E-Book - Análise Musical
E-Book - Análise Musical
E-Book - Análise Musical
ANÁLISE
MUSICAL
São Luís
2021
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a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja
atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
76f.
ISBN:
1. Análise musical. 2. Morfologia Musical. 3. Estruturação
Musical I.Título.
CDU: 78.01
APRESENTAÇÃO
Olá, caro(a) estudante,
Daniel Lemos
Pianista
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À ANÁLISE MUSICAL ....................... 6
RESUMO ............................................................................................ 14
REFERÊNCIAS ................................................................................. 14
RESUMO ............................................................................................ 27
REFERÊNCIAS .................................................................................. 27
RESUMO ............................................................................................ 46
REFERÊNCIAS ................................................................................. 46
Licenciatura em Música
RESUMO ............................................................................................ 75
REFERÊNCIAS ................................................................................. 75
1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE
MUSICAL
OBJETIVOS
• Conhecer o conceito de obra musical;
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Licenciatura em Música
O esquema nos mostra que uma obra musical pode existir em diversas
maneiras. Ao criá-la, o compositor a traz em sua mente, assim como o intérprete após
memorizá-la – seja por leitura de partituras ou “tirando de ouvido” – e o ouvinte ao
apreciá-la. Nesses casos, a obra não existe fisicamente, e sua existência permanece
por meios cognitivos, ou seja: em estado imaterial.
Esse debate inicial nos leva a concluir que a análise musical jamais será capaz
de revelar por completo a complexidade de todas as variáveis associadas a uma obra
Aqui entra o conceito de arquivo, no qual se materializa a literatura musical - o repertório.
1
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Licenciatura em Música
em particular. Portanto, é mais coerente assumirmos que uma análise será oportuna
em um contexto específico, abordando quais aspectos de uma obra em particular
desejamos aprender ou conhecer com maior profundidade. Pelo mesmo motivo, a
análise musical possui finalidades diferentes conforme quem a aplica – o intérprete e
músico prático, por exemplo, utilizam a análise de uma obra para definir estratégias
de estudo de canto lírico ou do instrumento; o regente, por sua vez, faz da análise
uma ferramenta para conduzir a interpretação do conjunto musical sob sua batuta; o
compositor pode utilizá-la para averiguar o uso de técnicas composicionais diversas
e mapear o processo criativo; o editor faz dela um recurso para acelerar o processo
editorial; e o licenciado em Música pode adotá-la para criar atividades de estudo da obra
ou criar jogos musicais para os estudantes, entre algumas das inúmeras possibilidades.
[...] há poucas dúvidas que música, em nossa cultura, é o mais ubíquo dos
sistemas simbólicos. Sua importância em termos monetários e temporais é
inegável. Nossos cérebros registram uma média de 3 horas e meia de música
por dia – quase 25% do tempo de vida que passamos acordados. E 90% do
tempo das rádios consistem de música, ao passo que metade da programação
de TV apresenta música na tela ou como música de fundo. Na verdade, muito
pouca gente gasta mais tempo lendo, escrevendo e escutando do que falando,
dançando ou olhando para pinturas e esculturas etc. (TAGG, 2011, p. 7).
Esse cenário nos leva a compreender o porquê de diversas pessoas que não
tiveram acesso ao ensino formal ou não-formal de música são capazes de reconhecer
determinados aspectos da linguagem musical. Para isso, desenvolvem um vocabulário
próprio para qualificar a sonoridade de uma obra musical – a qual podemos considerar
um tipo de análise. Um exemplo são programas de televisão voltados à competição de
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
Pelo outro lado, os estudos podem ser mais ricos se tangenciarem o processo
criativo, ao invés de se limitar à importação das ferramentas de pesquisa de outras áreas e ao
conceito histórico-sociológico de música, entendendo-a apenas como mera consequência de
um contexto –, pois ela também pode assumir uma função catalisadora das transformações
socioculturais, conforme destaca a musicóloga e educadora Vanda Freire (2013).
Toda peça musical é criada sob uma combinação única de circunstâncias culturais,
sociais, históricas e econômicas. O reconhecimento dessas circunstâncias,
aliado à exclusividade de cada produto criativo, afeta a concepção de todos
os projetos editoriais: cada peça é um caso especial, cada fonte é um caso
especial, cada edição é um caso especial. (GRIER, 1996, p.19-20).
Trata-se, portanto, de um método de análise que agrega tanto o nível poiético quanto
estésico, e contribui para um entendimento da música tanto no aspecto criativo quanto em
sua função social. Na prática, o desafio deste tipo de abordagem para o pesquisador é a
exigência por um domínio mais amplo e flexível das ferramentas de investigação a serem
adotadas – e que inclui linguagem e estruturação musical.
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Licenciatura em Música
Uma característica forte nas Artes em geral é o recorrente diálogo entre suas
diversas áreas, prioritariamente Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, além de Arquitetura,
Artesanato, Cinema e Literatura, entre outros. Dentre as interfaces mais comuns com a
Música, temos canções (Música e Literatura), acompanhamento musical de espetáculos
teatrais e/ou coreográficos (Música, Teatro e/ou Dança), trilha sonora (Música e Cinema
ou Audiovisual) e ópera (Música, Artes Visuais, Artes Cênicas e Dança).
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Licenciatura em Música
ATIVIDADE 1
Pensando nas disciplinas que você cursou até então, quais delas fizeram
uso da análise musical poiética? Quais as que adotaram uma concepção estésica? E
quantas fizeram uso de ambas? Elabore um pequeno quadro, indicando o nome das
disciplinas e o(s) tipo(s) de processo analítico utilizados nas mesmas.
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Licenciatura em Música
RESUMO
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Licenciatura em Música
TAGG. P. Análise musical para ‘não-musos’: a percepção popular como base para a
compreensão de estruturas e significados musicais. Per Musi, Belo Horizonte, n. 23,
p. 7-18, 2011.
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2 MORFOLOGIA MUSICAL
OBJETIVOS
• Entender as estratégias elementares de Morfologia musical;
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Licenciatura em Música
ATIVIDADE 2
Diante dessa observação, podemos concluir que esta breve peça é composta
por duas seções/partes, não é? Ou apenas uma? Podemos defini-la como A - B, A -
A’ ou apenas A? O que você acha? Justifique sua resposta, apontando os elementos
musicais que o levaram a sua conclusão.
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Licenciatura em Música
ATIVIDADE 3
ATIVIDADE 4
Ouça a peça solo interpretada por Ryan Hew. Disponível em: https://youtu.
be/4zRadxrl_IY. Quantas partes/seções você foi capaz de perceber? Justifique sua
resposta, indicando os elementos musicais que o levaram a esta conclusão.
ATIVIDADE 5
Ouça a breve peça para piano solo chamada “Impov”, criada por Jervy Hou.
Disponível em: https://youtu.be/zHvBPwNUBS8. Quantas partes/seções você
consegue identificar? Quais elementos musicais você percebeu e como eles subsidiaram
sua análise?
ATIVIDADE 6
O vídeo em seguida traz uma pequena peça solo para harpa paquistanesa,
composta por Marianne Bouvette. Disponível em: https://youtu.be/XrdrexYgfVY.
Ouça-a, procurando identificar quantas partes/seções ela possui.
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Licenciatura em Música
ATIVIDADE 7
Temos agora um tema de filme policial tocado pelo quarteto Joyous. Disponível
em: https://youtu.be/4JJB7dCCQ7w. Tente identificar quantas partes/seções esta
peça possui.
ATIVIDADE 8
ATIVIDADE 9
ATIVIDADE 10
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Licenciatura em Música
ATIVIDADE 11
ATIVIDADE 12
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Licenciatura em Música
• Forma ternária: obra que possui três partes. Caso as três sejam
consideravelmente diferentes, pode ser A, B e C. No entanto, o tipo mais
recorrente de forma ternária no repertório é A - B - A ou A - B - A’, indicando
que a terceira parte/seção possui elementos musicais em comum com a
primeira parte. O Minueto, um tipo de dança barroca europeia em métrica
ternária simples, faz uso recorrente deste último tipo de forma musical;
• Minueto e Trio: segundo nos informa Filipe Salles (2002), esta convenção
surgiu no final do século XVII, na qual a dança Minueto, em sua forma
ternária A - B - A passou a ser sucedida de uma seção chamada “Trio” –
assim chamada por ser escrita para três instrumentos – também em forma
ternária. Ao final, o Minueto retornava, com variações ou não. Logo, a
forma “Minueto e Trio” era a seguinte: A - B - A - C - D - C - A’ - B’ - A’;
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Licenciatura em Música
MÍDIA
Conheça a “Introdução e Thema com Variações para Pianoforte”,
de Antonio Luiz Miró (1805-1853), compositor nascido na Espanha
e que fez carreira em Portugal. No fim de 1849, ele viajou para
o Maranhão, onde atuou como compositor, professor de piano e
diretor do então Theatro São Luiz, cargo que ocupou até o final de
1852. Disponível em: https://youtu.be/CpemI5Ks02Q?t=23.
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Licenciatura em Música
• Coda: trecho final da obra, diferente das partes anteriores e que apresenta
caráter conclusivo – no tonalismo, por exemplo, reafirma a tônica ou
primeiro grau da tonalidade vigente com convicção;
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
MÍDIA
Análise da fuga BWV 846 em Dó maior, a primeira do Cravo Bem
Temperado, Livro 1, de Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Disponível em: https://youtu.be/an5qia4nVxo. Esta fuga é um
exemplo curioso, pois logo após a exposição, há vários strettos.
Obs.: o vídeo é em francês, portanto, seguem as traduções do
nome de cada elemento: ‘sujet’ = sujeito; ‘réponse’ = resposta;
‘strette’ = stretto.
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Licenciatura em Música
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RESUMO
A presente Unidade abordou a Morfologia Musical como ferramenta para análise
de obras. Foram apresentadas atividades de leitura e percepção para estudo
da forma de peças selecionadas, sucedidas de uma explanação acerca dos
principais tipos de forma musical encontrados no repertório da música popular
e da de concerto.
2
Estas técnicas de composição serão abordadas com maiores detalhes na próxima Unidade.
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3 LINGUAGEM E
ESTRUTURAÇÃO MUSICAL
OBJETIVOS
• Reconhecer os diferentes sistemas de organização sonora;
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Ut queant laxis;
Resonare fibris;
Mira gestorum;
Famuli tuorum;
Solve polluti;
Labii reatum;
Sancte Ioannes.
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Nos países anglófonos, a convenção adotada foi pelo uso das letras A, B, C,
D, E, F e G, começando a partir da nota Lá, a altura do diapasão – instrumento utilizado
para a afinação padrão da atualidade, cuja frequência é de 440 Hertz.
3.1.1 Modalismo
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2
Há diversas variações dos modos slendro e pélog; as apresentadas aqui são apenas um exemplo pontual.
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MÍDIA
Para ouvir a sonoridade do modo slendro no gamelão, instrumento
tradicional da Indonésia, recomendamos a peça Playon Srepeg
Slendro Manyuro. Disponível em: https://youtu.be/Y6ihaQjXy3o.
3.1.2 Tonalismo
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I I Tônica Tônica -
Sobretônica ou Pré-Dominante ou
II ii -
Supertônica Subdominante
Mediante / Tônica /
III iii -
Tônica antirrelativa Dominante
Pré-Dominante ou
IV IV Subdominante -
Subdominante
V V7 Dominante Dominante -
Sobredominante ou
Pré-Dominante ou
VI vi Submediante / -
Subdominante / Tônica
Tônica relativa
VII viiº Sensível - Dominante
3
Na grafia funcional de Kostka e Payne (2007), os graus que contêm tríades menores são escritos em letras minúsculas, enquanto o acorde diminuto é representado
por letras minúsculas tachadas.
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I i Tônica Tônica -
Sobretônica ou
II iiº - Dominante
Supertônica
Mediante /
III III - Tônica
Tônica relativa
Pré-Dominante ou
IV Iv Subdominante -
Subdominante
V V7 Dominante Dominante -
Sobredominante ou Pré-Dominante ou
VI VI Submediante / - Subdominante /
Tônica antirrelativa Tônica
Pré-Dominante ou
VII VII Subtônica -
Subdominante4
As cadências, por sua vez, são as diversas formas de condução das funções
tonais, a fim de criar situações particulares de tensão e repouso. São elas (Tabela 4):
V7 → VI
Dominante → Tônica da Submediante Cadência de Engano
VII → VI
IV → I
Subdominante → Tônica Cadência Plagal
II → I
4
Berry se refere ao sétimo grau em tríade maior do modo menor como "subdominante da subdominante", diferentemente de Schöenberg, que o chama de
"subtônica" (In: CASTELÕES, 2010).
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Licenciatura em Música
Em seu artigo, Luiz Castelões (2010) destaca que o estudo do tonalismo, suas
funções e cadências não são consenso entre musicólogos. Sendo assim, procuramos
apresentar conceituações mais flexíveis, tentando agregar algumas destas divergências.
Além disso, é fundamental entendermos que as funções tonais e cadências dependem
diretamente do contexto musical em que estão inseridas. Sendo assim, é mais coerente
desenvolvermos a capacidade de interpretar cada caso ao invés de tentar adequar
nossa interpretação a regras rígidas.
Finalizando, destacamos que tais conceitos são a base das teorias de análise
do repertório tonal, entre elas: Fraseologia, Harmonia Tradicional, Análise Schenkeriana,
Análise de acordes de Paul Hindemith, entre outras. Destacamos, ainda, que o estudo
do tonalismo é central nas análises sobre Campo Harmônico e linguagem do Jazz,
tendo ampla inserção na música popular. Algumas destas teorias serão abordadas na
próxima Unidade.
3.1.3 Serialismo
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Curiosamente, o uso de temas e motivos rítmicos da música de tradição oral em composições de concerto é uma constante na literatura musical, sendo adotados
também por Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), Beethoven e Franz Liszt (1811-1886) e Johannes Brahms (1833-1897). No entanto, o movimento nacionalista
é associado à produção musical de países considerados "periféricos" no repertório canônico europeu - os centros são Alemanha, Itália e França.
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Licenciatura em Música
A série aparece “de trás para frente”, ou seja: é iniciada pela última nota da
Retrogradação
série original, depois a penúltima, e assim por diante
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Licenciatura em Música
Perceba que esse tipo de produção musical é criado para apreciação através
de autofalantes – e não de músicos/intérpretes. Esta vertente composicional é chamada
de Música acusmática – criada para audição através de sistemas de som – e também
se vincula à Música eletroacústica.
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
Conforme dissemos anteriormente, não existe obra musical sem forma; logo,
toda peça elaborada com improviso em todos os aspectos musicais (alturas, durações,
intensidade, timbre, formação instrumental, entre outros) teria a forma ‘A’ – ou “Forma
Aberta”, segundo alguns estudiosos. Nesse caminho, temos a música de tradição oral,
cujo registro é mental (imaterial) e está sujeito a variações.
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ATIVIDADE 13
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Licenciatura em Música
RESUMO
Nesta Unidade, foi apresentado um panorama da linguagem musical em nossa
cultura, partindo das convenções musicais estabelecidas na Grécia Antiga até a
produção musical contemporânea. Houve uma sucinta explanação acerca dos
sistemas de organização sonora mais recorrentes, sendo eles o modalismo,
o tonalismo e o atonalismo, sendo que este último envolve o serialismo e a
música eletroacústica.
KOSTKA, S.; PAYNE, D. Harmonia Tonal: com uma introdução à música do século
XX. 3. ed. Tradução de Hugo Ribeiro. Brasília: Edição do autor, 2007.
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4 TEORIAS DE ANÁLISE EM
MÚSICA
OBJETIVOS
• Apresentar alguns dos principais referenciais de análise musical;
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Licenciatura em Música
Uma das questões que levam ao problema apontado por Belkin é a reprodução
descontextualizada de Gradus ad Parnassum, tratado de contraponto de Johann
Joseph Fux (ca.1660-1741) publicado em 1725 na forma de um diálogo do mestre
com seu aprendiz – tal como se escreviam os tratados de sua época1. Subsequentes
publicações baseadas no “contraponto em espécie” (a base do estudo de Fux), sem
consulta à fonte original, disseminaram abordagens sem a devida contextualização
histórica – uma falha metodológica do processo editorial, segundo Grier (1996).
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
ATIVIDADE 14
a: escapada d: g:
b: e:
c: f:
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Licenciatura em Música
1) Cifragem gradual: baseia-se na análise dos acordes com base nos graus
da escala, utilizando algarismos romanos (I, II, III, IV, etc.), tachando-os caso estejam
alterados em relação à tonalidade vigente. Pode ser utilizada em obras modais ou
tonais;
Este é o método mais utilizado de análise musical, tendo em mente que grande
parte do repertório canônico – seja da música popular ou de concerto – é constituído
de obras nos sistemas modal e tonal. Outras ferramentas de análise deste repertório
foram propostas por teóricos e musicólogos, conforme veremos adiante.
ATIVIDADE 15
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Licenciatura em Música
4.3 Fraseologia
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ATIVIDADE 16
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
(2005) agrega a cifragem gradual com a popular anglófona, fato que pode confundir
estudantes que adotem outros referenciais. Sendo assim, recomendamos que vocês
busquem manter as convenções já estabelecidas, como a cifragem gradual, para
assim estabelecermos um referencial padronizado de indicações. Apresentaremos a
seguir um modelo com propostas de cifragem para o campo harmônico de Dó maior
(Tabela 9):
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Licenciatura em Música
Adiante, temos o Ciclo das Quintas, que contém todas as tonalidades maiores
e menores (Figura 8):
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Licenciatura em Música
Maior / Jônio C Dm Em F G Am Bº
Menor / Eólio Cm Dº E♭ Fm Gm A♭ B♭
Dórico Cm Dm E♭ F Gm Aº B♭
Frígio Cm D♭ E♭ Fm Gº A♭ B♭m
Lídio C D Em F♯º G Am Bm
Mixolídio C Dm Eº F Gm Am B♭
Super Lócrio
Cº D♭m E♭m F♭(♯5) G♭ A♭ B♭º
(lócrio ♭4)
Lídio Aumentado
C(♯5) D E F♯º G♯º Am Bm
(lídio ♯5)
Dominante Diminuta
Cm(♯5) D E♭(+3♯5) F♯º G♯º Aº Bm
(lídio ♭3 ♯5)
Frígio Maior
C D♭ Eº Fm Gº A♭(♯5) B♭m
(frígio ♯3)
Escala árabe
C D♭ Em Fm G(♭5) A♭(♯5) B(-3♭5)
(frígio ♯3 ♯7)
Escala cigana
Cm D(♭5) E♭ F♯(-3♭5) Gm A♭ B♭(♯5)
(eólio ♯4)
Escala húngara
Cm D(♭5) E♭(♯5) F♯(-3♭5) G A♭ Bm
(menor harm. ♯4)
Escala nordestina
C D Eº F♯º Gm Am B♭(♯5)
(lídio ♭7)
Fonte: elaborada pelo autor (2020).
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Licenciatura em Música
Super Lócrio
Cº D♭m E♭m F♭(♯5) G♭ A♭ B♭º
(lócrio ♭4)
Lídio Aumentado C7M
D7 E7 F♯ø G♯ø Am7M Bm7
(lídio ♯5) (♯5)
Dominante Diminuta Cm7M E♭7M A7M
D7 F♯º G♯ø Bm7
(lídio ♭3 ♯5) (♯5) (♯5+3) (♭5♭3)
Frígio Maior A♭7M
C7 D♭7M Eº Fm7M Gº B♭m7
(frígio ♯3) (♯5)
Escala árabe B7
C7M D♭7M Em7 Fm7M G7(♭5) A♭7M(♯5)
(frígio ♯3 ♯7) (-3♭5)
Escala cigana F♯7 B♭7M
Cm7 D7(♭5) E♭7M G7M A♭7M
(eólio ♯4) (♭5-3) (♯5)
Escala húngara E♭7M F♯(7♭5-
Cm7M D(7♭5) G7M A♭7M Bm7
(menor harm. ♯4) (♯5) 3)
Escala nordestina
C7 D7 Eø F♯ø Gm7M Am7 B♭7M(♯5)
(lídio ♭7)
Fonte: elaborada pelo autor (2020).
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Valsa
Polca
Mazurca
Maxixe
Baião
Frevo
Maracatu de
baque virado
Cateretê
Guarânia
Maqsoum
(árabe)
Ayoub
(egípcio)
Cacuriá
Funk carioca
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2
Por exemplo: trítono da tonalidade de Dó (maior ou menor) é si - fá, e está presente em todos os seus graus/acordes com função de dominante.
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Licenciatura em Música
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Licenciatura em Música
Esta proposta favorece a análise da música tonal que faz uso de harmonias
complexas, buscando uma condução homogênea das tensões. Acordes com sétimas
maiores e dois trítonos, por exemplo, resolvem sua tensão em acordes menos
dissonantes do que eles como, por exemplo, um acorde com sétima maior e um trítono.
Assim, o compositor buscará uma maneira coerente de manter a condução harmônica
de sua peça – tanto na música de concerto quanto em obras instrumentais da linguagem
jazzística, incluindo bossa nova, samba-jazz e o choro brasileiro.
Com a busca por novos sistemas de organização sonora a partir do século XX,
as ferramentas de análise musical existentes na época, voltadas ao modalismo e/ou ao
tonalismo, tornaram-se insuficientes ou até mesmo inadequadas para compreender as
produções musicais que surgiam. Nesse contexto, o musicólogo norte-americano Allen
Forte propôs uma ferramenta de análise chamada “Teoria dos Conjuntos”, homônima
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Licenciatura em Música
da teoria matemática – porém, diferente na maioria dos aspectos, pois trabalha com
grupos e análise combinatória – baseada na proposta anterior de Howard Hanson para
a música tonal.
A Teoria dos conjuntos – também chamada de Teoria pós-tonal – foca nas alturas
e tem sua análise iniciada a partir do mapeamento das notas musicais constantes na
peça em que se deseja estudar. Conforme vimos anteriormente, no serialismo, temos
quatro apresentações básicas da série: 1) original; 2) retrogradada; 3) invertida; 4)
invertida e retrogradada.
Essas quatro formas podem ser transpostas para outras alturas e dispersas
no tempo de maneira horizontal (“melódica”) ou vertical (“harmônica”), podendo ser
aplicadas técnicas de diminuição e aumentação da estrutura rítmica. Ainda, compositores
da segunda metade do século XX, a exemplo de Luciano Berio (1925-2003), podem
utilizar partes da série (“matrizes”) dispersando-as na estrutura musical, cujas tentativas
de análise revelariam apenas “indícios ou reminiscências de um ‘sistema’ que foi sendo
consumido no processo de composição” (OSMOND-SMITH, 1991, p. 9).
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Licenciatura em Música
Lembramos que outras possibilidades, como Si♯ (Dó, portanto, número 0), Lá
(Sol, portanto número 7) ou Fá♭ (Mi, logo número 4), recebem os respectivos números em
relação a sua distância em semitons à nota Dó. No caso de oitavas acima e abaixo, basta
subtrairmos ou somarmos o número 12 até obter uma classe de altura entre 0 e 11.
Com base nessa numeração, cada acorde recebe uma identificação chamada
de vetor. Dó-Mi-Sol, por exemplo, recebe a identificação de [0,4,7]; Sol-Si-Ré-Fá como
[7,11,2,5]; e Si-Ré-Fá-Lá♭ como [11,2,5,8]. Além disso, uma classe de altura repetida
deve ser omitida – assim como na teoria homônima da Matemática, na qual elementos
idênticos são omitidos do grupo. Como exemplo, o acorde Dó-Mi-Sol-Dó é indicado
como [0,4,7], e não [0,4,7,0].
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• Eles podem ser deduzidos pela notação musical, com base no estilo e na
cultura;
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RESUMO
A Unidade apresentada abordou de maneira sucinta algumas das principais
teorias e ferramentas de análise musical, sendo elas: tratados de contraponto;
análise harmônica por cifras; fraseologia; campo harmônico; padrões rítmicos
de gêneros musicais; análise schenkeriana; análise de acordes segundo Paul
Hindemith; teoria dos conjuntos e teoria do gesto musical.
FORTE, A. The Structure of Atonal Music. New Haven: Yale University Press, 1973.
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Licenciatura em Música
OSMOND-SMITH, D. Berio, Luciano. In: SADIE, Stanley: The New Grove Dictionary
of Music and Musicians. 2. ed. Londres: Stanley Sadie, 2001. Disponível em: https://
www.oxfordmusiconline.com. Acesso em: 2 jul. 2020.
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