Artigo 1
Artigo 1
Artigo 1
DOI:10.34117/bjdv6n6-164
RESUMO
A microalga do gênero Chlorella é rica em micronutrientes, possui elevado teor de clorofila,
proteínas, vitaminas, sais minerais e ácidos graxos, sendo considerada GRAS pelo FDA,
podendo, portanto, ser utilizada como alimento sem causar risco à saúde humana. As barras
de cereal são produtos que podem ser elaborados com uma diversidade de ingredientes
nutricionais e funcionais capazes de atender consumidores preocupados com uma vida
saudável. Neste estudo, a Chlorella vulgaris foi utilizada em diferentes concentrações no
desenvolvimento de uma barra de cereal, trazendo inovação na utilização das microalgas no
mercado. A C. vulgaris foi cultivada em meio orgânico e floculada sem adição de reagente
químico, o perfil proteico da biomassa liofilizada foi obtido para estabelecer a quantidade de
biomassa a ser adicionada nas barras, que foram submetidas à análise de composição
centesimal e avaliação sensorial, incluindo atributos de aparência, sabor, textura e impressão
global. O resultado do teor de proteínas da biomassa algal foi de 36,61 %. As barras de cereal
enriquecidas com a Chlorella vulgaris apresentaram valores médios de proteína acima do
encontrado em barra de cereal comercial (4 %), sendo 10,93 % no tratamento com adição de
8 g (T1) e 9,89 % com adição de 2,5 g de biomassa (T2). A formulação em T2 obteve
resultados satisfatórios em todos os aspectos sensoriais avaliados, com índices de
aceitabilidade superiores a 77,78 %, enquanto o T1 apresentou resultados insatisfatórios na
análise sensorial. Deste modo, a adição da microalga C. vulgaris como fonte de proteína, se
apresenta uma alternativa promissora e com caráter inovador na biotecnologia de alimentos.
ABSTRACT
The microalgae of the Chlorella genus is rich in micronutrients, has a high content of
chlorophyll, proteins, vitamins, minerals and fatty acids, being considered GRAS by the FDA,
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761
35195
Brazilian Journal of Development
and can therefore be used as food without causing risk to human health. Cereal bars are
products that can be made with a variety of nutritional and functional ingredients capable of
serving consumers concerned with a healthy life. In this study, Chlorella vulgaris was used in
different concentrations in the development of a cereal bar, bringing innovation in the use of
microalgae on the market. C. vulgaris was grown in an organic medium and flocculated
without the addition of a chemical reagent, the protein profile of the freeze-dried biomass was
obtained to establish the amount of biomass to be added to the bars, which were subjected to
analysis of chemical composition and sensory evaluation, including attributes of appearance,
taste, texture and overall impression. The result of the protein content of the algal biomass was
36.61%. Cereal bars enriched with Chlorella vulgaris showed average protein values above
that found in commercial cereal bars (4%), 10.93% in the treatment with the addition of 8g
(T1) and 9.89% with the addition of 2.5g of biomass (T2). The formulation in T2 obtained
satisfactory results in all the sensory aspects evaluated, with acceptability indexes above
77.78%, while T1 presented unsatisfactory results in the sensorial analysis. Thus, the addition
of microalgae C. vulgaris as a source of protein, presents a promising alternative with an
innovative character in food biotechnology.
1 INTRODUÇÃO
As demandas geradas pelo modo de vida urbano têm exigido alternativas para este
estilo de vida por meio do desenvolvimento de novos alimentos com qualidade sensorial e
nutricional que tragam benefícios à saúde (GARCIA et al., 2003; SILVA et al., 2008).
As barras de cereais atendem a necessidade dos consumidores que optam por uma
alimentação prática e saudável, pois são fontes energéticas, que contém vitaminas, minerais e
fibras (COSTA et al., 2016). As barras alimentícias podem ser fontes de proteína quando
enriquecidas com produtos de origem animal ou vegetal com elevado teor proteico, tais como
soro de leite (whey protein), proteína texturizada de soja e albumina (BAÚ et al., 2010;
FREITAS e MORETTI, 2006).
Uma outra fonte promissora de proteína são as microalgas que podem ser cultivadas
em condições controladas para obter a sua máxima capacidade fotossintética, e agregar valor
nutricional quando adicionada em alimentos (PULZ e GROSS, 2004).
Algumas espécies de microalgas, tais como a Chlorella vulgaris é considerada GRAS
(Generally Recognized As Safe) pelo FDA (Food and Drug Administration), podendo ser
utilizada como alimento sem causar risco à saúde humana. Sendo portanto, uma espécie de
uso atraente na formulação de produtos alimentícios devido seu rico teor de micronutrientes,
clorofila, proteínas, vitaminas, sais minerais e ácidos graxos, além de apresentar efeito
terapêutico em diversas enfermidades (BICUDO e MENEZES, 2010).
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761
35196
Brazilian Journal of Development
As barras alimentícias são um produto obtido a partir da compactação de flocos de
cereais como arroz, aveia, milho e cevada, xarope de glicose, açúcar, edulcorante natural ou
artificial, gordura ou óleo vegetal, frutas secas, sementes oleaginosas, sal e estabilizantes,
podendo ocorrer variação nos ingredientes de acordo com o sabor (SAMPAIO et al., 2004).
Desta forma, essa pesquisa buscou analisar os teores proteicos da Chlorella vulgaris
adicionada em uma barra de cereal, visando criar um produto inovador para o mercado da
agroindústria.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 PREPARO DO MEIO DE CULTIVO
Para o preparo do meio de cultivo foi utilizado o fertilizante orgânico da marca
BIOBIZZ® composto por três fertilizantes, na concentração de 1mL/L. Portanto, para cada
litro de água foi adicionado 0,33 mL do fertilizante 1 (à base de melaço de cana de açúcar),
0,33 mL do fertilizante 2 (extrato de beterraba, aminoácidos e fosforo natural) e 0,33 ml do
fertilizante 3 (extrato de algas).
A eficiência desta concentração foi determinada a partir de teste preliminar realizado
em erlenmeyers de 250 mL. O controle foi mantido com meio de cultivo convencional
sintético (CHU) e no tratamento como meio orgânico foi inserido 225 mL de meio orgânico.
Foi inoculado 25 mL da cepa de microalga C. vulgaris e os frascos foram distribuídos de
maneira casualizada, em tréplica.
O ensaio experimental ocorreu em sala de cultivo com temperatura controlada em 22
± 2 ºC, iluminação de aproximadamente 2.000 LUX e aeração constante realizada por
compressor de ar. A curva de crescimento algal foi determinada a partir da contagem de células
a cada 48 horas, utilizando câmara de Neubauer, microscópio e contador unitário manual,
durante 12 dias.
2.3 FLOCULAÇÃO
A floculação ocorreu com uso de sementes de Moringa fornecidas pelo Laboratório de
Nutrição Animal da Escola Agrícola de Jundiaí. As sementes foram secadas ao sol, maceradas
e trituradas em liquidificador, até obter um pó. A Moringa foi utilizada em concentração de 1
g/L e adicionada aos frascos de 8 L contendo microalga no início da fase estacionária e
mantido pH entre 7,0 e 9,0. Um Jar test foi utilizado para manter a agitação constante da
solução durante 1 minuto em uma frequência de 120 rpm e 13 minutos em uma frequência de
30 rpm (TEXEIRA, 2012). Após esta etapa, os baldes ficaram em repouso durante 24 horas
para que ocorresse a sedimentação dos flocos formados e retirada do sobrenadante, com
auxílio de uma mangueira através do processo de flotação. A biomassa concentrada de
microalga foi armazenada em sacos plásticos e congelada (Figura 1).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CRESCIMENTO CELULAR EM MEIO BIOBIZZ®
A curva de crescimento algal demonstrou vantagem do uso do meio orgânico
BIOBIZZ® em relação ao meio convencional CHU. Vera et al. (2004) reporta que o meio
CHU ocasionou uma baixa biomassa e coloração pálida da Chlorella vulgaris CHU devido à
insuficiente concentração de fósforo, nitrogênio e magnésio necessários na formação de
clorofila a. Estudos têm demonstrado que o uso de meios orgânicos gera densidades celulares
altas (Granados-Machuca e BuckleRamÌrez, 1984; Faria et al., 2001).
T2
Provavelmente não
compraria
Talvez comprasse/ não
comprasse
Provavelmente compraria
Certamente compraria
4 CONCLUSÕES
A adição da biomassa liofilizada de Chlorella proporcionou enriquecimento proteico
das barras produzidas e a barra com 2,5 g de biomassa (Formulação T2) obteve 9,89 % de
proteína bruta, teor superior aos produtos encontrados no mercado (apresentam em média 4 %
de proteína), apresentou boa aceitação sensorial e os avaliadores indicaram interesse em
adquirir o produto, caso a barra de cereal estivesse à venda. Porém, o maior teor adicionado
da microalga (22 %), apresentou menor preferência sensorial nas características visuais.
Assim, o enriquecimento proteico em barras de cereal por meio da adição da microalga
C. vulgaris como fonte de proteína, se apresenta como promissora e com caráter inovador na
biotecnologia de alimentos.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
BAÚ, T.R.; CUNHA, M.A.A.; CELLA, S.M.; OLIVEIRA, A.L.J.; ANDRADE, J.T. Barra
alimentícia com elevado valor proteico: formulação, caracterização e avaliação
sensorial. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, Paraná, v. 4, n. 1, p. 42-51,
2010.
BICUDO, C.E.M., & MENEZES, M. Introdução: As algas do Brasil. In: FORZZA, R.C.(Org).
Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Andrea Jakobsson Estúdio: Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
2010. Vol. 1.
BRASIL, Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005, Agência Nacional De Vigilância
Sanitária - Anvisa; Aprova O "Regulamento Técnico Para Produtos De Cereais, Amidos,
Farinhas E Farelos", Diário Oficial da União, Brasília (DF), de 23 de setembro de 2005.
BRASIL. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução RDC nº12, de 02
de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre Padrões microbiológicos para
alimentos. Diário Oficial da união, Brasilia –DF.
FARIA, A.C.E.A.; HAYASHI, C.; SOARES C.; FURUYA, W.M. Dinâmica da comunidade
fitoplanctônica e variáveis físicas e químicas em tanques experimentais submetidos a
diferentes adubações orgânicas. Acta Sci Biol Sci 2001; 23: 291-297.
PULZ O., GROSS W. 2004. Valuable products from biotechnology of microalgae. Appl
Microbiol Biotechnol 65:635-48.