Tradução e Interpretação Nos Estudos Surdos
Tradução e Interpretação Nos Estudos Surdos
Tradução e Interpretação Nos Estudos Surdos
Interpretação
nos Estudos
Surdos
Prof.ª Reginaldo Aparecido Silva
Prof. Warley Martins dos Santos
Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Prof.ª Reginaldo Aparecido Silva
Prof. Warley Martins dos Santos
S586t
Silva, Reginaldo Aparecido
Tradução e interpretação nos estudos surdos. / Reginaldo Aparecido Silva;
Warley Martins dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
298 p.; il.
ISBN 978-65-5663-760-0
ISBN Digital 978-65-5663-761-7
1. Comunidade surda. – Brasil I. Santos, Warley Martins dos. II. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico!
É com grande motivação que apresentamos a você este livro didático referente
a Disciplina Tradução e Interpretação nos Estudos Surdos. Foi desenvolvido com muito
carinho e dedicação de modo que você possa ter uma base teórica consistente e uma
leitura prazerosa para conduzi-lo ao conhecimento e aprendizagem concernente às
discussões que envolvem a Tradução, Interpretação e os Estudos Surdos.
Traduzir e Interpretar nunca foi fácil (há quem diga que é), sempre envolveu
trabalho e continua a ser trabalhoso. Dois mundos, duas línguas, duas estruturas
distintas, dois trabalhos, uma fronteira: mediar, não com precisão, mas com equivalência,
pensando sempre em como o nativo entenderá os enunciados da outra língua.
É sabido que desde sempre o ato de traduzir faz parte da humanidade, sendo
assim, é impossível não pensarmos em tradução no cotidiano. Ainda que passe
despercebido, traduzimos a todo momento de nossas vidas. Traduzimos desde ao abrir
os olhos, após despertar do sono, e interpretamos o que talvez tenhamos sonhado
nesse sono. Então, é impossível nos distanciarmos dessa atividade intrigante que faz
parte de tudo que está em nós e para nós, principalmente nesse mundo moderno e
tecnologicamente em evolução que vivemos.
Assim, esses detalhes têm a ver com os Estudos Surdos, um dos propósitos
centrais do presente material. Na primeira seção, você irá rever conceitos e compreender
o que é tradução, interpretação e quais são os tipos. Apresentaremos os conceitos sobre
os Estudos Surdos e os processos históricos de tradução e interpretação, sua origem
e compreensão. Os estudos terão o intuito de contribuir à sua formação de modo que
compreendam a essência e tenham a nítida reponsabilidade de como é estar, presenciar,
experienciar e atuar nesse universo.
Nos últimos anos a Libras têm recebido mais destaque, seu status linguístico
tem ganhado espaço devido aos muitos estudos e o protagonismo da Comunidade
Surda em mostrar que sua língua é realmente um idioma. A partir disso, é necessário,
como futuros profissionais da área, conhecerem, mesmo que de modo breve, o campo
dos estudos de Tradução e Interpretação e seus tipos de tradução que montam esse
quebra-cabeças.
Bons estudos!
GIO
Você lembra dos UNIs?
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 85
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................168
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 274
UNIDADE 1 -
TRADUÇÃO E
INTERPRETAÇÃO NOS
ESTUDOS SURDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três super tópicos. Durante seus estudos ou no final de
cada unidade, você encontrará atividades que contribuirão para seu conhecimento e
aprendizado dos conteúdos apresentados.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
1 INTRODUÇÃO
Apenas o ser humano usa a linguagem verbal, algo que nos torna singulares
no planeta Terra, essa capacidade especial de conversar é vista, pelos cientistas, como
uma das principais partes do processo de evolução desse ser, por isso as pessoas se
interessam, há muito tempo, pelas origens da linguagem verbal.
É através da língua, uma das mais complexas características que nos tornam
humanos, esse código complexo de comunicação começa a ser usado por volta de
500 a 400 mil anos atrás para atender diversas necessidades biológicas das quais
não discutiremos nesse momento, porém não existe consenso entre os antropólogos
ou linguistas acerca de quando e como teria surgido a linguagem nos seres humanos
(ou em seus ancestrais). As estimativas variam consideravelmente, sendo que alguns
cientistas apontam para a existência de linguagem há 2 milhões de anos, enquanto
outros preferem localizá-la há quarenta mil anos. Logo após o desenvolvimento da
linguagem verbal, sua prática, precisou ser sistematizada através de um código de
comunicação, isto é, uma língua.
Neste tópico, refletiremos sobre as questões gerais sobre as línguas, mas não
adentraremos em questões linguísticas da estrutura de seu funcionamento, mas sim de
sua expressão natural e em um segundo momento trataremos sobre a prática da língua
observando suas formas de produção e recepção de acordo com os tipos existentes
atualmente.
3
2 QUESTÕES GERAIS SOBRE AS LÍNGUAS
Já antes de Cristo, os filósofos gregos sofistas buscavam definir o ser humano
como “um animal racional” e “social”. Tais teóricos consideram o ser humano como
um animal racional ou um animal social. Seus esforços visavam defini-lo de maneira
excepcional como um animal que fala, é a língua que caracteriza e diferencia esse ser
dos demais assim como a racionalidade, que esse carrega, bem como a sociabilidade e
com o comportamento fundamental que se fundamentam na linguagem.
Não sabemos ao certo em que momento preciso o ser humano inicia o uso
de um sistema de comunicação para ilustrar sua linguagem, o que podemos assentir
é a origem da multiplicidade linguística existente no mundo. Diversos teóricos como
Seligmann-Silva (1998), Rodrigues (2000), Derridá (2002) e Vasconcellos e Bartholamei
(2009) recorrem à passagem da Torre de Babel para buscar entendimento sobre a
diversidade linguística existente no mundo de hoje.
NOTA
Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em
etapas para o grego koiné, entre o século I a.C. e o século III a.C.,
em Alexandria, por 72 rabinos, sendo escolhidos 6 de cada uma das
tribos de Israel, essa versão também foi conhecida como Versão dos
Setenta. FONTE: <https://goo.gl/zbHSuJ>. Acesso em: 21 abr. 2021.
Até os dias atuais, diferentes povos e até mesmo povos que coabitam o mesmo
território geográfico utilizam diferentes sistemas de comunicação aprimorados com o
passar do tempo a partir do uso social e individual desse sistema a qual chamamos de
língua.
4
Em linhas gerais podemos conceituar a língua como um instrumento complexo
de comunicação composto por unidades segmentadas que quando juntas e combinadas,
possibilitam que um determinado grupo de usuários consiga produzir estruturas simples
e complexas objetivando estabelecer duas ações: comunicar e compreender.
Claro que essa não é a única definição, pois se observamos a perspectiva analítica
sobre este conceito temos: (1) códigos majoritariamente orais das quais se originam
as línguas orais; (2) fenômenos que ocorrem dentro de uma determinada comunidade
ou cultura, estando a ela intrinsecamente ligados; (3) está ao alcance de qualquer ser
humano e assimilados intuitivamente por todos da mais tenra idade podendo também
ser aprendido formalmente fora do ambiente familiar; e (4) apresenta em constante
mutação aleatória e incontrolável sendo de tempos em tempos padronizadas por
dicionários.
6
Já a modalidade escrita é uma tecnologia de representação abstrata pois não
dá conta de representar todos os fenômenos existentes na oralidade como a prosódia,
gesto e olhar (ANDRADE, 2011, p. 21), “dessa forma apresenta elementos inerentes à
mesma e que estão ausentes na oralidade a partir de sinais gráficos convencionados por
uma normativa”. Cabe ressaltar de igual forma que o letramento enquanto modalidade
de uso da língua é observável, novamente, em nossas línguas de trabalho, independente
da modalidade de produção e recepção da língua, ou seja, é possível escrever em
português ou em Libras a partir de sinais gráficos percebidos pela visão em ambas as
línguas, articulando assim o letramento. Vejamos os exemplos:
A B C D E F G H I J K L M
N O P Q R S T U V W X Y Z
FONTE: Os autores
7
FIGURA 2 - RELAÇÃO DE MODALIDADE DA LÍNGUA COM A MODALIDADE DE USO DA LÍNGUA
8
DICA
Você pode ver como este método funciona assistindo ao vídeo “Febrapils
Entrevista: Surdocega Sofia Indalecio, que usa Tadoma para se comunicar”
no canal da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais
Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais. Vídeo
disponível em: https://youtu.be/Bmoc6zTLBp8.
DICA
Você pode ver como a Libras tátil funciona assistindo ao vídeo “Hélio
Fonseca e Regiane Pereira - Casa do Pai surdocego”. Vídeo disponível em:
https://youtu.be/A3U0EWH1XuU.
9
Já a percepção da modalidade escrita tátil de uso de uma língua vocal-auditiva
temos o Braille, código criado por Louis Braille composto por um conjunto de 6 pontos
em relevo que codificam toda a língua portuguesa a partir de um padrão específico para
cada letra do alfabeto latino. No Brasil o sistema é utilizado por pessoas cegas e com
baixa visão para a leitura de textos finalizados em impressoras Braille ou produzidos
diretamente a partir de máquinas de escrita manual Braille. Já as pessoas surdocegas
podem de igual forma utilizar o sistema Braille, porém esse ainda pode variar em um
outro sistema tátil o Braille digital que é “realizado na mão da pessoa surdocega (os
dedos indicador e médio) [ou] de seu interlocutor” em que “os dedos indicador e médio
são comparados a celas braille e cada falange dos dedos representa a marcação dos
pontos em relevo” (VILELA, 2020, p. 105-06).
10
DICA
Para aprofundar mais o seu conhecimento, leia os livros que abordam
sobre os três diferentes sistemas de notação, a saber: 1. Escrita de
Língua de Sinais (EliS) sistema brasileiro de escrita das línguas de sinais; 2.
Sistema de Escrita para Libras (SEL); e, 3. SignWriting, sistema internacional
de notações de línguas gestuais-visuais. E o Livro sobre a educação de
surdocegos e a sua escrita.
11
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Aprendemos que as línguas sugiram de maneira natural para sanar uma necessidade
de estabelecer comunicação, elas se comportam como códigos complexos que
quando organizados formam sentenças que transmitem o pensamento de um ser
para o outro.
• As línguas podem ser agrupadas em pelo menos dois tipos, quando observado seu
modo de produção e recepção, as línguas vocais e as línguas gestuais.
• Quanto ao uso, essas também podem ser categorizadas, mas dessa vez em três.
A primeira é a modalidade escrita que vale tanto para o português quando para a
Libras a partir do sistema de Escrita de Sinais, que no Brasil é o SignWriting. Já a
segunda modalidade é a oral em ambas as línguas. A terceira é a tátil, mescla em si
tanto a modalidade oral, quanto a escrita para cegos e surdocegos que necessitam
deste terceiro sentido para percepção das informações.
12
AUTOATIVIDADE
1 Uma língua possui diferentes modalidades, a saber a modalidade de produção e
recepção de uma língua, bem como a forma com que essa língua é utilizada. Nesse
sentido, quais as contribuições você poderia elencar, para a formação do profissional
Tradutor/Intérprete de Libras-português, de se estudar este conteúdo?
4 Por muito tempo as pessoas com deficiência e a Comunidade Surda, rotuladas como
anormais, sofreram opressão da sociedade. Por conta disso foram proibidos de ter
seus direitos básicos principalmente o da educação. Mas, além dessa exclusão, o que
mais foi negado aos sujeitos surdos? Com base no que você aprendeu, assinale a
alternativa CORRETA:
a) ( ) Foi negada a liberdade de produzir suas próprias histórias, pois não tinham
“voz” e equipamentos de registros para relatar suas angústias, experiências e
conquistas.
13
b) ( ) Foi negada a liberdade de contar as suas próprias histórias e desafios, pois não
tinham “voz” para relatar suas angústias, experiências e conquistas.
c) ( ) Foi negada a liberdade de sinalizar em língua de sinais e contar as suas próprias
histórias e desafios, pois não tinham outros surdos para relatar suas angústias,
experiências e conquistas.
d) ( ) Foi negada a liberdade de contar as suas próprias produções, relatando suas
histórias e desafios, pois não tinham “voz” das mãos para relatar suas angústias,
experiências e conquistas.
5 Durante seus estudos, você observou que os Estudos Surdos também estão ativos
em outra área apresentando outras realidades e fomentando a sua valorização
cultural e linguística. Que área é essa?
14
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS
TRANSLATIVOS
1 INTRODUÇÃO
Ao passo que as pessoas diferenciavam suas línguas com o passar do tempo,
atividades translativas, isto é, passagem de textos escritos ou orais entre línguas
precisavam ser utilizadas para que diferentes povos pudessem estabelecer comunicação.
Esses processos translativos são a tradução e a interpretação. A tradução, por ter uma
característica de registro, ao passo em que ela está sendo realizada ficou registrada nos
anais da história. Por sua vez, a interpretação, que não goza de mesma sorte, já que não há
necessidade de registro para ser realizada, teve sua história perdida nas areias do tempo.
Ao passo que entendemos como essas duas atividades são realizadas podemos
caracterizá-las, tipificá-las e dessecá-las quanto ao seu funcionamento. Neste tópico
trabalharemos com um breve relato da história da tradução, em que estudaremos as
mudanças que os conceitos de tradução e de interpretação sofreram com o tempo
buscando descrevê-los quanto a sua prática.
A escrita, base do senso comum para a tradução, pode ser considerada como “um
procedimento do qual atualmente nos servimos para imobilizar, isto é, fixar a linguagem
articulada”. Todavia, ela não pode ser reduzida a apenas um instrumento, já que ela tem a
função de “guarda, [...] isto é, realiza o pensamento que até então permanece em estado
de possibilidade” (HIGOUNET, 2003, p. 9), pois nossos antepassados tinham acesso
apenas à cultura oral, ou seja, a cultura era passada de geração a geração através de
transmissão de informações a partir da oralidade. Em determinado momento, os símbolos
15
que permitiram que essa oralidade pudesse ser gravada e reproduzida foram aos poucos
consolidando-se como um sistema gráfico e se transformando até chegar aos sistemas
de escrita que possuímos atualmente.
Quando Cícero trata o tradutor como orador, ele tem por pretensão dizer que,
nesta função, o profissional necessitava utilizar “os mesmos pensamentos e suas formas,
bem como suas figuras, com palavras adequadas ao nosso costume” (CÍCERO, 1996, p.
38-40; V, 14; VII, 23 apud FURLAN, 1996. p. 17), ou seja, aplicar a tradução palavra-por-
palavra. Portanto, as traduções não eram realizadas por uma vertente voltada ao que
entendemos por tradução de sentidos na função de intérprete e a tradução enquanto
“orador”, já que esse tinha como função “traduzir palavra por palavra (verbum pro verbo,
em latim), reproduzindo-as inclusive no mesmo número […] em que se encontravam no
original” (FURLAN, 1996, p. 17). Acreditamos, ainda que durante este período foi a primeira
vez que a palavra “intérprete” tenha sido empregada em relação ao processo de tradução.
16
Com isso, a tradução demonstrou imensa afinidade com a Linguística já que até
então bastava substituir palavras, gerando o que foi chamado por Jakobson, de “Aspectos
Linguísticos da Tradução”. Esses estudos entendiam a tradução como mera atividade de
substituição linguística, em que o objetivo era substituir palavras de uma língua pelas de
outra com base em algum traço de sinonímia.
DICA
Enigma foi uma máquina eletromecânica de criptografia com rotores.
Utilizada tanto para criptografar como para descriptografar códigos de
guerra, foi usada de várias formas na Europa a partir dos anos 1920.
Sugerimos assistir ao filme “O jogo da Imitação” para entender mais sobre
a máquina.
3 OS TIPOS DE TRADUÇÃO
Roman Osipovich Jakobson (em russo: Роман Осипович Якобсон) foi um
pensador russo e é considerado um dos mais importantes linguistas do século XX e
um pioneiro da análise estrutural da linguagem, da poesia e da arte. Em seus estudos o
pesquisador buscou decompor os processos da tradução e de que forma ela acontece,
assim surgem os três principais tipos de tradução na publicação “Aspectos Linguísticos
da Tradução” em 1959.
17
FIGURA 7 – LIVROS “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÕES EM PORTUGUÊS
18
diversos idiomas. A título de exemplo, temos as Escrituras Sagradas, que são a biblioteca
mais traduzida de todos os tempos; e “atualmente, ela está disponível inteira ou em
parte em mais de 3 mil idiomas” (JW.ORG, s. d).
NOTA
O termo nonsense em suas traduções, refere-se a: “sem sentido”,
“contrassenso” ou “absurdo”. É uma expressão da língua inglesa que
caracteriza algo sem sentido, sem lógica ou coerência. Esse termo aparece
nas obras de autores como Edward Lear e Lewis Carroll. Esse último, ao usar
o termo “nonsense” vem provocar o surrealismo e também o dadaísmo, um
movimento artístico da denominada vanguarda nos tempos modernos,
que teve início em 1916, em Zurique, Suíça, no período da Primeira Guerra
Mundial (BARRENTO, 1990; WIKIPÉDIA, s. d).
19
FIGURA 10 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM RUSSO
20
FIGURA 13 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÃO EM LIBRAS
21
3.3 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
O terceiro tipo é a tradução intersemiótica, também conhecida como
transmutação. É necessário frisarmos aqui que, ela não tem relação direta com a língua,
mas sim com os sistemas em que a linguagem é dividida, isto é, o sistema verbal,
que compreende às palavras de uma determinada língua que pode ser utilizada em
modalidade oral ou escrita e o sistema não verbal que utiliza qualquer elemento visual/
auditivo para comunicação, por exemplo, você já deve ter sabido que um livro ou outro,
que alcança o patamar de best-seller, isto é, um sucesso de vendas que se torna uma
produção cinematográfica. Quando você transforma um livro em um filme você tem uma
tradução intersemiótica.
NOTA
As obras mencionadas anteriormente também tiveram suas produções
no formato de filmes em vários idiomas, formatos e artes gráficas. Para
conhecer as outras obras e as diferentes artes gráficas de “Alice no País
das Maravilhas”, acesse o link: https://bit.ly/3k2HN47.
22
FIGURA 17 – FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM PORTUGUÊS
23
Cabe ressaltar ainda que, ao passo que Jakobson categorizava a tradução
em seus diversos tipos, tal organização visava atender aos Estudos Linguísticos da
tradução, ou seja, sua observação levou em consideração apenas aspectos linguísticos
relacionados a troca ou não de informações entre diferentes línguas, ou seja, o estudo
do processo de realização dessas traduções foi renegado para estudos posteriores uma
vez que o texto final produzido por um tradução não recebia a mesma atenção das
pesquisas naquele momento.
4 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO
Nos anos 1970, a tradução ainda é conceituada e abordada no campo dos
Estudos Linguísticos, como vimos em Jakobson (1959) anteriormente, com ênfase
nas semelhanças e diferenças entre as línguas e no modo como se deve realizar a
transferência de material linguístico e textual. Nesse contexto, vemos que a tradução,
nesse tempo, é tratada como sendo a mera transferência de sistemas verbais e
não-verbais (BASSNETT, 2003) de comunicação. Assim, de modo geral, a tradução
é entendida como uma ação humana, mecânica, visando não somente, e apenas, a
substituição de material linguístico, mas, sim e, o estabelecimento da comunicação
entre falantes de diferentes línguas.
Por definição, Holmes entende que os Estudos da Tradução (ET) abarcam “toda
e qualquer atividade de translação de material linguístico de uma língua para outra”
(RODRIGUES; BEER, 2015, p. 20). Nesse sentido, os ET seriam abrangentes englobando
o fenômeno da tradução e do traduzir e da interpretação e do interpretar de maneira
completa pois os:
24
NOTA
O conceito de translação é entendido como todo e qualquer processo de
transferência de informação linguística-textual entre línguas sem marcar
se esse processo seria de tradução ou interpretação, como encontramos
em Pöchhacker (2009).
25
FIGURA 21 - MAPEAMENTO DOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO, SEGUNDO WILLIAMS E CHESTERMAN (2002)
26
da Tradução e Interpretação; (11) Estudos Interculturais; (12) Estudos
da Interpretação; (13) Tradução Literária; (14) Tradução Automática e
auxiliada pelo computador; (15) Trabalhos em categorias múltiplas;
(16) Estudos do processo tradutório; (17) Metodologia de Pesquisa;
(18) Interpretação em Língua de Sinais; (19) Tradução técnica e
especializada; (20) Terminologia e Lexicografia; (21) Tradução e
gênero; (22) Tradução e ensino de língua; (23) Tradução e Política;
(24) Tradução e indústria de prestação de serviços linguísticos; (25)
Políticas de Tradução; (26) Teoria da Tradução; e (27) Formação de
Tradutores e Intérpretes.
5 OS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO
Assim como a tradução, a interpretação pode ser observada de diferentes
perspectivas, em múltiplos contextos, em processos diferenciados e em suas diversas
modalidades. De modo geral, pode-se considerar que o campo disciplinar dos Estudos
da Interpretação (EI) seria “duas décadas mais jovem do que a área de Estudos da
Tradução” (QUENTAL et al, 2017, p. 1). Isso não quer dizer que a atividade interpretativa
seja mais recente que a tradutória ou que as pesquisas sobre a interpretação não
existiam concomitantemente às pesquisas sobre a tradução.
27
Como podemos observar, o conceito de interpretação destaca-se nos anos
1990, a partir das discussões traçadas em âmbito internacional no contexto europeu.
Por mais que entendamos que a interpretação surge no mundo antes da tradução,
tendo em vista a já citada passagem da Torre de Babel na seção anterior, partimos da
premissa de que como o texto registrado possui mais durabilidade, exatamente pelo
seu registro físico, já que a evanescência da fala, característica da interpretação, não
possui naturalmente registro palpável. Assim, a tradução, antes dos recentes avanços
tecnológicos, ocupou mais o foco central das pesquisas.
Uma das contribuições dos EI são as pesquisas que visam definir o conceito
de interpretação, inclusive, diferenciando-o do de tradução. A interpretação tem sido
definida como tradução oral, a qual visa ao estabelecimento da comunicação entre
falantes de diferentes línguas numa situação e/ ou contexto específico (PAGURA, 2003,
p. 210).
28
interpretação não é bem documentada, embora seja geralmente aceito que, como
atividade [a interpretação é] mais antiga que a tradução escrita” (SHUTTLEWORTH;
COWIE, 1997, p. 83, tradução nossa).
Vejamos alguns desses aspectos gerais supracitados, que podem nos ajudar a
entender a conceituação da interpretação, ainda que nem sempre estejam presentes:
(1) a interpretação envolve um texto oral que está sendo produzido em fluxo contínuo,
sem registro fixo ou seja após sua produção o texto imediatamente se desfaz; (2) o modo
de produção ou de execução da atividade é em contato direto com o destinatário da
interpretação, podendo este estar presente fisicamente ou por mediação de tecnologia;
(3) as etapas relacionadas ao processo de interpretação podem até contar com uma
preparação prévia, porém, mesmo com esta preparação, a realização será imediata; (4)
as características do produto final da interpretação que não depende necessariamente
de registro. Sabemos que estas não são todas as características que envolvem
esta atividade tão complexa, mas é um entendimento pertinente dos aspectos de
singularizam essa atividade em relação à tradução.
PROCESSOS
TRADUÇÃO INTERPRETAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
Priorização daquelas
Priorização daquelas
Competência necessárias para lidar
necessárias para lidar com a
e habilidades com a modalidade escrita:
modalidade oral: habilidades
linguísticas habilidades de leitura e de
de escuta e de fala.
escrita.
O profissional define o O autor do discurso impõe
Ritmo de trabalho seu ritmo de acordo com seu ritmo ao profissional que
pressão do tempo. precisa se ajustar a ele.
29
O trabalho pode ser É quase impossível
Modo de realização
pausado ou organizado interromper, protelar ou
do trabalho
em etapas. fragmentar o trabalho.
Há pouco ou nenhum apoio
O apoio externo pode ser
externo, basicamente
Apoio externo buscado em glossários,
recorre-se à memória ou,
(materiais e outros em dicionários, em
imediatamente, ao colega de
recursos) colegas e em outras
trabalho, ainda que de forma
traduções.
limitada.
O texto pode ser
Possibilidade de completamente revisado Não há como realizar
correção antes da e, se for necessário, nenhuma alteração sem que o
entrega do texto alvo realizar ajustes e público a veja.
alterações.
Contexto limitado
Aspectos situacionais Contexto múltiplo, desde o
centrado no espaço de
da atividade intrassocial até o internacional.
trabalho do tradutor.
Indispensáveis,
Dispensável, pode ocorrer com
ferramentas e materiais
Uso da tecnologia nada mais do que o próprio
para a escrita são
corpo.
essenciais.
Indireto, mínimo ou
inexistente, muitas Direto, significativo e efetivo,
Contato com o vezes com um grande muitas vezes com o público
cliente/ público intervalo de tempo entre o presente no momento da
processo de tradução e a interpretação.
entrega do produto.
30
técnicas, essa última modalidade se difundiu de forma oficial
somente após sua utilização no decorrer do julgamento dos oficiais
nazistas em Nuremberg, entre novembro de 1945 e outubro de 1946.
DICA
Para saber sobre outras modalidades de interpretação, veja Cavallo
(2019), Seção 2 - Modalidade da Interpretação.
CAVALLO, P. Reelaboração de um modelo de competência do
intérprete de conferências. Disponível em: http://hdl.handle.
net/10183/204527. Acesso em: 12 maio. 2021.
31
Esse tipo de interpretação é pouco utilizado pelos TILSP tendo em vista que
nosso par linguístico não interfere, quando estão em processo de produção um no outro.
32
ATENÇÃO
Na literatura encontramos duas siglas, TILS e TILSP, que, embora
se assemelhem, podem se confundir em seus conceitos. Assim,
basicamente TILS refere-se a área de pesquisa em que o profissional
atua, isto é, Tradução e Interpretação de Línguas Sinalizadas, em que
o processo acontece de/entre/para línguas sinalizadas. Por outro lado,
TILSP, é o profissional que atua entre o par linguístico Libras-português,
isto é, um par linguístico específico dentre os mais diversos pares que
envolvem uma língua sinalizada e uma língua vocalizada.
33
FIGURA 24 - CABINE DE INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA
DICA
O filme apresenta uma profissional intérprete, Silvia Broome (Nicole
Kidman), que atua na ONU e que se encontra em uma “saia justa”
quando ouve uma ameaça de morte, enunciada num raro dialeto que
apenas ela e uma restrita minoria de pessoas conseguem compreender,
a um chefe de Estado ao mais alto nível da organização. A partir disso,
tenta a todo o custo desmascarar a trama. Sob proteção, passa a ser
vítima ou suspeita no envolvimento da ameaça.
34
A segunda via de interpretação, é o inverso da primeira. Ela ocorre quando o
palestrante é uma pessoa Surda e o seu discurso será realizado integralmente na LS.
Desta forma, o profissional TILS fará ao mesmo tempo a interpretação direta, ou seja,
a interpretação da LS para a LP. Esta via de interpretação é bem temida por muitos
profissionais, visto que nem sempre ambos, TILSP e o surdo, se conhecem; geralmente
isso ocorre por questões de regionalismo e variação linguística. Portanto, vale lembrar
que, ainda que se ouça em alguns casos, o profissional não fará a verbalização
ou vocalização e muito menos a voz da pessoa Surda. Ele traduzirá de um idioma
visuoespacial, a LS, para o idioma oral auditivo, a LP.
Nessas duas vias, temos outros espaços físicos – muito mais utilizados no
período de distanciamento social por conta da COVID-19 – o espaço virtual de atuação
(Figuras 28 e 29). Vale lembrar que, essas vias de interpretação podem ser realizadas
tanto por pessoas Surdas como não-surdas desde que compreendam fluentemente as
línguas que estão sendo mediadas virtualmente, isso também se aplica no espaço em
que eventos são realizados presencialmente.
35
FIGURA 28 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA VIRTUAL
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
36
A atuação nesta via de interpretação exige do profissional um trabalho cognitivo
bem complexo. A competência é um aspecto importante, pois permite que o profissional
realize a operação necessária para concluir com êxito o processo de tradução, já que
ela faz parte do conhecimento básico e das habilidades necessárias para se comunicar
(ALBIR, 2010).
37
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Temos basicamente três tipos diferentes de tradução, que pode ser realizada entre
línguas diferentes (interlingual), dentro da mesma língua (intralingual) e entre
diferentes sistemas de linguagem, isto é, o verbal e o não-verbal (intersemiótica).
• Para estudar tal fenômeno Holmes (1972) propõe a separação dos Estudos da
Tradução, da então linguística, sendo a primeira agora como uma área independente
que busca identificar e mapear diferentes formas de tradução.
• A interpretação, uma das subáreas dos Estudos da Tradução, começa a ser estudada
e em 1990 estabelece uma área de pesquisa nova independente dos estudos da
tradução, em que podemos observar de mais perto a atividade interpretativa.
38
AUTOATIVIDADE
1 Sabendo que a interpretação é um subtipo da tradução, podemos observar que
ambos os processos buscam levar um texto de uma língua para a outra. Faça um
resumo das diferenças entre esses dois processos.
3 Quando lemos nas literaturas alguns termos, muito das vezes é necessário saber
em que contexto esse se encontra. Ao lermos a palavra Surdo com a grafia em “S”
maiúsculo, ela traz referência e um sentido. De acordo com o que você aprendeu na
Disciplina, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Refere-se a pessoa surda que luta pelos seus direitos políticos, linguísticos e
culturais.
( ) Engloba uma categoria de alteridade, que envolve a mulher/o homem surda/o em
suas diferentes peculiaridades.
( ) As peculiaridades sistemáticas são: faixa etária, raça, classe, religiosa e posição
geográfica, financeira e política.
a) ( ) V - V - V
b) ( ) F - V - V
c) ( ) V - V - F
d) ( ) V - F - F
4 Você aprendeu que os Estudos Surdos tiveram início na década de 1970. A partir de
lá, o povo surdo, começou a se empoderar reivindicando seus direitos. No entanto,
por outra razão nasce os Estudos Surdos. Com base no que você estudou, esse
nascimento se deu de que forma? Analise as questões abaixo e escolha a alternativa
CORRETA:
39
a) ( ) Como pertencentes de uma maioria linguística, ao invés de um grupo de pessoas
ligadas pela capacidade, a motivação, a ação e as produções interculturais, não
deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a
Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem sem a
influência clínica e ouvintista.
b) ( ) Como pertencentes de uma minoria extralinguística, ao invés de um grupo de
pessoas ligadas pela incapacidade, a motivação a ação e as produções culturais,
não deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a ser
criados, e a Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos
nascem sem a influência excludente ouvintista.
c) ( ) Como pertencentes de uma minoria linguística, ao invés de um grupo de pessoas
ligadas pela incapacidade, a motivação, a ação e as produções culturais, não
deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a
Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem sem a
influência clínica e ouvintista.
d) ( ) Como pertencentes de uma minoria linguística, ao invés de um grupo de pessoas
ligadas pela incapacidade, a motivação a ação e as produções culturais, não
deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a
Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem com
opressão, mas se desligam da influência clínica e ouvintista.
5 O profissional TILSP atua em duas ou mais línguas diferentes. Tendo em vista que
essas línguas de trabalho possuem diferentes modalidades de produção e recepção,
a qual fator pode-se crer ser o primordial para que esse profissional prefira atuar na
interpretação simultânea e não na consecutiva?
40
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
OS ESTUDOS SURDOS
1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo o povo surdo e não menos importante, de modo geral, todos os
diferentes, todos os “anormais”, foram oprimidos pela sociedade. Foram excluídos de seus
direitos básicos, por exemplo, a educação. Foram, e ainda são rotulados, educacional e
socialmente como um grupo inferior e deficiente, por membros da sociedade que se
encontram engessados no passado excludente, opressor, normalizador e filantrópico,
além da visão reduzida, ignorando tudo o que diz respeito à evolução dos estudos do
povo surdo, da sua cultura e alteridade e da singularidade linguística de sua educação.
41
NOTA
Mesmo que haja legislações, municipais e estaduais que instituem
ações educativas e um Projeto de Lei que institui o Dia Nacional
da Pessoa Surdocega (BRASIL, 2019; BRASIL, 2020), neste texto,
ao mencionarmos “povo surdo”, incluímos também as pessoas
surdocegas, pois, além de não serem menos importantes, dependem
também para a comunicação entre os pares do profissional Tradutor e
Intérprete e do Guia-intérprete de Língua de Sinais/Língua portuguesa
– na modalidade de grande complexidade na mediação comunicativa
(BRASIL, 2000; 2010; LEBRE, 2021).
Além de terem sido excluídos dos sistemas de ensino, não puderam contar as
suas próprias histórias e desafios, pois não tinham “voz” para relatar suas angústias,
experiências e conquistas. Suas histórias foram roubadas e contadas, não como
exatamente eram e são, mas como eram vistas a partir das imagens produzidas por
aqueles que os controlavam (SILVA, 2019). O sentido aqui empregado por “não ter voz”
significa o não ter direito de se posicionar, a proibição de se defender, o bloqueio rígido
de se retratar, a inviabilidade empregada - ainda mais com a restrição de uso da língua
de sinais para se expressar.
Diante os fatos, tiveram que lutar por muitos anos para serem reconhecidos
como humanos capazes e com potencialidades para realizar quaisquer ofícios, desde
que lhes oportunize e lhes deem acessibilidade. Em plena celeuma contemporânea,
o trabalho em conjunto dessa minoria linguística, o povo surdo vem com grande
empoderamento para reconquistar o seu espaço de direito na sociedade. Os Surdos
como a(u)tores e protagonistas trazem consigo suas reais vozes, o seu real eu, e não os
seus “eus” inventados por outros não surdos, como menciona Silva (2019).
DICA
Surdo: a grafia em ‘S’ maiúsculo refere-se ao sujeito surdo, a pessoa que
luta pelos seus direitos políticos, linguísticos e culturais, ou seja, que faz
parte da Comunidade Surda [...] engloba uma categoria de alteridade, que
envolve a mulher/o homem surda/o em suas diferentes peculiaridades:
etária, de raça, de classe, religiosa, de posição geográfica etc. (SILVA, 2019,
p. 70).
42
Eles são referências e têm propriedade de falar sobre a pessoa com surdez, sua
cultura, suas alteridades e especificidades. De suas reais experiências socioculturais,
somadas ao significativo modo de comunicação por meio da Língua de Sinais, do
movimento e da resistência frente ao ouvintismo, surge então os Estudos Surdos!
NOTA
Ouvintismo: Termo academicamente designado a estudar o surdo
‘do ponto de vista da deficiência, da clinicalização e da necessidade
de normalização [...] deriva de uma proximidade particular que se dá
entre ouvintes e surdos, na qual o ouvinte sempre está em posição
de superioridade [...] de poder, de dominação em graus variados,
em que predomina a hegemonia por meio do discurso do saber’
[...] ‘conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o
surdo é obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte [...]
é nesse olhar-se, e nesse narrar-se que acontecem as percepções
do ser deficiente, do não ser ouvinte; percepções que legitimam as
práticas terapêuticas habituais’ [...] e por consequência adicional, a
indiferença, a opressão e a exclusão (SILVA, 2019, p. 24).
Não é um estudo, e muito menos uma novidade, que descreve o povo surdo,
como eles são, o que fazem ou deixam de fazer, em que moram ou não moram. Ainda
que em território brasileiro esses estudos tenham começado, amadurecido no início
do século XXI e vem se intensificando, foram constituídos a partir de alguns cursos
na década de 1970 para oferecer seus primeiros programas de diplomação no início
dos anos 1980 na Universidade de Boston e Universidade Estadual da Califórnia em
Northridge. Outras Universidades, desde então, iniciaram suas ofertas de graduação,
lato senso e stricto senso nesses Estudos, e por sua vez
43
Para compreendermos mais o que são, é necessário rever brevemente os
Estudos Culturais. Embasado na pesquisa da professora surda Strobel (2008), nos
Estudos Culturais, é possível perceber as lutas políticas de diversos grupos, procurando
perceber os diferentes olhares de muitas manifestações culturais, principalmente
aqueles que enfatizam resistências presentes nos povos surdos às práticas ouvintistas,
não é uma disciplina específica, mas a interdisciplinaridade visa os estudos de aspectos
culturais da sociedade.
44
Nesses estudos não há espaço para rótulos que interpretam o Surdo, a pessoa
com surdez, como alguém deficiente ou com alguma síndrome e que esteja em
sofrimento. O conceito de surdez não tem espaço para o conceito da deficiência auditiva,
conceito este bem disseminado no contexto médico, mas bem repelido nos Estudos
Surdos. Porém, abre espaço para o sujeito que não é diferente, mas é singular em sua
diferença, não é deficiente, é usuário da Língua de Sinais, é militante, é protagonista
(SILVA, 2019).
DICA
Para mais detalhes sobre o conceito de “supervivente”, leia os livros
Orrú (2017). “O re-inventar da inclusão: os desafios da diferença no
processo de ensinar e aprender”, ou, Orrú (2021) “A Inclusão menor e
o paradigma da distorção” (SILVA, 2019, p. 23).
45
NOTA
O termo gestual aqui utilizado refere-se à modalidade da língua de sinais, ou
seja, língua gestual-visual/espaço-visual (FERREIRA, 2010).
46
NOTA
Aqui o termo “ancião”, em latim antianus, refere-se a pessoa respeitada,
aquela de idade mais avançada, os avós da comunidade, que passa
informações de geração em geração.
COVID-19:
nome oficial da doença causada pelo novo
coronavírus também conhecida como Sars-
Cov-2 em razão do Sars-Cov-1 (ou apenas Sars),
nome dado a epidemia na China em 2002, por
ser consideradas ‘irmãs’. Em inglês, Sars-Cov-2
significa: ‘severe acute respiratory syndrome
coronavirus 2’, em tradução livre: Síndrome
Respiratória Aguda Grave do Coronaviurs 2
(CEZAR; SOUZA; PONNICK, 2020, p. 348).
FIGURA 32 – LIVRO: ÍNDIOS SURDOS: MAPEAMENTO DAS LÍNGUAS DE SINAIS NO MATO GROSSO DO SUL
47
FIGURA 33 – LIVRO: EPISTEMOLOGIAS DOS ESTUDOS SURDOS - LÍNGUA, CULTURA E EDUCAÇÃO SOB O
SIGNO DA DIVERSIDADE CULTURAL
48
4 PROTAGONISMO CONTEMPORÂNEO
O reconhecimento desses estudos vai além do simples achismo ou pressupostos,
estereótipos criados pelo povo não surdo, com limitações literárias e de pesquisa.
Reconhecer e respeitar as diferenças torna-se fundamental para que a liberdade de
expressão linguística tenha seu patamar de inclusão, ainda que a exclusão coexista
na globalização dos povos bem como suas culturas na contemporaneidade (GOMES,
2020, p. 132). Além disso, saber e reconhecer que o povo surdo – protagonistas surdos –
fizeram e fazem parte de muitos contextos históricos da humanidade, seja na invenção
científica - que contribui beneficamente até hoje - seja na Arte, na Astronomia, no
Cinema, na Música, na Política, enche-nos de orgulho e muito mais a eles, com grandes
modelos de que a luta continua, mesmo com grandes desafios de acessibilidade,
comunicativo e linguístico.
49
FIGURA 37 – LIVRO ESTUDOS SURDOS II
DICA
Quer ampliar suas pesquisas?
Leia o livro e compreenda mais sobre os/as
“Heróis/Heroínas Surdos/As Brasileiros/As:
busca de significados na comunidade surda
gaúcha” A pesquisa e as provocações desta
obra “adicionam a questão sobre os efeitos
que provocam, na comunidade surda e
nos espaços educacionais, a definição e
a identificação dos heróis surdos” além
de “reconhecer as lutas por significados,
mas também por constituir novos atores
políticos [...] contribui para que a sociedade
em geral adote outros conhecimentos que
a enriqueçam no seu conjunto” (RANGEL;
KLEIN, 2020).
Disponível em: https://bit.ly/2NJtNj7. Acesso
em: 12 fev. 2021
50
QUADRO 2 – CELEBRIDADES SURDAS ESTRANGEIRAS E NACIONAIS
Artista plástica croata. Surda desde o nascimento, Contraiu escarlatina aos dois anos de idade, o que
devido às dificuldades de comunicação, se se a fez perder os sentidos da audição, visão, olfato
afastou aos poucos das pessoas, depois que seu e paladar. Mesmo com esses déficits conseguiu,
talento foi notado. Até os quinze anos, morou em de forma rudimentar, se comunicar por gestos
uma instituição para crianças surdas em Viena, com sua família. Estudou na Escola Perkins para
Áustria. Artista independente teve seu próprio Cegos, em 1837 e foi professora de Anne Sullivan.
ateliê, em uma sala de antigo necrotério, onde Ao final de sua educação formal, em 1850, já havia
provavelmente pintou seu autorretrato. Devido à aprendido história, literatura, matemática e filosofia.
depressão crônica, agressão e outros sintomas Foi conhecida como a primeira mulher surdocega
psicológicos, foi internada em 1902 e morreu em 29 estado-unidense, a estudar a língua inglesa, cerca
de março de 1906. de 50 anos antes de Helen Keller.
51
Goya E. Huet
Francisco José de Goya y Lucientes foi um dos E. Huet, surdo francês que criou as primeiras
maiores mestres da pintura espanhola. Aos 46 instituições oficiais de ensino para surdos no Brasil
anos, contraiu uma doença séria e desconhecida, e no México. Pioneiro na influência às línguas de
transmitida por um amigo, numa viagem a sinais nesses dois importantes países da América
Andaluzia em 1792. Ficou temporariamente Latina. Fundou em 1856, com o apoio de D. Pedro
paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo. II, o Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES/RJ.
FONTE: <https://bit.ly/3u4iulW>. Acesso em: 5 de
mar. 2021 FONTE: <https://bit.ly/3e9rJeP>. Acesso em: 25
abr. 2021
Luís Filipe Maria Fernando Gastão (Louis FONTE: <https://bit.ly/2PyHJh2>. Acesso em:
Philippe Marie Ferdinand Gaston). Foi um 28 abr. 2021
nobre francês, tendo sido conde d'Eu. Era neto
do rei Luís Filipe I de França. Tornou-se príncipe
imperial consorte do Brasil. “Nada consta sobre Foi uma astrônoma estado-unidense famosa por
sua surdez” nas bibliotecas, mas ela é confirmada seu trabalho sobre estrelas variáveis. “Descobriu
no livro biográfico da Princesa Isabel “Isabel, a a Lei do período-luminosidade que permite
Redentora dos Escravos”, de Robert Daibert Junior descobrir a distância de uma estrela baseada na
(2004). luminosidade”.
52
Thomas Edson Oliver Heaviside
FONTE: <https://bit.ly/3xwTyFI>. Acesso em: 5 Victoria Alice Elisabeth Julie Marie von
de mar. 2021 Battenberg, conhecida como Princesa Alice von
Battenberg. Mãe do Duque de Edimburgo (Príncipe
Philip, morto em 09 de abril de 2021). Preocupada
Foi um escultor americano. Ficou surdo, vítima com a pronúncia, foi percebido por sua mãe o
de um surto de escarlatina, aos 4 anos de atraso e a demora para aprender a falar. Após
idade. Esculpiu muitas estátuas que estão hoje consulta, foi diagnosticada com surdez congênita.
localizadas em São Francisco, Berkeley e na área Aprendeu a ler lábios, e com a ajuda da princesa
da baía de São Francisco. Vitória, aprendeu a escrever em inglês e alemão.
53
Helen Keller Konstantin Tsiolkovski
FONTE: <https://bit.ly/3vytQP8>. Acesso em: 5 mar. FONTE: <https://bit.ly/3u9p9v1>. Acesso em: 5 mar.
2021 2021
54
Olaf Hassel Howard Hughes
FONTE: <https://bit.ly/2S5TNqY>. Acesso em: Howard Robard Hughes Jr. Foi um aviador,
28 fev. 2021 engenheiro aeronáutico, industrial, produtor de
cinema, diretor cinematográfico norte-americano,
Foi um astrônomo amador norueguês. Descobriu o e um dos homens mais ricos do mundo. Ficou
cometa Jurlov-Achmarof-Hassel em abril de 1939 famoso ao quebrar o recorde mundial de
e da nova V446 Herculis em 7 de março de 1960. velocidade em um avião, construir aviões, produzir
Sua surdez foi descoberta quando tinha 1 ano de o filme Hell's Angels e por se tornar dono de uma
idade. Estudou na escola para surdos “Christiania das maiores empresas aéreas norte-americana,
Public School for the Deaf” onde aprendeu a ser a TWA. Aos quatro anos, devido a otosclerose
um designer. hereditária, já havia herdado a surdez parcial.
55
Ronald Reagan Bill Clinton
56
Bono Vox Robert Redford
Paul David Hewson. Líder da banda irlandesa U2. Robert Redford Jr. Ator duas vezes vencedor
Sofre há muitos anos de tinnitus, um “zumbido” do Oscar. Sofreu perda auditiva após contrair uma
que geralmente é associado à perda auditiva, infecção no ouvido durante uma acrobacia com
dentre as causas, a exposição a ruídos extremos. água.
Premiado ator canadense e vencedor de prêmios Atriz norte-americana. Ganhou o Oscar, o BAFTA,
como Emmy e Globo de Ouro. Após um acidente no o Globo de Ouro e o prêmio de melhor atriz no
estúdio gravação, lida com o zumbido nos ouvidos. Festival de Cinema de Cannes pela atuação no
Usa um aparelho especial que auxilia o cérebro a filme “O Piano”. Tem perda auditiva severa no
desviar a atenção do zumbido. É defensor ferrenho ouvido esquerdo.
da American Tinnitus Association.
FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em: 28
FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29 abr. 2021
abr. 2021
57
Amy Ecklund Deanne Bray-Kotsur
58
Jodie Foster Marlee Matlin
59
Howie Seago Jeff Bravin
Diretor e ator de teatro, e ator de televisão. É Membro atuante e engajado na comunidade surda.
membro da companhia do Oregon Shakespeare Diretor executivo da The American School for the
Festival, em Ashland, Oregon, desde 2009. É o Deaf (ASD). A mais antiga escola integral para
primeiro ator surdo a se apresentar na história do surdos dos Estados Unidos, fundada em 1817, em
festival. Na família paterna havia problemas de Hartford, Connecticut. Foi o protagonista do filme
audição. Nasceu surdo e tem quatro irmãos, dois que levava o nome do personagem, Jonas, em “E
deles, um com surdez e outro com perda auditiva. seu nome é Jonas”.
60
Rob Lowe Halle Berry
Ator de cimena. Na infância adquiriu a surdez por Maria Halle Berry. Atriz tenha perda auditiva
conta de um vírus, é surdo unilateral do ouvido de 80% no ouvido esquerdo após ser vítima de
direito. violência doméstica.
61
Millie Bobby Brown Millie Simmonds
62
Brenda Costa Maria Otávia Cordazzo
FONTE: Os autores
63
DICA
Para quem ainda não assistiu, “Crisálida”
é a primeira série brasileira de ficção, em
Libras e português, e está disponível na
Netflix no Brasil e em Portugal.
64
1. Alexandre Bet da Rosa Cardoso <https://bit.ly/3gVTDNk> 7. Carlos Júnior <https://bit.ly/3nHFWCQ>
2. Ana Regina Souza e Campello <https://bit.ly/3eMux0P> 8. Clarissa Guerretta <https://bit.ly/3gSuzH2>
3. Andrei Borges <https://bit.ly/3xK1Z0G> 9. Cleiton César <https://bit.ly/3ebeaf7>
4. Angela Eiko Okumura <https://bit.ly/2QLmHfP> 10. Cristiane Esteves <https://bit.ly/3vxpIz9>
5. Antônio Campos de Abreu <https://bit.ly/2QPfVFJ> 11. Everaldo Ferreira <https://bit.ly/3nGZbwt>
6. Bruno Straforini <https://bit.ly/3eTEs4O> 12. Fábio de Sá <https://bit.ly/3ue3v94>
65
25. Lucas Ramon <https://bit.ly/2PNees8> 31. Neivaldo Zovico <https://bit.ly/3ubzVkA>
26. Maisa Silva <https://bit.ly/3tiz28E> 32. Nelson Pimenta <https://bit.ly/3takqrF>
27. Marianne Rossi Stumpf <https://bit.ly/3nGYu6z> 33. Patrícia Rezende <https://bit.ly/3aUeGMm>
28. Miriam Royer <https://bit.ly/2QOd93F> 34. Paulo Bulhões <https://bit.ly/339ZRkK>
29. Nathalia da Silva <https://bit.ly/3xIfQVa> 35. Peterson Henrique <https://bit.ly/3xFXd3Y>
30. Nayara Rodrigues da Silva <https://bit.ly/3nEyoRs> 36. Priscila Gaspar <https://bit.ly/3gQuVOq>
66
alguns, a vulnerabilidade, conforme retrata a história, pode ser um dos fatores que os
coibiram ou ainda coíbe, e que os impossibilita de ter a garantia de voz na sociedade em
que vivem (SILVA, 2019; LANE, 1992).
Ainda que o povo surdo tenha sofrido com barbáries, punições e castigos
severos, pelo fato de querer apenas se comunicar em sua língua, são modelos heroicos
para outros surdos a continuarem o uso de seu idioma, de se reconhecerem e orgulharem
do Ser Surdo e desmistificar estereótipos criados pela sociedade, independentemente
do que venha acontecer. O movimento surdo nunca parou, mesmo às escondidas, na
inclusão menor, alimenta(va)m o desejo de terem uma identidade e uma cultura própria,
sem desistir, conseguiram chegar aonde estão, e continuam no avanço de grandes
conquistas; tendo recentemente mais reconhecimento e sendo valorizados pela lente
da diversidade humana sem intervenções clínicas da normalização e reabilitação
(BAUMAN; MURRAY, 2014; LANE, 1992).
DICA
A Coleção Estudos Surdos – Série Pesquisa, foi produzida entre os
anos de 2006 e 2009, organizada pelas professoras Ronice Müller
de Quadros (Vol. I, II, III e IV), Gladis Perlin (Vol. II) e Marianne Rossi
Stumpf (Vol. IV). É uma coleção que deve fazer parte do nosso acervo
de leitura e pesquisa. Quer saber mais sobre ela e obter os livros
gratuitamente? Acesse: https://bit.ly/3eNQRXT.
67
DICA
Para conhecer mais sobre a Inclusão Menor, que diz respeito às lutas
“nos bastidores” daqueles que lutam pelos direitos de acessibilidade
e inclusão, recomendamos a leitura dos livros da professora Silvia
Ester Orrú, doutora em Educação e pesquisadora dos estudos
tendo a diferença como valor humano: a coexistência da inclusão/
exclusão na contemporaneidade; mecanismos de exclusão na escola
e sociedade; processos dialógicos inovadores e inclusivos para uma
educação democrática; inclusão e diferença no contexto escolar e
universitário; direitos humanos; direitos das mulheres; inclusão,
diferença e direitos sociais na América Latina. Indicamos esses dois
fantásticos livros para você não somente ler, mas para compreender
as lutas que ocorrem desde outrora.
Até 2016, um total de mais de 148 Surdos tem se dedicado na formação superior,
e como mestres e doutores, estão ativos em diversos campos, especialmente na área da
linguística, com o foco nas línguas de sinais bem como, mais recentemente, nas línguas
de sinais indígenas. Destarte, significativamente, os Estudos Surdos impulsionam
riquíssimas pesquisas, pesquisas de protagonistas surdos que não dependem de outrem
para narrar suas vivências (SILVA, 2019, p. 64; MONTEIRO, 2018; GOMES; VILHALVA, 2021;
GOMES, 2020).
DICA
Quer ampliar suas pesquisas?
Chegamos até aqui elevando os Estudos Surdos em sua mais relevante atuação,
no que diz respeito à educação e do movimento sociocultural que avança com todo
vigor. Porém, há de se dizer que, há uma ameaça que ronda esse terreno: as novas
tecnologias.
69
Como declaram Bauman e Murray (2014, p. 75), “novas tecnologias de
normalização estão sendo aplicadas a pessoas surdas”, mesmo que haja intercâmbios
de entendimento e compreensividade por parte do povo surdo, “procedimentos não
são aceitos ou recomendados pela Comunidade Surda por encará-los como meios
normalizadores e hostis contra os surdos” (SILVA, 2019, p. 48).
Com base nos autores e na história, o povo surdo já passou por diversos
enfrentamentos.
Nesse século, os avanços tecnológicos levam o povo surdo mais uma vez
superviverem ao poder ouvintista controlador dos corpos surdos; e agora mais
organizados com avanços que dão a opção às famílias evitar conceberem bebês surdos
(BAUMAN; MURRAY, 2014; SILVA, 2019).
Assim, sem acirrar discussões mais profundas e sem contextos, o que fugiria
do objetivo desse Tópico, há de se concordar com Garcia (2018, p. 22) sobre tais
possibilidades e procedimentos, ele diz que “é preciso duvidar das certezas clínicas
assim como, muitas pessoas, duvidam da necessidade da formação e fortalecimento
da comunidade surda e do uso e direito a LIBRAS”.
70
Devido a esses procedimentos e as abordagens educacionais que não
empregam a língua de sinais, subentende-se que a não exposição desta, precocemente
às crianças surdas de modo natural, está diminuindo. Assim, esse impacto, causado
pelos procedimentos tecnológicos, é negativo, proeminente e irreversível, conforme
aponta Johnston (2004).
INTERESSANTE
Acesse o Canal Libras em Prática no Youtube e veja o Projeto
“Literaturas do Universo Surdo de A à Z”.
71
Transitar nesse espaço, conhecer e presenciar, in loco, o protagonismo surdo,
e de modo remoto – se inclui aqui o período pandêmico – nos permite entender suas
inúmeras produções e com elas mergulhar mais ainda em suas histórias de identidades,
experiências, posturas e tramas socioculturais registradas na linha do tempo da
história. Somadas às literaturas, também por eles produzidas, nos inspiram a contribuir
significativamente, como pesquisadores, mediadores educacionais e profissionais
tradutores-intérpretes das línguas envolvidas, à sua vanguarda contemporânea,
diligente e sem regresso.
72
LEITURA
COMPLEMENTAR
INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA INTERMODAL: SOBREPOSIÇÃO, PERFORMANCE
CORPORAL-VISUAL E DIRECIONALIDADE INVERSA
1 INTRODUÇÃO
73
¹Neste texto, utilizamos o termo intermodal (entre línguas de duas modalidades
distintas) em oposição ao termo intramodal (entre línguas de mesma modalidade).
Entretanto, existem autores que utilizam os termos bimodal em oposição a unimodal
(NICODEMUS, EMMOREY, 2013; NAPIER, LEESON, 2015) e bilíngue unimodal em oposição
a bilíngue bimodal (SAWBEY, NICODEMUS, 2011).
2 LÍNGUA E MODALIDADE
74
QUADRO 1 – Diferenças entre línguas orais e de sinais
FONTE: Os autores
2
Charles Hockett apresentou um conjunto de treze características definidoras
da linguagem humana. Para ele a primeira dessas características e a mais óbvia, da qual
decorrem algumas outras, seria o canal vocal-auditivo.
75
Se em um primeiro momento os linguistas concentraram seus esforços em
identificar e apresentar o que há de comum entre as línguas orais e as de sinais, no intuito
de comprovar o status linguístico das últimas, atualmente percebemos a ampliação de
pesquisas voltadas à diferença intrínseca às línguas de sinais, à sua especificidade em
relação às orais e à diferença entre as próprias línguas de sinais, inclusive, no intuito de
trazer contribuições do estudo dessas línguas à Linguística.
76
do corpo, da cintura para cima), ou seja, de o corpo constituir-se em língua, permite
que algumas características se destaquem: a simultaneidade, a iconicidade, a sintaxe
espacial, a visibilidade necessária do falante, a possibilidade de uso concomitante da
modalidade vocal-auditiva, dentre outras.
77
ASL, Francês-Libras, LSF-Inglês, Português-Libras etc.), os quais são o foco de nossa
reflexão neste texto.
Primeiramente, temos que levar em conta que as línguas de sinais são jovens,
se comparadas às línguas orais, e que, por sua vez, seu reconhecimento e estudo pela
Linguística são muito recentes. Como línguas jovens, elas ainda não possuem um
sistema de escrita de uso efetivo e com significativa circulação social. Outro aspecto
importante é o fato de que a necessidade de inclusão das pessoas surdas por meio de
seu acesso aos bens e serviços sociais básicos, por exemplo, fez com que a interpretação
se destacasse como essencial e prioritária, ganhando assim grande visibilidade.
78
escrita, mas o que tem sido mais comum é o registro em vídeo do corpo do tradutor
como língua. Isso faz com que os tradutores intermodais surdos e ouvintes, que
têm seu texto alvo em língua de sinais, sejam sempre visíveis ao seu público e que,
muitas vezes, sejam vistos como o único autor do texto. Além disso, no processo de
interpretação intermodal que tem como texto alvo a língua de sinais ocorre o mesmo, já
que os intérpretes de sinais precisam estar visíveis diante do público.
A interpretação intermodal que tem como língua alvo a língua de sinais será o
foco de nossa reflexão a seguir. Contudo, é indispensável reconhecer que no caso da
interpretação intermodal da língua de sinais para a língua oral também teremos efeitos
de modalidade, os quais podem se distinguir dos demais efeitos por terem o texto alvo
em língua oral falada.
79
uma modalidade para outra, sendo que o texto alvo deve ser oferecido obrigatória e
imediatamente em sua versão final, ou seja, em sua primeira e única produção, segundo
o tempo de oferecimento do texto fonte.
80
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• É importante saber que nesses estudos não há espaço para rótulos que interpretam
o Surdo, a pessoa com surdez, como alguém deficiente ou com alguma síndrome e
que esteja em sofrimento. Que o conceito de surdez não tem espaço para o conceito
da deficiência auditiva, conceito este bem disseminado no contexto médico, mas
bem repelido nos Estudos Surdos.
81
• A importância de reconhecer e respeitar as diferenças se torna fundamental para
que a liberdade de expressão linguística tenha seu patamar de inclusão, ainda
que a exclusão coexista na globalização dos povos bem como suas culturas na
contemporaneidade.
• Os Estudos Surdos, ainda que seja novo para nós aqui no Brasil, vem de longa
sendo discutido e vai além do imediatismo confrontado pelo povo surdo além de
desempenhar um fundamental papel na vida dos sujeitos Surdos em todas as áreas
em que propõem atuar.
82
AUTOATIVIDADE
1 Vimos que os Estudos Surdos tiveram seu início há bastante tempo e desde então as
discussões estão pautadas em:
I- Narrar a história do povo surdo por meio dos registros literários alocados apenas
nas escolas municipais.
II- Somente ofertar Cursos acadêmicos para os surdos de modo que possam conseguir
ter uma formação superior.
III- A partir da década de 1970 muitos programas de diplomação começaram a difundir
esses estudos.
IV- Na constituição de pesquisas em que as identidades, as línguas, os projetos
educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas,
e tendo os próprios surdos como protagonistas.
2 Durante seus estudos, você observou que os Estudos Surdos também estão ativos
em outra área apresentando outras realidades e fomentando a sua valorização
cultural e linguística. Que área é essa?
83
3 Como observado, o estudo das modalidades de produção e recepção de uma
língua é muito importante para um intérprete ou tradutor-intérprete, pois, a partir
desses estudos podemos entender de maneira mais clara os efeitos de modalidade
existentes na tradução no par Libras/Português. Sobre as modalidades de produção
e recepção da língua, analise as sentenças a seguir.
4 Durante seus estudos, conseguiu compreender o que são e para que serve os Estudos
Surdos? Descreva com suas palavras, com base no que aprendeu, o que são e para
que servem.
5 Quais dos protagonistas surdos que viu neste estudo você já conhecia? Descreva
brevemente sobre ele(s).
84
REFERÊNCIAS
ALBIR, A. H. A aquisição da competência tradutória: aspectos teóricos e didá-
ticos. In: PAGANO, A.; MAGALHÃES, C.; ALVES, F. Competência em tradução:
Cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2005.
85
BRASIL. Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão
de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Brasília, DF,
2010. Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021.
86
FENEIS. O que é o Intérprete de Língua de Sinais para Pessoas Surdas?
Belo Horizonte/MG, 1995.
87
JOHNSTON, T. W(h)ither the Deaf Community? Population, Genetics, and the
Future of Australian Sign Language. American Annals of the Deaf. 148. 358-
75. 2004. Disponível em: https://bit.ly/3vufC21. Acesso em: 27 abr. 2021.
89
RODRIGUES, C. H. Tradução e modalidade de língua: intramodalidade e inter-
modalidade. Disciplina de Tradução e Línguas de Sinais ministrada no Progra-
ma de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de
Santa Catarina (PPGET/UFSC). Cadernos de Tradução, v.38, n.2, 2018. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3LWFSuM. Acesso em: 30 abr. 2021.
90
SINDROME DE USHER BRASIL. Associações de surdocegos. s. d. Disponí-
vel em: https://www.sindromedeusherbrasil.com.br/associacoes-surdocegos.
Acesso em: 12 ago. 2021.
91
VILELA, E. G. Educação de surdocegos: perspectivas e memórias. Curitiba:
Appris, 2020.
92
UNIDADE 2 —
O PROFISSIONAL
TRADUTOR E INTÉRPRETE
DE LÍNGUA DE SINAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três super tópicos. Durante seus estudos ou no final de
cada unidade, você encontrará atividades que contribuirão para seu conhecimento e
aprendizado dos conteúdos apresentados.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
93
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
94
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR; O
TRADUTOR E O TRADUZIR
1 INTRODUÇÃO
A todos os envolvidos em algum tipo de ofício, deve-se ter em mente uma
base funcional e profissional consistente que o leve à excelência no trabalho. Essa
excelência está longe de ser a perfeita, sem erros, mas uma excelência de compreensão
e responsabilidades do/no processo em que estará inserido e/ou mediando. Quando
falamos de idiomas, essa excelência tem início às condições de poder atuar em dois
mundos linguísticos e distintos, no nosso caso, a Língua de Sinais e a Língua portuguesa.
Prezado aluno, neste tópico você irá aprender quais são as funções básicas
do tradutor e do intérprete, como se dá o trabalho de tradução e interpretação com
língua de modalidades distintas, as especificidades das línguas de sinais em seus atos
interpretativos.
95
FIGURA 1 – TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS
IMPORTANTE
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436
(Lei da Libras). Disponível em: https://bit.ly/3yTCvyi. Acesso em: 5 fev. 2021
Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de
Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021
2 TRADUZIR OU INTERPRETAR?
Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência
linguística entre línguas diferenciadas, a todo tempo estamos fazendo essa atividade
inclusive na nossa própria língua, quando precisamos reformular o que estamos dizendo
para alguém que não nos entende. Então, qual seria a diferença entre essas duas formas
de transferência linguística? Isso que vamos discutir nessa seção.
96
FIGURA 3 – TRADUÇÃO DE LÍNGUAS
Tendo por certo culturalmente bem como pelo senso comum, a tradução é
tratada em Houaiss como o movimento de mensagens gráficas, ou seja, escritas de
uma língua para outra, entretanto não aborda a questão de forma mais aprofundada.
No Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, que é um dicionário da língua
portuguesa publicado no Brasil e em outros países, inclusive em outras línguas, pela
editora Melhoramentos, a tradução é tratada da seguinte forma:
97
Percebe-se que aqui o conceito de tradução é trazido de uma forma ampla pela
primeira definição como simples versão de uma língua para outra de qualquer texto, não
especificando a modalidade – se escrita ou oral. As outras definições pouco evidenciam
a complexidade do conceito. Por sua vez, a entrada para tradução no Dicionário Aurélio,
utilizado em larga escala em nosso país, encontramos os seguintes dizeres: “do lat.
traducere, “conduzir além”, “transferir”; 1. transpor, transladar de uma língua para outra;
2. revelar, explicar, manifestar, explanar [...]; 4. transladar de uma língua para outra;
verter [...]” (FERREIRA, 2010, p. 1972).
Podemos observar que se trata de uma definição um pouco mais enxuta. Nela
encontramos que a tradução se trata de um ato de transferir, que pouco contribui para o
entendimento do processo envolvido nesta atividade. A definição trazida pelo Dicionário
Aurélio, tal qual as outras encontradas no Houaiss e Michaelis, não nos dão pistas
de como esse conceito é aplicado na prática. Todavia, no Dicionário informal online,
encontramos uma pequena pista que nos leva a iniciar uma reflexão, pois para ele a
tradução é transformar uma palavra/frase/texto de uma linguagem para outra, nota-se
que aqui já se começa a ter noção que a tradução parte de um texto escrito, mesmo
estando esta definição bem precária.
Há muito tempo este conceito de tradução vem sendo estudado por diversos
teóricos. Iniciamos a discussão deste conceito por Jakobson (1959) que realizou seu
trabalho, versando sobre o conceito de tradução com base em teorias linguísticas
vigentes até os dias de hoje. Para ele, a tradução trata da troca de signos verbais
em uma língua por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou até
mesmo em um sistema de signos não-verbais, ou seja, dizer a mesma coisa com outras
palavras, signos e símbolos (AUBERT, 1994). Ainda em seu trabalho, Jakobson cunhou
três vertentes tradutórias, até hoje conhecidas: a intralingual que é a troca de signos
na mesma língua; a interlingual, em línguas diferentes; e a intersemiótica, por meio de
signos não-verbais.
98
FIGURA 6 – TRADUÇÃO INTRALINGUAL
99
FIGURA 9 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL – PORTUGUÊS PARA LIBRAS
Já nos anos 70, a tradução ainda era conceituada segundo os estudos linguísticos
como uma mera transferência de códigos que se limitavam à palavra ou à frase. Nesse
contexto, surge a tradução como uma transferência de signos comunicativos verbais
e não-verbais que podiam ser levados de uma língua para outra em busca de uma
comunicação efetiva (BASSNETT, 2003). Em conformidade com seu contemporâneo
Jakobson (1959), a tradução é tida como uma ação humana básica para estabelecer
comunicação com usuários de outras línguas.
Catford (1980) nos versa, de forma ampla, que a tradução é exercida quando
temos uma substituição de material textual e equivalente, de uma língua para outra,
sendo este conceito aplicado em uma operação que se realiza naturalmente entre
línguas distintas.
100
interlingual é muitas vezes pensada, no senso comum, como uma atividade mecânica
realizada pelo tradutor de substituição das palavras, uma a uma, pelas equivalentes em
outra língua (RÓNAI, 1981). Na realidade, porém, as palavras e até mesmo as frases estão
sujeitas a ambiguidades, e seu sentido depende das outras palavras e frases associadas
a elas, o que faz da tradução uma atividade seletiva, reflexiva e complexa.
DICA
Para aprofundar nos seus estudos e ampliar seus
conhecimentos no universo tradutório, recomendamos
a leitura do livro do autor Paulo Rónai.
Por fim Lee-Jahnke et al. (2013) concebe que a tradução como uma operação
interlinguística na qual é necessário interpretar o sentido de um determinado texto de
partida, texto fonte (TF), produzindo um novo texto, texto alvo (TA) e estabelecendo em
nível de palavras uma relação de equivalência. Assim, demonstra-se que o processo
101
tradutório não se completa apenas com o auxílio de um bom dicionário (ALVES et al.,
2014), mas sim com um conjunto complexo de saberes que permite ao tradutor analisar
e atribuir palavras, em línguas diferentes, que possuam relação de equivalência.
NOTA
A expressão em latim ipsis verbis significa “com as mesmas palavras” (DICIO,
s. d.).
102
Por sua vez, Ferreira (2010) descreve que o ato interpretativo é manifestado
pela substituição, de forma simultânea ou consecutiva, da faixa oral do TF para um novo
TA por palavras equivalentes, demonstrando assim uma simplificação muito grande do
conceito.
Entende-se que:
103
O propósito principal tanto da tradução quanto da interpretação é
fazer com que uma mensagem expressa em determinado idioma
seja transposta para outro, a fim de ser compreendida por uma
comunidade que não fale o idioma em que essa mensagem foi
originalmente concebida (PAGURA, 2003, p. 223).
DICA
Filme “Un Traductor” (Um Tradutor). Um professor
de literatura russa, é obrigado a trabalhar na
Universidade de Havana como tradutor, entre
médicos e crianças, vítimas do desastre nuclear
de Chernobyl, enviadas até Cuba para tratamento
médico do acidente nuclear.
104
3 O TRABALHO DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COM
LÍNGUAS DE MODALIDADES DIFERENTES
Muitos TILSP têm grandes dificuldades para iniciar sua profissão, dadas as
diferenças existentes entre essas duas línguas. Primeiramente, a Libras é uma língua
de modalidade visuoespacial e a Língua Portuguesa (LP), oral-auditiva. Por modalidade
de uma língua entende-se os sistemas físicos ou biológicos de transmissão por meio
dos quais a fonética de uma língua se realiza (MCBURNEY, 2004 apud RODRIGUES,
2013). Essas questões linguísticas geram um grande desafio para o profissional quando
precisa verter textos, orais e escritos, de uma língua para outra. Outras discrepâncias e
similaridades foram notadas por Quadros (2004), são elas:
Libras LP
Possui a modalidade visual-espacial, Articula-se de forma oral, em que as
organizando suas relações no espaço de informações são emitidas por voz, e
sinalização. recepcionadas pela audição.
Baseada em experiências visuais,
captadas pela visão do usuário e Baseia-se exclusivamente no som.
interações culturais.
105
Para o profissional vencer essa discrepância e similaridades, ele deve investir em
apreender sobre as características inerentes a essas línguas. Todavia, as discrepâncias
e similaridades demonstram que a diferença dessas modalidades linguísticas causa
efeitos de modalidade, como nos define Rodrigues (2013, p. 43), completando que “[...]
são muitas as similaridades entre as línguas orais e as de sinais, as quais demonstram
que as propriedades do sistema linguístico não estão reduzidas à modalidade da língua,
mas a transcendem”.
DICA
Filme “The Terminal” (O Terminal). Viktor Navorski
(Tom Hanks) cidadão europeu, sem saber inglês,
viaja à Nova York, Estados Unidos, para realizar
um sonho. Durante a viagem, seu país sofre um
golpe de estado, e ao chegar no aeroporto, seu
passaporte é invalidado, impedindo-o de entrar
nos Estados Unidos e de retornar ao seu país de
origem devido ao fechamento das fronteiras. Sem
comunicação naquele país consegue com enorme
dificuldade entender o que ocorre nos noticiários.
Eis aí a falta de um tradutor-intérprete para mediar
a situação.
106
Por sua vez, Alves (2014) demonstra que outra estratégia é a busca de
subsídios internos tais como o conhecimento enciclopédico, ou seja, por meio de
nosso conhecimento de mundo, incluindo nossa bagagem cultural e o conhecimento
procedimental que nos ensina a utilizar o conhecimento que já adquirimos. Quando
aplicamos esse pressuposto observamos uma necessidade de fazer com que o TILSP
atuante nesse contexto desenvolva sua competência referencial (QUADROS, 2004) a
fim de dominar os conteúdos que permeiam o contexto.
107
4 ESPECIFICIDADES DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
SINALIZADAS
Como observado na Unidade 1, o par linguístico em que trabalhamos possui
modalidades de produção e de usos diferentes, sendo assim surgem especificidades no
ato interpretativo que são inerentes a essa divergência de modalidade, são os chamados
efeitos de modalidade. Tal temática tem chamado a atenção de diversos pesquisadores
a partir dos Estudos da Tradução e da Interpretação de Línguas Sinalizadas (ETILS) como
vemos em Padden (2000), Quadros e Souza (2008), Wurm (2010), Rodrigues, (2013),
Quadros e Segala (2015).
108
estudiosos consideravam a alternância de códigos como sendo um uso sub-padrão da
língua. Desde os anos 1980, no entanto, a maioria dos estudiosos tendem a considerá-la
como um fenômeno normal, natural em ambientes multilíngues.
4.1.2 Code-blending
Em contraposição ao code-switching temos o code-blending que é o fenômeno
observável quando se utiliza dois códigos linguísticos distintos simultaneamente, como
por exemplo falar em português e Libras ao mesmo tempo (QUADROS; SOUZA, 2012, p.
329). No Brasil ele também é conhecido como bimodalismo, ou seja, a utilização de dois
modais diferentes para estabelecer a comunicação, porém a questão é que em pessoas
ouvintes que preponderantemente tem o português como primeira língua, isto é, a
língua que é aprendida e utilizada em casa, ao utilizarem esse efeito em simultâneo com
a Libras tendem a tornar a essa mais convergente com o português, muita das vezes
articulando a mesma como uma espécie de interferência linguística que chamamos de
Português Sinalizado, ou seja, a estruturação da língua portuguesa articulada com os
sinais da Libras.
4.1.3 Lagtime
Um terceiro efeito que podemos elencar é o lagtime. Tendo em vista que se
produz muito mais sinais do que palavras em português, você pode imaginar que para
interpretar de Libras para Português o TILSP necessita de um tempo de processamento
da informação para conseguir produzir o texto na língua de chegada, este tempo se
chama lagtime, numa interpretação simultânea ele é observável exatamente no atraso
em relação a interpretação da mensagem já produzida, numa interpretação consecutiva
ele é muito maior e permite que o intérprete se aproxime mais do texto original, ou seja,
tenha mais semelhança interpretativa (RODRIGUES, 2013).
DICA
Filme “Arrival” (A Chegada). Uma linguista, Dra.
Louise Banks (Amy Adams), especialista em seres
interplanetários, é procurada por militares para
traduzir, decifrar os sinais e desvendar, se as marcas
que foram deixadas na Terra pelos visitantes
alienígenas, representam ou não uma ameaça.
No entanto, a resposta para todas as perguntas
e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a
existência de toda a humanidade.
109
DICA
Filme “Babel”. Como sabemos, o termo Babel
remete-nos a uma “confusão” de línguas,
conforme vimos brevemente na Unidade I. Este
drama apresenta atores que atuam nos idiomas
inglês, espanhol, francês, língua japonesa de
sinais, japonês, berbere e árabe. Devido a tantos
idiomas, os personagens passam por situações
tensas de comunicação.
110
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A tradução trata da troca de signos verbais em uma língua por outros signos da
mesma língua, de uma língua diferente ou até mesmo em um sistema de signos
não-verbais, ou seja, dizer a mesma coisa com outras palavras, signos e símbolos.
• No trabalho de Jakobson (1959), foi cunhada três vertentes tradutórias, até hoje
conhecidas: a intralingual que é a troca de signos na mesma língua; a interlingual,
em línguas diferentes; e a intersemiótica, por meio de signos não-verbais.
111
AUTOATIVIDADE
1 Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência linguística
entre línguas diferenciadas e que a todo tempo estamos fazendo essa atividade
inclusive na nossa própria língua quando precisamos reformular o que estamos
dizendo para alguém que não nos entende. Sobre essas atividades, um famoso
Dicionário da Língua Portuguesa diz que:
2 Há muito tempo o conceito de tradução vem sendo estudado por diversos teóricos
e um deles é Jakobson (1959), realizou seu trabalho, versando sobre o conceito de
tradução com base em teorias linguísticas vigentes até os dias de hoje. Para ele, a
tradução trata:
I- Da troca de signos verbais em uma língua por outros signos da mesma língua;
II- De uma língua diferente ou até mesmo em um sistema de signos não-verbais;
III- De três vertentes tradutórias, até hoje conhecidas: a intralingual que é a troca de
signos na mesma língua; a interlingual, em línguas diferentes; e a intersemiótica,
por meio de signos não-verbais.
112
3 Nos anos 70, a tradução ainda era conceituada segundo os estudos linguísticos
como uma mera transferência de códigos que se limitavam à palavra ou à frase. De
acordo com essa afirmação e no que você estudou nesta Unidade, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
I- Linearidade
II- Simultaneidade
III- Code-switching
IV- Code-blending
V- Lagtime
( ) Propriedade da língua que permite que todos os seus articuladores, ou seja, tudo
aquilo que é necessário para sua produção seja executado ao mesmo tempo.
( ) Pempo de processamento de informação necessário para que o TILSP possa
compreender o contexto do texto que se está sendo produzido para aí sim começar
sua interpretação.
( ) Possibilidade de produção de uma língua gestual e de uma língua vocal ao mesmo
tempo pelo mesmo falante.
( ) Alternância de código linguístico necessário a um falante de línguas que possuem
a mesma modalidade de produção e recepção.
( ) Propriedade observada na produção de cada uma das unidades mínimas de uma
língua vocal quando executadas uma a uma com intervalos de silêncio entre as
produções segmentais.
113
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) II - V - IV - III - I
b) ( ) III - V - IV - II - I
c) ( ) II - IV - V - III - I
d) ( ) III - V - II - IV - I
I- Tradução Interlingual
II- Tradução Intralingual
III- Tradução Intersemiótica
a) ( ) I - III - II - III – I.
b) ( ) II - III - I - I – II.
c) ( ) I - II - III - III – I.
d) ( ) II - I - I - III – II.
114
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO
PROCESSO
1 INTRODUÇÃO
Quando se ouve o termo “tradução”, muitas vezes o contexto está associado
a uma relação literária ou audiovisual. Geralmente quando se aprecia o gênero
cinematográfico, muitos optam por assistir ao filme no idioma original, desejando ouvir/
ler o conteúdo na fonte. Porém, quando o mesmo termo é citado por alguém, logo, para
quem atua como profissional da área, já pressupõe que algum texto - escrito, oral ou
audiovisual - está sendo ou será estudado por outrem(ens), de modo que lançar-se-á
mão de um corpus para que o trabalho seja realizado.
Com base nessas questões que demandam estudo cabal, sério e minucioso
processo de tradução e interpretação de idiomas distintos, é inadmissível, nos tempos
modernos, desconhecer informações relevantes sobre o idioma que irá mediar, a segunda
língua/língua alvo, das especificidades do papel do profissional tradutor e intérprete e
muito menos do idioma que tem como primeira língua (SILVA, 2018).
115
NOTA
Para saber mais sobre o termo “interdependente” e suas
aplicações na contemporaneidade, e das relações sociais de poder,
recomendamos a leitura do livro “Os estabelecidos e os outsiders:
Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena
comunidade” dos autores Elias e Scotson (2000).
Tal década nos traz trabalhos de suma importância para entender como a
tradução se dá enquanto um processo complexo realizado a partir de uma sucessão de
atividades até o texto pronto, que em tempos anteriores era o único a ser considerado
uma tradução propriamente dita. Destacam-se nessa época os trabalhos desenvolvidos
por Krings, (1986), Königs (1987) e Lörscher (1991). Seus trabalhos vão na contramão dos
seus antecessores que definia apenas o texto como uma tradução e não refletiam “a
realidade da tradução tal como vivenciada pelos próprios tradutores (RODRIGUES, 2002)
que acreditavam que as perspectivas teóricas existentes até agora não explicavam o
que de fato acontecia na prática.
116
Nesse contexto, diversas teorias tratam sobre os processos tradutórios aos
quais são submetidas essas línguas no ato interpretativo. Em Freire (2008), encontramos
duas teorias que versam sobre o processo pelo qual o intérprete passa para realizar a
interpretação.
FIGURA 12 – ESQUEMA DO PROCESSO INTERPRETATIVO DESENVOLVIDO POR GILE (GILE, 1995 apud FREI-
RE, 2008).
FONTE: Os autores
117
Ainda em Freire (2008) encontramos a Théorie du Sens (Teoria dos Sentidos) ou,
como ele a nomeia, Teoria Interpretativa da Tradução, desenvolvida pela intérprete de
conferências e pesquisadora Danica Seleskovitch, em 1959, prosseguida por Marianne
Lederer. Para estas autoras, a interpretação se baseava em um sistema tripartite de
atuação, representado pelo diagrama abaixo:
FONTE: Os autores
118
texto novo reformulado a partir de elementos linguísticos e extralinguísticos da língua
alvo; (3) se desenvolve em um contexto social que demanda acesso à informações como
educação, saúde e justiça por exemplo; (4) possui uma finalidade, quer dizer, levar ao
público destinatário informações que cumprem a um objetivo definido.
NOTA
A desverbalização compreende o processo de memorizar o sentido
do que foi dito sem supervalorizar a memorização das palavras com
que esse sentido foi expresso. Assim, torna-se menos dificultosa
e mais precisa a reprodução espontânea do sentido expresso no
discurso oral em língua estrangeira na língua materna (FREIRE,
2008, p. 152).
Cabe ainda salientarmos que Orozco e Albir (2002) definem que os estudos
relacionados a essa área são heterogêneos pois tratam sobre a didática da tradição,
competência tradutória, processo tradutório, problemas de tradução, estratégias de
tradução, protocolos verbais como instrumento de avaliação de um processo tradutórios,
assim trataremos algumas temáticas dessas nas próximas seções.
IMPORTANTE
Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a
educação especial, o atendimento educacional especializado (AEE).
Disponível em: https://bit.ly/2S9LF9d. Acesso em: 6 maio. 2021.
Você já pensou qual a diferença entre um falante bilíngue, ou seja, que domina
as duas línguas de trabalho, de um intérprete? É sobre isso que vamos tratar nessa
sessão. A diferença entre esses dois indivíduos é o que chamamos de competência,
119
tal competência é aplicável para que a mensagem a ser interpretada possa ser precisa
e apropriada, permitindo que a comunicação flua naturalmente entre os usuários de
línguas diferentes.
120
adequada avaliando e usando-os com bom senso, habilidade
para recordar itens lexicais e terminologias para uso no futuro.
• Na Área ou Referencial: conhecimento requerido para
compreender o conteúdo de uma mensagem que está sendo
interpretada, imagina um TILSP que atua na escola e desconhece
como uma escola funciona? Ele não vai dar conta de realizar a
sua atividade interpretativa, por isso ele precisa conhecer muito
bem o seu espaço de trabalho para conseguir efetuar uma boa
interpretação.
• Bicultural: profundo conhecimento das culturas que
subjazem as línguas envolvidas no processo de interpretação
tais como: conhecimento das crenças, valores, experiências e
comportamentos dos utentes da língua fonte e da língua alvo
e apreciação das diferenças entre a cultura da língua fonte e a
cultura da língua alvo.
• Técnica ou Profissional: habilidade para posicionar-se
apropriadamente para interpretar, habilidade para usar diferentes
ferramentas que fazem parte do ato interpretativo, envolve
até conhecer o local de atuação onde você vai realizar a sua
interpretação.
DICA
A presença do tradutor-intérprete de
Língua Brasileira de Sinais, em sala de aula
e em outros ambientes educacionais, é
importante para que os alunos surdos
usuários da Libras tenham acesso aos
conteúdos escolares, contribuindo para a
melhoria do atendimento e o respeito à
diversidade linguística e sociocultural dos
alunos surdos de nosso país.
121
conhecimento especializado, traz avanços na busca de uma definição do que é uma CT,
tendo em vista que esta pressupõe uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes
organizados que são mobilizados em momentos oportunos na prática tradutória.
4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO
Como observamos anteriormente a partir da Teoria Interpretativa da Tradução
(SELESKOVITCH; LEDERER, 1989 apud FREIRE, 2008) e a Teoria do Modelo dos Esforços
da Interpretação (GILE, 1995 apud FREIRE, 2008), no ato interpretativo o TILSP necessita
tomar uma série de decisões que vão, segundo Seleskovitch, de uma desverbalização,
ou seja, a extração de sentido com a metáfora da roupa utilizada pela autora, ou ainda,
segundo Gile a audição e análise das mensagens que estão sendo produzidas no
discurso passando pela análise do que se quer dizer até a produção dessa interpretação.
Nesse ínterim, cabe ao profissional tomar decisões e fazer escolhas de quais palavras,
na língua alvo, levarão aquele sentido até o público que necessita dessa informação.
Assim como a autora, também optamos por utilizar o termo estratégia, mas
primeiramente, precisamos expor que o conceito de procedimento “está diretamente
ligado à maneira de agir, à conduta e ao comportamento, outro conceito aplicado é o
de ação ou método de realizar um trabalho de forma correta para atingir uma meta”
(SANTIAGO, 2012, p. 35), uma variação do termo é procedimento técnico que ainda
nas palavras da autora “pode assumir um sentido mais específico, pois a palavra técnico
traz consigo o sentido de algo padrão ou operacional” (SANTIAGO, 2012, p. 35) já o
conceito de estratégia, o que seja utilizado por nós, “e tende a considerar as condições
do contexto, envolvendo um processo decisório ao pensar em uma dada atividade,
e usando uma atividade formalizada para chegar a um objetivo pré-determinado”.
(SANTIAGO, 2012, p.35).
122
QUADRO 1 - A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE ESTRATÉGIA NA GUERRA E NA TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO.
Princípios
Na guerra Na tradução/Interpretação
Fundamentais
conhecer o campo da batalha; entender as condições,
Do campo de
lugares para atacar e para o contexto da tradução/
batalha
refugiar-se interpretação
o estado de suas tropas;
preparação; organização dos
as tropas devem saber que
Da concentração recursos línguísticos; a cada
estão treinadas; ficar em
das forças novo enunciado uma nova
guarda mesmo depois de uma
tradução
aparente vitória
Tal escolha terminológica, realizada por nós, vai ao encontro com a definição de
Bordenave (1987, p. 2) e Barbosa (2004, p. 11; 2020, p. 11) que concordam que a tradução
é uma “atividade humana realizada através de estratégias mentais empregadas na
tarefa de transferir significados de um código linguístico para outro” (grifos nossos).
Quem inicia, em âmbito teórico a discussão sobre as estratégias de tradução foram Vinay
e Darbelnet (1977) que primeiramente publicaram um resumo em 1958 e expandiram a
publicação em 1977.
Claro que aqui não se cabe detalhar cada uma dessas estratégias tendo em
vista que apenas Barbosa (2020) aponta 14 diferentes, há outros autores, que vão
definir muitas outras incontáveis. No entanto, você poderá encontrar mais informações,
como leitura complementar, no livro “Libras e sua Tradução em pesquisa: interfaces,
reflexões e metodologias”, no Capítulo 5 intitulado como “A atuação de intérpretes de
língua de sinais: revisitando os códigos de conduta ética” (SANTOS, 2017, p. 92). Santos
é professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (UFSC/UFES), e
doutor em estudos da linguística, e é um dos principais divulgadores da necessidade do
desenvolvimento de estratégias por TILSP a partir de seu curso/canal denominado de
“Traduz Aí: descomplicando o processo de tradução no par Libras-português” que pode
ser encontrado no YouTube.
123
DICA
Para mais informações sobre as estratégias de
tradução, leia gratuitamente o Livro “Libras e
sua Tradução em pesquisa: interfaces, reflexões
e metodologias”, o capítulo 5 intitulado como
“A atuação de intérpretes de língua de sinais:
revisitando os códigos de conduta ética”,
acessando o link: https://bit.ly/3vvcenT.
DICA
Para conhecer as 14 diferentes estratégias
de tradução, apontadas por Barbosa (2020),
recomendamos a leitura do livro “Procedimentos
Técnicos da Tradução: uma nova proposta''.
5 PROBLEMAS DE TRADUÇÃO
Você já presenciou algum TILSP, em atuação profissional, quando realiza o
processo de interpretação, ou até mesmo quando ele começa a gaguejar na interpretação
de Libras-português, a interpretação direta – popularmente conhecida como dar voz
ao surdo, verbalização ou vocalização – utilizando expressões como “é..... é..... é....” ou
até mesmo os vícios de linguagem como “né... então... ãn...”? Pois bem, quando isso
acontece, o processo interpretativo, realizado no cognitivo do intérprete, está travado
pois se esbarrou em um problema de tradução, mas você sabe o que é um problema de
tradução?
124
Nas palavras de Nord (2018, p. 263), “um problema de tradução é uma tarefa
de transferência objetiva (ou intersubjetiva) que todo tradutor, deve resolver durante
um processo específico de tradução”, ou seja, é naquele momento em que o TILSP se
pergunta “como traduzir isso?”
Tendo em vista que a autora atua com línguas orais, ou seja, um processo
tradutório entre línguas vocais, cabe exemplificarmos cada um dos problemas de
tradução quando trabalhados no par Libras-português.
125
Por fim os PTE estão relacionados a divergências dos gêneros textuais
existentes entre nossas línguas, isto é, uma música em Libras não é a mesma coisa que
uma música em português, uma piada assume características diferentes em ambas as
línguas e no ato interpretativo o TILSP vai precisar não apenas interpretar as intenções
enunciativas, mas, sobretudo, moldar o gênero textual de acordo com a língua.
DICA
Para ampliar mais o seu conhecimento, acesse e
baixe gratuitamente e leia o Capítulo “Português
e Libras em diálogo: os procedimentos de
tradução e o campo do sentido” de Santiago
(2012) neste livro: Libras em Estudo:
tradução/interpretação. Disponível em:
https://bit.ly/2YQgJdU.
126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Traduzir e/ou interpretar são processos dinâmicos que demandam tempo, saúde
cognitiva, conhecimentos linguísticos e técnicos, além da interdependência de
outros pares munidos de recursos que poderão subsidiar com qualidade o trabalho
final.
127
AUTOATIVIDADE
1 A divergência textual existente entre o nosso par linguístico se demonstra como um
problema de tradução. A qual problema está associado essa divergência como nos
demonstra Nord (2018, p. 263)?
3 Como você viu neste Tópico “uma competência é, segundo Lasnier (2000, p. 31), o
saber como agir complexo e resultante de uma integração, uma soma de mobilização
e organização da combinação de capacidades e de habilidades, que podem
ser cognitivas, afetivas, psicomotoras ou sociais, e de conhecimento. A isso, tal
competência é nominada de Competência Tradutória (CT) e definidas como:
128
( ) um conhecimento que vai para além de saber as duas línguas.
( ) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser estudado em diversos
níveis de conhecimento dos sujeitos surdos.
( ) é composta de um conhecimento declarativo, ou seja, saber conceituar, e
processual, saber agir mediante a determinadas situações.
( ) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de acordo com as
situações interpretativas que emergem na prática profissional.
a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – V.
4 Como apresentado por Silva e Santos (2021), Catford (1980) nos versa, de forma
ampla, que a tradução é exercida quando temos uma substituição de material textual
e equivalente, de uma língua a outra, sendo este conceito aplicado em uma operação
que se realiza naturalmente entre línguas distintas. Baseado no que você estudou
até agora e aprendeu nesse estudo, assinale a alternativa CORRETA:
5 Sabemos que são diversas as contribuições dos estudos processuais que são
utilizados nas experiências linguísticas e tradutórias, e que os profissionais TILSP/
GILSP acumulam no exercício da sua profissão sendo influenciados significativamente
na forma de como atuam. Analise as sentenças abaixo.
129
Assinale a alternativa CORRETA:
130
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL
TILSP
1 INTRODUÇÃO
Assim como em cada profissão, em cada ofício existente, há um começo de
lutas, percalços, dificuldades e grandes surpresas, além de demandas emergentes e
muito significativas. A eclosão baseada no status momentâneo daquela demanda traz
consigo um nicho de possibilidades de ingresso e permanência contínua ou temporária.
Quando nos damos conta de que, na Educação, a necessidade de recursos humanos é
emergente, logo pensamos na formação de qualidade para atender os profissionais que
atuarão neste contexto. Ainda assim, quando esses profissionais irão atuar, ou mediar,
dois idiomas distintos, duas estruturas linguísticas de modalidades diferentes e que
demandam uma formação específica ancorada em competências e habilidades básicas,
técnicas e estratégias, e não somente pedagógica, e muito menos simplória e rasa,
como já mencionamos anteriormente.
131
FIGURA 15 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO MÉDICO
132
reconhecimento dessa profissão (BRASIL, 2010). Não somente após os anos 2000 que
a demanda é emergente. Antes disso, a Comunidade Surda já se encontrava à mercê
de profissionais TILSP voluntários para atuar nos espaços em que ela se encontrava
e necessitava dos serviços de tradução e interpretação. No entanto, vale lembrar que
muitos desses trabalhos eram realizados por voluntários sem formação específica, e
muito das vezes sem as competências tradutórias e habilidades de interpretação.
Além disso, prezado acadêmico, você verá quais são as atribuições distintas,
o código de ética que rege esse profissional e a problematização dos equívocos que
ocorrem durante o seu trabalho, no ato tradutório e interpretativo.
INTERESSANTE
Para saber mais sobre a história, o surgimento do profissional TILSP e o
seu processo de inserção na sociedade com o trabalho voluntário até a
sua profissionalização. Acesse e leia “A historicidade do TILS - tradutor
e intérprete de língua de sinais do anonimato ao reconhecimento”
em Araújo (2017, p. 149-163). Disponível em: https://doi.org/10.46401/
ajh.2015.v7.2664.
DICA
Para saber quais os países têm suas Línguas de Sinais reconhecidas
legalmente, acesse e leia a pesquisa “O ingresso e a formação acadêmica
do sujeito surdo: singularidades, conquistas e desafios da educação
inclusiva no espaço universitário” em Silva (2019, p. 45-47) disponível
em: https://bdtd.unifal-mg.edu.br:8443/handle/tede/1453.
133
2.1 ESFERA EDUCACIONAL
Na esfera educacional, há muitas e contraditórias inserções precipitadas que
traz à tona a fragilidade do sistema e dos processos de contrato deste profissional, o
qual irá atuar em um dos campos de mais responsabilidade, principalmente no que
diz respeito ao contexto de acessibilidade na perspectiva de educação inclusiva. Como
apontam Costa e Albres (2019, p. 312), ao contratar o TILSP, há uma indefinição “nos
papéis desses profissionais ou mesmo uma inquietação quanto ao perfil profissional do
intérprete nesse contexto”.
IMPORTANTE
Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação
especial, o atendimento educacional especializado (AEE). Disponível em:
https://bit.ly/2S9LF9d. Acesso em: 6 maio. 2021.
134
Na contemporânea e reivindicada educação inclusiva, a inserção desses
profissionais vai além da prática, das funções e do campo de atuação específica do
TILSP. Ao fazerem uma análise das atribuições do TILSP nesse contexto, em que a
diversidade do ambiente educacional bem como das especificidades de cada alunado
surdo deve ser levado em conta, Albres e Rodrigues (2018, p. 34) concluíram que:
DICA
Para mais detalhes dessa inserção precipitada e frágil, acesse e leia o artigo
“O TRADUTOR-INTÉRPRETE DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO: Inserção Precipitada
e a Invisibilidade nas Competências e a Formação Fragilizada”. Disponível
em: https://bit.ly/3uPM4uM.
ESTUDOS FUTUROS
Compreender as atribuições deste profissional, independentemente de
onde ele atua, é essencial para que, do ponto de vista ético com a área de
atuação e do público-alvo que será atendido, a execução de suas atribuições
seja de qualidade e responsável (QUADROS, 2007). Falaremos mais sobre
essa inserção precipitada e frágil na Unidade 3.
135
DICA
Para conhecer mais sobre as atribuições do
Tradutor e Intérprete de Libras, acesse, baixe
gratuitamente e leia o Livro “O Tradutor e In-
térprete de Língua Brasileira de Sinais e
Língua Portuguesa” de Quadros (2007) dis-
ponível em: https://bit.ly/3abkhNd.
136
FIGURA 19 – INTÉRPRETES SURDOS NO TRIBUNAL
137
português que atuam no contexto jurídico é urgente, uma vez que
a comunidade surda tem cada vez mais buscado seus direitos
(SANTOS; BEER, 2017, p. 292).
INTERESSANTE
Para saber mais sobre como é complexo o trabalho do tradutor e
intérprete na esfera jurídica, além das demandas e experiências que
estes profissionais têm, acesse as “Aulas abertas sobre Tradução e
Interpretação de Libras no Contexto Jurídico Brasileiro” do Grupo de
Pesquisa LingCognit – Linguagem & Cognição: escolhas tradutórias e
interpretativas, no Youtube.
138
FIGURA 21 - CAMPANHA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DE GUILHERME AFIF COM JANELA DE LIBRAS
GRAVADO EM 1989 E DISPONIBILIZADO NO YOUTUBE DIA 07 DE AGOSTO DE 2011
139
FIGURA 23 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - CONSULTAS
E AVALIAÇÕES MÉDICAS
140
FIGURA 26 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -
TREINAMENTO FORMAL
141
FIGURA 29 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - NO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
142
FIGURA 32 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -
TELEJORNAIS
143
IMPORTANTE
Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis
nos 10.048, de 8 de novembro de 2000 e estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade.
Disponível em: https://bit.ly/3g6Ga3l. Acesso em: 6 maio. 2021.
ATENÇÃO
A terminologia “Pessoas Portadoras de Deficiência” (PcD), que aparece
em muitos documentos oficiais bem como nas literaturas, “tornou-
se bastante popular, acentuadamente entre 1986 e 1996” no Brasil.
Comumente utilizada nas literaturas e legislações, ainda permanecem
seus registros. Infelizmente muitos, desinformados ou não, ignoram
os novos conceitos e o ponderamento das pessoas com deficiência,
pois, elas não portam deficiência, assim, como por exemplo, um
documento ou outro objeto. Mesmo que ecoe na mídia e até mesmo
entre profissionais de educação, é muito importante atualizar nosso
vocabulário, harmonizando assim com as novas terminologias e
legislação vigente (SASSAKI, 2003; BRASIL, 2015).
144
Em seu item 7, encontramos as diretrizes para a Janela de Libras, sendo esta da
ordem de ¼ de largura por ½ da altura, para que o TILS exerça sua função.
IMPORTANTE
Portaria MJ nº 1.220, de 11 de julho de 2007, regulamenta as
disposições relativas ao processo de classificação indicativa de obras
audiovisuais destinadas à televisão e congêneres.
Disponível em: https://bit.ly/3pkgTH7. Acesso em: 7 maio. 2021.
145
FIGURA 34 - CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA DETERMINADA PELO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Sabe-se que muito ainda há o que se fazer, mas tal espaço de atuação se
demonstra como profícuo para a inserção do intérprete, o que precisa ficar claro é que
não se buscou aqui fazer um panorama sobre a inserção do TILSP em âmbito audiovisual,
para mais informações sugere-se a leitura de Nascimento (2020) e Santos (2020) que
abordam tal área de maneira mais abrangente.
146
Sinais ou detentores do certificado de proficiência em Tradução e Interpretação de”
Libras-português, o famigerado Prolibras, nos termos do art. 19 do referido Decreto
no ano de 2005, “o qual deverá prestar compromisso e, em qualquer hipótese, será
custeado pela administração dos órgãos do Judiciário” (BRASIL, 2016, Incisos IV e V;
BRASIL, 2005).
IMPORTANTE
Resolução 230, de 22 de junho de 2016, orienta a adequação das
atividades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares
nomeando o profissional TILSP e Guia-Intérprete - GI, devidamente
habilitado, para assegurar a acessibilidade da pessoa surda, surdocega
e/ou com deficiência auditiva, por meio das diferentes formas de
comunicação. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2301.
Acesso em: 7 maio. 2021.
DICA
“O exame Prolibras [foi] um exame de
proficiência que objetiva[va] certificar
instrutores e professores de língua de sinais
e tradutores e intérpretes de língua de sinais”.
Um dos autores consagrados no que tange a ética é Cortina (2003, p. 18), sobre
ela, afirma que: “embora a ética esteja na moda [nos dias atuais], e todo mundo fale
dela [se discute em muitos espaços], ninguém chega realmente a acreditar que ela
147
seja importante, e mesmo essencial para viver” e para ser um profissional de sucesso
pois, nenhum profissional está dispensado a aplicação de valores éticos relacionados à
prática de sua profissão, seja ela qual for. Lembre-se que a ética é uma daquelas coisas
que todo mundo diz que sabe o que são (mesmo que pelo senso comum), mas que não
são fáceis de explicar, quando alguém pergunta; mesmo assim, a todo momento em
nosso cotidiano, vai aparecer uma questão que envolve a ética, como vemos explica
Valls (1994).
IMPORTANTE
Lei nº 12.319, de 02 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão
de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021.
Ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos
princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como
a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do
mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base
as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o
comportamento humano (s. d).
E por extensão ela também pode ser entendida como um “conjunto de princípios,
valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou de uma
sociedade: Parece que não há mais ética na política”. Por conceituação, a Ética pode ser
entendida como “o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] é aquela perspectiva
para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos [...] é o
conjunto de seus princípios e valores que orientam a minha conduta” como vemos em
Cortella (2017, p. 102).
Por mais que você pense que a Ética é um campo filosófico demais, muita das
vezes distante da nossa prática profissional, para ser estudado na formação do TILSP,
o campo de atuação dela é abrangente e sua reflexão pode ser levada para todas as
áreas humanas pois, seu principal objetivo é teorizar, explicar e defender o melhor
comportamento do ponto de vista dos valores considerados por uma sociedade como
ideais.
148
Nas palavras de Sour (2011, p. 19) “uma série de confusões podem ser associadas
ao estudo da ética, assim ele considera que existem três tipos de noções que podem
causar estas confusões”, são elas:
149
DICA
“Tradicionalmente ela é entendida como
um estudo ou uma reflexão, científica ou
filosófica, e eventualmente até teológica, sobre
os costumes ou sobre as ações humanas. Mas
também chamamos de ética a própria vida,
quando conforme aos costumes considerados
corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou
dos costumes, e pode ser a própria realização
de um tipo de comportamento” (VALLS, 1994,
p. 7).
150
IMPORTANTE
Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005. Estruturação do Plano de Carreira
dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições
Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação.
Disponível em: https://bit.ly/34LpEk1. Acesso em: 7 maio. 2021.
ATENÇÃO
A terminologia “Tradutor e Intérprete de Linguagem de Sinais”, aparece
pela primeira vez na década de 1980, porém o contexto histórico que
levou a este ser nomeado dessa forma ainda se demonstra como um
mistério, todavia, no mesmo pode ser encontrado na Lei nº 11.091, de 12
de janeiro de 2005, que “dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreira
dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PPCTAE) no âmbito das
Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação”.
Porém, a partir da Lei nº 12.319/10, que reconhece a profissão do TILSP,
a nova terminologia: “Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais -
LIBRAS”, aparece, de acordo com a Lei de Libras (BRASIL, 2002; 2005).
151
FIGURA 35 – O PROCESSO DA INTERPRETAÇÃO
FONTE: Os autores
5 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
Buscando uma padronização no agir ético dos TILSP, a Federação Brasileira
das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de
Língua de Sinais (Febrapils), procura, segundo seu site orientar, apoiar e consolidar as
diversas associações de Tradutores, Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais,
nominadas de APILS, buscando, em diversas frentes, realizar um trabalho de parceria
junto com tais associações, para que se esteja em defesa dos interesses da categoria.
152
A instituição ainda, atua sob três grandes pilares, sendo: (I) a formação inicial
e continuada dos profissionais TILSP; (II) a profissionalização destes para uma atuação
à luz do código de conduta e ética como comentamos durante todo este material; e
por fim (III) o engajamento político e articulado destes para construir uma consciência
coletiva sobre a importância política da profissão. Assim sendo, “a Febrapils compreende
que os laços de parceria e proximidade com a comunidade surda são fundamentais, [...]
(para) garantir um serviço de excelência de tradução e interpretação de língua de sinais”
(FEBRAPILS, s. d).
A Nota Técnica 01/2017, tem por objetivo trazer parâmetros para a atuação
profissional em materiais audiovisuais televisivos e virtuais (FEBRAPILS, s. d). Tal
orientação técnica buscou orientar uma melhor utilização do serviço de tradução tendo
em vista que no ano de 2016, conforme Santos (2020), a inserção do profissional TILSP
em contextos audiovisuais é incerto, todavia a cada dois anos uma nova legislação
é sancionada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) buscando estabelecer a Legenda
de Libras (BIANCHINI, 2015; SANTOS, 2016; 2020). Nesse sentido diversas atuações
incompatíveis com o agir ético são observadas, e o mesmo documento orienta uma
melhor prática para este tipo de atuação.
IMPORTANTE
Nota Técnica 01/2017. Atuação do Tradutor, Intérprete e Guia-Intérprete de
Libras e Língua Portuguesa em Materiais Audiovisuais Televisivos e Virtuais.
Disponível em: https://bit.ly/3pkuxKa. Acesso em: 20 maio. 2021.
153
que contribuem para a necessidade de atuação de uma equipe de intérpretes. Outros
documentos ainda podem ser encontrados na página da instituição, sempre pautados
em levar os profissionais TILSP a um agir ético, sensato e de responsabilidade.
IMPORTANTE
Nota Técnica 02/2017. Sobre a contratação do serviço de Interpretação
de Libras/Português e Profissionais Intérpretes de Libras/Português –
Revezamento e Trabalho em Equipe.
Disponível em: https://bit.ly/3fPO9Td. Acesso em: 20 maio. 2021.
154
dos profissionais TILSP e unificada na Febrapils, sendo esta, uma entidade profissional
autônoma, sem fins lucrativos ou econômicos, fundada em 22 de setembro de 2008, de
duração indeterminada, com personalidade jurídica de direito privado, qualificável como
de interesse público e pertencente ao território brasileiro como encontramos no site da
instituição.
Cabe aqui salientarmos que não são todos os intérpretes que atuam no mercado
de trabalho, têm uma formação acadêmica, então muitas habilidades são desenvolvidas
de forma empírica e desorganizada, fazendo com que a edição de um Código de Ética
profissional se torne um documento norteador para boas práticas.
Para que esta reflexão, proposta por Gesser (2011), faça sentido, você precisa
primeiramente se questionar de que forma podemos identificar que nossa prática
profissional está de acordo com os preceitos éticos estabelecidos pela nossa categoria?
“Quando pensamos sobre as nossas ações, temos mais consciência sobre nós mesmos,
isto é, sobre nossas limitações, qualidades e fraquezas” (GESSER, 2011, p. 13).
DICA
Na contemporaneidade tem se falado muito sobre ética
nas mais diversas áreas: ética na política, na economia,
nas relações entre pessoas, grupos e povos.
155
LEITURA
COMPLEMENTAR
INTÉRPRETES DE LIBRAS-PORTUGUÊS: DIFICULDADES E DESAFIOS NO
CONTEXTO JURÍDICO
Saimon Reckelberg
Silvana Aguiar dos Santos
Introdução
157
1. Diálogos sobre interpretação de línguas de sinais no Judiciário
Por esse viés, os resultados apontados por Gianotto, Manfroi e Marques (2017)
contribuíram significativamente para mostrar a perspectiva das comunidades surdas
quanto ao acesso ao âmbito jurídico. Os autores apresentam o argumento dos surdos
como réus ou vítimas nos tribunais de justiça e discutem os direitos e os desafios legais
implicados nessa relação. Em um primeiro momento, os autores debatem sobre o
conceito de inclusão e as garantias legais para efetivar essa inclusão. Gianotto, Manfroi
e Marques (2017) problematizam os processos criminais no Tribunal de Justiça e no
Ministério Público, expondo, na sequência, elementos importantes no julgamento dos
surdos no âmbito processual criminalístico. Os autores destacam que:
158
O ato interrogatório representa momento ímpar para o réu e para a
vítima, notadamente, quando se tratar de um deficiente auditivo. É
quando ele pode se declarar de modo a promover sua autodefesa,
apresentando sua versão dos fatos. É claro que esse momento
representa oportunidade especial para que o magistrado possa criar
convicções acerca do interrogado. Salienta-se que o ato interrogatório,
pode resultar comprometido quando não há a presença de um
competente intérprete de LIBRAS, visto que a pessoa deficiente
auditiva não tem em princípio, condições de entender a ritualística
estabelecida. (GIANOTTO; MANFROI; MARQUES, 2017, p. 89).
159
de línguas de sinais. Russel (2002, 2005) explica que, embora haja quem afirme que
intérpretes de línguas de sinais e intérpretes de línguas orais são muito diferentes, na
verdade, o que os diferencia é a modalidade empregada no processo de interpretação.
Russel (2005) salienta que algumas dessas percepções não são exclusivas dos
consumidores dos serviços de interpretação, mas também dos próprios intérpretes que
possuem uma compreensão distorcida do uso desse modo de interpretação. Em alguns
casos, Russel (2005) discute seus dados de pesquisa com exemplos de depoimentos
dos intérpretes que relatam percepções inadequadas, tais como: não levam em
consideração a acurácia desse modo de interpretação, alegam que a interpretação
consecutiva não é um modo utilizado no mundo real, que a comunidade surda não
gosta desse tipo de interpretação, dentre outros elementos. Para Russel (2002, 2005),
tanto a comunidade surda quanto os intérpretes poderiam revisar e ressignificar o modo
de interpretação consecutivo nas práticas e nas interações realizadas, especialmente
na esfera jurídica.
160
e por profissionalização, não depende exclusivamente dos intérpretes de línguas de
sinais, mas de todos os envolvidos. Essa demanda também foi apresentada por Santos
e Beer (2017) ao concluírem a resenha do livro de Russell (2002):
2. Construção do método
161
seguintes dados: “dois apenados surdos na região, sendo: (1) Um apenado na Colônia
Penal Agrícola de Palhoça, que segundo relatado não se comunica pela língua brasileira
de sinais e (2) Um apenado no Complexo Penitenciário do Estado, que nunca utilizou
intérprete para se comunicar” (RECKELBERG, 2018, p. 48).
A coleta de dados foi realizada nos meses de março e abril de 2018 e, dentre
inúmeros intérpretes, nove mostraram-se dispostos a colaborar, os quais responderam
ao questionário enviado como parte de uma pesquisa de trabalho de conclusão de
curso. O questionário continha onze perguntas abertas, justamente para incentivar
os participantes a relatarem experiências de interpretação de/para línguas de sinais
vivenciadas em tribunais, delegacias, presídios, salas de conciliação e outros. Essas
onze perguntas foram distribuídas em quatro seções, a saber: o contexto jurídico e seus
desafios, a comunidade surda, o Judiciário e a percepção do intérprete. Neste trabalho,
descrevemos e analisamos apenas os dados referentes às dificuldades e aos desafios
enfrentados pelos intérpretes de Libras-português no contexto jurídico.
162
indícios concretos para intérpretes que desejam se profissionalizar nesse âmbito; afinal,
refletir sobre o fenômeno da interpretação ou, ainda, as decisões tomadas em torno
dessa prática são fundamentais para o empoderamento dessa categoria.
(Continua...)
163
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Ainda que haja inúmeras áreas de atuação do profissional TILSP, a esfera educacional
é bem emergente e demanda uma formação de qualidade, específica e ancorada
em competências, habilidades básicas, técnicas e estratégicas para atender os
educandos com qualidade.
164
• A esfera midiática, e principalmente no período pandêmico, tem estado em alta
elevando o reconhecimento da Libras, do povo surdo bem como dos profissionais
TILS. Mas tem-se um precedente, antes mesmo do reconhecimento da língua de
sinais no Brasil, desse profissional logo no fim dos anos 80, em aparições mais
remotas realizando interpretação simultânea em contextos políticos.
• Com respeito ao Código de Ética, para ser um profissional de sucesso, ninguém está
isento de aplicar os valores éticos relacionados à prática de sua profissão, seja ela
qual for. E o seu campo de atuação é abrangente e sua reflexão pode ser levada
para todas as áreas humanas com um objetivo principal: o de teorizar, explicar e
defender o melhor comportamento do ponto de vista dos valores considerados por
uma sociedade como ideais.
165
AUTOATIVIDADE
1 É possível observar fenômenos diferenciados na interpretação no par Libras-
português de outras interpretações, esses fenômenos são chamados de Efeitos de
modalidade. Em suas palavras como podemos conceituar e quais são estes efeitos?
a) ( ) code-switching
b) ( ) lagtime
c) ( ) code-blending
d) ( ) multimodalidade
3 Com respeito à ética, vimos que em um sentido menos filosófico e associado à prática
do profissional tradutor e intérprete, pode-se compreender melhor sobre o que se
trata o conceito examinando certas condutas do dia a dia. Ainda que se pense que
a Ética se encontra em um campo filosófico demais, e às vezes distante da prática
profissional, ainda sim o campo de atuação é abrangente e sua reflexão pode ser
levada para todas as áreas humanas. Com base no que viu e nas palavras de Sour
(2011) há uma série de confusões associadas ao estudo da ética. Ele aponta três
delas, quais são?
166
a) ( ) A interpretação é identificada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 80, são denominados Estudos da
Interpretação (EI).
b) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 90, são denominados Estudos da
Interpretação (EI).
c) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 80, são denominados Estudos da
Interpretação (EI).
d) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 90, são denominados Estudos da
Interpretação (ET).
5 Você aprendeu que a tradução apresenta vários conceitos e uma ampla definição do
termo pelos dicionários, conforme vimos nos estudos. Embora haja várias definições
e estudos, há um conceito bem difundido e estudado nos dias de hoje. Com base no
que você aprendeu nesse estudo, assinale a alternativa CORRETA:
167
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 15290: Acessibilidade em comunicação na televisão. Rio de Ja-
neiro, 2005. Disponível em: http://www.crea-sc.org.br/portal/arquivosSGC/
NBR%2015290.pdf. Acesso em: 13 out. 2021.
ALBIR, A. H. Competence. In: GAMBIER, Y.; VAN DOORSLAER, Luc (Ed.). Hand-
book of Translation Studies. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins
Publishing Company, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3c6pKGR. Acesso em:
18 maio. 2021.
168
BASSNETT, S. de C. F.; V. C. A. M. Estudos de tradução: fundamentos de uma
disciplina. 2003.
170
FERREIRA, A. A. Direcionalidade em tradução: uma investigação do proces-
samento cognitivo de tradutores profissionais em tradução direta e inversa no
par linguístico inglês-português. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplica-
da) – Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. Disponível
em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/LETR-8SVNBP. Acesso em: 7
maio. 2021.
KRINGS, H.P. Was in den Köpfen von Übersetzern vorgeht. Eine empirische
Untersuchung zur Struktur des Übersetzungsprozesses an fortgeschrittenen
Französischlernern. Tübingen: Narr. 1986.
171
LÖRSCHER, W. Translation performance, Translation process and Trans-
lation strategies. Tübingen: Narr. 1991.
PADDEN, C. The deaf community and the culture of deaf people. Read-
ings for diversity and social justice: An anthology on racism, antisemitism,
sexism, heterosexism, ableism, and classism, Routledge, 2000.
172
PAGURA, R. J. A interpretação de conferências no Brasil: história de sua
prática profissional e a formação de intérpretes brasileiros. 2010. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo. Disponível em: http://goo.gl/QwutQ4.
Acesso em: 22 abr. 2021.
173
RODRIGUES, C. A Abordagem Processual nos Estudos da Tradução: uma meta-
-análise qualitativa. Cadernos de tradução, v. 2, n. 10, 2002.
174
SILVÉRIO, C. C. P.; et al. Reflexões Sobre o Processo de Tradução-Interpreta-
ção para uma Língua de Modalidade Espaço-Visual. Anais do III Congresso
Nacional de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e Língua
Portuguesa. Florianópolis, 2012. Disponível em: http://goo.gl/iv0QVx. Acesso
em: 24 abr. 2021.
VALLS, Á. L. M. O que é ética? ed.9. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Bra-
siliense, 1994.
175
176
UNIDADE 3 —
LEGISLAÇÕES CONTRIBUINTES
À ÁREA DE TRADUÇÃO,
INTERPRETAÇÃO E GUIA-
INTERPRETAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
177
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A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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178
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO
DO PROFISSIONAL TRADUTOR
INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE
1 INTRODUÇÃO
Legislação. Quando se depara com este termo, se não atua na esfera jurídica, a
pessoa logo se sente perdida estando diante de uma rede de informações complexas
e que exige um conhecimento perito para entender as entrelinhas desse arcabouço. É
verdade que, quando se lê o termo, ele não finda, pois dele se deriva outras dezenas
de instrumentos legais, como: Projetos de Lei, Leis Ordinárias e Delegadas, Decretos,
Portarias, Medidas Provisórias, Estatutos, Pareceres, entre outros.
IMPORTANTE
Constituição da República Federativa do Brasil.
Disponível em: https://bit.ly/3w0tdOv. Acesso em: 25 maio. 2021.
179
2 LEGISLAÇÕES VIGENTES À FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL
TILS E GILSP
A formação de TILSP no Brasil ainda é complexa e multifacetada tendo em vista
que tal profissão, ainda hoje, 2021, apresenta caráter assistencialista, é pouco regulada
e possui uma legislação conflituosa. Nesta seção vamos refletir sobre tais legislações e
como elas influenciam para o status atual da profissão.
Cabe salientar que a primeira vez que a Libras figura na legislação federal não foi
na Lei 10.436/02, mas dois anos antes na Lei nº 10.098, sancionada em 19 de dezembro
de 2000, mais precisamente no Capítulo VII, art. 18, que visa estipular a acessibilidade
nos sistemas de comunicação e sinalização implementando a “formação de intérpretes
de [...] linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de
comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação” (BRASIL, 2000, grifos nossos).
180
A justificativa para a transformação do Projeto em Lei trouxe uma série de
argumentos para tal, desses destacamos: a. dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) identificando a presença de 5.750.809 pessoas com problemas
relacionados à surdez, cabe aqui salientar que não necessariamente essas pessoas
são surdas enquanto identidade antropológica; b. dados do Ministério da Educação e
Cultura (MEC) identificando a matrícula de 56.024 alunos surdos nos anos iniciais e finais
e 2.401 no ensino médio, desses apenas 3,6% matriculados concluíram esse processo
de educação; c. a necessidade de suprir tal demanda com uma atuação profissional.
Após tal parecer o projeto recebeu nova numeração, fato comum no âmbito
político brasileiro, porém pouco explicado os motivos de tais práticas, a partir de 2005 o
Projeto assume o número de 5.127 sob a autoria do Deputado Jefferson Campos (PSB/
SP) a partir da Mesa Diretora da Câmara de Deputados Federais que foi apensado ao
projeto anterior. Cabe aqui salientar que nesse novo projeto houve algumas alterações
na sua redação, a saber:
181
NOTA
A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada
é a tradução feita por um tradutor público, também chamado de
tradutor juramentado sendo este habilitado em um ou mais idiomas
estrangeiros e português, é nomeado e matriculado na junta comercial
do seu estado de residência após aprovação em concurso público
(ORLANDO, 2015). A função é pautada no Decreto nº 13.606, de 21 de
outubro de 1943 que foi revogado pela Medida Provisória nº 1.040, de
2021 (BRASIL, 2021).
182
Voltando ao PL da Lei dos TILSP, a Deputada Maria do Rosário (PT/RS)
solicitou o desarquivamento da matéria em 2007, e assim foi feito tendo em vista seu
desarquivamento o projeto necessitou tramitar novamente na CTASP, agora sob a
relatoria da Deputada Maria Helena (PSB/RR), novamente no final no ano, agora em 2006,
foi entregue o relatório encaminhando o referido projeto para aprovação e passando o
prazo regimental não foram apresentadas emendas ao projeto, ou seja, foi aprovado
na íntegra como estava redigido. O próximo movimento do projeto foi em 2008, com a
solicitação da retirada da pauta a pedido da relatora do PL, assim o projeto foi devolvido
à relatoria que o colocou para aprovação novamente em dezembro na comissão, tendo
seu relatório completamente aprovado no âmbito da CTASP no final de 2008.
Seu próximo movimento foi a produção da sua redação final, ou seja, somar o
Projeto nº 4.673/2004 com o nº 5.127/2005 em um único documento que deveria ser
reencaminhado à CCJ para parecer dessa redação. Dessa vez tal função foi indicada ao
Deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS), e no dia 10 de dezembro de 2009, o Projeto
tem sua aprovação por unanimidade. Novamente o projeto foi arquivado nos termos 163
e parágrafo 4º do 164º do Regimento interno da Câmara, todavia as justificativas para
esse arquivamento não estão explícitas no histórico de tramitação da proposta.
183
2.2 ANÁLISE PORMENORIZADA
Como você pode observar, essa legislação passou por diversas mãos e
apresentou, em sua redação final, muitas inconsistências quando consideramos
as legislações que lhe precederam. Partindo do pressuposto que você já conhece a
legislação, vamos focar nossa atenção para os artigos que ficaram de fora da mesma,
buscando a redação anterior e os motivos pelos quais os artigos foram vetados.
Comecemos pelo artigo 3º, que em sua redação final ficou redigido como, “Art.
3o – É requisito para o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete a habilitação
em curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua
Portuguesa” e o “Art. 8º - Norma específica estabelecerá a criação de Conselho Federal
e Conselhos Regionais que cuidarão da aplicação da regulamentação da profissão, em
especial da fiscalização do exercício profissional”. As razões para que este artigo fosse
vetado constam na Mensagem nº 532, de 1º de setembro de 2010 e foram consultados
o Ministérios da Justiça e o Ministério do Trabalho e Emprego acertando que:
184
NOTA
Mensagem nº 532, de 1º de setembro de 2010. O documento pode ser
acessado em sua íntegra nesse link: https://bit.ly/3eilSCh (BRASIL, 2010c).
Acesso em: 17 jun. 2021.
DICA
O exame Prolibras (foi) um exame de
proficiência que objetiva(va) certificar
instrutores e professores de língua
de sinais e tradutores e intérpretes
de língua de sinais. Para conhecer
mais sobre esse exame, acesse, baixe
gratuitamente, e leia o livro “Exame
Prolibras” por meio do QR Code ou no
link disponível em: http://www.prolibras.
ufsc.br/livro/. Acesso em: 9 maio. 2021.
ATENÇÃO
É muito importante saber que, no Brasil, o surdo teve seu direito de
expressão sociolinguístico garantido somente no ano de 2002 quando
foi promulgada a Lei nº 10.436 reconhecendo a LS como meio legal de
comunicação e expressão no país [...], não reconhecida ainda como língua
oficial, mas exposta como tal nos Artigos 3º e 112º da LBI. Há outros países
que, mesmo tendo Comunidade Surda falantes da Língua de Sinais, o seu
reconhecimento ainda não ocorreu; assim também há outros que não a
reconhecem como meio de comunicação de seus cidadãos surdos (SILVA,
2019). Resumindo, a Libras NÃO É a segunda Língua oficial do Brasil.
DICA
Para saber mais e enriquecer seus conhecimentos, você, prezado
acadêmico, poderá ver os países que reconhecem legalmente as Línguas de
Sinais por tipo de Legislação, e os que ainda não têm, lendo as páginas 45
e 46 de Silva (2019), disponível neste link: https://bit.ly/2M6Sqph. Também,
para aprofundar ainda mais sua pesquisa, poderá ler o artigo “The Legal
Recognition of Sign Languages” (O reconhecimento legal das línguas de sinais
– tradução direta) Meulder (2015), disponível em: https://bit.ly/2VgMrTd.
Acesso em: 12 jun. 2021.
185
Como você pode observar as legislações, a respeito da profissão do Tradutor/
Intérprete de Libras-português, se contradizem, são confusas e dá pouca segurança
jurídica para a atuação do profissional. Uma importante instância, para o debate de
políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, é a Comissão de Defesa dos
Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD) com uma instância propositiva. A Deputada
Erika Kokay (PT/CE), a partir de um requerimento, sugere a criação de uma subcomissão
especial para discutir e propor regulamentação relacionadas ao exercício profissional
dos Tradutores/Intérpretes de Libras-português e guia-intérpretes, que foi aprovado na
Reunião Ordinária do dia 17 de maio de 2017. O norte desta discussão, se dá pelo fato da
profissão do TILSP que, nos termos em que está regulamentada pela Lei nº 12.319/10,
causa desvalorização e insegurança na atuação do profissional, graças aos problemas
apresentados anteriormente.
Em 2018, o projeto foi encaminhado, como de praxe, à CTASP, que trata exatamente
sobre o serviço e as profissões. Chegando lá, foi designada à relatoria da Deputada Gorete
Pereira (PR-CE) no dia 21 de maio de 2018. Cabe frisar que agora estamos em um governo
de direita, pode ser um detalhe sutil, mas com o passar do tempo você verá como esse é
um detalhe importante.
NOTA
“No espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica
que aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável,
natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta
posição com base no direito natural e na tradição”.
FONTE: <https://bit.ly/3jQLeMK>. Acesso em: 18 jun. 2021.
186
Notamos que, a partir do discurso da Deputada Gorete Pereira (PR-CE), a mesma
entende a importância deste Projeto de Lei, bem como suas contribuições para que as
pessoas surdas e surdocegas possam ter pleno acesso a seus direitos básicos como
cidadãos brasileiros, porém, ao citar consulta à Associação de Profissionais da Língua de
Sinais da região metropolitana do Cariri (APILSMC) e a Associação Cratense de Defesa da
Pessoa Surda (ACDPS), a relatora observou que o Projeto não contempla, a priori, os TILSP
de nível médio que já estavam contemplados pela Lei nº 12.319/10, sendo que este nível é
o que mais atua no campo profissional nos tempos atuais como vemos em (FÓRUM, 2014).
NOTA
Tramitação do projeto na Câmara dos Deputados. Toda a tramitação do
projeto pode ser acessada neste link: https://bit.ly/3bdV8kg. Acesso em:
17 jun. 2021.
A deputada ainda relata que isso lhe causou uma preocupação no fato de que,
se aprovado o texto atual, em diversas regiões de nosso país não haverá número de
profissionais suficiente para suprir as necessidades da comunidade surda, tendo em
vista que o Bacharelado em Letras-Libras, naquela época, ainda não era capilarizado no
país, existindo então apenas 9 universidades federais que ofertavam o curso. Mesmo
demonstrando essa preocupação, a Deputada aprovou o projeto anexando a este uma
emenda sobre os portadores de diploma de tradutor, guia-intérprete e intérprete de Libras-
Língua Portuguesa, em nível médio, já que estes estão em maior número no Brasil. Como
apresenta Brasil (2005), os diplomas são emitidos por cursos de educação profissional
reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC), cursos de formação continuada
promovidos por instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC ou instituições
credenciadas por Secretarias de Educação, e cursos realizados por organizações da
sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja
convalidado por uma das instituições com carga horária mínima de 1.200 (mil e duzentas)
horas/aula, ou seja, uma possível solução para a falta de profissionais em locais longe das
capitais.
NOTA
Cabe salientar que na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) o curso
é nomeado Bacharelado em Tradução e Interpretação de Libras.
187
Com o fim do ano de 2018, o projeto foi arquivado mais uma vez. Como você
pode ver anteriormente, com base no já conhecido artigo 105 do Regimento Interno, no
dia 28 de fevereiro de 2019, a Deputada Erika Kokay (PT/DF) requereu o desarquivamento
do projeto fazendo com que esse volte ao seu caminho de tramitação que até então se
mostrou longo e burocrático.
Neste momento o projeto retorna para a CCJC, com um relatório redigido pelo
então Deputado Herculano Passos (MDB-SP), que retornou o documento quase que
imediatamente à relatora da CTASP, Deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP),
para a elaboração de um substitutivo para o Projeto de Lei, neste substitutivo foram
atrelados, relacionados sobre:
(i) A Ementa da Lei passa a ser que a mesma tem por base
“regulamentar a profissão de Tradutor, Intérprete e Guia-Intérprete
da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
(ii) No art. 1º são definidas as funções do tradutor e intérprete e do
guia-intérprete, no seu primeiro parágrafo e a atividade profissional.
188
(iii) No art. 4º são definidas as formações básicas para atuação
profissional como portadores de diploma em cursos superiores
de bacharelado em tradução e interpretação em Libras - Língua
Portuguesa ou em Letras com habilitação em tradução e
interpretação de Libras e Língua Portuguesa, oficiais ou reconhecidos
pelo Ministério da Educação; dos portadores de diploma em cursos
superiores em outras áreas que possuírem diplomas de cursos de
extensão, formação continuada ou especialização, com carga horária
mínima de 360 (trezentos e sessenta horas) e tenham sido aprovados
em exame de proficiência em tradução e interpretação em Libras -
Língua Portuguesa.
(iv) Por fim no art. 5º fica revogado que tratava sobre o Exame nacional
de proficiência.
Como você pode observar, dessa vez foi realizado um novo projeto que substituiu
o projeto original, e aqui observa-se que os principais pontos trabalhados neste novo
substitutivo geram entorno da formação do TILSP. Quando iniciamos este tópico, não
estava sendo aplicado um eufemismo, ou seja, um emprego suave de palavras para
abrandar a situação, para exemplificar a complicação que cerca a formação do TILSP e
do GILSP.
189
deputados a matéria e assim foi aprovada em votação em turno único o inteiro teor do
Projeto de Lei. Como resultado, em 22 de dezembro de 2019 a lei foi completamente
aprovada na Câmara seguindo para o Senado, aguardando desde então, a apreciação, os
votos e aprovação dos parlamentares.
IMPORTANTE
Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010b, regula-
menta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua
Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 25
maio. 2021.
190
Art. 18º O Poder Público implementará a formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação.
Aos poucos esta prática profissional necessitou ser aperfeiçoada, e para isso
os Encontros Nacionais, de 1988 e 1992, propuseram a criação de um Departamento de
Intérpretes, ainda na Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS),
que deveria se encarregar de padronizar a atuação deste profissional. Em 1992, durante
o II Encontro Nacional de Intérpretes, realizado no Rio de Janeiro, um dos TILSP mais
renomados do nosso país, Ricardo Sander, apresentou uma proposta de um Código
de Ética com base em documento semelhante, usado nos Estados Unidos, datado de
28 e 29 de janeiro de 1965, que estipulava questões éticas a serem seguidas pelos
intérpretes estadunidenses e assim surgem as normativas éticas para este profissional.
191
O código de ética é um instrumento que orienta o profissional
intérprete na sua atuação. A sua existência justifica-se a partir do
tipo de relação que o intérprete estabelece com as partes envolvidas
na interação. O intérprete está para intermediar um processo
interativo que envolve determinadas intenções conversacionais e
discursivas. Nestas interações, o intérprete tem a responsabilidade
pela veracidade e fidelidade das informações. Assim, ética deve estar
na essência desse profissional (QUADROS, 2004, p. 31).
NOTA
Sugerimos uma leitura complementar do artigo “Atuação de
intérpretes de língua de sinais: revisitando os códigos de conduta
ética” de Dos Santos (2017). Disponível no Portal do Letras-Libras da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) neste link: https://bit.
ly/2woObNS. Acesso em: 14 jun. 2021.
192
Como podemos observar, na prática profissional, “os problemas éticos se
distinguem da moral pela sua característica genérica”, ou seja, nada relacionado em
profundidade com a aplicação de tal ciência, “enquanto a moral se caracteriza pelos
problemas da vida cotidiana” como discutimos anteriormente, observamos que “o
que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das
consequências de suas ações” (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90). Precisamos entender
que o que se espera de um profissional é que ele se comporte eticamente (VALLS, 2004;
SANTOS, 2017).
A principal função da ética, como você pode observar, é sugerir qual o melhor
comportamento que cada pessoa, grupo social ou profissional tem ou venha a ter na
sua prática social. Tal filosofia indica o que é certo ou errado, o que é bom ou mau sob
a ótica da filosofia. Porém, esse comportamento, profissional ou social, sempre partirá
do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social.
Tal ciência nos auxilia no esclarecimento e na demonstração da realidade vivenciada de
cada povo, procurando sempre elaborar diversos conceitos conforme o comportamento
correspondente de cada grupo social.
DICA
Prezado acadêmico, para saber mais sobre as questões
relacionadas à ética do profissional Tradutor/Intérprete
de Libras-Português, recomendamos que assista
a discussão sobre o trabalho do TILSP “Ética do
Intérprete”, realizada no Canal Traduz Aí!, acessando
este link: https://bit.ly/3xpRwqn ou o QR Code.
193
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Ainda que cheia de conflitos, a Lei nº 12.319, após anos de tramitações, reconhece a
profissão do Intérprete da Língua Brasileira de Sinais e aguarda a sua regulamentação
pelo Projeto de Lei nº 9.382 de 2017.
194
• A atividade de atuação do TILSP surge a partir de práticas voluntárias que foram aos
poucos se aperfeiçoando e se profissionalizando na década 80. Porém, essa prática
necessitou ser aperfeiçoada a partir dos encontros promovidos naquela década.
195
AUTOATIVIDADE
1 Baseado no que você estudou até aqui, pode observar que há várias legislações, até
mesmo conflituosas, que pautam a formação do TILSP no Brasil, neste sentido quais
são essas legislações? Assinale a alternativa CORRETA:
2 Segundo a legislação vigente (BRASIL, 2005) “Artigo 20 - Nos próximos dez anos, a
partir da publicação deste Decreto, o Ministério da Educação ou instituições de ensino
superior por ele credenciadas para essa finalidade promoverão, anualmente, exame
nacional de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa”.
Qual o nome do principal exame relacionado a este artigo?
I- Vestibular em Letras-Libras
II- Exame Prolibras
III- Exame ToEfL
IV- Exame de Proeminência em Libras
4 Vimos nesse estudo que não é possível, buscarmos uma linha histórica para a
profissionalização do TILSP. Observamos que a atividade de atuação deste, surgiu
a partir de práticas voluntárias que aos poucos foram se aperfeiçoando e se
profissionalizando ainda nos anos 80. Com base no que viu, disserte sobre como,
desde então o profissional TILSP vem se profissionalizando.
196
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS
ESTUDOS SURDOS: (IN)FORMAÇÃO E
PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
1 INTRODUÇÃO
Vimos nas unidades anteriores que a tradução e interpretação exige de todos os
profissionais habilidades e competências para a execução do ofício. Diferentemente de
muitos conceitos, infelizmente engessados em cursos básicos presencial e/ou virtual,
em todo o território brasileiro, esse profissional – aluno aprendiz recém-chegado – não
se encontra pronto para atuar apenas com algumas horas de curso e muito menos com
uma “mala” repleta de sinais de A à Z sem contextos.
197
Assim, é muito importante, acadêmico, reconhecer que a legalidade existente
ampara qualitativamente o trabalho de TILSP/GILSP, mas deve reconhecer que há
outros pormenores que somam à legislação e que apoia o profissional. Ao se precipitar
nessa área, corre-se o risco de não estar em consonância das orientações da Febrapils,
quanto a atuação ética do TILSP/GILSP, e ser levado a um julgo pela falta de proficiência
na língua a que se propôs atuar. Muitas dessas precipitações surgem na mídia, e
alguns casos provocam até processos judiciais devido à falta de conduta e respeito à
comunidade surda, em âmbito nacional e internacional (FIGURAS 1 a 4).
198
FIGURA 3 - MULHER SE PASSA POR INTÉRPRETE EM PROPAGANDA ELEITORAL NO BRASIL
FIGURA 4 - HOMEM SE PASSA POR INTÉRPRETE, COM BÁSICO DE LIBRAS, EM PROPAGANDA ELEITORAL NO
BRASIL
IMPORTANTE
SITE FEBRAPILS. Federação Brasileira das Associações dos Profissionais
Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais.
Disponível em: https://febrapils.org.br/. Acesso em: 12 jun. 2021.
199
DICA
Para fomentar o seu interesse na Formação do profissional TILSP,
recomendamos a leitura das obras: “Formação de Tradutores: por uma
pedagogia e didática da tradução no Brasil – Vol. 5”; “Formação de Tradutores:
Desafios da Sala de Aula – Vol. 9” e “Formação de Intérpretes e Tradutores:
Desenvolvimento de Competências em situações pedagógicas específicas”
Vol. 11 e 12”. Disponíveis em: https://bit.ly/3A4wdwo. Acesso em: 12 jun. 2021.
Ingressar na esfera de tradução não deve ser apenas pela formação acadêmica,
formação esta que cresceu grandemente nos últimos dez anos, não que anterior a esse
período não tivesse emergência. Tais formações, no que diz respeito às especializações
em língua de sinais e de Tradutores/Intérpretes de Libras-português, não subsidiam
aos formados, a base consistente e garantias de uma atuação de qualidade, ainda que
mediada por profissionais, muito das vezes, com boas qualificações. Após alguns meses
de estudo, que pode variar entre 360 ou 420 horas de curso, esse aprendiz recebe uma
certificação de especialista naquela área, porém, essa adjetivação o impulsiona a ingressar
precipitadamente nas instituições de ensino em que se encontram alunos, acadêmicos
e/ou professores surdos, para mediar a comunicação entre os dois idiomas. Muitos se
debruçam no discurso engessado de que, se não há outro, como ficará o alunado surdo
200
sem o profissional de Libras? Usando dessa prerrogativa têm a pretensão de formação
continuada no ambiente de trabalho, já que passará a atuar com mais frequência nas
duas modalidades linguísticas (SILVA, 2018).
DICA
Para ver com mais detalhes sobre a inserção precipitada e frágil
do profissional TILSP/GILSP na educação, acesse e leia o artigo “O
TRADUTOR-INTÉRPRETE DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO: Inserção Precipitada
e a Invisibilidade nas Competências e a Formação Fragilizada” no portal
da Editora Arara Azul. Disponível em: https://bit.ly/3uPM4uM.
201
Para saber mais sobre o profissional tradutor
Outra leitura importante é a do livro
e intérprete de língua de sinais e a sua breve
“Intérpretes Educacionais de Libras:
história, recomendamos a leitura “O Tradutor
Orientações para prática profissional”, que
e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e
também pode ser baixado gratuitamente
Língua Portuguesa” que pode ser baixado
pelo link ou QR Code.
gratuitamente pelo link ou QR Code.
FONTE: <https://bit.ly/39P2j4j>. Acesso
FONTE: <https://bit.ly/3abkhNd>. Acesso em:
em: 23 maio. 2021.
23 maio. 2021.
Cabe aqui então fazermos um exercício mental de análise para com a Lei atual
e sua futura redação, que no momento dessa escrita está em processo de tramitação
no Senado Federal, aguardando votação, todavia neste momento pandêmico brasileiro,
acreditamos que não se terá um desfecho tão cedo, vejamos o primeiro artigo:
202
QUADRO 1 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES
Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício Art. 1o Regulamenta a profissão de
da profissão de Tradutor e Intérprete da tradutor, intérprete e guia-intérprete da
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Língua Brasileira de Sinais (Libras)
203
tradução e a interpretação em qualquer modalidade de tradução que possa aparecer.
Já no segundo parágrafo do artigo temos a função do GILSP definida para atuação em
qualquer área ou situação que seja para pessoas surdas e/ou surdocegas em múltiplos
contextos possíveis para estabelecer comunicação com os falantes e não falantes da
Libras a partir de diversas formas de comunicação utilizadas por essas pessoas, que
como Vilela (2020) nos demonstra podem ser múltiplas formas diferentes que vão
requerer do profissional diferentes competências. Vejamos o terceiro artigo:
VETADO
Art. 3º É requisito para o exercício da profissão
de Tradutor e Intérprete a habilitação em curso
superior de Tradução e Interpretação, com
Art. 3º É autorizado o exercício da
habilitação em Libras - Língua Portuguesa.
profissão por aqueles que tenham
Parágrafo único. Poderão ainda exercer a
sido habilitados até a entrada em
profissão de Tradutor e Intérprete de Libras -
vigor desta Lei nos termos da
Língua Portuguesa:
redação original do art. 4º da Lei nº
I- profissional de nível médio, com a formação
12.319, de 1º de setembro de 2010.
descrita no art. 4o, desde que obtida até 22 de
dezembro de 2015;
II- profissional que tenha obtido a certificação
de proficiência prevista no art. 5º desta Lei.
204
QUADRO 4 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES
Na nova redação proposta, a partir do art. 4º. temos diferentes perfis formativos
que poderão atuar como TILSP e GILSP a partir de sua sanção e ao passo que demarca
a necessidade formativa a legislação estipula critérios de reconhecimento de outras
205
formações como opção ao Letras-Libras em diversos níveis que vão desde o técnico à
pós-graduação. Cabe ainda salientar que a avaliação por competências denominada de
Exame de Proficiência em Tradução e interpretação em Libras-Português, também será
uma prova que lhe dará acesso ao mercado de trabalho, todavia, por ser uma avaliação,
você pode estar acompanhado de seu certificado ou não, neste sentido o mesmo será
utilizado como critério de desempate em seleções que possam ser realizadas em âmbito
municipal, estadual e federal, todavia cabe aqui demarcar, mas não iremos entrar em
detalhe, que a carreira do TILSP em âmbito federal está extinta e ainda não existe um
exame semelhante para a função de GILSP. No artigo seguinte encontramos:
206
QUADRO 6 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES
207
de acesso livre e comunicativo a todos os contextos que compõem o exercício da
dignidade humana. A questão que se levanta aqui é: existem TILSP e GILSP formados
no Brasil para dar atendimento a essas demandas? Cabe salientar que a formação do
GILSP em nosso país ainda é dada por cursos da sociedade civil representada uma vez
que apenas o curso de Letras-Libras da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
possui uma disciplina na grade do curso que estabelece a discussão sobre a profissão
de GILSP. Vejamos o próximo artigo:
Poucas foram as modificações nesse artigo, apenas o inciso 3 teve sua redação
melhorada tendo em vista as diferentes perspectivas que abordam a imparcialidade e
a fidelidade. Santos (2017) nos demonstra essa questão ao analisar três dos principais
códigos de conduta ética do TILSP, no trabalho ele demonstra a redação de cada um
dos códigos e como tais conceitos são pautados como valores profissionais. Vejamos o
próximo artigo:
208
QUADRO 8 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES
Aqui temos um mega avanço para a nossa profissão, avanço esse que trata
impactos significativos para nossa prática profissional, já que atualmente trabalhamos
em turnos de 20 a 40 horas semanais e por muita das vezes, por atuar sozinhos, nossos
esforços cognitivos e energia mental não dá conta de entregar a interpretação na
qualidade que nosso público necessita, assim nossa atuação será dada em regimes
de 30 horas semanais com revezamento de no mínimo 2 profissionais a fim de garantir
a qualidade da interpretação que decai significativamente quando esse profissional é
exposto a uma demanda interpretativa superior ao que o mesmo consegue realizar, o
que é uma situação recorrente em âmbito profissional, haja vista que se tem uma alta
demanda de trabalho e poucos são os profissionais qualificados para atender a todas.
Por fim foi adicionado um novo parágrafo único que dá aos profissionais o tempo de
transição necessário para se adequarem a esta nova legislação pois
Uma vez que temos tantos TILSP e GILSP que ainda não possuem a formação
ideal para ser um profissional no Brasil, cabe um período de transição assim como se
teve com os exames de proficiência em tradução e interpretação, uma vez que o Brasil
é um país de proporções continentais.
A partir dessa nova redação legal, temos um novo desafio, uma nova forma
de oferta de trabalho e uma valorização maior do que a que com duras penas foi
conquistada em 2010 com a sanção da Lei 12.319, quem sabe assim nossos futuros
colegas, nossos pares, que pode ser você prezado acadêmico, garantam um “lugar ao
sol” como temos atualmente? Reflexões para um futuro não tão próximo, mas de igual
forma não tão distante.
209
IMPORTANTE
BRASIL. Projeto de Lei nº 9.382, 19 de dezembro de 2017a. Dispõe
sobre o exercício profissional e condições de trabalho do profissional
tradutor, guia-intérprete e intérprete de Libras, revogando a Lei nº
12.319/10. Disponível em: https://bit.ly/36df31R. Acesso em: 13 jun. 2021.
DICA
Deseja ampliar mais suas reflexões a partir do que estudou até aqui?
Leia gratuitamente, o livro de Albres (2017), o capítulo 5 do Livro “Libras e sua Tradução
em pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias”, disponível em: https://bit.ly/3vvcenT, ou
pelo QR Code.
210
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Não basta apenas obter uma titulação para atuar como um profissional TILSP/GI. É
muito importante saber que a formação de qualidade, vai além da dicionarização.
E para ter uma perspectiva profissional, você acadêmico, deve se conscientizar na
atuação de qualidade no universo surdo.
211
AUTOATIVIDADE
1 Com foi aprendido que para atuar como profissional na tradução e interpretação,
é exigido de todos habilidades e competências para uma melhor qualidade na
execução do ofício. Para isso, o sujeito deve estar antenado às demandas bem como
em sua formação continuada. Isso não deve se ater apenas em cursos básicos ou
em especializações com cargas horárias extensas sem prática. Assinale a alternativa
CORRETA:
2 Vimos que nos estudos surdos, o protagonismo Surdo tem se ampliado grandemente
no nosso país, assim, a sua formação dependerá de cada passo que percorrer em
busca de novas informações para ampliar e aprimorar as suas habilidades como um
bom profissional na área. Com base nos estudos desta unidade, analise as sentenças
a seguir:
I- Nos últimos anos a procura de formação continuada, no que diz respeito à formação
de TILSP/GI, tem gerado um movimento enorme na promoção de cursos, devido a
fatores legais como por exemplo a regulamentação da Libras e o reconhecimento
da profissão do tradutor e intérprete de Libras em 2010.
212
II- Há dezenas de cursos bem práticos de formação, muitos com 600 horas e
conteúdos bem formatados de até 100 aulas. Esses são a melhor garantia de se
tornar um intérprete de língua de sinais, pois, além das horas serem organizadas há
bastante prática.
III- Ainda que inúmeros cursos promovam uma formação programada, nem sempre
promovem uma formação adequada que venha a atender as demandas emergentes
da profissão.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
213
caso a língua portuguesa e a língua brasileira de sinais. Sendo assim, o que poderia
ser feito para amenizar esse déficit de profissionais qualificados para o mercado de
trabalho?
5 Como foi visto, a nova redação da Lei 12.319/10, trará uma série de avanços para com
o exercício profissional e as condições de trabalho do TILSP e do GILSP, pois até então
esses, estão, por muitas vezes contratados como profissionais subvalorizados e em
carreiras extintas no governo federal. Baseado no que leu e aprendeu, disserte sobre
como esses profissionais são alocados no governo estadual e municipal.
214
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS:
DICIONARIZAR-SE OU CONTEXTUALIZAR-SE
1 INTRODUÇÃO
Quero ser intérprete de língua de sinais! Essa é uma das expressões que mais
aparece nos Cursos Básicos e uma das quase 1.800.000 nos sites de busca na internet.
Devido ao status em que a Libras tomou nos últimos anos, muitas pessoas se
identificam com o idioma e desejam se tornar um TILS/GI por alguns fatores filantrópicos,
por exemplo, o da atuação na esfera religiosa. Outros, no período pandêmico da
COVID-19, foram atraídos pela “beleza” da sinalização nos eventos, Lives no contexto
musical e político, ocorridos desde então. Ainda outros, após “descobrirem” como o SER
intérprete pode ser uma carreira promissora, decidiram mergulhar nesse universo.
2 ARCABOUÇO LEXICAL
Estar munido de muitos sinais, ou dos léxicos da LS, não indica que a pessoa
sabe traduzir e/ou interpretar, por exemplo, um enunciado ou uma palestra. Ainda que
haja dicionários nesse idioma, o que pode ser uma base para a fluência, esses são "um
215
dos principais instrumentos de descrição, prescrição, codificação e legitimação do
modelo idealizado de uma língua correta" como expressa Bagno (2011, p. 119), mas nem
sempre será ele que vai dizer como o contexto deve ser traduzido, pois, ao utilizar esses
instrumentos corre-se o risco de não fazer um bom trabalho visto que:
NOTA
No Brasil os aplicativos mais conhecidos são Hand Talk e ProDeaf.
Duas empresas, até 2016, concorrentes no mercado de tradução
automática para a Língua Brasileira de Sinais. A partir dessa data,
acelerou-se as discussões de união das empresas, e, o resultado
foi a compra da ProDeaf pela HandTalk, na expectativa de levar
mais acessibilidade digital a mais organizações. FONTE: https://blog.
handtalk.me/handtalk-prodeaf/. Acesso em: 14 jun. 2021.
216
ATENÇÃO
Visto que estamos na era digital e globalização dos meios de
comunicação, é evidente, que o uso de aplicativos aumenta as
potencialidades de comunicação entre as pessoas, tendo como
prioridade a acessibilidade entre elas (BRASIL, 2000). Assim, esses
recursos ampliam o conhecimento linguístico dos surdos e não-surdos,
e lhes dão autonomia de socialização no que se refere aos idiomas
Libras e Língua portuguesa. Mas é importante saber e entender que,
ainda consiste uma fragilidade lançar mão apenas desses instrumentos
sem ter o contato efetivo com a Comunidade Surda para se manter
fluente e proficiente na Língua de Sinais, somados às outras habilidades
e competências tradutórias (CORRÊA; GOMES; RIBEIRO, 2018).
DICA
Para saber mais sobre a complexidade da língua
de sinais, sobre como a competência tradutória
é importante bem como das escolhas de
palavras, léxicos, a uma interpretação da Libras
para o português e vice-versa, recomendamos
a leitura do livro “Conceitos Abstratos:
escolhas interpretativas de Português para
Libras” da professora doutora Flávia Medeiros
Álvaro Machado. Disponível em: https://amzn.
to/3aUEyH1.
INTERESSANTE
Para saber mais sobre a complexidade de atuação do profissional TILSP no
contexto jurídico, e como esse profissional deve se sobressair quanto à falta
de lexicografia, de termos específicos, os quais nem sempre aplicativos e/ou
dicionários subsidiam, recomendamos que você assista a Aula Aberta: "Os
Bastidores da Interpretação no Judiciário" com o professor, intérprete
perito, Lucas Gonçalves Dias, no Canal do Grupo de Pesquisas LingCognit.
Disponível em: https://bit.ly/3A9Q2Cy. Acesso em: 9 jun. 2021.
217
Como aborda Barbosa e Lacerda (2019), dicionários são materiais didáticos,
recursos importantes que apresentam um glossário extenso. Porém, quando for lançar
mão desses, a sua avaliação deve ser criteriosa, a autora diz que
218
FIGURA 7 – DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO BILÍNGUE VOL. I E II (2001)
FONTE: Os autores.
219
FIGURA 10 – NOVO DEIT-LIBRAS VOL. 1 E 2 (2009)
220
FIGURA 13 - SINALIZANDO A FÍSICA - 2. VOCABULÁRIO DE ELETRICIDADE E MAGNETISMO
221
FIGURA 16 – CARTILHA DE LIBRAS EM MEDICINA E SAÚDE
DICA
Se desejar conhecer outros Glossários e/ou Dicionários, nacionais e
internacionais, gratuitos para download ou não, acesse os vídeos do
Projeto “Literaturas do Universo Surdo de A à Z” partes de 2 a 5 da Letra “D”
neste endereço, ou no QR Code.
222
INTERESSANTE
Para saber mais como foram idealizados e os porquês da produção do
Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue: Língua de Sinais Brasileira, do
professor Fernando César Capovilla e sua equipe, recomendamos que você
assista a entrevista realizada no Projeto “Dialog(ando com a Biblioteca” no
Youtube, no Canal “Libras em Prática”.
Disponível neste link: https://bit.ly/2NDfXyJ. Ou no QR Code.
3 MINIGLOSSÁRIO BÁSICO
Há uma proposta de catalogar, pesquisar, somar e difundir ainda mais a Língua
de Sinais no Brasil. Coordenado pela professora doutora Ronice Müller de Quadros e
outros colaboradores, o Projeto Corpus de Libras da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), valoriza a cultura surda no país (QUADROS, et.al. [s.d]). Esse projeto
apresenta três dispositivos de inventariar a Libras e busca apresentar os sinais utilizados
pela Comunidade Surda ao redor do Brasil. O inventário é subdivido em: 1. Catalogar
os falantes da língua de sinais em faixa etárias, divididos em três grupos, sendo: a)
19 a 29 anos; b) 30 a 50 anos; e os acima de 60 anos. Identificação, documentação,
reconhecimento e valorização da Diversidade Linguística (BRASIL, 2010); Inventário
imaterial, ou seja, levantamento das expressões visual-social-cultural e política dos
sujeitos falantes da língua de sinais; 2. Vocabulário acadêmico, nas diversas áreas do
conhecimento do ensino superior; e 3. A reunião de trabalhos antológicos, expressões
sinalizadas agrupadas em poesias, contos e histórias produzidas pelos sujeitos surdos.
223
IMPORTANTE
BRASIL. Decreto nº 7.387, de 9 de dezembro de 2010a. Institui o
Inventário Nacional da Diversidade Linguística e dá outras providências.
Disponível em: https://bit.ly/3qAs6Uk. Acesso em: 13 jun. 2021.
INTERESSANTE
Prezado acadêmico, ficou curioso em saber como é este
Corpus da Libras? Acesse o site por meio deste link: https://
corpuslibras.ufsc.br/inicio, ou pelo QR Code, e aproveite
para ampliar seu vocabulário e conhecer o Projeto.
A partir de agora, prezado aluno, você irá aprender alguns sinais das palavras
que foram utilizadas nesse caderno de estudos. As imagens estáticas apresentam
apenas um contexto, porém, em sua descrição irá aparecer outras possibilidades –
sinônimos – de uso e expressões baseadas na polissemia da Língua portuguesa e na
variação regional. Sabe-se que na Libras há variações regionais, o que pode diferenciar
os parâmetros de um sinal para outro. Para que o Caderno de Estudos não se transforme
em um longo glossário, o que não é a proposta, você vai encontrar pelo menos duas
variações de sinais.
Em cada imagem você verá as seguintes siglas: “C.M”, “M”, “P.A”, “O” e “ENM”. Essas
referem-se aos Parâmetros Fonológicos da Libras, Configuração de Mãos, Movimento,
Pontos de Articulação, Orientação e Expressão Corporal e/ou Facial, as Expressões Não-
Manuais. Em algum momento, os números que aparecerem na descrição das imagens,
serão baseados na tabela de Configurações de Mão de Felipe (2007, p. 28 – FIGURA 82).
224
NOTA
Sabe-se que registros de sinais por imagens estáticas, podem não ser
compreendidos devido aos parâmetros linguísticos que não aparecem
além de setas e legendas. Para uma melhor compreensão da lexicografia,
dos sinais propriamente ditos, citamos dois principais recursos: 1. vídeos
em Língua de Sinas apresentando o léxico; e 2. a escrita de sinais pelo
sistema SignWriting (SW). Por não ser o foco deste Caderno de Estudos,
as figuras, sinais do glossário abaixo, ainda que seja possível, não serão
escritas em SW. Para saber mais sobre o SW, recomendamos a leitura
do Livro Didático de “Introdução à Escrita de Sinais”.
DICA
Para mais informações sobre o sistema SignWriting, além do Livro
Didático de “Introdução à Escrita de Sinais”, recomendamos a leitura
das obras: “Escrita de Sinais sem mistérios”, “Escrita de Sinais na
Educação do Aluno Surdo” e “A Evolução da Escrita de Sinais no
Brasil”, disponível gratuitamente em: https://bit.ly/3xSYPYu.
225
INTERESSANTE
Prezado acadêmico, as imagens que você irá encontrar
no glossário abaixo poderão ser consultadas em vídeos,
juntamente com outros sinais contextualizados, os
quais não foram possíveis registrar neste caderno de
estudos. Para ter acesso ao conteúdo, outros vídeos da
lexicografia básica da Libras, acesse o Canal “Libras em
Prática” por meio deste link: https://bit.ly/3o5oZ5J, ou
pelo QR Code, e aproveite para ampliar ainda mais o seu
vocabulário.
Portanto, faça bom uso consciente de todo o material. Reveja, revise, (re)
aprenda, mantenha-se sempre atualizado. Não engesse seu conhecimento. Mantenha
o foco na prática, somada à teoria e desenvolva-se sempre com qualidade para realizar
com habilidades e competências aquilo que se propôs a fazer: traduzir e interpretar da
Língua de Sinais para a Língua portuguesa e vice-versa.
DICA
Prezado acadêmico, para saber mais sobre os 5 Parâmetros da Libras,
você poderá consultar o Caderno de Estudos “Língua Brasileira de Sinais
– Libras” de Santos e Góes (2016), que estará em sua Grade Curricular.
Também poderá ver a explicação em Língua de Sinais, acessando o
Canal Libras em Prática “Os Parâmetros da Língua de Sinais” por meio
deste link: https://bit.ly/2UqUuMY. Acesso em: 12 jun. 2021.
NOTA
Polissemia diz respeito à variação de sentidos que uma mesma palavra
pode ter, nesse caso há relação semântica entre elas. (ULMANN, 1964
apud MARTINS; BIDARRA, 2011, p. 138). “É a propriedade da palavra
de apresentar significados distintos que só podem ser explicados
dentro de um contexto. A polissemia apresenta muitos significados
em uma só palavra cujo significado dependerá do contexto em que
a palavra está inserida (CAMPREGHER; CAMERLENGO, 2019, p. 87).
226
FIGURA 18 – VERBO “APRESENTAR” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
FIGURA 19 – “ARCABOUÇO”
FONTE: Os autores
227
FIGURA 20 – “ÁREA/ESFERA” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “64 e 28”; P.A “neutro”, M “tocar algumas vezes 28 em
64”), se refere a:
• Bimodalismo, bimodal; usar Língua de sinais e a fala ao mesmo tempo.
228
FIGURA 22 – “BRASIL”
FONTE: Os autores
Este sinal, (CM “B”, P.A “neutro”, M “de cima para baixo”), se refere a:
República Federativa do Brasil; Brasil;
• República Federativa do Brasil; Brasil;
FIGURA 23 – “BRASILEIRO/A”
FONTE: Os autores
229
FIGURA 24 – “CÓDIGO DE ÉTICA” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “E”, P.A “testa”, M “passar de um lado para o outro”; CM
“46b”, P.A “ombro”, M “passar o polegar para fora na ponta do ombro”)
se refere a:
• Filosofia de valores morais comportamentais: Moral, Princípios morais,
regras morais, ética.
230
FIGURA 26 – “COMPETÊNCIA” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “B”, P.A “neutro”, M “uma mão sobre a outra”), se refere
a:
• Capacidade ou aptidão: capacidade, aptidão, habilidade, perícia,
conhecimento, know-how, saber, maestria, eficiência, nível, qualificação,
habilitação, suficiência, idoneidade, mérito, talento, erudição, sabedoria,
destreza, prática.
• Atribuição: alçada, atribuição, conta, poder, autoridade, domínio, valência,
jurisdição, função.
• Pessoa com grandes capacidades: notoriedade, sumidade, expoente,
notável, notabilidade.
FONTE: Os autores
231
Este termo, (CM “C”, P.A “queixo”, M “do queixo para fora circular”), se
refere a:
• Sociedade: corpo social, população, coletividade, biocenose, sociedade,
povo.
• Conjunto de pessoas com interesses comuns: conjunto, grupo, turma.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “14” e “C”, P.A “neutro”, M “circular o dedo indicador”),
se refere a:
• Sociedade: corpo social, povo, população, sociedade, biocenose,
coletividade.
• Conjunto de pessoas com interesses comuns: conjunto, grupo, turma.
FIGURA 29 – “CONCEITO”
FONTE: Os autores
232
Este termo, (CM “C” e “B”, P.A “neutro”, M “breve círculo para fora”), se
refere a:
• Concepção ou ideia de algo: concepção, ideia, noção,
imagem, conceituação, abstração, substância,
essência, definição, conteúdo, caracterização, formulação.
FONTE: Os autores
233
FIGURA 31 – VERBO “CONCLUIR” (VARIAÇÃO 2)
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
234
Este termo, no sentido cognitivo, (CM “49” e “64”, P.A “neutro”, M
“encontrar as mãos e fechar”), se refere a:
• Finalizar ou terminar alguma coisa:
finalizar, terminar, acabar, consumar, arrematar, findar, trancar,
cerrar, cessar, completar, ultimar, totalizar, desfechar, aprontar,
aperfeiçoar, rematar, parar, fechar, complementar, sepultar,
sepultar, interromper, encerrar.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “8a/L”, P.A “neutro”), M “virar o polegar para frente ‘2
vezes’”), se refere a:
• Consecutiva/o: conseguinte, sucessivo, sequente, subsequente,
subsecutivo, encarrilhado, posterior, ulterior, depois.
235
FIGURA 34 – VERBO “CONTEXTUALIZAR”
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “48 e 49”; P.A “neutro”, M “para o lado [esquerdo ou
direito]”), se refere a:
• Descrever o contexto: descrever uma conjuntura, descrever o contexto, dar
um contexto, apresentar o contexto, explicar uma situação, revelar as
circunstâncias.
• Interpretar conforme o contexto: analisar conforme o contexto, considerar
conforme o contexto, entender conforme o contexto, interpretar conforme
o contexto; contextualizar.
FONTE: Os autores
236
Este termo, no sentido cognitivo, (CM “62”, P.A “neutro”, M “alternados
frente ao corpo”, ENM “distinção de uma coisa para a outra”), se refere
a:
• Perceber a diferença entre: discernir, diferençar, diferir, identificar,
reconhecer.
FONTE: Os autores
Este termo, no sentido cognitivo, (CM “44”, P.A “neutro > testa”, M “de
baixo para cima até a testa”), se refere a:
• Fixar na memória: memorizar, fixar, gravar, guardar, reter, conservar,
recapacitar.
FIGURA 37 – “DOCUMENTO”
FONTE: Os autores
237
Este termo, (CM “37a” e “62”, P.A “neutro”, M “passar uma vez na palma
para baixo”), se refere a:
• Declaração escrita que comprova algo: declaração, certidão, certificado,
título, registro, escritura, contrato, atestado, comprovativo, comprovante.
• Qualquer registro escrito: papel, escrito, impresso, manuscrito.
FONTE: Os autores
Este termo, somado de sinais compostos, (CM “B” e “12”, P.A “neutro”,
M “passa na palma para dentro; CM “5”, P.A “neutro”, M “meio círculo
para fora”; CM “35a” [decorar - variação 1], P.A “neutro e testa”, M
“mãos alternadas”), se refere a:
• Decorar léxicos; decorar sinais; registrar sinais na memória; dicionarizar-se;
memorizar, fixar, gravar, guardar, reter, conservar, memorar, recapacitar
238
FIGURA 39 – “EQUIVALÊNCIA” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “53a”, P.A “neutro”, M “breve, tocar e separar as mãos”,
ENM “indicativo de concordar”), se refere a:
• Correspondência: correspondente, equidade, equipolência, igualdade,
paridade, proporção, isonomia.
• Imparcialidade, isenção, justiça, neutralidade.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “14”, P.A “neutro”, M “breve, tocar e separar os dedos”,
ENM “indicativo de concordar”), se refere a:
• Correspondência: correspondente, equidade, equipolência, igualdade,
paridade, proporção, isonomia; combinar, tipo.
• Imparcialidade, isenção, justiça, neutralidade.
239
FIGURA 41 – “EDUCACIONAL/EDUCAÇÃO”
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “47” e “42”, P.A “neutro”, M “para fora”), se refere a:
• Ensino: ensinar, instruir, instrução, disciplinar, pedagogia, educar.
• Treinamento: adestramento, domesticação, amestramento, domação,
humanização, treinamento, treino.
FONTE: Os autores
240
FIGURA 43 – “ESTRATÉGIAS”
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “1/2”, “40”, P.A “neutro”, M “alternado para os lados”,
ENM “minucioso”), se refere a :
• Plano de organização: plano, tática, técnica, meio, método, sistema,
processo, procedimento, critério, planejamento, parâmetro, estratégica.
• Habilidade para fazer alguma coisa: habilidade, esperteza, talento, aptidão,
habilitação, sagacidade, perícia, engenho, engenhosidade.
• Esquema executado para atingir um objetivo: esquema, enredo, armação,
truque, manha, treta, fraude, tramoia, artimanha, manobra, armadilha,
artifício, embuste, ardil, subterfúgio.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “51a”, “2/S”, P.A “neutro”, M “do troco para a frente
fechando as mãos”), se refere a:
• Ensino e Instrução: ensino, instrução, estudo, conhecimento, ensinamento,
saber, sabedoria, erudição, cultura, preparo, perícia, ilustração, ciência;
formatura, formar.
241
FIGURA 45 – “FUTURO” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “54/F”, P.A “neutro”, M “do troco para a frente”), se
refere a:
• Que está por vir: amanhã, horizonte, porvindouro, porvir, póstero, venturo,
vindouro; dia distante, tempo distante, algum dia.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “53a”, P.A “neutro”, M “do troco para a frente”), se
refere a:
• Que está por vir: amanhã, porvir, póstero, venturo; um dia, daqui algum dia,
tempo próximo, daqui para a frente.
242
FIGURA 47 – “GLOSSSÁRIO” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “9/G”, “5/A” e “64”, P.A “neutro”, M “de cima para baixo,
abrindo a mão”), se refere a:
• Compilação de palavras: léxicos, elucidário, vocabulário, lista de palavras,
lista de termos, logógrafo, lexicografia.
FONTE: Os autores
243
FIGURA 49 – “HISTÓRIA” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
244
FIGURA 51 – VERBO “IDENTIFICAR” (VARIAÇÃO 2)
FONTE: Os autores
FIGURA 52 – “INTERLINGUAL”
FONTE: Os autores
245
FIGURA 53 – “INTERPRETAÇÃO” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “62”, P.A “neutro”), M “virar a mão deixando as palmas
para cima”), se refere a:
• Comprovar a identificação: comprovar, constatar, detectar, verificar,
descobrir, perceber, achar, observar; verbo: encontrar, topar, recuperar,
localizar, conseguir, alcançar.
FONTE: Os autores
246
FIGURA 55 – “INTERSEMIÓTICA/O” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, somado de sinais compostos, (CM “64” e “34”, P.A “neutro”,
M “circular no espaço neutro, com a palma para frente”), se refere a:
• Intersemiótica, estudo semiótico, semiose.
FONTE: Os autores
Este termo, somado de sinais compostos, (CM “62” e “8a”, P.A “neutro”,
O “palmas para fora”), se refere a:
• Normas para serem respeitadas e seguidas: lei, legislação, constituição,
código, regulamento, regimento, estatuto, legislatura, diretrizes, orientações,
determinações.
247
FIGURA 57 – “LAGTIME” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “14”, P.A “neutro” mãos distanciadas [sentido de atrás/
atrasado]), se refere a:
• Lag time: tempo de atraso, estar atrás, atrasado, atraso em relação à,
intervalo de tempo, tempo de latência.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “64”, P.A “neutro”, M “circular, as mãos uma frente à
outra”), se refere a:
• LS: Língua de sinais, idioma sinalizado, língua espaço-visual, língua gesto-
visual
248
FIGURA 59 – “LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “8a” e “25”, P.A “neutro”, M “para o lado [direito ou
esquerdo]”), se refere a:
• Mídia: difundido, publicitado, transmitido, mediático, divulgado.
249
FIGURA 61 – “MIDIÁTICO/A” (VARIAÇÃO 2)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “62”, “44” e “47”, P.A “neutro”, M “palma da mão para
fora”), se referea:
• Mídia: difundido, publicitado, transmitido, mediático, divulgado.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “31” e “14”, P.A “neutro”, M “de um lado a outro”), se
refere a:
• Tipo: modalidade, categoria, variedade, variante, modelo.
250
FIGURA 63 – “MODALIDADE” (VARIAÇÃO 2)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “31” e “61/62”, P.A “neutro”, M “de um lado a outro”), se
refere a:
• Tipo: modalidade, categoria, variedade, variante, modelo.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “14”, P.A “neutro”, M “levar a ponta do indicar até o
outro [acertar o alvo/objetivo]”), se refere a:
• Propósito se se pretende alcançar: fim, finalidade, objeto, alvo, meta, destino,
intenção, intuito, intento, tenção, escopo, fito, mira, desígnio, querer, sonho;
objetivo.
251
FIGURA 65 – VERBO “PRECIPITAR” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “64” e “1/A”, P.A “neutro”, M “elevar a mão “64” para
cima fechando em “1/A”), refere-se a:
• Verbos: precipitar, antecipar, adiantar, acelerar, despenhar, apressar,
azafamar; afobação, afoiteza, ânsia, avidez, irreflexão, aguça, urgência,
ligeireza, ligeiro, rápido, rapidez, veloz, velocidade.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “58”, P.A “nariz”, M “tocar o nariz, semicírculo para
fora”), refere-se a:
• Verbos: precipitar, afobação, afoiteza, irreflexão, abusar, desmandar,
exorbitar, exceder, extrapolar.
• Excesso: exagerar, descomedir, demasiar, excesso, overdose, ultrapassar,
insensato.
• Sem nexo: ilógico, absurdo, irracional, incoerente, incongruente,
tolo, confuso, idiota, disparatado, insensato, surreal, despropositado,
desarrazoado, infundado, incompreensível, ininteligível.
• Gíria: ir longe demais, sem noção.
252
FIGURA 67 – “PROFISSIONAL”
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “1” e “7”, P.A “neutro”, M “passar “7” em círculos no
dorso “1”), se refere a:
• Relativo à profissão: ocupação, trabalho; qualificado, habilitado, hábil,
competente, conhecedor, pró, idôneo; sério, aplicado, criterioso, especialista,
perito, experto, técnico, entendido.
FONTE: Os autores
253
Este termo, (CM “49”, P.A “neutro”, M “alternado, para cima – palmas
para frente – ou, para frente – palmas para baixo – conforme disposição
do receptor”), se refere a:
• Fabricar algo: fabricar, fazer, executar, elaborar, efetuar, realizar, montar,
manufaturar, produzir.
• Realizar um evento: realizar, montar, elaborar.
• Verbo produzir: produção, arranjar, arrumar, embelezar, enfeitar,
ornamentar.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “28”, “1/2”, “62/63”, P.A “neutro”, M “breve, do corpo
para fora [indicativo de ‘chegar’]), se refere a:
• Protagonista; que desempenha um papel ativo e de destaque: ator, atriz,
personagem, intérprete, agente, figura, líder, destaque, responsável, motor,
impulsionador, promotor, causador, motivador, fomentador.
FONTE: Os autores
254
Este termo, (CM “28”, “1/2”, “62/63”, P.A “neutro”, M “breve, do corpo
para fora [indicativo de ‘chegar’]), se refere a:
• Verbos: obter, ter, adquirir, conseguir, alcançar, receber, apanhar, tomar,
atender, recolher, coletar, arrecadar, embolsar, herdar, adir, acatar,
obedecer, submeter-se, captar, empossar, possuir, deter, reter.
• Considerar aceitável: aceitar, admitir, considerar, abraçar, reconhecer,
adotar.
• Acolher: hospedar, acolher, recepcionar, albergar, abrigar, agasalhar.
• Tomar posse: reaver, recuperar, resgatar, readquirir, posse, portar.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “64”, P.A “neutro”, M “breve, de fora para dentro
[indicativo de receber a sinalização/informação”]), se refere a:
• Verbos: obter, ter, adquirir, conseguir, alcançar, receber, recolher, coletar,
arrecadar, herdar, captar, deter, reter, aceitar, admitir, adotar; receber
informação, receber resposta, receber feedback.
255
FIGURA 72 – VERBO “RECONHECER” (VARIAÇÃO 1)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “32”, P.A “rosto”, M “breve, semicírculo de dentro para
fora, virando a palma para cima”), se refere a:
• Certificar com legítimo (verbos): certificar, autenticar, legitimar, legalizar,
assegurar, atestar, reconhecimento; recognição, condecoração, certificação.
Certificar como verdadeiro.
FONTE: Os autores
256
Este termo, (CM “25” ou “61/62”, P.A “ombro”, ENM “indicativo de
seriedade/sério”), se refere a:
• Sensatez e seriedade na forma de agir: sensatez, seriedade, juízo,
consciência, critério, tento, retidão.
• Dever, obrigação, incumbência, encargo, tarefa, compromisso, atribuição,
comprometimento, cargo, cuidado, parte, supervisão.
• Gíria: cabeça, responsa, de palavra, carregar o peso nos ombros, ossos do
ofício.
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “14/1”, P.A “neutro”), M “virar as mãos juntas para
baixo e para frente”), se refere a:
• Simultâneo: junto, simultaneidade, ao mesmo tempo, síncrono, paralelo,
concomitante, coincidente, conjunto, coexistente, tautócrono, isócrono.
257
FIGURA 75 – “SURDA/SURDO”
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “14/1”, P.A “ouvido > boca”, M “breve, do ouvido até o
canto da boca”), se refere a:
• Pessoa Surda: grafia em “S” maiúsculo, “a pessoa que luta pelos seus direitos
políticos, linguísticos e culturais, ou seja, que faz parte da Comunidade
Surda [...] engloba uma categoria de alteridade, que envolve a mulher/o
homem surda/o em suas diferentes peculiaridades: etária, de raça, de
classe, religiosa, de posição geográfica, etc”. (SILVA, 2019, p. 70 – nota) 22).
FONTE: Os autores
258
Este termo, (CM “62/B” e “2/S”, P.A “neutro”, M “breve, levantar [como
suspender algo]”), se refere a:
• Segurar ou amparar, impedir de cair: segurar, amparar, suportar, aguentar,
apoiar, escorar, firmar, estear.
• Prover: suprir, providenciar, atender, assegurar, assistir, ajudar, auxiliar,
socorrer, alimentar, nutrir, fortalecer, revigorar.
• Transportar nas mãos: levar, carregar, transportar, portar.
• Defender: abraçar, patrocinar, apadrinhar, adotar, advogar.
• Dar força: encorajar, animar, alentar, estimular, confortar.
FONTE: Os autores
259
FIGURA 78 – “TIPO” (VARIAÇÃO 2)
FONTE: Os autores
Este termo, (CM “61”, P.A “boca”, M “bater levemente e tirar da boca”
ENM “em contexto de pergunta, expressão de questionamento”), se
refere a:
• Espécie ou gênero: espécie, classe, categoria, qualidade, variedade, casta,
espécime.
• Modelo ou exemplo: modelo, exemplo, exemplar, molde, protótipo,
arquétipo; natureza.
• Time (qual o seu time de futebol?).
• Predileção: preferir, preferência, opção, predileção, favorito, simpatia,
propensão, queda, anteposição, inclinação.
FIGURA 79 – “TRADUÇÃO/TRADUTÓRIA”
FONTE: Os autores
260
Este termo, (CM “B” e “32/V”, P.A “neutro”, M “uma mão sobre a outra”),
se refere a:
• Passagem de uma língua para outra: versão, transposição, translação,
transladação, comento.
• Interpretação de algo: interpretação, compreensão, explicação,
esclarecimento, elucidação,
• explanação, exposição.
261
LEITURA
COMPLEMENTAR
CURSOS DE LIBRAS ON-LINE - QUALIDADE E O DESEMPENHO EM XEQUE:
DIVERGÊNCIAS NO ENSINO E (DES) RESPEITO À COMUNIDADE SURDA
1. INTRODUÇÃO
262
Ainda que o avanço tecnológico e estrutural de plataformas digitais de ensino
tenha alcançado um grande público, percebe-se que a qualidade desse ensino em muitas
Instituições tenha regredido em pleno Século XXI. Um dos exemplos a mencionar é a
Educação à Distância (EaD), e outra inquietação surge: qual a razão para uma instituição
promover um curso de baixa qualidade e valores superacessíveis? Arrecadação de
capital? Promoção da Instituição a partir do status da Libras, por esta ser interessante,
atrativa e ser uma fonte de aprendizagem que “está na moda”?
Há menção de que o curso é gratuito, mas no final cobra-se uma taxa para obter
o certificado. Um curso self-service – em que se escolhe a Carga Horária e no final se
obtém o certificado reconhecido pela instituição –, isto é uma garantia para o aprendiz
realmente conhecer, aprender e ter habilidade na Libras? Claro que no emaranhado de
cursos EaD e a grande evolução virtual, há àqueles sujeitos que apenas se interessam
exatamente pelo simples fato de ter um Certificado, e neste caso o de Libras, mas sem
conhecimento algum do idioma. Visto que muitas Instituições de Ensino têm recrutado
profissionais qualificados e certificados para o ofício, esses muitas vezes não provam
com a sua titulação – necessária para o ingresso – que realmente são habilitados e
possuem as habilidades e competências necessárias para exercer uma função, que terá
como principal atividade, a intermediação de dois idiomas: o da Língua de Sinais e o da
Língua Oral, no nosso caso o português.
4 Estas certificações básicas são aceitáveis quando um profissional não possui a titulação exigida pela
instituição contratante, estando assim em harmonia com a legislação vigente, conforme o Capítulo V de Brasil
(2005).
5 A grafia em “S” maiúsculo refere-se ao sujeito surdo, a pessoa que luta pelos seus direitos políticos,
linguísticos e culturais, ou seja, que faz parte da Comunidade Surda (FELIPE, 2007, p.33).
263
Mas, nem todos que fazem cursos básicos se infiltram na Comunidade Surda6 para
aprender. Por qual razão? Devido à limitação de entendimento do idioma, muitos têm
o receio de encontrar com um sujeito Surdo ou até mesmo não conhece nenhum para
que tenha diálogo. O que ocorre também é que aqueles que desejam aprender Libras
aprendem de modo descontextualizado, não levando a sério o que realmente é a língua
de sinais, não a reconhecendo como um idioma de gramática e estrutura complexas
(BRITO, 2001).
6 Ou mundo surdo. “Surdos e ouvintes unidos por uma série de afinidades e vínculos simbólicos […] concentrados
em um mesmo local ou dispersos territorialmente [...] em que as línguas de sinais, a experiência visual e
os artefatos culturais surdos são partilhados entre sujeitos Surdos (e ouvintes) que congregam interesses
comuns e projetos coletivos” (EIJI, Cultura Surda); “geralmente em Associações de surdos, Federações, igrejas
e outros” (STROBEL, 2008, p. 29-31).
264
Um exemplo a mencionar é a indisponibilidade de informações básicas e
necessárias. Os cursos são citados como totalmente gratuitos, mas, ao finalizá-lo surge
a opção para emissão do certificado, desde que o aluno pague uma taxa por isso. Até
mesmo ao aluno, se desejar um selo adicional, deixando o certificado mais apresentável
e bonito, há um valor específico para isto.
265
Sendo assim, qual seria a razão de um curso Avançado de Libras abarcar em
seu conteúdo programático os seguintes itens: “A criança com surdez e a descoberta da
escrita – relações entre língua materna e língua estrangeira”; “Hino Nacional Brasileiro”;
“Metodologias inclusivas para ensino de Língua Brasileira de Sinais – Libras”; “LIBRAS
em: Função Comunicativa e Função Pedagógica”; “O alfabeto em Libras”; “Expressões
facial e corporal”; “A linguagem com crianças”, entre outros?
7 - “Torna-se incoerente um treinamento de ‘expressões faciais’ visto que cada pessoa possui uma forma
de se expressar. As expressões faciais e corporais são naturais, únicas e, cada pessoa ao lançar mão
disso terá uma reação diferente. [...] Assim, a expressão, além de voluntária, pode ser involuntária, natural
e espontânea, de mímica facial. Certos movimentos expressivos da face como no sorrir, chorar, gritar são
inatos, não são aprendidos [...] algumas expressões faciais […] são difíceis de ser interpretadas. As vias
nervosas motoras que controlam a expressão facial [...] apresentam ‘caminhos’ voluntários e involuntários.
Quando sorrimos de forma forçada, por exemplo, utilizamos uma via que não é a mesma que quando rimos
espontaneamente” (MADEIRA & RIZZOLO, 2015) grifo nosso.
266
Concursos públicos (mediante verificação do edital); Provas de títulos (mediante
verificação do edital); e Seleções de mestrado e doutorado.
2. METODOLOGIA
A pesquisa teve seu viés no formato qualitativo de caráter analítico, tendo como
a priori inquietações e (in)formações empíricas.
267
Gráfico 1: Informações dos Sites. Elaborado pelos autores com base nos dados das 20
Plataformas analisadas
20 20
20
18
15
9
10
6
5
2
0
Conteúdo padrão Incoerência de oferta: Opção de Carga Opção de Certificado Totalmente Gratuito Pago
(sinais sem contexto) Tema do curso X Horária
Conteúdo
Gráfico 2: Elaborado pelos autores com base nos dados das 20 Plataformas analisadas
Gráfico 3: Elaborado pelos autores com base nos dados das 20 Plataformas analisadas
268
3. CONCLUSÕES
Mediante toda a análise das plataformas, temos uma avaliação panorâmica dos
cursos: difusão do ensino da Libras sem a sensibilidade e qualidade que lhe é devida;
o lucro do capital e o desfrute do status da Libras diante da demanda crescente; a
emissão de certificados àqueles que desejam acrescer seus rendimentos; e a garantia
de concorrência de títulos e horas por meio de cursos realizados.
270
A pesquisa deu-nos um feedback sobre a visão da sociedade, do quanto a Libras
ainda não é levada a sério enquanto idioma e sim como algo a fazer sem compromisso
ético e indiferente. Isto porque é legal, está na moda, tem certificado e conta pontos na
escola ou outra Instituição que exige o “papel”. Deu-nos uma visão da realidade social
– que ainda não reconhecem a Libras como segunda Língua – frente à Comunidade
Surda, pois a tratam com desdém. É isso que os Cursos ofertados nos revelam quando
lemos os conteúdos e cronogramas.
FONTE: SILVA, R. A.; SOUZA, P. F. Cursos de Libras On-Line - Qualidade e o Desempenho em Xeque: diver-
gências no ensino e (des)respeito à Comunidade Surda. In: COSTA, J. M.; SILVA, L. S. Anais do II Simpósio de
Pesquisa em Educação - SiPEd: educação básica: desafios e possibilidades na contemporaneidade. Lavras:
UFLA, 2018. 851p. Disponível em: https://bit.ly/3cPYgpd. Acesso em: 20 mai. 2021.
271
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Ainda que a Língua de Sinais no Brasil já exista há bastante tempo, seu status como
idioma parece ter sido mais relevante nos últimos anos, e principalmente no recente
período da pandemia causada pela COVID-19. Por conta disso, muitos se atraíram
pela sua “beleza” nos eventos que foram realizados virtualmente nas plataformas
digitais de streaming.
• A Libras é dinâmica e, por ser um idioma, a sua lexicografia não se fixa apenas em
um contexto, visto que há variações linguísticas, as quais devemos tomar cuidado
para não usar o mesmo léxico, ou o mesmo sinal, para contextos distintos.
• Não basta estar munido de muitos sinais, ou dos léxicos da LS, pois isso não indica
que a pessoa sabe traduzir e/ou interpretar, por exemplo, um enunciado ou uma
palestra. Mesmo que haja vários dicionários disponíveis nesse idioma, e que sejam
bons instrumentos para consulta.
• Além dos dicionários tradicionais, hoje existem aplicativos que rompem as barreiras
de comunicação entre surdos e nãos-surdos, além de promover a autonomia das
pessoas surdas e lhes dão qualidade de vida assim como uma melhor inclusão na
sociedade. Porém, esses instrumentos não realizam traduções, somente subsidiam
vocabulários e muito das vezes frases curtas como cumprimentos, por exemplo.
• Não se deve lançar mão apenas desses instrumentos sem ter o contato efetivo
com a Comunidade Surda. Para manter-se fluente e proficiente na Língua de Sinais,
é importante que outras habilidades e competências tradutórias façam parte da
experiência do profissional.
272
AUTOATIVIDADE
1 Como vimos neste tópico, muitos desejam ser tornar um TILSP/GI devido ao status
que a Libras, bem como os profissionais intérpretes tiveram nos últimos anos. Mas
existe um perigo que muitos desconsideram ao levar em conta que a Libras é um
idioma. Sobre essa exposição, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) não levam em conta que há outras sinais a serem aprendidos de modo cognitivo por
exemplo, que demandam um conhecimento menos apurado desse profissional,
desse autor que “precisa desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de
cunho teórico e prático, tanto para entrar e permanecer no mercado de trabalho
como para fazer que sua prática específica seja positivamente afetada por seu
conhecimento.
b) ( ) não levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que
demandam um conhecimento extenso e apurado desse profissional, desse
autor que “precisa desenvolver uma sequência de habilidades, de cunho
teórico e prático, tanto para ingressar e permanecer no mercado de trabalho
como para fazer que sua prática específica seja positivamente afetada por seu
conhecimento.
c) ( ) não levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que
demandam um conhecimento mais apurado desse profissional, desse autor que
“precisa desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de cunho teórico e
prático, tanto para entrar e permanecer no mercado de trabalho como para fazer
que sua prática específica seja positivamente afetada por seu conhecimento.
d) ( ) não levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que
demandam um conhecimento mais apurado desse profissional, desse autor que
“precisa desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de cunho teórico,
religioso e prático, tanto para entrar e permanecer no mercado de trabalho como
para fazer que sua prática oratória específica seja positivamente afetada por seu
conhecimento.
2 Considerando que a Língua de Sinais é viva e a todo momento surgem novos léxicos
e que nem sempre estarão registrados nos dicionários, pode ser que os encontremos
nos aplicativos ou no Corpus da Libras, é importante manter o contato com a
comunidade surda para se atualizar. Analise as sentenças a seguir:
I- A Libras é dinâmica e, por ser um idioma, a sua lexicografia não se fixa apenas em
um contexto, há variações linguísticas, as quais devemos tomar cuidado para não
usar o mesmo léxico, ou o mesmo sinal, para contextos distintos.
II- Os aplicativos disponíveis não traduzem textos, pois geram apenas palavras, sinais
descontextualizados que podem levar o aprendiz a equívocos linguísticos graves e
uma distorção do idioma que deseja mediar.
273
III- Para ser um bom TILSP/GI, além de levar em conta as exigências cognitivas,
capacidades e habilidades no processo tradutório e mais importante estar munido
de muitos léxicos, ou seja, muitos sinais aprendidos nos diversos dicionários da
Libras com o contexto adequado.
3 Sofiato e Reily (2014) disseram que os verbetes podem servir como suporte de
memória, principalmente quando o professor fluente em Libras, seja ele surdo
ou ouvinte, apresenta sinais novos em contexto de conversação. Sendo assim,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
274
5 Vimos que o profissional TILSP/GI deve estar habilitado e possuir competências tradutórias
e técnicas para atuar, e não somente estar munido de muitos sinais aprendidos em
dicionários e /ou aplicativos. Assim, para evitar um ingresso precipitado e mais tarde sofrer
uma punição pela falta de proficiência, este deve ponderar com muita responsabilidade
se está ou não habilitado para isso. Disserte como deve ser este ponderamento pelo
profissional.
275
REFERÊNCIAS
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ticos. Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2005.
ALBIR, A. H. Competence. In: GAMBIER, Y.; VAN DOORSLAER, Luc (Ed.). Han-
dbook of Translation Studies. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins Pu-
blishing Company, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3c6pKGR. Acesso em: 18
maio. 2021.
276
BRASIL. Decreto nº 10.185, de 20 de dezembro de 2019. Extingue cargos
efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de pessoal da administração
pública federal e veda a abertura de concurso público e o provimento de va-
gas adicionais para os cargos que especifica. Brasília, DF, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3wjWNhN. Acesso em: 21 jun. 2021.
277
BRASIL. Lei nº 13.935, de 11 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a prestação
de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação
básica. Brasília, DF, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3jQHOt5. Acesso em: 16
jun. 2021.
278
BRASIL. Projeto de Lei nº 9.382, de 2017a. Dispõe sobre o exercício profissio-
nal e condições de trabalho do profissional tradutor, guia-intérprete e intérprete
de Libras, revogando a Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Disponível em:
https://bit.ly/3ba5NfJ. Acesso em: 15 jun. 2021.
BRASIL. Projeto de Lei nº 2.573, de 2019a. Altera as Leis nº 12.764, de 27 de
dezembro de 2012, e 9.265, de 12 de fevereiro de 1996, para instituir a Carteira
de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA), e dá
outras providências. Brasília, DF, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2TFaRVS.
Acesso em: 14 jun. 2021.
BRASIL. Projeto de Lei 2.260, de 2019b. Institui o Dia Nacional da Pessoa Sur-
docega, e dá outras providências. Brasília, DF, 2019. Disponível em: https://bit.
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279
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra?: inquietações propositivas sobre gestão,
liderança e ética. Editora Vozes Limitada, 2017.
CORTINA, A. O fazer ético: guia para a educação moral. Moderna, 2003.
280
MATO GROSSO DO SUL. Lei nº 5.442, de 26 de novembro de 2019. Dispõe
sobre a obrigatoriedade das provas de redação e questões dissertativas em con-
cursos públicos, vestibulares e processos seletivos de qualquer natureza, realiza-
dos por pessoa surda serem corrigidas por profissionais formados em LIBRAS e
que a considere como primeira língua. Campo Grande, MS, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/2UtAGIw. Acesso em: 15 jun. 2021.
281
PARANÁ. Lei nº 19.965, de 2019a. Altera a ementa e o art. 1º da Lei nº 18.537,
de 21 de agosto de 2015, para também isentar do pagamento de pedágio as
pessoas com Transtorno do Espectro Autista, e ainda, as pessoas com deficiên-
cia de acordo com o art. 2º da Lei Federal de nº 13.146, de 6 de julho de 2015,
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públicas e privadas de ensino, e dá outras providências. SANTOS, SP. Disponível
em: https://bit.ly/36mss7G. Acesso em: 13 jun. 2021.
SÃO PAULO. Projeto de Lei 591, de 2019b. Torna obrigatório o ensino da Lín-
gua Brasileira de Sinais - Libras na formação inicial e continuada do Magistério.
São Paulo, SP. Disponível em: https://bit.ly/3jQHH0D. Acesso em: 13 jun. 2021.
SOBRAL, A. Dizer o ‘mesmo’ a Outros: ensaios sobre tradução. São Paulo: Spe-
cial Book Services Livraria, 2008.
SOFIATO, C. G.; REILY, L. H. Dicionarização da língua brasileira de sinais: estudo
comparativo iconográfico e lexical. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 40, n. 1, 2014.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022014000100008. Acesso em:
9 jun. 2021.
283
SOUR, R. H. Casos de ética empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
284
ANEXO I – As Políticas Públicas em 30(1) anos
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Obrigatoriedade de reprodução de obras já divulgadas em
1998 Lei 9.610
braile.
Veiculação de legendas ou de signos gestuais nos telejornais
1998 PL 4.527 transmitidos pelas emissoras de televisão, destinados a.
atender os portadores de deficiência auditiva.
Modifica a Lei nº 9.504/97, obrigando a inserção de legendas
1998 PL 4.679 em português, destinadas aos portadores de deficiência
auditiva, na propaganda eleitoral.
1998 PL 4.857 Dispõe sobre a Língua brasileira de sinais (Libras).
1999 PL 657 Dispõe sobre atendimento na língua brasileira de sinais.
Obriga as emissoras de televisão a aplicar legenda ou outro
procedimento para auxílio a portadores de deficiência
1999 PL 709
auditiva, aos programas culturais, educativos, noticiosos e de
divulgação política.
Decreto
1999 Criação do Conselho Nacional dos Direitos da PcD – Conade.
3.076
Decreto Regulamenta a Lei nº 7.853/89 - integração social e consolida
1999
3.298 as normas de proteção das PcD.
Criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, visando
1999 Lei 9.867
à integração social dos cidadãos.
Portaria Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas
1999
1.679 portadoras de deficiências, [...] reconhecimento de cursos...
Obriga as emissoras de televisão a aplicar legenda ou outro
procedimento para auxílio a portadores de deficiência
1999 PL 709
auditiva, aos programas culturais, educativos, noticiosos e de
divulgação política.
1999 Lei 11.405 Oficialização da Libras no Rio Grande do Sul.
Decreto
2000 Regulamenta a Lei nº 8.899, gratuidade de Transporte às PcD.
3.691
2000 Lei 10.048 Prioridade de Atendimento às PcD.
2000 Lei 10.098 Acessibilidade às PcD.
Obrigatoriedade de exposição pelas emissoras de televisão,
2000 PL 2.527 de legendas em sua programação para leitura dos portadores
de deficiência auditiva.
Obrigatoriedade de as emissoras de televisão veicularem seus
2000 PL 2.633
programas em linguagem adequada aos deficientes auditivos.
Inclusão de legenda oculta, destinada a auxiliar os portadores
2000 PL 3.294
de deficiência auditiva nos programas que especifica.
Inclusão de legenda codificada na programação das
2000 PL 3.621
emissoras de televisão.
286
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Adequação dos programas de televisão aos deficientes
2000 PL 3.856
auditivos.
Inclusão de legenda oculta na programação das emissoras
2000 PL 3.979 de televisão, fixa cota mínima de aparelhos de televisão com
circuito de decodificação de legenda oculta.
Obriga a TV Senado a interpretar da língua portuguesa para a
2000 PRS 72
Libras toda a sua programação.
Acrescenta parágrafo ao Art. 30 da Lei 8.007/00 que
2000 Lei 8.122 determina que a Libras seja reconhecida como língua oficial
no município de Belo Horizonte.
2001 Lei 10.172 Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE).
Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação
Decreto
2001 de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
3.956
Portadoras de Deficiência.
Proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
2001 Lei 10.216
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
2001 Lei 10.958 Torna oficial a Libras no Estado de São Paulo.
Reconhecimento da Língua brasileira de sinais – Libras em
2002 Lei 10.436
âmbito nacional.
Atendimento à pessoa portadora de necessidades especiais
2002 Lei 14.367 em processo seletivo para ingresso em instituições de ensino
superior em Minas Gerais.
Obrigatoriedade de mensagem aos portadores de deficiência
2002 PL 6.552
auditiva na propaganda oficial.
Legendamento dos programas noticiosos e das
retransmissões de sessões do Congresso Nacional nas
2002 PL 6.593
emissoras de televisão e nos canais dos serviços de televisão
por assinatura.
Institui o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes
2003 Lei 10.708
acometidos de transtornos mentais egressos de internações.
Obriga a adoção de recursos que possibilitem aos deficientes
2003 Lei 3.979 auditivos a compreensão dos programas veiculados pelas
emissoras de televisão.
Requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de
Portaria deficiências, para instruir os processos de autorização e
2003
3.284 de reconhecimento de cursos, e de credenciamento de
instituições.
Inclusão da língua de sinais na publicidade institucional de
2003 PL 1.053
qualquer nível de Governo.
Obrigatoriedade de inserção de tradução em linguagem de
2003 PL 1.828
sinais dos programas que especifica.
287
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
2003 Lei 4.156 Oficialidade da Libras no município de Santa Cruz do Sul/RS.
Utilização de recursos visuais, destinados as pessoas com
2004 Lei 4.304
deficiência auditiva, na veiculação de propaganda oficial.
Ingresso de Pessoas com Deficiência Auditiva nas
2004 Lei 4.309
Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro.
Decreto Regulamenta as Leis nº 10.048 e 10.098 que dá prioridade e
2004
5.296 acessibilidade às PcD.
Altera a Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede
2004 PL 180
de Ensino a obrigatoriedade da oferta da Libras em todas as
etapas e modalidades da educação básica.
Institui o Programa de Complementação ao Atendimento
2004 Lei 10.845 Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de
Deficiência, e dá outras providências.
Decreto Regulamenta a Lei nº 10.436/02, que dispõe sobre a Libras, e o
2005
5.626 art. 18 da Lei nº 10.098/00.
Direito do deficiente visual de ingressar e permanecer em
2005 Lei 11.126
ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia.
Inclusão de legenda codificada na programação das emissoras
2005 PL 5.088
de televisão.
Aprova a Norma Complementar nº 01/2006 - Recursos de
acessibilidade às PcD na programação veiculada nos serviços
2006 PL 310
de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de
televisão.
Decreto Regulamenta o BPC da assistência social devido às PcD e ao
2007
6.214 idoso de que trata a Lei nº 8.742/93 e a Lei nº 10.741/03...
Artigo 8º - § 5º Aplica-se o regime desta Lei aos formadores
voluntários dos alfabetizadores, nos termos do § 4º deste
2007 Lei 11.507
artigo, e aos tradutores e intérpretes voluntários que auxiliem
na alfabetização de alunos surdos (NR).
2007 Lei 11.520 Pensão Especial aos portadores de hanseníase.
Portaria Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
2007
555 Educação Inclusiva.
Altera a Lei nº 9.394/96 para dispor sobre a obrigatoriedade
2007 PL 14 do ensino da Libras na educação infantil e no ensino
fundamental.
Obrigatoriedade das emissoras de televisão veicularem
2007 PL 683
programas adequados aos deficientes auditivos...
2007 Lei 1.417 Oficialização da Libras no Município de Cotia/SP.
Decreto
Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
2008 Legislativo
com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo.
186
Fonte: Silva (2019).
288
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Criação ou reestruturação de núcleos de viabilizam o acesso
2008 Edital 04 das PcD a todos os espaços, ambientes, ações e processos
desenvolvidos na instituição de ensino.
2008 Lei 11.796 Institui o Dia Nacional do Surdo.
2008 PL 3.395 Dispõe sobre a veiculação de legendas ocultas em telejornais.
Inserção, em todos os programas das emissoras de
radiodifusão de sons e imagens, de um quadro (janela) com
2008 PL 3.868
profissional TILS em tradução simultânea das falas para a
Libras.
Obrigatoriedade de inserção de TILS nos programas de serviço
2008 PL 3.906
noticioso.
Implantar o diagnóstico de audição em crianças recém-
Resolução
2008 nascidas de Alto Risco nas maternidades e hospitais de
SS 25
referência para Alto-risco no Estado de São Paulo.
Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento
Resolução
2009 Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade
CNE/CEB 4
Educação Especial.
Decreto Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das
2009
6.949 PcD.
Consolida a legislação relativa à pessoa com deficiência no
2009 Lei 13.320
Estado do Rio Grande do Sul.
Reconhece a profissão de Intérprete da Língua Brasileira de
2009 Lei 3.738
Sinais – Libras no município de Guarujá/SP.
Decreto
2010 Institui o Inventário Nacional da Diversidade Linguística.
7.387
Concede indenização por dano moral às pessoas com
2010 Lei 12.190 deficiência física decorrente do uso da talidomida, altera a Lei
no 7.070/82.
Decreto
2010 Regulamenta a Lei nº 12.190.
7.235
Reconhecimento do Profissional Tradutor-Intérprete de Libras
2010 Lei 12.319
em âmbito nacional.
Portaria Dispõe sobre o Programa Nacional para Certificação de
2010 Normativa Proficiência em Tradução e Interpretação e no Uso e Ensino da
20 Libras/Língua Portuguesa - Prolibras.
2010 PL 7.081 Direitos de alunos com TDAH/Dislexia.
Decreto Institui Grupo de Trabalho com a finalidade de estudar a
2011 Estadual acessibilidade das pessoas surdas aos órgãos públicos do
48.291 Estado do Rio Grande do Sul.
Decreto
Institui o Programa de Acessibilidade de Comunicação nas
2011 Estadual
compras e edições de publicações, e dá outras providências.
48.292
Dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso
2011 Lei 12.485
condicionado.
Fonte: Silva (2019).
289
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Acrescenta os §§ 1º e 2º ao art. 19 da Lei nº 10.098/00, para
estabelecer [...] veiculação de programas [...] legenda oculta, lingua de
2011 PL 2.462
sinais ou outra medida técnica que permita a fruição de seu conteúdo
por pessoas com surdez.
2011 Decreto 7.611 Educação Especial e Atendimento Educacional Especializado.
Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -
2011 Decreto 7.612
Plano Viver sem Limite.
Nota Técnica
2011 Publicação em formato digital acessível – Mecdaisy.
05
Altera a Lei 8.742 dos Benefícios de Prestação e Assistência Social às
2011 Lei 12.470
PcD.
Acrescenta art. 26-B à Lei nº 9.394/96 (LDB), para estabelecer
2011 PL 2.040-b condições de oferta de ensino da Libras em todas as etapas e
modalidades da educação básica.
Criação das Escolas da Rede Pública de Educação Bilíngue para
2011 PL 1.159
Surdos (EEBS) no âmbito do estado do Rio de Janeiro.
Decreto
Institui o Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência –
2012 Estadual
Plano RS sem limite e dá outras providências.
48.964
Institui política pública municipal e diretrizes para a Educação Bilíngue
2012 PL 88
para surdos no Município de São Paulo/SP.
2012 Lei 12.764 Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA.
Medida
2012 Provisória Apoio à Atenção da Saúde das PcD (PRONAS/PCD).
563
Altera a Lei nº 10.098, determinando que os filmes distribuídos no País
2012 PL 4.248
disponham dos recursos de audiodescrição e legenda.
Modifica o art. 44, §1º da Lei nº 9.504/97, para tornar obrigatório, em
2012 PL 4.537 programas eleitorais, debates e quaisquer outras informações... o uso
simultâneo da Libras e da legenda.
Autoriza o Poder Executivo a criar a Escola de Educação Bilíngue para
2012 PL 0159
Surdos no âmbito do Estado do Amapá.
Estabelece diretrizes e parâmetros para o desenvolvimento de
2013 Lei 5.016 políticas públicas educacionais voltadas à educação bilíngue, a serem
implantadas e implementadas no âmbito do D.F.
Obrigatoriedade de realização de sessões próprias para a exibição de
2013 PL 6.211
filmes com conteúdo acessível nas salas de cinema.
Institui Grupo de Trabalho para o PNE Bilíngue – Libras/Português
2013 Portaria 91
formação inicial e continuada de professores.
Institui Grupo de Trabalho com o objetivo de elaborar subsídios para
Portaria a PNE Bilíngue – Libras/Português, com orientações para formação
2013
1.060 inicial e continuada de professores para o ensino da Libras e da
Língua Portuguesa como segunda língua.
290
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
2013 PL 28 Implantação de escola de educação bilíngue no Recife/PE.
Institui o Dia Estadual do Tradutor-Intérprete de Língua Brasileira de
2013 PL 0473.8
Sinais (LIBRAS) no Estado de Santa Catarina.
2014 Lei 13.005 Plano Nacional de Educação – PNE.
Institui o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e
2014 Lei 13.055
dispõe sobre sua comemoração.
Aprova diretrizes gerais, amplia e incorpora procedimentos para
2014 Portaria 2.776 a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no
Sistema Único de Saúde (SUS).
Relatório do Grupo de Trabalho contendo subsídios para a Política
2014 Portaria 91
Linguística de Educação Bilíngue – Libras e LP.
Altera a Lei dos Partidos Políticos e estabelece o uso simultâneo da
2014 PL 7.950
Libras e de legendas nas propagandas.
Altera o art. 44, § 1° e inclui parágrafo § 6°no art. 46 da Lei n°
9.504/97, que estabelece normas para que os debates transmitidos
2014 PL 7.934
na televisão utilizem, obrigatoriamente, Libras e o recurso de
legenda.
Decreto Institui as salas regulares bilíngues para surdos na Rede Municipal
2015
28.587 de Ensino do Recife/PE.
2015 Lei 13.146 Lei Brasileira de Inclusão – LBI.
Dispõe sobre Diretrizes e Parâmetros para o desenvolvimento de
Políticas Públicas Educacionais voltadas à Educação Bilíngue Libras/
2015 Lei 9.681
Português a serem implantadas e implementadas no município de
Goiânia/GO.
Inclusão de conhecimentos básicos sobre Braile e Libras nos
2015 PL 3.641
componentes curriculares obrigatórios da educação básica.
Inclui o Art. 26-B à Lei nº 9.394/96, estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de
2015 PL 185
Ensino a obrigatoriedade da oferta da Libras, em todas as etapas e
modalidades da educação básica.
Determina a obrigatoriedade da utilização de recursos de
2015 PL 1.140 comunicação direcionados a deficientes auditivos nas transmissões
realizadas pelas operadoras que especifica.
Acrescenta o artigo 19-A à Lei nº 10.098/00, obriga empresas ligadas
à televisão e ao cinema, e outros meios de comunicação visual, a
2015 PL 1.734
colocar legendas em todos os filmes, novelas e similares exibidos,
principalmente aqueles que forem dublados.
Acresce parágrafos ao art. 19 da Lei nº 10.098/00, obriga televisões
e cinemas, além de outros meios de comunicação visual, a inserirem
2015 PL 1.738
legendas em todos os filmes exibidos, inclusive os que forem
dublados.
291
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Obriga as empresas ligadas à televisão e ao cinema, e outros meios
de comunicação visual, a exibir legendas em todos os filmes, novelas
2015 PL 2.032
e demais programas gravados com antecedência que forem exibidos,
especialmente aqueles que forem dublados.
Altera a Lei nº 4.117/62, e a Lei nº 12.485/11, no sentido de estabelecer
a obrigatoriedade de uso de recurso de audiodescrição e exibição de
2015 PL 2.101
legenda na televisão aberta, nos serviços de televisão por assinatura,
além de prever o uso de legendas nas salas de exibição de cinema.
Altera a Lei nº 10.098/00, determinando a adoção de legendas em todos
2015 PL 2.206
os meios de comunicação eletrônica.
Altera a redação do art. 19 da Lei nº 10.098/00, obriga as empresas
ligadas à televisão e ao cinema, e outros meios de comunicação visual,
2015 PL 2.406
inserir legenda em todos os filmes, novelas e programas, mormente
aqueles que forem dublados.
Altera a Lei nº 13.146/15 dispõe a obrigatoriedade de inserção de
2015 PL 2.893
legenda descritiva nas produções audiovisuais nacionais.
Altera a Lei nº 10.098/00, para instituir a obrigatoriedade de inserção
de legendas em português em conteúdos audiovisuais veiculados pela
2015 PL 2.418
televisão aberta e pelos canais de TV por assinatura ou exibidos em
salas de cinema.
Modifica o art. 19 da Lei nº 10.098/00, obrigando as empresas ligadas à
2015 PL 2.984 televisão e ao cinema, e outros meios de comunicação visual, colocar
legenda em toda a sua programação.
Altera a Lei nº 10.098/00, obrigatoriedade de inserção de legenda em
2015 PL 4.059 conteúdos audiovisuais veiculados pelos meios de comunicação social
ou exibidos em salas de cinema.
Obrigatoriedade de inserção de áudio-descrição em programas de
2015 PL 3.576
televisão por assinatura.
PL 01- Obrigatoriedade da presença de TILS em todos os eventos públicos
2015
000387 oficiais do Município de São Paulo/SP.
Resolução Dispõe sobre o acesso da Libras ao candidato e condutor com
2015 Contran deficiência auditiva quando da realização de cursos e exames nos
558 processos referentes à CNH.
Institui o ensino da Libras na rede municipal de educação de Caxias do
2015 PL 84 Sul/RS para pessoas surdas e ouvintes, e garante o acesso dos pais de
alunos nas instituições de ensino.
Altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112/90, estende o direito a horário
2016 Lei 13.370 especial ao servidor público federal que tenha cônjuge, filho ou
dependente com deficiência de qualquer natureza.
Cria e regulamenta as profissões de Cuidador de [...] PcD e de Pessoa
2016 PL 11
com Doença Rara.
292
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Altera a Lei nº 10.098/00, obriga a inserção de legendas ocultas em
transmissões televisivas e de legendas em todos os filmes exibidos
2016 PL 6.071
nos cinemas brasileiros garantindo o direito de acesso à informação às
pessoas portadoras de deficiência auditiva.
293
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Decreto Altera o Decreto nº 5.626/05, que regulamenta a Lei nº 10.436/02, que
2018
9.656 dispõe sobre a Libras.
Decreto Tecnologias Assistivas e Adaptações para a Realização de Provas em
2018
9.508 Concursos Públicos e em Processos Seletivos.
Assegura a exibição, em salas de cinema, de janela com intérprete de
2018 Lei 2.368 Libras em todos os filmes nacionais e estrangeiros no município de
Manaus.
Institui a criação das Escolas da Rede Municipal de Educação Bilíngue
2018 PL 180
para Surdos no âmbito do município de Mossoró/RN.
Assegurar a exibição em salas de cinema, de janela com Intérprete de
2018 PL 88 Libras em todos os filmes nacionais e estrangeiros na cidade de Gurupi/
TO.
Assegura às pessoas surdas o direito de serem atendidas por meio da
2018 PL 538
Libras, nas repartições públicas municipais de Belo Horizonte/MG.
Dispõe sobre o uso da Libras no âmbito da Justiça do Trabalho de
Resolução
2018 primeiro e segundo graus para atendimento de pessoas surdas ou com
CSJT 218
deficiência auditiva.
Estabelece a presença de servidor ou profissional contratado habilitado
2018 PL 211 na Libras nos atendimentos de emergência e ambulatorial na área da
saúde em Porto Alegre/RS.
Torna obrigatório o ensino de Libras nas escolas públicas,
2018 PL 109 especialmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)
no município de Cerejeiras/RO.
Torna obrigatória a presença de TILS em todas as repartições públicas
2018 PL 22
do Município de Gravataí/RS.
Decreto Criação da Diretoria de Políticas Públicas de Educação Bilíngue para
2019
9.465 Surdos.
Veda qualquer discriminação à criança e ao adolescente PcD ou doença
2019 Lei 16.925 crônica nos estabelecimentos de ensino, creches ou similares, em
instituições públicas ou privadas.
Obrigatoriedade de ensino de Libras desde a Educação Infantil ao
2019 Lei 3.027
Ensino Fundamental na Rede de Ensino de Cabo Frio/RJ.
Portaria Criação da Escola Pública Integral Bilíngue Libras e Português Escrito
2019
120 do Plano Piloto no Distrito Federal.
Estabelece que a Libras seja disciplina obrigatória, da Educação Infantil
2019 PL 2019
até o Ensino Médio no município de Goiânia/GO.
Dispõe sobre o acompanhamento de TILS durante o pré-natal e parto
2019 PL 0131
de gestantes com deficiência auditiva em Goiânia/GO.
294
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Oferta de cursos de capacitação aos funcionários e colaboradores
2019 PL 02 de entidades e estabelecimentos no atendimento às pessoas surdas
no município de Ourinhos/SP.
Regulamenta a profissão de TILS e dispõe sobre o exercício
2019 PL 3.814 profissional e condições de trabalho do profissional tradutor, guia-
intérprete e intérprete de Libras em Porto Velho-RO.
Cria escolas bilíngues da rede pública estadual de educação de
2019 PL 682
Minas Gerais.
Altera o art. 36 da Lei nº 9.394, que estabelece as diretrizes e bases
2019 PL 10.964 da educação nacional, para incluir Libras como disciplina obrigatória
nos currículos dos ensinos fundamental e médio.
Acrescenta o art. 26-B à Lei nº 9.394/96, para incluir no currículo
2019 PL 562 em estabelecimentos públicos e privados de ensino do ensino
fundamental e médio o conhecimento básico da Libras.
Estabelece a inclusão das pessoas com deficiência auditiva entre os
2019 PL 1.243 beneficiários da isenção do Imposto (IPI) incidente na aquisição de
automóveis pela Lei nº 8.989/95.
Cria escolas bilíngues em Libras e Português na rede pública
2019 PL 919
estadual de educação de Minas Gerais.
2019 PL 125 Criação de escolas bilíngues pra surdos no Mato Grosso do Sul.
Assegura às pessoas surdas o direito de serem atendidas, nas
2019 PL 4.367
repartições públicas, por meio da Libras no município de Itajubá/MG.
Assegura a exibição, em salas de cinema, de janela com Intérprete
2019 PL 4.394 de Libras em todos os filmes nacionais e estrangeiros, no município
de Itajubá/MG.
Altera a Lei nº 10.098/00, determinando a adoção de legendas em
2019 PL 445
todos os meios de comunicação eletrônica.
Obrigatoriedade de bares e restaurantes oferecerem cardápio em
2019 PL 136 braile ou em áudio para garantir a acessibilidade de pessoas com
deficiência visual.
Institui a Campanha Setembro Verde à visibilidade à inclusão social
2019 Lei 3.057
da PcD em Cabo Frio/RJ.
Dispõe sobre a presença de TILS nas exibições de eventos públicos
2019 Lei 11.097
e culturais e sociais no Estado do Maranhão.
Acrescenta o artigo 3º-A à Lei nº 10.436/02, para determinar que
2019 PL 143 estabelecimentos comerciais privados disponibilize atendimento
com TILS ou pessoas capacitadas em Libras.
Direito à pessoa com deficiência auditiva gestante o profissional
2019 PL 427
TILS para acompanhar a consulta de pré-natal e o trabalho de parto.
Obrigatoriedade do ensino da Libras na formação inicial e
2019 PL 591
continuada do Magistério no Estado de São Paulo.
295
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Autoriza o Poder Executivo no município de Belo Horizonte a
2019 Lei 11.171 disponibilizar, em suas centrais de atendimento ao público, profissionais
TILS ou pessoas capacitadas na Libras.
Acessibilidade de pessoa surda ou com deficiência auditiva a cargo ou
2019 PL 1.231 emprego provido por concurso público, no âmbito da administração
pública federal, em igualdade de condições com os demais candidatos.
Reconhece a Libras como língua de instrução e meio de comunicação
2019 PL 025
objetiva da comunidade surda, no âmbito do Município de Barueri/SP.
Obrigatoriedade da presença de TILS e a identificação por placas em
2019 PL 2.759
espaços específicos da existência desse profissional.
Oficialização, no Município de Alfenas/MG, da Língua Brasileira de Sinais
2019 PL 61
– Libras.
Obrigatoriedade da presença de TILS em todos os eventos públicos
2019 PL 008
oficiais do Município de Francisco Beltrão/PR.
Obrigatoriedade da presença de TILS em todas as repartições Públicas
2019 PL 15
direta, indireta ou fundamental do Município de Guanambi/BA.
Obrigatoriedade da presença de TILS ou de sistema que integre e supra
essa função, em todas as agências bancárias, empresas prestadoras de
2019 PL 097
serviços públicos e órgãos do Município de Santo Antônio da Patrulha/
RS.
Obrigatoriedade às agências bancárias e shoppings centers a
2019 PL 26
disponibilizarem um profissional TILS em Campo Grande/MS.
Torna obrigatória a inclusão de TILS em todos os eventos públicos
2019 PL 247
oficiais do Paraná/PR.
Inclui a Libras na grade curricular em todas as escolas da rede de
2019 PL 255
educação do município de Manaus/AM.
Dispõe sobre o direito das mulheres surdas vítimas de violência ao
2019 PL 1.119 atendimento especializado com profissional proficiente em Libras no Rio
de Janeiro/RJ.
Obrigatoriedade da inserção do TILS em Eventos Públicos Oficiais do
2019 PL 009
Município de Paragominas/PA.
Estabelece o ensino obrigatório de Libras como disciplina curricular
2019 PL 29 obrigatória para crianças surdas e ouvintes, matriculadas nas
instituições privadas de Santos/SP.
Estabelece a inclusão da Libras no currículo escolar no âmbito do
2019 PL 23
Município de Cuitegi/PB.
Obrigatoriedade do profissional TILS em todos os eventos públicos
2019 PL 5
oficiais realizados em Vitória/ES.
296
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(conclusão)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
297
Tabela 2 - As Políticas Públicas em 30(2) anos.
(continua)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Obriga a disponibilização de legendas e intérpretes de Libras em salas
2016 PL 2.063 de cinema e teatro, quando solicitado por pessoa com deficiência
auditiva ou pelo acompanhante em Minas Gerais.
Decreto Extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de
2019
10.185 pessoal da administração pública federal (intérpretes de Libras)
Dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social
2019 Lei 13.935
nas redes públicas de educação básica
Altera as Leis nº 12.764 e 9.265, institui a Carteira de Identificação da
2019 PL 2.573
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA)
2019 PL 2.260 Institui o Dia Nacional da Pessoa Surdocega
Dispõe sobre o acompanhamento integral a educandos com dislexia ou
2019 PL 3.517
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
Obrigatoriedade das provas de redação e questões dissertativas em
concursos públicos, vestibulares e processos seletivos, realizados por
2019 Lei 5.442
pessoa surda, serem corrigidas por profissionais formados em LIBRAS
considerando a Libras como primeira língua em Campo Grande/MS.
Dispõe sobre a oficialização, no município de Divisa Nova, da Língua
2019 PL 36
Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências.
Dispõe sobre a oficialização, no município de Divisa Nova/MG, da
2019 Lei 1.214
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Institui diretrizes. Criação de escolas bilíngues em Libras e Língua
2019 Lei 23.773
Portuguesa na rede estadual de ensino em Minas Gerais.
Altera a ementa e o art. 1º da Lei nº 18.537 para também isentar do
2019 Lei 19.965 pagamento de pedágio as pessoas com Transtorno do Espectro Autista,
e ainda, as pessoas com deficiência no Estado do Paraná.
Prevê a Capacitação em Libras como critério de desempate nos
2019 PL
concursos públicos/processos seletivos simplificados de Curitiba-PR.
Decreto Extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de
2019
10.185 pessoal da administração pública federal (intérpretes de Libras).
Decreto Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e
2020
10.502 com Aprendizado ao Longo da Vida.
Altera a Lei nº 12.764 (Lei Berenice Piana) e a Lei nº 9.265 para instituir a
2020 Lei 13.977
Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA).
Altera a Lei nº 9.394, LBD, para dispor sobre a modalidade de educação
2020 PL 4.909
bilíngue de surdos.
Altera a Lei nº 12.319 para dispor sobre o exercício profissional e as
2020 PL 5.614
condições de trabalho do profissional TILSP e GILSP.
Fonte: Elaboração dos autores com base em Silva (2019), sequências dos anos.
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