O Estudo Do Pecado

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ESTUDO
DO PECADO

Responsável: Pedro André


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1 - Introdução

A palavra Hamartiologia se deriva da palavra grega hamartia (pecado).


Originalmente hamartia significava “errar o alvo”, “perder”, “não participar de
alguma coisa”, “fracassar”, “enganar-se”.

O estudo do pecado é algo que não é naturalmente agradável ao ser humano e nem
mesmo os crentes gostam de falar sobre o pecado, porque assim como falar sobre
a morte, falar sobre o pecado nos deprime. Não gostamos de pensar em nós
mesmos como pessoas ruins, más, pecadoras. Hoje, temos na sociedade vários
ensinamentos que tiram do homem a responsabilidade sobre o pecado e colocam
essa responsabilidade sobre fatores externos (sociedade, família, diabo, etc...).

2 - A natureza do Pecado.

2.1 – Pecado é transgressão – Pecado é um ultrapassar da lei, o limite divino


entre o bem e o mal; é iniqüidade, um ato inerentemente errado, quer
expressamente proibido quer não. Deus colocou uma fronteira entre o certo e o
errado, entre o bem e o mal. Atravessar essa linha do lado certo para o lado
errado, é pecado. A bíblia ensina que todas as pessoas estão em contato com a
verdade de Deus, quer elas possuem a sua revelação especial, quer não possuem.
(Rm 2:14-15). Essa revelação da verdade de Deus aconteceu através da lei para os
judeus e para os gentios através da sua consciência e sempre que o homem
transgride essa lei ele peca. Deus através da sua história de relacionamento com o
homem, reservou um período especial para demonstrar ao homem o que é o pecado.
Esse período foi o período da lei. A lei teve como objetivo mostrar que o homem é
pecador e insuficiente por si mesmo para se salvar. (Rm 7:5-25, Gl 3:21-25).

2.2 – Pecado é uma inclinação interior - Quando Jesus pronunciou o sermão do


monte, ele colocou a linha divisória do pecado no coração. (Mt 5:21,22,27,28).
Deixando bem claro que o pecado é uma disposição interior que nos inclina para
atos errados. Os motivos nestas passagens são praticamente tão importante
quanto as ações. Jesus usou para condenar a ira e a cobiça o mesmo rigor que usou
contra o adultério e o homicídio. Em outras palavras podemos dizer que não é
simplesmente que somos pecadores porque pecamos, mas, pecamos porque somos
pecadores. (Mt 15:18-19. Jr.17:9).
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2.3 – Pecado implica incapacidade espiritual – O pecado altera nossa condição
interior, nosso caráter. Ao pecar, tornamo-nos como que deformados ou
distorcidos. A imagem de Deus segundo a qual fomos criados fica prejudicada. Em
Romanos 1 Paulo descreve este processo. Tendo-se recusado a reconhecer a Deus,
os pecadores tornam-se fúteis em seus pensamentos e a mente insensata ficou
obscurecida (Rm 1:21). Deus os entregou a uma mente reprovável (v.28), na
realidade a uma mente não qualificada. Deixada a seu critério a mente humana não
é adequada para informar corretamente e orientar a nossa conduta. As
conseqüências dessa incapacidade espiritual são os pecados alistados nos versículos
29-31. Somente por meio de uma renovação da mente, promovida por Deus, os
indivíduos podem ser restaurados a uma condição espiritual não distorcida,
saudável. (Rm 12:2).

2.4 – Pecado é o cumprimento incompleto dos padrões de Deus : Há várias


maneiras pelas quais deixamos de atingir os padrões de justiça de Deus. Podemos
simplesmente ficar aquém da norma estabelecida ou não fazer, de modo nenhum, o
que Deus ordena e espera. Saul deixou de cumprir a ordem de Deus de destruir os
amalequitas e todas as suas posses. Porque Saul poupou o rei Agague e o melhor
gado, Deus o rejeitou como rei de Israel. (I Sm 15:22-28). Tiago coloca que sempre
que deixamos de fazer algo que sabemos que deveríamos fazer, cometemos
pecados. (Tg 4:17). As vezes podemos fazer o que é certo mas pelo motivo errado,
de modo a cumprir a letra da lei, mas não seu espírito. Em Mt 6, Jesus condena os
bons atos praticados com o desejo de receber a aprovação dos outros e não de
agradar a Deus. (v.2,5,16).

2.5 – Pecado é desalojar Deus : Quando colocamos alguma coisa, qualquer coisa
no lugar supremo que pertence a Deus é pecado. Preferir qualquer objeto finito
acima de Deus é errado. O capitulo 1 de Romanos destacada que a origem de todos
os pecados decorre de que o homem conhecendo a Deus não o reconheceu como
Deus e preferiu mais a criatura do que o criador e por causa desta troca do
homem, que se chama impiedade, Deus entregou o homem a sentimentos perversos
que produzem os mais diversos tipos de males.

2.5 – Todo pecado é iniqüidade : Iniqüidade é um ato que por si só é errado, que o
seu fim trás conseqüências amargas, algo que vem naturalmente. Assim o homem
comete pecado ao adulterar, e mesmo sem ser religioso esse pecado trará
conseqüências ruins para aquela família, independente de uma ação sobrenatural de
Deus. E isso acontece para todos os pecados.
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3 - A origem do pecado.

3.1 – Deus não é o autor do pecado – Deus é repetidamente chamado nas


escrituras de “o Santo”. A santidade absoluta caracteriza a própria natureza e o
caráter de Deus. (Ex 15:11, I Sm 2:2, Is 6:3). Tiago escreve que Deus não tenta a
ninguém e por ninguém é tentado. (Tg 1:13).

3.2 – A origem do pecado não está no homem - O homem foi criado em seu
estado original santo, sem pecado algum. (Rm 5:12).

3.3 – Lúcifer foi o originador do pecado. – Mediante o processo de eliminação,


freqüentemente se pode encontrar o culpado. Deus não originou o pecado. O
homem não originou o pecado. Quem o originou ? Deve ter sido uma criatura do
mundo invisível, um habitante de dimensão espiritual. A bíblia fornece declarações
positivas de que esse foi o caso. (Ez. 28:11-19). Lúcifer era um querubim criado por
Deus. Originalmente perfeito em todos os seus caminhos. Era um querubim ungido
até que o orgulho tomou conta de seu coração. (Is 14:13-14). O egoísmo, a
voluntariedade e o desregramento tomaram conta dele. A tentativa de Lúcifer se
exaltar acima do lugar que lhe fora apontado por Deus, foi o pecado original.

4 - A fonte do pecado

A bíblia coloca a fonte do pecado como sendo a natureza pecaminosa do homem


através de sua concupiscência. (Tg 1:13-15). A palavra concupiscência significa
desejo descontrolado da natureza pecaminosa. Todos temos certos desejos. Esses
desejos a princípio são legítimos. Em muitos casos a satisfação deles é
indispensável para a sobrevivência do indivíduo ou da raça humana. Por exemplo, a
fome é o desejo de comer. Sem a satisfação desse desejo ou impulso morreríamos
de fome. No entanto quando a comida e a bebida são procuradas apenas pelo
prazer do consumo e em excesso com relação ao necessário comete-se o pecado da
glutonaria. De modo semelhante o impulso sexual busca satisfação. Caso ele
permaneça insatisfeito, não haveria reprodução humana e portanto não haveria
preservação da raça humana, sendo portanto em algumas situações não apenas
permitido, mas também obrigatório. Quando porém o impulso sexual é satisfeito de
maneira que transgride a lei de Deus, isto é, fora do casamento, passa a ser
pecado.

Além desses desejos, os homens são capazes de escolher entre alternativas, essas
alternativas podem incluir opções que não estejam imediatamente presentes. Só os
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homens entre todas as criaturas, são capazes de transcender o lugar em que ocupa
no tempo e no espaço. Por meio da memória são capazes de reviver o passado,
aceitando-o ou repudiando-o. Por meio da imaginação são capazes de construir
cenários futuros e escolher um deles. Podem se ver ocupando uma posição
diferente na sociedade, ou casados com outro parceiro. Assim podem desejar não
apenas o que está ao seu dispor, mas também o que não é próprio ou legítimo para
eles. Essa capacidade expande em muito as possibilidades de ações ou pensamentos
pecaminosos.

Todo homem tem uma série de desejos naturais que embora bons em si, são áreas
potencias para o pecado

A concupiscência da carne. (I Jo 2:16). (O desejo de desfrutar coisas). O desejo


de satisfazer certas necessidades legítimas, mas de uma maneira indevida, como é
o caso do sexo fora do casamento.

A concupiscência dos olhos (I Jo 2:16). (Desejo de obter coisas). Há lugar para


obtenção de posses na organização de Deus. Isso está implícito no mandamento de
dominar o mundo. (Gn.1:28) e nas parábolas sobre mordomia (Mt 25:14-30). Quando
no entanto o desejo de adquirir bens mundanos torna-se tão intenso que é
satisfeito a qualquer custo, mesmo que seja explorando ou roubando os outros esse
desejo se torna concupiscência dos olhos.

A soberba da vida (I Jo 2:16). (O desejo de fazer coisas). A parábola sobre a


mordomia também retrata o desejo de realização como algo bom e próprio. Isso
faz parte daquilo que Deus espera da humanidade. Quando, porém, essa ânsia
transpõe as devidas limitações, sendo perseguida à custa dos outros, degenera-se
na soberba da vida.

Quando pela primeira vez Satanás tentou a humanidade (Gn 3:1-6) ele usou os três
meios de atração do mundo (I Jo 3:16). Vendo a árvore proibida, Eva percebeu que
era “boa para comer” (concupiscência da carne), “agradável aos olhos”
(concupiscência dos olhos), e “desejável para dar entendimento” (soberba da vida).
Eva foi enganada, cedeu a tentação e escolheu de vontade própria desobedecer a
Deus. (Gn 3:6).

Na tentação de Jesus, Satanás apelou para desejos legítimos. Os desejos que


Satanás desafiou Jesus a cumprir não errados em si mesmos. Antes, o tempo e a
forma de cumprimento propostos constituíam o mal. Jesus havia jejuado por
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quarenta dias e noites, e por conseguinte estava com fome. Era uma necessidade
natural que teria que ser satisfeita para preservar a vida. Era correto Jesus
alimentar-se, mas não por meio de uma provisão miraculosa imposta por Satanás e
não antes de terminar o período de tentação. Satanás quando sugeriu que Jesus
transformasse as pedras em pães tentou Jesus pela concupiscência da carne. Era
correto que Jesus desejasse descer em segurança do pináculo do templo, mas não
exigindo uma manifestação miraculosa, tentando ao seu Pai. Era correto que Jesus
desejasse possuir a posse de todos os reinos do mundo, pois são seus, e ele os
dominará durante o milênio, mas não era correto tê-los adorando ao chefe das
forças do mal. Satanás então tentou Jesus pela soberba da vida e pela
concupciência dos olhos.

Quando Satanáz tentou Jó (Jó 1:8-2:7), ele se dirigiu aos sentimentos


egocêntricos de Jó e ao desejo de gratificação do EU, tomando os bens de Jó,
seus filhos e servos, sua saúde e a sua notável posição social de prestígio entre os
seus contemporâneos. Todas essas provações eram dirigidas à concupiscência da
carne, à concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Mas Jó não foi derrotado
nestas provas específicas porque ele confiou em Deus e não cedeu aos próprios
sentimentos e desejos. (Jó 23:10-12, 42:1-6).

5 – O Mundo e Satanás

A bíblia nos revela que há três inimigos ferozes ao homem : a carne (o seu próprio
EU, a sua concupciência conforme estudados no item 4) , o mundo (sistema como a
nossa sociedade atual é organizada sob o controle de Satanás) e Satanás.
Quando a bíblia fala do mundo, como nosso inimigo, ela se refere ao sistema em que
vivemos : organizações políticas, a mídia, as empresas, aos intelectuais que
escrevem livros e também todos aqueles que formam opinião do povo. Tudo o que
está no mundo, seja em qualquer área se encontra nas mãos de Satanás (Lc 4:6, I
Jo 5:19) e ele usa o mundo para tentar os cristãos. (I Jo 2:16).
Satanás é o maestro do mundo para seduzir e tentar a nossa carne. Ele conhece
muito bem a nossa estrutura e as nossas fraquezas e utiliza-se do mundo e
pessoalmente também ele tenta aos cristão. (I Pe 5:8, Ef 6:12).
Embora possuímos além da nossa carne, o mundo ao nosso redor e o diabo para nos
tentar, quando pecamos, o responsável e autor do pecado é o próprio indivíduo. (Tg
1:14). A bíblia garante que não seremos tentados acima da nossa capacidade de
resistir ao pecado (I Co 10:13). Por mais grave e estúpido que seja um pecado
praticado por uma pessoa (homossexualismo, assassinato, etc), este tem a plena
participação e responsabilidade da pessoa que praticou, o diabo usa os seus meios
para incutir nas pessoas esses comportamentos através de filmes, novelas, porém
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em tempos bíblicos, chegando ao extremo de Caim e Abel que só existiam os dois e
não havia exemplos e fatores externos que induzisse a pratica daquele crime, Caim
o fez de maneira bárbara e nas listas que a bíblia coloca sobre pecados praticados
pelo homem, sempre a responsabilidade cai sobre o homem : (Rm 1:24-32, Gl 5:19-
21).
Quando vemos evangélicos tentando colocar a explicação de algum pecado sobre
Satanás, isto mostra como o ser humano mesmo sendo cristão, tem a tendência de
afastar de si a culpa pelo pecado colocando sempre em fatores externos. (Gn 3:12-
13).

6 – A diferença entre provação e tentação.

A provação é uma oportunidade para que você se torne mais semelhante a Cristo,
obedecendo à palavra de Deus e honrando a Jesus Cristo. (Rm 5:3-5, Tg 1:2-4).
A tentação é uma solicitação para fazê-lo desobedecer à palavra de Deus e
satisfazer os desejos da carne. Ela nunca tem origem em Deus. Quando você cede a
tentação você experimenta conseqüências inevitáveis. (I Ts 3:5, I Tm 6:9, Tg 1:13-
15)
Em qualquer circunstâncias, as solicitações dos seus sentimentos egocêntricos e
dos desejos da carne são usados por Satanás como tentação para incitá-lo a pecar.
Em contraste total a mesma circunstância é usada por Deus como um teste para
fortalecê-lo à medida que você obedece à palavra de Deus. Diante de cada
circunstância você é responsável em permanecer firme na fé e agradar a Deus e
não ceder a tentação e agradar a si mesmo. (Hb 4:15, Tg 4:7-10, I Co 10:13).

7 – As conseqüências do pecado.

O pecado trás consigo várias conseqüências para o pecador que afeta tanto o
relacionamento do homem para com Deus, como também do homem com os outros
homens. Algumas das conseqüências do pecado podem ser chamadas
“conseqüências naturais”, ou seja, sucedem-se ao pecador numa seqüência
praticamente automática de causa e efeito (Ex.: AIDS como efeito do pecado da
prostituição, filhos abandonados como efeito das separações e etc.). Outras
conseqüências são especificamente ordenadas ou dirigidas por Deus, como
penalidade pelo pecado. (II Sm 12:5-15).

Conseqüências que afetam o relacionamento com Deus


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7.1 – Desfavor Divino : É muito claro na Bíblia o modo como Deus se relaciona com
o pecador e o pecado. O velho testamento coloca que Deus odiava Israel por causa
de seu pecado (Os 9:15, Jr 12:7-10, Is 59:2 ). Além do pecador a ira de Deus
também é contra o pecado (Pv 6:16-19, Zc 8:17). A escritura não apenas se refere
às ações presentes de Deus diante do pecado (Rm 1:18, Jo 3:36) mas também
afirma que virão ações futuras de Deus contra o pecador (Rm 2:5, Is 61:1-2, Ap
6:16, Ap 14:8, Ap 15:7).
Há pessoas e certas religiões que questionam o fato de Deus castigar eternamente
o homem no inferno por ele ter vivido uma vida finita aqui nesta terra de maneira
pecaminosa. A primeira e definitiva razão porque devemos crer na eternidade do
inferno se encontra nas escrituras que é nossa regra de fé (Mc 9:43), mas muitas
coisas podemos conhecer os motivos pelos quais elas acontecem (Jo 15:15). Deus é
um ser totalmente Santo e ele não pode presenciar o pecado. A maior prova de que
Deus odeia ao pecado foi a morte de Cristo na cruz, quando Deus desamparou a
Jesus por ele estar levando nossos pecados ( Mt 27:46 ). Quando pecamos contra
um Deus infinito em santidade trazemos sobre nós uma ira que é infinita da mesma
maneira, portanto esta ira só será “completa” na eternidade quando no inferno os
homens estiverem pagando eternamente por pecarem e serem inimigos de um Deus
infinito. Já aos salvos, Deus simplesmente não retirou a sua ira sem mais nem
menos, ela foi paga por Cristo na Cruz. E porque Jesus sofreu apenas por um
período de tempo (se considerarmos que sua vida inteira foi um sofrimento 33
anos) e os pecadores perecerão eternamente ? Porque Jesus, como sendo o próprio
Deus ele era um Deus infinitamente Santo e portanto pode em um período pequeno
de tempo apagar a ira de Deus. Essa doutrina da ira de Deus revela que é um
pecado enorme não considerarmos Jesus como Deus, pois se ele não fosse Deus,
seu pagamento não seria de uma maneira infinita e isto indicaria que Deus aceitou
apagar sua infinita ira pelo pecador através de um pagamento finito, implicado que
ele não seria infinito em sua Santidade.

7.2 – Culpa : A culpa decorre de um delito, uma inobservância de uma regra de


conduta. A bíblia coloca que aquele que tropeçar em um só ponto torna-se culpado
de todos (Tg 2:10, Mt 19:16-22). O homem violou a lei, e por conseguinte merece
punição.
Neste ponto devemos examinar a natureza exata da ruptura que o pecado e a culpa
produzem no relacionamento entre Deus e o homem. Deus é todo poderoso, o
Eterno, a única realidade independente, ele existe por si só. Tudo o que existe
ganhou existência dele. E os homens, os mais elevados de todas as criaturas, têm
os dons da vida e da personalidade apenas em razão da bondade e do amor de Deus.
Sendo o Senhor Deus nos fez responsáveis pela criação e ordenou que tivéssemos
domínio sobre ela. Sendo todo poderoso e absolutamente santo, Deus pediu nossa
adoração e obediência como resposta a essas dádivas. Mas falhamos no
cumprimento da ordem de Deus. Encarregados das riquezas da criação, os homens
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as tem usado para os seus próprios propósitos, como um empregado que desvia
fundos de um empregador. Além disso, como um cidadão que trata com desprezo
um monarca, uma autoridade eleita, um herói ou uma pessoa que tenha realizado
grandes coisas, deixamos de demonstrar respeito para com o mais elevado de
todos os seres. E mais, somos ingratos por tudo o que Deus nos tem feito e dado
(Rm 1:21). E por fim, a humanidade tem rejeitado a oferta divina de amizade e
amor, e, em casos mais extremos, a salvação por meio da morte de seu filho.
Sempre que a criatura destitui o Criador daquilo que é dele por direito, quebra-se
o equilíbrio, pois Deus não está sendo honrado, nem obedecido. Se tal erro ficasse
sem correção, Deus deixaria de ser Deus. Portanto o pecado e o pecador merecem
e até devem ser punidos.

7.3 – Morte : Uma das conseqüências mais óbvias do pecado é a morte. Essa
verdade é destacada na declaração em que Deus proíbe Adão e Eva de comer o
fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 1:27). É também encontrada
em forma didática em Rm 6:23 “O salário do pecado é a morte”. O argumento de
Paulo é que, como os salários, a morte é um pagamento adequado, uma justa
recompensa por aquilo que fizemos. A morte que merecemos possui vários aspectos
: (1) morte física, (2) morte espiritual e (3) morte eterna.

7.3.1 – Morte Física : A mortalidade de todos os homens é tanto um fato óbvio


como uma fato ensinado nas escrituras (Hb 9:27). A morte física entrou no mundo
por meio do pecado de Adão. (Rm 5:12).

7.3.2 – Morte Espiritual : A morte espiritual é a separação da pessoa, em toda a


sua natureza, de Deus. Deus, sendo um ser perfeitamente Santo não pode tolerar a
presença do pecado. Assim o pecado é uma barreira entre Deus e os seres
humanos. Essa separação faz com que o homem sem Cristo esteja insensível aos
assuntos espirituais, incapaz de agir e reagir espiritualmente, de fazer boas obras.
( Is 59:2, Ef 2:1-6, I Co 2:14).

7.3.3 – Morte eterna : A morte eterna é num sentido muito real a continuação da
morte espiritual. Se alguém chega à morte física estando espiritualmente morto,
separado de Deus, esta condição torna-se permanente. (II Ts 1:9).

Conseqüências que afetam o pecador

7.4 – Escravização : Embora os primeiros efeitos do pecado estejam em nosso


relacionamento com Deus, há também conseqüências para a pessoa que comete o
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pecado. Um dos efeitos do pecado é o seu poder escravizador. (Rm 6:16-18, Jo
8:31-36). Um pecado leva a outro pecado. Por exemplo : Depois de matar Abel,
Caim sentiu-se constrangido a mentir quando Deus lhe perguntou onde estava seu
irmão. (Gn 4:9). Davi após adulterar com Bate-Seba foi hipócrita, irresponsável e
homicida (II Sm 11:1-17).

7.5 – Fuga da realidade : O pecado faz com que o pecador não encare as
realidades da vida. Uma dessas realidades que ele procura fugir é a morte física
(Hb 9:27). As pessoas evitam falar sobre ela e tentam ao máximo aliviar seus
efeitos através de tranqüilizantes, calmantes e flores. Nós cristãos também
sentimos o efeito da morte, pois fomos criados para não morrer, e por mais que
participemos de velórios nunca nos acostumaremos com ela. No entanto, a bíblia
nos orienta que é mais sábio encarar a realidade da morte e pensar sobre ela do
que esquecê-la através de artifícios. (Ec 7:2). A mesma fuga acontece com relação
à morte espiritual e eterna. Isso pode ser visto da seguinte maneira : a fuga da
morte espiritual pode ser vista quando perguntamos para uma pessoa quem são os
filhos de Deus, a resposta mais comum, ou quase que unânime é que todos são filhos
de Deus, uma demonstração clara de que as pessoas não querem aceitar o fato de
que o pecado separa o homem de Deus. Já a fuga da morte eterna é vista quando
olhamos para a doutrina do destino do homem que é ensinada por todas as seitas :
para os católicos existe o purgatório, para as testemunhas de Jeová e os
adventistas a aniquilação da alma, para os espíritas a evolução a cada reencarnação,
enfim, nenhuma reconhece o fato de que aqueles que rejeitaram a Cristo estarão
separados eternamente de Deus.

7.6 – Negação do pecado : Acompanhando nossa negação da morte, vem a


negação do pecado. Há varias maneiras de negar o pecado. Ele pode receber outro
nome, de modo a não ser reconhecido como tal. Pode ser considerada uma questão
de doença, privação, ignorância ou, talvez, no máximo, um desajustamento social.
Todas as desculpas e explicações que oferecemos para nossas ações são sinais da
profundidade do nosso pecado. (Gn 3:11).
7.7 – Auto-engano : O auto-engano é o problema que está por trás quando
negamos nossos pecados. (Jr 17:9. Os hipócritas de quem Jesus falava com
freqüência provavelmente se enganavam antes de enganar aos outros. Ele destacou
as dimensões absurdas que o auto-engano pode atingir : “Por que vê tu o argueiro
que está no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio
?” (Mt 7:3).

7.8 – Insensibilidade : Quando continuamos a pecar e rejeitamos os conselhos e as


condenações de Deus, tornamo-nos cada vez menos sensíveis aos chamados da
consciência. Embora de início possa parecer grave cometer um determinado
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pecado, a conseqüência do pecado é que deixamos de ser movidos pela Palavra e
pelo Espírito. Com o tempo até pecados grosseiros podem ser cometidos sem
presunção. (I.Tm 4:2, Ef 4:18-19).

7.9 – Egocentrismo : Um crescente egocentrismo também resulta do pecado. Em


muitos aspectos pecar é entregar-se a si mesmo, fato confirmado pela pratica.
Chamamos a atenção para nós mesmos e para nossas boas qualidades e realizações,
e minimizamos nossas falhas. Procuramos favores especiais e oportunidades na vida
querendo uma pequena margem a mais que nenhum outro tem. Demonstramos uma
certa prontidão especial para com nossas próprias vontades e necessidades,
enquanto desconsideramos as dos outros.

7.10 – Inquietação : Por fim , o pecado muitas vezes produz inquietação. A


satisfação completa nunca ocorre. Embora alguns pecadores possam ter relativa
estabilidade por um tempo, o pecado acaba perdendo sua capacidade de satisfazer.
Conta-se que em resposta a pergunta : “Quanto dinheiro é preciso para satisfazer
uma pessoa ? Só mais um pouquinho”.

Conseqüências sobre o relacionamento com outras pessoas

7.11 – Competição : O pecado também tem efeitos poderosos sobre os


relacionamentos entre os homens. Um dos mais significativos é a proliferação da
competição. Uma vez que o pecado torna a pessoa cada vez mais egocêntrica e
egoísta, é inevitável que haja conflito com os outros. Desejamos a mesma posição, a
mesma pessoa como cônjuge, o mesmo pedaço de terra que o outro. Sempre que
alguém ganha, outro perde. A versão mais extrema e amplificada da competição
humana é a guerra, com sua destruição indiscriminada de propriedades e de vidas
humanas. Tiago é bem claro sobre os principais fatores que levam à guerra: “De
onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos
prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e
nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras”. (Tg 4:1,2).

7.12 – Incapacidade de ser empático : A incapacidade de ser empático com


outros é uma grande conseqüência do pecado. Estando preocupados com nossos
desejos, reputação e opinião pessoais, vemos apenas pelo nosso ângulo. Isso é o
oposto do que Paulo recomendou a seus leitores: “Nada façais por partidarismo ou
vanglória, mas por humildade, considerando cada um dos outros superiores a si
mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada
qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus”. (Fp 2:3-5).
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7.13 – Rejeição da autoridade : A rejeição da autoridade é, com freqüência, uma


ramificação social do pecado. Se encontramos segurança em nossas posses e
realizações, uma autoridade externa é ameaçadora. Ela restringe nossa liberdade
de fazer o que queremos. É preciso resistir a ela ou desconsiderá-la, para que
possamos ser livres para agir como desejamos. No processo, é claro, muitos
direitos de terceiros podem ser atropelados.

7.14 – Incapacidade de amar : Por último, o pecado resulta na incapacidade de


amar. Uma vez que os outros se colocam em nosso caminho, representando
competição e ameaça para nós, não conseguimos agir realmente para o bem-estar
pleno dos outros, caso nosso objetivo seja a satisfação própria. E, assim, suspeitas,
conflitos, amargura e até ódio brotam do egocentrismo ou da busca de valores
finitos que suplantou Deus no centro da vida do pecador.

O pecado é uma questão séria; seus efeitos se alastram – afetam nosso


relacionamento com Deus, com nós mesmos e com outros homens. Por conseguinte,
exigirá uma cura com efeitos igualmente abrangentes.

8 – Natureza carnal x natureza espiritual


A bíblia descreve que o homem, após a queda, possui uma natureza pecaminosa, ou
seja, naturalmente suas intenções e praticas são pecaminosas. Isso significa que
sem fazer esforço e por si só, sem a interferência de outro ser o homem peca. (Mt
15:19). A essa tendência natural de pecar chama-se carne. Podemos entender
melhor o sentido do termo carne analisando algumas passagens : Rm 8:7-8, Rm 7:5 .
Esses textos mostram que o homem tem a tendência natural de ser inimigo de
Deus, se Deus fala para ele ir pela direita ele irá pela esquerda, caso Deus tivesse
dito para ele ir pela esquerda ele iria pela direita simplesmente pelo fato de não
querer ser mandado por Deus. Podemos ver isso através da história do homem com
Deus, sempre que Deus dava uma ordem específica o homem seguia o contrário. A
bíblia nos mostra as obras da carne em Gl 5:19-21, Cl 3:5. Vamos analisar algumas
delas para ver que partem de uma intenção de agradar e exaltar a si mesmo :

Inveja : Ressentimento ou desagrado diante da conquista de outros e dos seus


bens materiais, resultando com freqüência em esforço para privá-lo daquilo que
possuem. Isso decorre do fato da pessoa que esta sentindo inveja estar se
sentindo inferior à outra.
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Ciúmes : Um desejo egoísta acompanhado de ressentimento e de suspeita ou medo
de que outra pessoa esteja procurando roubar aquilo que você considera seu, revela
um egocentrismo vazio de amor e destrutivo.
Cobiça : Um desejo errado de possuir o que Deus não lhe concedeu, normalmente
dirigido para aquilo que pertence aos outros.
Ganância : dar liberdade de ação a um desejo desenfreado de possuir além daquilo
que faz parte da vontade de Deus para a sua vida.

Após a conversão o crente ganha uma nova natureza : a espiritual. Essa natureza
produzirá no crente o desejo de agradar a Deus (Rm 8:5-6) que resultará nos
frutos do Espírito (Gl 5:22-23, I Co 13:4-7).
Essas duas naturezas são contrárias uma a outra, enquanto a carnal quer agradar
ao ego da pessoa, a espiritual quer agradar a Deus, enquanto a carnal produz a
morte, a espiritual produz vida. (Gl 5:17, Rm 8:5-8).

9 – A mortificação do pecado/natureza pecaminosa.

Todo crente tem o dever perante Cristo de mortificar a natureza pecaminosa que
está dentro de si (Mt 16:24-25, Rm 8:13, Gl 5:24, Cl 3:5-6). Essa mortificação
ocorrerá durante toda a vida do crente e é uma obra do Espírito Santo que o
capacita a refrear seus desejos pecaminosos e substituí-los por desejos legítimos.
Um exemplo de mortificação de pecado é o da avareza, o crente que possui esse
pecado deve orar a Deus, meditar em sua palavra para que o Espírito Santo
substitua o desejo da avareza pelo desejo de desfrutar das riquezas do céu. (Mt
6:19-21).
Deus nos deu o seu Espírito Santo e uma nova natureza, para que disponhamos de
meios com os quais possamos nos opor ao pecado e aos maus desejos. A negligência
desse dever conduz ao florescimento da natureza pecaminosa. Outros deveres da
fé cristã (o uso dos dons, por exemplo) não podem ser executados sem a realização
deste dever.

10 – O pecado e a santidade

A bíblia é bem clara de que todos os crentes pecam (I Jo 1:8) e é rigorosa em


dizer que se alguém afirma que não tem pecado faz Deus mentiroso e não tem a
palavra de Deus em si mesmo. (I Jo 1:10). Isso inclui um crente maduro, como é o
caso do escritor de I João que já estava no final de sua vida, e Paulo que escreveu
que ainda não tinha alcançado a perfeição (Fp 3:12-14). Por outro lado esses
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mesmos escritores afirmam que o crente não se conforma com o pecado e não o
pratica como um hábito (I Jo 3:4-6, Rm 6:1-2). O que isso nos mostra é que o
crente apesar de não conseguir viver sem praticar nenhum pecado tem a ausência
total de pecados como um alvo em sua vida, o que o faz estar constantemente
lutando e mortificando os mortificando. Gl 5:24.

At 17:30: Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora
que todos os homens em todo lugar se arrependam;

At 3: 16-19: E pela fé em seu nome fez o seu nome fortalecer a este homem que
vedes e conheceis; sim, a fé, que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós,
esta perfeita saúde. Agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também
as vossas autoridades. Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os
seus profetas havia anunciado que o seu Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois,
e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os
tempos de refrigério, da presença do Senhor.

Levítico 4: 2, 22, 27. Lv 5:15

Sl 19:13 “Também de pecados de presunção guarda o teu servo, para que não se
assenhoreiem de mim; então serei perfeito, e ficarei limpo de grande transgressão.”

I Tm 1:13-15: Paulo alcançou misericórdia porque o fez na ignorância. O verso


não isentou Paulo de ser o principal dos pecadores.

Ap 1:17: Todos os olhos verão e transpassaram.

Lc 23:34: Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.

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