Educaçãoinclusiva

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1 INTRODUÇÃO

O tema escolhido “Inclusão Dentro do Processo de Escolar” é por demais


desafiador, uma vez que a Constituição assegura o direito à educação a todos,
independente de gênero, etnia, idade ou classe–social. A escola, como os próprios
Parâmetros Curriculares Nacionais colocam-se que devem ter o compromisso não
apenas com a produção e a difusão do saber culturalmente construído, mas com a
formação de cidadãos críticos, participativos e criativos para fazer face às demandas
cada vez mais complexas da sociedade moderna englobando desta forma as
crianças com necessidades educativas especiais, considerando que o processo de
ensino-aprendizagem pressupõe atender a diversificação da necessidade dos
alunos na escola.
À medida que se desenvolver o tema, os problemas relacionados a inclusão
se abrirão, e ao final, por certo, ver-se-á que muito há a acrescentar.
Por isso, ao se procurar saber mais sobre inclusão, surge à necessidade de
se entender e compreender as situações que decorrem quando a Inclusão não se
refere apenas aos alunos com deficiência, mas a todos, em suas diversidades e este
é o desafio enfrentado por alunos, por educadores e pela escola, em desenvolver e
praticar um trabalho, coletivo, sem fragmentações, para melhor atender as diferentes
necessidades dos alunos. Com a superação de novos paradigmas educacionais e
diante de novas exigências sociais, a educação passa por uma reestruturação
educacional inclusive, visando à inclusão de alunos portadores de necessidades
educativas especiais na rede regular de ensino. Diante deste quadro, que visualiza
uma grande reforma na educação englobando o portador de necessidades
especiais, surge na legislação, a legalização, assegurando a permanência das
crianças com necessidades educativas especiais no ensino regular, possibilitando o
convívio com a diversidade, que está centrada no direito ao acesso à escola nos
aspectos biopsicossociais.
Para melhor compreensão, desse complexo, que envolve a inclusão, fez-se
necessário um aprofundamento teórico, dentro deste campo, desde o conceito de
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inclusão, até os tipos de deficiência e suas especificações, para poder então verificar
como está ocorrendo tal processo na realidade de uma escola.
Centrando-se nos aspectos ensino aprendizagem dos alunos portadores de
necessidades educativas especiais, cujo intuito é analisar tal processo em
comparação aos demais alunos, como também analisar a integração e a interação
destes, que implica em um processo de reciprocidade.
Acredita-se que o trabalho possa, mesmo que modestamente, contribuir para
a melhoria da proposta no trabalho pedagógico com o objetivo de atender as
necessidades educativas especiais, bem como reestruturar a política educacional e
conseqüentemente uma renovação nas instituições escolares. As informações a
serem trazidas ao longo da monografia foram obtidas através de pesquisas
bibliográficas, que abrangem os aspectos de inclusão dentro do processo ensino
aprendizagem, a fim de que a problemática se amenize qualitativa e
quantitativamente. É necessário viabilizar aos educandos portadores de
necessidades especiais, freqüentar e fazer parte do ensino regular.
Esta monografia destina-se a todos os profissionais de educação e também
aos demais interessados na problemática da inclusão, abrindo um leque de
inúmeras questões que podem ser refletidas, analisadas e aprofundadas, dentro dos
interesses e necessidades de outras realidades escolares.
Nesse sentido, foi elaborado o seguinte enunciado de problema:
Quais os pressupostos teóricos que justificam a inserção da criança portadora
de necessidades educativas especiais nas turmas “regulares”?
A partir deste questionamento, realizou-se uma pesquisa bibliográfica a fim de
investigar desta forma, o processo ensino aprendizagem de alunos com
necessidades educativas especiais, inclusos na rede escolar de ensino.
Pois quando se trata de inclusão, é de extrema importância que o
envolvimento nesta causa, não seja somente dentro do processo de integração, mas
também no processo de aprendizagem abrangendo toda a sociedade, formando
parceria na construção de uma educação igualitária. Sendo assim, a educação
assume um papel mais amplo, que além de promover a socialização dos alunos será
a mediadora de conhecimentos, promovendo o acesso ao currículo daqueles que
apresentam necessidades educativas especiais.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) a expressão
“Necessidades Educativa Especial” pode ser utilizada para referir-se a crianças e
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jovens, cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas


dificuldades para aprender, está associada, portanto, a dificuldade de aprendizagem,
não necessariamente vinculada à deficiência “(1999, p.23).
Dentre as muitas definições de dificuldades de aprendizagem, a que reúne
maior consenso internacional, segundo Garcia (1998) é a do Comitê Nacional de
Dificuldades de Aprendizagem - National Joint Comittee on Learning Disabilities
(NJCLD, 1997) - Estados Unidos (EUA) que diz o seguinte:

Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo


heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades
significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, raciocínio ou
habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo,
supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer
ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de
aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção
social e interação social. Mas não constituem, por si próprias uma
dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem
possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes,
com influências extrínsecas, não são o resultado dessas condições ou
influências (NJCLD apud GARCIA, 1998, p. 13)

Vários autores descrevem inúmeros fatores desencadeantes de uma


dificuldade de aprendizagem. Numa síntese, podem-se colocar como
desencadeantes de dificuldades de aprendizagem os seguintes fatores:
a) Orgânicos – incluem questões genéticas, fatores pré, peri ou pós-natais
que, por sua vez, seriam responsáveis por distúrbios no sistema nervoso central,
saúde física deficiente ou alimentação inadequada;
b) Psicológicos – inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à
realidade, sentimento generalizado de rejeição; c) Ambientais – a dinâmica familiar,
o grau de estimulação que a criança recebe desde os primeiros dias de vida na
família e, depois, na escola, a influência dos meios de comunicação.
As dificuldades de aprendizagem são causadas por diversos fatores. Porém,
algumas crianças poderiam seguir sem maiores conflitos, apesar de suas
dificuldades em aprender, se não encontrassem pela frente a dificuldade de ensinar
ou, até mesmo, o despreparo de alguns professores.
Diferente de estar com dificuldade, o aluno que manifesta dificuldades revela
uma situação mais ampla, em que também se inscreve a escola, parceira que é no
processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui,
necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no
que é valorizado como aprendizagem. A ampliação dessa leitura permite ao
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pedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos que façam frente aos
desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem.
Desta maneira, busca-se uma escola, para todos, que ofereça igualdade,
possibilidade do aluno portador de necessidades educativas especiais a aprender e
desenvolver suas potencialidades formando um cidadão que possa exercer seus
direitos como trabalhar, ter laser, estudar, enfim fazer parte do grupo social.
Muito se tem falado e escrito acerca da Inclusão. Vários fatores excluem do
grupo social as pessoas portadoras de necessidades especiais.
Ao se discutir o papel da Inclusão no ato educativo, necessita-se saber qual o
espaço que ele abrange dentro do processo ensino-aprendizagem, o quanto é
estimulado o trabalho pedagógico, como é diversificado e adaptado à maneira de
envolver o ato de aprender, respeitando suas limitações e valorizando o aluno
portador de necessidades educativas especiais, a fim de garantir a igualdade de
seus direitos e deveres.
A importância dos necessários esclarecimentos e conhecimentos e
conscientização em relação á inclusão evitará que as pessoas com necessidades
educativas especiais percam o espaço de terem acesso ás escolas comuns, e que
estas deverão integrá-las numa pedagogia centralizadas criança, capaz de atender a
essas necessidades educativas.
Algumas categorias de análise sobre o tema inclusão são de suma
importância para a elaboração desta monografia, das quais destacam-se:

a) o que se entende por inclusão;


b) qual seria a sua importância dentro do processo ensino-aprendizagem;
c) o que alguns autores falam sobre a inclusão no processo de ensino;
d) o que a escola pode fazer para incluir e satisfazer as necessidades
educativas desses alunos inclusos;
e) como professores desenvolvem as atividades adequadas ao
desenvolvimento integral da criança inclusa.
Entre as questões norteadoras de pesquisa, objetivou-se responder:

a) é possível realizar adaptação de conteúdos interdisciplinares na prática


educacional inclusiva?
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b) professores, diretores e demais funcionários das unidades de ensino


estão cientes das adaptações curriculares e dos espaços físicos que
deverão ser modificados para melhorar o ensino-aprendizagem dos alunos
inclusos?

c) a falta de informação da sociedade, que desconhece o verdadeiro


significado da inclusão, pode vir a atrapalhar a interação e a integração do
aluno incluso na unidade escolar e social?

Assim, no sentido de responder ao problema levantado, traçou-se os


seguintes objetivos:
- Verificar como é o processo de inclusão escolar.
- Resgatar a importância da adaptação curricular, frente ao processo de
inclusão escolar;
- Refletir, e considerar sobre o significado de inclusão;
- Comparar os processos de integração, interação e inclusão escolar;
- Identificar, algumas modalidades de deficiência que freqüentam a rede
de ensino;
- Diferenciar, necessidades educativas especiais e necessidades
especiais.
No que se refere à modalidade de pesquisa, optou-se por uma pesquisa de
cunho bibliográfica.
Considera-se a pesquisa como uma atividade científica pela qual descobre-se
a realidade, sempre com intuito de resolver problemas de ordem teórico e prático.
Esta pesquisa é de cunho bibliográfica e de campo, ou seja, a que tem por
fonte primária o livro. Pesquisa bibliográfica envolve sob seu campo de ação toda
informação escrita. Portanto, o nosso campo de ação serão as fontes de
informações escritas, donde pretendemos redescobrir e aprofundar nosso
conhecimento, buscando o novo a partir do já escrito.
A pesquisa bibliográfica realizar-se-á através de levantamento bibliográfico,
analisando-os aqueles já aplicados na história do conhecimento.
Constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, enquanto é feita como
intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acusa de um problema para
a qual se procura resposta acerca de uma hipótese que se quer experimentar.
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A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência como trabalho


científico original, constitua pesquisa propriamente dita na área das Ciências
Humanas.
Na divisão desta monografia, optou-se em dividi-la em títulos/seções,
distribuídos da seguinte forma:
- na seção um, focaliza-se a problemática de pesquisa, os objetivos e a
justificativa;
- na seções dois, três, quatro e cinco, debate-se a partir de uma
fundamentação teórica os pressupostos teóricos e filosóficos da Educação Especial,
enfatizando inclusive aspectos políticos. Posteriormente, discute-se a monografia
através das considerações finais.
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2 PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

A escola inclusiva consiste na aprendizagem em conjunto, trabalhando as


dificuldades ou diferenças que possa haver entre os educadores.
Baseando-se nesta linha de raciocínio, faz-se necessário esclarecer essas
diferenças que normalmente classifica o indivíduo como Portador de Necessidades
Especiais e Portadores de Necessidades Educativas Especiais.Ambas são
abrangentes.
Segundo Carvalho (1998 p.105), “[...] necessidades especiais podem ser
consideradas como exigências de um indivíduo, em decorrência da falta ou da
privação nas condições orgânicas ou psicológicas, estruturais ou funcionais, que se
manifestam no cotidiano”. Ao referir a escolarização, “utiliza-se o termo Pessoa
Portadora de Necessidades Educativas Especiais”, pois indica que elas se
manifestam no âmbito da educação, apresentam problemas na aprendizagem.
Sassaki (1997.p.15) coloca a expressão (termo) necessidades especiais, num
sentido mais amplo para substituir o modo pejorativo das palavras (termo)
Portadores de Deficiência, pois as Necessidades Especiais não devem ser
sinônimos de Deficiências (mentais, aditivas...).
Deve-se procurar entender que a intensificação de Necessidades Especiais
do Indivíduo é de extrema importância quando uma necessidade não é satisfeita, ela
interfere na qualidade de vida.
Quer-se uma escola para todos devemos analisar, compreender e saber
trabalhar em conjunto de maneira flexível, respeitando, o tempo e as diferenças que
cada pessoa possui.

2.1 CATEGORIAS
2.1.1 Deficiência Mental

Segundo a definição de Deficiência Mental (D.M) de acordo com a


Associação Americana de Retardo Mental(AAMR) em 1992, defini-se:
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Funcionamento intelectual geral significante abaixo da média, oriundo do


período de desenvolvimento, concomitantes com limitações associadas a
duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo
em responder adequadamente as demandas da sociedade, nos seguintes
aspectos: comunicação, cuidada pessoais, habilidades sociais,
desempenho na família e comunidade, independência na locomoção,
saúde, segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.(Educação
Especial, V.5,p.21).

A atual Política Nacional da Educação Especial vem orientando tal definição.


Não preconiza a D.M. nos termos: Leve-educável, moderada -treinável e severo.
Embora a literatura ainda utiliza-se de tais termos para a classificação de portadores
de deficiência mental.
Os conceitos com o passar do tempo, foram reformulados, acabando-se
também com os rótulos de identificação. Antes o deficiente mental era visto com o
aspecto de suas deficiências e limitações e, hoje, sob o aspecto de suas
potencialidades, de suas competências e do desempenho para desenvolver-se
como pessoa e como cidadão.
O portador de D.M. caracteriza-se por um déficit de inteligência conceitual,
prática e social.
 Inteligência Prática = refere-se a habilidades de se manter e se
sustentar como uma pessoa independente nas atividades ordinárias da vida
diária. Inclui capacidade como habilidades sensórias –motoras, de auto
cuidado e segurança, de desempenho na comunidade e na vida acadêmica,
de trabalho e de lazer, autonomia.
 Inteligência Social = refere-se a habilidades para compreender
as expectativas sociais e comportamento de outras pessoas e ao
comportamento adequado em situações sociais.
 Inteligência Conceitual= refere-se às capacidades fundamentais
da inteligência, envolvendo suas dimensões abstratas.
Portanto, podem apresentar aprendizagem mais lenta das pessoas com o
intelecto preservado, pela diferença da velocidade de ritmo na
aprendizagem.Conforme as particularidades de cada caso, há necessidade de
suporte educacional mis ou menos intenso de duas ou mais áreas de conduta
adaptativa.
Quando mais cedo identificar a D.M. no indivíduo, mais rapidamente
poderão ser efetivados ações preventivas e maiores benefícios, sendo observado no
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desenvolvimento infantil as áreas física, cognitivas, afetivas, sociais e pedagógicas


da criança pelos pais, pela família, pela escola ou pelos profissionais da saúde.
Portanto, jamais deve ser protegido e sim preparado para a vida em
sociedade, quanto mais cedo encaminhado para a estimulação e desenvolvimento
de suas habilidades e capacidades, dentro de um sistema inclusivo, aumentam as
possibilidades de um melhor desempenho na vida.
Procurar ou inventar esconderijos por vergonha ou falta de recursos são
resultados do preconceito.
Visualiza-se um trabalho educacional voltado para instrumentalização do
indivíduo na sua inteligência pratica, social e conceitual para a melhoria do exercício
de sua cidadania.
As necessidades educativas especiais devem partir da necessidade do
educando, respeitando sua idade cronológica, sua história, a sua condição sócio-
econômica, sua cultura e religião.
No livro, Escola para todos (1997, p.24), estas são as principais
necessidades educativas especiais:
 acredite que pode aprender alguma coisa e que a escola é muito
benéfica:
 facilite sua integração, estimulando-o a cooperar:
 dê-lhe mais tempo para cada atividade, recorrendo predominantemente
às tarefas concretas e funcionais mediante ensino individualizado, sempre
que possível;
 estabeleça um ritmo adequado para a sua aprendizagem;
 insista, consoante a idade, na importância do ritmo, da música, dos
trabalhos manuais, da educação física, da expressão plástica e das
atividades da vida diária;
 sistematize as atividades, definindo os objetivos imediatos;
 promova amplos contatos com a turma com o meio extra-escolar;
 procure estabelecer com a família um programa comum;
 estimule sua independência e proporcione-lhe um sentido de integridade
e autonomia.
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2.1.2. Deficiência Auditiva

De acordo com o livro Educação Especial - Um Direito Assegurado -Série


Diretrizes 6, a deficiência auditiva consiste na perda maior ou menor da percepção
normal dos sons. Existem vários graus de deficiência auditiva de acordo com a
perda, conforme o caso, podendo prejudicar na aprendizagem da linguagem e da
fala.(1995. p. 27).
Segundo Marchesi (1995 p.199).

[...] os graus de perda auditiva que uma criança poderá sofrer, é avaliada
pela intensidade em cada um dos ouvidos, em função das diversas
freqüências”. A intensidade do som é medida em decibéis (dB). A
freqüência refere-se à velocidade de violação de ondas sonoras, de graves
e agudos e é medida em Hertz (Hz). As freqüências mais importantes para
a compreensão da fala situam-se nas faixas médias de 500, 1000 e 2000
Hz

Ainda de acordo com o livro Educação Especial Um Direito Assegurado -


Série Diretrizes 6, os graus de deficiência auditiva classificam-se em: leve,
moderada, severa e profunda.
Deficiência Auditiva Leve: apresenta perda auditiva de até 40 dB, faz muitas
trocas fonéticas, a voz fraca ou distante não é ouvida, a voz fraca ou distante não é
ouvida, mostra deficiência nos sons consonantais e vocálicos e poderá apresentar
comportamentos de desatenta. Ocorre dificuldade no nível lingüístico. Em geral ela
não apresentará dificuldade em uma escola regular. Na sala de aula, esta criança
deverá sentar-se em frente ao professor e aprender algumas competências como:
observar tudo cuidadosamente, prestando bastante atenção na fala. Caso ocorram
algumas dificuldades com relação à leitura e a escrita, este aluno deverá receber
atendimento especializado com um fonoaudiólogo que poderá ser feito duas ou três
vezes por semana.
Deficiência Auditiva Moderada: apresenta perda auditiva entre 40 e 65 dB,
freqüentemente tem dificuldade para escutar uma falando em tom alto. Verifica-se
um retardo na aquisição da linguagem e distúrbio articulatório, tais alterações já são
percebidas no nível pré-lingüístico. Esta criança poderá freqüentar a escola
regularmente, desde que receba atendimento especializado em outro período diário,
visando à estimulação auditiva, o treinamento rítmico e fonoarticulatório.
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Deficiência Auditiva Severa: apresenta perda auditiva entre 70 e 90dB.


Quanto mais cedo ocorre a perda auditiva severa, maior o impacto sobre o
desenvolvimento da linguagem e da fala. Esta criança poderá perceber apenas a
voz forte. O desenvolvimento da linguagem precocemente depende de aptidão que
utiliza a percepção visual para observar o contexto das situações. Ele deverá
receber estimulação no período da educação infantil, em clínica fonoaudiológica, ou
em escola especializada, e dependendo do caso poderá freqüentar a pré - escola
comum em período contrário.
Deficiência Auditiva Profunda: apresenta perda auditiva superior a 90 dB. “um
bebê que nasce surdo, balbucia como um bebê de audição normal, mas suas
emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação
auditiva extrema, comunicar-se é de máxima importância para aquisição da
linguagem oral”. (Educação Especial - Um Direito Assegurado – Diretrizes Série 6.
1995, p.18).
O desenvolvimento da linguagem oral é longo e complexo, exige muitas
aquisições, como aprender a utilizar todas as vias perceptivas que complementam a
audição. A época em que ocorreu a surdez e a idade que iniciou o atendimento
especializado (fono ou escola especializada) são de fundamental importância para
determinar o tipo de atendimento que a criança irá receber. O atendimento
especializado deverá ser feito desde a educação infantil, visando adquirir uma
linguagem que permita sua comunicação com os ouvintes que também ocorrerá
devido algumas condições como ser protetizado e ter atendimento com professor
especializado. Aconselha-se que o aluno com deficiência auditiva profunda, entre,
em classe regular depois de adquirir no mínimo a linguagem receptiva (de
compreensão).
No que se refere à classe freqüentada pela criança com deficiência auditiva,
algumas dicas para melhorar adaptação e aproveitamento.
 não deve ter excesso de ruídos;
 deve ser bem iluminada, para melhor percepção visual do
aluno;
 o aluno deverá sentar-se na primeira carteira em frente ao
quadro;
 o professor deverá falar sempre de frente para a criança;
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 preferencialmente o professor também deverá usar recursos


visuais.

2.1.3 Deficiência visual

Conforme Kirk; Gailagher (1996, p.187).

[...] as principais causas de cegueira e de outras deficiências visuais, tem


sido relacionada em amplas categorias, incluindo doenças infecciosas,
acidentes e ferimentos, envenenamentos, tumores, doenças gerais e
influências pré-natais, inclusive a hereditariedade.

Para identificar uma deficiência visual, é preciso um exame oftalmológico, que


é feito por um médico especialista ou optometrista que examina, mede e trata certos
defeitos funcionais da visão. A utilização dos recursos ópticos dependerá das
necessidades apresentadas por cada aluno e, de acordo com o livro “Fundamentos
Metodológicos para a Educação Especial”, destes resultados dependerá a tomada
de decisão do suporte educacional que este aluno necessita, (reeducação visual,
desenvolvimento da eficiência do funcionamento visual, estimulação visual,
orientação, mobilidade, uso de instrumentos específicos de locomoção)”.
(1994,p.107)
Segundo o livro Educação Especial – Um Direito Assegurado – Série
Diretrizes 8, a deficiência visual divide-se em cegueira e divisão subnormal
(reduzida).
Cegueira: redução da acuidade visual central desde cegueira total (nenhuma
percepção da luz) até acuidade visual menor que 20/400 (0,05) D (em um ou ambos
os olhos, ou redução de campo visual ao limite inferior a 10).
Visão Subnormal: acuidade visual central maior que 20/400 até 20/70 (0,03).
De acordo com Kirki e Gallagher,o conhecimento da criança com deficiência
visual é obtido principalmente através da audição e do tato, desenvolvendo a
observação tátil e auditiva das dimensões do mundo.É aconselhável aos professores
para facilitarem a aprendizagem destas crianças:
 utilizar recursos concretos, que possam ser tocados, manipulados;
 estimular a criança a utilizar suas capacidades e desenvolver suas
potencialidades conquistando assim a auto-suficiência;
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 quanto mais cedo inicia a educação sistemática das crianças com


deficiência visual, mais cedo ocorrerá o desenvolvimento da aprendizagem;
 os pais são um elemento importante para ajudar no desenvolvimento
precoce das habilidades e atitudes cruciais para a adaptação posterior das
crianças deficientes visuais;
 utilização do braile;
 datilografia;
 domínio de ambiente para independência física e social das crianças;
 orientação e mobilidade-treinamento;
uso do gravador, muita verbalização, referências.

2.1.4 Deficiência Física

A deficiência física é defina como todas as alterações musculares ósseas,


articulares ou neurológicas, em tal grau que limitam sua capacidade de locomoção,
articulação e postura e diminuem o vigor, a vitalidade e a agilidade.
Sendo assim, cada um dos problemas específicos varia em grau, estes
podendo ser considerados em mais leves até mais graves que levam a vida
vegetativa.
Os portadores de deficiência física como comprometimento motor leve tendo
a inteligência normal a sua aprendizagem não deve ser diferenciada dos demais. O
currículo deve ser adaptado às necessidades, respeitando sua individualidade e
explorando suas potencialidades. Usando assim suas capacidades intelectuais mais
do que as habilidades motoras.
O professor deve saber as limitações reais de todos os seus alunos, não só
do deficiente físico, para exigir deles as tarefas motoras que possam ou não realizar.
Deve levar em conta a realidade social e cultural dos alunos, as áreas do
desenvolvimento e as áreas do conhecimento.
Com o comprometimento motor moderado ou grave, a alfabetização pode ser
feita por alfabetos móveis, estes com a necessidade de cada um.
Na deficiência física também pode ocorrer dificuldade de oralidade, aí são
necessárias formas alternativas de comunicação para representar a linguagem em
forma de expressão, gestos ou sinais, num sistema alternativo de pensamento e a
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interação com o mundo. Para isso é preciso estabelecer códigos específicos, cujo
significado indique sim ou não, que é a base para um diálogo não verbal, até meios
mais sofisticados.
De acordo com o comprometimento da deficiência e a dificuldade encontrada
em realizar as tarefas que podem interferir no desempenho escolar, os materiais
escolares devem ser próprios e específicos para cada tipo de comportamento, de
modo que possibilitem criar condições para a aprendizagem.
Estes materiais adaptados relacionados com papéis, lápis, giz e pincel, tinta,
borracha, régua, apontador, compasso, tesoura além de um suporte próprio para
colocar a merenda escolar. Tudo isso para facilitar e incentivar o indivíduo,
proporcionando conforto e melhores condições de vida e de acervo ao currículo
escolar.
Muito cuidado deve-se ter em relação a este material utilizado por cada tipo
de deficiência, como a resistência, quantidade, forma, modalidade, tamanho e peso,
isso tudo deve ser adaptado para facilitar o uso e não complicá-lo ainda mais.
Neste contexto, os aspectos físicos da escola (sala de aula, banheiro...), os
equipamentos e mobiliários devem estar de acordo com o aluno para que se possam
atender as necessidades físicas do portador de deficiência. Entre eles, o aspecto
físico, a sala de aula e os banheiros, tudo adequado para a sua necessidade.

2.1.5 Autismo

Tendo em vista que há várias pessoas portadoras de necessidades


educativas especiais inseridas na sociedade em que fazemos parte, faz-se
necessário esclarecer que há vários tipos de síndromes, e o Autismo faz parte delas.
O autismo infantil é uma síndrome definida por alterações em três áreas
nobres do desenvolvimento, a comunicação, a interação social e a imaginação.
Trata-se de uma condição crônica com início sempre na infância em geral até
o terceiro ano de vida.
A cada 1000 bebês que nascem em todo o mundo, um é autista curiosamente
se manifesta mais em meninos do que nas meninas, a cada quatro autistas três são
do sexo masculino.
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Em todas as crianças portadoras de autismo em idade pré-escolar, pode-se


encontrar algum tipo de distúrbio na linguagem.
A ecolalia imediata (repetição imediata) de frases ouvidas, de palavras, é
comum especialmente nas crianças pequenas, a repetição tardia pode estar
presente.
A criança refere-se a ela mesma na 3ª pessoa do singular ou de seu nome próprio.
A criança autista pode ser confundida com superdotada, pois não é raro
encontrá-la aprendendo a ler e escrever espontaneamente embora alguns leiam de
forma automática, sem entender o significado das palavras, outras entendem o
material lido.
Estas crianças tentam impor rotinas em todas as atividades impostas, assim
como os movimentos repetitivos, ou do balanceio do corpo. Podem apresentar déficit
intelectual em todos os graus. Mostra falta de criatividade de interação social nas
brincadeiras.
A Integração da pessoa portadora de autismo na escola regular ou na
sociedade é muito importante, pois se bem estimulada, preparada, poderá
desenvolver suas potencialidades.

2.1.6. Síndrome de Down

A síndrome com o nome Down surgiu em 1866, quando o médico inglês Dr.
John Longdon Down , identificou e descreveu uma criança com deficiência mental.
Assim como John, alguns cientistas como o francês Seguin (1846) e o inglês
Duncan (1866) haviam notado características da mesma natureza em alguns de
seus pacientes.
O indivíduo portador da Síndrome de Down tem um pequeno cromossomo
extra, ao invés dos 46 esperados, observou-se que existia 47 cromossomos em
cada célula.
Este cromossomo extra no par 21 (trissomia 21) é o resultado de um acidente
genético que pode ocorrer independente de idade, raça ou classe social.
A Síndrome de Down pode ser por trissomia simples e outro por translocação
(pode ocorrer durante a formação das células reprodutivas que deram origem à
criança).
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A criança com Síndrome de Down tem um desenvolvimento mais lento do que


as crianças normais. O bebê devido a hipotonia pode ser mais quieto, ter dificuldade
de sugar, engolir, sustentar a cabeça e os membros. O atraso no desenvolvimento
motor não impede que a criança aprenda suas tarefas e participe da vida social da
sua família.
As pessoas portadoras da Síndrome de Down devem ter oportunidades iguais
de uma pessoa “normal”, bem como freqüentar a escola regular e qualquer lugar na
sociedade.
Segundo a escritora Cláudia Werneck (1993 p.29) cita em seu livro “uito
Prazer, Eu Existo, que “... a ciência sabe que esta anomalia impõe limitações ao
desenvolvimento da capacidade intelectual. Restrições que até hoje não foram
cientificamente definidas. Sendo assim, é triste constatar que o maior bloqueio ao
progresso desses indivíduos não é imposto pela genética, mas sim pela sociedade”.
Em nossa sociedade há várias presenças de pessoas portadoras de
necessidades educativas especiais com Síndrome de Down.
O importante é aplicar nossos esforços para proporcionarmos uma
preparação das pessoas com Síndrome de Down para que tenham comportamentos
e habilidades adaptáveis adequadas.
Deve-se ofertar a oportunidade às pessoas portadoras de necessidades
especiais, de desenvolver seu intelecto social, pois eles são capazes de fazer suas
próprias escolhas.
Lembrando que para haver um aprendizado mais especifico deve-se começar
desde cedo a ensinar valores, educação, amor e acima de tudo através de muita
estimulação ensinar que em uma sociedade temos direitos e deveres (algumas
regras que devemos seguir) e eles estão livres para desenvolver socialmente suas
potencialidades, sua educação, oportunidade para crescer, pois deficientes ou não,
temos direito à vida.

2.1.7 Superdotação ou Portadores de Altas Habilidades

A Política Nacional de Educação Especial (1994) define os portadores de


altas habilidades/superdotadas os “educandos que apresentam notável desempenho
e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou
combinados: capacidade intelectual geral: aptidão acadêmica específica,
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pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para


artes e capacidade psicomotora”.
Alguns traços comuns de alunos portadores de altas habilidades/
superdotados de acordo com subsídios para Organização e Funcionamento de
Serviços de Educação Especial, vol.9, p.20-21.
 necessidade de definição própria;
 capacidade de desenvolver interesses ou habilidades específicas;
 interesse no convívio com pessoas de nível intelectual similar;
 resolução rápida de dificuldades pessoais;
 aborrecimento fácil com a rotina;
 busca de originalidade e autenticidade:
 capacidade de redefinição e de extrapolação;
 espírito crítico, capacidade de análise e síntese:
 desejo pelo aperfeiçoamento pessoal;
 fraco interesse por regulamentos e normas;
 auto-exigência;
 comportamento irrequieto, perturbador, inoportuno;
 impaciência com detalhes e com aprendizagem que requer treinamento.

2.1.8 Hiperatividade

Segundo a obra Desenvolvimento Psicológico e Educação, “O termo


hiperatividade refere-se a um dos distúrbios de comportamento mais freqüente na
idade pré-escolar, caracterizado por um nível de atividade motora excessiva e
crônica déficit de atenção e falta de autocontrole”.(p.160).
As características da hiperatividade são várias tornando impreciso um coreto
diagnóstico realizado apenas pelo professor, é imprescindível a avaliação deste
distúrbio de comportamento por um profissional especializado em hiperatividade,
como por exemplo, médicos, psicólogos, neuropediatras, etc.
A revista Nova Escola (p.30-32) traz algumas das características mais
comuns do indivíduo:
 agita mãos, pés ou remexe na cadeira;
18

 abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nos quais


se espera que permaneça sentado;
 corre ou escala em demasia, em situações impróprias;
 tem dificuldade para brincar ou se envolve silenciosamente em atividades
de lazer;
 está sempre “a todo vapor”;
 fala demais;
 é impulsiva;
 dá respostas precipitadas, antes de ouvir a pergunta inteira;
 tem dificuldade de guardar sua voz;
 se intromete na conversa dos outros ou interrompe, etc. Este distúrbio de
comportamento possui algumas necessidades educativas especiais,
exemplifica-se aqui as mais visíveis:
 dificuldade de concentração, durante um tempo prolongado, bem
como para selecionar a informação relevante em cada problema, de
forma a estruturar e realizar uma tarefa;
 baixa tolerância em relação à frustração;
 atividade motora excessiva;
 impulsividade ou falta de controle.
As bibliografias apontam outras necessidades educativas especiais da criança
com este distúrbio de comportamento:
 as crianças hiperativas tem problemas maiores de linguagem e
um de seus problemas centrais é sua incapacidade de guardar gratificações;
 “crianças hiperativas mais velhas (5 anos aproximadamente) têm
grande dificuldade em fazer amigos e desenvolver aptidões mais complexas
por causa do seu comportamento desatento, impulsivo e intempestivo”(p.83);
 “as pesquisas mais recentes constataram que aproximadamente
10% a 30% das crianças hiperativas exibem atrasos nas aptidões escolares,
suficientes para se determinar um diagnóstico de inaptidão de aprendizado.
 percebe-se nas bibliografias estudadas que as crianças
hiperativas vivenciam dificuldade de aprendizagem em tarefas escolares,
muitas vezes são imaturas e incompetentes quando se refere a aptidões
sociais. Vale frisar que estes aspectos não são regras que todos os
19

portadores do distúrbio de comportamento de hiperatividade irão demonstrar,


cada indivíduo é único , e por isto cada qual apresenta suas características,
neste caso em especial as necessidades educativas especiais e também
suas características variam de indivíduo para indivíduo, podem demonstrar
uma ou mais características ao mesmo tempo.
20

3 CONCEITUANDO INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO

Baseando-se em algumas referências bibliográficas pode-se obter uma base


sob o conceito de Integração e Interação na Educação Inclusiva.
Segundo Carvalho (1998 p.18).

[...] integração é um processo dinâmico de participação das pessoas num


contexto relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais (...)A
integração implica em reciprocidade. E sob o enfoque escolar é processo
gradual e dinâmico que pode tomar distintas formas de acordo com as
necessidades e habilidades dos alunos.

As pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais, também


podem desempenhar seus papéis na sociedade (estudar, trabalhar, viajar), inserir-se
na sociedade das pessoas ditas “normais”, neste caso a comunidade deve andar
lado a lado com as pessoas com necessidades especiais.
Fonseca (1995, p. 210) mostra que a

[...] integração visa programar para cada objetivos pedagógicos


concomitantes com as suas necessidades e desejos, eliminando rótulos e
individualizando os seus problemas (...) integração é falar em novas
alternativas e em novas vias, falar em desenvolvimento.

Uma sociedade que visa à cidadania deve possibilitar a integração da


pessoa com necessidades especiais na comunidade, na escola, enfim adaptando-se
as necessidades que esta pessoa precisa.
De acordo com a Revista Integração-Ministério da Educação e do Desporto/
Secretaria de Ed. Fundamental-Jan/fev/Mar/92 – Ano 4- n o 8:
Integração é “[...] possibilidade de que a pessoa com necessidades
especiais devido à deficiência ou problemas em seu desenvolvimento vivo e conviva
com as demais pessoas de sua comunidade”.
A integração deve desenvolver todas as potencialidades da pessoa
portadora de necessidades especiais educacionais assim como as de qualquer outra
pessoa que não seja portadora de deficiência, tanto na escola como na comunidade.
(1992, p.13).
21

Para Sassaki, integração significa “(...) inserção da pessoa deficiente


preparada para conviver na sociedade (...)e inclusão (...) modificação da sociedade
como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu
desenvolvimento e exercer a cidadania.” (1997,p.43)
Já Montoam, define a inclusão social como sendo “(...) uma causa à mudança
de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que
apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos os professores, alunos,
pessoal, administrativa para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”.
(1997, p.114-115).
Considerando as referências bibliográficas aqui pesquisadas, pode-se dizer
que a diferença entre a Inclusão, Integração e Interação é que :
- Inclusão: a escola e a sociedade estão adaptadas, interadas às
necessidades das pessoas portadoras de deficiência;
- Integração: é a pessoa portadora de necessidades educacionais especiais
estando adaptada, interada à escola e a sociedade;
- Interação é a relação que este indivíduo tem com o grupo social ao qual está
inserido, integrado, incluído.
Então o processo educacional deve prever as diversidades do grupo que irá
integrar o espaço escolar como também prever as interações sociais deste grupo.

3.1 INCLUSÃO SOCIAL

O ser humano é aquilo que ele vive, a sua forma de vida depende de como os
outros seres em conjunto se organizam, este conjunto é chamado de sociedade.
Toda pessoa com necessidades especiais encontra barreiras na sociedade,
não são tratados igualmente como os demais, apesar de terem as necessidades
comuns de todos os seres humanos. De tudo que o portador de deficiência tem
direito na sociedade, como: lazer, esporte, vestuário, educação, moradia, transporte,
alimentação, deve ser acessível a este, para que possa alcançar uma qualidade de
vida igual ao de outras pessoas ditas normais.
Segundo Sassaki (1997, p.22), “[...] por volta dos anos 80, não se conhecia a
inclusão e sim a integração, ambas caminham para a mesma idéia, mas são
realmente diferentes na sua forma de organização.
22

As primeiras tentativas sobre a inclusão social aconteceram há muito tempo,


nos anos 80, aconteceu em países mais desenvolvidos, na década de 90 em países
em desenvolvimento, agora, no século XXI, desenvolve-se em quase todas as
partes do mundo, sendo aplicado em todo o sistema social. Com a idéia de que tudo
que existe é para e é de todos não importando o ambiente em que se encontra. E
quando todas as sociedades realmente adotarem a inclusão acontecerá à sociedade
de todos a sociedade inclusiva.
Portanto, percebe-se que a inclusão é modelo de outros países que, devagar
foi sendo aplicada no Brasil.
A referência do conceito de sociedade Inclusiva a respeito dos assuntos de
deficiência vem crescendo diariamente, no início, os textos foram traduzidos no
português, por exemplo, Werneck, que colaborou muito com este trabalho.
A Organização das Nações Unidas –ONU-foi à primeira em expressar uma
sociedade para todos, este assunto está registrado na resolução 45/91 da
assembléia Geral das Nações Unidas, onde a meta é uma sociedade para todos e
até de 2010, será conhecido como sociedade inclusiva, em média isto deverá ser
desenvolvido em prazo de 20 anos, neste caso, estamos na metade. Assim,
segundo, a ONU, citada por Sassaki (1997, p.166-167), diz que:

[...] sociedade inclusive precisa ser baseada no respeito de todos os direitos


humanos e liberdades fundamentais, diversidade cultural e religiosa, justiça
social e as necessidades especiais de grupos vulneráveis e marginalizados,
participação democrática e a vigência do direito.

A ordem para se chegar a essa sociedade inclusiva não se deu por acaso, é
resultado de fatores e tendências irreversíveis. A trajetória, dentro das deficiências,
teve início com a exclusão social total, passando para o atendimento especializado
segregado e depois para a integração social.
Portanto, Sassaki (1997, p.41)conceitua a inclusão social:

Como processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus
sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas preparam para assumir seus papéis na sociedade,
A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas,
ainda excluídas, e a sociedades buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidade
para todos.
23

A inclusão social parte do princípio de que a sociedade é para todos, no qual


se respeite a diversidade da raça humana, atender as necessidades da maioria e
minoria, na qual caberá a educação, e mediação desse processo.
A sociedade inclusiva traz implícita a idéia de mobilização de todos os
segmentos na busca do bem-estar amplo das pessoas consideradas deficientes.
São necessárias transformações íntimas, quebrando barreiras cristalizadas,
censuradas em torno dos grupos.
Pois, deveríamos ver a deficiência pela bengala, as muletas, as cadeiras de
rodas, os aparelhos \auditivos, enfim pelos instrumentos que o portador de
deficiência precisa, mas não pela pessoa, que às vezes, com alguma deficiência
adapta-se mais em atividades por determinadas habilidades que as pessoas ditas
normais, centralizá-las e ajudar a desenvolver ainda mais as suas capacidades e
habilidades e não, jamais, suas limitações.  
Portanto, a mobilização da sociedade como um todo, ao estabelecer um
real processo de inclusão social, definirá claramente o direito das pessoas
portadoras de deficiência a viver tão normal quanto lhes seja possível, sem que a
segregação provenha de nenhum aspecto relativo ao sistema social.
Por isso, é que a sociedade inclusiva além de garantir espaço para todos os
indivíduos, sem prejudicar ninguém, permite que se viva bem, dentro das
possibilidades couber a cada um. Além de garantir este espaço adequado para
todos, ela valoriza que a diversidade humana é cheia de diferenças e se destaca na
importância de pertencer, de conviver, e de cooperar para que viva melhor e com
satisfação.
As primeiras tentativas sobre a inclusão social aconteceram há muito tempo,
nos anos 80, aconteceu em países mais desenvolvidos, na década de 90 em países
em desenvolvimento, agora, no século XXI, desenvolve-se em quase todas as
partes do mundo, sendo aplicado em todo o sistema social. Com a idéia de que
tudo que existe é para e é de todos não importando o ambiente em que se encontra.
E quando todas as sociedades realmente adotarem a inclusão acontecerá à
sociedade de todos a sociedade inclusiva.
Portanto, percebe-se que a inclusão é modelo de outros países que, devagar
foi sendo aplicada no Brasil.
24

A referência do conceito de sociedade Inclusiva a respeito dos assuntos de


deficiência vem crescendo diariamente, no início, os textos foram traduzidos no
português, por exemplo, Werneck, que colaborou muito com este trabalho.
A Organização das Nações Unidas –ONU- foi a primeira em expressar uma
sociedade para todos, este assunto está registrado na resolução 45/91 da
assembléia Geral das Nações Unidas, onde a meta é uma sociedade para todos e
até de 2010, será conhecido como sociedade inclusiva, em média isto deverá ser
desenvolvido em prazo de 20 anos, neste caso, estamos na metade.
Assim, segundo, a ONU, citada por Sassaki (1997, p.166-(167), diz que:

[...] sociedade inclusive precisa ser baseada no respeito de todos os direitos


humanos e liberdades fundamentais, diversidade cultural e religiosa, justiça
social e as necessidades especiais de grupos vulneráveis e marginalizados,
participação democrática e a vigência do direito.

A ordem para se chegar a essa sociedade inclusiva não se deu por acaso, é
resultado de fatores e tendências irreversíveis. A trajetória, dentro das deficiências,
teve início com a exclusão social total, passando para o atendimento especializado
segregado e depois para a integração social.
Portanto, Sassaki conceitua a inclusão social:

Como processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus
sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas preparam para assumir seus papéis na sociedade,
A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas,
ainda excluídas, e a sociedades buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidade
para todos. (1997, p.41).

A inclusão social parte do princípio de que a sociedade é para todos, no qual


se respeite a diversidade da raça humana, atender as necessidades da maioria e
minoria, na qual caberá a educação, e mediação desse processo.
A sociedade inclusiva traz implícita a idéia de mobilização de todos os
segmentos na busca do bem-estar amplo das pessoas consideradas deficientes.
São necessárias transformações íntimas, quebrando barreiras cristalizadas,
censuradas em torno dos grupos.
Pois, deveríamos ver a deficiência pela bengala, as muletas, as cadeiras de
rodas, os aparelhos \auditivos, enfim pelos instrumentos que o portador de
deficiência precisa, mas não pela pessoa, que às vezes, com alguma deficiência
adapta-se mais em atividades por determinadas habilidades que as pessoas ditas
25

normais, centralizá-las e ajudar a desenvolver ainda mais as suas capacidades e


habilidades e não, jamais, suas limitações.  
Portanto, a mobilização da sociedade como um todo, ao estabelecer um real
processo de inclusão social, definirá claramente o direito das pessoas portadoras de
deficiência a viver tão normal quanto lhes seja possível, sem que a segregação
provenha de nenhum aspecto relativo ao sistema social.
Por isso, é que a sociedade inclusiva além de garantir espaço para todos os
indivíduos, sem prejudicar ninguém, permite que se viva bem, dentro das
possibilidades couber a cada um. Além de garantir este espaço adequado para
todos, ela valoriza que a diversidade humana é cheia de diferenças e se destaca na
importância de pertencer, de conviver, e de cooperar para que viva melhor e com
satisfação.

3.2 DEFININDO OS CONCEITOS INCLUSIVOS

Saber seu significado, pois, se todos falarem a mesma língua, o dizer correto,
não magoará e não prejudicará ninguém, do que utilizar palavras comuns e até
talvez, vulgares. Assim, todos terão os mesmos privilégios e entendimentos, não
importando que seja, normal ou deficiente, respeitando a todos.
O modelo de Deficiência Médica segundo a Cooperativa de vida,
Independente de Estocolmo (STIL) da Suécia, citada por Sassaki (1997, p.28),
afirma que: Uma das razões pelas quais a pessoa deficiente está exposta á
discriminação é que os diferentes são freqüentemente declarados doentes. Este
modelo médico da deficiência nos designa o papel desamparado e passivo de
pacientes, no qual são considerados dependentes do cuidado de outras pessoas,
incapazes de trabalhar, isento de deveres normais, levando vidas inúteis, como está
evidenciado na palavra ainda comum “inválido” (sem valor)  em latim (STIL, 1990,
p.30).
Este pensamento era comum antigamente, nos dias atuais, em novos tempos
à realidade é diferente, quase que ao contrário, se toda sociedade acreditar no
potencial, valorizar e reconhecer a pessoa portadora de algum tipo de deficiência,
será efetivada seu conhecimento enquanto pessoa.
26

Pois, a deficiência não é considerada como doença, seja ela qualquer


categoria. Dependendo da situação podem-se procurar especialistas para
habilitação ou reabilitação.
O portador de deficiência deve levar uma vida normal e deve ter controle
sobre ela, para que possa atender suas necessidades pelas suas habilidades
existentes dentro de suas capacidades.
A integração social surge para derrubar a prática da exclusão social que
acontecia de maneira total, onde todas as pessoas deficientes eram excluídas da
sociedade como no modelo médico, já citado pela STIL. Casas de abrigos para
idosos e doentes acolhiam as pessoas deficientes e lhes forneciam o que era
necessário para tal momento. Até a década de 60, onde aconteceu o boom e no
meio final desta década começou a inserir os deficientes nos sistemas sociais
gerais, oferecendo tudo o que a sociedade negava anos atrás, surgindo também a
especialização de profissionais na área.
Segundo Mattos (2004, p. 21),

O grande problema da integração não está nem nas diferentes concepções


existentes sobre este processo, nem nas iniciativas tomadas para sua
viabilização; encontra-se, sim, no fato de as pessoas com necessidades
educacionais especiais não serem entendidas e assumidas como sujeitos
históricos e culturalmente contextualizados. O problema está na concepção
de homem e de mundo que delineia as ações e orienta as formas de se
pensar na própria integração.

Reconhece-se na visão de Mattos (2004) supracolocada a concepção que se


tem de que é fundamental que as pessoas percebam as diferenças entre os seres
humanos, as respeitem, as aceitem e contribuam para que todas tenham as
mesmas oportunidades na sociedade da qual fazem parte.
O objetivo da integração social é utilizar a plenitude da sociedade, que
significa o acesso à educação e as condições para ela permanecer e produzir
culturalmente, de ingressar no mercado de trabalho e participar de atividades
recreativas, esportivas, culturais, comunitárias e sociais, que permita a pessoa a
vivência na rotina da corrente normal de vida.
No processo de inserção das pessoas com deficiência no ambiente social ao
longo da história, surgiu o termo normalização.
A normalização, segundo Mendes, citado por Sassaki (1997, p.31), tinha o
princípio “o pressuposto básico, a idéia de que toda pessoa portadora de deficiência,
27

principalmente as portadoras de deficiência mental tem o direito de experimentar um


estilo de padrão de vida que seria comum ou normal a sua própria cultura”.
No princípio da década de 80, a educação especial desenvolveu o princípio
de Mainstreaming, que significa levar os alunos o mais possível para os serviços
educacionais disponíveis na corrente principal da comunidade.
Nesta tentativa de integração, o aluno nunca estudava e nunca pertencia à
mesma turma, “mas pelo menos ele estudava numa escola comum, embora se
tratasse de uma simples colocação física dele em várias salas comuns. E sabemos
que a prática do mainstreaming correspondia ao que hoje consideramos integração
de crianças e jovens que conseguem acompanhar aulas comuns sem que a escolas
tenha uma atitude inclusiva. De certa forma, esta prática estava associada ao
movimento de desinstitucionalização"(Sassaki, 1997, p.33).
Neste caso, Mainstreaming e Normalização em seus conhecimentos e
experiências de integração é que surgiu a idéia de inclusão e da equiparação de
oportunidades, igualdade das oportunidades e de cada um, dando acesso a todos,
nos serviços sociais disponíveis para todos os cidadãos.

3.2.1Autonomia, Independência, Empowerment (Emponderamento)

Os significados de autonomia e independência, por ser de igual valor tem


significados diferentes dentro de movimentos dos portadores de deficiência.
Segundo Guimarães, citado por Sassaki (1997, p.36), a definição de
autonomia foi adaptada por ele de um conceito: “autonomia é a condição de
domínio no ambiente físico e social, preservando o máximo a privacidade e
dignidade da pessoa que exerce”.
A pessoa deficiente tendo ou não autonomia, possuindo maior ou menor
controle em diversos ambientes físicos e sociais que ela queira e/ou necessite
freqüentar para atingir seus objetivos. Assim o grau de autonomia resulta pelo
interesse e necessidade que a deficiente precisa de acordo com cada ambiente.
Tudo por ser modificado e desenvolvido. “A independência é a faculdade de decidir
sem depender de outras pessoas” (SASSAKI, 1997, p.36).
A quantidade e a qualidade de informações de uma pessoa deficiente podem
torná-la mais ou menos independente. Também na tomada de decisão sua
28

autodeterminação e ou a prontidão para desenvolver situações de seu interesse,


podendo estes ser sociais ou econômicos. Tal comportamento diante das situações
da vida deve ser desenvolvido o mais cedo possível.
Portanto uma pessoa deficiente pode não ter autonomia sob um determinado
ambiente, devido as suas limitações, necessidades e ajuda, mas pode ser
independente na tomada de decisão para resolver o seu problema.
O Empowerment é um termo em inglês que foi mantido sem tradução e, em
Portugal se traduz emponderamento, que quer dizer: fortalecimento, potencialização,
está energização. Esta palavra se torna comum, diariamente, na literatura mundial.
Para Sassaki (1997, p.38) empowerment significa “[...] processo pelo qual
uma pessoa, ou grupo de pessoas, usa poder inerente a sua condição - por
exemplo: deficiência, gênero, idade, cor - para fazer escolhas e tomar decisões,
assumindo assim o controle de sua vida”.
Todos nós, mesmo com ou sem deficiência, já nascemos com os poderes
pessoais, essenciais a cada condição de vida e que nos acompanha a cada dia, só
que a sociedade não tem consciência disso e em conseqüência faz escolhas,
assume decisões de vida dos deficientes, tirando-lhe a autonomia e independência
sobre si mesmo.

3.2.2 Equiparação de Oportunidade

Segundo o Programa de Ação Mundial para as pessoas com deficiência


(1997, p.117), existem várias definições para a equiparação de oportunidades, mas
todas têm seu teor implícito  o princípio “a igualdade e a plena participação” do
indivíduo na sociedade. Em algumas sociedades os portadores de deficiência são
deixados de lado, como se não existissem, só são “valorizados” os indivíduos que
estão em pleno gozo de todas as suas faculdades físicas e mentais. Mas é preciso
que os reconheça, pois:

[...] o princípio da igualdade de direito entre pessoas com ou sem


deficiência”, significa que as necessidades de todo o indivíduo são da
mesma importância, que as necessidades devem constituir a base do
planejamento social e que todos os recursos devem ser empregados de
maneira que garantam igual oportunidade de participação de todo indivíduo.
Todas as políticas relativas à deficiência devem assegurar o acesso das
29

pessoas com deficiência a todos os serviços da comunidade “(Programa de


ação Mundial para Pessoas com deficiência. 1997), p. (18).

Sendo que todo indivíduo, diferente ou não, possui direitos iguais a todos,
deveres, as obrigações também são iguais.
Os indivíduos portadores de deficiência devem fazer parte, sempre que
possível dos serviços gerais dentro do próprio país ou de outros países, desde que
seja acessível a sua deficiência. Não é necessário ser exclusivamente do governo,
mas em entidades públicas de diversos níveis, as organizações não governamentais
ou as empresas. Recebendo assim, oportunidades de trabalho e de formação
profissional com remuneração e não pensões de aposentadorias, pagas pelo
governo, isso só em último caso.
Para Sassaki (1997 p.41) “[...] é fundamental a equiparação de
oportunidades para todas as pessoas, incluindo as portadoras de deficiência, para
que possam ter acesso a todos os serviços, ambientes naturais, em busca de
realização de seus sonhos e objetivos “.
Portanto o ensino deve ser fornecido no sistema normal. O trabalho deve ser
proporcionado mediante o emprego aberto e a moradia facilitada, da mesma forma
que a população geral.
30

4 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

4.1 LDB E CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Para analisar o processo de inclusão, deve-se, primeiramente, fazer um breve


relato sobre seu surgimento. Na história da humanidade, durante séculos, as
pessoas com deficiência foram consideradas inválidas, incapazes para qualquer
atividade e acabavam sendo excluídas do meio social.
A evolução dos serviços de educação especial caminhou de uma fase inicial,
eminentemente assistencial, para uma segunda na qual foram priorizados os
aspectos médico e psicológico.
Hoje, finalmente, percebe-se a introdução da proposta de inclusão total e
incondicional desses alunos nas salas de aula do ensino regular.
A mudança da nomenclatura “alunos excepcionais” para “alunos com
necessidades educacionais especiais” ocorreu em 1986 pela Portaria CENESP/MEC
n. 69. Essa troca de nomenclatura, contudo, nada significou na interpretação das
pessoas sobre os quadros de deficiência e, mesmo, na inclusão dos alunos nas
escolas.
A Constituição Brasileira de 1988, no capítulo III, da Educação, da Cultura e
do Desporto, Artigo 205, prescreve que “A educação é direito de todos e dever do
Estado e da Família”. Em seu Artigo 208, prevê que “[...] o dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a garantia de: [...] atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino”. (BRASIL, 1988)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) mais recente – Lei n.
9394 de 20/12/96 – conceitua e orienta a abordagem inclusiva para os sistemas de
ensino, dedicando o capítulo V à Educação Especial. Esta também estabelece, no
artigo 59, que “os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais: Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específica, para atender às suas necessidades.” (BRASIL, 1996).
31

Segundo a LDB – Lei de Diretrizes de Base da Educação, Resolução 2/2001-


SNE/CEB e parecer17/2201-CNE-CEB, em seu art. 58 diz: ‘’Entende-se por
Educação Especial, para os efeitos desta lei, modalidade de educação escolar,
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores
de necessidades especiais.
O capítulo V, sendo que esse se compõe de três artigos. O artigo 59
determina que os sistemas de ensino devem assegurar a forma adequada a
organização de trabalho pedagógico com o objetivo de atender as necessidades
específicas previstas nestes incisos.
O artigo 60 refere-se aos atributos dos órgãos normativos dos sistemas de
ensino a definição de critérios para apoio técnico e financeiro do Poder Público as
entidades sem fins lucrativos exclusivamente dedicados a Educação Especial,
porém, que, qualquer caso, a alternativa preferencial será a ampliação do
atendimento na própria rede regular de ensino.

4.2 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

No ano de 1994, em Salamanca, na Espanha, reuniram-se em assembléia os


delegados da Conferência Mundial de Educação representando 88 governos e 25
organizações internacionais.
Nessa conferência, foi reafirmado o compromisso com a educação para todos
e elaborado um documento, a Declaração de Salamanca, que apresenta metas de
Ação na sociedade inclusiva.
A Declaração de Salamanca é considerada um marco na documentação em
favor da educação inclusiva, entendendo que as escolas devam buscar formas de
educar os portadores de necessidades especiais no sentido de modificar atividades
discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de promover uma sociedade
inclusiva:

(...) o princípio norteador deste Enquadramento de Ação consiste em


afirmar que as escolas devem se ajustar a todas as crianças,
independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas e
outras. Neste conceito terão de incluir-se crianças com deficiências ou
superdotadas, crianças de ruas ou crianças que trabalham, crianças de
populações remotas ou nômades, de minorias lingüísticas, étnicas ou
culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais (...).
32

(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E LINHA DE AÇÃO SOBRE


NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS, 1994, p.16)

Esta declaração foi aprovada a partir de uma conferência em Salamanca, na


Espanha, entre 07 e 10 de junho de 1994, onde reuniram-se mais de 300
representantes de 92 governos e de 25 organizações internacionais, todos com o
mesmo ideal: “promover a educação para todos”, partem do princípio de integração,
em que as instituições incluem todo mundo, reconhecendo suas diferenças,
atendendo as necessidades de cada um e conseqüentemente promovendo
aprendizagem.
Tal documento traz várias recomendações para educadores e a sociedade
em geral (cujo intuito é promover a inclusão na educação):
Cremos e proclamamos que:  As pessoas com necessidades educativas
especiais devem ter acesso as escolas comuns que deverão integrá-las numa
pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades;
As escolas comuns, com essa orientação integradora representam o meio
mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades
acolhedoras, construir uma sociedade integradora e de dar educação para todos,
além disso, proporcionam uma educação efetiva a maioria das crianças e melhoram
a eficiência e certamente a relação custo benefício de todo sistema educativo”
(p.10).
O item nº 15 desta declaração coloca que:

[...] a Educação integrada e a reabilitação apoiada pela comunidade


representam dois métodos complementares de administrar o ensino a
pessoas com necessidades educativas especiais. Ambas se baseiam no
princípio da integração e participação e representam modelos bem
comprovados e muito eficazes em termos de custo para fomentar a
igualdade de acesso das pessoas com necessidades educativas especiais,
que faz parte de uma estratégia nacional, cujo objetivo é conseguir
educação para todos (p.29).

Quanto à questão do conhecimento o item nº 30 estabelece que “a aquisição


de conhecimento não é apenas uma simples questão de instrução formal e retórica”.
O conteúdo do ensino deve atender as necessidades do indivíduo, a fim de
poderem participar plenamente no desenvolvimento. A instrução deve ser
relacionada com a própria experiência dos alunos e com seus interesses concretos,
para que assim se sinta, mais motivados.
33

Se, por um lado, o acesso dos portadores de necessidades educacionais


especiais às escolas regulares cresce a cada ano, por outro, ainda são precárias as
instalações físicas, a oferta de material didático-pedagógico e a capacitação de
professores para efetivar uma educação inclusiva. Segundo Colluci (2004), o
problema não é falta de recursos, pois há verbas federais e de organismos
internacionais para projetos que promovam a inclusão da criança com deficiência
nas escolas. O país é riquíssimo em leis que protegem as crianças com
necessidades especiais, mas falta sensibilidade para alguns gestores da educação,
como também ainda há preconceito e medo.
A história mostra que os conceitos e práticas relacionadas ao atendimento de
pessoas com necessidades educacionais especiais têm evoluído no decorrer dos
tempos. Entretanto, o termo inclusão é recente, tendo em vista que o movimento da
inclusão ganhou ímpeto sem precedentes no início da década de 90.
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), o princípio fundamental
da escola inclusiva consiste na aprendizagem mútua, baseada na cooperação, ou
seja, todas as pessoas deveriam aprender juntas, independentemente de suas
diferenças, a fim de serem preparadas para uma vida produtiva como membros
plenos da sociedade.
As escolas, com base neste princípio, precisam reconhecer e responder às
necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e
ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para todos. Para
isto, há a necessidade de currículos apropriados e adaptados para cada
necessidade, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos
diferenciados. Isto deixa claro que as escolas, para serem inclusivas, tanto precisam
se modificar no que for necessário para assegurar uma educação de qualidade
quanto fazer parceria com a comunidade.
Para Stainback; Stainback (1999, p. 11), uma escola inclusiva

(...) é aquela que educa todos os alunos em salas de aulas regulares.


Educar todos os alunos em salas de aulas regulares significa que todo
aluno recebe educação e freqüenta aulas regulares. Também significa que
todos os alunos recebem oportunidades educacionais adequadas, que são
desafiadoras, porém ajustadas às suas habilidades e necessidades,
recebem todo o apoio e ajuda de que eles e seus professores possam, da
mesma forma, necessitar para alcançar sucesso nas principais atividades.
(...) Ela é um lugar do qual todos fazem parte, em que todos são aceitos,
onde todos ajudam e são ajudados por seus colegas e por outros membros
da comunidade escolar, para que suas necessidades educacionais sejam
satisfeitas.
34

4.3 RENOVAÇÃO DA ESCOLA

Amparados por lei, os educandos portadores de necessidades educativas


especiais devem freqüentar e fazer parte do ensino regular, da escola. Para tanto,
há muitas pessoas preocupadas na inclusão desses educandos e exigem do ensino
uma reforma, uma reestruturação e conseqüentemente uma renovação nas escolas.

A reforma abrangente da escola envolve dois componentes. O primeiro é


uma visão firme de como as escolas poderiam e deveriam ser. A exigência
primordial é conseguir imaginar as escolas de outra maneira - não -
estratificadas pela capacidade, não apegada a um currículo fixo, bem
equipadas, com professores inovadores e engajados, bem apoiados. Mas o
segundo componente essencial de uma ampla reforma escolar, em
oposição a uma inovação do programa ou a alguma improvisação da
escola, e uma agenda compartilhada, o entendimento de que o ajuste da
escola, a algumas crianças, deve significar o ajuste da escola para todas as
crianças (SAPON-SHEVIN, 1995, citado por SCHAFFNER;BUSWELL,
1997, p. 69).

A inclusão não se refere apenas aos alunos com deficiência, mas a todos, e
este é o desafio enfrentado por alunos, por educadores e pela escola, em
desenvolver e praticar um trabalho coletivo, sem fragmentação, para melhor atender
as diferentes necessidades dos alunos.
Para atingir o sucesso da inclusão as escolas devem transformar-se em
comunidades conscientes. Sergiovanini (1994) citado por Costa (2005, p. 3) ,
descreveu a importância da comunidade para o ensino.

A comunidade é o vínculo que une os alunos aos professores de maneira


especial, há algo mais importante do que eles próprios: Valores e ideais
compartilhados. Eleva tanto os professores quanto os alunos a níveis mais
elevados de auto conhecimento, de compromisso e de desempenho - além
do alcance dos fracassos e das dificuldades que enfrentam em suas vidas
cotidianas. A sua comunidade pode ajudar os professores e os alunos a
serem transformados de uma coleção de "eus", em um "nós" coletivo,
proporcionando-lhes assim um sentido singular de identidade, de pertencer
ao grupo e a comunidade.
35

Desta forma o trabalho coletivo proporciona oportunidades de convivência, de


amizade, de aprender maneiras prazerosas, de estar juntos e crescer
academicamente.  Na renovação da escola “todos” possuem o seu papel de
contribuir para a educação, alunos, professores, zeladores, diretores, etc, enfim
todos que fazem parte da escola, pois a “educação acontece no contato com os
outros, e as potencialidades e facilidades das pessoas moldam a extensão e a
textura do crescimento de cada um de nós”.

5 ESCOLA INCLUSIVA

A escola inclusiva é um espaço para todos, ou seja, exige um sistema


educacional que reconheça e se prepare para atender as diferenças
individuais, respeitando as necessidades de todos os alunos, sejam elas
físicas, psíquicas, emocionais, econômicas e sociais. Deve-se pensar não
somente em incluir o aluno nas classes regulares, e sim ajudá-lo aos
demais, bem como os professores, principalmente integrá-los no processo
de aprendizagem. (CARVALHO, 1998, p.170)

Segundo Fonseca, “[...] o sistema de ensino terá de equacionar o deficiente


como um ser humano possuidor de um potencial de aprendiz de um perfil intra-
individual e de um repertório de comportamento que tem de ser maximizado e
otimizado pelo próprio processo educacional”. (1995, p.202)

5.1 ESPAÇO ESCOLAR (FÍSICO E ATITUDINAL)

Conforme Carvalho (1998, p.179 a 186), quando falamos em espaço escolar,


devemos considerar todo o espaço físico, como sala e demais dependências e
também as atitudes que transitam cotidianamente no interior da escola. Este é um
espaço muito complexo, pois envolvem toda a equipe de infra-estrutura
administrativa, pedagógica, alunos e outros que participam diretamente ou
indiretamente da escola como uma esfera municipal, estadual e federal. No
momento enfocaremos o espaço escolar físico quando se pensa em propostas
inclusivas, logo vemos que para concretizá-las, precisamos de um espaço adequado
36

para tal. Não basta colocar o aluno com necessidades educativas especiais na rede
regular de ensino, quando esta não lhe oferece as condições básicas para a sua
permanência e acessibilidade, como rampas bom calçamento, dimensões das
portas, banheiros, sinalizações, etc, estes e vários outros aspectos físicos dificultam
bastante o êxito destas propostas, bem como a presença de um profissional como
facilitador   do incluso para dar suporte ao processo.
Quanto à dimensão atitudinal, esta é responsável pela condução de
processos decisórios relativos à educação escolar de todos os alunos. Ainda hoje
muitos gestores e docentes, olham o aluno portador de necessidade educativas
especiais, com uma visão reducionista e mecanista e que por decisões superiores,
eles devem estar fisicamente incluídos na escola comum, por isso acham que
somente colocando-os no mesmo espaço, estarão atendendo as suas propostas de
inclusão, um erro, eles precisam estar também no espaço atitudinal.
Os próprios professores que atuam na educação especial, sentem-se
excluídos do processo pedagógico, não são solicitados para reuniões que
acontecem nas escolas e na Secretaria de Educação, persistentes ainda em separar
os professores da rede regular de ensino e os da Educação Especial, pois os do
ensino regular também não são solicitados a participar, passando por cima de uma
situação real que envolve não só o espaço escolar especial, e sim toda a sociedade.
Ambos precisam caminhar juntos, formando parcerias.

5.2 QUEM SÃO OS ATORES E AUTORES DESSE ESPAÇO ESCOLAR?

Os atores que participam do espaço escolar são muitos, alguns do lado de


fora, outros do lado de dentro da escola, enquanto apenas uma minoria se
pode dizer que são os autores deste processo. Considerando-se os
principais atores, os alunos, os professores, enfim todo o corpo de
funcionários existentes dentro da escola. A denominação de autores e
atores é dada, devido a um pequeno grupo somente ter o; poder; de decidir
o sistema de ensino da escola toda Dificilmente encontra-se nos intramuros
da organização escolar uma união onde discutem, opinam e decidem juntos
qual o rumo a seguir para fazer uma melhoria na educação de todos, sem
distinção. (CARVALHO, 1998, p.189-190)
37

5.2.1 Fundamentos do Ensino Inclusivo

“O ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos, independentemente de


seu talento, deficiência, origem sócio-econômico, ou origem cultural em escolas e
salas de aulas provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”
(STAINBACK, 1999, p.21).
Conforme o autor, as crianças com deficiência, terão uma chance de
preparar-se para a vida social e até profissional com mais facilidades e menos
preconceitos.
Os benefícios do ensino inclusivo são muitos pois envolve os alunos, os
professores e a sociedade em geral, enfim todos que participam direta ou
indiretamente da escola. Nos ambientes integrados as crianças portadoras de
deficiência desenvolvem com ajuda dos demais, a amizade, a compreensão e o
respeito, as diferenças individuais, além de ganharem habilidades acadêmicas e
sociais através da interação professor e aluno, aluno professor. Geralmente
alcançam preparação para viver em comunidade e não isoladas como nas turmas
segregadas. Para os professores, os benefícios vêm do aperfeiçoamento e do
desenvolvimento das suas habilidades profissionais.
Sem dúvida a razão mais importante para o ensino inclusivo é o valor social
da igualdade, apesar das diferenças individuais, todos nós temos direitos iguais ao
contrário da idéia que passa a segregação. Devido a isto, a sociedade é beneficiada
por várias formas, pelas propostas da inclusão, ou seja, cria-se um pensamento
mais avançado de aceitação social, paz, cooperação e respeito entre todos.

5.3 O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O papel a ser representado pelo professor no cotidiano de uma classe


inclusiva, requer diferentes manifestações. Enquanto alguns enfatizam sua
capacidade pedagógica diferenciada como pré-requisito para encarar a diversidade
no processo ensino aprendizagem, outros colocam que a maior função do professor
em sala de aula não é tanto passar um conteúdo específico, mas sim desenvolver
38

relacionamento, cidadania e independência, um conteúdo acadêmico mínimo que


necessita ser comprido em cada etapa da escolarização, argumentando-se que um
professor preparado para lidar com a diversidade e individualidade não terá grandes
dificuldade em transmitir qualquer conteúdo a seus alunos. Portanto por outro lado,
um professor preparado apenas para transmitir conteúdo, sem saber lidar com a
diversidade e a individualidade, nem sempre conseguirá transmitir o seu conteúdo
programático, mesmo que não tenha alunos com necessidades especiais em sua
classe.
O professor deve aprender a planejar suas aulas de maneiras diversificadas,
para que cada aluno tenha oportunidades e possibilidade de participação e, ao final
contribua para a aprendizagem geral do grupo. Independente da composição da
turma, o professor deve ser capaz de preparar e coordenar as atividades em sala de
aula, imprimindo às mesmas uma dinâmica mais compatível com a realidade social
e menos enfadonha para os alunos. Além disso, em uma aula inclusiva atividades de
caráter comparativo e competitivo devem ser substituídas por aquelas que
incentivem a cooperação entre os alunos.
O professor que se propunha a atuar efetivamente com uma perspectiva
inclusiva, deve ser um pesquisador de sua própria prática, pois só assim ele poderá
construir novos paradigmas de educação, desenvolvimento e aprendizagem. Nesse
sentido o professor, ao iniciar seu trabalho diário, deve sempre se perguntar: “O que
preciso fazer para que o aluno X, que tem uma deficiência/ dificuldade Y, possa
aprender o conteúdo programado, como os demais?” “Será que estou falando/
mostrando faz sentido para ele? Será que ele partilha dos mesmos significados que
a maioria dos outros alunos?” Este simples exercício investigativo ilustra como se
pode lidar no cotidiano com a diversidade, pois terá a ênfase e a responsabilidade
em aprender do aluno e focaliza nos procedimentos de ensino, beneficiando a turma
toda, não só o aluno considerado” especial” Nesse sentido, os saberes acumulados
da Educação Especial têm que ser compartilhado professores e demais educadores
do ensino regular, sempre que qualquer aluno com algum tipo de deficiência ou
dificuldade específica chegue na escola. Como ele aprende, e o que ele precisa para
aprender? São as principais questões que a professora terá que desvendar, antes
de planejar qualquer atividade para ele. No entanto acreditam que na prática
cotidiana muitas vezes a adaptação é a única fora de estimular o aluno e promover
algum tipo de aprendizagem; principalmente porque ele já vem com uma história de
39

fracasso escolar. Se a sua inserção na classe regular não lhe garantir algum nível de
sucesso, mesmo que o que lhe seja cobrado seja diferente dos demais, ele se
tornará mais frustrado ainda e a sua situação escolar poderá ser a aversiva.
Na escola inclusiva, os professores precisam de todo o apoio para que
alcancem sucesso em suas atividades; todos os alunos são aceitos; e todos ajudam
e são ajudados. Consideram-se relevantes os três aspectos apontados acima
porque se tem a concepção de que para a criação de uma escola de qualidade para
todos – independente de o aluno ser ou não portador de necessidades educacionais
especiais – exige: que se dêem apoio e preparação ao professor, que todos
compreendam, aceitem e valorizem a diversidade e que todos contribuam de acordo
com as suas possibilidades.
As colocações anteriormente apresentadas sobre inclusão, educação
inclusiva e escola inclusiva explicitam que a inclusão escolar significa muito mais do
que a matrícula de portadores de necessidades educacionais especiais em escolas
regulares.
É uma possibilidade que se abre para o desenvolvimento e para o beneficio
de todos os alunos com e sem deficiência nas escolas regulares de ensino, trazendo
consigo um conjunto de fatores para que todos possam ser inseridos totalmente na
sociedade em todos os seus segmentos: trabalho, lazer, saúde, etc.
Para que haja a transformação das instituições de ensino em espaço de
inclusão, cada membro da comunidade escolar deve dar a sua contribuição. Assim,
se à escola cabe a responsabilidade de se adaptar às necessidades de cada aluno,
à comunidade, em especial à família, cabe participar ativamente desse processo.
Os alunos portadores ou não de necessidades educacionais especiais, por
sua vez, igualmente precisam contribuir, cada qual de acordo com suas
possibilidades.
A inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino
especializado ao aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão
revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior: o que recai sobre o fator
humano. Os recursos físicos e os meios materiais para efetivação de um processo
inclusivo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas
atitudes e formas de interação na escola, exigindo uma nova postura diante da
aceitação das diferenças individuais, da valorização de cada pessoa, da convivência
dentro da diversidade humana e da aprendizagem por meio da cooperação.
40

Morin (2000, p. 52) descreve que as interações entre indivíduos produzem a


sociedade que, por sua vez, testemunha o surgimento da cultura e que retroage
sobre os indivíduos pela cultura:

A complexidade não poderia ser compreendida dissociada dos elementos


que a constituem: todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa
o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações
comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana.

Ainda afirma Morin (2000, p. 52):

[...] cabe à educação do futuro cuidar para que a espécie humana não
apague a idéia de diversidade e que a da diversidade não apague a da
unidade. Há uma unidade humana. Há uma diversidade humana. A unidade
não está apenas nos traços biológicos da espécie Homo sapiens. A
diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais, sociais do
ser humano.

Existe também diversidade propriamente biológica no seio da unidade


humana; não apenas existe unidade cerebral, mas mental, psíquica afetiva,
intelectual; além disso, as mais diversas culturas e sociedades têm princípios
geradores ou organizacionais comuns. É a unidade humana que traz em si os
princípios de suas múltiplas diversidades. Compreender o ser humano é
compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade. É preciso
conceber a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno. A educação deverá ilustrar
este princípio de unidade/ diversidade em todas as esferas.
Na diferença ou na adversidade, não estão somente as minorias ou as
crianças com deficiência. Essa seria, talvez, a diversidade mais marcante porque
falar de diversidade é falar de coletivo, sendo que, no interior desse coletivo,
também existem muitas diferenças individuais - uma criança cega, por exemplo, não
se iguala a outra - ou seja, as diferenças constituem uma condição inerente a
qualquer ser humano.
Assim, existem necessidades educacionais individuais que requerem que se
proporcione uma série de recursos e apoios de caráter mais especializado e que
justifiquem a modificação do contexto onde a criança se desenvolve e aprende.
Nesse caso, é preciso modificar a prática educativa, a organização da escola, da
sala de aula, e também ter muito presente a importância do clima afetivo ou
emocional para que o aluno aprenda e se desenvolva adequadamente. Isso mostra
que as necessidades educacionais especiais não se definem pela origem do
41

problema: definem-se pelo tipo de resposta educativa e pelo tipo de recursos, de


ajudas a serem proporcionadas. Mostra, também, que o conceito de necessidades
especiais abriu um leque muito mais amplo de conceitos e posturas a serem
tomadas.
42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo principal, analisar o processo ensino-


aprendizagem de alunos portadores de necessidades educativas especiais inclusas
na rede regular de ensino em comparação aos alunos sem necessidades especiais.
Para tanto necessitou-se primeiramente resgatar o significado de
inclusão/integração que segundo Sassaki, integração significa “inserção da pessoa
deficiente preparada para conviver na sociedade”, já inclusão “é a modificação da
sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar
seu desenvolvimento e exercer a cidadania” (1997, p.43)
Após análise do conceito de inclusão chegou-se a conclusão de que a escola
precisa se reestruturar na sua política educacional para trabalhar as diversidades de
seus alunos com ou sem deficiência. Fato que não era exigido no movimento
integracionista. Portanto o conceito e extensão do significado de inclusão deve ser
mais explorada pelos profissionais da educação.
É importante ressaltar a diferença entre a necessidade especial e
necessidade educativas especiais, pois elas marcam, uma diversidade entre o
alunado a ser respeitado e trabalhado. Necessidade Especial segundo Carvalho
“podem ser considerados como exigências de um indivíduo, em decorrência da falta
ou da privação nas condições orgânicas ou psicológicas, estruturais ou funcionais,
que manifesta-se no cotidiano” (1998, p.105). Ao se referir a escolarização, utiliza-se
o termo pessoa portadora de necessidades educativas especiais, onde indica que
elas se manifestam no âmbito da educação, apresentam problemas na
aprendizagem. Ou seja, nem toda pessoa com necessidades especiais apresenta
uma necessidade educativa especial, e quando apresentar precisa ser analisado sob
o ponto de vista do ensino aprendizagem e não clínico / médico como consta na
história.
Constata-se em pesquisa bibliográfica as categorias das deficiências, onde
cada uma provoca uma particularidade em especial, ou seja, uma necessidade
especial que pode exigir uma necessidade educativa especial. A escola recebe a
todos e deve prever no seu plano político pedagógico quais as diretrizes que deve
43

tomar com esses alunos em todos os sentidos. Para isto necessita-se que a escola
seja inclusiva, onde haja um espaço para todos exigindo um sistema educacional
que reconheça e se preocupe para atender as diferenças individuais respeitando as
necessidades de todos os alunos, tanto físicas, psíquicas,emocional,econômica e
social. A escola deve portanto, incluir o aluno não somente na s classes regulares,
fisicamente isso seria integração, mas incluí-lo e integrá-lo junto aos demais no
processo das relações sociais e no processo de aprendizagem, promovendo uma
interação nas relações do indivíduo com o grupo social que esta inserido, bem como
uma interação adequada com o objeto de aprendizagem.
Logo uma necessidade constatada através desta pesquisa, quanto a inclusão
escolar em nível de integração, seria promover meios pedagógicos educacionais
para aproximar os alunos e melhorar a qualidade da relação interpessoal dentro e
fora da sala de aula. Trabalho este muito bem explorado no livro Inclusão Um Guia
Para Educadores.
Para que a inclusão escolar seja real o professor da classe regular deve
estar sensibilizado e capacitado (tanto psicológica quanto intelectualmente) para “
mudar sal forma de ensinar e adaptar o que vai ensina ” para atender ás
necessidades de todos os alunos ,inclusive de alguns que tem maiores dificuldades.
Embora o tema não tenha sido, propriamente a formação de professores,
passamos muito tempo falando sobre isso, porque não se pode discutir sobre o
aluno especial sem discutir a formação do professor. Sob esse aspecto, considerou-
se que “estamos na situação de resolver reformar o avião em pleno vôo”,pois não se
pode fechar as escolas para reciclar os professores, mas “os alunos com deficiência
estão chegando hoje na sala regular,e a maioria esmagadora dos professores não
sabe o que fazer com eles”.
Os cursos ou programas de formação e capacitação docente ao mesmo
tempo em que precisam dar condições efetivas para que o professor trabalhe de
imediato com seus alunos, “não podem ser uma capacitação voltada apenas para
questões pontuais (tipo receita-de-bolo) e sim proporcionar aprofundamento teórico-
metodológicao” (que a maioria dos professores tanto do ensino regular quanto
especial, não tem)” que lhe permita se transformar em um professor que posso
refletir e re-significar sua pratica pedagógica pata atender á diversidade do seu
alunado”.
44

Tendo sido que o professor tenha “tempo para planejar, analisar e pesquisar
sobre sua prática”. Porem, essa transformação do papel e atividade do professor só
pode ser alcançada com o envolvimento dos gestores ou lideranças tanto da própria
escola quanto do sistema escolar. E apoio das Secretarias de Educação tanto a
nível municipal ou estadual: “inclusão só acontece quando há suporte de recursos
materiais e humanos das Secretarias, seja municipal ou estadual” ainda relacionado
a este aspecto foi visto que para o sucesso de uma proposta de educação inclusiva
do aluno D.A é fator determinante um sistema de apoio para lidar com “ as
necessidades especiais não só do aluno, mas também do professor da classe
regular”. Este sistema de suporte deve estar disponível na própria escola com
profissionais capacitados em educação inclusiva. Considera-se este ponto de maior
relevância, pois para que haja aproveitamento de alunos com deficiência incluídos
em classes regulares precisamos formar novo tipo de educador. Como lembra
Bueno (1999), de um lado os professores do ensino regular não possuem preparo
mínimo para trabalhar com as crianças que apresentam deficiência evidentes, por
outro, grande parte dos professores do ensino especial tem pouco a contribuir com o
trabalho pedagógico desenvolvido no ensino regular, na medida em que tem calcado
e construído sua competência nas dificuldades especificas do alunado que atende.
Não é uma simples questão do professor de Educação Especial ditar ao
professor da classe regular como trabalha com esse aluno. Se não for desenvolvida
uma dinâmica de trabalho integrado, “(estaremos criando um sistema especial
dentro da escola regular, isto não é educação inclusiva). Por exemplo, o apoio
pedagógico individual aos alunos com deficiência auditiva em horários alternativos,
como mostrado em alguns relatos, não podem se tornar uma nova” sala de
recursos” que substitui a aprendizagem na sala regular, pois é justamente isso que
faliu o modelo de integração. Da mesma forma, o professor de apoio na sala de aula
não pode ser um professor particular para aquele aluno que explica a matéria para
ele, enquanto a professora regente dá aula para o resto da turma.
O trabalho integrado deve colaborar na formação de novos conceitos e
valores, onde o centro do interesse é o aluno.
A interação professor/aluno/turma, deve acontecer naturalmente com o
professor sempre voltado as necessidades individuais de cada ser, pois cada um é
único, sendo ou não PNE.
45

Inclusão escolar implica apostar em uma política educativa que assegure a


atenção à diversidade como eixo central e que isso se verifique em todas as etapas
educativas, para a vida toda. Como diz o informe da UNESCO (apud MORIN, 2000)
para a educação para o século XXI, é preciso “aprender a aprender” durante a vida
toda e de maneira inclusiva.
A inclusão implica uma transformação considerável no espaço escolar.
Implica quebrar e vencer paradigmas, buscar atender à diversidade humana com
ajuda de recursos materiais, humanos e financeiros. O desafio é conseguir quebrar o
esquema de homogeneidade.
Concluí-se que o processo ensino-aprendizagem dos alunos Portadores de
Necessidades Educativas Especiais encontra-se comprometido devido á precária
relação social, ao não acesso aos currículos e nem a sua adaptação necessária o
para o atendimento e compreensão de conteúdos estabelecidos, necessários para a
qualidade de vida, pois se constatou através da pesquisa bibliográfica que a inclusão
somente obterá sucesso quando a escola analisar, compreender e saber trabalhar
em conjunto de maneira flexível, respeitando o tempo e as diferenças que cada
pessoa possui.
46

7 BIBLIOGRAFIA

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1986.
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, de 20 de
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Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

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Democrática: um espaço para as diferenças, Módulo III. Florianópolis: IOESC,
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WERNECK, Cláudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre as pessoas com


Síndrome de Down. Rio de Janeiro: WVA, 1993.

______. Um amigo diferente? Rio de Janeiro: WVA,1996.


48

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 1
2 PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS.........................................................7
2.1 CATEGORIAS.................................................................................................................................. 7
2.1.1 Deficiência Mental......................................................................................................................... 7
2.1.2. Deficiência Auditiva.................................................................................................................... 10
2.1.3 Deficiência visual......................................................................................................................... 12
2.1.4 Deficiência Física........................................................................................................................ 13
2.1.5 Autismo........................................................................................................................................ 14
2.1.6. Síndrome de Down..................................................................................................................... 15
2.1.7 Superdotação ou Portadores de Altas Habilidades.....................................................................16
2.1.8 Hiperatividade.............................................................................................................................. 17
3 CONCEITUANDO INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO...........................................................................20
3.1 INCLUSÃO SOCIAL...................................................................................................................... 21
3.2 DEFININDO OS CONCEITOS INCLUSIVOS.................................................................................25
3.2.1Autonomia, Independência, Empowerment (Emponderamento)..................................................27
3.2.2 Equiparação de Oportunidade..................................................................................................... 28
4 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO............................................................................................................ 30
4.1 LDB E CONSTITUIÇÃO FEDERAL............................................................................................... 30
4.2 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA................................................................................................ 31
4.3 RENOVAÇÃO DA ESCOLA......................................................................................................... 34
5 ESCOLA INCLUSIVA...................................................................................................................... 35
5.1 ESPAÇO ESCOLAR (FÍSICO E ATITUDINAL).............................................................................35
5.2 QUEM SÃO OS ATORES E AUTORES DESSE ESPAÇO ESCOLAR?......................................36
5.2.1 Fundamentos do Ensino Inclusivo............................................................................................... 37
5.3 O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA..........................................................37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................. 42
7 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................. 46

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