Desenvolvimento Da Linguagem Escrita
Desenvolvimento Da Linguagem Escrita
Desenvolvimento Da Linguagem Escrita
LINGUAGEM ESCRITA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz
Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli
Profa. Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof. Ivan Tesck
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
370.14
Z82d Zitzke, Bethânia Coswig
Desenvolvimento da Linguagem Escrita/
Bethânia Coswig Zitzke; Otilia Lizete de Oliveira Martins Heinig.
Indaial : UNIASSELVI, 2016.
173 p. : il.
ISBN 978-85-69910-21-3
1. Linguagem e Comunicação
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Bethânia Coswig Zitzke
PUBLICAÇÕES:
HEINIG, O. L. O. M.; FRITZEN, M. P.; ZITZKE, B. C. Nós: amarras entre
pesquisa, extensão e ensino no campo da linguagem. Revista de Cultura e
Extensão, v. 1, p. 31-36, 2009.
ZITZKE, B. C. Um levantamento de metáteses na fala de crianças em fase
de aquisição de linguagem. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 125, n.0, p. 219-227,
2001.
HEINIG, O. L. O. M.; FRITZEN, M. P.; ZITZKE, B. C. A linguagem que
permite diálogos entre pesquisa, extensão e ensino. In: Neide de Melo Aguiar
Silva; Rita Buzzi Rausch. (Org.). Extensão Universitária: movimentos de
aproximação entre sociedade e universidade. Blumenau: EDIFURB, 2010, v. 1,
p. 41-53.
LUEDTKE, Andresa; ATANASIO, C. L. I.; MELO, M. P. de; FRITZEN, M. P.;
ZITZKE, B. C.; LUEBKE, J. Narrativas de alunos do ensino fundamental
II: reflexões a partir do projeto Letras Português do PIBID. In: Jornada de
Linguagem, 2013, Florianópolis. Anais da Jornada de Linguagem. Florianópolis:
Editora da UDESC, 2013.
MOREIRA, E. M.; BERNARDO, S.; FRITZEN, M. P.; ZITZKE, B. C.
Subprojeto Letras Português: diagnóstico de narrativas do ensino fundamental II.
In: Jornada de Linguagem, 2013, Florianópolis. Anais da Jornada de Linguagem.
Florianópolis: Editora da UDESC, 2013.
APRESENTAÇÕES DE TRABALHO:
ZITZKE, B. C.. PIBID e currículo: desafios na construção de
subjetividades. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).
ZITZKE, B. C. Comissão de Verificação - Conselho Estadual
de Educação do Estado de Santa Catariana das Condições de
funcionamento do Curso de Letras- Habilitação em Português e
Alemão - UNOESC. 2000. Universidade do Oeste de Santa Catarina.
APRESENTAÇÃO���������������������������������������������������������������������������� 7
CAPÍTULO 1
O Paradigma Construtivista e o Paradigma Fonológico �������� 9
CAPÍTULO 2
Linguagem Escrita e Consciência Fonológica
na Educação �������������������������������������������������������������������������������� 47
CAPÍTULO 3
Fatores Socioculturais no Processo de Aquisição
da Linguagem Escrita������������������������������������������������������������������ 75
CAPÍTULO 4
Dificuldades na Linguagem Escrita�����������������������������������������111
CAPÍTULO 5
A Função da Escrita na Vida do Sujeito��������������������������������� 145
APRESENTAÇÃO
O poeta Mário Quintana ganhara uma pintura de bolso, de 6cm x 4cm, e,
ao agradecer ao pintor, justificando porque não havia aceito um quadro grande,
afirmou: “Elias, me desculpe e acredite. Eu não tenho paredes. Só tenho
horizontes...”1.
1 FONSECA, J. Ora bolas. O humor de Mário Quintana. 4. ed. Porto Alegre: L&PM, 2011,
p. 17.
à prisão perpétua”2. Prisões não combinam com novos horizontes! Portanto,
venha conversar conosco no desenrolar destas páginas, refletir sobre sua prática
e experimentar estes novos horizontes!
As autoras.
10
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Contextualização
Os números e resultados sobre a alfabetização no país têm motivado
profissionais das áreas da educação, linguística e psicologia a pesquisarem
soluções para os problemas que surgem no período de desenvolvimento da
escrita.
Panorama Teórico
Por que pensamos em um panorama teórico? Para compreender os
movimentos e mudanças que têm ocorrido no campo educacional, é necessário
buscar os grandes motivadores dessas mudanças. Quem são e o que o pensam.
Qual a força de suas teorias, de seus conceitos e por que chegam a causar
mudanças nas perspectivas educacionais de um país.
Nesta seção não se pretende esgotar o tema e nem caberia, mas você terá
condições de compreender os paradigmas propostos e, também, pensar sobre
11
Desenvolvimento da linguagem escrita
sua prática. Acreditamos que muitos dos problemas que envolvem tais paradigmas
resultam justamente do fato de que métodos e teorias são impostos sem que se
conheçam e estudem as bases teóricas. Então, vamos conhecer um pouco mais!
O Paradigma Construtivista
Pensar não se reduz, acreditamos, em falar, classificar
em categorias, nem mesmo abstrair. Pensar é agir
sobre o objeto e transformá-lo.
Jean Piaget.
12
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
13
Desenvolvimento da linguagem escrita
Fonte: As autoras.
14
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
15
Desenvolvimento da linguagem escrita
Isso quer dizer que, quando uma criança chega na escola, ela já está em
contato com a leitura e a escrita, e, portanto, já vem desenvolvendo algumas
hipóteses do que significa ler e escrever, mesmo antes de ser colocada
formalmente numa sala de aula para que seja alfabetizada. Essa experiência
prévia pode ocorrer tanto nos meios escolares como nos outros meios de
circulação do aluno.
16
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
17
Desenvolvimento da linguagem escrita
Como a criança já definiu o que é escrita e o que é desenho, nesta fase, ela
passa a refletir sobre as características formais da escrita, o que exige um grande
esforço intelectual. Ferreiro (1985) descreveu dois critérios de diferenciação
estabelecidos pelas crianças, o intra-figura e o inter-figura.
18
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
19
Desenvolvimento da linguagem escrita
e à escrita, como direção, quais são as letras e quais são os números, quais os
sinais de pontuação.
A criança ainda Pré-silábico – a criança ainda não compreende a escrita como uma
não compreende a representação dos sons da fala, por isso, utiliza-se de desenhos,
escrita como uma rabiscos e grafismos. As representações estão relacionadas às
representação dos
imagens dos objetos e não ao nome. Este processo é chamado de
sons da fala.
realismo nominal.
20
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Segundo Ferreiro (1985, p. 12), a fase silábica evolui até chegar a uma
exigência rigorosa “uma sílaba por letra, sem omitir sílabas e sem repetir letras”.
No entanto, todo o rigor e estabilidade alcançados nesta etapa acabam criando
21
Desenvolvimento da linguagem escrita
Este processo foi nomeado por Ferreiro como conflito cognitivo. Quando o
aprendiz é questionado por um adulto – geralmente um educador ou pesquisador
– quanto a um conceito ou fase de escrita, ocorre um desequilíbrio cognitivo.
O objetivo deste procedimento é levar o aluno a avançar no seu processo de
construção da escrita.
Ferreiro (1985, p 13-14) aponta dois problemas que ocorrem nesta fase:
Esta nova percepção, cujo resultado final será a escrita alfabética, também
é geradora de dúvidas e conflitos, pois a criança, ao perceber que há elementos
menores, compondo as sílabas, passa a buscar uma nova forma de representação,
que exige uma nova construção e compreensão do que significam estas novas
unidades (fonemas) e como representá-las.
23
Desenvolvimento da linguagem escrita
• Inexistência da escrita
• Precursores da escrita:
o sistema pictográfico
o recursos de identificação mnemônica
o lexical-silábica
o silábica
o alfabética (KATO, 1999, p. 13).
24
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
25
Desenvolvimento da linguagem escrita
Fonte: As autoras.
Agora que você leu este pequeno texto, vamos pensar um pouco sobre ele e
também sobre o que estudamos até aqui. Não se preocupe em aprofundar neste
momento, pois os conceitos serão retomados nas próximas unidades!
Atividade de Estudos:
26
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Fica evidente que o professor precisa ter uma atitude muito diferenciada
quando opta por desenvolver o seu trabalho com base na teoria apresentada.
Novamente se reafirma que esta teoria oferece uma possibilidade de compreensão
das produções infantis e também do processo de desenvolvimento da escrita. As
interpretações e conhecimentos resultantes dessas compreensões com certeza
geram mudanças didáticas e metodológicas profundas, assim como uma mudança
de postura profissional.
Nosso próximo tema apresentará outra postura teórica, que também nos
auxiliará a refletir sobre o processo de alfabetização e sobre sua prática.
Atividade de Estudos:
27
Desenvolvimento da linguagem escrita
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Paradigma Fonológico
Mais um paradigma!?
28
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Fonte: As autoras.
29
Desenvolvimento da linguagem escrita
Atividade de Estudos:
30
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
31
Desenvolvimento da linguagem escrita
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Soares (2004, p. 96) afirma que o paradigma construtivista, apesar de ter sido
amplamente divulgado e aceito, se tornou hegemônico, sendo desconsiderada
a possibilidade de complementação por paradigmas linguísticos. Como os
resultados obtidos nos sistemas de avaliação não foram positivos, levantou-
se esta possibilidade, pois “[...] a alfabetização não é somente um processo de
conceitualização da escrita, que a psicogênese descreve e explica, mas é também,
e simultaneamente, um processo de apropriação de um objeto linguístico – a língua
escrita, objeto e processo que as ciências linguísticas descrevem e explicam”.
33
Desenvolvimento da linguagem escrita
No final dos anos 80 e início dos anos 90, surge o paradigma do letramento
(para alguns autores seria o paradigma sociocultural). Soares (2004) alerta para
o fato de que, no Brasil, o letramento começa a ser discutido pelas concepções
de alfabetização propostas pela psicogênese. Na teoria, o aprendiz construiria a
escrita através do contato com textos que circulam nas práticas sociais.
34
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Atividades de Estudos:
35
Desenvolvimento da linguagem escrita
36
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Finalmente....
37
Desenvolvimento da linguagem escrita
a leitura de palavras que o leitor não conheça. “Como a escrita é uma habilidade
criativa, construída a partir do alicerce alfabético, ela exige algumas habilidades
precedentes que facilitarão essa complexa criação” (PESTUN et al., 2010, p. 96).
C.(5;10) - Ao ser solicitada a dizer uma palavra parecida com a palavra CADEI-
Exemplo 1: RA, responde: "Cátia", dando a seguinte justificativa: "É porque cadeira começa
com CA e Cátia também começa com CA." (consciência da aliteração).
F. (6;5) - Ao ser solicitada a dizer qual das palavras (BOLO/LEQUE/HOTEL)
Exemplo 2: terminava igual à palavra PASTEL, responde: "hotel", justificando assim sua
resposta: "Porque eu acho que no fim tem o TÉ e TÉ." (consciência da rima).
C. (5;10) - Ao ser solicitada a dizer qual das palavras (FOGO/LÁPIS/BOCA) co-
meçava igual à palavra FOLHA, responde: "fogo", dando a seguinte justificativa:
Exemplo 3:
"Porque folha começa com folha e fogo começa com fogo." (simples detecção da
aliteração).
V (4;11) - Ao ser solicitada a dizer uma palavra parecida com a palavra MATO,
Exemplo 4: responde "tato", justificando assim sua resposta: "Porque mato e tato são iguais."
(simples detecção da rima).
38
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
39
Desenvolvimento da linguagem escrita
Atividades de Estudos:
40
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
41
Desenvolvimento da linguagem escrita
• I – introduzir
• T – trabalhar sistematicamente
• C – consolidar
• R - retomar
Algumas Considerações
Acreditamos que, ao final deste capítulo, você tenha compreendido um
pouco mais sobre os dois paradigmas discutidos e apresentados. No entanto,
é importante salientar que você deve buscar aprofundamento neste conteúdo,
assim como outras leituras. Neste caderno, procuramos selecionar as ideias
principais, pois, em virtude da densidade do tema, seria impossível abranger
todos os aspectos que envolvem estas teorias.
42
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
Referências
ALVES, R. Estórias de quem gosta de ensinar. 8. ed. São Paulo: Papirus,
2001.
43
Desenvolvimento da linguagem escrita
44
O Paradigma Construtivista
Capítulo 1 e o Paradigma Fonológico
45
Desenvolvimento da linguagem escrita
46
C APÍTULO 2
Linguagem Escrita e Consciência
Fonológica na Educação
48
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
Contextualização
No capítulo anterior procuramos esclarecer os principais conceitos e
concepções relacionados aos paradigmas construtivista e fonológico. A partir desta
conceituação, do percurso histórico em que se situaram, trouxemos a reflexão
sobre algumas das implicações dessas teorias nos processos de alfabetização.
49
Desenvolvimento da linguagem escrita
Por essa razão, esta unidade traz o tema das consciências fonêmica,
fonológica e metalinguística. Mas, antes de prosseguirmos, é necessário buscar
apoio em alguns conceitos da linguística.
Exemplo 1:
O que há de diferente entre elas? Você deve ter notado que a diferença
está apenas no primeiro elemento. Pronuncie cada uma delas. Quando falamos,
podemos dizer: o que muda é o primeiro som de cada palavra. As palavras
entre colchetes indicam a pronúncia, são chamadas de transcrição fonética
50
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
(Como nosso propósito é que você compreenda conceitos básicos, faremos uma
transcrição mais simples).
Essa troca, no início das palavras, não é apenas uma troca de sons. Veja o
próximo exemplo:
Exemplo 2:
Atividade de Estudos:
51
Desenvolvimento da linguagem escrita
1. [‘sala] e [‘vala] –
2. [‘tres] e [‘trejs] -
(o “j” representa a semivogal i)
3. [‘mar] e [max] -
(o segundo “r” representa a pronúncia dos cariocas)
4. [‘ver] e [‘ler] –
5. [‘aza] e [‘aʃa] –
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
A habilidade de
identificar os Agora que você já compreendeu o que é um fonema, podemos
sons individuais retomar o conceito de consciência fonológica e introduzir o conceito
das palavras e de consciência fonêmica. Silva (2015, Glossário CEALE) afirma
também manipulá- que ambas consciências estão relacionadas à sonoridade de fala, à
los é chamada percepção das palavras, sílabas e sons. A habilidade de identificar os
de consciência
sons individuais das palavras e também manipulá-los é chamada de
fonêmica.
consciência fonêmica. “Ou seja, o falante é capaz de identificar que
a diferença entre as palavras faca e vaca está no som inicial que é /f/
Um processo em faca e /v/ em vaca, bem como é capaz de identificar e manipular os
no qual estão demais sons dessas palavras” (SILVA, 2015, Glossário CEALE).
envolvidos
a atenção, a
No entanto, cabe salientar que essa habilidade está relacionada
intencionalidade
e domínio de uma ao desenvolvimento da leitura e da escrita. Pesquisas na área da
língua escrita, Psicolinguística e da Psicologia cognitiva têm comprovado que a
especialmente a compreensão da relação entre os fonemas e grafemas passa pelo
alfabética. desenvolvimento da consciência fonêmica. Seguindo esta linha, Scliar-
52
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
53
Desenvolvimento da linguagem escrita
Exemplos:
Ônibus
Configurações das sílabas
1. Ô = V ( vogal)
NI = CV (consoante e vogal)
BUS = (consoante, vogal, consoante)
Má
2
MÁ = CV
Frascos
FRAS = CCVC
3
COS = CVC
Exemplos:
Saúde
54
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
Quais
Tritongo – combinação de uma vogal e duas
4
semivogais na mesma sílaba.
Nos ditongos, nem sempre as semivogais são representadas pelas letras “i”
e “u”. Nos ditongos nasais, a vogal é nasalizada e a semivogal pode ter outras
representações, como, por exemplo: tem, mãe, mão, dançam, também.
• V: a; ú-nico.
• CVC: mar; par-te.
• CCV: pra-to; blo-co.
• CCVC: fres-co; plas-ma.
• CCVCC: trans-porte.
• CVCC: pers-pectiva.
Você deve estar afirmando que não realiza essas supressões na fala, pois os
adultos alfabetizados deixam de perceber as características da fala, ao contrário
das crianças em processo de desenvolvimento da escrita.
56
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
Atividade de Estudos:
Seguindo com a sílaba CVC, o que as palavras menos, extra e feliz têm
em comum? O travamento das sílabas foi feito com as letras “s”, “x” e “z”, mas
se você as pronunciar, verá que todas representam o mesmo som – [s]. Isso não
acontece quando estas letras estão iniciando uma sílaba – sapo, xale e zebra.
Nas sequências “menos açúcar” e “feliz ano novo” ocorre uma mudança de sons,
a letra “s” e “z” são produzidas como um [z].
Excerto 1:
Fonte: As autoras.
57
Desenvolvimento da linguagem escrita
Figura 13 - Texto 1: texto de uma criança de 5 anos, produzido na escola, nível: Infantil 5
Neste texto espontâneo, você pode observar que a criança tenta representar
os sons que percebe na fala. E diferencia o “r” nas palavras Rafael e pescaria.
Isso mostra que ela já reflete fonologicamente sobre a escrita, mas ainda não
desenvolveu todas as regras da escrita ortográfica.
Voltando à análise das sílabas, outro som que também se modifica na sílaba
CVC é o [ l ]. Pronuncie as palavras “lata” e “mel”. Há diferença no som do “l” ?
58
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
59
Desenvolvimento da linguagem escrita
Por essa razão, uma das regras ortográficas da Língua Portuguesa é que
antes das letras “p” e “b” escrevemos sempre “m”. As ditongações finais, assim
como as sílabas travadas por nasal, são de difícil compreensão para quem está
aprendendo a escrever. Nas tentativas, muitas vezes, as crianças escrevem “tãtu”
– para tanto, cãpo – para campo.
Excerto 2:
Fonte: As autoras.
60
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
Figura 14 – Texto 2
61
Desenvolvimento da linguagem escrita
62
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
• Príncipe – princip[ i ]
• Leite – leit[ i ] – nesse caso, em algumas regiões, o ‘t” é substituído por [tʃ]
(som de tx)
• Pouco – pouc[u]
• Menino – m[ i ]nin[u] – o processo ocorreu também na sílaba pretônica.
• Boneca – b[u]neca
• Escola – [ i ]scola
• Enxame – [ i ]nxame
• Pá – a [a]
• Ler – e [e]
• Perto – é [ɛ ]
• Livre – i [ i ]
• Lodo – o [o]
• Lote – ó [ɔ]
• Único – u [u]
63
Desenvolvimento da linguagem escrita
64
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
Atividade de Estudos:
65
Desenvolvimento da linguagem escrita
Atividade O tema de que trata esta seção já está sendo desenvolvido desde
metacognitiva o capítulo 1, da seção anterior e continuará nos próximos capítulos.
quando ele, Mas é importante ampliarmos a noção de consciência metalinguística
conscientemente, e das habilidades a ela associadas. Morais e Leite (2012) refletem
analisa seu sobre o conceito de atividade metacognitiva com o objetivo de situar a
raciocínio e suas
consciência metalinguística e suas ramificações.
ações mentais,
“monitorando” seu Dizemos que um indivíduo exerce uma atividade metacognitiva
pensamento. quando ele, conscientemente, analisa seu raciocínio e suas
ações mentais, “monitorando” seu pensamento. Quando a
pessoa faz isso sobre a linguagem oral ou escrita, dizemos que
ela está exercendo uma atividade metalinguística. Tal reflexão
consciente sobre a linguagem pode envolver palavras, partes
das palavras, sentenças, características e finalidades dos
textos, bem como as intenções dos que estão se comunicando
oralmente ou por escrito. Quando reflete sobre os segmentos
das palavras, a pessoa está pondo em ação a consciência
fonológica (MORAIS; LEITE, 2012, p. 21).
66
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
Fonte: As autoras.
Consciência Fonológica
A consciência fonológica envolve a capacidade de refletir sobre os segmentos
sonoros que compõem as palavras, produzidas como um contínuo na fala. Esta
habilidade é fundamental para que uma criança possa se apropriar do Sistema
de Escrita Alfabética (denominado SEA). Morais (2015) levanta várias habilidades
relacionadas com a reflexão sobre os sons:
67
Desenvolvimento da linguagem escrita
• Consciência da sílaba;
• Conhecimento intrassilábico;
• Conhecimento segmental.
Consciência Lexical
O léxico é o vocabulário de uma língua, refere-se às palavras e às expressões
de uma língua. Por volta dos 12 meses, os bebês começam a desenvolver este
68
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
69
Desenvolvimento da linguagem escrita
Consciência Sintática
A sintaxe da língua está relacionada à forma como os morfemas se combinam
para formar unidades maiores. Observe o seguinte exemplo:
70
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
71
Desenvolvimento da linguagem escrita
Algumas Considerações
Neste capítulo, propusemo-nos a refletir sobre a consciência fonológica e
sua relação com o desenvolvimento da escrita. Para tanto, foi necessário estudar
como a fala se processa e tomar consciência de que nossas produções orais
diferem de nossa escrita.
Referências
BARRERA, S. D.; MALUF, M. R. Consciência metalinguística e alfabetização: um
estudo com crianças da primeira série do ensino fundamental. Psicol. Reflex.
Crit., Porto Alegre, v. 16, n. 3, p. 491-502, 2003. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722003000300008&lng=en&
nrm=iso>. Acesso em: abril 2016.
72
Linguagem Escrita e Consciência
Capítulo 2 Fonológica na Educação
73
Desenvolvimento da linguagem escrita
74
C APÍTULO 3
Fatores Socioculturais no Processo
de Aquisição da Linguagem Escrita
76
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
Contextualização
Agora é com você! Aproveite o conteúdo que segue, mas não se limite a ele.
Aproveite para ler outros textos que forem sugeridos; faça sempre uma síntese
do que leu e compreendeu e pense em outras práticas a partir da teoria aqui
apresentada. Mãos à obra!
Atividade de Estudos:
78
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
79
Desenvolvimento da linguagem escrita
80
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
Para melhor compreensão, vamos tirar alguns trechos dessa citação longa
para que possamos entender o que é específico da alfabetização:
81
Desenvolvimento da linguagem escrita
82
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
83
Desenvolvimento da linguagem escrita
Nesse processo, é possível pensar que três pontos devem compor o currículo
no que tange especificamente à alfabetização: o desenvolvimento da consciência
fonológica e fonêmica; a aprendizagem da leitura e a aprendizagem da escrita.
Ainda que elas possam ocorrer simultaneamente, haverá sempre centralidade
em uma delas, conforme o ano em que a criança está matriculada e os seus
conhecimentos linguísticos. Recorrendo mais uma vez à BNCC, é importante
lembrar que, ao final dos três primeiros anos do ensino fundamental, “espera-
se que os/as estudantes dominem o sistema de escrita alfabética, aprendam a
segmentar palavras nas frases, usem pontuação em textos, aprendam algumas
normas ortográficas que dizem respeito às relações diretas entre fonemas e
grafemas e regras contextuais” (BRASIL, 2016, p. 191). Portanto, é preciso
organizar os objetivos por ano, a fim de que todas as capacidades e habilidades,
já anunciadas por Soares (2003) e retomadas em vários documentos de formação
continuada, no Brasil, para a alfabetização, sejam desenvolvidas e os objetivos de
aprendizagem alcançados.
Ler ajuda a Dessa forma, irá observar os espaços em branco que dividem as
escrever, pois palavras, o uso da pontuação, das maiúsculas e outros recursos. Nessa
haverá um trabalho perspectiva, ler ajuda a escrever, pois haverá um trabalho reflexivo sobre
reflexivo sobre como o autor compõe o texto, como organiza as partes menores, como
como o autor letras e sílabas em palavras. Compreenderá, de forma inicial, ainda, que
compõe o texto, há mais de uma forma, em alguns casos, para representar um fonema.
como organiza as
Por exemplo, “casa” está escrita com “s”, mas o fonema é /z/, o que não
partes menores,
como letras ocorre em “vazio”, palavra na qual o mesmo fonema é representado
e sílabas em pela letra “z”. Sugere-se que, no primeiro ano, explorem-se palavras do
palavras. cotidiano da criança para que ela aprenda a compreender as palavras
conhecidas. Por isso, no planejamento, é tão importante a seleção de
textos, considerando letras e fonemas a serem explorados, o vocabulário do texto
em relação ao conhecimento lexical e semântico da criança. Aliado ao trabalho
84
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
85
Desenvolvimento da linguagem escrita
86
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
Vídeo com a própria autora, Isabel Solé, que pode ser acessado
em https://www.youtube.com/watch?v=unmRNBizsvc.
87
Desenvolvimento da linguagem escrita
Atividades de Estudos:
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
90
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
91
Desenvolvimento da linguagem escrita
92
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
93
Desenvolvimento da linguagem escrita
94
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
Modelos de Letramento
Acima nos referimos a diferentes possibilidades de usos e atividades Há dois modelos:
de leitura e de escrita na escola. Isso nos leva a mobilizar o que Street o autônomo e
(2003) apresenta sobre os modelos de letramento. Você já ouviu falar o ideológico,
sobre esse assunto? entretanto, é
importante não
colocá-los um
Há dois modelos: o autônomo e o ideológico, entretanto, é
contra o outro, mas
importante não colocá-los um contra o outro, mas em um movimento em um movimento
o qual revela que, em alguns momentos, há mais a presença de um o qual revela
ou do outro e que pode haver diálogo entre eles. O objetivo aqui é que, em alguns
compreender para poder identificar as posturas que se adotam nas momentos, há mais
práticas pedagógicas. a presença de um
ou do outro e que
pode haver diálogo
O modelo autônomo de letramento foca nas habilidades técnicas,
entre eles.
ou seja, algo que pode ser ensinado e transmitido. Esse modelo supõe
95
Desenvolvimento da linguagem escrita
Por outro lado, o modelo ideológico defende que existem vários tipos de
letramento e que as práticas a ele relacionadas têm base social (STREET, 2003),
as palavras ganham significados nos contextos empregados e os estudantes se
envolvem com os textos com os quais trabalham. Nessa concepção, “o letramento
é uma prática de cunho social, e não meramente uma habilidade técnica e neutra”
(STREET, 2003, p. 4).
Assim, os letramentos, entendidos como práticas sociais e que, por isso, são
múltiplos, ocorrem nas diferentes agências de letramento, sendo a escola uma
delas, por meio de eventos, a fim de se chegar a práticas que permitam uma
melhor inserção em sociedade.
Ainda que na Ainda que na escola não seja possível colocar o aluno em uma
escola não seja situação semelhante como a em que leria o texto no cotidiano, é
possível colocar possível apresentar diferentes gêneros para que ele se familiarize
o aluno em com as distintas dimensões que constituem cada gênero discursivo
uma situação (composição do texto; recursos linguísticos e intencionalidades que
semelhante como a
levam à construção do sentido). Um exemplo disso é a porta de uma
em que leria o texto
no cotidiano, é sala de aula de crianças do segundo ano do ensino fundamental, como
possível apresentar se pode observar na imagem que segue:
diferentes gêneros
para que ele se
familiarize com as
distintas dimensões
que constituem
cada gênero
discursivo.
96
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
97
Desenvolvimento da linguagem escrita
Por isso, para Barton e Hamilton (2000, p. 8, tradução nossa), os eventos são
“atividades em que o letramento cumpre um papel”. Mais que isso, “são episódios
observáveis que surgem das práticas e são formados por estas. A noção de
eventos acentua a natureza situacional do letramento uma vez que este sempre
existe em um contexto social” (BARTON; HAMILTON, 2000, p. 8, tradução nossa).
98
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
São situações
não visíveis e
Fonte: Disponível em: <http://www.acrilex.com.br/educadores. envolvem valores,
asp?conteudo=197&visivel=sim&mes=58>. Acesso em: 18 jun. 2016. crenças, sentidos,
podendo, por isso,
As práticas de letramento contemplam um conceito mais amplo, serem variáveis
pois abrangem uma natureza social e cultural (STREET, 2003). Pode- de acordo com o
se dizer que os eventos de letramento estão comportados dentro contexto, a cultura
e os participantes
das práticas.
envolvidos.
99
Desenvolvimento da linguagem escrita
100
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
dessas situações”. Tudo isso aponta para o caráter etnográfico que os estudos
do letramento requerem. Saiba mais sobre isso com a explicação de Marli André
(1999, p. 36, grifos nossos):
Atividade de Estudos:
101
Desenvolvimento da linguagem escrita
Figura 35 - CENA 3
102
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
Projetos de Letramento
Há muitas maneiras de alfabetizar uma criança, considerando, especialmente,
os dois modelos de letramento já apresentados. Se adotarmos a perspectiva de
que a criança é um ser de cultura, iremos também levar em conta o que ela já
sabe, sua história e seu contexto social. Diante disso, podemos afirmar que as
práticas escolares são também práticas de letramento, mesmo que sejam
consideradas tradicionais.
PROJETO DIDÁTICO
103
Desenvolvimento da linguagem escrita
104
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
Atividades de Estudos:
105
Desenvolvimento da linguagem escrita
106
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
107
Desenvolvimento da linguagem escrita
Algumas Considerações
Neste capítulo, propomo-nos a estudar a linguagem escrita como uma prática
social, a fim de compreendermos os fatores socioculturais que são necessários
para a sua aprendizagem. Alfabetizar, portanto, não é apenas a ação de ensinar
as letras e as sílabas, como o fazia a professora da obra “O menino que aprendeu
a ver”, que abriu este capítulo. É preciso ensinar onde estão as letras, as palavras,
os textos que apresentamos aos pequenos para que se insiram na cultura letrada.
Por fim, queremos recuperar os vários momentos em que você foi convidado
a refletir sobre as formas como as crianças escrevem, sobre as atividades que
podem ser apresentadas às crianças e, sobremaneira, sobre os eventos e práticas
de letramento para os quais apresentamos cenas observáveis. Desejamos
que você, depois dessa carga teórica e reflexiva, seja capaz de repensar a
aprendizagem da leitura e da escrita como um processo maior, e que isso se
reflita em sua prática docente.
108
Fatores Socioculturais no Processo
Capítulo 3 de Aquisição da Linguagem Escrita
A aprendizagem não para por aqui, por isso, deixamos várias sugestões de
leitura. Nosso processo de aprendizagem é parecido com o das crianças quando
nos sentimos curiosos e cheios de desejo de saber um pouco mais sobre essa
invenção que revolucionou o mundo: a escrita.
Referências
ANDRÉ, M. de. Etnografia da prática escolar. 3. ed. São Paulo: Papirus, 1999.
109
Desenvolvimento da linguagem escrita
QUEIRÓS, B. C. de. Ler, escrever e fazer conta de cabeça. São Paulo: Global,
2004.
ROCHA, R. O menino que aprendeu a ver. 2.ed. São Paulo: Quinteto Editorial,
1998.
110
C APÍTULO 4
Dificuldades na Linguagem Escrita
Quando uma criança escreve tal como acredita
que poderia ou deveria escrever certo conjunto
de palavras, está oferecendo um valiosíssimo
documento que necessita ser interpretado para ser
avaliado. Aprender a lê-las, interpretá-las é um longo
aprendizado que requer uma atitude teórica definida.
Emília Ferreiro.
112
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
Contextualização
Um dos pressupostos da aprendizagem da escrita é: não se escreve como se
fala. Até a criança compreender as relações entre fala e escrita, há um tempo. Isso
porque nosso sistema de escrita alfabética não é transparente para a codificação,
pois há muitas relações entre fonemas e grafemas que dependem do contexto
ou precisam ser memorizadas. No capítulo 2, linguagem escrita e consciência
fonológica, você pode compreender uma série de relações de fenômenos
linguísticos que estão relacionados à alfabetização como a consciência fonológica
e sua influência na alfabetização, bem como as relações acerca de fonemas e
sílabas. Agora, é hora de ampliar esses conhecimentos.
113
Desenvolvimento da linguagem escrita
queremos relembrar que a escrita é uma invenção. Para tal, buscaremos uma
parte de nossa tese para dividir com você, pós-graduado (a). Se desejar saber
mais consulte Heinig (2003).
114
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
115
Desenvolvimento da linguagem escrita
Figura 39 - Xícaras
Fonte: As autoras.
116
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
117
Desenvolvimento da linguagem escrita
118
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
Atividades de Estudos:
Figura 43 - Texto 2
119
Desenvolvimento da linguagem escrita
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
120
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
121
Desenvolvimento da linguagem escrita
Esta é uma forma lembrar que esta é uma forma de “representar” os fonemas de nossa
de “representar” língua, entretanto, nossos alunos chegam às escolas cada um
os fonemas de falando de acordo com sua variante sociolinguística, o que justifica
nossa língua, a compreensão entre o sistema oral e escrito. Esta compreensão
entretanto, nossos permite ao professor construir hipóteses para a codificação, levando
alunos chegam às
o aprendiz a perceber que existe uma única língua escrita; entretanto,
escolas cada um
falando de acordo ao ler, o fará de acordo com sua variante sociolinguística, assim
com sua variante que tiver domínio do código. Além disso, permitirá que o professor
sociolinguística, compreenda por que os alunos em fase inicial de alfabetização
o que justifica a escrevem como falam, num continuum, ou seja, não há ainda a
compreensão entre o percepção dos espaços em branco.
sistema oral e escrito.
Quadro 2 - Quadro do Sistema Vocálico do PB: Sistema vocálico do PB,
conforme modelo de Quicoli (1990), com acréscimo das vogais nasalizadas
- posterior
+posterior +posterior
+ Orais -arredondado
- arredondado + arredondado
(anteriores)
+alta i u
-alta
e o
-baixa
+baixa E (pé) a ɔ (pó)
-orais
(nasalizadas)
~ ~
+alta i u
-alta ~
e ~
o
+baixa ã
122
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
123
Desenvolvimento da linguagem escrita
124
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
125
Desenvolvimento da linguagem escrita
Este subconjunto Outro contexto competitivo é o das vogais orais [+alt] postônicas
de regras sinaliza seguidas ou não do arquifonema |S| que podem ser grafadas com
que o ensino “e”/“i” ou “o”/“u”. Em uma situação como em “descrição” e “discrição”,
dos contextos a realização das vogais pretônicas orais [+alt] é livre, podendo ser
competitivos requer
pronunciada tanto com [e] como com [i]. Casos assim são comuns
um profissional
que trabalhe os entre os homófonos não homógrafos, daí a necessidade de um ensino
conhecimentos que, além do significado dos radicais, também contemple a
gramaticais e o significação de alguns prefixos que constituem pares mínimos na
significado de escrita, como é o caso de: “dis-”/”des-”, “e-”/ “i-”, “anti-”/ “ante-”, “en(m)-
forma a auxiliar o ”/ “in(m)-”.
aprendiz a resolver
suas dúvidas,
Este subconjunto de regras sinaliza que o ensino dos contextos
compreendendo
competitivos requer um profissional que trabalhe os conhecimentos
que conhecimentos
são necessários gramaticais e o significado de forma a auxiliar o aprendiz a resolver
para tomar a suas dúvidas, compreendendo que conhecimentos são necessários
decisão certa em para tomar a decisão certa em cada situação.
cada situação.
126
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
c) ALTERNATIVAS COMPETITIVAS:
Atividades de Estudos:
127
Desenvolvimento da linguagem escrita
( ) sessão ( ) frouxo
( ) sutura ( ) gueixa
( ) excesso ( ) passaram
( ) nada ( ) touça
( ) enxadrista ( ) enxofre
( ) zeugma ( ) guichê
( ) coice ( ) jeitinho
( ) sombra ( ) claro
( ) repensar ( ) formarão
( ) resolverão ( ) polonesa
( ) quilate ( ) conserto
( ) furada ( ) fada
( ) joelho ( ) chuvoso
( ) peixe ( ) sela
( ) glacê ( ) falaram
( ) fraqueza ( ) viagem
( ) dente ( ) sexta
( ) bilro ( ) jaqueta
( ) excelente ( ) bobina
( ) emergir ( ) cabeça
( ) sarau ( ) vaga
( ) gilete ( ) tomate
( ) socorro
128
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
O Aprendizado da Ortografia:
Reflexões Sobre o Erro
Ortográfico e a Avaliação na
Linguagem Escrita
Você já deve ter se defrontado com placas com palavras escritas erradas.
Isso significa que você sabe que a grafia está incorreta. Entretanto, como
professor(a), é preciso ir além e explicar a razão do erro. Então, vamos começar
com um desafio.
Atividades de Estudos:
Figura 44 - Placas
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
130
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
131
Desenvolvimento da linguagem escrita
b) O aluno escreve duas vogais em vez de uma, por usar na sua pronúncia
um ditongo; por exemplo: rapais (rapaz), feis (fez). Neste último caso,
além do problema de ditongação, pode-se observar o uso do “S” em
contexto competitivo.
c) O aluno escreve uma vogal em vez de duas, porque usa na sua pronúncia
um monotongo; por exemplo: caxa (caixa); mato (matou), pergunto
(perguntou). Entretanto, no caso de verbos, como os dois últimos
exemplos, a questão vai além da monotongação, é um caso em que há
a redução da desinência verbal e que pode ser incluída nos estudos da
morfologia verbal.
d) Não escreve o r, por não haver som correspondente na sua fala; por
exemplo: mulhe (mulher), lava (lavar). Aqui também é preciso ficar
atento e verificar se não se trata de um caso de morfologia verbal ou se
é da variedade sociolinguística do aluno. O mesmo raciocínio pode ser
aplicado neste caso: não escreve s, por não haver som correspondente
na sua fala; por exemplo: vamu (vamos).
f) Escreve r em vez de l, pois faz essa troca quando fala; por exemplo:
praneta (planeta). Casos como este podem ser explicados consultando
o quadro de consoantes, pois as trocas entre fonemas não são distantes.
Entretanto, antes de decidir que tipo de problema existe aqui, vale a
pena considerar outras duas possibilidades: par mínimo ou variedade
sociolinguística.
h) Escreve li vez de lh, por dizer [li] e não [λ]; por exemplo: armadilia
(armadilha), coelio (coelho). Observando o quadro de consoantes já
estudado, é importante considerar que esse tipo de erro não é gratuito,
porque há uma relação com o modo e/ou ponto de articulação, pois /l/;
/r/; /?/; /j/; /w/ são (+vocálico), + lateral, -lateral, -cons. Outro caso que
132
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
Atividades de Estudos:
Fonte: As autoras.
133
Desenvolvimento da linguagem escrita
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
a) troca de letras: voi (foi) verificar o traço [± son]; bida (vida) analisar
/v/ e /b/ quanto ao modo de articulação; save (sabe); anigo (amigo)
pode ser rotação de traço (aconselha-se verificar). Nesses casos, há que
se levar em conta se as trocas se dão entre pares mínimos ou se é caso
de rotação de traços, pois o sistema alfabético é econômico.
134
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
135
Desenvolvimento da linguagem escrita
Sinais de pontuação: Estes sinais também não são ensinados logo no início
e raramente ocorrem nos textos espontâneos. Às vezes, alguns alunos usam sinais,
como ponto ou travessão, para isolar palavras: “Era. uma. Vez.”, ou “Era-uma-vez”,
fruto de ensinamentos obtidos em outras atividades que o aluno estende para os
textos. O que se observa aqui é um recurso para marcar o espaço em branco entre
as palavras, mas isso não diz respeito ao funcionamento da pontuação.
O texto que segue, de um ano do início dos anos finais (6° ano), revela alguns
dos problemas estudados com a juntura intervocabular, mas atente para o uso de
maiúsculas e sinais de pontuação:
136
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
Acertos: Não poderíamos concluir esta parte do estudo sem falar um pouco
sobre os acertos ortográficos das crianças. É importante ter claro que os erros
não são dificuldades insuperáveis ou falta de capacidade das crianças e nem os
acertos são obra do acaso. Tudo pertence a um processo de aprendizagem da
escrita e revela a reflexão que o aluno põe na sua tarefa e na forma
de interpretar o fenômeno que estuda. No conjunto, vemos que certos
É preciso deixar os
textos, aparentemente ‘‘horríveis’’, contêm uma quantidade de acertos alunos escreverem
superior à de erros e que, portanto, não seria justo atribuir zero ao seu textos livres,
autor, reprovando-o. Na verdade, o que em geral incomoda o professor espontâneos,
é o tipo de erro; ele não admite que se escrevam coisas como pecoa em contarem histórias
lugar de pessoa. Mas, como vimos, esses erros não se dão ao acaso. como quiserem.
Os acertos, frequentemente, não são levados em conta, são admitidos É nesse tipo de
material que vamos
como absolutamente previsíveis. Já os erros pesam toneladas nas
poder encontrar
avaliações. É indispensável que o professor faça um levantamento os elementos
das dificuldades dos alunos. Isso não pode ser visto apenas através que mostram as
de palavras e frases já treinadas, de cópias e atividades dirigidas. reais dificuldades
É preciso deixar os alunos escreverem textos livres, espontâneos, e facilidades
contarem histórias como quiserem. É nesse tipo de material que vamos dos alunos no
poder encontrar os elementos que mostram as reais dificuldades e aprendizado da
escrita.
facilidades dos alunos no aprendizado da escrita.
137
Desenvolvimento da linguagem escrita
Atividades de Estudos:
TEXTO 1
As árvores
138
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
TEXTO 2
139
Desenvolvimento da linguagem escrita
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
Só devem ser Dessa forma, o professor pode se valer de textos do livro didático
usados para esse ou de outros que circulam na comunidade escolar. É muito importante,
tipo de atividade entretanto, que os textos não sejam pretextos para o ensino do sistema
depois que alfabético, por isso, só devem ser usados para esse tipo de atividade
foram explorados depois que foram explorados suficientemente pelos alunos.
suficientemente
pelos alunos.
Sugestão 1: Ditado interativo. Em vez de aplicar um ditado
tradicional – que cumpre geralmente apenas o papel de verificar
os conhecimentos ortográficos - esse tipo de ditado busca ensinar ortografia,
refletindo sobre o que se está escrevendo. Dita-se à turma um texto já conhecido,
fazendo pausas diversas, nas quais se convida os alunos a focalizarem e
discutirem certas questões ortográficas previamente selecionadas ou levantadas
durante a atividade. Os alunos sabem que o ditado é para isso e já voltam sua
atenção para refletir sobre dificuldades ortográficas (MORAIS, 1998).
140
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
para a palavra a ser ditada. A reflexão pode ocorrer depois de ditar cada palavra
ou ao final.
141
Desenvolvimento da linguagem escrita
Sugestão 4: Jogos. Mas o que é necessário para preparar um jogo? Aqui vão
algumas dicas: Definir o objetivo que se pretende alcançar com o jogo. Conhecer
a regra contextual ou a situação que pretende se focar no jogo. Levar em conta
o sujeito aprendiz (idade, conhecimento prévio, facilidades, entre outros.).
Selecionar palavras para criar um banco de palavras que atendam ao conteúdo
142
Capítulo 4 Dificuldades na Linguagem Escrita
<http://educarparacrescer.abril.com.br/grafia/>.
<http://www.soportugues.com.br/secoes/jogos.php>.
<http://www.nossoclubinho.com.br/jogo-da-forca-ortografia-
b-p/>.
<http://portal.fmu.br/game/>.
<http://www.imagem.eti.br/jogo-da-ortografia/jogo-da-ortografia-
palavras-escritas-com-ce-ci.php>.
<http://www.escolagames.com.br/jogos/fabricaPalavras/>.
Algumas Considerações
Se voltarmos ao início de nosso capítulo, especialmente ao eixo do fazer,
perceberemos que os estudos teóricos, os exemplos e as reflexões permitiram
que você conseguisse examinar as dificuldades encontradas na aprendizagem da
escrita, propondo soluções e intervenções, bem como levaram você a distinguir
tipos de erros ortográficos, analisando suas causas e, por isso, poderá aprimorar
e desenvolver critérios de avaliação, conforme os estágios de aprendizagem da
escrita.
143
Desenvolvimento da linguagem escrita
Referências
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione,
1999.
144
C APÍTULO 5
A Função da Escrita na
Vida do Sujeito
146
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Contextualização
No decorrer dos capítulos anteriores, temos refletido sobre o desenvolvimento
da escrita, teorias que explicam como este processo ocorre, capacidades
envolvidas, diferentes perspectivas e o papel da sociedade neste processo.
Atividades de Estudos:
Guardar
Antônio Cícero
148
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
����������������������������������������������������
Kato (1999, p. 12) afirma que “o homem tem inerentemente uma necessidade
individual de se expressar e uma necessidade social de se comunicar”. Portanto,
os primeiros desenhos do homem primitivo poderiam ser apenas uma forma de
expressão ou a comunicação de um fato. Higounet (2003) apresenta uma percepção
aprofundada destas primeiras manifestações da escrita, tratando-a como uma
possibilidade de materializar um pensamento. Nesse sentido, ele vai ao encontro da
percepção do autor da poesia. É interessante notar que os conceitos sobre a escrita
se assemelham, sejam de estudiosos da linguagem, sejam de poetas.
149
Desenvolvimento da linguagem escrita
150
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
151
Desenvolvimento da linguagem escrita
152
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
palavras que compõem uma frase não é algo simples. Kato (1999, p. 12) afirma
com propriedade que: “todos nós passamos, em nossa alfabetização, por uma
fase em que as palavras apareciam grudadas umas nas outras, e a tarefa de
silabá-las era um bicho de sete cabeças”. Alguns autores afirmam que, nesta
fase, já se atribuía aos ideogramas um valor fonético.
No caso dos egípcios, a escrita por meio de hieróglifos era considerada uma
expressão sagrada, feita para se conservar, atravessar o tempo, por isso, era
talhada em pedra. Com a invenção do papiro, também houve uma evolução desta
escrita para a forma hierática, contemplando outras funções, além de religiosas.
153
Desenvolvimento da linguagem escrita
passaram a ser usados com seu valor fonético. Uma das etapas importantes foi o
uso do “rébus”, quando se representava palavras ou sílabas por pictogramas, mas
não se associava um significado a estes desenhos, e sim os sons dos nomes dos
objetos representados (KATO, 1999). Este mesmo princípio é utilizado nas cartas
enigmáticas, empregadas até hoje por muitos professores. Para que você possa
compreender melhor, observe o exemplo abaixo:
Nesse caso foram utilizadas as figuras (no caso da evolução da escrita eram
pictogramas) de um sol e de um dado para formar uma terceira palavra, soldado.
O que você precisa entender é que, nesse processo, não interessa o significado
da imagem (valor semântico), e sim o som que é associado a ela (valor fonético).
Algumas vezes, eram empregadas apenas a primeira sílaba da palavra, outras
vezes, como no nosso exemplo, a palavra inteira. Abaixo colocamos um exemplo
de atividade a partir do conceito de “rébus”.
154
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
<http://novaescola.org.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-
inicial/alfabetizacao-video-profa-construcao-escrita-parte-1-545605.
shtml>.
<http://novaescola.org.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-
inicial/alfabetizacao-video-profa-construcao-escrita-parte-2-545591.
shtml>.
155
Desenvolvimento da linguagem escrita
156
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Nessa época, a escrita passou a fazer parte de fato da vida social, sendo cada
vez mais necessária. Ainda não era algo acessível à população em geral, mas sua
relevância pode ser sentida pela quantidade de registros que se tem deste tempo.
Os escribas eram profissionais extremamente valorizados e detentores de um
conhecimento que ainda estava longe de fazer parte da vida de todos.
157
Desenvolvimento da linguagem escrita
é uma ‘descoberta’, pois, quando o homem começou a usar um símbolo para cada
som, ele apenas operou conscientemente com o seu conhecimento da organização
fonológica de sua língua”.
158
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Assim, a escrita vai adquirindo novos papéis sociais, vai sendo modificada
para atingir objetivos diversos, que vão muito além dos registros de fatos, histórias
e memórias.
159
Desenvolvimento da linguagem escrita
No próximo texto, são evidenciadas outras convenções que ainda não foram
compreendidas, agora por uma criança de 6 anos. A produção também foi feita
em casa, de forma espontânea e sem solicitação.
160
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Para finalizar esta seção, traremos mais alguns depoimentos que gravamos
com crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental, respondendo por que
necessitam aprender a escrever. Todos estão na mesma escola e na mesma turma.
Henrique- 6 anos
Para poder fazer provas e para poder viajar e para poder fazer o passaporte.
Mel – 6 anos
Eu quero aprender a escrever para poder escrever cartas, textos, escrever livros e
ser professora.
Lavínia - 7 anos
Porque aí eu posso escrever sozinha, sem a ajuda de ninguém.
Joaquim - 6 anos
Para saber fazer texto.
161
Desenvolvimento da linguagem escrita
Mariah - 6 anos
Porque depois eu posso aprender a ler. Aí vai ser muito legal, porque escrever um monte de
palavrinhas e ler um monte de palavrinhas.
Guilherme - 6 anos
Para aprender as coisas do mundo.
Nas respostas das crianças, notamos que as percepções estão voltadas para
as necessidades de cada um. A maioria deles associa a escrita com produções
escolares – provas, textos, palavrinhas. Mas também aparecem necessidades de
interação com a sociedade – viajar, passaportes e aprender as coisas do mundo.
E, por último, a autonomia – sem a ajuda de ninguém. E a questão da leitura
sempre será mencionada em algumas respostas. Para eles, escrita e leitura estão
muito relacionadas e, por vezes, aparentam ser a mesma coisa.
Atividades de Estudos:
162
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
163
Desenvolvimento da linguagem escrita
164
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Por isso, é relevante que a escola não ignore estes contextos e a relação entre
eles e o desenvolvimento da escrita. Nas respostas das crianças, apresentadas na
seção anterior, a preocupação com a escrita revelou características muito próprias
e relacionadas ao dia a dia e aos contextos em que estes sujeitos estão inseridos.
165
Desenvolvimento da linguagem escrita
escrever textos, mas outros querem poder guardar as ideias, aprender as coisas
do mundo e conseguir autonomia.
167
Desenvolvimento da linguagem escrita
168
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
169
Desenvolvimento da linguagem escrita
Atividades de Estudos:
170
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Fonte: http://novaescola.org.br/fundamental-1/nova-escola-promove-encontro-
emilia-ferreiro-telma-weisz-alfabetizacao-753011.shtml?page=1
Fonte: http://novaescola.org.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/
debater-opinar-estimulam-leitura-escrita-423497.shtml
171
Desenvolvimento da linguagem escrita
Algumas Considerações
Neste capítulo, realizamos uma viagem entre o passado, presente e futuro
da escrita e conseguimos perceber o quanto este percurso histórico não é linear.
Há avanços e, ao mesmo tempo, retornos conceituais.
172
Capítulo 5 A Função da Escrita na Vida do Sujeito
Referências
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione,
1999.
173