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Revisão de Literatura

Biologia tumoral no cão: Uma revisão


Tumor biology in the dog: A review
Danieli Brolo Martins – MV, MSc, Profª. Clínica Médica de Pequenos Animais da Universidade de Cruz Alta - Unicruz - RS; Doutoranda do Programa de Pós-
graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM - RS. E-mail: vetdanielimartins@yahoo.com.br
Luciele Varaschini Teixeira – MV, Esp., Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul – UFRGS - RS
Raqueli Teresinha França – MV, Esp., Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
– RS.
Sonia Terezinha dos Anjos Lopes – MV, Profª. Drª. Departamento de Clínica de Pequenos Animais do Curso de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Santa Maria – UFSM – RS.

Martins DB, Teixeira LV, França RT, Lopes STA. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação; 2011;
9(31); 630-637.

Resumo
A oncologia é uma área em plena expansão na clínica de pequenos animais, e anualmente, milhares
de cães são diagnosticados com os mais diferentes tipos de neoplasmas. A biologia tumoral, uma das
partes mais complexas do estudo dos tumores, permite estabelecer a relação de parâmetros que le-
varam ao aparecimento e desenvolvimento do câncer. Esta área também fornece subsídios para com-
preender as respostas do neoplasma frente ao tratamento quimioterápico e a interação que há entre o
câncer e o hospedeiro. Esta revisão objetivou abordar os aspectos comuns relacionados à biologia dos
diferentes tipos de tumores caninos, desde a carcinogênese, ciclo celular, cinética, oncogenes, relação
entre células normais e células do neoplasma. Também explana sobre resposta celular aos quimiote-
rápicos e resistência múltipla a drogas, comportamento do tumor e morte celular. O conhecimento
sobre a biologia tumoral possibilitará ao clínico de pequenos animais uma melhor abordagem e ma-
nejo do cão portador de neoplasia, e por consequência, melhores chances de sucesso no tratamento
instituído.

Palavras-chave: canino,ciclo celular,neoplasma, quimioterapia.

Abstract
Oncology is an in full expansion are ain the small animal clinic, and each year thousands of dogs are
diagnosed with the most different types of tumors. Tumor biology, one of the most complex parts of
tumors study, allows establishing the relationship of parameters which led to the emergence and de-
velopment of cancer. This topicalso provides subsidies to understand the relationship between the ne-
oplasm and chemotherapy and the interaction between cancer and host. This review aims to discuss
the common issues related to the biology of different types of canine tumors, since the carcinogenesis,
cell cycle kinetics, oncogenes, the relationship between normal cells and tumor cells, cellular response
to chemotherapeutic agents and resistance to multiple drugs, tumor behavior and cell death. The kno-
wledge of tumor biology will allow the small animal clinician to a better approach and management
of the dog which neoplasm and, therefore, better chances of success in treatment.

Keywords: canine, cellular cycle, neoplasm, chemotherapy.

630 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2011;9(31); 630-637.
Biologia tumoral no cão: uma revisão

Introdução Carcinogênese e Ciclo Celular


A oncologia é uma área que está se destacando na clíni- Existem diversos mecanismos que estão envolvidos na
ca de pequenos animais (1). Os processos neoplásicos estão evolução de uma célula normal para uma célula potencial-
entre as causas mais frequentes de morte em cães no Brasil, mente cancerígena, mas a maior parte deles interfere na di-
e esta incidência aumenta consideravelmente na população visão celular. Assim, o conhecimento do ciclo celular ou dos
geriátrica (2).Cerca de 500 a.C., na Grécia, Hipócrates foi o seus mecanismos é importante para que haja o entendimento
primeiro a descrever as palavras Karkínos e carcinoma, de- etiológico do câncer (6).
finido, naquela época, o câncer como uma doença de mau O ciclo de uma célula normal compreende dois pe-
prognóstico (3). A cada ano, milhares de cães são diagnosti- ríodos distintos, um de repouso (fase quiescente – G0) e ou-
cados com neoplasmas (1, 4,5). tro ativado (com quatro fases). A primeira fase, ou fase de
A palavra neoplasia indica crescimento atípico e presença crescimento 1 (G1), chamada pós-mitótica, está envolvida na
de proliferação celular descontrolada do tecido, que se de- síntese de códons de RNA mensageiro (RNA m), sendo este
senvolve mais rápido que os tecidos normais adjacentes, de último envolvido na transdução e possibilitando a síntese de
uma maneira descoordenada e persistente (6,7).Muitos dos proteínas necessárias à célula. A segunda fase (S) correspon-
modelos experimentais feitos para o estudo de neoplasias se de à síntese e duplicação do DNA. A terceira fase, ou fase
baseiam em cães, apesar de outras espécies também serem de crescimento 2 (G2), chamada pré-mitótica, caracteriza-se
acometidas, tais como felinos, equinos, bovinos e roedores pela síntese de códons de RNA m para proteínas de elemen-
(5). A espécie canina é a mais utilizada como modelo para tos precursores do fuso acromático. A última fase, ou mitose
o desenvolvimento de drogas citotóxicas anti-neoplásicas, já (M), conduz ao desdobramento dos cromossomos e à divisão
que possui grande similaridade tanto anatômica quanto fi- em duas células-filhas geneticamente idênticas (6, 12,13).O
siológica com os seres humanos, especialmente em relação reconhecimento das várias etapas do ciclo celular é uma parte
aos sistemas cardiovascular, urogenital, nervoso e musculo- muito importante na oncologia visto que tais fases orientam
esquelético (8). as múltiplas opções terapêuticas, entre elas a escolha de pro-
Trabalhos têm evidenciado que a pele e os tecidos mo- tocolos poliquimioterápicos antineoplásicos com fármacos
les são locais comumente afetados por neoplasmas no cão fase-específicos (3).
(1,9). No Brasil, além do tumor de mama que apresenta alta O processo de carcinogênese dá-se, no geral, lentamente,
incidência nas fêmeas caninas, o mastocitoma, o tumor célu- passando por três processos básicos: iniciação, promoção e
las escamosas, o adenoma perianal e o lipoma também são progressão. O primeiro estágio da carcinogênese, a iniciação,
frequentes na clínica oncológica de pequenos animais (9,10). caracteriza-se pelo efeito de um agente carcinogênico (oncoi-
São vários os fatores predisponentes ao aparecimento de ne- niciador) sobre células normais, provocando modificações
oplasias, sendo que a faixa etária e as raças mais acometidas em alguns de seus genes. Assim, as células se tornam gene-
variam conforme o tipo de tumor analisado (1). ticamente alteradas, porém ainda não é possível detectar um
O conhecimento da biologia tumoral possibilita relacionar tumor clinicamente. Na promoção, a segunda etapa da carci-
os parâmetros que ocasionaram o desenvolvimento de um nogênese, as células geneticamente alteradas sofrem o efeito
determinado neoplasma, seja em uma população ou em um dos agentes cancerígenos classificados como oncopromoto-
indivíduo. A biologia tumoral é bastante complexa e pode res. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de
envolver desde fatores genéticos (relacionados à espécie, raça forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação,
e família), agentes infecciosos (retrovírus), condições am- é necessário um longo e continuado contato com o agente
bientais adversas (abestos, inseticidas e fumantes passivos) cancerígeno promotor. A suspensão do contato muitas vezes
e até mudanças de comportamento (desregulação hormonal- interrompe o processo nesse estágio. Por fim, a progressão
cadelas) (4,7,11). Este trabalho pretende revisar os aspectos caracteriza-se pela multiplicação descontrolada das células,
comuns relacionados à biologia dos diferentes tipos de tumo- sendo um processo irreversível. Assim, o neoplasma já ins-
res caninos, desde a carcinogênese, ciclo celular, cinética tu- talado evolui até o surgimento das primeiras manifestações
moral, oncogenes e interação entre hospedeiro e neoplasma. clínicas da doença (6).
Também tem o intuito de explanar sobre resposta celular aos
quimioterápicos e resistência quimioterápica, comportamen- Cinética Tumoral
to tumoral, bem como, morte celular. O conhecimento sobre Uma das mais importantes características da transforma-
a biologia tumoral canina possibilitará ao clínico de pequenos ção neoplásica é a perda do controle do ciclo celular, possi-
animais uma melhor abordagem e manejo do paciente onco- bilitando a expansão clonal da população anormal. Por isso,
lógico, e por consequência, melhores chances de sucesso no a avaliação do índice proliferativo é considerada uma das
tratamento instituído. ferramentas mais úteis para prognosticar o comportamento
tumoral (14).
Desenvolvimento A velocidade de crescimento de uma neoplasia depende,

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em parte, da duração do ciclo celular e também, da propor- pesa 1g (15).


ção do número de células em repouso em relação ao número
de células ativas (13). Esta relação pode ser expressa através Oncogenes
do índice mitótico (IM), que representa o número de mitoses As células normais têm capacidade proliferativa limitada
por campo de grande aumento em uma amostra tumoral (15). e assim, após inúmeras divisões mitóticas, o processo de de-
Entretanto, o IM tem sido substituído por marcadores imu- codificação é interrompido. As células neoplásicas se caracte-
nohistoquímicos de proliferação, tais como Ki 67/MIB1 e o rizam por uma inabilidade no controle de proliferação, pois
antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) (13, 16,17). não respondem aos mecanismos que inibem o crescimento
Outros índices de proliferação como avaliação da fração celu- e a divisão celular. Esse descontrole pode decorrer de uma
lar da fase S pela incorporação de precursores nucleotídicos, sensibilidade aumentada ao estímulo proliferativo advindo
citometria de fluxo e a avaliação histoquímica da presença do meio ambiente, resultando em alterações moleculares (3).
de regiões organizadoras nucleolares argirofílicas (AgNOR) Mudanças nos genes das células podem causar um efeito es-
também podem ser utilizados (16,18,19). Em um proces- timulatório (exercido pelos proto-oncogenes) ou inibitório
so maligno, a determinação da característica proliferativa é (exercido pelos genes supressores de tumor) sobre o cresci-
parte integrante do diagnóstico e do prognóstico (13,14).As mento e proliferação celular (3, 25).
técnicas Ag NOR e anticorpo Ki 67/MIB1 são frequentemen- Proto-oncogene é o termo utilizado para descrever os
te utilizadas para avaliar a proliferação celular em diversos oncogenes celulares (c-onc) que não possuem potencial de
tipos de tumores em cães. Dentre alguns exemplos, podem-se transformação para formar tumores no estado original, mas
citar aplicações práticas no tumor venéreo transmissível cani- podem ser alterados, levando assim, a malignidade (26).Mu-
no (TVTC) (20), linfoma (21) e mastocitoma (18). tações ou translocações destes genes produzem sinais positi-
O câncer em cães de companhia é caracterizado, muitas vos que induzem ao crescimento descontrolado das células
vezes, por um crescimento tumoral de longo período de tem- (25). Muitos dos proto-oncogenes estão relacionados aos fa-
po, heterogeneidade inter-individual e intra-tumoral, desen- tores de crescimento, receptores de fatores de crescimento,
volvimento de doenças resistentes ou recorrentes, desenvol- proteína quinase, sinais de transdução, proteínas nucleares e
vimento de metástases em locais relativamente distantes e fatores de transcrição (22).
resistência a morte celular (8, 22). A compreensão dos meca- Por outro lado, a formação do tumor pode ser resultado
nismos básicos de crescimento tumoral é uma das partes me- de uma perda das funções inibitórias associadas com outra
nos elucidadas da biologia tumoral, e que está mais propensa classe de genes celulares chamadas de genes supressores de
a mudanças. Muitos estudos têm sido feitos para se obter um tumor (25). Mutações nesse tipo de gene têm comportamento
modelo matemático que permita predizer as características bastante diferente quando comparado aos proto-oncogenes,
básicas de crescimento do tumor. Dentre as diferentes hipó- uma vez que as mutações dos proto-oncogenes tem caráter
teses descritas relacionadas ao crescimento tumoral, uma das dominante, enquanto nos genes supressores, são recessivas
mais aceitas é a competição de nutrientes entre as células tu- (26).
morais e as células normais do organismo (23,24). Nos sarcomas, por exemplo, ocorrem translocações cro-
A replicação celular descontrolada, sem os mecanismos mossômicas formando proteínas quiméricas como resultado
normais de homeostasia, diminuição da diferenciação celular, do encontro de dois genes alterados. Assim, osteossarcomas
alteração de comunicação e adesão das células são caracterís- surgem devido a um erro nos genes supressores RB1 e TP53.
ticas constantes dos neoplasmas presentes nos animais e no Como produto deste último gene, a proteína p53 está envol-
homem (7). A fração de crescimento (FC) refere-se à propor- vida no controle da progressão do ciclo celular e preservação
ção de células proliferantes dentro de um tumor e não pode da estabilidade genética. Portanto, o acúmulo de lesões no
ser mensurada no animal.Já o tempo de duplicação (TD) in- DNA provoca a elevação de p53, induzindo a apoptose e di-
dica o tempo necessário para uma massa tumoral dobrar de ferenciação celular (27, 28).
tamanho, podendo ser calculado por mensurações sequen-
ciais do volume tumoral (V=π/6 x (diâmetro médio tumor)3) Interações entre o Hospedeiro e o Neoplasma
observado em radiografias, ultra-sonografias ou palpação di- A evolução do tumor envolve uma complexa rede de in-
reta. Em cães o TD varia de 2 dias (para o osteossarcoma me- terações entre as células cancerígenas e o microambiente do
tastático) a 24 dias (para o melanoma metastático), enquanto hospedeiro (29). Têm-se como exemplos casos de desenvolvi-
que no homem varia de 29 dias (para linfomas malignos) a mento de mecanismos de resistência à quimioterapia, estimu-
83 dias (para metástases de tumores mamários). No momen- lação da migração celular (metástases), angiogênese, aumen-
to em que um nódulo de metástase pulmonar é visto em ra- to da proliferação e sobrevivência tumoral (29,30).
diografias, ele possui em média 200.000.000 de células, pesa A resistência a quimioterapia é um episódio multifatorial
menos de 150mg e já se dividiu de 25 a 35 vezes. Um nódulo geralmente adquirido durante o tratamento antineoplásico
palpável de 1 cm tem 109 células tumorais (1.000.000.000) e (31). Este mecanismo depende basicamente de quatro alte-

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rações: 1) incremento do efluxo da droga após a penetração ficar quiescente em seu novo ambiente, até o momento em
na célula tumoral, mediado por proteínas relacionadas ao que tenha a produção de seus próprios fatores externos. Há
fenótipo de resistência a múltiplas drogas (MDR)(32); 2) al- hipóteses de que certos tumores produzam metástases mais
terações nas moléculas alvo que irão se ligar às drogas qui- frequentes em determinados órgãos-alvo ou tecidos devido à
mioterápicas para a ativação dos efeitos antitumorais, dimi- produção de fatores de crescimento nesses locais, indispensá-
nuindo assim, a afinidade pela droga quimioterápica (33); 3) veis a proliferação neoplásica (3).
aumento da reparação do DNA inativando danos ocorridos
pelas substâncias antineoplásicas sobre este ácido nucléico e/ Resposta Celular aos Quimioterápicos e Resistência
ou abolição da sinalização intracelular da ocorrência do dano Quimioterápica
ao DNA provocado pelas drogas quimioterápicas (34,35) e 4) Cada ciclo quimioterápico elimina em média 99% das célu-
alterações na apoptose, da qual dependem algumas medica- las tumorais, mas é imprescindível a repetição do tratamento
ções quimioterápicas (36). em múltiplos ciclos a fim de destruir as células tumorais em
A pesquisa oncológica foi, por muitos anos, guiada por sua totalidade. Em tumores considerados de grande volume,
uma visão reducionista que focava somente a célula neoplási- com cerca de 100g (1011 células), mesmo que o agente anti-
ca e seus genes. Uma visão mais inovadora, a biologia celular neoplásico elimine em torno de 99,9% das células alteradas,
heterotípica, indica que os tumores sejam observados como ainda haveria a possibilidade de existir células cancerosas
tecidos complexos nos quais as células neoplásicas mutantes remanescentes ao tratamento. Essas células poderiam, então,
encontram-se associadas a diferentes tipos de células nor- reiniciar o crescimento do neoplasma tão logo houvesse para-
mais como colaboradoras do processo tumoral. As interações da no tratamento. Desta forma, enfatiza-se a necessidade do
entre as células neoplásicas e as células do hospedeiro cola- diagnóstico oncológico precoce, um dos fatores fundamen-
boradoras poderão permitir um melhor conhecimento sobre tais para a eficácia do tratamento quimioterápico (6).
a patogênese do câncer, bem como, o desenvolvimento de Quando uma massa tumoral é diagnosticada ao exame
novas terapias antitumorais (22).As células tumorais recru- clínico, sua extensão já é significativa. Nesse estágio, o neo-
tam a vasculatura e o estroma do hospedeiro para a produção plasma encontra-se em fase de crescimento lento, com várias
e secreção de fatores que sinalizem o início da divisão celu- células em G0, podendo ocorrer uma relativa ineficácia da
lar (29). Exemplos de sinalizadores incluem desde fatores de quimioterapia (13). A maioria dos quimioterápicos atua sobre
crescimento, quimiocinas e citocinas até a produção de hor- células em divisão, e quanto menor a fração de crescimento
mônios. tumoral, menor a porcentagem de células em atividade proli-
Os fatores de crescimento regulam localmente o grau de ferativa e menor a sensibilidade destas células ao tratamento
proliferação, motilidade e morte de cada célula cancerígena (41).A Figura 1 ilustra os períodos de maior e menor resposta
de acordo com a disponibilidade de nutrientes (23). A maio- ao tratamento quimioterápico de acordo com o crescimento
ria dos fatores de crescimento é produzida por um único tumoral (curva de Gompertz).
tipo de célula, podendo agir em outra população celular em
separado. Contudo, em alguns tumores, um único tipo ce-
lular produz seu próprio fator de crescimento, constituindo
uma ação autócrina (37). Já, alguns hormônios, tais como o
estrógeno, desempenham um papel fundamental no desen-
volvimento dos tumores de mama em mamíferos, incluindo
as cadelas (38).
As quimiocinas e citocinas são produzidas tanto pelas
células tumorais quanto pelas células do estroma do hospe-
deiro. Estas possuem além do mecanismo autócrino, o me-
canismo parácrino, que sustentam o crescimento tumoral,
induzindo a angiogênese e facilitando a interação das células
neoplásicas com as células do sistema imune do hospedei-
ro. As quimiocinas também auxiliam as células neoplásicas
a migrarem para linfonodos sentinelas e induzirem pontos
de metástase em órgãos específicos (39). Ainda, as ciclooxige-
nases tipo 1 (COX-1) e tipo 2 (COX-2), que regulam a produ-
ção de prostaglandinas, têm sido pesquisadas por possuírem Figura 1 - Períodos de maior e menor resposta ao tratamento quimioterápico
de acordo com o crescimento tumoral (curva de Gompertz).
funções ligadas ao desenvolvimento e progressão tumoral, e
possivelmente serem usadas como fator prognóstico (40). Fatores intrínsecos, e mais raramente extrínsecos, podem
Contudo, a célula neoplásica de caráter metastático pode induzir à resistência quimioterápica de acordo com o tipo

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de tumor, limitando sua eficácia. A resistência intrínseca é


denominada primária se estiver presente na célula antes de
sua transformação neoplásica. Por outro lado, a resistência
intrínseca secundária se estabelece após o tumor ser expos-
to ao agente citotóxico, principalmente nas recidivas. Neste
caso, dois mecanismos são possíveis, a célula pode modificar
seu genótipo/fenótipo ou selecionar uma subpopulação re-
sistente. A resistência adquirida explica a dificuldade de tra-
tamento das recidivas de linfomas que podem ocorrer dentro
de oito a 10 meses(13, 42).
A transformação neoplásica envolve a disfunção de genes
que controlam o crescimento e a diferenciação celular. Tais
alterações podem envolver ativação anormal de proto-onco-
genes, inativação anormal de genes supressores de tumores
ou ainda, ter seus níveis de expressão gênica alterados (7). Figura 2 - Atividade dos agentes quimioterápicos antineoplásicos,
Estudos de biologia molecular resultaram no isolamento e ca- dependendo da fase do ciclo celular. G0 – fase de repouso, G1 – fase de
crescimento 1, S – fase de duplicação do DNA, G2 – fase de crescimento 2
racterização de genes que codificam para diversas proteínas e M – fase de mitose.
relacionadas à MDR, incluindo a glicoproteína Gp 170, pro-
duzida pelos genes MDR1 e MDR2 (43). Os quimioterápicos Assim, existem vários protocolos quimioterápicos que
penetram passivamente na célula, e ao tornar-se resistente, envolvem a exérese do tumor (quando possível) e uma inte-
tais drogas são bombeadas de modo ativo para o exterior pela ração de drogas. Estes medicamentos podem ser utilizados
glicoproteína Gp170, caracterizando-a como uma bomba de em vários tipos de tumores variando na frequência e dose de
efluxo. Moléculas de origem natural, como os alcalóides da administração (45). Alguns quimioterápicos quando associa-
vinca e as antraciclinas, são as mais afetadas pela MDR (13, dos a outros fármacos podem modificar suas ações. É interes-
44). sante salientar que os autores presentes citados nesta revisão
Os diferentes tipos de drogas antineoplásicas destroem as verificaram que o uso isolado do sulfato de vincristina não
células tumorais por mecanismos distintos. Os medicamen- afeta o sistema colinérgico de animais saudáveis. Todavia, o
tos que eliminam apenas células tumorais em divisão agindo uso deste quimioterápico associado ao decanoato de nandro-
nas diversas fases do ciclo (com exceção de G0) são conhe- lona, um esteróide anabólico utilizado no combate a anemia
cidas como drogas não-específicas da fase do ciclo celular, e caquexia cancerígenas, pode alterar a neurotransmissão
como por exemplo, os agentes alquilantes (ciclofosfamida, colinérgica (46). Entretanto, várias drogas quando utilizadas
clorambucil e cisplatina). Os quimioterápicos que eliminam individualmente também podem ser ineficazes. Como exem-
seletivamente células tumorais durante determinada fase do plo, cita-se um dos protocolos utilizados contra o mastocito-
ciclo celular são denominados drogas específicas da fase do ma canino: excisão cirúrgica + prednisona + lomustina. Cabe
ciclo celular, como a maioria dos antimetabólitos (azatiopri- ressaltar que as drogas ciclofosfamida, vimblastina, vincristi-
na, citosina-arabinosídeo) e dos alcalóides vegetais (sulfato na e doxorrubicina quando administradas individualmente
de vincristina, vimblastina). Os medicamentos que elimi- são ineficazes contra o mastocitoma canino (45).
nam células neoplásicas independentemente de seu estado
de ciclo, ou seja, tanto células em divisão como em repou- Comportamento Tumoral
so, são chamadas de drogas não-específicas do ciclo celular, As neoplasias são classificadas de acordo com as caracte-
como é caso de drogas mielossupressoras e das nitrosuréias rísticas de crescimento e comportamento como sendo benig-
(exemplo: lomustina, semustina) que tem uso raro em medi- nas ou malignas. Estudos demonstram que a frequência de
cina veterinária (6, 15).A Figura 2 demonstra uma correlação malignidade ou benignidade em uma determinada popula-
aproximada dos ciclos celulares com os tipos de agentes anti- ção de cães pode variar de acordo com a região analisada. No
neoplásicos mais comuns. Reino Unido, foi verificado um maior índice de tumores be-

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nignos em uma população definida de cães. Em Curitiba no do foi similar a morfologia papilar encontrada nos tumores
Paraná foi observado que 68,4% das fêmeas estudadas pos- epiteliais, tais como os papilomas escamosos e hepatomas.
suem neoplasias mamárias de caráter maligno (9).As chan- Quando a disponibilidade de nutrientes no tecido estava re-
ces do comportamento dos tumores caninos pesquisados em duzida por um aumento no consumo celular, observava-se
serem benignos ou malignos foram relativamente a mesma um padrão similar ao papilar, porém mais fino, com aspec-
(10). to de cordões ou filamentos de células, típico da morfologia
Os neoplasmas malignos se caracterizam por serem local- do tricoblastoma. Já, quando o aporte de nutrientes era alto,
mente invasivos e de crescimento destrutivo, que raramente indicando um baixo nível de consumo de nutrientes pelas
cessa.As bordas do tumor são pouco definidas, e as células células neoplásicas e baixa motilidade, o padrão observado
tumorais podem se dispersar através de tecidos normais ad- no estudo era compacto, como os observados nos tumores
jacentes. Este crescimento anormal resulta em destruição de sólidos como o carcinoma basocelular (23).
tecidos normais vizinhos, a qual é manifestada como ulce- Ainda pode-se citar que algumas raças possuem predis-
ração de tecidos superficiais e lise óssea. A metástase ocor- posição a desenvolverem certos tipos de tumores como o
re através das vias linfática ou hematógena e por dispersão mastocitoma em Boxer e o osteossarcoma em Rottweiler (51).
transcelômica. Este tipo de neoplasma irá causar a morte, Nenhum gene hereditário específico foi identificado em ani-
amenos que uma ação clínica radical seja tomada. Desta ma- mais domésticos, mas alguns neoplasmas, particularmente os
neira, frequentemente os tumores malignos comprometem sarcomas, parecem demonstrar predileção racial (7). Assim,
a vida do hospedeiro, em virtude da natureza destrutiva do pode-se citar a ocorrência de hemangiossarcoma em Pastor
seu crescimento e da disseminação metastática para outros Alemão e Golden Retriever apresentando-se como uma do-
órgãos vitais (7). ença multicêntrica que atinge principalmente o baço, o fíga-
Cães com tumores mesenquimais possuem seis vezes do, os pulmões e a aurícula direita (52). Todavia, diversos es-
mais chances de apresentarem um processo de malignida- tudos mostram os cães sem raça definida (SRD) em primeiro
de quando comparados àqueles acometidos por neoplasmas lugar nos índices de aparecimento de tumores no Brasil, o
epiteliais. Fatores como raça e sexo não têm sido associados que pode ser explicado por este grupo ser o mais numeroso
com risco de malignidade do tumor, porém as chances do cão no país (9).
apresentar um tumor maligno aumentam linearmente confor- A ovário-histerectomia (OH) como conduta auxiliar no
me a idade (47).A maioria dos cães acometidos por osteossar- tratamento de tumores mamários em cadelas, por prevenir as
coma possuem em média entre oito e nove anos de idade(48) variações hormonais, tem-se mostrado como uma alternativa
e 65% dos cães acometidos por mastocitoma estão na fase ge- complementar já que estes tumores estão intimamente rela-
riátrica (49). Entretanto, em caninos jovens há maior ocorrên- cionados ao estrógeno e a progesterona (38). Contudo, OH
cia de outros tipos de tumores, tais como o TVTC, pois estão deve ser realizada precocemente, diminuindo assim o risco
sexualmente ativos, aumentando a disseminação (50). de desenvolvimento dos tumores mamários, visto que a OH
Os tumores benignos têm crescimento relativamente len- realizada simultaneamente à mastectomia não proporciona
to e expansivo, porém, não sofrem metástase. Em geral, esse resultados satisfatórios. Isto ocorre porque as células neoplá-
tipo de tumor apresenta limite bem definido entre os tecidos sicas passam a ser hormônio-independentes na medida em
neoplásico e normal, podendo até mesmo, se tornar encapsu- que o tumor torna-se autônomo, passando de células neoplá-
lado. Seu crescimento pode cessar em alguns casos. Todavia, sicas diferenciadas para indiferenciadas.
pode afetar, ainda que minimamente, tecidos adjacentes, re- Adicionalmente, estudos têm revelado o envolvimento de
sultando em necrose por pressão e deformidade anatômica. células-tronco em tumores caninos tais como linfoma, mela-
Metástases não são relatadas, contudo, os tumores benignos noma e hemangiossarcoma, o que abre novas perspectivas no
sozinhos podem comprometer a vida do hospedeiro, com- tratamento destes neoplasmas focando neste tipo precursor
primindo estruturas vitais, como por exemplo, o cérebro. Es- de célula (26).
tes neoplasmas possuem curso clínico mais previsível, e na
maioria das vezes não são fatais (7). Morte Celular
Têm sido estudadas atualmente as morfologias dos cresci- Os dois principais mecanismos de morte celular são a
mentos tumorais mais comuns, tais como os padrões papila- necrose e a apoptose e ocorrem por vias morfologicamente
res, compacto e disconecto através de modelos matemáticos. distintas. A apoptose é altamente ordenada. Já a necrose é
Em uma pesquisa (23),o padrão disconecto, típico de neoplas- abrupta, ocorrendo após agressão extrema (3).
mas de células redondas (linfoma, mastocitoma e plasmoci- A morte celular programada, ou apoptose, também
toma) demonstraram alta motilidade e baixo grau mitótico. tem um papel importante na determinação do crescimento
Já,quando a migração celular se mostrou muito pequena e tumoral e sua agressividade (53). A apoptose tem sido parti-
com grau mitótico alto, demandando uma grande quantida- cularmente ligada ao processo neoplásico, já que estas células
de de nutrientes essenciais, então o padrão simulado exibi- alteradas podem tornar-se resistentes à morte celular. Uma

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Biologia tumoral no cão: uma revisão

e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo-celular não específi-


cos que interagem com o DNA: uma introdução. Quim Nova. 2005;28(1):118-
vez que isso aconteça, as células cancerígenas não respondem 29.
ao tratamento, metastatizam e proliferam de forma destruti- 7. Morris J, Dobson J. Oncologia em Pequenos Animais.São Paulo: Roca. 2007,
300p.
va (54). Em parte, isto ocorre pela inativação do gene supres-
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caso o prejuízo ao DNA não possa ser reparado (55,17). Exa- al.Prevalência de neoplasias e modalidades de tratamentos em cães atendidos
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ferramenta diagnóstica e prognóstica em tumores ósseos ca- 10. Souza TM, Fighera RA, Irigoyen L F,Barros CSL. Estudo retrospectivo de 761
ninos, como o osteossarcoma (56,57). tumores cutâneos em cães. Cienc Rural. 2006;36(2):555-60.

Normalmente, a apoptose não incita uma resposta 11. Ramos AT, Souza AB, Norte DM, Ferreira JLM, Fernandes CG. Tumores em ani-
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inflamatória, visto que o conteúdo das células mortas não é
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liberado. Já a necrose, é sempre um processo patológico, o carcinomatose peritoneal. Rev Assoc Med Rio Grande Do Sul.2000;44(3):115-
estágio final do dano celular irreversível (58). A necrose é um 19.

processo passivo, quando diferentes agentes de agressão ce- 13. Lanore D, Delprat C. Quimioterapia anticancerígena. São Paulo: Roca,
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lular como hipóxia, isquemia, hipertermia, irradiação e meta-
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A casuística na oncologia canina tem aumentado consi-
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deravelmente tanto pela maior sobrevida destes animais (o ma cutâneo canino - estudo de 45 casos. Arq Bras Med Vet Zootec.2004;56(4):
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que favorece o aparecimento de tumores) quanto pelos no-
vos métodos de diagnóstico e a conscientização por parte dos 19. Della Porta MG, Malcovati L, Travaglino E, Pascutto C, Maffioli M, Gallì A, et al.
Flow cytometry evaluation of erythroid dysplasia in patients with myelodys-
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ramento das técnicas terapêuticas na área. Entretanto, alguns 20. Greatti WFP, Amaral AS, Silva SB, Gaspar LFJ, Barbisan LF, Rocha NS. Índices
proliferativos do tumor venéreo caninopelas técnicas do CEC e KI-67na citolo-
aspectos relacionados à biologia tumoral permanecem des- gia aspirativa com agulha fina. Arch Vet Sci. 2004; 9(1):53-9.
conhecidos, o que impede, algumas vezes, o reconhecimen- 21. Suzano SMC, Sequeira JL, Pessoa AWP,Porto CD, Oliveira DE. Proliferação celu-
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vimento de terapias inovadoras. A biologia tumoral, apesar 22. Hanahan D, Weinberg RA. The hallmarks of cancer. Cell. 2004;100(1):57-70.

de complexa, tem demonstrado novas perspectivas no campo 23. Ferreira SC, Martins ML, Vilela MJ. Reaction-diffusion model for the growth of
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