1689 FF 5367
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ISSN: 1809-6220
Artigo:
DISLEXIA: UM NOVO OLHAR
Autores:
Caila Lanfredi Polese1
Gisele Maria Tonin da Costa2
Graciele Pogorzelski Miechuanski3
1
Pedagoga, Pós-Graduanda em Psicopedagogia pela Faculdade IDEAU. Professora do 3º ano do Ensino
Fundamental e Ensino Religioso do Centro de Educação IDEAU - Colégio Santa Clara. Rua Pedro Toniollo,
818/04. Bairro Santo André, Cep: 99900-000- Getúlio Vargas- RS. caila.lanfredi@hotmail.com
2
Pedagoga, Especialista em Planejamento e Gestão da Educação, Mestre em Educação. Orientadora Pedagógica.
Professora de Graduação e Pós-Graduação e Coordenadora Pedagógica do Curso de Pedagogia da Faculdade
IDEAU. Rua Jacob Gremmelmaier, 636/401. Bairro Centro, Cep: 99900-000 - Getúlio Vargas-RS.
gisele@itake.net.br
3
Pedagoga, Pós- Graduanda em Psicopedagogia pela Faculdade IDEAU. Conselheira tutelar.Rua Vencelino
Zanivam 1101. Bairro Centro, Cep: 99910-000- Floriano Peixoto –RS. graciele_pm@hotmail.com
2
Resumo: Estudando a linha de pensamento de diversos autores, dentre eles Topczewski, Shaywitz, Snowling e
Massi, ressalta-se que a Dislexia é definida como sendo um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da
leitura, escrita e soletração, diagnosticada geralmente no início do processo de alfabetização, onde a criança
entra em contato com a escrita e leitura, apresentando assim alguns sintomas. Quando há suspeita de Dislexia em
alguma criança, esta deve imediatamente passar por uma avaliação multidisciplinar composta por profissionais
habilitados a diagnosticar e iniciar a intervenção. Após a confirmação, o professor, em sala de aula, deverá
reorganizar e repensar suas aulas, suas metodologias e sua prática docente a fim de melhorar a qualidade e
otimizar o processo de ensino aprendizagem do aluno disléxico. Sem dúvida, a compreensão e a parceria são
essenciais para garantir o sucesso escolar dessas crianças, que podem aprender, mesmo com suas limitações.
Abstract: Studying the line of thought of many authors, among them Topczewski, Shaywitz, Snowling and
Massi, we emphasize that Dyslexia is defined as a disorder or learning disorder in the area of reading, writing
and spelling, usually diagnosed early in the process of literacy , where the child comes into contact with the
writing and reading, thus presenting some symptoms. When there is suspicion of dyslexia in some children, this
should immediately go through a multidisciplinary approach consisting of qualified professionals to diagnose
and begin intervention. After confirming the teacher in the classroom, should reorganize and rethink their
classes, their methods and their teaching practice and to improve quality and optimize the process of teaching
and learning of dyslexic student. Undoubtedly, understanding and partnership are essential to ensuring the
academic success of these children, who can learn, even with its limitations.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Dislexia é, sem dúvida, um gigantesco desafio para a pesquisa, mais ainda para a
educação. Os estudos disponíveis são vagos e nem sempre contribuem para o esclarecimento,
entendimento e tratamento da Dislexia. Calcula-se que aproximadamente 10 milhões de
brasileiros, de acordo com o censo demográfico de 20004, tenham algum tipo de necessidade
especial, podendo ser mental, auditiva, visual, física, de conduta ou mesmo deficiências
múltiplas.
Quando chegam à escola, principalmente na educação básica, muitas crianças sofrem
com algum tipo de dificuldade de aprendizagem, principalmente ligadas à área da linguagem.
A dislexia é uma delas, que por sua vez apresenta-se com maior incidência. A Associação
4
Dados do censo demográfico de 2000. In: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/
3
Brasileira de Dislexia (ABD) calcula que aproximadamente 10% a 15% dos indivíduos que
nos rodeiam, sejam disléxicos5.
Sabemos que quando pais e professores não têm o devido esclarecimento sobre a
dificuldade, acabam deixando o aluno a mercê de hipóteses, não chegando a diagnósticos
verdadeiros e possibilitadores de avanços, o que causa frustrações e sofrimento ao mesmo. O
primeiro passo é ter claro que todo e qualquer aluno, mesmo portador de dificuldades, é capaz
e pode ser autônomo, dentro de suas possibilidades. Para isso, é dever e necessidade do
professor conhecer o tema em debate para conceder ao aluno condições de realizações e
verdadeiras aprendizagens, pois o educador faz sim a diferença neste processo.
O devido esclarecimento e conhecimento da Dislexia favorece diferenciar as alterações
que existem em um processo normal de aprendizagem e aquelas compatíveis com o distúrbio
ou transtorno de aprendizagem. Assim, promoverão atitudes menos excludentes, para que a
criança disléxica seja atendida adequadamente, ajudando a diminuir assim, os índices de
fracasso e evasão escolar. A compreensão e a parceria são elementos essenciais para garantir
o futuro destas crianças.
Entender como aprendemos e o porquê de algumas dificuldades de aprendizagem é um
desafio diário para muitos professores e até alguns pais, quando acompanham o
desenvolvimento de seus filhos. Uma das dificuldades mais observadas e comuns é a Dislexia,
esta que é uma dificuldade específica em leitura. São fundamentais as competências de ler e
escrever para o ser humano, pois estas são a base de qualquer aprendizagem, e sem estas, o
indivíduo apresentará lacunas em várias outras aprendizagens. Precisamos destas habilidades
durante toda a vida, em quase todos os momentos, pois elas levam o leitor a decodificar
mensagens, interpretar e compreender textos, enfim, a participar mais ativamente da
sociedade. Luria e Yudovich (1985) enfatizam que além da função cognoscitiva da palavra e
sua função como instrumento de comunicação, há sua função pragmática ou reguladora; a
palavra não é somente um instrumento de reflexo da realidade, é o meio da regulação da
conduta.
Conhecer, estudar e entender a Dislexia é fator decisivo para ajudar no tratamento da
criança a fim de tornar o processo de ensino aprendizagem mais significativo e adequado.
5
Site da ABD (Associação Brasileira de Dislexia): http://www.dislexia.org.br/
4
um jeito de ser e aprender, seu portador pode ter uma mente até genial, mas aprende de uma
maneira diferente. É importante destacar que existem várias explicações definindo a dislexia.
A Associação Brasileira de Dislexia (ABD), em 1994, divulgou pela International
Dyslexia Association a definição:
A língua inglesa propicia maiores dificuldades, pois a relação som e escrita é muitas vezes
diferente.
Pensando no crescente interesse no estudo dessa dificuldade da área de linguagem e a
falta de conhecimento que atinge pais, professores e até os próprios portadores da dislexia,
visando melhor esclarecer, orientar, ajudar e estimular, em 1983 nasceu a Associação
Brasileira de dislexia, a ABD. Esta instituição é a única filiada brasileira à IDA (International
Dyslexia Association).
A ABD localiza-se no Brasil, mais especificamente em São Paulo -Capital, e atua
como principal ponto de apoio às famílias e disléxicos. A instituição atende um público
constituído de disléxicos de todas as idades, oferece orientação direcionada, cursos e
encaminhamentos para pais, professores, familiares, tendo como principal missão ajudar, de
todas as formas, o disléxico e os portadores de distúrbios de aprendizagem, atendendo a
população carente também. Desta forma, a existência da associação faz-se muito importante
para que os disléxicos e portadores de distúrbios de aprendizagem possam transformar-se em
cidadão produtivos, evitando a marginalização dos mesmos tanto na educação, quanto no
mercado de trabalho.
Uma questão óbvia que segue o estudo genético da dislexia é qual sistema
cerebral media as dificuldades do processamento fonológico observadas na dislexia.
[...] No entanto, de forma básica, pode-se pensar no cérebro humano dividido pela
linha média em dois hemisférios conectados pelo corpo caloso; é geralmente aceito
que, na maioria dos indivíduos, o hemisfério esquerdo é localizado para a
linguagem. Dentro de cada hemisfério, existem principalmente quatro regiões
(lobos) com especializações diferentes, e há muito tempo foi estabelecido que as
regiões do lobo temporal do hemisfério esquerdo, em ambos os lados da fissura
Sylviana, estão envolvidas no processamento da linguagem (2004, p. 149).
9
Então, de acordo com estudos, a parte esquerda do cérebro, está mais diretamente
relacionada com a linguagem, onde as áreas são distintas e responsáveis por processar
fonemas, analisar palavras e reconhecer palavras. Essas funções trabalham harmoniosamente
permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Sabe-se que uma criança aprende a ler
ao reconhecer e processar fonemas, memorizando letras e seus respectivos sons, inicialmente
a leitura é processada pela rota fonológica e depois, após adquirir maiores habilidades, usa a
rota léxica. Conforme a criança progride na leitura, o cérebro domina o processo e a leitura
então, passa a exigir menos esforço.
O cérebro dos disléxicos não funciona desta forma. Durante a leitura, eles recorrem
somente à área cerebral que processa fonemas e a região responsável pela análise de palavras
permanece inativa, dificultando o reconhecimento e leitura hábil mesmo que este esteja
deparado com palavras que já tenha lido ou estudado.
Desta forma, a leitura se torna um grande esforço para o disléxico, porque a principal
dificuldade está na capacidade de representar ou recordar sons da fala (fonemas), ou seja,
existe um problema nas representações fonológicas, que leva a uma deficiência na
transformação das letras do alfabeto em fonemas. Consequência disso, também são as
dificuldades em separar palavras em seus fonemas e a principal, que é a dificuldade nítida na
leitura.
Dentre todas estas evidências, constata-se que pessoas com dislexia têm dificuldade
em reter a fala na memória de curto prazo e conscientemente, dividí-las em fonemas.
A dislexia pode ser identificada já nos primeiros anos escolares, sendo que a primeira
condição para o diagnóstico é que a criança já tenha sido alfabetizada. Conforme Topczewski
(2010), o que mais se aceita é que o indivíduo já tenha tido uma vivência com a leitura e
escrita de, pelo menos, dois anos para que seja possível a caracterização das dificuldades
disléxicas.
Espera-se que a base da linguagem oral e escrita já deva estar desenvolvida em torno
dos 8 anos de idade. Isso acontece, de modo geral, quando a criança está cursando o segundo
ano do ensino fundamental, fase esta, onde a leitura já deve estar mais fluente. O que se
observa nos disléxicos, é que a leitura continua sendo bastante precária, sofrida, entrecortada,
quase silábica, como se estivesse nos primeiros momentos de aprendizagem. Sendo assim, os
disléxicos demandam um tempo bem mais longo para a leitura, porque têm uma importante
dificuldade para reconhecer as palavras e as ler. Por vezes, esta falta de fluência afasta o
indivíduo da leitura, porque a “lerdeza” interfere no processo de compreensão e,
consequentemente, na capacidade de memorizar o que foi lido.
É indispensável que o professor dê uma atenção especial aos alunos na fase de
alfabetização, mais ainda àquelas consideradas de risco, que apresentem defasagem e
dificuldades significativas na linguagem, especialmente quando há histórico de dislexia na
família. Daí, a importância e necessidade de conhecer e entender, nem que minimamente, a
história da criança e o contexto onde ela está inserida.
São vários os sinais que identificam a dislexia. Ianhez e Nico (2002) e Santos (1987)
listam vários sinais e sintomas decorrentes da dislexia. Nessas listas, citam questões como:
dificuldade com cálculos mentais, dificuldade em organizar tarefas, dificuldades com noções
espaço- temporais, entre outras:
Desempenho inconstante com relação à aprendizagem da leitura e da escrita;
Dificuldade com os sons das palavras e, consequentemente, com a soletração; Escrita
incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas; Relutância para escrever;
Confusão entre letras de formas vizinhas, como “moite” por “noite”, “espuerda” por
“esquerda”; Confusão entre letras foneticamente semelhantes : “tinda” por “tinta”, “popre”
por “pobre”, “gomida” por “comida”;Omissão de letras e/ou sílabas, como “entrando” por
“encontrando”, “giado” por “guiado”, “BNDT” por “Benedito”; Adição de letras e/ou sílabas:
“muimto” por “muito”, “fiaque” por “fique”, “aprendendendo” por “aprendendo”;União de
uma ou mais palavras e/ou divisão inadequada de vocábulos: “Eraumaves um omem” por
“Era uma vez um homem”, “a mi versario” por “aniversário”; Leitura e escrita em espelho;
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Ianhez (2002), ainda cita outros sinais importantes de dislexia na idade escolar:
Lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e escrita; Trocas ortográficas,
dependendo do tipo de dislexia; Problema para reconhecer rimas e alterações; Desatenção e
dispersão; Desempenho escolar abaixo da média, em matérias especificas, que dependem da
linguagem escrita; Melhores resultados nas avaliações orais, do que nas escritas;Dificuldade
de coordenação motora fina (para desenhar, escrever e pintar) e grossa (é descoordenada);
Dificuldade de copiar as lições do quadro, ou de um livro; Problema na lateralidade (confusão
entre esquerda e direita, ginástica) Dificuldades de expressão: vocabulário pobre, frases
curtas, estruturas simples, sentenças vagas; Dificuldades em manusear mapas e dicionários;
Esquecimento de palavras; Problema de conduta: retração, timidez excessiva e depressão;
Desinteresse ou negação da necessidade de ler; Leitura demorada, silabadas e com erros.
Esquecimento de tudo o que lê; Salta linhas durante a leitura, acompanha a linha de leitura
com o dedo; Dificuldade em matemática, desenho geométrico e em decorar sequências;
Desnível entre o que ouve e o que lê. Aproveita o que ouve, mas não o que lê; Demora
demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa; Não gosta de ir à escola; Apresenta
“picos de aprendizagem”. Nuns dias parece assimilar e compreender os conteúdos e noutro,
parece ter esquecido o que tinha aprendido anteriormente; Pode evidenciar capacidade acima
da média em áreas como: desenho, pintura, música, teatro, esporte, etc;
A combinação de sintomas e a intensidade em que se apresentam em níveis que
variam entre o sutil ao severo, varia de disléxico para disléxico, de modo absolutamente
pessoal. “É importante ressaltar que não há dois pacientes disléxicos apresentando
comprometimentos iguais, mas sim semelhantes, pois cada um tem características
particulares, além de apresentarem as diferentes dificuldades associadas [...]”
(TOPCZEWSKI, 2010, p.33).
Além dos sinais citados acima, tão evidentes e fáceis de serem observados sob um
olhar atento do professor e dos pais, a dislexia, de acordo com seu tipo, ainda sugere outras
possíveis dificuldades nos processos de construção do objeto escrito: dificuldades
fonológicas, dificuldades de percepção auditiva e de processamento auditivo, dificuldades
visuais e de processamento visual, dificuldades de coordenação motora, dificuldades de
memória verbal de curto prazo (memória de fixação), dificuldades de sequencialização
(ordem temporal).
Mas já a primeira avaliação, aquela que é feita em sala de aula, durante atividades,
requer um olhar bastante crítico e conhecedor por parte do professor, para traçar o perfil da
12
criança juntamente com suas dificuldades, porque algumas crianças podem ser capazes de
seguir sequências, mas solicitam apoio. Cada caso é um caso.
De acordo com estudos e publicações no site, a ABD, traz alguns sinais de alerta para
pais e professores, quanto aos sintomas apresentados por disléxicos:
Haverá sempre:
- dificuldades com a linguagem e escrita; dificuldades em escrever; dificuldades com
a ortografia; lentidão na aprendizagem da leitura.
Haverá muitas vezes:
- disgrafia (letra feia); discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na
assimilação de símbolos e de decorar a tabuada; dificuldades com a memória de
curto prazo e com a organização; dificuldades em seguir indicações de caminhos e
em executar sequências de tarefas complexas; dificuldades para compreender textos
escritos; dificuldades em aprender uma segunda língua.
Haverá às vezes:
- dificuldades com a linguagem falada; dificuldade com a percepção espacial;
confusão entre direita e esquerda (http://www.dislexia.org.br/).
- Dislexia Ocasional: como o próprio nome diz, esta dislexia aparece em ocasiões e é causada
por fatores externos. Alguns fatores apontados são o estresse, excesso de atividades, e
raramente por TPM (Tensão Pré Menstrual) e hipertensão. Neste caso, não é preciso grandes
tratamentos. O indivíduo deverá detectar o fator que causa sua dislexia e se necessário e
possível, mudar seus hábitos, e tudo voltará ao normal. Psicoterapia é uma boa indicação.
Para Moojen apud Rotta (2006) é possível classificar a dislexia em três tipos:
- Dislexia fonológica: sua principal característica está na dificuldade para operar a rota
fonológica, apresentando um funcionamento aceitável da rota lexical. Sendo assim, a maior
dificuldade está em ler palavras não – familiares, sílabas sem sentido ou pseudopalavras,
mostrando maior desempenho na leitura de palavras familiares. Encontram-se também
dificuldades em tarefas que envolvam memória e consciência fonológica, acarretando
dificuldades de compreensão do que foi lido.
- Dislexia lexical: neste caso, as principais dificuldades estão na rota lexical, e apresentam a
rota fonológica relativamente preservada, afetando fortemente a leitura de palavras
irregulares. Assim, os disléxicos deste tipo, lêem lentamente e errando com frequência.
- Dislexia mista: neste caso, a via lexical e a via fonológica estão comprometidas. São
situações mais graves e requerem um esforço maior e sistemático.
Ianhez (2002) propõe as seguintes subdivisões:
- Dislexia disfonética: dificuldades de percepção auditiva na análise e síntese de fonemas.
Maior dificuldade na escrita do que na leitura.
- Dislexia diseidética: dificuldades na percepção visual, apresenta leitura silábica. Maior
dificuldade na leitura do que na escrita.
- Dislexia visual: deficiência na percepção visual, não visualiza cognitivamente o fonema.
- Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, não audiabiliza o fonema.
- Dislexia mista: combinação de mais de um tipo de dislexia.
É importante e indicado que qualquer disléxico, independente do tipo, além do
tratamento indicado, deverá procurar auxílio para desenvolver seu raciocínio, agilidade,
coordenação motora, lateralidade. Uma boa opção são esportes, a natação e os esportes com
bola são bastante úteis, além de serem prazerosos.
despercebida. Em primeiro lugar, pais e professores devem ter o devido entendimento para
identificar a possibilidade de que as dificuldades que seu filho ou aluno estejam apresentando,
possam se tratar na verdade, de uma dislexia. É importante que o diagnóstico seja efetuado o
quanto antes, assim, as crianças tratadas desde cedo, têm grandes chances de superar ou
conviver melhor com os sintomas. As palavras diagnóstico provêm de dia (através de) e
gnosis (conhecimento). Se nos atemos à origem etimológica e não ao uso comum (que pode
significar rotular, definir, etiquetar), podemos falar de diagnóstico como “um olhar-conhecer
através de”, que relacionaremos com um processo, com um transcorrer, com um ir olhando
através de alguém envolvido mesmo como observador, através da técnica utilizada e, nesta
circunstância, através da família (FERNANDEZ, 1991).
Conforme o que já foi colocado pode-se perceber que o diagnóstico da dislexia exige
participação de vários profissionais, uma equipe multidisciplinar, abrangendo várias áreas,
como a pedagógica, fonoaudiológica, psicopedagógica, psicológica, neurológica, psiquiátrica,
além da participação da família.
É na escola que geralmente são verificados os casos da dificuldade, portanto cabe ao
professor verificar, pois está em constante acompanhamento dos alunos, onde deverá
observar o desempenho dos mesmos na sala de aula.
Entretanto, é imprenscídivel que os professores atualizem-se constantemente para que
tenham compreensão das dificuldades que poderão vir a surgir no processo ensino-
aprendizagem para que haja comprometimento com os alunos, ajudando-os a superar os
obstáculos encontrados na aprendizagem da leitura e da escrita. Quando um aluno demonstra
contínua dificuldade, deverá ser imediatamente encaminhado aos profissionais especializados,
estes farão averiguações concretas.
Para que seja realizado o diagnóstico correto, é imprescindível verificar se na família
existem casos de dislexia, ou até mesmo, dificuldades de aprendizagem. Verificar se na
história do desenvolvimento da criança ocorreu algum atraso na aquisição da linguagem,
também é o caminho indicado. Também deve-se excluir primeiramente as possibilidades de
outros distúrbios, pois há problemas de origem neurológica , sensorial, emocional e até
dificuldades de aprendizagem por falta de ensino e metodologias adequadas ou em função das
condições sócio-culturais não satisfatórias, que são distintas da dislexia.
Segundo orientações da ABD, o diagnóstico só pode ser feito após a alfabetização,
entre a primeira e segunda série, sendo que algumas escolas alfabetizam precocemente, e a
criança apresenta dificuldades em acompanhar por não ter maturidade neurológica suficiente.
15
adaptar o programa ao disléxico, para que este supere seus limites, na busca de um processo
de aquisição da linguagem, digamos, “mais próximo do normal”.
Podemos dizer com segurança que, obviamente, para tudo existe limite, inclusive
para o aprender. Mas, isto não significa dizer que existam impossibilidades. O
sucesso ou o fracasso em nossa tarefa educacional depende daquilo que nos
propomos a ensinar e dos métodos que empregamos para chegar até lá (ZORZI,
2008, p. 11).
mesmo possa concentrar-se mais; aplicar mais avaliações e com menos conteúdos; adaptar
critérios de avaliação de acordo com a realidade.
É importante também, que a criança saiba de seu problema, e que o professor prepare a
turma para que não haja rejeição ao colega, coibindo de certa forma, o bullying. Um trabalho
de conscientização é sempre válido quando se trata de inclusão.
Encorajar o filho, ajudá-lo e compreendê-lo faz parte do papel pertinente aos pais, bem
como acompanhar sistematicamente a trajetória escolar de seu filhos, estabelecendo uma
relação de troca com a escola e com os profissionais envolvidos no tratamento do indivíduo.
Focalizar o que o filho faz de melhor, incentivá-lo a não desistir, ressaltar os acertos e
habilidades, tranquilizá-lo e valorizá-lo, faz a criança sentir-se com valor e capaz de evoluir.
Para Topczewski (2010), a participação dos familiares auxiliando o desenvolvimento
da leitura é especialmente importante para a criança, pois só o apoio em sala de aula não é
suficiente. Os pais podem assistir a leitura do filho, organizar o tempo da criança para o
estudo e para as tarefas, ler junto com a criança para melhorar a fluência e a percepção.
Toda a criança necessita de apoio e paciência, mais ainda os disléxicos, por terem
baixa autoestima em função de se sentirem menos inteligentes que seus colegas. Porém, é
necessário ter consciência de que bons tratamentos podem amenizar bastante, ou até curar a
dislexia. Muitos disléxicos têm grande sucesso profissional. Existe uma alta porcentagem de
disléxicos entre os grandes artistas, cientistas e executivos. Dentre eles destacam-se: Albert
Einstein (físico), Alexander Graham Bell (cientista e inventor do telefone), Agatha
Christie (autora de mais de 80 livros), Charles Darwin (cientista que criou a Teoria da
Evolução), Leonardo Da Vinci (dono de uma curiosidade enorme, considerado por muitos o
maior gênio da história, cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, escultor,
arquiteto, botânico, poeta, músico, e famoso pintor), Vincent Van Gogh (considerado um
dos maiores pintores de todos os tempos), Walt Disney (produtor cinematográfico, animador,
dublador, empreendedor, criou o Mickey e o Pato Donald), George W. Bush (43° presidente
dos EUA), Pablo Picasso (pintor), e tantos outros (In:
http://www.deficienteciente.com.br/2010/05/lista-de-dislexicos-famosos.html).
Este, digamos, é o lado “positivo” da dislexia: alguns são gênios. A mesma função
mental que produz um gênio pode também produzir o problema da dislexia, segundo Ronald
D. Davis (2004). A função mental que causa a dislexia é um dom, no mais verdadeiro sentido
da palavra, uma habilidade natural, um talento. Alguma coisa especial na dislexia pode
engrandecer o indivíduo. Porém, ter dislexia não faz de todos gênios! Mas é bom saber que
21
mesmo tendo limitações com a escrita e linguagem, os disléxicos podem desenvolver outras
tantas habilidades e destacar-se com elas
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dislexia quando mal identificada e diagnosticada pode trazer sérios e inúmeros
prejuízos ao indivíduo. Ela pode ser identificada desde cedo, principalmente na alfabetização,
quando o contato com a leitura e com a escrita são mais diretos e necessários.
O tema é bastante complexo, pois são inúmeros e particulares aspectos que envolvem
o aluno disléxico. Porém, estudar esta dificuldade da área da linguagem, pode ser considerado
um privilégio, já que acredita-se que a educação significativa e apropriada, é fator essencial
na vida dos disléxicos. Neste processo, é claro, tanto o professor quanto a escola, têm papel
fundamental e decisivo.
Por muito tempo a prática esteve separada da teoria, o que impossibilitou várias
intervenções para que se abrisse um caminho certeiro no objetivo de amenizar os sintomas e
consequências da dislexia. Até pouco tempo atrás não se acreditava em dislexia, achava-se
que as dificuldades eram em razão do emocional, da preguiça, do comportamento inadequado
e até de falta de inteligência, sempre camuflando as reais causas e responsabilidades
escolares. Graças a alguns estudos, hoje se têm uma abordagem científica sobre a dislexia, o
que possibilita o estudo e entendimento da mesma. Com isso, pesquisas e experiências foram
realizadas e passou-se a entender o que acontece com o disléxico. Então, a dislexia deixou de
ser algo inexplicável.
É imprescindível o olhar atento do professor e dos pais ao desenvolvimento da criança.
O professor deve manter-se atualizado e compreender a dislexia, para que ela não passe
despercebida e muito menos, seja vista como um bicho de sete cabeças, mas como uma
dificuldade que exige parceria entre família- escola- equipe multidisciplinar, que exige uma
revisão e modificação nas estratégias e metodologias, e atenção e empenho especial do
professor para com este aluno, para que a aprendizagem tenha êxito, pois sem dúvida, ele
precisa muito mais do que o regime usual de apoio em sala de aula para que possa avançar
diariamente. O educador deverá conduzir o disléxico ao caminho do sucesso, ainda que
algumas medidas importantes estejam, ao nosso olhar, muito distantes de suprir as
necessidades dos disléxicos, o importante é não desistir e investir muito em estudos e
pesquisas nesta área. .
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REFERÊNCIAS
ABD – Associação Brasileira de Dislexia disponível em: http://www.dislexia.org.br/
CONDEMARIM, Mabel e BLOMQUIST, Marlys. Dislexia: manual de leitura corretiva.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
SANTOS, Cacilda Cuba dos. Dislexia específica de evolução. São Paulo: Sarvier, 1987.
Dados do censo demográfico de 2000, disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/
DAVIS, Ronald D & BRAUN, Eldon M. O Dom da Dislexia. O Novo Método
Revolucionário de Correção da Dislexia e de outros Transtornos de aprendizagem. Tradução
de Ana Lima e Garcia Badaró Massad. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
FARREL, Michael. Dislexia e outras dificuldades de aprendizagem específicas: guia do
professor. Trad.: Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2008.
FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada – Abordagem Psicopedagógica Clínica e
Sua Família . Porto Alegre: Artmed, 1991.
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Artes Médicas, 1995.
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http://www.profala.com/arteducesp47.htm. Artigo publicado em dezembro, 2002.
HOUT, Anne Van e ESTIENNE, Françoise. Dislexias: descrição, avaliação, explicação,
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IANHEZ, Maria Eugênia e NICO, Maria Ângela. Nem sempre é o que parece: como
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http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf
LIMA, Elvira Souza. Quando a criança não aprende a ler e a escrever. São Paulo: Editora
Sobradinho, 2002.
LURIA, Alexander Romanovich e YUDOVICH F.I. Linguagem e desenvolvimento
intelectual na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
MARTINS, Vicente. Dislexia em sala de aula. Disponível em:
http://www.profala.com/artdislexia26.htm
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