e o custo do produto são feitas nesse
estágio. Ao longo dos anos, vários conceitos/métodos DFX foram desenvolvidos para O QFD é moldado a partir da combinação, integração e desenvolvimento
aumentar a eficiência na fase de projeto e reduzir o custo total do produto, além do de muitos conceitos, necessitando que uma visão holística do processo de
prazo de desenvolvimento. desenvolvimento de produção seja aplicada a fim da ferramenta ser assertiva.
Assinale a alternativa correta que apresenta três ganhos macros, de acordo com a Em resumo, o QFD permite que as empresas se concentrem no cliente
literatura, que podem ser conquistados com o uso das ferramentas DFX. e tragam uma melhor comunicação entre os diferentes departamentos da
a) Tempo, custo, número de funcionários. empresa para alcançar a satisfação total (ou o mais próximo disso) de quem
b) Tempo, qualidade e custo. compra o produto.
c) Qualidade, design e custo.
Logo, suponha que você tenha sido contratado recentemente e esteja
d) Design, tempo e número de funcionários.
trabalhando como gerente de desenvolvimento de produtos numa empresa
e) Número de funcionários, qualidade e custo.
de utensílios plásticos de médio porte que está atualizando a sua linha de
produtos, buscando melhorar seu desempenho e inovar nas soluções com
foco nas necessidades dos clientes. Um dos objetivos atuais da direção
é aplicar as ferramentas de desenvolvimento de produtos para atender ao
mercado e à organização.
A empresa está desenvolvendo um carrinho portátil e desmontável para
transporte de compras em supermercados, com o apelo sustentável, a fim de
diminuir o uso de sacolas plásticas. Como gerente de desenvolvimento de
produtos, você pretende aplicar o DFQ para colaborar na obtenção dos requi-
sitos dos clientes e da organização para as especificações do produto. Como
você aplicaria o DFQ nesse desenvolvimento? Apresente os resultados para os
diretores da organização para que eles decidam pela confecção do produto.

Seção 3.1 / Ferramentas DFX aplicadas ao Desenvolvimento de Produto - 95 96 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Reflita sobre essa indagação para conseguir desenvolver o que foi solici- Por meio do QFD também é possível estabelecer as relações que existem
tado pela empresa e se empenhe no estudo do material a fim de conseguir entre as necessidades dos clientes e os requisitos do projeto, sendo que existem
aplicar esses conhecimentos com sabedoria e de forma efetiva no mercado diversas versões do QFD, mas a que nos aprofundaremos é a versão da American
de trabalho. Supplier Institute (ASI), denominada QFD das quatro fases, sendo elas:
1. Fase de planejamento do produto.
Não pode faltar 2. Fase de planejamento de componentes.
3. Fase de planejamento de processos.
Prezado aluno, agora vamos compreender a relação entre o conceito do
DFQ e o desenvolvimento de produto. 4. Fase de planejamento de produção.
Em primeiro lugar, vamos entender melhor o conceito do DFQ, mais usual-
mente chamado de QFD por conta da sigla em inglês. O Desdobramento da Função
Pesquise mais
Qualidade vem sendo utilizado desde a década de 1970, com o objetivo de tornar
Caro aluno, para aprofundar os seus conhecimentos sobre o QFD, leia
mais eficiente o processo de desenvolvimento de produtos, tendo, entre as princi-
o artigo QFD na garantia da qualidade do produto durante seu desen-
pais definições, a de um sistema no qual as necessidades do usuário são traduzidas
volvimento – caso em uma empresa de materiais e compreenda melhor
para as especificações do produto em todas as etapas do processo produtivo.
como é feita a aplicação do QFD numa empresa de materiais, buscando
Assim, podemos utilizar o QFD tanto para desenvolver novos produtos garantir a qualidade desde o desenvolvimento do produto e também
como para aprimorar os produtos já existentes, com base nos desejos dos clientes atender às necessidades do cliente.
sendo refletidos em cada nível do processo de desenvolvimento de produto. Bons estudos!

Desse modo, a implantação do QFD segue uma abordagem direcionada


MELO FILHO, L. D. R.; CHENG, L. C. QFD na garantia da qualidade do
aos clientes para trazer inovações para os produtos, uma vez que eles orientam
produto durante seu desenvolvimento – caso em uma empresa de
os gerentes de produto e as equipes de projeto por meio dos processos de
materiais. Produção, v. 17, n. 3, p. 604-624, 2007.
conceituação, criação e realização de novos produtos. O objetivo é integrar as
demandas de mercado ao planejamento das operações de produção.
Vamos, então, iniciar o estudo da chamada casa da qualidade do QFD, conforme
Amaral et al. (2006) apontam que as necessidades dos clientes são obtidas
mostrado na Figura 3.2, lembrando que estamos utilizando o modelo da ASI.
em cada fase do ciclo de vida, por meio de entrevistas, observação direta, listas
de verificação e outros métodos de interação com os clientes. As necessidades Figura 3.2 | Casa da qualidade
levantadas são processadas, classificadas e ordenadas conforme as fases do
ciclo de vida, utilizando o chamado diagrama de afinidades.
Conforme apresentado por Paladini (2012), existe uma divisão operacional
do QFD, considerando-se duas etapas:
1. Fase de projeto: trata-se da tradução das necessidades dos clientes em
itens dos produtos ou serviços por meio de três processos: do cliente para a
fábrica (mercado para a organização), do projeto para a operação da fábrica e
a avaliação das características obtidas.
2. Fase de garantia da qualidade: aqui temos atividades nas quais as especi-
ficações dos clientes são repassadas para os produtos e serviços, abrangendo
toda a organização. Fonte: Amaral et al. (2006, p. 227).

Seção 3.2 / Desdobramento da função qualidade e o desenvolvimento de produto - 97 98 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
De acordo com o exposto por Amaral et al. (2006) e conforme obser- A primeira coisa que faremos é a associação entre os itens que compõem a
vamos na Figura 3.2, o primeiro item que está representado na casa da quali- casa da qualidade e o processo de tomada de decisão que a equipe de projetos
dade é o requisito do cliente (item 1), ou seja, as necessidades que os clientes deve tomar, conforme apresentado no Quadro 3.1.
esperam que sejam atendidas.
Quadro 3.1 | Casa da qualidade e processo de desenvolvimento de produto
Por meio do levantamento das necessidades dos clientes, determina-se a Atividade do QFD – casa da Atividades associadas ao desenvolvimento
importância de cada uma dessas necessidades no item 2 (importância). Item
qualidade do produto

O item 3 (benchmarking competitivo) é o responsável por apontar como o 1 Requisitos dos clientes
produto está posicionado em relação aos concorrentes, com base nas neces- 2 Importância dos requisitos Identificar os requisitos dos clientes do
produto
sidades dos clientes e se essas necessidades estão sendo atendidas (pelos Benchmarking com produtos dos
3
concorrentes
concorrentes e pela própria empresa).
4 Requisitos do produto
Baseada nos itens anteriores (itens 1, 2 e 3), a empresa dispõe de fontes de Definir os requisitos do produto
5 Matriz de relacionamentos
melhorias para os produtos, como o número de reclamações, a importância Quantificação dos requisitos do
do requisito, qual a qualidade desejada pelo cliente, pontos fortes e fracos 6
produto Definir as especificações do produto
comparados com os concorrentes, entre outros. 7 Matriz de correlação

Então, munidos dessas informações, nós partiremos para o item 4, que Fonte: adaptado de Amaral et al. (2006, p. 228).
é a definição dos requisitos do produto. O item 5, por sua vez, composto
pela matriz de relacionamentos, é a correlação entre os requisitos do produto Portanto, como já observamos, a casa da qualidade fornece para a equipe
e os requisitos dos clientes, com indicadores de intensidade de correlação. de projetos uma quantidade grande de informações que pode ser utilizada no
A quantificação dos requisitos obtidos na matriz de relacionamentos irá processo de tomada de decisão, como a priorização das atividades do desen-
compor as especificações dos produtos que serão desenvolvidos, conforme volvimento de produtos.
verificamos no item 6.
De acordo com Amaral et al. (2006) os relacionamentos que ficam evidentes
Já o item 7, que é o telhado da casa, é a chamada matriz de correlação, que por meio da matriz de correlação também são importantes para verificar os requi-
relaciona as interações entre os requisitos do produto. sitos que possuem algum conflito ou que devam ser tratados de forma integrada.
A Figura 3.3 apresenta o desdobramento da casa da qualidade, de modo que
aqueles requisitos anteriores se transformam em outros requisitos, agora do sistema,
Reflita
que são requisitos para o Figura 3.3 | Desdobramento da casa da qualidade
Considerando o que compreendeu sobre o QFD e sobre a casa da quali-
próximo nível, de modo
dade, como você acredita que ocorre o desdobramento da função quali-
sucessivo, chegando até
dade no desenvolvimento de produtos? Escolha um exemplo de um
a produção.
produto com poucos componentes, como por exemplo uma caneta, e
tente visualizar como seria a aplicação do desdobramento associado ao Amaral et al. (2006)
projeto de desenvolvimento desse produto. apontam que dificil-
Reflita no questionamento anterior e apresente os seus principais mente conseguiremos
argumentos. efetuar os desdobra-
remos até a fase de
processo. Assim, vale
Agora que já compreendemos o conceito do QFD e da casa da qualidade,
a pena utilizarmos a
vamos compreender melhor sobre a aplicação desses conceitos no projeto de
abordagem das quatro
desenvolvimento do produto.
fases da ASI que
mencionamos. Fonte: Amaral et al. (2006, p. 229).

Seção 3.2 / Desdobramento da função qualidade e o desenvolvimento de produto - 99 100 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Exemplificando Assimile
Suponha que você esteja desenvolvendo um novo produto, especifica- Caro aluno, perceba que o conceito do QFD está associado a um sistema
mente um tênis esportivo. que busca traduzir as necessidades do usuário para as especificações
O primeiro ponto que o QFD requer é ouvir a voz do cliente, por meio, do produto em todas as etapas do processo produtivo, podendo ser
por exemplo, de pesquisas de mercado, informações presentes na aplicado em produtos já existentes e no processo de desenvolvimento
própria empresa, experiência e expertise com o mercado, entre outros. de novos produtos.
Em posse dessas informações, você deve hierarquizar e organizar os O QFD desdobra, sistematicamente, a voz do cliente por meio da
requisitos. Por exemplo, um requisito primário do cliente do tênis pode construção da casa da qualidade que, na versão da ASI, é composta
ser o conforto. Desse requisito primário surgem requisitos secundários pelos itens requisito do cliente, importância, benchmarking competitivo,
como, ser ergonômico, ser leve, ser macio, entre outros. a definição dos requisitos do produto, a matriz de relacionamentos, a
Dos requisitos levantados, você deve atribuir um grau de importância quantificação dos requisitos dos produtos e a matriz de correlação.
para cada um deles, sendo que geralmente os próprios clientes fazem Entre os benefícios da implementação do QFD, destacamos os benefícios
essa atribuição. Por exemplo, para os clientes do tênis esportivo o requi- tangíveis e os intangíveis, além de que o QFD é útil por ser um método
sito leveza foi o mais importante, portanto, foi atribuído a esse requisito sistemático de pensar como as demandas dos clientes comporão as
uma ordem maior. especificações do produto.
Agora cabe a sua empresa definir as prioridades dos requisitos, a
avaliação dos tênis concorrentes e o cálculo do peso de cada um dos
Agora que você já compreendeu sobre as principais aplicações do QFD no
requisitos, levando em consideração a importância do cliente e a priori-
desenvolvimento de produtos, busque por possíveis aplicações do QFD nos
dade da empresa.
produtos que você utiliza no cotidiano e dê continuidade aos seus estudos sobre o
desenvolvimento de produtos.
Qual a importância e os benefícios que o QFD traz para o desenvolvimento de
produtos? Você já viu diversos itens que podem ter chamado a sua atenção no que
diz respeito às vantagens da aplicação do QFD no desenvolvimento de produtos, Sem medo de errar
mas vamos verificar alguns benefícios apontados por Carnevalli e Miguel (2008).
Retomemos, então, a situação hipotética em que você foi contratado como
Em primeiro lugar, os autores fazem uma divisão entre benefícios tangíveis e
gerente de desenvolvimento de produtos numa empresa de utensílios plásticos de
intangíveis da aplicação do QFD. Entre os benefícios tangíveis, os autores destacam
médio porte que está atualizando a sua linha de produtos, buscando melhorar seu
a diminuição do custo e do tempo, a melhoria da confiabilidade e a diminuição das
desempenho e inovar nas soluções com foco nas necessidades dos clientes, um
mudanças no projeto, o que já aprendemos que reduz os custos.
dos objetivos atuais da direção é aplicar as ferramentas de desenvolvimento de
Entre os benefícios intangíveis da aplicação do QFD, Carnevalli e Miguel (2008) produtos para atender ao mercado e à organização.
destacam a melhoria nas comunicações, a ajuda na tomada de decisões embasadas,
Essa empresa está desenvolvendo um carrinho portátil e desmontável para
o trabalho em equipes, a integração entre as ferramentas e os métodos, o desenvol-
transporte de compras em supermercados, com o apelo sustentável que vise
vimento de métodos flexíveis e a aquisição e a manutenção do know-how.
diminuir o uso de sacolas plásticas. Como gerente de desenvolvimento de produtos,
Além disso, o QFD é útil visto que essa ferramenta promove um método siste- você pretende aplicar o DFQ para colaborar na obtenção dos requisitos dos clientes
mático de pensar em que as demandas dos clientes serão inseridas nas caracterís- e da organização para as especificações do produto. Como você aplicaria o DFQ
ticas do produto. Essas características também são comparadas, de modo a identi- nesse desenvolvimento? Apresente os resultados para os diretores da organização
ficar a relação entre elas. Por exemplo, uma blusa pode ser quente o suficiente, para que eles decidam pela confecção do produto.
mesmo quando as temperaturas são extremamente baixas, no entanto, o cliente
A primeira coisa que você deve aplicar e apresentar, com base no DFQ, são os
poderá achar ela muito pesada, o que dificulta o seu uso. Portanto, a equipe deve
requisitos dos consumidores, por meio de pesquisas de mercado, a expertise de
buscar a melhor solução para a necessidade do cliente, levando em conta diversos
mercado, entre outros. Você obteve essas informações para o carrinho de compras
aspectos, como a questão térmica, o peso, a ergonomia, entre outros.
portátil e apresentou no Quadro 3.2.

Seção 3.2 / Desdobramento da função qualidade e o desenvolvimento de produto - 101 102 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Quadro 3.2 | Requisitos dos consumidores Quadro 3.4 | Requisitos do produto
Ser dobrável com facilidade Prioridade
Utilização Ser leve Leveza Alta
(funcionalidade) Dobrável Alta

Requisitos do
Apresentar fácil manuseio
Requisitos dos clientes

produto
Ergonomia Média
Fácil limpeza
Ajuste de altura Média
Ser ergonômico Reforço nas alças Alta
Design
(aparência) Ter alças ajustáveis para diferentes alturas Resistência mecânica Média
Disponibilidade de diferentes cores Fonte: elaborado pelo autor.
Impermeabilidade
Durabilidade Com base nas prioridades definidas, de acordo com o Quadro 3.4, foram
Reforço nas alças e encaixes para evitar quebras e desgastes
(resistência)
Resistência mecânica a choques e quedas
detectados alguns relacionamentos que deverão ser revistos pela equipe de
projetos (por exemplo, quanto maior o reforço nas alças, maior a massa do
Fonte: elaborado pelo autor. carrinho) para a definição das especificações do produto.
Agora será possível que os diretores decidam pela elaboração do projeto
Da mesma forma, após os clientes definirem os requisitos, eles os classificaram
do produto, com base nas informações geradas pelo DFQ. Parabéns por mais
por meio de notas de 1 a 5, sendo 5 o mais importante e 1 o menos importante,
um desafio vencido!
para cada grupo de requisitos, conforme apresentado no Quadro 3.3. Um estudo
da equipe de desenvolvimento de produtos também não identificou outro produto
similar, com as mesmas funcionalidades e características, que esteja disponível Avançando na prática
no mercado pelos principais concorrentes, além de que o produto próprio será
reciclável, colaborando para a sustentabilidade do planeta.
Aplicação do QFD no desenvolvimento de novos
Quadro 3.3 | Classificação dos requisitos pelos clientes
produtos
Classificação
Ser dobrável com facilidade 5
Utilização Ser leve 4 Descrição da situação-problema
(funcionalidade) Apresentar fácil manuseio 3
Imagine que você seja um dos gestores de uma determinada empresa
Requisitos dos clientes

Fácil limpeza 2
de eletrodomésticos. Suponha que acabou de contratar um estagiário de
Ser ergonômico 4
Design engenharia de produção que integrará a equipe de desenvolvimento de
Ter alças ajustáveis para diferentes alturas 5
(aparência) novos produtos. O estagiário relatou seus conhecimentos sobre a impor-
Disponibilidade de diferentes cores 2
tância de agregar a voz do cliente no desenvolvimento dos produtos, o que
Impermeabilidade 3
ele aprendeu durante as aulas, em busca da qualidade desejada. Como gestor,
Durabilidade Reforço nas alças e encaixes para evitar quebras
(resistência) e desgastes
5 qual ferramenta você indicaria para que ele possa agregar a voz do cliente no
Resistência mecânica a choques e quedas 5 desenvolvimento dos produtos? Você poderia ajudá-lo com essa tarefa?
Fonte: elaborado pelo autor. Resolução da situação-problema
Por meio da relação entre os requisitos dos clientes e sua importância, foi Quando você ouviu sobre a importância de levar em consideração a
definido pela equipe de projetos os requisitos dos produtos que podem ser voz do cliente no desenvolvimento dos produtos, você logo se lembrou do
atendidos pela empresa, que poderão ser implementados futuramente na etapa de conceito de DFQ – Quality Function Deployment (QFD) em inglês.
projeto do produto. O Quadro 3.4 apresenta os requisitos que serão considerados,
Você poderia explicar para o estagiário que o objetivo do QFD é tornar
conforme a prioridade definida pela organização em alta, média ou baixa.

Seção 3.2 / Desdobramento da função qualidade e o desenvolvimento de produto - 103 104 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
mais eficiente o processo de desenvolvimento de produtos, trazendo as 2. Por meio do QFD é possível estabelecer as relações que existem entre as necessi-
necessidades do usuário (voz do cliente) para as especificações do produto, dades dos clientes e os requisitos do projeto, sendo que existem diversas versões do
em todas as etapas do processo produtivo. QFD. Uma das versões mais difundidas é a versão da ASI (American Supplier Insti-
tute), denominada QFD das quatro fases.
Supondo que a sua empresa já aplique o conceito do QFD no desenvol-
vimento de novos produtos e também no aperfeiçoamento dos produtos já Assinale a alternativa que apresenta corretamente as quatro fases do QFD na sua
existentes, você explica que a implantação do QFD segue uma abordagem versão da ASI.
direcionada aos clientes para trazer inovações para os produtos, orientando a) Planejamento do projeto; planejamento da garantia da qualidade; planejamento de
os gestores e integrantes da área funcional de desenvolvimento de produto processos; planejamento de produto.
por meio da criação e realização de novos produtos. b) Planejamento do produto; planejamento de componentes; planejamento de
processos; planejamento de produção.
Você, como gestor, também pode destacar que a operacionalização do
c) Projeto; planejamento de componentes; planejamento de processos; planejamento
QFD leva em consideração dois itens importantes:
de produção.
• A fase de projeto que traduz os requisitos dos clientes para os itens dos d) Planejamento do produto; planejamento de garantia da qualidade; planejamento
produtos. de recursos; planejamento de custos.
e) Planejamento de recursos; planejamento de garantia da qualidade; planejamento
• A fase de garantia da qualidade que abrange toda a organização para o
de custos; planejamento de produção.
atendimento das especificações.
Com isso, você pôde indicar para ele o conceito de QFD, que agregará a
voz do cliente no desenvolvimento dos produtos.
3. Avalie o texto abaixo:
O primeiro item que está representado na casa da qualidade é o (a) ______, ou seja,
as necessidades que os clientes esperam que sejam atendidas. Por meio do levanta-
Faça valer a pena mento das necessidades dos clientes, determina-se o (a) ______ de cada uma dessas
necessidades no item 2.

1 . O Desdobramento da Função Qualidade vem sendo utilizado desde a década de 1970,


O item 3 denominada (o) ______ é o responsável por apontar como o produto está
posicionado em relação aos concorrentes, com base nas necessidades dos clientes e se
com o objetivo de tornar mais eficiente o processo de desenvolvimento de produtos.
essas necessidades estão sendo atendidas (pelos concorrentes e pela própria empresa).
Avalie as afirmações I, II e III.
I. O QFD deve ser utilizado exclusivamente para desenvolver novos produtos, com Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
base nos desejos dos clientes sendo refletidos em cada nível do processo de desenvol- a) Necessidade de mercado; importância; competição.
vimento de produto. b) Requisito do cliente; ordem; concorrência.
II. A implantação do QFD segue uma abordagem direcionada aos clientes para trazer c) Necessidade de mercado; ordem; benchmarking organizacional.
inovações para os produtos. d) Requisito do cliente; importância; concorrência.
III. As necessidades dos clientes são obtidas em cada fase do ciclo de vida, por meio e) Requisito do cliente; importância; benchmarking competitivo.
de entrevistas, observação direta, listas de verificação e outros métodos de interação
com os clientes.
Assinale a alternativa correta.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Apenas II está correta

Seção 3.2 / Desdobramento da função qualidade e o desenvolvimento de produto - 105 106 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Seção 3.3 Não pode faltar

Mapeamento tecnológico aplicado ao Prezado aluno, você já deve ter observado que diversos produtos são extre-
desenvolvimento de produto mamente complexos: um celular, por exemplo. Você já imaginou a complexi-
dade envolvida no desenvolvimento desse produto? Para ajudar nesse desafio,
trataremos do mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de
Diálogo aberto produtos, iniciando e com o conceito de Technology Roadmap (TRM).
Caro aluno, vamos dar continuidade ao estudo das ferramentas que Technology Roadmap trata-se de um método que foi desenvolvido no
podem ser aplicadas ao desenvolvimento do produto. final dos anos 1980 por dois colaboradores da Motorola, Willyard e McCless.
O objetivo deles era acompanhar o aumento na complexidade dos produtos
Nesta seção, vamos estudar o mapeamento tecnológico aplicado ao
da organização, de modo a permitir que uma análise fosse executada e uma
desenvolvimento de produto, de modo que veremos o conceito de Technology
previsão de quais os conteúdos tecnológicos, presentes nos produtos, seriam
Roadmapping (TRM), o modelo T-Plan e a implementação do roadmap.
desenvolvidos. Esse conceito pode ser entendido como uma forma de mapea-
Perceba, caro aluno, que a visão do produto, as decisões orientadas por mento tecnológico, conforme a própria expressão já sugere.
objetivos, as necessidades do cliente e uma comunicação clara são fatores
Além disso, outro objetivo que vale ser destacado é a busca por uma
essenciais para o sucesso do produto. Assim o roadmap do produto, que pode
melhor comunicação entre os departamentos que desenvolvem os produtos,
ser entendido como um mapa (como a própria palavra sugere) irá apontar
como engenharia, marketing, P&D, entre outros.
como será o produto ou projeto a cada período de sua evolução, sendo de
grande importância para as áreas de criação e desenvolvimento. Portanto, o método TRM teve seu início na Motorola, mas não ficou
restrito a essa organização. Esse método começou a ser utilizado em outras
Logo, retomando um viés prático, suponha que você tenha sido contra-
empresas, como General Motors, Hewlett-Packard, Rockwell, entre outras,
tado recentemente e esteja trabalhando como gerente de desenvolvimento
expandindo-se para a Europa, Ásia e até no Brasil.
de produtos numa empresa de utensílios plásticos de médio porte que está
atualizando a sua linha de produtos, buscando melhorar seu desempenho e De acordo com Jugend e Silva (2013), que complementam a visão do
inovar nas soluções com foco nas necessidades dos clientes. TRM, esse método tem como objetivo principal fazer a representação
gráfica da conexão entre o desenvolvimento de produtos, o desenvolvimento
Um dos objetivos atuais da direção é aplicar as ferramentas de desenvol-
de tecnologias, o mercado e os tempos para execução dos projetos, como
vimento de produtos para atender ao mercado e a organização.
podemos visualizar na Figura 3.4.
A empresa gostaria de desenvolver um mapeamento tecnológico para
Figura 3.4 | Apresentação do roadmapping
conectar o desenvolvimento dos produtos com o desenvolvimento de tecno-
logias e o mercado.
Para isso, a empresa está considerando que é necessária uma melhor
interação entre os departamentos que desenvolvem os produtos.
De que maneira você, como gerente de desenvolvimento de produtos,
poderia ajudar nesse aprimoramento? A direção gostaria que você apresen-
tasse um modelo de implementação do TRM para que fosse desenvolvido
um protocolo de implementação na empresa no desenvolvimento de novos
produtos.
Reflita sobre essa indagação para conseguir desenvolver o que foi solici-
tado pela empresa e se empenhe no estudo do material a fim de conseguir
aplicar esses conhecimentos com sabedoria e de forma efetiva. Fonte: Jugend e Silva (2013, cap. 5).

Seção 3.3 / Mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto - 107 108 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Portanto, o TRM auxilia as organizações a reconhecer as tecnologias mais De acordo com Souza (2018), é possível observar o TRM presente no T-Plan
importantes para serem desenvolvidas e aplicadas, bem como as tendências. na elaboração do roadmap na fase dos workshops, uma vez que o modelo
T-Plan utiliza informações quantitativas e qualitativas para orientar o desen-
Por meio da Figura 3.4, compreendemos que o foco do TRM é analisar o
volvimento do roadmap. Também vale destacar que a abordagem do roadmap
mercado que será atingido, bem como o produto que estará nesse mercado e
é holística e as principais questões envolvidas no seu desenvolvimento são:
as tecnologias e processos que irão compor esse produto. Repare também que
esses itens são ordenados em função do tempo no qual a organização pretende • Para onde a organização deseja ir?
desenvolver cada fase.
• Onde está agora?
De acordo com Jugend e Silva (2013), existem algumas dificuldades para
• Como é possível chegar lá?
obter informações relativas às previsões de mercado, o que reflete nas tecno-
logias e produtos, principalmente no longo prazo. No entanto, os mapas A Figura 3.5 apresenta o modelo T-Plan e sua relação com o TRM, que
formados podem nos auxiliar na identificação das variáveis que afetam o acabamos de explicitar.
mercado, as tecnologias e também os produtos.
Figura 3.5 | TRM e o T-Plan
Também é importante destacar que essa ferramenta visa orientar, previa-
mente, em quais projetos de produtos as organizações devem investir, bem
como o tempo que será utilizado na fase de desenvolvimento.
Não podemos dizer que existe um único modo ou forma de desenvolver o
TRM nas empresas, mas veremos, na sequência, uma das formas mais usuais,
denominada de T-Plan.

Reflita
Agora que você já compreendeu o conceito de TRM, reflita sobre a
implementação do TRM nas organizações.
Na sua concepção, entre as ferramentas que você já aprendeu sobre
o desenvolvimento de produtos quais poderiam ser aplicadas no TRM?
Como o DFQ se encaixaria no TRM, partindo do princípio de que a
colaboração na implementação do TRM é verdadeira? Fonte: Souza (2018, p. 22).
Reflita sobre os questionamentos anteriores e apresente os seus princi-
pais argumentos. Phaal et al. (2003) afirmam que também é importante que a equipe envol-
vida com o desenvolvimento do T-Plan seja multidisciplinar, uma vez que os
diferentes departamentos ou áreas funcionais da organização precisam estar
Como já compreendemos o conceito de TRM, agora vamos entender melhor
representados na equipe. Além disso, esse é um dos desafios que geralmente
o modelo T-Plan, que é um modo de implementar o TRM nas organizações. De
surgem no desenvolvimento do TRM: a participação e a compreensão dos
acordo com Jugend e Silva (2013), esse modelo levou três anos para ser desen-
colaboradores no desenvolvimento do roadmap.
volvido, com aplicação em diversas empresas europeias de diversos segmentos.
Para que o modelo funcione, são necessários workshops que durem aproxi-
madamente 4 horas e a presença de cinco até dez participantes. Como cada Pesquise mais
empresa tem as suas particularidades e as suas necessidades, recomenda-se que Caro aluno, a fim de entender melhor sobre o TRM e como esse método
os workshops tenham uma certa flexibilidade e permitam que sejam verifi- pode ser utilizado no planejamento estratégico, leia o artigo Gestão de
cados diversos objetivos da organização. Redes de Empresas e Technology Roadmapping: possibilidades para uma

Seção 3.3 / Mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto - 109 110 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
abordagem estratégica e compreenda melhor a relação existente entre Para ajudar a organização nessa etapa, podem ser utilizados direciona-
o TRM e as redes de empresas, por meio do apoio que o TRM traz para dores de mercado, que apontam para as necessidades do mercado, enquanto os
os processos estratégicos de integração de competências, desenvolvi- direcionadores de negócios são constituídos pelas políticas da organização. Os
mento de novos produtos, entre outros. dois direcionadores devem orientar o desenvolvimento dos novos produtos.
Boa leitura!
Após a definição dos projetos de produtos, atendendo aos direcionadores de
mercado e de negócios, o workshop de produto irá definir as funcionalidades e
ANTUNES, L. G. R.; SOUZA, T. A.; CASTRO, C. C. Gestão de Redes
o desempenho geral dos produtos, aplicando-se métodos como o DFQ, que já
de Empresas e Technology Roadmapping: possibilidades para uma
aprendemos. Por meio dessas informações será possível levantar as tecnologias
abordagem estratégica. Rasi, v. 4, n. 2, p. 127-139, 2018.
que deverão ser desenvolvidas e aplicadas aos produtos e aos processos produtivos.
O terceiro workshop é o de tecnologia, cujo objetivo é verificar as tecnolo-
Agora que já compreendemos o que é o T-Plan, vamos nos aprofundar nos
gias que atendam aos requisitos dos produtos, determinados no workshop de
workshops que compõem o modelo? Como já vimos, para operacionalizar o
produtos. É importante que a organização faça uma relação entre os direciona-
T-Plan precisamos realizar workshops, geralmente quatro: mercado, produto,
dores de mercado, de negócios, as características dos produtos e as tecnologias.
tecnologia e roadmapping, que veremos agora com mais detalhes.
Os departamentos de P&D, engenharia e marketing precisam verificar
De acordo com o apresentado por Jugend e Silva (2013), a sequência dos
quais impactos as futuras tecnologias trarão aos produtos, bem como apontar
workshops deve ser conforme apresentada na Figura 3.6, iniciando-se com o
para parcerias para o desenvolvimento de novas tecnologias.
planejamento, na sequência o workshop de mercado, depois o workshop de
produto, o workshop de tecnologia, o workshop roadmapping e, por último, a O último workshop, do roadmapping, é o responsável por conectar tudo
implementação. o que foi definido nos workshops anteriores, que conforme apresentado por
Jugend e Silva (2013), é o modo como a organização orientará suas decisões
Figura 3.6 | Workshops (ou sessões) do T-Plan
de projetos de produtos.

Exemplificando
Em 1997 a Toyota Motor Corporation introduziu o conceito de veículo
híbrido elétrico no conhecido modelo Prius.
Na ocasião, o Prius foi considerado uma inovação radical, um produto
revolucionário, no entanto, o desenvolvimento do carro híbrido tinha
Fonte: adaptada de Jugend e Silva (2013, cap. 5).
uma série de desafios a serem vencidos. Talvez o mais crítico fosse o
Uma vez que o líder da equipe do roadmap seja definido, ele escolherá os do desenvolvimento de baterias que fossem pequenas e leves, mas que
participantes que estarão representando os departamentos ou áreas funcio- pudessem armazenar a energia necessária para garantir o funciona-
nais da organização na condução do modelo, além de juntar os documentos mento adequado do veículo.
que serão utilizados nos demais workshops. No primeiro item, planejamento, No entanto, naquele momento, a Toyota não dispunha de todo o conhe-
deve ser definido o cronograma de execução dos workshops, de modo que os cimento necessário para o desenvolvimento das baterias, dado que
prazos sejam definidos e ajustados quando necessários. era uma montadora de veículos e não uma empresa especializada em
nesse quesito. Logo, o que viabilizou o desenvolvimento do Prius foi uma
O primeiro workshop (ou sessão 1) é referente ao mercado, ou seja, serão
parceria feita em 1996 com a Matsushita Battery Industrial Co. Ltd., que
apresentados os documentos que foram obtidos no planejamento, relacio-
era uma organização que possuía os conhecimentos para desenvolver
nados ao mercado, como as análises de mercado. Por meio desse workshop
a tecnologia de armazenamento necessária para ser utilizada no carro.
será possível levantar as necessidades do mercado que a organização deseja
atender, bem como conhecer os concorrentes e itens legais pertinentes.

Seção 3.3 / Mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto - 111 112 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Para finalizarmos o modelo T-Plan temos a fase de implementação, como Assimile
vimos na Figura 3.6. De acordo com Jugend e Silva (2013), a implementação O TRM é um método desenvolvido na Motorola no final dos anos
é a responsável por conectar a estratégia da empresa aos itens abordados nos 1980 com o objetivo de acompanhar o aumento na complexidade dos
workshops, resultando no conjunto de produtos e tecnologias que devem ser produtos da organização. Trata-se, portanto, de um mapeamento tecno-
desenvolvidos no intervalo de tempo especificado. lógico que busca também integrar os departamentos de engenharia,
marketing, P&D, e outros que atuam no desenvolvimento de produtos.
Para que a implementação seja exitosa, todos os itens planejados nos
Em seguida, o TRM foi adotado em outras diversas organizações e hoje
workshops precisam ser aplicados. Além disso, para facilitar a criação do
está presente em diversos países, incluindo o Brasil.
roadmap a base de informações fundamentais que devem ser utilizadas é
O modelo T-Plan é uma das formas de implementar o TRM nas organi-
apresentada na Figura 3.7.
zações e foi desenvolvido por meio da aplicação em diversas empresas
Figura 3.7 | Informações para o roadmap europeias. É composto por quatro workshops, que contam entre cinco e
dez participantes, e na seguinte ordem:
1. Mercado
2. Produto
3. Tecnologia
4. Roadmapping

Agora que você já compreendeu sobre o TRM e o T-Plan, tente aplicar os


conceitos abordados no desenvolvimento de novos produtos e dê continui-
dade aos seus estudos.

Sem medo de errar


Fonte: adaptada de Jugend e Silva ((2013, cap. 5).
Retomemos, então, a situação hipotética em que você foi contratado como
gerente de desenvolvimento de produtos numa empresa de utensílios plásticos
Também devemos manter a atualização dos resultados do TRM, uma vez que
de médio porte que está atualizando a sua linha de produtos, buscando
os mercados são dinâmicos. Jugend e Silva (2013) afirmam que devemos revisar
melhorar seu desempenho e inovar nas soluções com foco nas necessidades dos
uma vez por ano ou conforme os ciclos de estratégias definidos pela empresa.
clientes. Além disso, um dos objetivos atuais da direção é aplicar as ferramentas
A implementação do roadmap também traz diversos benefícios para as de desenvolvimento de produtos para atender ao mercado e à organização.
organizações, como:
A empresa gostaria de desenvolver um mapeamento tecnológico para
• Beneficiar a integração para o desenvolvimento de produtos. conectar o desenvolvimento dos produtos com o desenvolvimento de tecnolo-
gias e o mercado. Para isso, ela está considerando que é necessária uma melhor
• Colaborar na previsão e no planejamento dos produtos e tecnologias.
interação entre os departamentos que desenvolvem os produtos. De que
• Colaborar nos estudos de previsão de vendas, clientes e cenários. maneira você, como gerente de desenvolvimento de produtos, poderia ajudar
nesse aprimoramento? A direção gostaria que você apresentasse um modelo de
• Uso de ferramentas de desenvolvimento de produtos, como o
implementação do TRM para que fosse desenvolvido um protocolo de imple-
Desdobramento da Função Qualidade (DFQ), entre outras.
mentação na empresa no desenvolvimento de novos produtos.
• Colaborar na gestão do conhecimento na fase de projeto dos produtos
A primeira coisa que você deve se lembrar, com relação à implementação
e tecnologias.
do TRM, é sobre o modelo T-Plan. Trata-se de uma forma de implementação
do TRM que é composta por quatro sessões (ou workshops) que devem ser

Seção 3.3 / Mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto - 113 114 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
desenvolvidos na sequência apresentada: Agora será possível que o TRM seja implementado no desenvolvimento de
novos produtos, por meio do protocolo de implementação, o que colaborará
1. Workshop de mercado: apresentação das análises de mercado, seguida
na integração dos diferentes departamentos que estão associados ao desenvol-
pela explicação das necessidades do mercado e o reconhecimento dos
vimento de produtos, na busca por melhores soluções. Parabéns por mais um
concorrentes e itens legais pertinentes.
desafio vencido!
2. Workshop de produto: agora definiremos as funcionalidades e o
desempenho dos produtos, utilizando ferramentas tal qual o DFQ,
como fizemos no carrinho portátil. Avançando na prática
3. Workshop de tecnologia: agora faremos uma verificação das tecnolo-
gias que deverão atender aos requisitos dos produtos, bem como dos
Implementação do T-Plan numa empresa de
processos para produção. É fundamental, nessa etapa, que os departa- tecnologia
mentos diretamente vinculados ao desenvolvimento de produtos parti-
cipem dessa verificação.
Descrição da situação-problema
4. Workshop do roadmapping: faz a conexão dos workshops anteriores,
Prezado aluno, suponha que você esteja trabalhando numa empresa
definindo como a empresa tomará as decisões acerca dos projetos de
da área de tecnologia e computação que já esteja desenvolvendo o modelo
produtos.
T-Plan como uma das formas de implementar o conceito de TRM no negócio.
Essas informações evidenciam a existência de um fluxo pelo qual os desen- Já foram realizados os quatro workshops (de mercado, de produto, de tecno-
volvimentos de todos os novos produtos devem seguir tendo como base o logia e o roadmapping) no entanto, a direção da empresa está enfrentando
mapeamento tecnológico e a interação entre os diferentes departamentos, que dificuldades na implementação do modelo e solicitou a sua ajuda para trazer
no caso da empresa de utensílios plásticos envolve a engenharia, o marketing mais esclarecimentos sobre esse processo, sabendo que você tem conheci-
e vendas e o departamento financeiro, por ser uma empresa de médio porte. mentos que podem auxiliar na resolução desse problema. Como você poderia
colaborar com a direção?
Buscando facilitar a implementação para a equipe de projetos de produtos,
você fez um protocolo baseado num fluxograma com as principais atividades Resolução da situação-problema
que devem ser desenvolvidas por meio de perguntas a serem respondidas,
Você começou a sua explicação para a direção informando que a etapa
conforme pode ser verificado na Figura 3.8.
de implementação é a responsável por conectar a estratégia da empresa com
Figura 3.8 | Protocolo de implementação do T-Plan na empresa os itens abordados nos workshops, resultando no conjunto de produtos e
tecnologias no tempo especificado.
Para que a etapa de implementação dê certo, as informações do mercado,
do produto, da identificação e avaliação da tecnologia devem convergir para
a criação do roadmap, que dará origem às propostas de projetos.
Em seguida, devemos manter a atualização dos resultados obtidos, uma
vez que a constante renovação dos mercados faz com que seja necessária
uma revisão contínua nos produtos, tecnologias e, consequentemente, no
roadmapping.
Para finalizar, você pode apontar para a direção os benefícios que o
roadmap trará para a empresa, o que também funciona como um estímulo
para a sua implementação:
Fonte: elaborada pelo autor.

Seção 3.3 / Mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto - 115 116 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
• Auxílio na integração do desenvolvimento de produtos. III. O TRM ainda está associado com o objetivo de fazer a representação gráfica da
conexão entre o desenvolvimento de produtos, o desenvolvimento de tecnologias, o
• Colaboração na previsão e no planejamento dos produtos e tecnologias.
mercado e os tempos para execução dos projetos.
• Colaboração na previsão de vendas, de clientes e de cenários.
Assinale a alternativa correta.
• Estímulo ao uso de ferramentas de desenvolvimento de produtos. a) I, II e III estão corretas.
b) Somente I e II estão corretas.
• Auxílio na gestão do conhecimento.
c) Somente II e III estão corretas.
d) Somente I está correta.
e) Somente III está correta.
Faça valer a pena
3 . De acordo com Jugend e Silva (2013), a implementação do TRM, de acordo com
1. Technology Roadmap trata-se de um método que foi desenvolvido no final dos o modelo escolhido, resulta em um conjunto de produtos e tecnologias que devem ser
anos 1980 por dois colaboradores da Motorola, Willyard e McCless. Assim, o método desenvolvidos no intervalo de tempo especificado. Nesse contexto, considerando a
TRM teve seu início na Motorola, mas não ficou restrito a essa organização, de modo criação do roadmap, são necessárias algumas informações fundamentais.
que começou a ser utilizado em outras empresas, como General Motors, Hewlett-
Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma informação fundamental que
-Packard, Rockwell, entre outras, expandindo-se para a Europa, Ásia e até no Brasil.
deve servir de base para a criação do roadmap:
Não é correto afirmar que existe um único modo ou forma de desenvolver o TRM,
a) Planejamento financeiro.
mas há um modelo, específico, que é o mais empregado para implementar o TRM nas
b) Análise do produto-mercado.
organizações.
c) Levantamento de recursos de produção.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o nome do modelo referido no d) Levantamento de recursos humanos.
texto acima. e) Planejamento de ações de marketing.
a) Modelo B-Mapa.
b) Modelo T-Mapa.
c) Modelo B-Tecnologia..
d) Modelo T-Plan.
e) Modelo B-Plan.

2. A complexidade envolvida no desenvolvimento de produto é crescente e, nesse


sentido, muito tem sido abordado sobre o mapeamento tecnológico aplicado ao
desenvolvimento de produtos, tratando-se do conceito do Technology Roadmap
(TRM).
Avalie as afirmações I, II e III quanto aos objetivos do TRM.
I. A fim de acompanhar o aumento na complexidade dos produtos da organização,
o método TRM foi desenvolvido com o objetivo de permitir que uma análise fosse
executada e uma previsão de quais os conteúdos tecnológicos, presentes nos produtos,
seriam desenvolvidos.
II. O TRM também tem como objetivo a busca por uma melhor comunicação entre
os departamentos que desenvolvem os produtos, como engenharia, marketing, P&D,
entre outros.

Seção 3.3 / Mapeamento tecnológico aplicado ao desenvolvimento de produto - 117 118 - U3 / Ferramentas aplicadas ao desenvolvimento de produtos
Referências
AMARAL, D. C.; ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; TOLEDO, J. Gestão de desenvolvi-
mento de produtos: uma referência para melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
CARNEVALLI, J. A.; MIGUEL, P. C. Review, analysis and classification of the literature on
QFD-Types of research, difficulties and benefits. Int. J. Production Economics, v. 114, p.
737-754, 2008.
JUGEND, S. L. S.; SILVA, S. Inovação e Desenvolvimento de Produtos – Práticas de Gestão e
Casos Brasileiros. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012.
PHAAL, R.; FARRUKH, C. J. P.; MITCHELL, R.; PROBERT, D.R. Starting-up roadmapping
fast. Research-Technology Management, v. 46, n. 2, p. 52-59, 2003.
SOUZA, T. A. Technology Roadmapping e T-Plan: diretrizes para adequação à realidade
de grupos de pesquisa. 2018. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em
Administração, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2018. Disponível em: https://goo.gl/
HNL3ao. Acesso em: 26 out. 2018.
Unidade 4 objetivos atuais da direção da empresa é trazer novos conhecimentos para
os consultores em algumas áreas-chaves do desenvolvimento de produtos,
aprimorando as soluções apresentadas para os clientes.
O primeiro item que a direção gostaria que você, como gerente, ofere-
Outros aspectos do produto e a gestão do cesse é um treinamento sobre o desenvolvimento de embalagens. Para
desenvolvimento de novos produtos contextualizar o treinamento, foi passado o caso de um produto alimentício
que necessita de uma reformulação na sua embalagem para garantir sua
sobrevida no mercado, dado que a concorrência está alta, embora a marca
Convite ao estudo seja de grande reconhecimento. Como você sugeriria o aprimoramento dessa
embalagem, levando-se em consideração os tipos de embalagens que você já
Caro aluno, cada vez mais deve estar ficado claro para você a importância
aprendeu? Para isso, a direção espera que você desenvolva uma apresentação
do desenvolvimento de novos produtos no contexto organizacional.
a ser direcionada para todos os consultores.
Já estudamos os principais fundamentos, conceitos e ferramentas
Então, a direção gostaria que você explicasse para os consultores sobre a
associadas ao desenvolvimento de um produto. Nesse momento, então,
importância do conceito de ergonomia do produto na fase de projeto, pois
faremos uma complementação de aspectos igualmente importantes quando
um dos seus clientes está tendo dificuldades para agregar a ergonomia no
se pensa em um novo produto: embalagem; ergonomia, ambiente e gestão.
desenvolvimento de um produto, incorrendo na insatisfação do consumidor.
Assim, começaremos esta unidade, na primeira seção, explorando a Como você poderia ajudar a equipe com os aspectos ergonômicos? A direção
importância da embalagem para um novo produto, de modo que estuda- gostaria que você fizesse um protocolo para ser repassado para os consultores.
remos desde o conceito de embalagem até os diferentes tipos e propósitos
Um dos clientes da consultoria está desenvolvendo um novo produto
das embalagens.
na área tecnológica que promete ser uma inovação radical. No entanto, está
Na segunda seção, vamos trabalhar os aspectos ergonômicos e ambien- tendo problemas com o gerenciamento do projeto, uma vez que se trata de
tais vinculados ao desenvolvimento de um produto. Vale ressaltar que se um projeto radical (breakthrough). Como você poderia ajudar os consultores
trata de um assunto que tem sido muito pensado e aplicado na concepção que estão atendendo a esse cliente com a aplicação do conceito de projetos
de produtos a fim de atender plenamente ao usuário de acordo com as suas radicais para facilitar o gerenciamento do desenvolvimento do produto? Faça
necessidades, sem permitir um prejuízo ao ambiente. Assim, veremos os uma apresentação com as informações para os consultores.
conceitos de ergonomia do produto, aspectos ergonômicos aplicados ao
Tenha um excelente estudo e seja ativo, a partir de agora, na construção
projeto do produto, reciclagem e desenvolvimento sustentável na concepção
do seu próprio conhecimento!
de novos produtos.
Finalmente, com uma base sólida de conhecimentos, na terceira seção
abordaremos a gestão de desenvolvimento de novos produtos, de modo que
vamos estudar os conceitos básicos do gerenciamento de novos produtos,
bem como os projetos radicais, de plataforma e incrementais.
Assim, caro aluno, ao final desta unidade você estará apto a gerir o desen-
volvimento de novos produtos, sendo algo essencial para a sua trajetória
profissional a fim de trazer inovação e competitividade à organização!
Trazendo um viés prático, suponha que você tenha sido contratado
recentemente como gerente numa empresa que presta consultoria na área de
desenvolvimento de produtos. A consultoria tem auxiliado diversos clientes
a otimizar o desenvolvimento de produtos, contando com uma equipe
altamente especializada e focada na busca por melhores soluções. Um dos
Seção 4.1 aplicar esses conhecimentos com sabedoria e de forma efetiva no mercado
de trabalho!
A importância da embalagem Tenha um ótimo estudo!

Diálogo aberto Não pode faltar


Caro aluno, no final do século XX, o desenho e redesenho das embala-
Prezado aluno, você já pensou na importância das embalagens no
gens foram tão priorizados que agências especializadas começaram a ser
processo de desenvolvimento de produto? Quais as utilidades e funções das
cada vez mais demandadas. Hoje, o produto é tão dependente do seu pacote
embalagens? Você mesmo, como consumidor, já focou mais a sua atenção
que se entende que a embalagem pode definir o produto, podendo ser tão
na embalagem do que no próprio produto no momento de compra? Nesta
valiosa quanto a própria mercadoria contida nela.
seção nós entenderemos o conceito das embalagens, bem como seus tipos e
Assim, mais tempo e esforço são frequentemente gastos na concepção e propósitos e sua importância.
desenvolvimento da embalagem, que contribui em diferentes aspectos para
A primeira coisa que esclareceremos é o conceito de embalagem. Afinal de
o produto, desde a proteção da mercadoria até a expressão do marketing do
contas, o que é embalagem? Será que a embalagem também é um produto a
produto.
ser desenvolvido?
Desta forma, nesta seção focaremos no estudo sobre a importância da
Num primeiro momento vamos imaginar a embalagem como sendo parte
embalagem para um produto, de modo que veremos o conceito de embalagem,
de um produto que já foi desenvolvido, ou seja, algo complementar. Num outro
tipos e propósitos das embalagens, e aspectos sobre rótulo e forma.
momento, podemos considerar a embalagem como sendo um produto que não
Logo, suponha que você tenha sido contratado recentemente como é algo complementar, e sim o produto principal, sendo desenvolvido nas etapas
gerente numa empresa que presta consultoria na área de desenvolvimento de do projeto de desenvolvimento do produto como os demais produtos.
produtos. A consultoria tem auxiliado diversos clientes a otimizar o desen-
De acordo com Barbosa Filho (2009), em ambos os casos podemos consi-
volvimento de produtos, contando com uma equipe altamente especializada
derar uma embalagem como sendo algo que é fundamental para a comercia-
e focada na busca por melhores soluções. Um dos objetivos atuais da direção
lização dos produtos. Desde o século XIX, embalar era um sinônimo para
da empresa é trazer novos conhecimentos para os consultores em algumas
embrulhar os produtos, inicialmente com papel. Até hoje temos diversos
áreas-chaves do desenvolvimento de produtos, aprimorando as soluções
produtos embalados com papel, como, por exemplo, a manteiga que é vendida
apresentadas para os clientes.
em tabletes nos supermercados ou os lanches servidos nos fast-foods.
O primeiro item que a direção gostaria que você, como gerente, oferecesse
Será, contudo, que as embalagens são apenas um modo de embrulhar
é um treinamento sobre o desenvolvimento de embalagens. Para contextua-
os produtos? Houve muitas evoluções, inclusive na forma de embrulhar os
lizar o treinamento, foi passado o caso de um produto alimentício que neces-
produtos, mas podemos dizer que a embalagem é responsável pelo primeiro
sita de uma reformulação na sua embalagem para garantir sua sobrevida no
contato com o produto, sendo importante que seja adequada para o produto
mercado, dado que a concorrência está alta, embora a marca seja de grande
e também para o consumidor, atendendo a suas necessidades.
reconhecimento.
Por exemplo, uma lata usada para embalar alimentos tem diversas
Como você sugeriria o aprimoramento dessa embalagem, levando-se em
funções, mas a principal é conservar os alimentos adequadamente para o
consideração os tipos de embalagens que você já aprendeu?
consumo. No entanto, as latas amassadas ou estufadas geralmente são descar-
Para isso, a direção espera que você desenvolva uma apresentação a ser tadas porque podem indicar a presença de elementos nocivos a nossa saúde,
direcionada para todos os consultores. uma vez que podem ter contaminado os produtos armazenados. Portanto,
a embalagem também deve ser adequada ao produto e também adequada à
Reflita sobre essa indagação para conseguir desenvolver o que foi solici-
necessidade do consumidor de ter um produto próprio para o consumo com
tado pela empresa e se empenhe no estudo do material a fim de conseguir
validade prolongada.

Seção 4.1 / A importância da embalagem - 123 124 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Portanto, diversos autores afirmam que embalar pode ser considerado um O segundo princípio é de conteúdo, ou seja, como a embalagem pode
sinônimo de empacotar. Para que fique mais claro o conceito de embalagem, interferir no que está sendo armazenado ou utilizado. Pense, por exemplo,
adotaremos os três princípios apresentados por Trott (2012): nas embalagens de leite. Antigamente, era comum vermos o leite sendo
embalado em saquinhos, que geralmente são mantidos refrigerados para
• Proteção.
evitar que azede. Hoje, também temos o leite armazenado em embalagens
• Conteúdo. cartonadas, como é o caso do tipo longa vida, que não precisa ficar refri-
gerado e aguenta meses nas prateleiras dos supermercados. As próprias
• Identificação.
embalagens cartonadas já sofreram evolução pensando no uso do produto, de
A seguir veremos cada um desses três princípios de modo detalhado, mas modo que as mais antigas precisavam ser cortadas com uma faca ou tesoura
a Figura 4.1 já apresenta a forma de relação entre estes itens, de modo que e não podiam ser tampadas completamente, enquanto que diversas embala-
temos, junto com os princípios básicos, uma análise de custo e a importante gens atuais possuem lacres e tampas, o que facilita inclusive o manuseio e o
consideração de que sempre podemos aprimorar as embalagens. armazenamento do produto após aberto.
O terceiro princípio refere-se à identificação (veremos com mais detalhes
Figura 4.1 | Princípios da embalagem no item rótulo), de forma que a embalagem também pode contribuir na
identificação dos produtos. Por exemplo, quando a pessoa está num super-
mercado, caso as embalagens fossem todas iguais, seria difícil distinguir os
produtos que seriam comprados; portanto, uma das funções da embalagem
é a de apresentar o produto que se encontra no seu interior. Além disso,
também é comum na embalagem os fabricantes indicarem como o produto
deve ser utilizado e a marca, eventualmente promoções.
Agora, retomando aquele conceito que aprendemos no início do texto, de
que a embalagem pode ser algo complementar ao produto, podemos pensar
em tipos de embalagens em função dos propósitos que vimos.
Fonte: Trott (2012, p. 458). O primeiro ponto que vale a pena destacar é o conceito por trás da
embalagem, ou seja, se ela representa a marca, se ela agrega valor ao produto
ou também se dá identidade. Por exemplo, as embalagens de refrigerantes
estão muito associadas ao aspecto conceitual da marca.
Reflita
O segundo tipo de embalagem diz respeito ao marketing, ou seja, a parte
Você já pensou melhor sobre o processo de reciclagem de embalagens
de comunicação do produto, inclusive no que diz respeito às ações promo-
plásticas?
cionais, destacando-se, como exemplos, as promoções leve 2 pague 1, ou leve
Principalmente na área de alimentos, as embalagens plásticas têm sido
600 ml e pague 500 ml, entre outros.
amplamente utilizadas, substituindo outros materiais, como o papel. No
entanto, com as crescentes preocupações ambientais, são recorrentes O terceiro tipo é aquele associado ao meio ambiente, isto é, associado ao
as preocupações com a reciclagem dessas embalagens. tipo de material utilizado, caso seja reciclável, questões envolvendo a geração
de lixo, entre outros. Podemos destacar aqui algumas embalagens de água
mineral de plástico que podem ser amassadas, pois são feitas com um design
O primeiro princípio é o da proteção, ou seja, podemos destacar aqui
e uma espessura que facilitam o processo de reciclagem.
a função de manter o produto seguro ou íntegro. Sabemos que diversos
fatores podem afetar o produto, desde fatores climáticos (calor, umidade, A questão cultural e social também deve ser levada em consideração, ou
frio, entre outros) e problemas físicos (quedas, batidas, choques) até bioquí- seja, a embalagem apresentar a cultura ou aspectos sociais locais como, por
micos (agentes biológicos, agentes químicos). Assim, a função principal da exemplo, apresentando figuras ilustrativas de artistas locais, músicos, entre
embalagem é proteger o produto dos riscos aos quais ele possa estar exposto. outros.

Seção 4.1 / A importância da embalagem - 125 126 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Por último, temos os tipos de embalagens que envolvem aspectos tecnoló- também ajuda a promover o produto, a marca e o fabricante, utilizando estra-
gicos, como o uso de novos materiais que melhor acondicionem os produtos, tégias adequadas de marketing.
sendo o caso das embalagens cartonadas com diversas camadas de materiais
Além do rótulo, vale destacar a forma das embalagens. Será que a forma
para armazenamento de alimentos.
traz impactos significativos?
Vale ressaltar que cada fabricante pode empregar, em diferente medida,
A forma deve levar em consideração itens como a composição visual,
cada tipo de embalagem descrito anteriormente no seu processo de desen-
ou seja, a disposição de textos e imagens; e o design, que pode levar em
volvimento, levando-se também em consideração o custo, como vimos na
consideração a questão estética e também do conteúdo, como, por exemplo,
Figura 4.1.
a quantidade de produto a ser oferecida para o cliente na embalagem ou o
design que facilite o seu uso no momento de segurar ou manusear o produto,
como ocorrem com os refrigerantes, por exemplo.
Reflita
Agora que você compreendeu o conceito de embalagem, sabe os três
princípios básicos para embalagem e os tipos de embalagens, você acha
Exemplificando
que os rótulos servem apenas para identificação? Caso sua resposta seja
Como sabemos, os rótulos possuem diversas funções nas embalagens,
negativa, quais as outras funções que você acredita que estão associadas
desde identificar o produto até apresentar instruções sobre o uso,
a eles?
advertências, certificações e outros que já aprendemos.
Reflita sobre o questionamento anterior e apresente os seus principais
Existem diversos produtos no mercado, o que faz com que o designer do
argumentos.
fabricante desenvolva estratégias para atrair o consumidor para o seu
produto.
Um exemplo é adotar estratégias de sustentabilidade e cuidado
Como já falamos sobre identificação, vamos agora nos aprofundar no que
ambiental no descarte das embalagens ou do próprio produto. Algumas
são os rótulos e a forma das embalagens. Em primeiro lugar, compreende-
marcas de óleos utilizados na alimentação, os comestíveis, já apresentam
remos melhor os rótulos, que são fontes de informações importantes sobre os
a informação correta de descarte do produto pós-uso no rótulo, como,
produtos, que conforme apresentado por Trott (2012), podem conter:
por exemplo, armazenar o óleo utilizado em frascos e levar para a coleta
• A origem do produto. seletiva, como apresentado na Figura 4.2.

• O conteúdo do produto.
Figura 4.2 | Exemplo de informação para os rótulos de óleos comestíveis
• Instruções de uso.
• Código de identificação no padrão de barras.
• Advertências sobre o uso indevido ou riscos associados aos produtos.
• Tipos de certificados atendidos pelos produtos ou processo de fabricação.
• Modo de conservação do produto.
• No caso de produtos alimentícios, as informações nutricionais.
• Porções, caso existam.
• Tipo e estilo do produto. Fonte: Castellanelli et al. (2007, p. 8).

Portanto, os rótulos trazem diversas informações que podem ser essen-


ciais para identificar e utilizar os produtos. Será que os rótulos também Qual a importância da embalagem no desenvolvimento de produto?
podem promover os produtos, pensando no aspecto comercial? Sim, o rótulo Inicialmente, devemos salientar que o desenvolvimento das embalagens

Seção 4.1 / A importância da embalagem - 127 128 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
envolve uma série de variáveis que precisam ser analisadas, como exposto na aquele produto, recuperando parte do lucro perdido, ou investir no desen-
Figura 4.3, demonstrando a complexidade do processo. volvimento de um novo produto. Em ambos os casos, o desenvolvimento da
embalagem é importante, mas caso seja escolhida a revitalização, uma das
Figura 4.3 | Variáveis que compõem o desenvolvimento das embalagens
formas é aprimorando as embalagens a um custo relativamente baixo.

Assimile
Caro aluno, em primeiro lugar compreenda que o conceito de embalagem
passou por evoluções, começando como apenas uma forma de embru-
lhar os produtos, mas hoje sabemos que as embalagens são fundamen-
tais para a comercialização dos produtos, uma vez que elas são respon-
sáveis por proteger, adequar-se ao conteúdo e ao uso do produto e
também identificar o produto e a marca a um custo aceitável.
Com relação aos tipos de embalagens, entendemos que existe um
conceito, o marketing, a questão ambiental, cultural e social e os aspectos
tecnológicos, que podem ser utilizados de diferentes maneiras pelos
fabricantes, com base no custo e no desenvolvimento da embalagem e
do produto (se a embalagem é um novo produto a ser desenvolvido ou
se é algo complementar ao produto).
Com relação aos rótulos, sabemos que eles devem, além de identificar,
ser uma fonte de diversas informações para os clientes, como as instru-
ções de uso, advertências, tipo de descarte, conservação do produto,
entre outros.
Fonte: Moura e Banzato (1997, p. 39).

Outro ponto que deve ser ressaltado é que a embalagem pode trazer novas Agora, após as exposições sobre o desenvolvimento das embalagens,
oportunidades para os produtos, conforme apresentado por Trott (2012). Em reflita sobre quais as possíveis aplicações para serem utilizadas por você
alguns casos, alterar a embalagem pode mudar a forma como o produto é como estratégias de desenvolvimento de produtos e dê continuidade aos seus
exibido para os clientes, atraindo um novo mercado consumidor e favore- estudos.
cendo o desenvolvimento de novos produtos. Em outros casos, a alteração na
embalagem pode modificar o uso do produto, como já vimos que ocorre com
os refrigerantes, que apresenta diversos tipos de embalagens para públicos Sem medo de errar
específicos, desde o infantil até os adultos.
Retomando a situação na qual pressupomos que você tenha sido contra-
Outro item que merece destaque é quando alteramos as embalagens em tado recentemente como gerente numa empresa que presta consultoria na
produtos que já estão há um determinado tempo no mercado, com o objetivo área de desenvolvimento de produtos. A consultoria tem auxiliado diversos
de fazer a marca conhecida, aperfeiçoar a embalagem e também o local de clientes a otimizar o desenvolvimento de produtos, contando com uma
venda, conforme apresentado por Trott (2012). equipe altamente especializada e focada na busca por melhores soluções.
Portanto, as embalagens podem ajudar a expandir o mercado consu- O seu primeiro desafio como gerente é treinar os consultores sobre o
midor de determinado produto, uma vez que este mercado se encontra em desenvolvimento de embalagens. Para contextualizar o treinamento, foi
constante oscilação, em alguns momentos crescendo e em outros em declínio. passado o caso de um produto alimentício que necessita de uma reformu-
lação na sua embalagem para garantir sua sobrevida no mercado, dado que
Quando o lucro dos produtos começa a diminuir, também pela queda nas
a concorrência está alta, embora a marca seja de grande reconhecimento.
vendas, é o momento no qual os gestores devem escolher entre revitalizar
Como você sugeriria o aprimoramento dessa embalagem, levando-se em

Seção 4.1 / A importância da embalagem - 129 130 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
consideração os tipos de embalagens que você já aprendeu? Avançando na prática
A primeira coisa que você deve informar para a equipe na sua apresen-
tação é que aprimorar a embalagem do produto é um método de revitalizar Aprimoramento de embalagens alimentícias
o produto com um custo atrativo, ou seja, buscando prolongar a comerciali-
zação do produto frente aos concorrentes.
Descrição da situação-problema
Temos duas formas principais que aprendemos para aprimorar a
Considere que você esteja trabalhando numa empresa familiar que atua na
embalagem do produto, o primeiro é alterando apenas o rótulo e o segundo
produção de refeições para esportistas, com controle nutricional balanceado.
é alterando a forma. O primeiro item que você pode apresentar de alteração
A empresa gostaria de aprimorar suas embalagens visando manter a quali-
é vinculado ao rótulo, ou seja, a marca pode associar ao rótulo alguma estra-
dade das refeições até o consumo pelos clientes, uma vez que têm surgido
tégia de marketing, por exemplo, alguma promoção.
reclamações de que os produtos não estavam adequados para o consumo,
Fazer uma promoção e deixá-la evidente no rótulo possivelmente atrairá seguindo-se as instruções informadas. Os diretores da empresa gostariam
mais a atenção do consumidor no momento da compra, tanto pelo apelo de saber como você poderia auxiliar o aprimoramento das embalagens utili-
visual quanto pelo preço, como podemos verificar um exemplo na Figura 4.4. zando o conceito de tipos de embalagens?
Figura 4.4: Exemplo de promoção a ser agregada no rótulo do produto

Resolução da situação-problema
A primeira coisa que você precisa levar em consideração para acrescentar
na sua apresentação é buscar, junto à direção da empresa, os requisitos que a
embalagem deve atender.
Você já sabe que um desses requisitos é manter a qualidade e frescor dos
alimentos, conforme as instruções de conservação e consumo. Portanto, um
Fonte: elaborada pelo autor. dos tipos de embalagens que deve ser aprimorado é o tecnológico, utilizando
novos materiais para melhor acondicionar os alimentos, como é o caso de
Outra forma de utilizar o rótulo para alavancar as vendas é apresentar
embalagens cartonadas de diversas camadas, de modo que cada camada
alguma informação com evidência comprovada de benefício daquele
confere um tipo de proteção ao alimento.
produto alimentício para a saúde, para o condicionamento físico ou outros,
recomendando um consumo diário, semanal ou em outro período de tempo, No entanto, a direção da empresa pode querer também alterar o conceito
conforme as especificações nutricionais do produto. da embalagem, por exemplo, uma embalagem que ao mesmo tempo possa ser
utilizada para aquecer, servir ou consumir os alimentos. Neste caso, outras
A segunda mudança que pode ter um custo maior dependendo da
tecnologias podem ser agregadas para que a embalagem também cumpra
complexidade da embalagem, é alterando a forma. Nesse caso a marca estaria
essa função junto ao produto, que são as refeições, trazendo agilidade e prati-
fazendo uma alteração no design da embalagem, mas lembrando que é
cidade para os clientes.
recomendado que ela mantenha aqueles três princípios: proteção, conteúdo e
identificação. Uma equipe de design de embalagens deve avaliar as alterações Além da evolução no conceito da embalagem e dos materiais para
viáveis para serem executadas na embalagem quanto ao custo e à fabricação, melhorar o acondicionamento dos alimentos, é importante que a empresa
de modo a obter o retorno desejado com as vendas do produto. agregue as questões ambientais nas tecnologias utilizadas, por exemplo, com
materiais recicláveis. Agregando aos itens anteriores, a empresa também
Agora será possível que os consultores integrem os conceitos de rótulo
pode adotar estratégias de marketing nas embalagens para ampliar a divul-
e forma no desenvolvimento de embalagens para revitalizar os produtos
gação e a busca por novos clientes.
alimentícios do cliente na busca por melhores resultados!
Parabéns por mais um desafio vencido!

Seção 4.1 / A importância da embalagem - 131 132 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Faça valer a pena a) Identidade; design; conteúdo.
b) Composição visual; design; conteúdo.

1 . Diversos autores afirmam que embalar pode ser considerado um sinônimo de


c)
d)
Composição visual; design; segurança.
Identidade; etiquetagem; segurança.
empacotar. Trott (2012) afirma que o conceito de embalagem está associado a três
e) Composição visual; etiquetagem; conteúdo.
princípios básicos.
Sabemos que diversos fatores podem afetar o produto, desde fatores climáticos (calor,
umidade, frio, entre outros) e problemas físicos (quedas, batidas, choques) até bioquí-
micos (agentes biológicos, agentes químicos).

Assinale a alternativa correta que apresenta o princípio referido no texto acima.


a) Conteúdo.
b) Identificação.
c) Marketing.
d) Proteção.
e) Design.

2. Quando se pensa no desenvolvimento de embalagens, deve-se pensar na impor-


tância dos rótulos. Avalie as afirmações I, II e III.
I. Os rótulos são fontes de informações importantes sobre os produtos e podem
conter desde a origem (procedência) do produto até instruções de uso e modo
de conservação.
II. Os rótulos trazem diversas informações que podem ser essenciais para identi-
ficar e utilizar os produtos.
III. Os rótulos não são utilizados e não colaboram para promover o produto, a marca
ou o fabricante.
Assinale a alternativa correta.
a) I, II e III estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) I e II estão corretas.
d) Somente I é correta.
e) Somente II é correta.

3. Avalie o texto a seguir.


Além do rótulo, vale destacar a forma das embalagens. A forma deve levar em consi-
deração itens como a __________, ou seja, a disposição de textos e imagens; e o(a)
__________, que pode levar em consideração a questão estética e também do(a)
_________, como, por exemplo, a quantidade de produto a ser oferecida para o
cliente na embalagem.

Assinale a alternativa correta que preenche corretamente as lacunas do texto acima.

Seção 4.1 / A importância da embalagem - 133 134 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Seção 4.2 um dos seus clientes está tendo dificuldades para agregar a ergonomia no
desenvolvimento de um produto. Como você poderia ajudar a equipe com
Aspectos ergonômicos e ambientais do os aspectos ergonômicos? A direção gostaria que você fizesse um protocolo
para ser repassado para os consultores.
desenvolvimento do produto
Reflita sobre essa indagação para conseguir desenvolver o que foi solici-
tado pela empresa e se empenhe no estudo do material a fim de conseguir
Diálogo aberto aplicar esses conhecimentos com sabedoria e de forma efetiva no mercado
de trabalho!
Caro aluno, comumente as empresas colocam um esforço considerável
em marketing, desenvolvimento e fabricação de produtos. Contudo, deve-se Tenha um ótimo estudo!
ressaltar que uma tarefa importante para as empresas é identificar, com
sucesso, tudo o que cria valor para seus clientes atuais e futuros e traduzir
essas informações em produtos diferenciados e atraentes. Não pode faltar
O valor pode ser visto como resultante de benefícios práticos (funciona- Prezado aluno, vamos compreender os aspectos ergonômicos e ambien-
lidade, usabilidade, atratividade, etc), de modo que é provável que um cliente tais que estão relacionados ao desenvolvimento do produto? Então, começa-
perceba um produto como um todo; um pacote de benefícios. remos pelos aspectos ergonômicos tentando responder ao seguinte questio-
namento: o que é ergonomia do produto?
Assim, empresas que têm o departamento de desenvolvimento de produto
que se concentra apenas, ou principalmente, em alguns aspectos de geração O primeiro ponto que lembraremos é do conceito de ergonomia, que, de
de valor, por exemplo, qualidade técnica, custo, fabricação ou estética, corre acordo com Corrêa e Boletti (2015), é uma junção entre as palavras gregas
um risco de sub-otimização do produto. ergon (que significa trabalho) e nomos (que é o mesmo que leis, preceitos).
Portanto, pela etimologia da palavra fica claro que ergonomia seria a ciência
Para que isso não ocorra, exige-se uma abordagem holística por parte
do trabalho, ou seja, aquilo que está associado aos aspectos da atividade
da empresa, na qual todos os potenciais benefícios são considerados no
humana, uma vez que a palavra trabalho possui uma definição ampla e
processo de concepção do produto.
engloba as atividades desenvolvidas com o uso de equipamentos, máquinas
Neste âmbito, podemos destacar aspectos ergonômicos e ambientais e ferramentas.
que têm sido cada vez mais considerados pelo consumidor no processo de
Então, a forma como as pessoas interagem com os produtos deve ser
decisão de compra.
estudada, uma vez que isso interfere na segurança e também na qualidade
Logo, nesta seção vamos focar nosso estudo dos conceitos de ergonomia dos produtos.
do produto e aspectos ergonômicos aplicados ao projeto do produto, bem
Como a definição de ergonomia é mais ampla, podemos seguir por dois
como a reciclagem e o desenvolvimento sustentável de novos produtos.
caminhos distintos, conforme apresentado por Trott (2012): (1) a ergonomia
Portanto, suponha que você tenha sido contratado recentemente como do produto, que é desenvolvida pelo engenheiro de design do produto; (2) e
gerente numa empresa que presta consultoria na área de desenvolvimento de a ergonomia de postos de trabalho em linhas de montagem, que é responsa-
produtos. A consultoria tem auxiliado diversos clientes a otimizar o desen- bilidade do engenheiro de design do processo.
volvimento de produtos, contando com uma equipe altamente especializada
Especificamente, neste curso focaremos no caso 1 e um exemplo de
e focada na busca por melhores soluções. Um dos objetivos atuais da direção
ergonomia do produto que o autor apresenta é o banco de um carro, que
da empresa é trazer novos conhecimentos para os consultores em algumas
apresenta características de uso que podem fazer o cliente decidir pela
áreas-chaves do desenvolvimento de produtos, aprimorando as soluções
compra.
apresentadas para os clientes.
As características humanas devem ser levadas em consideração no desen-
Agora, a direção gostaria que você explicasse para os consultores sobre a
volvimento dos produtos, buscando maior conforto no uso, ou seja, que o
importância do conceito de ergonomia do produto na fase de projeto, pois
produto seja compatível com o usuário. Com relação à segurança, é esperado

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 135 136 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
que o usuário não seja ferido durante o uso, assim como o produto resista ao
Reflita
uso (a menos quando ele seja projetado para ser destruído com o uso).
Agora que você já relembrou o conceito de ergonomia e compreendeu
Agora que ficou evidente a relação entre a ergonomia e o produto, você o que é a ergonomia do produto, como você acha que esses conceitos
pode estar se perguntando: como conseguimos trazer o conceito de ergonomia devem ser agregados ao projeto de desenvolvimento do produto, uma
para o projeto de desenvolvimento do produto? vez que temos uma mudança na forma como ocorre a interação entre o
homem e o produto?
Amaral et al. (2006) apresentam alguns itens que podemos considerar
Para ficar mais claro, pense, por exemplo, como seria o painel de
com relação à ergonomia no desenvolvimento do projeto de produto:
controle ou os indicadores de informações do produto. Quais alterações
• O produto deve estar adequado tanto ao conhecimento quanto à você acredita que eles deveriam sofrer ou cuidados que você tomaria
característica física do utilizador, evitando-se que os movimentos para agregar o conceito de ergonomia do produto?
executados durante o uso sejam complicados e extremos. Reflita sobre os questionamentos anteriores e apresente os seus princi-
pais argumentos.
• As atividades necessárias para operar o produto devem ser facilitadas
e reduzidas, em termos de quantidade. Fazer com que os controles do
produto sejam claros e facilmente assimiláveis, bem como as informa- Quais os aspectos ergonômicos que estão associados ao projeto do
ções de operação. produto? Barbosa Filho (2009) afirma que além das questões físicas e cogni-
tivas que são necessárias para o uso dos produtos, devemos levar em consi-
• Erros humanos podem ocorrer durante o manuseio dos produtos.
deração também o chamado good design, ou seja, que o produto esteja livre
Portanto, é importante criar barreiras de segurança que previnam
de erros ou de chances de ser operado de modo equivocado, o que poderia
ações incorretas que possam colocar em risco o usuário ou o produto,
causar danos aos usuários. Portanto, com relação aos aspectos ergonômicos
informando sempre quais são os modos de operação que estão sendo
do projeto do produto, nós focaremos nos itens de interação entre o homem
utilizados.
e o produto.
Com relação às características dos usuários, perceba o quanto é necessário
Essa interação ocorre quando o usuário e o produto influenciam um ao
adequar o produto ao considerar o gênero, habilidade, idade, força e outras
outro, de modo que temos uma comunicação ocorrendo, ou seja, uma infor-
características dos indivíduos, principalmente quando pensamos em produtos
mação enviada que deve ser recebida e interpretada para gerar uma ação no
que farão parte de postos de trabalhos em linhas de montagens e podem trazer
receptor.
desgaste para os trabalhadores. Amaral et al. (2006) apontam itens, como:
De acordo com Barbosa Filho (2009), pensando em um painel de controle
• A massa e a fragilidade dos produtos e componentes.
de uma máquina por exemplo, quando a interação é do produto para usuário,
• O tamanho e a necessidade de força para aperto de fixadores. temos uma interface composta por painéis, indicadores, mostradores, que
informam o estado do produto. O usuário deverá, assim, receber e inter-
• A localização das superfícies.
pretar essas informações apresentadas pelo produto para tomar uma decisão
• A acessibilidade e a identificação dos produtos e componentes. sobre a possível ação que deverá tomar junto ao produto, ou seja, utilizar um
painel de controle.
Ainda de acordo com Amaral et al. (2006), existem duas abordagens para
a ergonomia quando se pensa em desenvolvimento de produto: a ergonomia Portanto, o responsável pelo projeto do produto deve tomar um cuidado
física e a ergonomia cognitiva. especial sobre como serão os indicadores e os painéis de controle, dado que
terão um papel fundamental na operação do produto. Alguns cuidados no
A ergonomia física está ligada à interação entre o homem e o sistema com
projeto são, por exemplo, com o formato, a cor, o posicionamento de botões
base no conforto, tratando das características antropométricas (dimensões
e demais dispositivos de controle, uma proteção para evitar acionamentos
do corpo humano), fisiológicas, entre outras, de modo a adequar as condi-
acidentais, entre outros, conforme podemos verificar na Figura 4.5.
ções de trabalho e produtos ao homem. Já a ergonomia cognitiva é respon-
sável pela análise do fluxo de informações entre o usuário e o sistema por
meio dos aspectos cognitivos de uma pessoa num ambiente de trabalho.

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 137 138 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Figura 4.5 | Exemplo de painel de controle de um produto sala de aula. Uma das primeiras coisas que podem ser avaliadas
pelos fabricantes são as características antropométricas dos alunos.
Portanto, utilizar a mesma carteira para alunos do ensino funda-
mental, que são na sua maioria crianças, e para alunos do ensino
superior, que são na sua maioria adultos, provavelmente causará
uma série de desconfortos e inconvenientes, seja para o público
adulto ou para o infantil.
Outra questão que envolve a interação com o produto é o centro
de massa da carteira. Nas carteiras que têm mesa integrada, como
ilustrado na Figura 4.6, comumente os alunos depositam seus
materiais na mesa e pode ocorrer da carteira tombar para a frente,
dependendo da massa do material depositado na mesa.

Figura 4.6 I Exemplo de carteira escolar

Fonte: Pixabay.

Reparem, na Figura 4.5, que existe um botão de emergência em cor


vermelha que interrompe o funcionamento do produto em caso de algum
problema, tendo seu visual (cor), formato e posição destacados dos demais
botões do painel para que o usuário possa ter a agilidade necessária para
acioná-lo em uma situação emergencial. Os demais botões também possuem
Fonte: Pixabay.
funcionamento diferente, conforme a sua função, podendo ser de girar para
ajustar uma intensidade ou de apertar. Esse fenômeno geralmente ocorre quando o centro de massa do produto
não é adequadamente dimensionado, prejudicando a interação homem
Também temos na Figura 4.5 um painel, que provavelmente apresenta
e produto.
informações sobre o funcionamento do produto para o usuário. Do mesmo
Todos esses aspectos devem ser considerados, desde o projeto do
modo que no painel de controle, se houver dúvidas na interpretação das
produto!
informações contidas nesse painel, podem ocorrer danos ao usuário, ao
equipamento ou ao meio ambiente.
Entendidas as questões sobre ergonomia do produto, agora vamos
Portanto, para que o desenvolvimento do produto ocorra de modo
compreender melhor sobre a reciclagem e a busca pela sustentabilidade no
adequado é importante que analisemos quem será o seu cliente, ou seja, se
desenvolvimento de novos produtos.
será direcionado a algum usuário em especial ou a um conjunto de usuários
que poderão fazer uso do produto concomitantemente ou sequencialmente. Antigamente, não existia essa preocupação, ou seja, como as embalagens
e o produto seriam descartados ao final de sua vida útil e os impactos que isso
traria para o planeta. Algumas fontes de matérias-primas eram consideradas
Exemplificando inesgotáveis e muitas empresas estavam mais preocupadas com as vendas
Você com certeza já utilizou carteiras escolares, mas você já pensou imediatas do que com os problemas que isso acarretaria no futuro.
sobre a influência que o formato dessas cadeiras acarreta aos
No entanto, a medida que os impactos começaram a aparecer e as preocu-
estudantes?
pações ambientais começaram a se acentuar, os fabricantes tiveram que
Por exemplo, dores musculares, sono, distração, estresse podem
mudar o seu comportamento, adicionando, por exemplo, a preocupação com
ocorrer se a cadeira não estiver apropriada para o seu usuário, em
a reciclagem de matérias-primas. Barbosa Filho (2009) apresenta que tanto

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 139 140 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
o consumo quanto os materiais começaram a ser repensados, ou seja, o uso NASCIMENTO, A. A.; OLIVEIRA, R. J.; MENEZES, J. E. A reciclagem do lixo
de materiais virgens e da reciclagem buscando priorizar questões ambientais. urbano como renda, e a preservação dos recursos naturais e ambientais.
A Figura 4.7 apresenta essa mudança por meio da reciclagem de materiais. Revista Gestão Industrial, v. 13, n. 1, p. 22-37, 2017.
Figura 4.7 | Ciclo de reciclagem de produtos
Associado ao conceito de reciclagem, temos também o conceito de
desenvolvimento sustentável, referindo-se à busca por um equilíbrio entre a
atividade humana, o meio ambiente e a economia, o que chamamos de tripé
da sustentabilidade. Assim, sabemos que hoje o papel da equipe de desen-
volvimento de produtos não é apenas o de fazer produtos que atendam aos
requisitos, mas também a preocupação ambiental que já mencionamos.
Portanto, quando falamos em desenvolvimento de produtos sustentáveis
também devemos pensar no consumo consciente e na remanufatura, com o
reaproveitamento de materiais por meio da reciclagem. Reduzir o consumo,
bem como reutilizar e reciclar produtos está ganhando cada vez mais espaço
Fonte: Barbosa Filho (2009, p. 94).
no projeto de produtos, além do uso de energias alternativas e renováveis.
Na Figura 4.7 fica evidente a busca pela reciclagem por meio da coleta
Barbosa Filho (2009) apresenta algumas questões norteadoras para
após o uso e da remanufatura, algo impensado quando eram utilizados
o desenvolvimento de produtos sustentáveis, como veremos a seguir as
apenas materiais virgens na produção, ou seja, tínhamos a extração desses
principais:
materiais e o descarte, sem fechar o ciclo com o reaproveitamento.
• Busca pela eficiência energética e pela preservação dos recursos
Um exemplo famoso dos ciclos de reciclagem, como também são
naturais, ou seja, a fabricação dos produtos não deve prejudicar as
chamados, é o plástico PET, cuja sigla significa politereftalato de etileno. A
reservas naturais, na medida em que devemos economizar matérias-
partir desse material são feitas garrafas, bandejas e diversos outros produtos
-primas e energia em todas as fases de processamento, embalagem e
que podem, após o uso e o descarte, serem coletados e reprocessados para
transporte.
a fabricação de novas embalagens e produtos, um processo que está em
crescente expansão em diversos países do mundo. • Busca pela redução de emissão de poluentes, evitando o uso de itens
nocivos na fabricação dos produtos, como substâncias tóxicas e
Com relação ao desenvolvimento do produto deve ser previsto na fase
metais pesados.
do projeto qual será a sua destinação após o uso, ou seja, se poderá ser
reciclado, reutilizado ou simplesmente descartado. Esse planejamento já • Desenvolver políticas ambientais e sociais dentro das empresas, ou
deve ser iniciado quando estamos analisando os requisitos do produto e na seja, devemos desenvolver atividades ambientalmente corretas e
busca pelas soluções que atenderão a esses requisitos, uma vez que após o favoráveis ao desenvolvimento social.
desenvolvimento do produto nós trataremos apenas do aspecto operacional,
• Desenvolver produtos multiuso, uma vez que o nosso papel enquanto
enquanto que as questões técnicas envolvidas já deverão ter sido agregadas
desenvolvedor de produtos é projetar itens que possam ser usados por
na fase do desenvolvimento.
diversos usuários, com diversas funções.
• Facilitar a manutenção e a atualização, evitando o descarte precoce
Dica
por meio de manutenções simples e da atualização tecnológica.
Você conhece os impactos sociais advindos da reciclagem do lixo urbano?
O estudo A reciclagem do lixo urbano como fonte de renda, e a preser-
vação dos recursos naturais e ambientais traz essa visão por meio da
atuação das cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Compre-
enda melhor sobre esse assunto lendo da página 22 até 34 e bons estudos!

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 141 142 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
exemplo de protocolo geral gerado pelo engenheiro e que a equipe pode
Assimile
utilizar para facilitar a adoção da ergonomia no desenvolvimento de
Prezado aluno, compreenda que a ergonomia do produto leva em consi-
produtos, que pode ser customizado para os diferentes clientes.
deração o modo como os usuários interagem com os produtos, ou seja,
adotar na fase de desenvolvimento do produto as características humanas Figura 4.8 | Protocolo de ergonomia no desenvolvimento de produtos
para um maior conforto e segurança no uso, adequando o produto
também ao conhecimento do consumidor, facilitando a operação e o
controle do produto e prevenindo erros e suas consequências, utilizando
barreiras de segurança.
Também devemos levar em consideração, na fase de projeto de desenvol-
vimento, a massa e a fragilidade dos produtos, bem como o tamanho, as
superfícies de interação, a acessibilidade e a identificação dos produtos.
Com relação ao desenvolvimento sustentável, temos a busca pelo consumo
responsável e pela reutilização e a reciclagem, pensando já na fase de
desenvolvimento do produto em como será sua destinação após o uso,
bem como no aspecto operacional de coleta e remanufatura no pós-de-
senvolvimento, pensando na reciclagem de produtos e embalagens.

Agora, após as exposições sobre a ergonomia do produto, a reciclagem e a


sustentabilidade, reflita sobre a interação entre esses conceitos e suas aplica-
ções no desenvolvimento de produtos e dê continuidade aos seus estudos.
Fonte: elaborada pelo autor.

Portanto, por meio da Figura 4.8 ficou evidente os aspectos que devem
Sem medo de errar ser considerados para incluir a ergonomia no desenvolvimento dos produtos,
lembrando que esse protocolo pode ser ajustado dependendo do cliente e do
Suponha que você tenha sido contratado recentemente como gerente
produto desenvolvido, mas é importante lembrar também que o projeto do painel
numa empresa que presta consultoria na área de desenvolvimento de
de informações e de controle exige uma atenção especial, uma vez que terão um
produtos. A consultoria tem auxiliado diversos clientes a otimizar o desen-
papel fundamental na operação do produto. O cliente pode utilizar formatos,
volvimento de produtos, contando com uma equipe altamente especializada
cores e posicionamentos diferentes para proteger o usuário e o produto, levan-
e focada na busca por melhores soluções.
do-se em consideração os aspectos da ergonomia cognitiva e física.
Agora a direção gostaria que você explicasse para os consultores sobre a
Agora será possível que os consultores integrem os conceitos de ergonomia
importância do conceito de ergonomia do produto na fase de projeto, pois
no desenvolvimento de produtos na busca por produtos mais confortáveis e
um dos seus clientes está tendo dificuldades para agregar a ergonomia no
seguros!
desenvolvimento de um produto.
Parabéns por mais um desafio vencido!
A primeira coisa que você deve apresentar para a direção é que a ergonomia
estuda a forma como os consumidores interagem com os produtos. Portanto,
a empresa deve ter um engenheiro de design do produto que contribua no
desenvolvimento de produtos ergonômicos a fim de satisfazer mais plena-
mente as necessidades dos seus clientes.
Esse engenheiro deverá levar em consideração as características dos
usuários, buscando conforto e segurança no uso do produto, ou seja, que
o produto seja compatível com o consumidor. A Figura 4.8 apresenta um

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 143 144 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Avançando na prática geralmente fabricado com polietileno de alta densidade (PEAD), podendo
ter diversas configurações, como tampa fixa ou tampa com anel metálico,
Reciclagem numa empresa familiar de e ser reciclado ou ser recuperado. Também necessitam estar homologados
para transporte por via terrestre ou marítima.
pigmentos para tintas automotivas
Faça valer a pena
Descrição da situação-problema
Considere que você esteja trabalhando numa empresa familiar que produz
1. As características humanas devem ser levadas em consideração no desenvolvi-
mento dos produtos, buscando maior conforto no uso, ou seja, que o produto seja
pigmentos (corantes) para tintas automotivas. Com as crescentes preocu-
compatível com o usuário. Com relação à segurança, é esperado que o usuário não
pações ambientais e com a legislação em vigor, a empresa está buscando
seja ferido durante o uso do produto, assim como o produto resista ao uso (a menos
se manter adequada ao conceito de sustentabilidade e de reciclagem, uma
quando ele seja projetado para ser destruído com o uso).
vez que suas principais preocupações são com o uso de materiais que não
agridam o meio ambiente e agora agregar o conceito de reciclagem para as Assinale a alternativa que apresenta corretamente o conceito associado ao texto acima.
embalagens que armazenam os pigmentos que são destinados aos clientes. a) Desenvolvimento Sustentável do Produto.
Sabendo da sua experiência com o desenvolvimento de produtos recicláveis, b) Usabilidade do Produto.
o diretor gostaria que você explicasse melhor o funcionamento dos ciclos c) Ergonomia do Produto.
de reciclagem e apresentasse um exemplo de material que pudesse ser utili- d) Reciclagem do Produto.
zado para compor a embalagem dos pigmentos, sabendo-se que atualmente a e) Processo do Produto.
embalagem utilizada não é reciclável. Como você poderia ajudá-lo?
2. Avalie as afirmações I, II e III quanto a importância de determinados aspectos
serem considerados durante o desenvolvimento do projeto de produto:
Resolução da situação-problema
I. O produto deve estar adequado tanto ao conhecimento quanto à característica
A primeira coisa que você deve apresentar é que a reciclagem de materiais
física do utilizador, evitando-se que os movimentos executados durante o uso
busca contribuir com a sustentabilidade do planeta, por meio da coleta após
sejam complicados e extremos.
o uso e do reprocessamento, diferentemente do que ocorre quando utili-
II. As atividades necessárias para operar o produto devem ser facilitadas e reduzidas
zamos apenas materiais virgens na produção, portanto, ao coletar e reapro-
em termos de quantidade. Fazer com que os controles do produto sejam claros e
veitar fechamos o chamado ciclo de reciclagem para a fabricação de novas
facilmente assimiláveis, bem como as informações de operação.
embalagens e produtos.
III. Erros humanos podem ocorrer durante o manuseio dos produtos. Portanto,
Com relação à embalagem dos pigmentos, você precisa explicar para o é importante criar barreiras de segurança que previnam ações incorretas que
diretor que, em primeiro lugar, devem ser observados os requisitos de, como, possam colocar em risco o usuário ou o produto, informando sempre quais são
por exemplo, conservação do produto, tipo de armazenamento e volume. os modos de operação que estão sendo utilizados.

Temos, por exemplo, tambores de aço que apresentam, em geral, um Assinale a alternativa correta.
revestimento interno para evitar que o produto entre em contato direta- a) I, II e III são corretas.
mente com o aço e sofra algum tipo de corrosão ou traga impurezas para o b) Apenas I e II são corretas.
conteúdo, no caso o pigmento. Esses tambores também apresentam diversos c) Apenas II é correta.
tipos de reforços estruturais, dependendo da forma como esses tambores d) Apenas II e III são corretas.
serão armazenados e empilhados, podendo ser de tampa fixa ou tampa e) Apenas I é correta.
removível. Os tambores podem ser recuperados e devem ser homologados
para transporte por via terrestre ou marítima.
Outro tipo de produto que poderia ser utilizado é o tambor plástico,

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 145 146 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
3. Associado a uma preocupação ambiental, temos o conceito de __________, Seção 4.3
referindo-se à busca por um equilíbrio entre a atividade humana, o meio ambiente
e o(a) _________, o que chamamos de tripé da sustentabilidade. Assim, sabemos Gestão de desenvolvimento de novos produtos
que hoje o papel da equipe de desenvolvimento de produtos não é apenas o de fazer
produtos que atendam aos requisitos, mas também que considerem os aspectos
ambientais. Portanto, quando falamos em desenvolvimento de produtos sustentá-
Diálogo aberto
veis também devemos pensar no consumo consciente e no(a) _________, com o Caro aluno, perceba inicialmente que todos os gerentes de produto
reaproveitamento de materiais por meio da reciclagem. Reduzir o consumo, bem querem identificar e alavancar as oportunidades de mercado em um ecossis-
como reutilizar e reciclar produtos está ganhando cada vez mais espaço no projeto de tema altamente dinâmico e complexo. Assim, como regra geral, criam-se
produtos, além do uso de energias alternativas e renováveis. soluções para resolver problemas de usuários sob perspectivas múltiplas.
Contudo, muitas vezes vemos empresas desenvolvendo produtos que não
Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente:
podem vender. Nesse ponto, então, vale destacar o papel do gerenciamento
a) desenvolvimento sustentável; trabalho; educação ambiental.
de produtos, que permite que as empresas vendam o que é desenvolvido e
b) reciclagem; trabalho; remanufatura.
desenvolvam o que podem vender.
c) reciclagem; economia; educação ambiental.
d) desenvolvimento sustentável; economia; remanufatura. Assim, nesta seção focaremos exatamente nos conceitos básicos do geren-
e) desenvolvimento sustentável; economia; educação ambiental. ciamento de novos produtos, de modo que estudaremos os projetos radicais
ou breakthroughs, projetos de plataforma ou próxima geração e projetos
incrementais ou derivados.
Logo, suponha que você tenha sido contratado recentemente como
gerente numa empresa que presta consultoria na área de desenvolvimento de
produtos. A consultoria tem auxiliado diversos clientes a otimizar o desen-
volvimento de produtos, contando com uma equipe altamente especializada
e focada na busca por melhores soluções. Um dos objetivos atuais da direção
da empresa é trazer novos conhecimentos para os consultores em algumas
áreas-chave do desenvolvimento de produtos, aprimorando as soluções
apresentadas para os clientes.
Um dos clientes da consultoria está desenvolvendo um novo produto
na área tecnológica que promete ser uma inovação radical, no entanto, está
tendo problemas com o gerenciamento do projeto, uma vez que se trata de
um projeto radical (breakthrough). Como você poderia ajudar os consultores
que estão atendendo esse cliente com a aplicação do conceito de projetos
radicais para facilitar o gerenciamento do desenvolvimento do produto? Faça
uma apresentação com as informações para os consultores.
Reflita sobre essa indagação para conseguir desenvolver o que foi solici-
tado pela empresa e se empenhe no estudo do material a fim de conseguir
aplicar esses conhecimentos com sabedoria e de forma efetiva no mercado
de trabalho!
Tenha um ótimo estudo!

Seção 4.2 / Aspectos ergonômicos e ambientais do desenvolvimento do produto - 147 148 - U4 / Outros aspectos do produto e a gestão do desenvolvimento de novos produtos
Não pode faltar Fica evidente pela Figura 4.9 que a inovação está associada tanto aos
aspectos econômicos quanto à gestão do negócio na avaliação das atividades
Prezado aluno, como você acha que ocorre a gestão do desenvolvimento internas, nos relacionamentos entre as empresas, na medida em que elas
de novos produtos? Em primeiro lugar temos que compreender alguns competem e cooperam entre si, e também nas atividades dos colaboradores
conceitos básicos que estão associados ao gerenciamento de novos produtos. dentro das empresas.
O primeiro conceito que devemos ter em mente é o conceito de Para compreendermos melhor sobre a gestão de desenvolvimento de
inovação, porque desenvolver produtos está, em alguma medida, associado novos produtos também precisamos entender o conceito de inovação radical
à inovação, conforme veremos mais adiante. Portanto, o desenvolvimento e de inovação incremental.
de novos produtos é uma das possíveis atividades que concretiza as estra-
De acordo com Trott (2012), a inovação incremental é aquela que está
tégias de inovação que a empresa possui, trazendo competitividade para as
associada aos clientes já existentes, uma vez que é responsável por melho-
organizações.
rias ou aperfeiçoamentos em produtos já instituídos, que usualmente trazem
Portanto, como a gestão do desenvolvimento de novos produtos está avanços tecnológicos menores. Já as inovações radicais, também chamadas
associada com as estratégias de inovação na empresa? de inovações de ruptura, são aquelas que resultam em mudanças organiza-
cionais mais amplas, podendo criar novos mercados e ir além das necessi-
O primeiro ponto que devemos levar em consideração é a definição de
dades atuais do mercado.
Amaral et al. (2006) que afirmam que o desenvolvimento de produtos é uma
composição de diversas atividades na busca pelas especificações de um novo Portanto, de acordo com Jugend e Silva (2013), quando a empresa identi-
produto ou na melhoria de produtos já existentes, levando-se em conside- fica ou antevê as necessidades do mercado, buscando entregar tecnologias,
ração tanto as necessidades dos usuários, as tecnologias disponíveis, as estra- serviços e produtos, ela está executando atividades de desenvolvimento. Os
tégias de mercado e a produção. autores também destacam a importância de levar em consideração aspectos
tecnológicos, jurídicos, sociais, ambientais e administrativos nesse processo
De acordo com Trott (2012), as empresas que desejam sobreviver devem
de desenvolvimento de inovações radicais e incrementais.
levar até o mercado produtos que modificam a concorrência, ou seja, estar
disposta a sempre modificar e adaptar-se. Desde os anos 1930, diversos Também podemos dizer que o processo de fabricação será influenciado
cientistas já apontam para a importância de desenvolver novos produtos e pelo desenvolvimento dos produtos, o que poderá trazer inovações nos
os seus impactos no crescimento econômico, como é o caso de Schumpeter. processos. Para que os tipos de inovações e desenvolvimento de produtos
Para que a inovação ocorra, é fundamental que uma série de fatores estejam fiquem mais claros, abordaremos com mais detalhes alguns tipos de projetos
interligados, como podemos observar na Figura 4.9. de desenvolvimento de produtos: os projetos radicais (também chamados de
breakthroughs), os projetos de plataformas e os incrementais ou derivados.
Figura 4.9 | Processo de inovação

Pesquise mais
Vamos conhecer melhor sobre as abordagens existentes para a gestão
do projeto de desenvolvimento do produto?
O capítulo 1.7 do livro Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma
referência para a melhoria do processo apresenta justamente essas
abordagens, começando pela abordagem tradicional, também chamada
de desenvolvimento de produtos sequencial, até a abordagem do desen-
volvimento integrado do produto.
Ficou curioso para compreender mais sobre essas abordagens? Então
leia o capítulo 1.7 (página 16 até 25) e bons estudos!
AMARAL, D. C. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma
referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
Fonte: Trott (2012, p. 9).

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De acordo com Amaral et al. (2006), os projetos de desenvolvimento de Portanto, existem diversas dimensões dos produtos para que possamos
produtos podem ser classificados de diversas formas, mas adotaremos aqui dizer se ele é novo, à medida que alteramos essas dimensões, como vimos
uma classificação que é baseada nas mudanças que esse projeto traz com no caso da embalagem. Para elucidar essa questão, vamos considerar, então,
relação aos projetos anteriores. que um produto novo é aquele que não existia até então, seja por novidades
tecnológicas seja pela sua configuração ou por ser resultado de uma patente.
Começaremos, então, pelos projetos radicais, também chamados de
A Figura 4.11 indica as principais dimensões que mencionamos e que podem
breakthroughs (ruptura, em tradução livre). Para compreender melhor os
dar origem ao conceito novo.
projetos radicais (breakthrough), vamos analisar a figura 4.10, que apresenta
a relação entre a inovação e os tipos de projetos de desenvolvimento de Figura 4.11 | Principais dimensões dos produtos
produtos.

Figura 4.10 | Tipos de projetos de desenvolvimento de novos produtos

Fonte: Trott (2012, p. 422).

No caso dos projetos radicais, consideraremos a integração de novas


tecnologias e materiais, o que também geralmente está associado a inovações
nos processos de fabricação. Temos, nesse tipo de projeto, um elevado grau
de novidade no produto, resultante do desenvolvimento e transferência dos
materiais e tecnologias.

Reflita
Agora que você já compreendeu o conceito de projeto radical, sabemos
que existe a integração de novos materiais e tecnologias.
Quando não introduzimos novos materiais ou tecnologias, mas fazemos
Fonte: Amaral et al. (2006, p. 8).
alterações significativas no projeto do produto ou no processo?
Será que essa condição se encaixaria nos projetos radicais ou seria um
De acordo com a Figura 4.10 compreendemos que os projetos radicais novo tipo de projeto?
são aqueles que apresentam significativa mudança no produto ou no processo Para ficar mais claro, pense em um exemplo de produto que você conheça
existente, uma vez que estão associados às inovações radicais. O que seria esse e que possa se enquadrar numa das situações anteriores e reflita sobre o
conceito novo? Poderíamos dizer que uma embalagem diferente é um produto questionamento anterior, apresentando os seus principais argumentos.
novo? Trott (2012) afirma que provavelmente não, mas se a embalagem nova
tivesse uma nova abordagem de marketing, já sabemos que isso poderia E os projetos de plataforma? O que são? Também chamados de projetos de
ajudar na continuidade ou reposicionamento do produto no mercado. próxima geração, como observamos na Figura 4.10, eles têm uma mudança
no processo menor do que os projetos radicais, ou seja, esse tipo de projeto

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apresenta alterações significativas no projeto do produto ou processo, mas Tudo começou com a ideia de diferenciar os itens que são visíveis
não temos a introdução de novos materiais ou tecnologias. O que nós temos para os clientes, dando a impressão de serem produtos distintos,
de novo nesse tipo de projeto é a solução que entregamos para os clientes, mas, por outro lado, compartilhar os componentes e processos de
por isso o termo próxima geração, o que indica uma próxima geração de fabricação nos modelos.
produtos que já existiam. No caso da VGA, o produto com maior preço é o Audi TT, pois
apresenta maior diferenciação. Contudo, desde o Skoda Oktavia,
Nós também adotamos o termo projeto plataforma porque ele pode
que apresenta o menor preço e a menor diferenciação, eles seguem
conter uma estrutura básica que é comum numa família de produtos. Existem
o mesmo projeto plataforma, passando pelo Seat Leon, pelo VW
diversas aplicações desse tipo de projeto nas indústrias, como na eletrônica,
Golf e pelo Audi A3.
na automobilística, entre outros. Nesse tipo de projeto, de acordo com Trott
(2012), a evolução da plataforma ocorre junto com a evolução do produto,
sendo essa a estratégia central dos projetos de plataforma. Seguindo a Figura 4.10, os projetos incrementais ou derivados apresentam
a menor mudança no processo e no projeto, comparado aos projetos radicais
Jugend e Silva (2013) apontam que esse tipo de projeto traz o retorno
e de plataforma. Isso ocorre porque geralmente esses projetos são desen-
do investimento mais rápido e com menos custo, comparado aos projetos
volvidos numa linha de produtos que já existe e que já são conhecidos pela
radicais, uma vez que serão desenvolvidos outros produtos a partir do
empresa.
produto plataforma. Entre outras vantagens, temos também:
Esse tipo de projeto busca agregar melhorias, redução de custos ou
• Compartilhamento de componentes entre diferentes modelos.
adaptações aos produtos que já estão no mercado, utilizando tecnologias que
• Diminuição da complexidade do sistema. também já são conhecidas e que requerem menor tempo de desenvolvimento
e menos recursos da empresa.
• Diminuição do tempo empregado com pesquisa e desenvolvimento (P&D).
De acordo com Amaral et al. (2006), esses projetos envolvem inovações
• Diminuição dos custos de produção.
incrementais, tanto nos produtos quanto nos processos, aumentando o seu
ciclo de vida e também buscando novas aplicações. Pensando no curto prazo,
Exemplificando Jugend e Silva (2013) apontam que esses produtos derivados são mais rentá-
A Volkswagen Audi Group (VAG) desenvolveu um projeto plata- veis do que os lançamentos de produtos com inovações radicais, portanto,
forma que é composto por marcas e estratégias diferentes, como as empresas que estão desbalanceadas em termos de combinação de tipos de
podemos observar na Figura 4.12. projetos de produtos usualmente desenvolvem projetos incrementais, mas
Figura 4.12 | Desenvolvimento de projeto plataforma na VAG podem perder a sua competitividade no longo prazo, o que traz diversas
dificuldades para gerar inovações radicais, que geralmente demandam maior
tempo de desenvolvimento e de recursos.
Portanto, a recomendação que podemos seguir é diversificar entre os
diferentes tipos de projetos de desenvolvimento de produtos na empresa para
que possamos otimizar a gestão de desenvolvimento de novos produtos, uma
vez que cada tipo de projeto apresenta suas vantagens e suas especificidades
com relação ao investimento e ao tempo de execução.

Assimile
Prezado aluno, compreenda que a gestão do desenvolvimento de novos
produtos está diretamente associada ao conceito de inovação, bem
como o desdobramento entre inovações radicais e incrementais. Seguin-
do-se essa linha de raciocínio, temos o desenvolvimento de projetos
Fonte: Trott (2012, p. 376).

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radicais, de plataforma e incrementais. Em seguida, você deve explicar para a sua equipe que os projetos radicais
Os projetos radicais demandam mais tempo de desenvolvimento e são então aqueles que apresentam significativa mudança no produto ou no
mais recursos, uma vez que agregam novas tecnologias e materiais ao processo existente, como ocorreu com a câmera fotográfica digital e com o
produto e ao processo, sendo o tipo de projeto com mais mudanças no iPhone. Nesses casos, novas tecnologias e materiais foram agregados e prova-
processo e no projeto. Já os projetos de plataforma são aqueles que velmente também temos inovações nos processos de fabricação.
apresentam uma mudança menor do que os projetos radicais, uma vez
Mas você precisa deixar claro para a equipe que o trabalho em projetos
que não temos a introdução de novos materiais ou tecnologias, mas
radicais costuma levar mais tempo que os demais projetos, assim como exige
temos novas soluções sendo entregues aos clientes. Os projetos incre-
mais recursos e costuma levar mais tempo para ter o retorno do investimento.
mentais, por sua vez, são aqueles que agregam melhorias a produtos já
existentes numa linha de produtos da empresa, sendo o foco a redução É comum ocorrerem algumas falhas na estimativa de tempo para o
de custos, o aumento no ciclo de vida do produto e o reposicionamento desenvolvimento dos projetos de novos produtos, o que acarreta em atrasos,
do produto no mercado. assim como também podem ocorrer problemas operacionais na execução
dos projetos, portanto, é fundamental que a equipe que está conduzindo o
projeto diagnostique as causas para as possíveis falhas, acelerando o trabalho
Agora, após as exposições sobre como ocorre a gestão de desenvolvi-
de desenvolvimento.
mento de novos produtos utilizando os diferentes tipos de projetos, reflita
sobre quais as possíveis aplicações para serem utilizadas por você, bem como Como se trata de um produto novo, você também precisa deixar claro
as suas vantagens e desvantagens e dê continuidade aos seus estudos. para a sua equipe que também temos as questões de como será a interação
entre o usuário-produto, as incertezas e riscos quando às vendas futuras e
o retorno do investimento. Uma das formas de se antever essas situações é
Sem medo de errar buscar a avaliação dos produtos nas fases de teste durante o desenvolvimento
do produto ou logo que o produto é lançado no mercado.
Vamos relembrar a situação na qual supomos que você tenha sido
contratado como gerente numa empresa que presta consultoria na área de Esses testes podem identificar o comportamento do cliente frente ao
desenvolvimento de produtos. A consultoria tem auxiliado diversos clientes produto, em situações que não foram previstas pela equipe de desenvolvi-
a otimizar o desenvolvimento de produtos, contando com uma equipe mento, por não acharem importantes ou por não identificarem. Embora isso
altamente especializada e focada na busca por melhores soluções. Um dos possa frustrar a equipe de desenvolvimento, é um item crucial que os seus
objetivos atuais da direção da empresa é trazer novos conhecimentos para consultores devem orientar os clientes para que eles executem, principal-
os consultores em algumas áreas-chave do desenvolvimento de produtos, mente em projetos radicais nos quais os produtos são altamente inovadores e
aprimorando as soluções apresentadas para os clientes. todas as hipóteses precisam ser testadas para que o produto alcance o sucesso
desejado.
Um dos clientes da consultoria está desenvolvendo um novo produto
na área tecnológica que promete ser uma inovação radical, no entanto, está Agora será possível que os consultores apliquem os conhecimentos sobre
tendo problemas com o gerenciamento do projeto, uma vez que se trata de a gestão do desenvolvimento de novos produtos, especificamente sobre os
um projeto radical (breakthrough). Como você poderia ajudar os consultores projetos radicais, junto aos clientes na busca pelo sucesso dos projetos.
que estão atendendo esse cliente com a aplicação do conceito de projetos
Parabéns por mais um desafio vencido!
radicais para facilitar o gerenciamento do desenvolvimento do produto? Faça
uma apresentação com as informações para os consultores.
A primeira coisa que você deve expor para a sua equipe é o conceito de
inovação radical, que está ligada aos projetos radicais (breakthrough), e é
aquela responsável por melhorias significativas nos produtos, tanto alterando
o mercado já existente como expandindo as opções de mercados. Você pode
citar diversos produtos que geraram inovações radicais, como as câmeras
fotográficas digitais, o próprio iPhone da Apple, entre outros.

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Avançando na prática utilizando tecnologias que já são conhecidas e que requerem menor tempo
de desenvolvimento e menos recursos da empresa do que os projetos de
Projetos incrementais e de plataforma numa plataforma e radicais.
empresa de eletrônicos
Faça valer a pena
Descrição da situação-problema
1 . Para se entender sobre desenvolvimento de produto, é necessário pensar a respeito
Suponha que você trabalhe numa indústria de eletrônicos como da natureza da inovação. Considere o texto abaixo.
gerente da equipe de desenvolvimento de produtos e que sua função agora Um dos tipos de inovação é aquela que está associada aos clientes já existentes, uma
é apresentar novos projetos para que a direção da empresa possa decidir vez que é responsável por melhorias ou aperfeiçoamentos em produtos já instituídos,
entre os novos produtos a serem lançados nos próximos dois anos. Por uma que usualmente trazem avanços tecnológicos menores.
questão de recursos e de tempo, você já havia informado aos seus superiores
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a natureza da inovação apresentada
que não seria viável investir em um projeto radical, mas os diretores ficaram
no texto acima:
em dúvida sobre o tipo de projeto que eles devem investir. Eles solicitaram
a) Inovação disruptiva.
que você apresentasse outros tipos de projetos que estejam dentro do escopo
b) Inovação radical.
da organização, informando as vantagens de cada um deles para que eles
c) Inovação incremental.
possam tomar uma decisão. Como você ajudaria os diretores nessa demanda?
d) Inovação de ruptura.
e) Inovação de plataforma.

Resolução da situação-problema
2 . O conceito de inovação está diretamente ligado ao desenvolvimento de um
Como não existe a possibilidade de investir em projetos radicais no produto, de modo que o desenvolvimento de novos produtos é uma das possíveis
momento, a primeira coisa que você deve fazer é verificar os produtos da atividades que concretiza as estratégias de inovação que a empresa possui, trazendo
empresa que estão no mercado atualmente, tanto os recém-lançados quanto competitividade para as organizações.
os mais antigos, e os produtos que já estejam em desenvolvimento. Em posse
Avalie as afirmações I, II e III.
dessa informação, você consegue verificar se é possível desenvolver projetos
I. O desenvolvimento de produtos é uma composição de diversas atividades na
incrementais nos produtos que já estão no mercado ou projetos plataforma.
busca pelas especificações de, exclusivamente, um novo produto, levando-se em
Vale observar também o tempo de desenvolvimento, que será de dois consideração tanto as necessidades dos usuários, as tecnologias disponíveis, as
anos. Caso tenhamos produtos em fase de desenvolvimento, é possível que estratégias de mercado e a produção.
o projeto plataforma seja empregado com as vantagens de trazer o retorno II. Desde os anos 1930, diversos cientistas já apontam para a importância de desen-
do investimento mais rápido e com menor custo do que os projetos radicais volver novos produtos e os seus impactos no crescimento econômico, como é o
e também o compartilhamento de componentes entre diferentes modelos, caso de Schumpeter.
diminuição da complexidade, do tempo empregado em P&D e dos custos III. A inovação está associada tanto aos aspectos econômicos quanto à gestão do
de produção. Por exemplo, isso poderia ser empregado na linha de celulares negócio, na avaliação das atividades internas, nos relacionamentos entre as
com diferentes modelos que compartilham os mesmos componentes ou empresas, na medida em que elas competem e cooperam entre si, e também nas
processos de produção similares. atividades dos colaboradores dentro das empresas.

Nesse período de tempo de dois anos também é possível desenvolver Assinale a alternativa correta.
melhorias, ou seja, projetos incrementais nos produtos que já existem no a) I, II e III estão corretas.
mercado, por exemplo, aprimorar a posição da câmera fotográfica num b) I e II estão corretas.
aparelho celular ou alterar a localização dos botões em determinados c) Somente I está correta.
eletrônicos. Portanto, tratam-se de projetos que buscam agregar melhorias, d) Somente II está correta.
reduzir os custos ou adaptar os produtos às necessidades ou usos dos clientes, e) Somente II e III estão corretas.

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