Tese - Prevenção Do Uso-Abuso de Álcool Nos Adolescentes
Tese - Prevenção Do Uso-Abuso de Álcool Nos Adolescentes
Tese - Prevenção Do Uso-Abuso de Álcool Nos Adolescentes
Doutoramento em Enfermagem
2009
Ao meu filho Filipe, o Sol da minha vida.
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que de forma directa ou indirecta contribuíram para a realização deste
trabalho apresento o meu reconhecimento e gratidão.
Ao Professor Manuel Gameiro, pelo rigor e clareza no apoio na análise estatística dos
dados.
A todos os estudantes da Escola Dr.ª Maria Alice Gouveia e Martim de Freitas que
participaram no estudo.
Aos professores da Escola Dr.ª Maria Alice Gouveia, em particular ao Dr. João Gaspar e à
Dr.ª Margarida Girão, pelo acolhimento e disponibilidade proporcionados ao longo de todo o
processo, e aos responsáveis da Área Projecto que colaboraram no desenvolvimento do
programa PpP: Dr.ª Natividade Cruz, Dr.ª Adília Cunha, Dr.ª Adelaide Almeida, Dr.ª Amália
Freitas, Dr.ª Maria João Leitão e Dr.ª Maria dos Anjos Abreu.
Aos profissionais do Centro de Saúde Norton de Matos: Dr.ª Conceição Milheiro, Enf.º
Fernando Carvalho e à Dr.ª Conceição Moura pela colaboração na implementação do
programa PpP.
Aos peritos: Professora Doutora Aida Mendes, Professor Doutor António Barbosa, Professor
Doutor Manuel Rodrigues, Dr.ª Ana Feijão, Dr.ª Alexandra Almeida, Professora Doutora
Providência Marinheiro, Dr. João Breda, Enf.º Fernando Carvalho, Dr.ª Conceição Moura,
Dr.ª Sandra Barroso e Dr.ª Natividade Cruz pelos contributos na construção e acompanha-
mento do programa PpP.
Às minhas amigas Rosália, Paula e Isabel pela disponibilidade incondicional ao longo deste
caminho.
Ao meu filho Filipe e aos meus sobrinhos, Cátia, João e Francisca, pela “magia”, energia e
alegria.
As evidências revelam que o consumo de álcool tem o seu início em idades precoces e
aumenta com a idade, problemática complexa que pode comprometer o desenvolvimento
actual e futuro do indivíduo. Neste quadro, a prevenção do uso/abuso de álcool nos
adolescentes constitui um importante desafio para todos os implicados no seu desenvol-
vimento.
Neste sentido, o presente trabalho foi desenvolvido com os seguintes objectivos: analisar o
fenómeno do consumo de álcool nos estudantes do 3º ciclo; adaptar a Escala de
Expectativas Positivas acerca do Álcool (EEPaA/AEQ-A) e avaliar as qualidades
psicométricas do Questionário de Aptidões Sociais (QAAS/SSRS); construir o programa de
intervenção “Parar para Pensar” (PpP) e avaliar o seu efeito na prevenção do uso/abuso de
bebidas alcoólicas dos adolescentes do 7º ano de escolaridade.
Realizaram-se dois estudos prévios: estudo descritivo-correlacional (n = 654 adolescentes);
tradução e adaptação do EEPaA/AEQ-A e avaliação psicométrica do QAAS/SSRS. E um
estudo quasi-experimental, com grupo experimental (n = 70) sujeito à intervenção PpP e
grupo de controlo (n = 108) sem intervenção.
Os resultados indicam que os adolescentes com experiências de consumo destacaram-se
nas expectativas positivas acerca do álcool e na percepção do consumo elevado dos pares
(p<.05). A EEPaA/EQ-A adaptada inclui 4 factores e α = .94; o QAAS/SSRS apresentou um
α = .84. Relativamente aos efeitos do PpP os resultados sugerem a evolução positiva dos
conhecimentos, expectativas acerca do álcool, percepção do consumo e ocorrência de
embriaguez nos pares, frequência do consumo e ocorrência de episódios de embriaguez
(p<.05).
O PpP mostrou ser útil como EpS, pela sua eficácia na estabilização dos consumos de
álcool, no aumento dos conhecimentos, na estabilização das expectativas positivas e na
percepção do consumo pelos pares. A ausência de efeito nas aptidões sociais impõe a
reflexão acerca dos conteúdos e metodologias de intervenção neste domínio.
The evidence indicates that alcohol use begins early in life and increases with age. This is a
complex issue which may compromise the current and future development of the individual.
For this reason, the prevention of alcohol use/abuse in adolescents represents a major
challenge for all people involved in their development.
Therefore, the present study aimed to analyse the phenomenon of alcohol use among 7th,
8th and 9th grade students; adapt the Alcohol Expectancy Questionnaire – Adolescent
(AEQ-A) and evaluate the psychometric properties of the Social Skills Rating System
(SSRS); conceive and develop the intervention program named Parar para Pensar (PpP –
Stop to Think) and to evaluate its efficacy on the prevention of alcohol use/abuse among 7th
grade students.
Two previous studies were conducted: a correlational study (654 adolescents); translation
and adaptation of the AEQ-A and psychometric evaluation of the SSRS. A quasi-experi-
mental study with two independent adolescents groups, the experimental group (n = 70) and
the control group (n = 108).
The results indicate that adolescents with drinking experiences had higher positive
expectations about alcohol and perception of high peer consumption (p<.05). The adapted
AEQ-A includes 4 factors and α = .94; the SSRS showed α = .84. The PpP produced positive
influence in knowledge, expectations about alcohol, perception of peer alcohol use and
intoxication episodes, frequency of consumption and occurrence of intoxication (p<.05).
In conclusion we can say that the PpP is a useful health education intervention due to its
efficacy in stabilizing alcohol consumption, increasing knowledge, stabilizing the positive
expectations and the perception of peer alcohol use. However, the lack of positive influence
in the social skills requires a reflection on some of this intervention program contents and
methods.
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
Instrumentos de medida utilizados no Estudo 1
Anexo 1: Questionário de Caracterização
Anexo 2: Questionário de Avaliação de Conhecimentos acerca do Álcool (QCaA)
Anexo 3: Questionário de Expectativas Acerca do Álcool (Alcohol Expectancy Question-
naire – Adolescent Form/ AEQ-A de Goldman et al., 1982)
Anexo 4: Questionário de Avaliação de Aptidões Sociais (QAAS/SSRS – versão para
alunos, adaptado por Pedro e Albuquerque, 2006)
Pedidos de autorização para a realização do trabalho de campo do Estudo 1
Anexo 5: Autorizações institucionais
Anexo 6: Formas dos termos de consentimento livre e esclarecido dos encarregados de
educação e dos participantes
Instrumentos de medida utilizados no Estudo Quasi-Experimental
Anexo 7: Questionário 1ª Parte – Questionário de Avaliação de Aptidões Sociais
(QAAS/SSRS – versão para alunos, adaptado por Pedro e Albuquerque,
2006) e Escala de Expectativas Positivas acerca do Álcool (EEPaA/AEQ-A de
Goldman et al., 1982 adaptada por Barroso et al., 2006)
Sumário 13
APÊNDICE
Apêndice: Programa de Intervenção “Parar para Pensar”
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
1
Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependências.
2
Actualmente Unidade de Alcoologia depois da integração no Instituto da Droga e Toxicodependência
(IDT).
Introdução 22
Entende-se por droga “toda a substância que introduzida num organismo vivo, pode
modificar uma ou mais funções deste” e por droga de abuso “qualquer substância tomada
através de qualquer via de administração que altere o estado de ânimo, o nível de
percepção e o funcionamento cerebral” (Schuckit, 2000, p. 4).
O termo “substância” pode referir-se a uma droga de abuso, a um medicamento ou a
um tóxico (APA, 2002), assim ao longo desta tese, utilizar-se-á aquela designação para
nomear o álcool e as “drogas” de uma forma geral.
As diversas classificações das substâncias qualificam o álcool como uma substância
psicotrópica perturbadora do Sistema Nervoso Central (Rosa, 1994; Schuckit, 2000; APA,
2002). O álcool atravessa facilmente as membranas das paredes do estômago (solúvel na
água e no meio lipídico), pelo que é rapidamente absorvido e distribuído através do sistema
circulatório a todos os órgãos e tecidos. Como o álcool tem preferência pelos meios com
água, rapidamente chega ao cérebro (Hunt, 1993). O álcool das bebidas alcoólicas (álcool
etílico ou etanol) pertence à família farmacológica dos depressores do sistema nervoso
central, contudo produz efeitos centrais bifásicos característicos: em baixas doses causa
euforia e agitação (curva ascendente), com o aumento das doses e consequente subida de
alcoolemia no sangue ocorre um aumento da sedação (curva descendente). O etanol age
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 28
3
O álcool, embora sendo uma substância psicoactiva, tem a particularidade de ser uma substância de
fabrico, comercialização e consumo legal pelo que é possível considerar o seu consumo.
4
Termo consumo de baixo risco que tem vindo a substituir o termo consumo moderado, visto que este
se mostra um termo ambíguo e difícil de definir (Anderson e Baumberg, 2006).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 29
5
“is defined as a maladaptative pattern of use indicated by continued use despite knowledge of having a
persistent or recurrent social, occupational, psychological or physical problem that is caused or exacerbated by
the use (or by) recurrent use in situations in which it is physically hazardous” (DSM III). It is a residual category,
with dependence taking precedence when applicable. The term “abuse” is sometimes used disapprovingly to refer
to any use at all, particularly of illicit drugs. Because this ambiguity, the term is not used in ICD-10 (except in the
case of non-dependence-producing substances); harmful use and hazardous use are equivalent terms in WHO
usage, although they usually relate only to effects on health and not to social consequences. “Abuse” is also
discouraged by the Office of Substance Abuse Prevention (OSAP now CSAP – Centre for Substance Abuse
Prevention) in the USA, although terms such as “substance abuse” remain in wide use in North America to refer
generally to problems of psychoactive substance use” (Lexicon of alcohol and drugs terms published by the WHO
n http://who-int/substance_abuse/terminiology/who_lexicon/en/print.html).
6
“hazardous use - the term used currently by the WHO but is not a diagnostic term in ICD-10..” (Lexicon
of alcohol and drugs terms published by WHO in http://who-int/substance_abuse/terminiology/who_lexicon/en/
print.html).
7
“harmful use - the term was introduced in ICD-10 and supplanted “non-dependence-use” as a diagnos-
tic term. The closest equivalent in other diagnostic systems (e.g. DSM III R) is substance abuse, which usually
includes social consequences” (Lexicon of alcohol and drugs terms published by the WHO in http://who-
int/substance_abuse/terminiology/who_lexicon/en/print.html).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 30
maioria das pessoas com dependência alcoólica, ao fim de 10 anos depois do primeiro
consumo (Wagner e Anthony, 2002), pelo que as formas de dependência alcoólica severas
são raras antes dos 30 anos de idade (Coulthard et al., 2002, Cit. por Anderson e
Baumberg, 2006).
Alguns estudos indicam que o risco de desenvolvimento dos problemas relacionados
com o álcool aumenta com o consumo superior a 20g/dia (Babor e Higgins-Biddle, 2001).
Neste sentido, considera-se o consumo de baixo risco8 aquele que não ultrapassa o referido
limite.
Porém, o consumo de álcool em determinados contextos individuais e/ou situacio-
nais, como por exemplo: condução, actividade laboral, gravidez, amamentação, infância,
adolescência, entre outras condições específicas, é entendido como um consumo indevido e
contraindicado.
Os estudos têm demonstrado que o álcool, mesmo em doses baixas, tem efeitos no
funcionamento cognitivo e motor que devem ser considerados como factores de risco
relevantes para a ocorrência de acidentes. A dose mínima a partir da qual já se verificam
efeitos negativos a nível psico-motor, nomeadamente no tempo de reacção, no
processamento cognitivo e na coordenação e vigília, é entre os valores de .15 g/l a .50 g/l
(Eckhardt et al., 1998; Mello et al., 2001; Krüger et al., 1993 Cit. por Rehm et al., 2004;
Moskowitz e Robison, 1988 Cit. por WHO, 2004b).
Neste contexto, a análise da quantidade de álcool consumida pelos indivíduos é
considerada uma importante medida de avaliação do risco associado ao seu consumo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera três níveis de risco associados à quanti-
dade de álcool consumida por dia, que se apresentam no quadro que se segue.
8
Até 2 unidades de bebida/dia para o homem e até 1 unidade/dia para a mulher e não beber pelo
menos dois dias por semana (Babor e Higgins-Biddle, 2001). Embora as bebidas alcoólicas tenham diferentes
graduações, os copos onde habitualmente são servidas as diferentes bebidas têm quantidade idêntica de álcool,
o que corresponde a uma unidade bebida padrão que varia entre 8 a 12 g de álcool puro. A quantidade de álcool
por copo padronizado de vinho (+/- 12º), cerveja (+/- 6º) e destiladas (a +/-40º) é idêntica, podendo beber-se a
mesma quantidade de álcool ingerindo bebidas diferentes (http://www.cras.min-saude.pt/Brochura.pdf). Contudo,
salienta-se que as bebidas padrão diferem de país para país e variam ao longo do tempo.
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 31
Consumo de álcool
(g/álcool/dia)
Homem Mulher
Abstinente 0 0
Nível I > 0-40g > 0-20g
Nível II > 40-60g > 20-40g
Nível III > 60g > 40g
Adaptado de Rehm et al. (2004)
respostas fisiológicas e psicológicas, podendo evoluir para o coma e/ou morte (APA, 2002;
Mello et al., 2001).
Quanto à tolerância, entende-se como um estado de adaptação caracterizado pela
diminuição da resposta às mesmas quantidades de substância ou pela necessidade de
doses cada vez maiores para atingir o efeito desejado. Assim, há indivíduos que consomem
diariamente grandes quantidades de álcool, cuja quantidade produziria sintomas de
toxicidade grave e até mortal em indivíduos que não consomem habitualmente, pois não
desenvolveram tolerância ao álcool (APA, 2002). O grau de desenvolvimento de tolerância
varia muito em função das diversas substâncias e há que distinguir a tolerância da
variabilidade individual na sensibilidade inicial aos efeitos das substâncias (Schuckit, 1994;
APA, 2002; Schuckit e Smith, 2001).
No que concerne à variabilidade individual, esta pode verificar-se logo no primeiro
consumo de álcool, em que há indivíduos que apresentam poucos efeitos de intoxicação
mesmo com três ou quatro bebidas enquanto que outros, com o mesmo peso e história
clínica semelhante, podem apresentar descoordenação e empastamento do discurso (APA,
2002).
Alguns estudos indicam que o baixo grau de deterioração comportamental sobre a
influência do álcool é um preditor de futuros problemas de abuso e dependência de álcool
(Schuckit, 1994; Schuckit e Smith, 2001). A enzima Acetaldeído-Desidrogenase (ALDH) é de
extrema importância na decomposição do etanol (Li, 1977 Cit. por Hawkins et al., 1992), as
pessoas com défices ao nível desta enzima bebem menos e têm menos probabilidade de
desenvolver dependência alcoólica (Harada et al., 1983 Cit. por Hawkins et al., 1992).
Assim, a baixa vulnerabilidade ao álcool deve ser reconhecida como um importante factor no
desenvolvimento de consumos nocivos e de dependência (Schuckit, 1994; Schuckit e Smith,
2001).
Um outro aspecto a ter em consideração na análise desta problemática, são os
padrões de consumo de álcool, isto é a quantidade de álcool consumida, uma vez que o
impacto causado pelo álcool depende grandemente, para além do consumo per capita, dos
padrões de consumo (Midanik e Room, 1992; Rehm et al., 2003; WHO, 2004b).
O aparecimento de novos tipos de bebidas com graduações alcoólicas elevadas e as
novas formas de beber com consumos massivos de álcool têm implicações práticas impor-
tantes ao nível da ocorrência e da intensificação dos problemas associados ao consumo
de álcool.
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 33
Por exemplo, o consumo dos denominados shots9, que são uma forma de cocktails
compostos por bebidas destiladas com elevada graduação alcoólica, é de facto um
verdadeiro “tiro” de álcool. O consumo rápido e sucessivo deste tipo de bebidas, leva a que
rapidamente se atinjam taxas de alcoolemia elevadas, conduzindo à embriaguez (intoxi-
cação aguda) com implicações imediatas, nomeadamente deterioração da capacidade de
raciocínio, da tomada de decisões e da capacidade de autocontrolo do comportamento, em
particular perda do controlo da desinibição e alteração do sentido crítico que são preditores
de comportamentos de risco. E ainda a progressão para o estado de obnibulação da
consciência, podendo rapidamente evoluir para o coma e até a morte (Eckhardt et al., 1998;
Mello et al., 2001; WHO, 2004b).
Também as bebidas alcoólicas açucaradas, conhecidas por Alcopops são outro tipo
de bebidas que pelo seu sabor “agradável” e doce, disfarçando a presença de álcool,
tornam-se bebidas apelativas para os mais novos, mesmo sem idade legal para o seu
consumo, e constituem uma ponte de iniciação para a utilização de outro tipo de bebidas de
teor alcoólico mais elevado, nomeadamente as bebidas destiladas (WHO, 2004a).
As substâncias – álcool e “drogas” – integram diferentes significados e valores, estas
diferenças, são também reflexo, das normas legais e socioculturais. No nosso país, o álcool
é uma substância “proibida” até aos 16 anos de idade e, em sintonia com a permissividade
da lei10, está a tolerância social ao seu consumo, pelo que a maioria dos jovens inicia o
consumo de álcool abaixo da idade mínima legal (Breda, 1996; Matos et al., 2000; Barroso,
2000; Matos et al., 2003; Barroso, 2003).
Neste quadro, o planeamento dos programas de prevenção não pode ser alheio às
diferenças entre as substâncias, nomeadamente no potencial de dependência, na acessibi-
lidade, nas representações sociais e, ainda, na idade de início de consumo. Assim sendo,
será que os programas de prevenção do uso/abuso de substâncias devem integrar em
simultâneo todas as substâncias? Esta é uma questão crucial que será retomada poste-
riormente.
9
Tradução à letra de inglês para português é «tiro».
10
Na maioria dos países europeus, a idade mínima legal do consumo de álcool é aos 18 anos de idade;
nos EU é aos 21 anos.
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 34
O termo determinante da saúde diz respeito aos factores que podem condicionar ou
determinar a saúde. A adopção desta terminologia está muito relacionada com a comple-
xidade dos problemas de saúde e a dificuldade em estabelecer relações lineares de
causa/efeito.
Os determinantes da saúde formam complexas redes de interacções, em que muitos
problemas de saúde partilham os mesmos determinantes. O álcool é um dos principais
determinantes de saúde responsável por 7.4% de todas as incapacidades e mortes prema-
turas na União Europeia (Anderson e Baumberg, 2006). A prevalência das perturbações
devidas ao uso de álcool (uso patológico e dependência) em adultos foi estimada em cerca
de 1.7% em todo o mundo, sendo as taxas de 2.8% para o género masculino e .5% para o
género feminino (CBD11 2000 Cit. por OMS, 2002).
Ao medir o impacto do álcool através dos Anos de Vida Ajustados à Incapacidade
(DALYs12), este corresponde ao terceiro entre os vinte e seis factores de risco de doença na
UE (Anderson e Baumberg, 2006). O álcool é responsável por cerca de 60 tipos diferentes
de doenças e problemas, incluindo perturbações mentais e comportamentais, gastroin-
testinais, neoplásicas, cardiovasculares, imunológicas, reprodutivas e danos pré-natais,
entre outras (Ramstedt, 2000; Leifman et al., 2002; Rehm et al., 2003; Rehm et al., 2004;
Anderson e Baumberg, 2006).
O consumo de álcool, em níveis nocivos, é igualmente responsável por conse-
quências sociais graves, nomeadamente violência, crimes, problemas familiares, exclusão
social; também é a causa de 60.000 nascimentos com baixo peso e estima-se que entre
cinco a nove milhões de crianças vivem em famílias com problemas graves ligados ao álcool
(Anderson e Baumberg, 2006).
No que se refere à mortalidade, o álcool é também responsável por cerca de 195.000
mortes por ano na UE. A percentagem de mortes atribuíveis ao álcool é maior nas idades
compreendidas entre os 15 e os 29 anos e é mais elevada no género masculino (cerca de
25 a 30% do número total de mortes) do que no género feminino (cerca de 10 a 15%
número total de mortes) (Ramstedt, 2000, Leifman et al., 2002; Anderson e Baumberg,
2006). O álcool está frequentemente envolvido em mortes violentas, nomeadamente os
acidentes rodoviários (cerca de 17.000 mortes por ano, 1 em cada 3 de acidentes fatais),
11
Global Burden of Disease.
12
Disability Adjusted Life Years lost, esta medida combina a mortalidade em termos de anos de vida
perdidos (Years Life Lost) devido a morte prematura, e a morbilidade em termos de anos de vida vividos com
incapacidade (Years Life Disability) (WHO, 2007b).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 35
13
“A cross sectional study design was used to collect information from 5410 participating patients
admitted to hospital emergency departments” Argentina, Belarus, Brazil, Canada, China, Czech Republic, India,
Mexico, Mozambique, New Zealand, South África, Sweden” (WHO; 2007a: 5).
14
“Injuries may be divided into two categories: unintentional injuries, including road traffic injuries,
drowning, burns, poisoning and falls; and intentional injuries, which result from deliberate acts of violence against
oneself or others” (WHO, 2007a: 1)
15
Gross Domestic Product, o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 36
consumo, não mais de 20 a 24/g de álcool por dia o equivalente a duas bebidas por dia em
adultos saudáveis (Midanik e Room, 1992; Moskalewicz, 1997; Single et al., 1999; Corrao
et al., 2000; Poikolainen et al., 2005). Assim, a aclamação do álcool como cardioprotector
deve ser cautelosa. Em função da evidência, as estratégias mais promissoras para a
melhoria da saúde pública continuam a ser as que apresentam como meta a redução do
consumo de álcool (Norström, 2001).
A relação entre o consumo de álcool, as variáveis mediadoras e as consequências
relacionadas com o consumo de álcool estão de uma forma clara e concisa representados
no diagrama que se segue.
O álcool é uma substância de uso comum na maioria das regiões do mundo, contudo
a Europa, com um consumo de 11 litros de álcool per capita por ano, é a região com os
consumos de álcool mais elevados (Anderson e Baumberg, 2006). Apesar da União
Europeia ter vindo a apresentar um declínio desde a década de 70, este foi acompanhado
por um aumento dos padrões de consumo nocivo, como o consumo excessivo na mesma
ocasião (binge drinking16) e o consumo por menores de idade com padrões de consumo
perigosos (Anderson e Baumberg, 2006; DHS, 2008).
Embora 266 milhões de adultos apresentem um consumo diário dentro das doses
consideradas de baixo risco (20 g para a mulher e 40 g para o homem), mais de 58 milhões
de adultos (15%) consomem acima daqueles valores; destes, 20 milhões (6%) consomem
acima de 40 g (mulheres) ou 60 g (homens) por dia. Tendo em conta estes padrões de
consumo estima-se que 23 milhões de europeus (5% de homens e 1% de mulheres)
venham a ser dependentes de álcool em determinado ano (Anderson e Baumberg, 2006).
Na Europa, cerca de 80 milhões de indivíduos com mais de 15 anos de idade (1/5
população adulta da EU) apresentaram no ano de 2006 consumo excessivo na mesma
ocasião de consumo de álcool, pelo menos uma vez por semana, proporção que aumentou
desde 2003 neste grupo populacional da EU 1517. Cerca de 25 milhões de europeus com
mais de 15 anos de idade (1 em cada 15) referem que esta tipologia de consumo foi o seu
padrão habitual no último mês (DHS, 2008). Segundo o Global Status Report on Alcohol,
Portugal apresentava em 2003 um consumo per capita de álcool puro de 9.6 litros, estando
no oitavo lugar do topo da lista dos maiores consumidores do mundo (WDT, 2005). Os
portugueses apresentam um consumo per capita quase 4 vezes superior ao nível que se
considera ter impactos negativos na saúde (o consumo de 3 litros per capita) e muito acima
da meta para 2015 preconizada pela OMS: diminuir o consumo de álcool a 6 litros per capita
16
Definido como o consumo de cinco ou mais bebidas numa única ocasião (DHS, 2008). Na ausência
de uma denominação mais adequada em português optou-se pela designação de consumo excessivo na mesma
ocasião. Todavia o termo “binge drinking” é considerado por muitos investigadores como um termo inadequado e
perigoso por potencializar a criação de uma “norma” junto dos próprios adolescentes e jovens, sugerindo a
utilização do termo “hazardous drinking” (consumo perigoso), por ser mais preciso e mais inclusivo (Vicary e
Karshin, 2002: 300). A definição deste termo segundo o lexico da WHO apresenta outra conotação: “pattern of
heavy drinking that occurs in an extended period set aside for the purpose. In population surveys, the period is
usually defined as more than on thay of drinking at a time. The terms “bout drinking” and “spree drinking” are also
used for the activity, and “drinking about” for the occasion. A binge drinker or bout drinker is one who drinks
predominantly in this fashion, often with intervening periods of abstinence.” (Lexicon of alcohol and drugs terms
published by the WHO in http://whoint/substance_abuse/terminiology/who_lexicon/en/print.html).
17
Estudo relativo à Europa dos 15 (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia,
Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 38
por ano para a população de 15 ou mais anos e reduzir o consumo de álcool na população
de 15 ou menos anos até ao limiar de 0% (WHO, 1999).
Conforme os Inquéritos Nacionais de Saúde de 1996/1999, no ano de 1999,
verificou-se uma descida na percentagem de consumidores no Continente, em contrapartida
e contrariando esta descida verificou-se um aumento dos consumidores do género
masculino, na faixa etária dos 15 aos 17 anos e um aumento importante nos consumidores
do género feminino no Alentejo, na faixa etária dos 15 os 54 anos de idade. A prevalência
do consumo de álcool apresenta uma variação regional e em função do género. O consumo
é mais elevado na Região Norte e os homens bebem mais que as mulheres. Utilizando o
volume e a frequência do consumo declarado na semana anterior à entrevista, estima-se
que o consumo médio diário de álcool em grama por consumidor seja de 47.3 g para os
homens e de 17.1 g para as mulheres (Ministério da Saúde, 2004).
Quanto às bebidas de eleição e aos padrões de consumo, constatou-se um aumento
significativo no consumo de cerveja e de bebidas destiladas, predominando, entre os 15 e
os 24 anos, o consumo de cerveja e de bebidas destiladas fora das refeições, 2 a 3 vezes
por semana e em grande quantidade, no âmbito recreativo e de diversão nocturna, com
consequências relacionadas com o consumo agudo (Ministério da Saúde, 2004).
Segundo o Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas na
População Portuguesa (INCSPPP)18, entre 2001 e 2007, foi identificado um aumento da
prevalência do consumo de álcool: ao longo da vida, de 75% para 79.1%; no último ano, de
65.9% para 70.6%; no último mês, 59.1% para 59.6%, para todos os grupos etários (Balsa
et al., 2008).
Apenas 20.7% dos portugueses nunca beberam e 28.9% bebe regularmente bebidas
alcoólicas. Em relação ao consumo excessivo na mesma ocasião, 41.6% já bebeu 6 ou mais
bebidas alcoólicas na mesma ocasião; 8.1% bebem 2 ou mais vezes por mês; 1.8% conso-
mem 4 ou mais vezes por semana e 1.3% diariamente. No que concerne à ocorrência de
embriaguez: 20.7% embriagaram-se no último ano e 1.8% referem a ocorrência de mais de
10 episódios de embriaguez (Balsa et al., 2008).
18
O II Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas na População Portuguesa, 2007
abrangeu a população nacional residente no continente e nas ilhas, com idades compreendidas entre os 15 e os
64 anos de idade (N = 15 000). Estudo a cargo do IDT e conduzido pelo Professor Casimiro Balsa do
Departamento de Investigações Sociológicas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa.
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 39
Início do consumo
19
“Consumo regular de álcool, considerado como o consumo de qualquer tipo de bebidas alcoólicas
pelo menos todas as semanas” (Matos et al., 2003:501).
20
National Longitudinal Alcohol Epidemiological Survey (N = 27 616 indivíduos).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 41
(Chen e Kandel21, 1995; Young et al.22, 2002); e, embora os distúrbios relacionados com o
uso de substâncias sejam pouco comuns neste grupo etário, há estudos que indicam que 1
em cada 3 adolescentes preencheram os critérios de abuso e 1 em 5 preencheram os
requisitos de dependência (Young et al., 2002).
Padrões de Consumo
Segundo um inquérito Europeu23, em 2003, 23% dos rapazes dos 15-16 anos de
idade referem ocorrência de consumo excessivo na mesma ocasião pelo menos 3 vezes
nos últimos 30 dias, sendo que a frequência de ocorrência deste comportamento aumenta à
medida que aumenta a idade; entre os 15 e os 24 anos, 24% referem esta ocorrência pelo
menos uma vez por semana. A média de álcool consumida, na última ocasião de consumo,
entre os adolescentes europeus com 15-16 anos de idade é de 6 bebidas, cerca de 60 g de
álcool e 1 em cada 6 adolescentes (18%) nesta idade referem consumo excessivo na
mesma ocasião, três ou mais vezes no último mês (ESPAD, 2004; DHS, 2008).
Na última década, verificou-se um aumento por toda a Europa daquela tipologia de
consumo entre os adolescentes dos 15 aos 16 anos de idade (DHS, 2008). A média de
idades referentes à ocorrência de embriaguez é para os rapazes aos 13.6 anos e para as
raparigas aos 13.9 (European Commission, 2006).
Em Portugal, embora a maioria dos adolescentes apresente um consumo ocasional24
de bebidas alcoólicas, cerca de um quarto dos adolescentes refere ocorrência de
embriaguez e esta vai aumentando com a idade, tendo-se registado um aumento significa-
tivo na sua ocorrência, de 1998 para 2002 (Matos et al., 2003).
No Canadá, os resultados do Addiction Research Foundation´s Ontario Student Drug
Use Survey (OSDUS)25 indicam que 75% dos estudantes já consumiram bebidas alcoólicas,
tendo 60% consumido álcool no último ano. Cerca de 40% dos que já consumiram referiram
ocorrência de embriaguez e consumo excessivo na mesma ocasião (pelo menos 5 bebidas)
(Paglia e Room, 1999).
21
Os resultados apresentados por Chen e Kandel (1995) são baseados num estudo conduzido desde
1971, com três follow-up (1980; 1984; 1990). O coorte (N = 1160) representa adolescentes do 10º e 11º ano de
escolaridade de uma escola secundária estatal de Nova York.
22
N = 3072 adolescentes dos 12 aos 18 anos de idade, Colorado.
23
European School Survey on Alcohol and Other Drug Use Among Students in 35 European Countries
(Inquérito Europeu sobre o consumo de álcool e outras drogas), utilizando amostras nacionalmente represen-
tativas de estudantes (15-16 anos). http://www.espad.org/reports.asp As grandes mais valias deste estudo são,
por um lado a obtenção de uma visão global do desenvolvimento do fenómeno do consumo a nível europeu, e
por outro, a possibilidade de estabelecer comparações entre os países.
24
“Consumo ocasional de álcool, considerado aqui como consumo de qualquer tipo de bebidas
alcoólicas, raramente ou todos os meses” (Matos et al., 2003:503).
25
Inquérito conduzido bienalmente nas escolas de Ontário, desde 1997, aos estudantes do 7º,9º, 11º e
13º ano de escolaridade.
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 42
Nos Estados Unidos, os estudos realizados pelo Harvard School of Public Health
College Alcohol Study (CAS26), revelam que cerca de 19% dos estudantes não consomem
bebidas alcoólicas, 23% apresentam consumos excessivos na mesma ocasião (5 ou mais
bebidas) com frequência e este padrão de consumo tem vindo a aumentar significativa-
mente nos últimos anos. Mostram ainda que relativamente à tipologia do consumo, uma
percentagem elevada de estudantes refere ter consumido bebidas alcoólicas no último mês,
10 ou mais vezes (30.7% rapazes, 16.5% raparigas); quando bebem bebidas alcoólicas
fazem-no de forma excessiva (47.3% rapazes, 42.6% raparigas); bebem com o objectivo de
se embriagarem (54.4% rapazes, 42.7% raparigas); ocorrência de três ou mais episódios de
embriaguez no mês anterior (35.9% rapazes, 24.8% raparigas) (Wechsler et al., 2000).
Alguns estudos norte americanos reforçam os dados já apresentados. O consumo
excessivo de álcool na mesma ocasião, habitualmente tem o seu início entre os 13 e os 15
anos de idade e o período de risco para o consumo regular de álcool é aos 19 anos de idade
(Paglia e Room, 1999), sendo a adolescência, para a maioria dos indivíduos, a fase de
maiores consumos (Chen e Kandel, 1995; Fromme et al., 1994; Vicary e Karshin, 2002).
São padrões de consumo que têm implicações relevantes na saúde actual e futura
dos adolescentes. Os consumidores excessivos de álcool, mesmo quando ocasionais, têm 5
vezes mais probabilidades de se envolverem em problemas relacionados com o álcool, tais
como faltar às aulas, envolver-se em relações sexuais não planeadas e nos consumidores
excessivos e frequentes essa probabilidade aumenta para 21 vezes (Wechsler et al., 2000).
Diferenças género
27
“Integrating data from the National Highway Traffic Safety Administration, the Centers for disease
Control and Prevention, national coroner studies, census and college enrolment data for 18-24 years old; the
National Household Survey on Drug Abuse and the Harvard College Alcohol Survey (Hingson et al., 2005: 259).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 46
et al., 2005; Thompson et al., 2008). Além disso, o início precoce de consumo de álcool
mostrou ser preditor do aumento do risco para o desenvolvimento de sintomas psicopato-
lógicos e distúrbios associados ao uso de substâncias (Lewinsohn et al., 1996).
Os resultados do Monitoring the Future Survey (MTF)28, no que diz respeito aos
estudantes do 12º ano, nos EUA, mostram que entre os estudantes que referiram já ter
consumido álcool mais de 10 vezes, cerca de 2/3 (62%) já experienciaram um ou mais
comportamentos-problema, nomeadamente, mais de metade referiram que o consumo de
álcool provocou comportamentos dos quais se arrependeram; daqueles cerca de 1/3
referiram que o álcool interferiu com as suas capacidades cognitivas e 1 em cada 5
consumidores referiu condução insegura devido ao álcool (O’Malley et al., 1998).
Em Portugal, foi realizado um estudo de análise do fenómeno local, dos problemas
relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas, com estudantes de enfermagem (n =
124), maioritariamente do género feminino (88.7%), com idades compreendidas entre os 19
e os 28 anos (M = 21; DP = 1.54). Os resultados do estudo indicaram que dos estudantes
que referiram consumo de bebidas alcoólicas, 38.7% já experienciaram a ocorrência de
“ressaca”, 23.3% falta de memória após o consumo de álcool e 15.3% referiram absentismo
às aulas; sublinha-se, ainda, que 20.2% dos estudantes referiram ter conduzido após o
consumo de álcool (Barroso, 2003).
Lewinsohn et al. (1996) estudaram a prevalência de sintomas psicopatológicos de
abuso de álcool e dependência, em função do consumo de álcool, numa amostra de 1507
adolescentes americanos, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, em dois
momentos diferentes durante um ano. Os resultados revelaram que, embora aproxima-
damente ¾ dos adolescentes já tivessem experimentado bebidas alcoólicas; o consumo
regular não era frequente (75% dos adolescentes referiram beber menos de uma vez por
mês). Contudo, muitos referiram consumir grandes quantidades de álcool na mesma
ocasião de consumo, sendo que 1/3 dos adolescentes referiram o consumo de três ou mais
bebidas alcoólicas na mesma ocasião. No que diz respeito aos sintomas psicopatológicos
de abuso e dependência do álcool, os autores utilizando os critérios da DSM III verificaram
que 17% destes adolescentes apresentavam sérios problemas com a bebida; 6%
preenchiam os critérios para diagnóstico da DSM. Os restantes 40% eram consumidores
sociais, 24% eram abstinentes e 13% experimentaram algumas vezes na vida bebidas
alcoólicas.
28
Um estudo conduzido anualmente nos Estados Unidos da América, com amostras representativas de
estudantes do 8º, 10º e 12 º cujo objectivo é estudar a prevalência do consumo de álcool e outras substâncias,
as atitudes e crenças relacionadas com os consumos does estudantes do secundário e os comportamento-
-problema (O´Malley et al., 1998).
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 47
29
Harvard School of Public Health College Alcohol Study.
Capítulo I – Consumo de Álcool, Problemas e Implicações 48
(McAnarney, 2008; McQueeny et al., 2009). Vários estudos longitudinais que analisam o
desenvolvimento do cérebro em crianças e adolescentes através das imagens de
ressonância magnética, indicam que a substância cinzenta aumenta de volume até ao início
da adolescência e vai diminuindo até à velhice; o volume da massa branca (mielinização dos
neurónios) continua a aumentar durante a adolescência (Giedd, 2004, Tarpet et al., 2005 e
Paus et al., 1999 Cit. por McAnarney, 2008; Giedd, 2008).
A exposição do cérebro ao álcool durante aquele período do ciclo vital poderá
interromper processos chave de desenvolvimento cerebral com implicações imediatas e
futuras (Spear, 2002; NIAAA, 2005; McQueeny et al., 2009).
Assim sendo, a exposição inadequada ao álcool por parte dos adolescentes pode
comprometer o seu desenvolvimento tanto ao nível biológico, interrompendo ou prejudi-
cando a sua maturação, como ao nível psicossocial, envolvendo os adolescente em situa-
ções relacionais e comportamentais com consequências imprevisíveis.
CAPÍTULO II – PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE DIRIGIDA A ADOLES-
CENTES EM CONTEXTO ESCOLAR
30
Em Portugal as restrições à venda e ao consumo de bebidas alcoólicas são as seguintes: “1 - É
proibido vender ou, com objectivos comerciais, colocar à disposição bebidas alcoólicas em locais públicos e em
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 50
locais abertos ao público: a) A menores de 16 anos…2 - É proibido às pessoas referidas nas alíneas a) e b) do
número anterior consumir bebidas alcoólicas em locais públicos e em locais abertos ao público” (artigo 2ª do
Decreto-Lei nº 9/2002 de 24 de Janeiro de 2002) enquanto que para o tabaco desde 2007 é proibida a venda de
tabaco a menores de 18 anos de idade para além das restrições relativas ao consumo nos locais públicos Lei n.º
37/2007, DR n.º 156, Série I de 2007-08-14. Aguarda-se a aprovação do Plano Nacional dos Problemas Ligados
ao Álcool que contempla a alteração da idade mínima legal dos 16 anos para os 18 anos de idade.
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 51
31
O modelo da “escalada” para o uso de substâncias surgiu nos anos 50 e foi recentemente revisitado
por Kandel e Jessor (2002). Os autores concluíram que as interpretações da hipótese de escalada devem ser
restringidas às proposições de sequência e associação.
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 54
32
Adoptado, na década de 90, pelo Instituto de Medicina Americano, com a introdução de uma
alteração na prevenção indicada, que passou a integrar os indivíduos com sinais/sintomas mínimos de doença
mas sem os critérios para diagnóstico de patologia (Institute of Medicine, 1994).
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 56
33
Em Portugal, o ensino básico é universal, obrigatório e gratuito e tem a duração de nove anos. A
obrigatoriedade de frequência do ensino básico termina aos 15 anos de idade (Lei de Bases do Sistema
Educativo, Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro e alterada pelas Leis n.º 115/97, de 19 de Setembro e n.º 49/2005, de
30 de Agosto).
34
Despacho conjunto nº271/98, de 15-4, publicado D.R nº164, II série e o despacho conjunto
nº734/2000, de 18 de Julho, DR nº88, II série. Posteriormente, em 2006, ambos os ministérios da educação e da
saúde, reafirmaram, através da assinatura de um Protocolo, o compromisso de incrementar modelos de parceria
para a implementação dos princípios da escola promotoras de saúde.
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 57
35
Análise de conteúdo de 13 programas e 348 manuais escolares do ensino básico e secundário
português, desde 1968.
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 59
36
O conceito estádio tem um significado importante, “um estádio é um sistema de funcionamento
humano que é distinto, único e consistente como um todo” em que as diferenças entre um estádio inicial e
posterior são qualitativas (Sprinthall e Collins, 1999, p. 26).
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 61
37
a) Sensório-motor (0-2 anos); b) Intuitivo ou pré-operacional (2-7 anos); c) Operações concretas (7-12
anos) e d) Operações Formais (12 – adulto) (Piaget, 1978).
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 62
38
Nossa tradução “Young people spill over with energy and intensity, switch moods, behave
unpredictably, and develop a new ability to think abstractly about things they never personally experienced. Their
bodies´new dimensioning awe and confuse them. Many become very self-conscious, thinking only of themselves.
Individuals wonder about who they are becoming, and groups of adolescents wonder about who they are…”
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 63
evolui ao longo deste período. Os adolescentes apoiam-se cada vez mais em modelos
extra-familiares e integrando uma parte de identificação com os dois progenitores, em
particular com o progenitor do mesmo sexo (Braconnier e Marcelli, 2000).
A identidade deve ser entendida como uma noção relacional, que possui a
virtualidade de poder integrar a percepção e a acção sobre o mundo, articulando
simultaneamente um sistema de representações e de imaginários sociais, com uma rede de
pertenças e categorias sociais específicas. Baseia-se num processo de identificação que se
desenvolve ao longo do tempo, ao qual não são alheias as trajectórias sociais dos
indivíduos e onde se encontra presente a dimensão de afectividade associada aos diversos
processos cognitivos (Gonçalves, 1998).
Falar de identidade é também falar de autonomia. Nesta perspectiva, e de acordo
com o modelo de Bowlby (1988), as figuras de vinculação servem de base segura a partir da
qual se caminha para uma exploração activa do meio ambiente. O registo da vinculação, se
não for excessivo, é entendido como um laço afectivo persistente que promove os
comportamentos de autonomia no adolescente e não como laço que promova dependência.
Sendo assim, confrontado com o desafio de mudança interna e externa, o adolescente,
conta não só com o seu “mundo interno”, povoado, ou não, de “bons objectos”, propicia-
dores de confiança e de segurança, mas também com as relações actuais com os seus
pais, pares, amigos e adultos significativos (Fleming, 1992).
Erikson (1998) da sequência dos 8 estádios39 psicossociais que descreve apresenta
o estádio posterior ao da idade escolar e anterior ao do adulto jovem – o 5º estádio, o
período da adolescência – Identificação versus Difusão, onde emerge a fidelidade como a
força específica da adolescência. A fidelidade mantém uma relação com a confiança infantil
e a “fé madura”, possibilitando-se a transferência da necessidade de orientação das figuras
parentais para outras figuras, nomeadamente os líderes.
No referido estádio, existem as questões internas “quem sou eu?”, ao mesmo tempo
que se dá a aproximação aos pares e o grande desenvolvimento sexual. Estar confuso com
a sua identidade faz com que o indivíduo se sinta um enigma para si mesmo e para os
outros. Assim, a formação da identidade é considerada um processo integrador de todas as
transformações pessoais, cujo alcance não só evita a difusão, como também integra a
resolução da fidelidade. Nesta perspectiva, o adolescente para adquirir e manter uma
personalidade coerente, necessita de desenvolver um processo de uniformização através do
designado trabalho do Ego que funciona como princípio organizador da sua identidade
(Erikson, 1968).
39
1º estádio – período de bebé; 2º estádio – período de infância inicial; 3º estádio período da idade de
brincar; 4º estádio – idade escolar; 5º estádio – período da adolescência; 6º estádio - período da idade adulta
jovem ; 7º estádio - período da idade adulta; 8º estádio – período de velhice (Erikson, 1998).
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 65
– Pré-adolescência
“A instalação da adolescência, caracterizada pelas transformações corporais e pelo
aumento quantitativo da força instintiva e pulsional. Este início é marcado pelos
paradoxos tão característicos deste período da existência: uma necessidade de se
fechar sobre si próprio para afrontar todas essas mudanças, uma procura da solidão
e, ao mesmo tempo, movimentos afectivos cada vez mais intensos, cada vez mais
afirmados, mas também cada vez mais contraditórios em relação aos outros e em
particular em relação aos pais.”;
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 68
– Adolescência inicial
“(…) A primeira adolescência propriamente dita, que é a época da procura do
amigo(a) idealizado(a), simultaneamente confidente e outro eu, que reparte com o
sujeito desgostos, tristezas, dificuldades, amores, ambições e entusiasmo. Este(a)
amigo (a) idealizado(a) pode existir desde o início da adolescência, mas ele(a) ocupa
doravante um lugar ainda mais importante, vindo eventualmente a fazer concorrência
aos pais.”;
– Adolescência propriamente dita
(…)“A adolescência estabelecida, época do primeiro amor e da procura de uma rela-
ção sexual ou seus equivalentes. Manifestar-se-á quer sob a forma duma associação
harmoniosa entre o amor, a ternura e a sexualidade quer sob a forma de tentativas
repetitivas, em que o amor e a sexualidade estão separados.”;
– Fim da adolescência
“(…) momento de consolidação da representação de si próprio enquanto sujeito.
Mais precisamente, trata-se da fase de formação de carácter. O adolescente estabe-
lece pouco a pouco as suas escolhas pessoais, profissionais, de amigos e amoro-
sas.”
– Pós-adolescência
“(…) Entrando no mundo dos adultos e manifestando as suas orientações, as suas
ideias, o seu carácter pessoal, o sujeito mantém-se no entanto ainda ligado ao
mundo da infância por um certo número de aspectos…”
(Braconnier e Marcelli, 2000, p. 52).
Grupo de pares
As novas mudanças vividas pelo adolescente nos diversos domínios da sua existên-
cia, como sejam corporais, cognitivas, sociais, emocionais e até vocacionais como refere
Campos (1990) envolvem a necessidade de enfrentar experiências e acontecimentos que
são um verdadeiro desafio à auto-estima, à autonomia e à aquisição da identidade pessoal.
Neste processo existencial, a transformação significa também experimentação de papéis e a
aprendizagem de novos comportamentos. É neste registo que o grupo de pares constitui um
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 69
contexto básico de aprendizagem, não só como membros da sociedade mas também como
apoio para os desafios do crescimento psicológico com que o adolescente se defronta.
Em referência ao grupo de pares, Kaplan (1990, p. 19)40 refere que “A adesão ao
grupo de pares tem muito a oferecer aos adolescentes. Não é de admirar que os jovens
queiram pertencer ao grupo", em particular no percurso que decorre entre a infância e o
acesso ao estatuto de adulto, verifica-se o progressivo envolvimento e participação do
adolescente no grupo de adolescentes da mesma idade.
Este “estar” entre os seus pares decorre de necessidades particulares dos indivíduos
e também de motivações intra-psíquicas pessoais. A adesão ao grupo responde por um
lado, às necessidades sociais porque facilita a integração do adolescente em particular entre
os seus pares e por outro lado, responde às motivações intra-psíquicas individuais, pela
possibilidade de acesso a novas actividades e/ou como prolongamento do que se designa
por ideal do Ego. Ou seja, o grupo …”constitui um meio de adquirir, de conquistar ou de
ser…” (Braconnier e Marcelli, 2000, p. 43).
Como já foi aludido, o grupo de pares, juntamente com a família e a escola, são os
principais contextos de desenvolvimento dos adolescentes. Contudo, durante este período
da vida os adolescentes passam mais tempo com os amigos e colegas da escola ou
sozinhos, do que com a sua família.
Relativamente à tomada de decisão, a influência parental versus a influência dos
pares varia de acordo com o contexto situacional. Enquanto que os pais podem ter uma
influência importante na tomada de decisão no que concerne às decisões vocacionais, os
pares exercem maior influência nas decisões sociais nomeadamente o consumo de bebidas
alcoólicas (Botvin et al., 1998). O grupo constitui assim um espaço de experimentação de
novos papéis e novas alternativas para a resolução de problemas, vivenciados pelos
adolescentes como seguros (Tobler, 2000).
Os pares são importantes influências nas escolhas e realizações dos adolescentes.
Para estes a tomada de decisão sobre os seus amigos, as roupas que usam, os gastos de
dinheiro, constitui uma importante conquista. A pertença a um grupo de pares representa
sintonia filosófica e modelo de referência assim como o reconhecimento e respeito pela sua
realização (Kaplan, 1990).
O grupo por sua vez constitui-se um espaço de construção de identidade e de
pertença, podendo proporcionar a integração de vários tipos de mudança com os movi-
mentos de adesão ao mesmo. Ora, se os grupos de pares se formam naturalmente entre
adolescentes e funcionam para o desenvolvimento de ligações oferecendo suporte e
40
Tradução nossa: “Peer group membership has much to offer adolescents. It is no wonder that young
people want to belong …”
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 70
cognitiva para além de permitir detectar “falhas” nos argumentos dados pelos adultos acerca
dos riscos potenciais relacionados com o uso de álcool e de outras substâncias, permite
também aos adolescentes a formulação de contra-argumentos e a construção de
racionalizações para ignorar esses riscos específicos. Particularmente no caso do consumo
de álcool, se este for percebido como tendo benefícios pessoais e sociais importantes
(Botvin e Wills, 1985).
Assim, durante a adolescência, pelas características que lhe são particulares, o
adolescente vivencia um período complexo, com acesso facilitado a determinados compor-
tamentos, que pode constituir um risco para a sua saúde actual e futura. Contudo, este pode
ser o momento ideal para o desenvolvimento de intervenções preventivas com vista à
promoção de estilos de vida saudáveis e prevenção de comportamentos de risco.
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 72
41
Actividades com um determinado propósito utilizando recursos finitos que ocorrem num determinado
espaço, com um determinado objectivo de mudança específico, dirigida a um indivíduo ou grupo específico
(McDowall et al., 2007).
42
Consiste num conjunto de intervenções que partilham um mesmo objectivo global de saúde
(McDowall et al., 2007).
Capítulo II – Prevenção e Educação para a Saúde dirigida a Adolescentes em Contexto Escolar 75
43
Acrónimo formado pelas palavras em espanhol, que denominam os processos mais significativos da
planificação: Preparar, Identificar, DIseñar, Cambiar, Evaluar, que na tradução para Português passaria a
designar-se “PIDEMA” (Preparar, Identificar; DEsenhar; Mudar e Avaliar).
CAPÍTULO III – DAS EVIDÊNCIAS À CONSTRUÇÃO DE UM PROGRAMA DE
PREVENÇÃO DO USO/ABUSO DE ÁLCOOL
44
Publicada em co-autoria com a orientadora Prof. Doutora Aida Mendes e o co-orientador Prof. Doutor
António Barbosa na revista Referência em 2006.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 78
mas); educação afectiva45 (10 programas); influência social (12 programas); multi-compo-
nentes46ou integradores (7 programas); programas alternativos, vocacionados para o treino
de competências sociais (2 programas); e programas incompletos, porque embora partilhem
a componente de informação e de educação normativa, diferem noutros aspectos (2 progra-
mas) (Hansen, 1992).
Relativamente à análise dos resultados desta classificação o mesmo autor sublinha a
dificuldade em retirar conclusões acerca das estratégias seleccionadas dada a sua dispari-
dade, comprometendo desse modo a identificação da combinação das componentes que
conduzem à eficácia dos programas. Contudo, os resultados sugerem que os programas de
influência social e os multi-componentes são os mais promissores quanto à sua eficácia
atribuindo ainda importância à componente dos conhecimentos, devido à sua eficácia na
mudança da percepção do risco. Embora esta componente por si só não seja suficiente para
a eficácia dos programas, a sua grande maioria integra-a. O autor salienta ainda outros
importantes factores implicados no sucesso dos programas, nomeadamente o treino e a
experiência prévia dos formadores e a fidelidade da sua implementação (Hansen, 1992).
Outros estudos de meta-análise de programas de prevenção do uso/abuso de
substâncias, como por exemplo os estudos realizados por Tobler e colaboradores47, seguem
modelos de análise contemplando os níveis de interactividade48 cujos resultados mostram a
seguinte organização das componentes:
– Programas não interactivos que incluem a componente conhecimentos, a compo-
nente afectiva e programas mistos com ambas as componentes.
– Programas interactivos que incluem a componente influência social, a componente
competências sociais, e outros programas que incluem a integração de várias combinações
de componentes (Tobler e Stratton, 1997).
Quanto à análise dos métodos de implementação dos programas, aqueles autores
concluíram que os programas interactivos mostravam ser mais eficazes que os não inter-
activos, em diferentes contextos escolares (Tobler, 1986; Tobler e Stratton, 1997; Tobler et
al., 2000; Tobler, 2000).
45
“Affective Education Programs included multiple affective education approaches such as decision
making, values clarification, stress management and self-esteem components” (Hansen, 1992: 414).
46
Designam-se de “comprehensive programs” por incluírem um largo espectro de componentes (e.g
informação, tomada de decisão, treino de resistência).
47
No primeiro estudo de meta-análise a autora incluiu programas dos anos 1972 a 1984; no segundo
estudo inclui programas de 1978 a 1990, e no último inclui programas de 1978 a 1998. Nesta revisão Tobler e
Stratton (1997) apresentam uma meta-análise de 120 programas escolares de prevenção de uso de substâncias
(do 5º ao 12º anos de escolaridade) até à década de 90; posteriormente, Tobler et al. (2000) expandem a meta-
análise anterior integrando mais 87 programas (207 programas).
48
Denominou de não interactivos os programas que apresentam pouca ou nenhuma interacção, nomea-
damente os centrados no formador ou cuja comunicação é maioritariamente realizada entre professor e os
estudantes; e designou de programas interactivos os que utilizam metodologias de aprendizagens onde a
interacção entre os estudantes entre si é elevada, por exemplo actividades estruturadas em pequenos grupos
para introduzir os conteúdos do programa.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 80
No mesmo sentido, Tobler (2000) considera que a eficácia dos programas interacti-
vos está associada com o processo de grupo. Visto que este proporciona ao adolescente
um espaço para experimentar com segurança novas regras, para procurar novas alterna-
tivas de abordagem na resolução de problemas com os quais se pode deparar no dia a dia e
ainda para receber feedback dos pares acerca do nível de execução e/ou das habilidades
adquiridas.
Quanto à análise de outros indicadores relacionados com o processo de implemen-
tação, como por exemplo a adesão dos professores envolvidos, aqueles autores encontra-
ram vários estudos em que se identifica a leccionação incompleta de alguns dos conteúdos
programáticos. As razões apontadas pelos professores relativas a este incumprimento estão
associadas à insegurança e desconforto na realização de determinadas metodologias acti-
vas, nomeadamente o role-play e no desenvolvimento de determinadas componentes
(Tobler, 2000).
No sentido de minimizar tais efeitos, em concordância com Dielman (1994) consi-
dera-se necessário a formação e a preparação dos profissionais envolvidos, assim como a
monitorização contínua ao longo do processo de implementação. Este ponto de vista é
reforçado por Tobler (2000), em que a autora faz referência à capacidade do formador,
destacando as suas competências relacionais para desenvolver metodologias interactivas e
a sua experiência. Curiosamente, a mesma autora destaca aquelas capacidades em
profissionais da área da saúde mental, referindo que estes são os formadores mais bem
sucedidos neste tipo de programas,
Entre as diferentes características dos formadores, Tobler (2000) apresenta como
essenciais as seguintes:
Organizado
Animado
Articulado
Pouco Autoritário
Entusiástico
Confiante
Sabe conduzir discussões socráticas
Processa a capacidade de tolerar e conduzir discussões abertas
Tolera a ambivalência
Estimula o diálogo
Honesto, aberto
Afectuoso, compreensivo
São capazes de alternar entre “instruir” e “facilitar”
Funcionam como “guias” ou “mentores”
Conseguem focar-se nas experiencias e percepções dos jovens
Fonte: Adaptado de Tobler (2000, p. 270).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 81
49
Organização norte americana com grande relevo na investigação e disseminação dos resultados na
área da prevenção do abuso de substâncias (http://www.nida.nih.gov/About/AboutNIDA.html).
50
A sua análise deve ser precedida de uma contextualização social, cultural e política do seu pais de
origem. Por um lado, nos Estados Unidos da América existe um longo percurso já realizado quer no
desenvolvimento e avaliação de programas de prevenção para o uso de substâncias quer na sua integração nos
curricula escolares, existindo um forte financiamento nesta matéria o que origina uma elevada competição com
apresentação de diversas propostas. Por outro lado, é um país em que a idade mínima legal de consumo de
álcool é aos 21 anos de idade, com características socioculturais particulares e com dados epidemiológicos
específicos dessa realidade. Ainda assim, as linhas gerais e os princípios orientadores para a prevenção do
consumo de substâncias em crianças e adolescentes definidas pelo NIDA podem e devem ser consideradas na
análise desta problemática.
51
Centro norte americano com um percurso de mais de duas décadas de trabalho no domínio da
prevenção do álcool, tabaco e outras substâncias (http://prevention.samhsa.gov/).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 83
52
Integra o Exchange on Drug Demand Reduction Action (EDDRA), que analisa os dados relativos à
avaliação das intervenções ao nível da prevenção, tratamento e redução de danos (http://www.emcdda.
europa.eu/themes/best-practice/examples).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 84
Apesar do relatório da WHO (2002) acerca do estado da arte neste domínio concluir
que os programas baseados na educação e intervenção escolar são das medidas
preventivas mais populares, existe uma lacuna na avaliação formal do impacto dessas
medidas no comportamento. De facto, como já foi referido, nos últimos 20 anos foram
desenvolvidos esforços no sentido de implementar abordagens eficazes na prevenção do
uso/abuso de substâncias no meio escolar. No entanto, e como salienta Botvin (2000),
existe um grande fosso entre o que a investigação tem demonstrado ser eficaz e a maioria
dos programas que são realizados nas escolas. Este desfasamento pode ser explicado, em
parte, pelo facto dos próprios resultados da investigação nesta área estarem dispersos, não
resultando deste modo suficiente conhecimento empírico que imponha uma direcção segura
para a intervenção.
Assim, embora todos os investigadores expressem consenso na importância do
desenvolvimento de programas que se apresentem como relevantes e significativos para os
adolescentes, existe apenas uma pequena referência sobre como esta tarefa deva ser
empreendida da melhor forma (Paglia e Room, 1998; Tobler et al., 2000; Calafat, 2002;
WHO, 2002). Por esta razão, surgiu a necessidade de realizar uma pesquisa rigorosa da
literatura existente neste domínio para extrair evidência científica e identificar as lacunas
existentes, que possibilitassem a construção de um programa de prevenção do uso/abuso
de álcool baseado na evidência.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 85
53
PICOD, Participantes, Intervenções, Comparação, Variáveis resultado (outcomes) e Desenho do
estudo.
54
Para a pesquisa de estudos não publicados foi feita pesquisa nas bibliotecas das Escolas de
Enfermagem e na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação de Coimbra
55
CINAHL; Pre-CINAHL; Psychology and Behavioural Sciences Collection; Cochrane Database of
Systematic Reviews; Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness; Cochrane Controlled Trials Register;
MEDLINE; Nursing and Allied Health Collection: expanded; ACM-The Guide; Current Contents (ISI); ERIC
(EBSCO); ISI Proccedings (ISI); Journal Citation Reports (ISI); PubMed; Web of Science (ISI); Zentrall Blatt;
Ciências da Saúde (periódicos on-line): Annual Reviews; BIOME Z39 (RDN); DOAJ; Science Direct via SCIRUS
(Elsevier); Oaister; SciElo; Springer Link (Springer/Kluwer); Taylor eFrancis; Wiley Interscience (Wiley).
Quadro V – Síntese da descrição dos estudos segundo os elementos: participantes; intervenções; variáveis resultado e desenho do estudo
Intervenções Desenho do
Programa Participantes Variáveis estudadas Comentários
/Comparações estudo
SHAHRP 2300 Jovens Programa baseado no que a evidência tem Conhecimentos acerca do álcool Quasi- Foram seleccionadas 24 escolas (23%
School Health estudantes 7º 8º 9º demonstrado ser eficaz. Atitudes acerca do álcool expeerimental, escolas públicas de Perth) que foram
Alcohol Harm (13 aos) Escolas Intervenção durante dois anos Consumo de álcool grupo distribuídas aleatoriamente pelas condi-
Ruduction públicas em Perth, 1ªFase – no 1ºano que os estudantes têm M = 13 Consumo de risco intervenção e ções de intervenção e controlo.
Project (McBride Austrália anos de idade; 17 actividades desenvolvidas Contexto de uso grupo Apresenta informações acerca das quali-
et al., 2004) consecutivamente ao longo de 8 a 10 aulas (40 a 60 Problemas (danos) associados ao uso de comparação dades psicométricas dos instrumentos
minutos) álcool pelo próprio utilizados.
2ªFase - no ano seguinte (M = 14 anos de idade); 12 Problemas (danos) associados ao uso de
actividades desenvolvidas durante 5 a 7 semanas. álcool pelos outros
Actividades integram várias estratégias interactivas e Atrito 24,1%, análise do atrito
vários conteúdos: conhecimentos, treino de
competências, grupos de tomada de decisão;
discussões baseadas em sugestões dos estudantes,
ênfase na identificação de problemas relacionados
com o álcool e estratégias para a sua redução.
Desenvolvido por professores treinados.
Pré teste e pós teste, follow-up aos 8, 20 e 32 meses.
PROJECT 4277 jovens e Engloba três teorias da mudança de comportamento: Consumo de álcool em relação RCT, 2 grupos Distribuíram aleatoriamente 48 escolas,
ALERT estudantes do o Modelo de Crenças de Saúde (Becker, 1974), o Consumo massivo álcool (beber 3 ou mais intervenção e 1 dois grupos de intervenção e um grupo
(Ellickson et al., 7º,8º e 9º ano das Modelo de Aprendizagem Social (Bandura, 1985) e a bebidas numa mesma ocasião) grupo de de controlo, as escolas foram estrati-
2003) escolas de Teoria de Auto-eficácia de Mudança Comportamental Variáveis relativas a outras drogas. Avalia- controlo ficadas por blocos em função do
Estados unidos (Bandura, 1977). ção de variáveis mediadoras do consumo tamanho e da localização.
11 sessões no 7º ano e 3 sessões no 8º ano de álcool e outras drogas: Não são dadas informações acerca das
2 Gp Experimental e 1 Gp Controlo Auto eficácia de resistência (quatro indica- qualidades psicométricas dos instru-
1 Gp Experimental – Programa e sessões extra (9º e dores) mentos utilizados.
10ºano) Crenças positivas acerca do álcool e Atrito de 9%, analisaram o atrito e
1 Gp Experimental – programa outras drogas (três indicadores) indicam que este foi similar nos grupos
1 Gp controlo – recebem o currículo habitual que Crenças negativas acerca do álcool e de intervenção.
inclui o programa de prevenção habitual outras drogas (quatro indicadores)
O envolvimento dos pais é realizado através de Percepção da influência dos pares (três
entrevistas dos jovens com os pais. indicadores)
Desenvolvida por professores treinados para o efeito.
Pré teste e pós teste 1 ano depois.
Intervenções Desenho do
Programa Participantes Variáveis estudadas Comentários
/Comparações estudo
HEALTHY 1930 Estudantes O programa é baseado na Teoria do comportamento Consumo de tabaco, álcool e cannabis Quasi- Não houve distribuição aleatória dos
SCHOOL AND 1º, 2º e 3º ano planeado (Ajzen e Fishbein, 1990), na Teoria da relativamente à frequência do consumo experimental, sujeitos pelas condições
DRUGS (equivalente ao Aprendizagem Social Bandura (1996), e o Modelo de actual, consumo por semana. grupo Avaliação pré teste e pós teste. As
(Cuijpers et al., 3ºciclo) Mudança Comportamental de McGuire (McGuire Foi avaliado em relação ao álcool o intervenção e escolas do grupo experimental foram
2002) Holanda 1985) número de bebidas por ocasião grupo controlo seleccionadas em função de terem uma
A intervenção é desenvolvida em três fases ao longo Conhecimentos acerca das substâncias. comissão coordenadora para as
de três anos. As sessões incluem informação básica Atitudes acerca do uso de substâncias. actividades de prevenção na escola e
acerca da substância, atitudes e comportamentos, Atitudes acerca do álcool virem a desenvolver o programa HSD ao
incluído treino de tomada de decisão, competências (5 itens, cronbach 0.66) nível de sala de aula. As escolas do
de recusa e desenvolvimento de auto-estima. Auto-eficácia grupo de controlo foram seleccionadas
E1 (1º ano) – 3 sessões dirigidas ao tabaco Auto eficácia álcool (0,88) da mesma região (não podiam
E2 (2º ano) – 3 sessões dirigidas ao álcool desenvolver o programa nos próximos
E3 (3º ano) – 3 sessões dirigidas à cannabis ecstasy três anos)
9 Escolas intervenção (n = 1156) Propriedades psicométricas dos instru-
3 Escolas de controlo (n = 774) mentos apresentadas.
Pré-teste e pós-teste 1 ano depois, 2 anos depois e 3 Atrito de 27%, não foi analisado
anos depois.
PROJECT 1208 jovens Projecto utiliza o modelo motivacional de compe- Frequência dos consumos para tabaco, RCT, grupo de Escolas foram seleccionadas aleatória-
TOWARDS NO estudantes (14 tências de tomada de decisão, desenvolvendo 9 álcool e outras drogas. intervenção e mente, foi feita uma distribuição álea-
DRUG ABUSE aos17 anos de sessões em sala de aula 3 vezes por semana, grupo de tória das turmas pelas condições de
(Dent et al., idade) do 9º,10º e durante três semanas consecutivas. Na 1ª semana Consumo actual de álcool (quantas vezes controlo intervenção e controlo. Metodologia de
2001) 11º ano de ênfase na aprendizagem (competências de escuta consumiu no último mês) aleatorização pouco clara.
escolaridade de eficaz) na 2ª semana abordagem das consequências Unidade de análise é a unidade da
escolas de Los químicas relativas à dependência das drogas e Não apresenta outras variáveis para além distribuição aleatória (turma)
Angeles, Estados aprendizagem de coping alternativos, na 3ª semana das sócio-demográficas. Atrito muito elevado (37%) embora
Unidos desenvolvimento de competências adicionais tenha sido analisado.
promovendo a motivação no sentido de atitudes e
comportamentos mais adequados.
Programa inicialmente desenhado para jovens de alto
riso.
Desenvolvido por professores de ciências.
Pós teste e follow-up após 1ano de intervenção.
Intervenções Desenho do
Programa Participantes Variáveis estudadas Comentários
/Comparações estudo
PROJECT 2351 Jovens As intervenções incluem currículo sócio- comport- Consumo de álcool, tabaco e outras RCT, grupo de Distribuição aleatória das escolas, pelas
NORTHLAND estudantes do 6º amental, liderança pelos pares, actividades comu- drogas intervenção e condições de controlo e intervenção.
High School ao 8ºano (1ªFase) nitárias. Intervenções desenvolvidas em duas fases. Influência dos pares grupo de Metodologia de aleatorização pouco
Intervenções de Escolas A 1º Fase no início da adolescência (6º e 8ºano) e a Auto-eficácia (confiança em si próprio de controlo clara.
(Perry et al., Minnesota, 2ª fase envolve abordagem escolar e comunitária (11º ser capaz de recusar bebidas alcoólicas) Diferenças entre os grupos na linha de
1996) Estados Unidos e 12º ano) não incluída nesta revisão. 1ª Fase 6º, 7º e Função das razões para usar álcool base, nomeadamente no que diz respei-
8º ano, durante três anos os estudantes foram Comunicação com os pais to aos consumos, foi feita uma divisão
sujeitos a um currículo comportamental com envolvi- Expectativas acerca do uso habitual de na linha de base entre os consumidores
mento dos pais, com os seguintes componentes: álcool e não consumidores.
6ºano – 4 semanas de actividades desenvolvidas Percepções acerca da facilidade de Apresentação pobre das Propriedades
pelos pais e adolescentes para desenvolvimento de acesso ao álcool psicométricas dos instrumentos.
competências comunicacionais. Trabalhos de casa Tendência para actividades com e sem 19% de atrito, analisado não havia
com os pais, 1 hora de presença dos pais na escola; álcool diferenças entre os que abandonaram e
7ºano – Festas alternativas, desenvolvimento de oito Tendência para usar álcool os que se mantiveram.
sessões durante 8 semanas de sessões lideradas por
pares e por professores, trabalhos para casa com os
pais; 8º ano – currículo escolar integrando oito
sessões com a produção de um teatro, envolvimento
da comunidade. Desenvolvido por professores
treinados. Pré e Pós-teste
DARE 2071 Jovens O programa do DARE (Educação para a resistência Frequência no último ano de consumo de RCT, grupo de Método de distribuição aleatória pouco
Drug Abuse estudantes do 6º ao consumo de drogas), combina vários aspectos, tabaco, álcool, cannabis. intervenção e claro.
Resistance ano de escolas de desde informação e educação acerca das drogas e os Atitudes gerais acerca das substâncias grupo de Comparação entre os grupos de
Educations Kentucky, Estados seus efeitos, competências para resistir à pressão Atitudes acerca do tabaco controlo. intervenção e controle na linha de base,
(Clayton et al., Unidos dos pares, tomada de consciência da influência dos Atitudes acerca da cannabis os grupos eram equivalentes em todas
1996) média para o consumo de substâncias, competências Atitudes acerca do álcool as variáveis à excepção para o consumo
de tomada de decisões, percepções precisas do Resistência à pressão dos pares de álcool
consumo de drogas pelos seus pares, aumentar a (PEERPR) Os grupos de controlo estão a receber o
auto-estima, reconhecimento da responsabilidade Pressão dos pares para o consumo de programa curricular habitual acerca das
pessoal na sua segurança e evitar o envolvimento tabaco (CIGPEER) drogas que não é descrito.
com grupos de risco. Pressão dos pares para o consumo de Propriedades psicométrica dos instru-
álcool (ALCPEER) mentos utilizados.
1 hora/semana durante 17 semanas consecutivas. Pressão dos pares para o consumo de Atrito 45% – atrito muito elevado,
Desenvolvida por agentes da polícia treinados para o cannabis (MJPEER) analisaram o atrito e verificaram-se dife-
efeito. renças significativas no sexo, na etnia e
Comparação entre grupo de intervenção que recebe idade
programa DARE e grupo Controlo que recebe o
habitual programa de educação drogas incluído no
currículo.
Intervenções Desenho do
Programa Participantes Variáveis estudadas Comentários
/Comparações estudo
LIFE SKILLS 4 466 jovens A intervenção LST, envolve vários domínios Frequência de uso de álcool, tabaco e RCT, dois As escolas foram submetidas a uma
TRAINING estudantes do 7º essenciais: educação acerca dos hábitos de consumo outras drogas. grupos investigação acerca do consumo de
(LST) de escolas de habituais (cognições especificas das drogas), treino intervenção e tabaco, com base nesses dados foram
Estados Unidos de competências sociais e desenvolvimento de Consumo de álcool: um grupo de divididos em três níveis (alto, médio e
(Botvin et al., competências sociais e desenvolvimento de controlo alto) em função destas designações
1990) competências pessoais (auto gestão). O programa Frequência do consumo de bebidas foram distribuídas aleatoriamente pelas
desenvolve um treino de competências cognitivas e alcoólicas (1 a 9) três condições dentro das suas áreas
comportamentais. Quantidade de bebidas consumidas por geográficas E1,E2,E3.
Intervenção inclui 12 unidades curriculares para ocasião do consumo (1 a 6) Comparação de três grupos, análise pré-
serem leccionadas em 15 aulas ao longo do 7º,8º e Medidas conhecimentos (10 itens V/F) teste indica que os grupos são
9º. Atitudes e crenças acerca das ” normas” comparáveis.
De seguinte modo: Competências Os resultados são apresentados em
7º 8º 9º Competências de Assertividade (18 itens termos do efeito da intervenção em que
Informação acerca das substâncias 4 1 0 do Assertion Inventory (Gambrill, Richey, a unidade de análise foi individual.
Tomada de decisão 2 1 1 1975) Apresenta propriedades psicométrica
Influencia da média 1 1 0 Características psicológicas dos instrumentos utilizados
Mudança comportamental auto- 1 0 0 Auto eficácia, auto-estima, ansiedade
-dirigida social
Lidar com ansiedade 2 2 1
Habilidades Comunicacionais 1 1 0
Competências sociais 2 1 1
Assertividade 2 3 2
Total 30 sessões
56
É de notar, contudo, que estudos recentes referem que se forem asseguradas a confidencialidade e o
anonimato é possível aumentar a precisão das respostas dadas aos questionários (Skog, 1992).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 92
distribuídas nos diferentes anos escolares. Tendo em conta estas diferenças, poderemos
classificar os programas como curtos ou longos de acordo com o período de tempo em que
ocorrem, como grandes ou pequenos tendo em conta o número de sessões envolvidas
(magnitude) e de, com ou sem reforço, consoante têm ou não continuidade nos anos
subsequentes. Considerando estas classificações, verificou-se que a maioria dos programas
decorre em mais do que um ano (SHAHRP, ALERT, HSD, NORTHLAND e LST), podendo
os anos subsequentes funcionar como reforços da intervenção inicial. Destes programas, o
único que é inteiramente dedicado à prevenção do uso/abuso de álcool, é o denominado
SHAHRP. Contudo, se a maioria dos programas tem objectivos de prevenção do uso/abuso
de várias substâncias, podendo ocorrer em diferentes anos uma focalização em temas
específicos, poder-se-á considerar aspectos de finalidade comum e, por conseguinte, como
reforços de um comportamento a adoptar. Os programas desenvolvidos em mais do que um
ano possuem, igualmente, muitas diferenças quanto ao número total de anos envolvidos,
assim como quanto à distribuição do número de sessões em cada ano.
Por outro lado, o programa DARE apesar de decorrer num único ano (uma hora por
semana durante 17 semanas consecutivas) é bastante mais longo do que o programa TNDA
que se apresenta como uma intervenção caracteristicamente curta, embora intensiva (três
vezes por semana em três semanas consecutivas, num total de 9 sessões).
Considerando a totalidade do programa, podemos classificar a maioria dos
programas como grandes – SHAHRP (aproximadamente 17 sessões), ALERT (14 sessões),
DARE (17 sessões) e LST (30 sessões), enquanto que o programa TNDA é pequeno, pois
inclui apenas 9 sessões. Relacionando o tempo com a magnitude verifica-se, também, uma
grande variabilidade, com programas de grande magnitude a desenvolverem-se em
períodos de tempo relativamente curtos enquanto que outros, com menor número de
sessões, se prolongam por períodos de tempo mais alargados.
Também se encontraram diferenças, quanto a quem desenvolve os programas.
Assim, enquanto que a maioria dos programas é desenvolvida por professores especial-
mente treinados para o efeito, um é desenvolvido pelos professores de ciências (TNDA, de
Dent et al., 2001) e o programa DARE de Clayton et al. (1996) tem a particularidade de ser
ministrado por agentes da polícia.
As principais limitações para a análise dos programas, são por um lado, a
apresentação pouco clara dos conteúdos desenvolvidos e das metodologias pedagógicas
utilizadas, o que não permite a construção de uma matriz comparativa adequada, e por
outro lado, os estudos analisados apresentarem ainda grandes variações na definição e
operacionalização das variáveis tanto no que respeita às variáveis dos consumos
(frequência do consumo, padrões de consumo, consumo massivo) como às variáveis
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 93
mediadoras (atitudes acerca do álcool, auto-eficácia, etc.) o que, como veremos adiante,
torna difícil a análise comparativa dos resultados.
Efectuou-se a análise dos resultados das intervenções, criando dois grandes grupos:
resultados nas variáveis relativas ao consumo de bebidas alcoólicas e resultados nas
variáveis mediadoras, que se apresentam de forma esquemática no Quadro VI.
Apesar da maioria dos programas apresentar efeitos positivos no que diz respeito ao
consumo de álcool, encontraram-se algumas diferenças. Assim, enquanto que os programas
SHAHRP e HSD apresentam uma diminuição no consumo actual de álcool e nos consumos
de risco nas amostras que receberam a intervenção, o LST apresenta apenas diferenças
significativas para o consumo imoderado de álcool e, se os programas ALERT57 e TNDA só
encontraram diferenças para os jovens que já possuíam um consumo de risco na linha de
base, no projecto NORTHLAND a diferença foi estatisticamente significativa nos jovens que
não bebiam na linha de base. Por sua vez, o programa DARE não apresentou diferenças
estatisticamente significativas.
No que concerne às variáveis mediadoras, dois estudos (ALERT e TNDA) não
apresentam os resultados relativamente a estas variáveis. Nos restantes, são apresentadas,
maioritariamente, diferenças significativas entre o grupo de intervenção e o grupo de
controlo, para as variáveis mediadoras estudadas. Constituem excepções, os resultados
encontrados na variável auto-eficácia, na intervenção HSD e nas variáveis da persona-
lidade, no programa LST. O estudo que reporta os resultados do seguimento de follow-up
mais longo (5 anos, DARE) verifica que as diferenças encontradas entre grupo experimental
e grupo controlo, estatisticamente significativas nas primeiras avaliações, tendem a
convergir ao longo do tempo. Por sua vez, o estudo SHAHRP de McBride et al. (2004), com
um último follow-up de 32 meses, só encontrou esta convergência de resultados para a
variável conhecimentos.
Dos 371 artigos analisados foram considerados relevantes 53. Destes, não foi
possível aceder a 8 em texto integral, pelo que esta revisão apresenta à partida, este viés.
Os 45 restantes foram sujeitos a análise detalhada. Obedecendo aos critérios de inclusão
deste estudo ficaram 7, que foram submetidos a uma análise comparativa rigorosa no
sentido de responder à seguinte questão de investigação: os programas de intervenção para
prevenção do uso/abuso de álcool, dirigidos aos adolescentes, são eficazes?
Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos programas produziu um
efeito positivo, embora por vezes limitado, no consumo de álcool.
Analisando os artigos que serviram para divulgar os resultados dos diferentes progra-
mas, verifica-se que estes possuem um enquadramento conceptual com uma base comum,
embora com enfatização de aspectos particulares diversos. Assim, verificou-se que sendo
os programas baseados no Modelo de Influência Social e no desenvolvimento de competên-
cias, a ênfase é colocada nos factores sociais e psicológicos, no sentido de prevenir o início
do uso de substâncias. No entanto, os focos de intervenção apresentam uma grande varia-
57
O programa ALERT apresenta também efeitos significativos no consumo problemático, com
consequentes comportamentos-problema (alcohol misuse).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 95
bilidade, como se pode constatar pelas várias componentes identificadas, tais como: conhe-
cimentos acerca das substâncias, seus efeitos e consequências do consumo; resistência à
pressão social; atitudes e expectativas seguras acerca das substâncias; correcção da
percepção dos hábitos de consumo e o treino de competências sociais e pessoais.
A grande diversidade de programas, tanto no que diz respeito às variáveis seleccio-
nadas como ao desenho da intervenção no que se refere ao tempo e ao modo, pode ser
percebida tendo em conta duas ordens de factores. Por um lado, as diferenças contextuais e
culturais em que os programas foram desenvolvidos e, por outro, a ausência de uma
evidência empírica suficientemente forte que permita uma selecção acurada das variáveis
intervenientes, ou simultaneamente, a existência de uma plêiade de factores potencialmente
explicativos com igual força nas suas relações. Assim sendo, se o modelo conceptual geral
parece possibilitar um bom enquadramento para a elaboração e planeamento das
intervenções, por outro lado, a análise dos resultados, indica-nos que futuras investigações
devem procurar estabelecer a influência relativa de cada variável seleccionada e dos
diferentes modos de implementação.
Da análise das diferenças dos programas e dos resultados por eles obtidos,
sobressai a ausência de efeitos positivos no consumo de álcool no programa DARE, os
efeitos positivos mas limitados a sub-amostras – de jovens distinguidos por serem ou não
consumidores na linha de base ou de tipo de consumos – nos programas ALERT, TNDA,
NORTHLAND e LST e os efeitos mais consistentes alcançados pelos programas SHAHRP e
HSD.
As diferenças apresentadas pelos diversos programas na selecção das variáveis
mediadoras não parecem, neste estudo, ser suficientemente consistentes para justificar as
diferenças nos resultados obtidos por cada programa em particular. O programa DARE – o
único a não concluir por qualquer diferença significativa em relação ao grupo controlo,
partilha com outros programas, variáveis como atitudes (SHAHRP, HSD, LST), auto-eficácia
(ALERT, HSD, NORTHLAND) e influência dos pares (ALERT). Ao mesmo tempo verificou-
-se que todos os estudos58, incluindo o DARE, reportam diferenças significativas nas variá-
veis mediadoras, no final dos programas, com os grupos experimentais a apresentarem, na
generalidade, mais competências nos diferentes domínios trabalhados.
Tomando ainda como referência o programa DARE, verifica-se que este apresenta
uma diferença metodológica importante relativamente aos demais. Neste programa, o grupo
controlo também estava a ser submetido a um programa de intervenção – o habitual incluído
no currículo – pelo que, para ser significativo o efeito do programa de intervenção, as
avaliações realizadas teriam que se sobrepor àquele. De facto, não se está aqui a comparar
58
Os estudos ALERT e TNDA não apresentam os resultados obtidos nestas variáveis.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 96
59
Com excepção do programa australiano, SHAHRP (McBride, et al., 2004) que tem como objectivo a
redução de danos.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 98
60
Tradução nossa: “People select courses of action within their perceived capabilities and sustain their
efforts partly on the basis of such outcome expectations”.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 102
61
“O conceito de empowerment na promoção da saúde é definido como a educação sobre problemas
de saúde, colocando os interesses e necessidades dos aprendentes no centro do processo, como sujeitos
activos e participantes em todas as fases” (Rodrigues et al., 2005:96). Implica um ganho de conhecimentos e
capacidades discursivas, cognitivas e procedimentais que lhes proporcionam poder de intervenção, tendo em
vista a mudança social e a integração um processo de participação, que é em si mesmo um processo de
aprendizagem favorecendo a partilha de conhecimentos e a mudança de estilos de vida e/ou criação de estilos
de vida mais saudáveis (Rodrigues et al., 2005).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 104
62
Estes resultados reflectem a realidade do contexto onde se realizou o estudo “The adolescents have
had much less long term exposure to alcohol adevertising compared with other countries such the United States.”
(Wyllie et al.,1998: 370).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 105
estes serão tanto mais “fortes” quanto mais cedo se formarem e quanto maior for o nível de
intensidade emocional associada à sua formação.
Por outro lado, Lima (1997) considera a crença como um constructo limítrofe de
atitude. Esta refere-se a um determinado objecto, ou seja, a informação que se dispõe
acerca de algo que se pode assegurar como uma possibilidade de veracidade.
Nesta perspectiva, as atitudes são apoiadas por crenças que constituem a sua
componente cognitiva e racional, pois é através delas que se encontram os argumentos
para uma discussão e ainda se defende uma posição atitudinal, basicamente afectiva (Lima,
1997).
No dizer de Berger (1995), a crença é considerada como uma construção do
“espírito” não baseada na realidade ou seja uma construção simbólica. Como salienta
Hermann (1998) é pela representação que o Homem sabe do mundo e de si mesmo. No
caso da crença, o termo designa em geral as coisas em que alguém acredita, traduzindo
assim uma conotação social e interpessoal, isto é, uma das formas do pensamento que lida
inevitavelmente com as representações.
No entanto, mesmo que a crença se apoie numa construção simbólica, não deixará
de ser cognição resultante de um processo de elaboração mental, ainda que muitas vezes
centrada na interpretação errónea da realidade (Relvas, 1993). Assim, as crenças não
podem ser dissociadas nem do comportamento nem do contexto situacional.
Os motivos para o consumo são a designação dada pela Teoria da Motivação às
necessidades psicológicas ou às funções que o consumo de álcool produz. Cooper (1994)
considera-os a causa mais imediata para o consumo. Alguns estudos realizados neste
domínio indicam como principais “motivos” para o consumo dos adolescentes: sabor
agradável do álcool; celebração/comemorar; aliviar a tensão; para ficar embriagado (Klein,
1992 Cit. por Vicary e Karshin, 2002). Por outro lado, as razões referidas para não beber
bebidas alcoólicas são as seguintes: “não gostar do que sentem quando bebem álcool”;
“medo de desenvolver algum problema relacionado com o consumo de álcool” e “não
gostarem do sabor” (Vicary e Karshin, 2002).
Cooper (1994) descreve o modelo dos motivos para o consumo integrando quatro
factores que emergem da interacção entre as fontes de reforço (interno versus externo) e a
sua valência (reforço positivo ou negativo), salientando os seguintes motivos: coping, para
evitar estados emocionais negativos; conformidade, para obter a aprovação e a aceitação
dos pares; melhorias globais, para aumentar os efeitos positivos; e socializante, para
satisfazer as necessidades de afiliação.
Alguns estudos têm encontrado uma ligação entre os motivos para o consumo e a
frequência, a quantidade consumida e a natureza dos comportamentos nos quais os
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 107
2.1.2. Expectativas
65
Edward Chance Tolman (1886-1959) consagrou-se pela sua teoria da Aprendizagem do Sinal,
representa uma clara alternativa ao behaviorismo clássico de estimulo-resposta (S-R) que dominou a primeira
metade do século XX, e que se revelou como uma teoria limitada para explicar a aprendizagem e a maioria do
comportamento humano (Witkowski, 1997).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 109
tiva dá ao resultado, não sendo apenas considerada como uma medida qualitativa ou de
desejabilidade, como acontecia no condicionamento clássico ou operante (Witkowski, 1997).
Neste quadro, o modelo de aprendizagem das expectativas representa uma versão
específica de um número de teorias relacionadas, onde cada uma se preocupa com os
mecanismos cognitivos pelos quais as experiências de aprendizagem iniciais podem
influenciar mais tarde a escolha de determinados comportamentos (Smith e Goldman 1994).
A Teoria da Expectativa é uma teoria de aprendizagem cognitiva baseada nos processos de
memória, ou seja, uma teoria que explica como é que um novo comportamento é adquirido.
No mesmo sentido Smith e Goldman referem que “a percepção repetida de uma associação
entre um determinado comportamento e certos resultados conduz ao armazenamento
dessas associações na memória sob a forma de expectativas segundo uma relação
"se-então” entre o comportamento e as suas consequências" (1994, p. 230)66
Utilizando uma metodologia de investigação do tipo two-by-two balanced placebo
design”67, Marlartt e Rosenhow (1980) identificaram o papel das expectativas acerca dos
efeitos do álcool como mediador quer do consumo de álcool quer dos comportamentos sob
o seu efeito. De acordo com a Teoria das Expectativas, o efeito “placebo” é mediado pelas
expectativas explícitas (acessíveis à consciência), o qual produz um determinado efeito,
porque o indivíduo que o recebe espera esse efeito, ou seja, a expectativa produz o efeito
que se antecipa (Stewart-Williams e Pold, 2004).
O conceito de expectativas em relação aos efeitos do álcool refere-se às conse-
quências que o indivíduo antecipa que irão resultar da ingestão de bebidas alcoólicas. Hull e
Bond (1986) do estudo de meta-análise realizado concluíram que o consumo real de álcool
e as expectativas acerca do seu efeito originavam efeitos diferenciados; isto é, as
expectativas apresentaram maior efeito ao nível dos comportamentos sociais e emoções
desaprovadas pelo meio cultural, nomeadamente a activação sexual, enquanto que o
consumo real de álcool mostrou um maior efeito sobre os comportamentos não sociais,
como por exemplo a deterioração do processamento da informação, da memória e da
performance motora e a modificação de sensações internas que implicam em geral altera-
ções no humor e a tendência para o aumento da agressividade.
As expectativas acerca dos efeitos do álcool são mediadoras do consumo e podem
por reforço negativo (redução da tensão) ou positivo (melhor interacção social) aumentar a
66
Tradução nossa:“The repeated perception of an association between a given behavior and certain
outcomes leads to the storage of these associations in memory in the form of expectancies of “it-then” relations
between the behavior and its consequences…” (1994, p. 230)
67
Metade dos indivíduos pensam que vão beber uma determinada bebida alcoólica e outra metade
espera uma bebida não alcoólica, por sua vez em cada um destes grupos metade recebe de facto a bebida
alcoólica e a outra metade uma bebida simulada. As bebidas são preparadas de modo a não ser possível a
distinção das que contém álcool das que não têm.
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 110
"O que parece estar a faltar na educação para a saúde e na área da prevenção das
substâncias são programas abrangentes baseados em modelos teóricos integra-
dores e multi-componentes que fundam em conjunto os pontos fortes dos modelos
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 111
68
Tradução nossa: “What appears to be lacking in the health education and drug prevention fields are
comprehensive programs founded on multi-component, integrative theoretical models, which fuse together the
strengths of contemporary theoretical models, and thereby enhance the potential for understanding and
effectively preventing drug abuse”
69
Tradução nossa: “ Expectancy Theory provides the opportunity to understand alcohol consumption at
all points of the continuum of consumption within a single common framework”
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 112
Expectativas em crianças
No mesmo sentido, alguns estudos realizados com crianças do ensino básico suge-
rem a diminuição da associação das expectativas positivas ao consumo de álcool como
efeito de intervenções dirigidas às expectativas acerca do álcool. Deste modo, a modificação
das expectativas é considerada uma componente coadjuvante dos programas de prevenção
(Kraus et al., 1994; Cruz e Dunn, 2003).
De acordo com a Teoria das Expectativas, a existência de expectativas positivas
acerca do álcool antes do seu consumo favorece a vivência positiva das experiências iniciais
de consumo de bebidas alcoólicas que, por sua vez, aumenta e reforça essas expectativas
(Brown et al., 1987; Smith e Goldman, 1994). Nesta perspectiva, a avaliação das
expectativas baseadas nas experiências iniciais da aprendizagem poderá fornecer uma
avaliação mais directa do risco do que a avaliação de outros factores mais distais, nomeada-
mente os factores socioculturais ou genéticos uma vez que as expectativas reflectem uma
importante influência contingente ao consumo de álcool (Smith e Goldman, 1994).
A importância da teoria das expectativas no contexto da prevenção revê-se no
pressuposto de que a intervenção dirigida às expectativas poderá interferir na tendência
para o seu incremento durante a adolescência, dos seguintes modos:
Desta forma, o modelo das expectativas fornece uma base teórica que serve de guia
orientador para os programas preventivos tal como é valorizado por Smith e Goldman
(1994).
Neste contexto, optou-se por apresentar a evidência empírica acerca da utilidade das
expectativas como importante mediador do consumo de álcool.
Uma das contribuições mais importantes das expectativas acerca do álcool tem a ver
não só com a sua utilidade para prever o início do consumo, como também a manutenção
do consumo e dos problemas com ele relacionados (Biddle et al., 1980; Bandura, 1986;
70
Tradução nossa:”a) focusing directly on the learning process itself, rather than on factors indirectly
related to that process b) targeting the current, causally active cognitive mechanisms by which learning is thought
to influence the behaviour of concern, and c) attempting to interrupt the vicious cycle of increased consumption.”
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 114
Marlatt et al., 1988; Christiansen et al., 1989; Goldman et al., 1991; Wiers et al., 1994; Jones
et al., 2001; Satre e Knight, 2001; Leigh e Stacy, 2004). A maioria dos estudos indica as
expectativas acerca dos efeitos do álcool como um preditor significativo do posterior
consumo de álcool. Por exemplo, os resultados do estudo pioneiro realizado por
Christiansen et al. (1989) com estudantes do 7º e 8º ano de escolaridade evidenciaram que
as expectativas acerca do álcool são preditores do consumo de álcool 12 meses depois. Na
avaliação inicial, cinco dos sete factores de expectativas avaliados pelo AEQ-A
descriminaram com sucesso, quer os consumidores problemáticos actuais, quer os futuros
consumidores problemáticos um ano depois.
Também os resultados do estudo longitudinal realizado por Aas et al. (1998) durante
dois anos com estudantes do 7º ano de escolaridade noruegueses (n = 924), mostram que
as expectativas positivas de efeitos no comportamento social eram preditores do consumo
nos adolescentes que já consumiam e preditores dos que iniciaram o consumo durante o
estudo. Para além disso, verificaram que nos estádios iniciais do consumo de álcool, o
consumo influencia as expectativas subsequentes. Os mesmos autores concluíram que tais
evidências suportam a relação recíproca entre o consumo de álcool e as expectativas
positivas e salientam igualmente a importância de ambos, ou seja, as expectativas a
influenciar o consumo e as experiências iniciais do consumo de álcool implicadas no
desenvolvimento das expectativas.
Aas et al. (1998) consideram que quanto mais cedo o adolescente inicia as suas
experiências com o álcool maior poderá ser a influência subsequente no desenvolvimento
das expectativas acerca do álcool, através de um variado número de mecanismos de
aprendizagem. Salientando ainda que, enquanto os padrões de consumo não forem
estáveis, a relação entre os comportamentos e as expectativas pode ser tão ou mais
poderosa que a relação entre as expectativas e os comportamentos.
Neste sentido, à medida que os adolescentes se tornam consumidores regulares o
consumo prévio torna-se o mais poderoso preditor do consumo subsequente, ficando as
expectativas com uma influência mais indirecta no consumo (Aas et al., 1998; Dunn e
Goldman, 1998; Dunn et al., 2000; Leigh e Stacy, 2004). Isto é, quando já está estabelecido
um padrão de consumo, o consumo de álcool pode não ser antecedido por uma avaliação
cognitiva directa dos resultados esperados e a resposta ao consumo de álcool passa a ser
antecedida de um estímulo de um modo mais ou menos automático (Satre e Knight, 2001).
Ora, se essas expectativas influenciam o início do consumo de álcool entre os
adolescentes é importante a investigação do seu papel na transição para os padrões de
consumo em adultos. Pois as expectativas, para além de funcionarem como incentivadoras
do consumo em jovens bebedores, podem ser responsáveis pela percepção selectiva das
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 115
Contexto de consumo
Alguns estudos têm sido realizados com o objectivo de examinar a importância dos
factores contextuais no consumo de álcool. Através da análise de conceitos centrais da
Teoria das Expectativas testam as seguintes proposições: que as memórias acerca dos
efeitos do álcool estão armazenadas de um modo relativamente coeso em esquemas de
71
Final Expectancy Questionnaire (FEQ) com 8 subescalas; 4 de expectativas positivas: diversão,
sexualidade, social e redução da tensão e 4 de expectativas negativas: agressão social, deterioração emocional,
física e cognitiva/motora (Westmaas, 2007).
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 116
Normas Sociais
72
Tradução nossa: In light of the study results, it appears advisable to focus on preventive activities
related to abusive alcohol consumption taking place immediately before the sharp increase in prevalence around
age 14 and 15 years. These programs should be designed to neutralize the “appeal” of alcohol effects in its many
dimensions. In particular, actions should be oriented towards modifications of the favourable beliefs and
expectancies which alcohol has among schoolchildren, associated with amusement, improvement of social
relations, and with meeting and communicating with others.”
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 118
saúde (Berkowitz, 2004; Perkins et al., 2005; Perkins e Craig, 2006). Nesta abordagem,
quanto ao consumo de álcool, procura-se responder aos seguintes aspectos – quais os
comportamentos sociais que ocorrem entre os jovens e qual a relação entre os
comportamentos referidos com a percepção que os jovens têm acerca da ocorrência dos
mesmos comportamentos entre os pares, oferecendo, como refere Perkins (2003), um
modelo teórico que prevê o comportamento baseado na percepção actual das “normas”.
Relativamente ao consumo “habitual” de bebidas alcoólicas pelos pares, a percepção
das “normas” inclui não só a ideia que o adolescente construiu acerca do consumo
efectuado pelos outros da sua idade, como informações relativas ao que os outros
consideram ser o consumo aceitável. A sobrestimação da percepção do consumo reflecte-
se também na percepção errónea da quantidade de bebidas alcoólicas consumidas por
ocasião de consumo e na percepção acerca da ocorrência de episódios de embriaguez
(DuRant et al., 1997; Walters e Neighbors, 2005).
Alguns estudos têm mostrado que os jovens sobrestimam o consumo entre os pares
quer em frequência quer em quantidade (Perkins et al., 1999; Perkins, 2003; Walters e
Neighbors, 2005; Perkins, 2007) e que essa percepção errónea acerca do consumo habitual
de bebidas alcoólicas pelos pares é preditiva do consumo de álcool nos jovens (Cardenal e
Adell, 2000; Vicary e Karshin, 2002; Perkins, 2003; Perkins et al., 2005; Perkins, 2007).
As evidências sugerem que a percepção do consumo habitual de álcool, em
particular entre os adolescentes e jovens, desempenha um papel crucial nos seus comporta-
mentos individuais (Hansen e Graham, 1991; Berkowitz, 2004; Perkins et al., 2005). Nesta
fase da vida, onde a maioria dos adolescentes procura explorar novas regras, atitudes e
comportamentos e em que a ligação aos pares constitui um vínculo privilegiado na
construção da sua autonomia, a aprovação dos pares é sentida como imprescindível,
redireccionando novos comportamentos. Para Perkins (2003), todos os indivíduos com
percepções erróneas (de sobrestimação) acerca do consumo habitual dos outros, contri-
buem para um ambiente propício a que o comportamento percepcionado como normativo
ocorra, independentemente de se envolverem ou não nesses comportamentos. Sublinhando
ainda que, os diferentes efeitos que as percepções erróneas podem produzir dependem das
características individuais, da fase de desenvolvimento e do meio envolvente.
A correcção da percepção errónea acerca do consumo habitual de bebidas
alcoólicas pelos pares tem sido considerada uma componente importante nos programas de
prevenção, uma vez que esta é susceptível de ser alterada (Hansen, 1992; Hansen e
Graham, 1991; Perkins et al., 1999; Taylor, 2000; Cuijpers, 2002; Berkowitz, 2004; Perkins
et al., 2005). No entanto, a sua integração nos programas de prevenção do uso/abuso de
álcool impõe o provimento de feedback, utilizando os resultados acerca do consumo real
Capítulo III – Das Evidências à Construção de um Programa de Prevenção do Uso/Abuso de Álcool 119
Competências sociais
estáveis ao longo do tempo (Cole e Dodge, 1983 Cit. por Demaray e Ruffalo, 1995) e são
preditivas de psicopatologia na idade adulta (Parker e Asher, 1987).
A escola integra também uma missão socializadora reforçando os comportamentos
sociais adequados, nomeadamente de aceitação, emissão de elogios e tentando extinguir
os que são vistos como inapropriados. A um nível mais formal, a escola pode promover a
aprendizagem através de metodologias interactivas, nomeadamente a aprendizagem
cooperativa.
Através da aprendizagem cooperativa, como sublinha Johnson e Johnson (1994) os
estudantes desenvolvem a capacidade de verbalizar as suas opiniões e de criar ligações
afectivas com os colegas, percebendo melhor o ponto de vista dos outros, com implicações
a nível académico, nomeadamente o aumento da produtividade e o desenvolvimento da
persistência na realização das tarefas.
As aptidões sociais são concebidas por Gresham e Elliott (1990) sob o ponto de vista
comportamental, como os comportamentos que em determinada situação maximizam a
probabilidade de assegurar e manter o reforço e/ou diminuem a probabilidade de punição ou
de extinção contingente ao comportamento social.
O modelo de competências sociais (habilidades de vida) vai além do treino específico
de competências para recusar substâncias, integrando o treino de competências gerais
transversais aos diferentes domínios. Perry e Kelder (1992) consideram que competências
pessoais e sociais pobres em combinação com outros factores de risco conduzem a um
aumento da susceptibilidade às influências sociais para o consumo de substâncias. Alguns
estudos sugerem a relação da assertividade com o consumo de substâncias, no sentido de
que os adolescentes que são capazes de colocar limites aos seus pares e se sentem
confortáveis a dar a sua própria opinião e a expressar as suas necessidades têm menos
probabilidade de consumirem substâncias (Rhodes e Jason, 1990).
Reforçando esta tendência de valorização das competências pessoais e sociais para
lidar com as situações de risco, alguns estudos longitudinais demonstram resultados de
eficácia na prevenção do consumo de substâncias em programas que integram esta
componente (Botvin et al., 1990; Botvin, 1995; Botvin et al., 1995; Petraitis et al., 1995;
Botvin et al., 2000; Skara e Sussman, 2003).
PARTE II – ESTUDOS EMPÍRICOS
CAPÍTULO I – ESTUDOS PRÉVIOS
1. INTRODUÇÃO
73
…“attributes people need to have to be able to control their health-related behaviour: Knowledge and
awareness; access to resources; interpersonal skills and physical motor skills; and body autonomy …”
(MacDowall et al., 2007, p. 7).
74
Refere-se ao consumo de álcool e à ocorrência de embriaguez pessoal, declarado pelo próprio.
Capítulo I – Estudos Prévios 127
2. METODOLOGIA
Amostra
75
O município de Coimbra situa-se na faixa litoral do país, na Região Centro. Pertence ao distrito de
2
Coimbra e integra a sub-região do Baixo Mondego. Possui uma área de 319.4 km e é composto por 31
freguesias. Durante o ano lectivo de 2003/2004, estiveram matriculados nas escolas do município de Coimbra
21.964 alunos; destes 66% frequentaram escolas públicas e 34% escolas privadas. A rede de escolas públicas é
constituída por 79 escolas do tipo EB1, 9 escolas do tipo EB23 e 7 escolas do tipo ES (duas das quais oferecem
o 3º ciclo do ensino básico). Em 2003/4, 5095 estudantes frequentavam o 2º e o 3º ciclo. A freguesia de Santo
António dos Olivais situa-se no centro da cidade e tem 3709 habitantes (Antunes, 2006). A escolha desta
freguesia baseou-se no facto de nela se situar o Centro de Saúde Norton de Matos com o qual se pretende
desenvolver e consolidar um projecto de prevenção baseado em intervenção escolar.
Seleccionou-se a Escola Básica 2º e 3ª ciclos Dra. Maria Alice Gouveia (Escola A) por pertencer à área
de abrangência do Centro de Saúde, e a Escola Básica 2º e 3ª ciclos Martim de Freitas (Escola B) porque pelas
suas características e localização geográfica apresentava as características mais similares com Escola A.
Capítulo I – Estudos Prévios 128
Características Média DP
Idade 13.55 1.13
nº %
Género Masculino 317 48.50
Feminino 337 51.50
Escolaridade 7º ano 242 37.00
8º ano 221 33.80
9º ano 191 29.20
Retenção escolar Sim 128 19.60
Não 526 80.40
Desempenho Elevado 362 55.40
Escolar Médio 229 35.00
Baixo 63 9.60
Tipologia Família nuclear 503 76.90
Familiar F. mono-parental 132 20.20
Instituições/outros 19 2.00
Lugar na Fratria “Único” 130 19.90
Mais velho 231 35.30
Meio 238 36.40
Mais novo 55 8.40
Acompanhamento Pai/mãe/adulto 296 45.30
Após as aulas Colegas/amigos 231 35.30
Irmãos 18 2.80
Sozinho 109 16.70
Actividade Sim 238 36.40
Extra-curricular Não 416 63.60
Amigos chegados Nenhum 10 1.50
Um 27 4.10
Dois 109 16.70
Três ou mais 508 77.70
Nível financeiro Elevado 281 43.00
Médio 325 49.70
Baixo 48 7.30
Capítulo I – Estudos Prévios 129
- Questionário de Caracterização
76
Nos EUA Hays e Ellickson (1996) submeteram à apreciação de dez investigadores da área alcoologia
um questionário de 16 páginas, em que solicitavam as opiniões acerca das quantidades frequência do consumo,
consumo de risco e ainda itens relativos às consequências negativas. Os resultados revelaram uma considerável
variabilidade na opinião acerca dos diferentes indicadores do uso indevido de álcool (alcohol misuse). O acordo
entre os especialistas foi raro, cujos comentários foram no sentido de que a frequência e a quantidade devem ser
considerados em conjunto e não separadamente na definição dos níveis de consumo indevido (levels of
misuse).[e.g “for high schools seniors, an average of less than one drink a day was rated to be indicative of
alcohol misuse. This result alone points out the dramatic difference in perception of misuse for adolescents
compared to adults. Over twice this level is necessary to be classified as a heavy adult drinker (Williams and
DeBakey, 1992)”] (Hays e Ellickson, 1996: 302).
No mesmo sentido, no Reino Unido, um estudo de revisão da literatura dos estudos que investigam o
consumo de álcool em jovens estudantes, os autores depararam-se com uma grande variabilidade de métodos
para descrever o consumo de álcool: “Delk and Meilman (1996) employed a validated questionnaire; the Core
Alcohol and Drug Survey, Orford et al. (1974), Brown and Gunn (1977), Leavy and Alexander (1992) and Williams
and Clark (1998) favoured quantity-frequency questionnaires. The time frame selected for investigation differs;
Orford et al (1974) favoured 1 year, whereas Brown and Gunn (1977) studied 1 week. Norman et al (1998) and
West et al. (1990) reported “average weekly” consumption. Retrospective diaries were analysed by Anderson
(1984) for a 4-day period (but these were distributed either on a Friday or Monday). Collier and Beales (1989),
Ghodes and Howse (1994) and Underwood and Fox (2000) investigated consumption “last week”. File et al.
(1994) adopted a similar format but questions relating to alcohol consumption were within a questionnaire
investigating diet, health etc. – a format which may yield more reliable estimates of alcohol consumption (King,
1994).” (Gill, 2002: 169).
Capítulo I – Estudos Prévios 130
Existe uma ampla variedade de conhecimentos acerca do álcool que são conside-
rados importantes para a compreensão desta problemática, nomeadamente no que se
refere aos efeitos e consequências do álcool a curto, médio e longo prazo e ainda aos
“mitos” e conceitos erróneos acerca deste, uma vez que estes podem influenciar os
comportamentos, sendo os conhecimentos neste domínio considerados necessários,
embora não suficientes, para promover comportamentos saudáveis. Por este motivo devem
ser valorizados em qualquer programa de prevenção.
O questionário QCaA partiu de uma base inicial de 69 afirmações acerca do álcool
(verdadeiras e falsas) ancorada na revisão da literatura. Na sequência da sua construção e
após a sua avaliação por três peritos na área da Saúde Mental e Psiquiátrica, resultou a
versão final que integra 40 afirmações referentes aos principais conhecimentos acerca do
álcool. Foram eliminadas 29 afirmações, umas por terem sido consideradas redundantes e
outras por estarem relacionados com as expectativas acerca do álcool.
O questionário de Avaliação de Conhecimentos acerca do Álcool (QCaA de Barroso
et al., 2006) é constituído por 40 itens de formato dicotómico (Verdadeiro/Falso) (Anexo 2), e
avalia os conhecimentos “úteis” acerca do álcool, inclui 21 afirmações verdadeiras (1, 2, 3,
7, 8, 10, 12, 13, 17, 19, 21, 25, 26, 27, 30, 33, 35, 37, 38, 39 e 40) e 19 afirmações falsas (4,
Capítulo I – Estudos Prévios 131
5, 6, 9, 11, 14, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24, 28, 29, 31, 32, 34 e 36). A pontuação varia de 0 a
40 pontos, sendo atribuída a cada afirmação correcta pontuação 1 e a cada afirmação
incorrecta a pontuação 0.
Esta versão final foi validada quanto à sua legibilidade e a compreensibilidade do
conteúdo das afirmações através do pré-teste aplicado a 10 adolescentes. Não tendo sido
necessário efectuar nenhuma alteração após a análise dos resultados obtidos deste
procedimento.
Dadas as características do questionário, com o qual se pretendeu fazer a avaliação
dos conhecimentos baseada na cotação obtida em função das respostas correctas, não foi
necessária a sua avaliação psicométrica.
Kuder
nº
Dimensão AEQ-A Richardson
itens
(K-20)
VI Estimulação 4 .33
77
O SSRS inclui três versões distintas em função dos respondentes: auto-avaliação, feita pelo próprio;
avaliação dos professores e avaliação realizada pelos pais ou adulto significativo. Cada uma das versões
compreende três escalas diferentes consoante o nível de escolaridade (pré - escolar; 1º e 2º ciclo; 3º ciclo e
secundário). As versões podem ser administradas individualmente ou em conjunto. A versão para os professores
engloba três domínios: Aptidões Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Académica; a versão
para os pais compreende apenas os dois primeiros domínios e por fim a versão de auto-resposta contempla
somente as Aptidões Sociais.
Capítulo I – Estudos Prévios 133
Alfa de
nº de
Dimensões Cronbach’s
itens
(α )
Cooperação 9 .69
Assertividade 8 .67
Empatia 10 .75
Autocontrolo 10 .70
Score Global 37 .84
Procedimentos
78
Nos estudos de investigação, o consentimento parental é uma questão de extrema importância
especialmente neste domínio. Alguns estudos indicam que quando o consentimento não é requerido a
percentagem de recusa em participar é de 19.7% em adolescentes; quando o consentimento é requerido a
percentagem de recusa sobe para 59.1%, sendo estas diferenças estatisticamente significativas (Rojas et al.,
2008). Contudo a resolução deste problema não pode passar pelo atropelamento dos princípios éticos
subjacentes à missão do investigador. Para além disso, os estudos neste domínio indicam que obtenção de
permissão dos pais ou encarregados de educação para a participação nos estudos de investigação aumenta a
aderência aos protocolos do estudo, melhora a comunicação entre os pais e os filhos e promove a confiança e
respeito entre os membros da família (Peterson et al., 1995 e Peterson, 1999 Cit. por Rojas et al., 2008).
Capítulo I – Estudos Prévios 134
Análise de dados
A análise dos dados foi efectuada com o auxílio do programa estatístico SPSS
versão 14.0 (Statistical Package for the Social Sciences).
Foram utilizadas diferentes medidas estatísticas, nomeadamente a distribuição de
frequências, os coeficientes de Kuder Richardson e de Alfa de Cronbach, o teste Qui-
-quadrado de diferença de proporções e o teste-t para grupos independentes.
Capítulo I – Estudos Prévios 135
3. RESULTADOS
n = 654
Consumo de bebidas alcoólicas
nº %
Consome
Sim 426 65.10
Não 228 34.90
n = 426
nº %
Frequência do consumo cerveja
Regular 33 7.75
Ocasional 200 46.95
Abstinente 193 45.30
Frequência do consumo de vinho
Regular 5 1.17
Ocasional 114 26.76
Abstinente 307 72.07
Frequência do consumo de bebidas destiladas
Regular 30 7.04
Ocasional 312 73.24
Abstinente 84 19.72
Quantidade consumida
1 a 2 copos 344 80.75
3 ou mais copos 78 18.31
Sem resposta 4 .94
Ocorrência de embriaguez
Sim 80 18.78
Não 346 81.22
Primeira ocasião de consumo
Ocasião festiva
Sim 302 73.20
Não 124 26.80
Com quem?
Familiares 302 70.90
Amigos 119 27.90
Sozinho 5 1.20
Capítulo I – Estudos Prévios 137
Correctas Erradas
Afirmações do QCaA
nº % nº %
1. O álcool das bebidas alcoólicas é “álcool etílico” …. 91 13.90 563 86.10
2. O consumo de álcool pode causar dependência. 588 89.90 66 10.10
3. O teor alcoólico de uma bebida é a quantidade de álcool que a bebida tem. 525 80.30 129 19.70
4. O consumo de álcool só é prejudicial se as pessoas beberem todos os dias. 359 54.90 295 45.10
5. Nem todas as bebidas alcoólicas contêm álcool. 555 84.90 99 11.10
6. O álcool faz com que as pessoas fiquem com mais força para trabalhar. 589 90.10 65 9.90
7. Beber com moderação, significa um adulto saudável beber um ou dois … 517 79.10 137 20.90
8. As pessoas que bebem muito durante toda a vida acabam por ficar…. 598 91.40 56 8.60
9. As bebidas alcoólicas quando bebidas às refeições não fazem mal … 343 52.40 311 47.60
10. O consumo de álcool nas crianças e nos jovens provoca problemas … 597 91.30 57 8.70
11. O álcool das bebidas alcoólicas é digerido no estômago junto com os… 292 44.60 362 55.40
12. O álcool quando passa para o sangue tem preferência pelas partes do … 328 50.20 326 49.80
13. Beber grandes quantidades de álcool pode ser mortal. 588 89.90 66 10.10
14. Duas pessoas com o mesmo peso e a mesma altura reagem da mesma … 532 81.30 122 18.70
15. Quando se mistura água ou refrigerantes com bebidas alcoólicas … 333 50.90 321 49.10
16. O efeito que o álcool provoca na pessoa depende apenas da quantidade … 206 31.50 448 68.50
17. O alcoolismo provoca muitos problemas à pessoa e à sua família. 593 90.70 61 9.30
18. A idade não tem influência na capacidade do fígado “queimar” o álcool. 488 74.60 166 25.40
19. É perigoso conduzir depois de beber bebidas alcoólicas em grandes … 616 94.20 38 5.80
20. Dois ou três copos, de uma bebida alcoólica qualquer, não provocam … 463 70.80 191 29.20
21. As mulheres grávidas não podem beber bebidas alcoólicas porque o … 612 93.60 42 6.40
22. O álcool não é uma substância que cause dependência como as drogas. 525 80.30 129 19.70
23. Beber com moderação, significa um adulto saudável beber de maneira a … 289 44.20 365 55.80
24. A cerveja é boa para “matar” a sede. 453 69.30 201 30.70
25. O álcool das bebidas alcoólicas é “queimado” no fígado. 462 70.60 192 29.40
26. Os efeitos que o álcool provoca dependem da idade da pessoa. 429 65.60 225 34.40
27. O álcool quando passa para o sangue vai rapidamente para o nosso … 463 70.80 191 29.20
28. O álcool estimula as pessoas e faz com que estas se sintam sempre … 331 50.60 323 49.40
29. Qualquer criança ou jovem pode comprar e beber bebidas alcoólicas. 576 88.10 78 11.90
30. O alcoolismo é uma doença porque as pessoas estão dependentes do … 580 88.70 74 11.30
31. As mulheres que estão a amamentar podem beber álcool desde que …. 499 76.30 155 23.70
32. No nosso país há poucas pessoas que bebam muito. 566 86.50 88 13.50
33. Quanto mais cedo se começa a beber, maior é a probabilidade de se vir … 602 92.00 52 8.00
34. As pessoas quando bebem álcool ficam mais quentes porque o álcool … 235 35.90 419 64.10
35. O álcool mesmo em pequenas quantidades pode provocar alterações … 551 84.30 103 15.70
36. O fígado está preparado para “queimar” qualquer quantidade de álcool. 541 82.70 113 17.30
37. Os efeitos do álcool variam consoante se é do género masculino ou feminino. 240 36.70 414 63.30
38. O álcool das bebidas alcoólicas depois de ingerido passa rapidamente … 485 74.20 169 25.80
39. Pode-se beber a mesma quantidade de álcool bebendo bebidas …. 270 41.30 384 58.70
40. O álcool é a causa de 4 em cada 10 mortes de acidentes de viação …. 578 88.40 76 11.60
Capítulo I – Estudos Prévios 139
No que diz respeito às respostas erradas nos conhecimentos acerca do álcool dos
adolescentes, como se pode observar no gráfico de barras (Gráfico 1), verifica-se que uma
percentagem elevada de estudantes respondeu erradamente a 17 dos 40 itens do questio-
nário.
Variáveis
Conhecimentos Género Grupo etário
acerca do álcool Feminino Masculino 12-14 A 15-18 A
(n = 337) (n = 317) (n = 528) (n = 126)
Média 28.78 27.72 28.55 27.08
DP 3.69 4.55 4.02 4.52
teste-t t = 3.28; p = .001 t = 3.57; p = .000
Variáveis
Género Grupo etário
Expectativas acerca do álcool
Feminino Masculino 12-14 A 15-18 A
(n = 337) (n = 317) (n = 528) (n = 126)
Transformação global positiva
Média 5.82 5.69 5.49 6.87
DP 3.34 3.59 3.36 3.63
teste-t t = .48; p = .629 t = -4.07; p = .000
Alteração comportamento social
Média 5.08 5.52 4.78 7.43
DP 3.16 3.29 2.96 3.44
teste-t t = -1.72; p = .086 t = -7.95; p = .000
Melhoria do funcionamento motor e cognitivo
Média 1.11 1.43 1.06 2.14
DP 1.25 1.75 1.20 2.25
teste-t t = -2.64; p = .008 t = -5.20; p = .000
Activação da sexualidade
Média 3.13 3.01 2.96 3.54
DP 1.84 1.84 1.82 1.85
teste-t t = 83; p = .404 t = -3.18; p = .002
Deterioração do funcionamento motor e cognitivo *
Média 20.46 18.97 19.94 18.92
DP 3.10 4.12 3.64 4.05
teste-t t = 5.14; p = .000 t = 2.57; p = .011
Estimulação
Média 1.80 1.68 1.71 1.88
DP 1.98 1.07 1.01 1.08
teste-t t = .47; p = .140 t = -1.73; p = .085
Relaxamento e redução da tensão
Média 8.89 8.30 8.48 9.14
DP 2.80 3.13 3.00 2.86
teste-t t = 2.54; p = .011 t = -2.22; p = .027
* Dimensão de expectativas negativas
Capítulo I – Estudos Prévios 143
Variáveis
Género Grupo etário
Aptidões sociais
Feminino Masculino 12-14 A 15-18 A
(n = 337) (n = 317) (n = 528) (n = 126)
Cooperação
Média 13.13 12.72 13.07 12.37
DP 2.43 2.65 2.55 2.47
teste-t t = 2.03; p = .043 t = 2.76; p = .006
Assertividade
Média 10.73 11.23 11.04 10.71
DP 2.53 2.63 2.55 2.75
teste-t t = -2.48; p = .014 t = 1.28; p = .198
Empatia
Média 16.39 14.43 15.51 15.16
DP 2.48 2.97 2.90 2.91
teste-t t = 9.01; p = .000 t = 1.21; p = .224
Autocontrolo
Média 12.41 12.60 12.61 12.08
DP 2.87 2.92 2.97 2.52
teste-t t = -.82; p = .410 t = 2.05; p = .041
Variáveis
Percepção do Género Grupo etário
consumo pelos pares Feminino Masculino 12-14 A 15-18 A
(n = 337) (n = 317) (n = 528) (n = 126)
79
Consumo elevado
nº 114 97 141 70
% 54.00 46.00 66.80 33.20*
80
Consumo baixo
nº 223 220 387 56
% 50.30 49.70 87.40* 12.60
Teste de diferenças de 2 2
χ (1) = .78; p = .377 χ (1) = 38.74; p = .000
proporções
* Considerando os resíduos ajustados
79
Percepção do consumo elevado de bebidas alcoólicas pelos pares (todos os dias, todos as semanas
e todos os meses).
80
Percepção do consumo baixo de bebidas alcoólicas pelos pares (consumo ocasional, raro ou nunca).
Capítulo I – Estudos Prévios 145
Variáveis
Consumo Embriaguez
Conhecimentos (n = 654) (n = 426)
acerca do álcool
Sim Não Sim Não
(n = 426) (n = 228) (n = 80) (n = 346)
Média 28.18 28.43 26.95 28.46
DP 4.20 4.08 5.07 3.93
teste-t t= -.742; p= .459 t= -2.50; p= .014
Capítulo I – Estudos Prévios 146
Variáveis
Consumo Embriaguez
Expectativas acerca do álcool (n = 654) (n = 426)
Sim Não Sim Não
(n = 426) (n = 228) (n = 80) (n = 346)
Transformação global positiva
Média 6.18 4.96 8.32 5.69
DP 3.53 3.18 3.73 3.29
teste-t t = 4.51; p = .000 t = 6.27; p = .000
Alteração comportamento social
Média 6.12 3.75 9.67 5.30
DP 3.34 2.34 2.63 2.92
teste-t t = 10.58; p = .000 t = 12.24; p = .000
Melhoria do funcionamento motor e cognitivo
Média 1.40 1.01 2.52 1.15
DP 1.62 1.27 2.45 1.23
teste-t t = 3.38; p = .001 t = 4.87; p = .000
Activação da sexualidade
Média 3.30 2.65 4.22 3.06
DP 1.85 1.75 1.84 1.79
teste-t t = 4.35; p = .000 t = 5.05; p = .000
Deterioração do funcionamento motor e cognitivo*
Média 19.60 20.00 18.66 19.82
DP 3.84 3.53 4.24 3.72
teste-t t = -.13; p = .186 t = -2.45; p = .015
Estimulação
Média 1.87 1.50 2.21 1.80
DP 1.00 1.04 1.08 .97
teste-t t = 4.47; p = .000 t = 3.11; p = .001
Relaxamento e redução da tensão
Média 8.93 8.00 9.72 8.75
DP 2.82 3.17 2.65 2.83
teste-t t = 3.86; p = .000 t = 2.78; p = .006
*Dimensão de expectativas negativas
Capítulo I – Estudos Prévios 147
Variáveis
Consumo Embriaguez
Aptidões sociais (n = 654) (n = 426)
Sim Não Sim Não
(n = 426) (n = 228) (n = 80) (n = 346)
Cooperação
Média 12.42 13.89 11.48 12.63
DP 2.44 2.45 2.42 2.40
teste-t t = -7.33; p = .000 t = -3.84; p = .000
Assertividade
Média 11.26 10.45 12.01 11.09
DP 2.54 2.60 2.28 2.57
teste-t t = 3.85; p =.000 t = 2.94; p = .003
Empatia
Média 15.52 15.28 15.85 15.45
DP 2.93 2.85 2.95 2.92
teste-t t = 1.01; p = .313 t = 1.10; p = .273
Autocontrolo
Média 12.01 13.42 11.31 12.17
DP 2.81 2.81 2.55 2.84
teste-t t = -6.10; p = .000 t = -2.50; p = .013
domínio apresentam uma percepção do consumo baixo dos pares, em ambas as situações
com significância estatística (p < .001).
Variáveis
Consumo Embriaguez
Percepção do (n = 654) (n = 426)
consumo pelos pares
Sim Não Sim Não
(n = 426) (n = 228) (n = 80) (n = 346)
81
Consumo elevado
n 174 37 50 124
% 82.50* 17.50 28,70* 71.30
82
Consumo baixo
n 252 191 30 222
% 56.90 43.10* 11.90 88.10*
Teste de diferenças de 2 2
χ (1) = .41.18; p = .000 χ (1) = 19.11; p = .000
proporções
* Considerando os resíduos ajustados
81
Percepção do consumo elevado de bebidas alcoólicas pelos pares (todos os dias, todos as semanas
e todos os meses).
82
Percepção do consumo baixo de bebidas alcoólicas pelos pares (consumo ocasionalmente, raro ou
nunca).
Capítulo I – Estudos Prévios 149
4. DISCUSSÃO
prevenção do uso/abuso de álcool e por outro lado, a implementação dos mesmos em fase
apropriada antes das expectativas ficarem estáveis e por isso mais resistentes à mudança.
Relativamente aos resultados inerentes às aptidões sociais tendo em consideração o
género e o grupo etário, verificou-se que as raparigas se destacaram nas aptidões sociais
de cooperação e empatia, os rapazes na assertividade e os mais novos nas aptidões sociais
de cooperação e de autocontrolo. Estes resultados são concordantes com alguns estudos,
nomeadamente os estudos realizados por Gresham e Elliott (1990) e Pedro (2005).
As diferenças em relação ao género poderão estar associadas a influências culturais,
especificamente à socialização. Cárter e Wojtkiewicz (2000; Cit. por Vieira, 2006) referem
que:
Neste sentido, é provável que as raparigas tenham uma tendência para desenvolver
um self mais empático atribuindo, com efeito, prioridade ao seu relacionamento com os
outros, enquanto que os rapazes tenham tendência para orientar as suas preocupações em
busca de uma posição activa e reconhecida (Cosse, 1992 Cit. por Vieira, 2006).
Na análise da relação das aptidões sociais com o consumo de bebidas alcoólicas e
ocorrência de episódios de embriaguez verificou-se que os adolescentes que não referiram
experiências de embriaguez destacaram-se nas aptidões sociais de cooperação e de
autocontrolo, em contrapartida os adolescentes que referiram experiências de consumo e de
embriaguez destacaram-se nas aptidões sociais de assertividade. Considerando este último
resultado e tendo em conta que a “assertividade” é uma aptidão que se traduz pela defesa
dos direitos do próprio sem violar os direitos dos outros. Refere-se a uma competência
essencial para as relações interpessoais uma vez que promove a manutenção e desenvolvi-
mento da auto-estima favorecendo consequentemente as relações amistosas e respeito
pelas normas sociais. Teoricamente, sabe-se que a adolescência se caracteriza por um
processo de construção identitária, o que conduz o indivíduo a confrontar-se de forma activa
com as normas e valores, caracteriza-se igualmente como um processo de construção de
competências de assertividade. Neste quadro, a relação entre as experiências de consumo
e as aptidões sociais de assertividade levanta questões acerca do papel das experiências
de consumo não só no que diz respeito às necessidades de confronto com as normas como
na própria avaliação que os sujeitos fazem acerca do resultado dessas mesmas
experiências.
Capítulo I – Estudos Prévios 153
Alguns estudos têm revelado que o AEQ é um instrumento adequado para avaliação
das expectativas acerca do álcool. Christiansen et al. (1982), Christiansen e Goldman
(1983), Christiansen et al. (1985), Brown et al. (1987), Darkes e Goldman (1993) consideram
que as expectativas acerca do álcool são preditores do consumo de álcool; e ainda
Christiansen et al. (1989) e Goldman et al. (1991) salientam o seu papel na identificação do
início de problemas relacionados com o álcool em adolescentes.
Este instrumento de utilização frequente, tem no entanto suscitado algumas
polémicas, das quais as mais importantes dizem respeito às dificuldades de se obter uma
análise factorial clara, baixa consistência interna de algumas das sub-escalas e que põem
em causa as qualidades psicométricas do instrumento, para além do formato de resposta,
pouco discriminativo (Leigh, 1989, Leigh e Stacy, 1991).
A versão original do AEQ-A é constituída por 90 itens que se organizam em sete
dimensões. O formato do questionário é de reposta dicotómica de auto-preenchimento.
O estudo de validação do AEQ-A foi realizado nos EUA com uma mostra de 1580 adoles-
centes dos 12 aos 19 anos de idade, foram obtidos os resultados que se apresentam no
quadro seguinte (Quadro 15).
Christiansen
nº de
Dimensões e Goldman
itens
(1983)
I Transformação global positiva 15 .76
II Alteração do comportamento social 17 .82
III Melhoria do funcionamento motor e cognitivo 10 .66
IV Activação da sexualidade 7 .77
V Deterioração do funcionamento motor e cognitivo 24 .82
VI Estimulação 4 .47
VII Relaxamento e redução da tensão 13 .76
Rönnback
Aas Kline
Dimensões et al.
(1993) (1996)
(1999)
I Transformação global positiva .62 .75 .73
II Alteração do comportamento social .61 .69 .66
III Melhoria do funcionamento motor e cognitivo .39 .53 .72
IV Activação da sexualidade .47 .73 .62
V Deterioração do funcionamento motor e cognitivo .36 .73 .79
VI Estimulação .29 .37 .39
VII Relaxamento e redução da tensão .51 .76 .73
• Primeiro estudo
Metodologia
Resultados
Dos 654 questionários aplicados foram analisados os resultados de 412 uma vez que
242 questionários foram anulados por apresentarem deficiências de preenchimento.
Conforme se pode observar no Quadro 17, os resultados obtidos através do
coeficiente de Kuder-Richardson revelam valores nas diferentes dimensões entre .81 e .34.
De salientar que o valor obtido na dimensão “Estimulação” é de (K20=.34), considerado por
Pestana e Gageiro (2005) um valor de consistência interna inadmissível.
Kuder-
Dimensões Richardson
(K20)
I Transformação global positiva .78
VI Estimulação .34
Discussão
(5 itens). Em qualquer dos casos considerou-se útil verificar o seu comportamento numa
segunda fase de refinamento do questionário.
A eliminação daqueles itens conduziu, logo à partida, à extinção da dimensão
“Melhoria do funcionamento motor e cognitivo”. Segundo Christiansen et al. (1985) as
expectativas de melhoria do funcionamento cognitivo e motor parecem ir enfraquecendo
durante a adolescência, embora estas existam nos adultos alcoólicos. Alguns estudos
sugerem que os indivíduos adultos com dependência alcoólica esperam mais benefícios
cognitivos no consumo de álcool do que os consumidores não problemáticos (Wanberg,
Horn e Foster, 1977 Cit. por Christiansen et al., 1985). A diminuição progressiva com a
idade na expectativa de que o álcool melhora o funcionamento cognitivo e motor e o seu
“reaparecimento”” em indivíduos adultos com dependência alcoólica tem estimulado alguns
autores ao questionamento sobre o seu significado, uma vez que a mesma traduz uma
aparente contradição. Christiansen et al. (1985) sugerem que aquelas expectativas
desempenham um papel etiológico no desenvolvimento dos problemas com a bebida,
uma vez que persistem nos indivíduos com dependência alcoólica mas não na generalidade
dos adultos.
Noutra perspectiva, também se pode considerar o desenvolvimento da tolerância ao
álcool e a dependência como possíveis factores explicativos da diminuição progressiva com
a idade daquelas expectativas e a sua presença em indivíduos com dependência alcoólica.
Um dos sintomas da dependência alcoólica é o craving, ou seja, necessidade
compulsiva para consumir bebidas alcoólicas no sentido de estabilizar os níveis de alcoole-
mia e esbater a sintomatologia de privação. Ao consumir álcool e invertendo a sintoma-
tologia de privação, produz-se um reforço da expectativa de que beber melhora o
funcionamento cognitivo e motor.
Capítulo I – Estudos Prévios 160
• Segundo Estudo
Metodologia
Resultados
Discussão
• Terceiro estudo
Metodologia
discriminativo daquele factor seria analisado o seu conteúdo tendo em conta a sua perti-
nência e manutenção; a solução final encontrada deveria apresentar uma percentagem de
variância total explicada com valor aproximadamente de 50%; também não deveria existir
discrepância entre a estrutura teórica subjacente e a solução encontrada; e ainda, cada
factor deveria ser constituído por três ou mais itens.
Foi utilizado o método de consulta a quatro investigadores da área científica do
presente estudo para uma tomada de decisão final acerca da organização e denominação
dos factores obtidos.
A amostra é constituída por 212 adolescentes de ambos os sexos (53.80% do
género feminino, 46.20% do género masculino), com idades compreendidas entre os 12 e
os 15 anos de idade (Média = 12.16; DP = .76) a frequentarem o 7º ano de escolaridade.
Resultados
Correlação Alfa se
item total apagado
corrigida o item
1. Beber álcool faz as pessoas sentirem-se bem e felizes. .384 .942
2. Beber álcool pode tirar a dor física. .205 .943
3. As pessoas sentem-se mais sensuais depois de algumas bebidas…. .521 .941
4. É mais fácil para as pessoas abrirem-se e falarem dos seus… .458 .942
5. Uma pessoa fala melhor com alguém do sexo oposto depois… .460 .942
6. Beber álcool ajuda a esquecer os problemas de casa. .467 .942
7. As pessoas são mais criativas e imaginativas quando bebem álcool. .410 .942
8. Beber álcool torna mais fácil estar com os outros, e em geral, faz… .549 .941
9. Beber álcool faz parecer o futuro melhor. .510 .942
10. Beber álcool torna as pessoas mais simpáticas. .455 .942
11. Uma pessoa pode tomar algumas bebidas alcoólicas para fazer…. .496 .942
12. As pessoas ficam mais seguras de si próprias quando bebem álcool. .537 .941
13. Beber álcool faz com que as pessoas se sintam mais interessantes. .495 .942
14. Não faz mal beber álcool porque permite às pessoas juntarem-se… .328 .943
15. Beber álcool faz com que as pessoas se sintam mais felizes… .602 .941
16. Ao falar com as pessoas, as palavras surgem mais facilmente… .458 .942
17. As pessoas sentem-se poderosas quando bebem álcool… .520 .941
18. Beber álcool faz as pessoas preocuparem-se menos. .477 .942
19. As pessoas bebem álcool porque lhes dá um sentimento bom… .554 .941
20. O álcool aumenta a estimulação, faz as pessoas sentirem-se… .489 .942
21. As bebidas alcoólicas doces sabem bem. .514 .942
22. Umas quantas bebidas alcoólicas tornam as pessoas menos tímidas .521 .941
23. A maior parte das bebidas alcoólicas sabe bem. .466 .942
24. As pessoas não se preocupam tanto com aquilo que os outros … .368 .942
25. Beber álcool tira as dores .545 .941
26. As pessoas estão mais predispostas a sentirem-se carentes… .469 .942
27. Uma pessoa acha mais agradáveis pessoas do sexo oposto… .606 .941
28. Beber álcool faz as pessoas sentirem-se menos ansiosas. .482 .942
29. As pessoas comportam-se como melhores amigas depois… .467 .942
30. O álcool torna as experiências sexuais mais fáceis e mais agradáveis. .456 .942
31. Beber álcool faz as pessoas sentirem-se mais satisfeitas …. .650 .941
32. O álcool deixa as pessoas mais relaxadas e menos tensas. .577 .941
33. Beber algumas bebidas alcoólicas é uma forma de tornar as férias… .504 .942
34. É divertido ver os outros a ser palermas quando bebem álcool. .412 .942
35. As pessoas bebem álcool quando têm problemas. .337 .943
36. As pessoas sentem-se menos sozinhas quando bebem álcool. .459 .942
37. Beber álcool faz com que as pessoas se sintam mais próximas… .623 .941
38. Umas quantas bebidas alcoólicas tornam mais fácil conversar com…. .604 .941
39. As pessoas têm sentimentos fortes quando estão a beber álcool. .584 .941
40. Bebidas alcoólicas tornam as festas mais divertidas. .548 .941
41. Beber álcool afasta o sentimento das pessoas de que elas… .452 .942
42. Beber álcool relaxa as pessoas. .616 .941
43. Beber álcool permite que as pessoas fiquem com o humor… .409 .942
44. Beber álcool pode fazer com que as pessoas esqueçam… .588 .941
45. É mais fácil falar em frente a um grupo de pessoas depois…. .528 .941
46. As pessoas ficam de bom humor depois de algumas… .571 .941
47. O álcool parece mágico. .357 .941
48. As pessoas não se preocupam com as suas responsabilidades… .340 .943
49. As pessoas ficam mais interessadas em pessoas do sexo oposto… .546 .941
Alfa de Cronbach =.94
Capítulo I – Estudos Prévios 165
No que se refere aos resultados obtidos na análise factorial, com a rotação ortogonal
Varimax dos 49 itens remanescentes, conforme se pode verificar nos Quadros 19 e 20, os
resultados mostram 4 factores com valores próprios ≥ 1.00, explicando 40.81% da variância
total. É de salientar que a medida de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) é de .890 e o valor do teste
de esfericidade de Bartlett de χ2 = 4419.729; p = .000 o que nos permitiu prosseguir com a
análise factorial.
Especificando, a solução obtida permite verificar que o primeiro factor explica
11.008% da variância e nele saturam os itens 3, 4, 5, 7, 16, 17, 26, 37, 38, 43 e 45 (Quadro
19). Neste agrupamento, os 11 itens respectivos anexam-se numa dimensão de expecta-
tivas acerca do álcool que foi designada por facilitador da relação com os outros. Todos os
itens saturam discriminativamente no factor com excepção dos itens 17 e 45. Ainda no
mesmo quadro, relativamente ao 2º factor, os resultados mostram que este explica 10.197%
da variância e agrega 12 itens (18, 19, 20, 22, 24, 31, 32, 35, 36, 39, 41 e 48) relacionados
com a dimensão designada por estimulação e redução da tensão. Não discriminam os itens
19, 22, 31, 32 e 39.
Alfa de
Dimensões Cronbach
(α)
I Facilitador da relação com os outros .82
II Estimulação e redução da tensão .85
III Escape a estados emocionais negativos .85
IV Alteração comp. social e activação sexual .84
Score Global .94
Variáveis
Consumo Embriaguez
Expectativas acerca do álcool (n = 212) (n = 75)
Sim Não Sim Não
(n = 76) (n = 136) (n = 12) (n = 63)
Facilitador relação com os outros
Média 32.15 30.94 34.75 31.52
DP 8.01 7.92 7.31 8.07
teste-t t = 1.06; p = .287 t = 1.26; p = .202
Estimulação e redução da tensão
Média 39.17 38.45 40.25 38.80
DP 7.70 9.25 9.09 7.43
teste-t t = .572; p = .568 t = .594; p = .555
Escape a estados emocionais negativos
Média 34.23 31.72 39.58 33.20
DP 9.50 9.81 9.60 9.30
teste-t t = .180; p = .073 t = 2.16; p = .034
Alteração comportamento social e activação sexual
Média 37.71 32.89 45.83 36.09
DP 8.71 8.55 8.53 7.95
teste-t t = 3.90; p = .000 t = 3.84; p = .000
Score Global
Média 143.44 133.97 161.00 139.73
DP 28.09 31.27 29.48 26.79
teste-t t = 2.19; p = .029 t = 2.48; p = .015
Discussão
tivas acerca do álcool como factor de alteração do comportamento social e activação sexual.
A estrutura identificada é semelhante à apresentada por Aas (1993), no estudo que o
mesmo realizou com uma versão reduzida do AEQ-A (27 itens).
Apesar de terem sido eliminadas duas dimensões: “Melhoria do funcionamento motor
e cognitivo” e “Deterioração do funcionamento cognitivo e motor”, cuja justificação foi
anteriormente apresentada e três dos quatro itens da dimensão “Estimulação” terem sido
agregados noutro factor da estrutura em análise, a solução encontrada não compromete o
constructo original.
Relativamente às expectativas alguns estudos mostram diferentes organizações, por
exemplo no estudo realizado por Christiansen et al., (1982) evidenciam-se seis dimensões
repetidas nos diferentes grupos etários (12 aos 14; 15 aos 16 e 17 aos 19 anos): “Redução
da tensão física”; “Fuga às preocupações”; “Aumento do poder interpessoal”; “Transfor-
mação mágica das experiências”; “Aumento do prazer”; “Modificação do comportamento
social e emocional”. Os mesmos autores verificaram que os conteúdos das dimensões
sofrem alterações em função das experiências de consumo e da idade.
A solução encontrada é ancorada na revisão da literatura, sendo de salientar que as
expectativas acerca do álcool refere-se a um constructo multidimensional e dinâmico.
No presente estudo, os resultados obtidos na análise dos scores das dimensões em
função das experiências de consumo e de ocorrência de embriaguez revelam que as
expectativas acerca do álcool como factor de “Alteração do comportamento social e
activação sexual” são diferenciadoras daquelas experiências e ainda que as expectativas
acerca do álcool como factor de “Escape a estados emocionais negativos” são diferencia-
doras da ocorrência de embriaguez. Estes resultados são concordantes com outras investi-
gações, tais como Christiansen et al. (1989); Leigh (1989); Leigh e Stacy (1991); Goldman
(1997); Gouveia et al. (1993), que indicam o poder preditor da dimensão de expectativas
acerca do álcool como factor de “Melhoria do comportamento social” no consumo frequente
quer nos adultos quer nos adolescentes. Por outro lado, as dimensões que medem aspectos
mais específicos ligados aos efeitos farmacológicos, nomeadamente as expectativas de
“Relaxamento e redução da tensão” mostram ser diferenciadoras de consumos
problemáticos (Goldman et al., 1991).
Tendo em conta que a amostra do terceiro estudo é constituída por adolescentes
com média de idades de 12 anos, e cujo consumo de álcool diz respeito apenas a
experiências sem características regulares, não inclui consumidores de álcool que permitam
efectuar um agrupamento em função da tipologia do consumo. Apesar disso, estas
diferenças registadas podem ser entendidas como indicadoras de validade discriminante do
instrumento.
Capítulo I – Estudos Prévios 171
83
A dimensão “Empatia” não integra o item 22 “Quando os meus amigos são injustiçados eu defendo-os
perante as outras pessoas” que passou a integrar a dimensão “Assertividade” e integra o item 23 ”Convido os
outros para participarem em actividades em que convivemos todos juntos" que pertencia a esta dimensão.
A dimensão “Cooperação” não integra o item 10 “Mantenho a minha secretária limpa e arrumada” nem o item 32
“Aproveito bem o meu tempo livre” que passaram a integrar a dimensão “Autocontrolo” e integra o item 7
“Consigo discordar dos adultos sem ter que brigar ou discutir com eles” e o item 13 “Ignoro os meus colegas
quando eles se fazem engraçados na sala de aula” que pertenciam à dimensão “Autocontrolo”, esta dimensão
passou a integrar o item 10 “Mantenho a minha secretária limpa e arrumada” e o item 32 “Aproveito bem o meu
tempo livre” da dimensão “Cooperação” mais os dois itens novos: item 5 “Tenho dificuldade em controlar-me
quando estou irritado” e item 8 “Ignoro os pedidos dos meus pais”.
Capítulo I – Estudos Prévios 173
Metodologia
nº de
Dimensões
itens
I Empatia 10
II Cooperação 9
III Assertividade 8
IV Autocontrolo 10
84
3. “Peço ajuda aos adultos quando os meus colegas tentam bater-me ou empurrar-me”; 4. “Tenho
confiança em mim quando saio com um colega do sexo oposto”; 7. “Ignoro os meus colegas quando eles me
arreliam ou me chamam nomes e 37. Peço aos meus amigos para me fazerem favores”.
85
Dos 12 itens que as autoras acrescentaram mantiveram os seguintes: 5. “Tenho dificuldade em
controlar-me quando estou irritado” e o 8. “Ignoro os pedidos dos meus pais”. Em ambos os itens a cotação era
invertida
Capítulo I – Estudos Prévios 174
Resultados
Correlação Alfa se
item total apagado
corrigida o item
1. Faço amigos com muita facilidade. .216 .835
2. Elogio os outros quando eles fazem alguma coisa bem feita. .286 .833
3. Tento compreender como é que os meus amigos se sentem quando… .238 .834
4. Presto atenção aos adultos quando eles falam comigo. .319 .832
5. Tenho dificuldade em controlar-me quando estou irritado(a). .205 .836
6. Peço ajuda aos meus amigos quando tenho problemas. .278 .834
7. Consigo discordar dos adultos sem ter que brigar ou discutir com eles. .291 .833
8. Ignoro os pedidos dos meus pais. .276 .834
9. Fico triste quando algo de mal acontece aos outros. .304 .833
10. Mantenho a minha secretária limpa e arrumada. .275 .834
11. Ajudo os meus pais, por exemplo, nas tarefas domésticas, sem … .279 .834
12. Termino os trabalhos que faço na sala de aula a tempo e horas. .313 .833
13. Ignoro os meus colegas quando eles se fazem de engraçados na… .210 .835
14. Quando gosto de alguém convido-o para sair comigo…. .148 .838
15. Presto atenção aos meus amigos quando eles me falam sobre os …. .384 .831
16. Resolvo calmamente as zangas com os meus pais. .427 .829
17. Digo às outras pessoas quando elas fazem algo bem feito. .429 .829
18. Sorrio, cumprimento ou aceno com a cabeça aos outros. .382 .831
19. Inicio conversas com amigos do sexo oposto sem que me sinta… .332 .832
20. Aceito os castigos dos adultos sem ficar zangado(a). .323 .832
21. Mostro aos meus amigos que gosto deles, dizendo-o ou … .413 .830
22. Quando os meus amigos são injustamente criticados, eu defendo-os… .351 .832
23. Convido os outros para participarem em actividades em que… .402 .830
24. Consigo controlar-me quando as pessoas se zangam comigo. .328 .832
25. Consigo receber a atenção de membros do sexo oposto sem… .301 .833
26. Aceito as críticas dos meus pais sem ficar zangado(a). .357 .831
27. Sigo as instruções dos meus professores. .347 .832
28. Uso um tom de voz adequado quando participo em discussões… .332 .832
29. Falo com os meus colegas quando temos um problema… .443 .829
30. Peço autorização antes de usar as coisas dos outros. .338 .832
31. Faço os trabalhos de casa a tempo e horas. .339 .832
32. Aproveito bem o meu tempo livre. .332 .832
33. Chego a acordo com os meus pais ou professores quando … .438 .829
34. Participo activamente em actividades escolares como desportos… .244 .835
35. Elogio os meus colegas do sexo oposto. .256 .834
36. Início conversas com os meus colegas. .368 .831
37. Evito fazer coisas que me possam criar problemas com os adultos. .405 .830
Alfa de Cronbach = .84
86
Este item (Chego a acordo com os meus pais e professores quando discordamos) satura discrimi-
nadamente na dimensão de aptidões sociais de cooperação, na versão original de Gresham e Elliott (1990)
integra as aptidões sociais de autocontrolo.
Capítulo I – Estudos Prévios 176
Quadro 26 - Matriz de saturação dos itens nos factores após rotação ortogonal
VARIMAX forçado para 4 factores inclui valores próprios (eigenvalues);
% da variância explicada e % acumulada (n = 654)
Discussão
1. INTRODUÇÃO
intervenção “Parar para Pensar” (PpP) na prevenção do uso/abuso de álcool (U/AA) nos
adolescentes a frequentarem o 7º ano de escolaridade.
A eficácia do PpP deverá traduzir-se na evolução positiva87 (aumento, diminuição, ou
estabilização) dos seguintes indicadores:
Conhecimentos acerca do álcool;
Expectativas acerca do álcool;
Aptidões sociais;
Percepção do consumo pelos pares (frequência do consumo e ocorrência de
episódios de embriaguez);
Início da experiência de consumo de bebidas alcoólicas;
Frequência do consumo das diversas bebidas alcoólicas;
Ocorrência de episódios de embriaguez.
Hipóteses
87
No contexto das hipóteses optou-se por utilizar a expressão “evolução positiva” como sinónimo de
mais favorável a comportamentos saudáveis ou mesmo melhor evolução. Assim, por exemplo na hipótese que
concerne às expectativas, uma “evolução positiva” quer significar uma estabilização ou uma diminuição.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 181
2. METODOLOGIA
O0 X O1
-----------------------
O0 O1
88
Este tipo de planos são muito utilizados em ciências sociais, quando o investigador encontra
dificuldades na distribuição aleatória dos indivíduos, facilitando condições eticamente aceitáveis e de maior
naturalidade, contudo com menores condições de controlo do que um estudo verdadeiramente experimental
(Cook e Campbell, 1979; Tuckman, 2000).
89
“Este design é idêntico, em todos os aspectos, ao design experimental do grupo de controlo com pré-
-teste e pós-teste, excepto no que diz respeito ao processo de selecção aleatória dos sujeitos, segundo as
condições previstas” (Tuckman, 2000: 226).
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 183
A escolha do álcool como substância alvo do programa PpP foi baseada nas
seguintes razões:
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 185
Teoria Resultados
Finalidades Estratégias esperados
7º ano escolaridade
90
Considerando as especificidades da sua organização, optou-se pela apresentação do programa num
documento individualizado que segue com a tese.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 188
Alguns estudos mostram que os conhecimentos acerca do álcool por si só não são
suficientes na tomada de decisões responsáveis relativamente ao seu consumo, por outro
lado salientam aqueles como um factor essencial para a compreensão deste fenómeno
(Hansen, 1992; Tobler 1997; Tobler, 2000; McBride et al., 2000). Neste sentido Glanz (1999)
reforça a sua importância como mediadores dos comportamentos, uma vez que aquilo que
se conhece e se pensa afecta o modo como as pessoas se comportam.
Aptidões Sociais
2.3. Participantes
Tendo em conta que o início do consumo de bebidas alcoólicas ocorre em média aos
12.5 anos de idade (Currie et al., 2004) e considerando que os programas de prevenção de
uso/abuso de álcool (U/AA) devem ser desenvolvidos previa e contingentemente ao início
das experiências de consumo (WHO, 2002; Gerrard et al., 2003) a escolha da população
alvo incidiu sobre os adolescentes a frequentarem o 7º ano de escolaridade.
No sistema educativo português, a frequentar o 7º ano de escolaridade estão em
média os indivíduos no início da adolescência. Neste estádio do desenvolvimento, ocorrem
profundas alterações cognitivas e relacionais que alteram de forma significativa a forma
como os adolescentes pensam e sentem o mundo. Especificamente, inicia-se um progres-
sivo declínio da influência parental em contraste com o aumento do impacto da influência
dos pares, em particular no que se refere ao consumo de álcool. Também, ocorrem
importantes transições nos próprios cenários de vida dos adolescentes, nomeadamente a
transição a nível escolar (do 2º ciclo para o 3º ciclo).
A combinação do “egocentrismo adolescente” descrito por Erikson (1998) com o
aumento da confiança e da influência do grupo de pares pode favorecer o início e a
manutenção do consumo de álcool entre os adolescentes (Paglia e Room, 1999).
O estudo foi realizado em duas escolas públicas do 2º e 3º ciclos situadas na junta
de freguesia de Santo António dos Olivais, em zona urbana e central da cidade de Coimbra.
A Escola Básica 2º e 3º ciclos Dra. Maria Alice Gouveia (Escola A) foi seleccionada
dada a sua acessibilidade e área de inserção91 e a Escola Básica 2º e 3º ciclos Martim de
Freitas (Escola B) foi seleccionada, de entre as escolas públicas da cidade de Coimbra, uma
vez que as suas características e localização geográfica eram as mais similares às da
Escola A92. Em termos de caracterização global, no ano lectivo de 2006/2007, a Escola A
91
Centro de Saúde Norton de Matos eleito para implementação do programa.
92
Segundo a Carta Educativa do Município de Coimbra de 2006-2015, já apresentada no estudo 1
(C.M.C. 2006). No ano lectivo 2005/2006 existiam 7 turmas na Escola A, contudo no início do ano lectivo de
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 193
Conforme anteriormente referido a distribuição aleatória não foi possível dado tratar-
-se de grupos “intactos”, previamente formados. Neste estudo constituíram-se dois grupos
independentes de participantes, o grupo experimental, sujeito ao programa de intervenção
integrado no currículo escolar (PpP), e o grupo de controlo, que não foi sujeito à
intervenção, e que constituiu a base de comparação para possibilitar a avaliação dos efeitos
da intervenção PpP.
Tendo em conta que a integração do programa PpP no currículo foi autorizada pelo
Conselho Executivo e aprovada pelo Conselho Pedagógico, e que os encarregados de
educação de todos os estudantes deram autorização expressa, o grupo experimental inclui
todos os estudantes a frequentarem o 7º ano de escolaridade da Escola A (4 turmas94); o
grupo de controlo integrou os estudantes a frequentarem o 7º ano de escolaridade da Escola
B com autorização expressa dos seus encarregados de educação.
A população em estudo, no pré-teste (Setembro e Outubro de 2006) incluiu 212
participantes: 77 do grupo experimental e 135 do grupo de controlo. A amostra inclui 178
sujeitos: 70 do grupo experimental e 108 do grupo de controlo, visto que no final do ano
lectivo (Junho de 2007), não foi possível juntar as duas partes de todos os questionários
(avaliação inicial e avaliação final): 7 do grupo experimental e 27 do grupo de controlo, por
“engano” do respondente na referência do código ou por não preenchimento do questionário
no segundo momento.
2006/2007 e decorrentes das alterações estruturais, foram transferidas três turmas daquela escola para Escolas
Secundárias.
93
Desde 1998, onde se desenvolveu o ensino clínico de Enfermagem de Saúde Mental na Comunidade
no âmbito do Curso de Especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica. Actualmente, é um
campo de eleição para a realização do ensino clínico do Curso de Pós Licenciatura em ESMP onde se
desenvolve o ensino clínico de Saúde Mental Comunitária proporcionando assim a continuidade do programa em
estudo.
94
Exceptuando os estudantes do curriculo alternativo uma vez que estes não participam nas aulas da
Área Projecto.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 194
Características sócio-demográficas
Grupo Grupo de
Características Experimental Controlo
Testes
sócio-demográficas (n = 70) (n = 108)
Média DP Média DP
t = .071
Idade 12.13 .83 12.12 .69 p = .943
nº % nº %
2
Masculino 33 47.10 49 45.40 χ (1) = .054
Género
Feminino 37 52.90 59 54.60 p = .817
Pai/mãe 51 72.90 61 56.50 a)
Tipologia Monoparental 15 21.40 39 36.10 2
χ (1 = .009
Familiar Reconstituída 2 2.90 4 3.70
p = .171
Instituição 2 2.90 4 3.70
2
Sim 58 82.90 84 77.80 χ (1)= .677
Irmãos:
Não 12 17.10 24 22.20 p =.411
Mais velho 28 48.30 31 36,90 2
χ (2)= 1.83
Lugar na
Mais novo 24 41.40 42 50.00
Fratria p = .401
Outro 6 10.30 11 13.10
Elevado 34 48.60 59 54.60 2
χ (2)= .640
Nível
Médio 29 41.40 39 36.10
Financeiro p = .731
Baixo 7 10.00 10 9.30
a) 4 células (50.0%) apresentam frequências esperada inferior a 5
Características escolares
Grupo Grupo de
Experimental Controlo
Características escolares Testes
(n = 70) (n = 108)
Média DP Média DP
Elevado 41 58.60 74 68.50 a)
Resultados 2
Médio 26 37.10 33 30.60 χ (1) =
3.344
Escolares
Baixo 3 4.30 1 .90 p = .188
2
Um a dois 18 25.70 29 26.90 χ (1) = .028
Amigos
Três ou mais 52 74.30 79 73.10 p =.866
Adulto signf. 37 52.90 57 52.60 b)
Com quem
Irmãos 6 8.60 4 3.70 2
vai depois χ (3) =
2.073
Colegas 19 27.10 34 31.50
das aulas p = .557
Sozinho 8 11.40 13 12.00
Casa 63 90.00 99 91.70 a)
Depois das 2
Casa dos avós 5 7.10 8 7.40 χ (1) =
9.56
aulas
Casa amigos 2 2.90 1 .90 p = .621
2
Activ. Extra Sim 44 62.90 71 65.70 χ (1) = .154
Curricular Não 26 37.10 37 34.30 p = .694
a) 2 células (33.3%) apresentam frequências esperadas inferior a 5
b) 1 célula (12.5%) apresenta frequência esperada inferior a 5
Grupo Grupo de
Experiência Teste de
Experimental Controlo
de diferenças de
(n = 70) (n = 108)
consumo proporções
nº % nº %
2
Sim 29 41.40 30 27.80 χ (1) = 3.572
Não 41 58.60 78 72.20 p = .059
Grupo Grupo de
Testes de
Características relativas à primeira experimental Controlo
diferenças de
experiência de consumo de álcool (n = 29) (n = 30)
proporções
nº % nº %
2
Com quem bebeu Familiares 22 75.90 23 76.70 χ (1) = .005
1ª vez Colegas/amigos 7 24.10 7 23.30 p = .942
2
Onde bebeu Casa 20 69.00 21 70.00 χ (1) = .007
1ª vez Café/bar/ rest. 9 31.00 9 30.00 p = .931
2
Sim 19 65.50 24 80.00 χ (1) = 1.565
Ocasião festiva
Não 10 34.50 8 20.00 p = .211
Grupo Grupo de
Características relativas às Testes de
Experimental Controlo
experiências de consumo diferenças de
(n = 29) (n = 30)
de bebidas alcoólicas proporções
nº % nº %
2
Consumo RO* 15 51.70 13 43.30 χ (1)= .416
Cerveja
Abstinente 14 48.30 17 56.70 p= .519
2
Consumo RO* 12 41.40 6 20.00 χ (1)= 3.179
Vinho
Abstinente 17 58.60 24 80.00 p= .075
2
Bebidas Consumo RO* 14 48.30 10 33.30 χ (1)= 1.364
Destiladas Abstinente 15 51.70 20 66.70 p= .243
Outras Beb. Consumo RO * 23 79.30 26 86.70 a) p= .506
“Champanhe” Abstinente 6 20.70 4 13.30
Sim 3 10.30 3 10.00
Embriaguez a) p= .648
Não 26 89.70 27 90.00
a) Utilizado o teste de Fisher por não se verificarem as condições de Cochran para a aplicação do
teste de χ2
* Consumo regular e ocasional, integra todas as classes relativas à frequência de consumo, i.e.
qualquer padrão de consumo regular e ocasional.
95
“Uma forma de reduzir a variância do erro consiste em retirar a influência de uma variável não
categorial que consideramos que está a enviesar os resultados. Este plano é muito útil em estudos em que os
sujeitos não foram distribuídos aleatoriamente pelos factores “(Bryman e Cramer, 1992, p. 248), como é o caso
do nosso estudo. “Uma covariável é uma variável que está linearmente associada àquela em que estamos
directamente interessados, a variável dependente. Há três aspectos da selecção das covariáveis que temos que
ter em conta: apenas variáveis que estão relacionadas com a variável dependente, isto porque as variáveis que
não estejam relacionadas com a variável dependente não precisam de ser submetidas a este procedimento; se
as duas variáveis estiverem fortemente correlacionadas uma com a outra (correlação .80 ou mais) só é
necessário controlar uma delas uma vez que a outra parece estar a medir a/s mesma/s variável/eis; com um
número pequeno de sujeitos devem usar-se poucas covariáveis, porque quanto mais covariáveis houver nestas
situações, menos potente se torna o teste estatístico” (Bryman e Cramer, 1992, p. 249).
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 198
• Questionário de Caracterização
Estudo de Fidelidade
Estudo de Fidelidade
96
Alguns estudos desenvolvidos em contexto escolar, como sublinha Ellickson 1989 Cit. por
Christensen (2004) mesmo quando são feitos sucessivos esforços apenas 50 a 60% dos encarregados de
educação devolvem o consentimento. Como refere o mesmo autor, a baixa participação deve-se à recusa no
consentimento, à não recepção por parte dos encarregados de educação do documento, ao esquecimento na
atribuição e/ou devolução do consentimento.
97
No ano lectivo 2005/2006, existiam 7 turmas, no início do ano lectivo de 2006/2007 e decorrente das
alterações estruturais, foram transferidas três turmas da Escola A para Escolas Secundárias.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 204
98
No âmbito do concurso de apoio à concretização de projectos/programas de Educação para a Saúde
promovido pela Direcção-Geral de Desenvolvimento e Inovação Curricular e o Ministério da Educação, a Escola
A concorreu em Fevereiro de 2006 com o programa de intervenção PpP. Este foi sujeito a apreciação e
posteriormente apresentado à equipa de trabalho nomeada pelo Ministério da Educação, em Junho de 2006
numa reunião que decorreu na Direcção Regional de Educação do Centro. O programa foi aprovado e a escola
recebeu apoio financeiro para a sua realização.
99
Após aprovação do projecto pelo Conselho Executivo e pelo Conselho Pedagógico, foi solicitado à
comissão de elaboração de horários para que os tempos lectivos da Área Projecto do 7º ano não ficassem
sobrepostos de modo a permitir ao investigador realizar as mesmas sessões na mesma semana a todos os
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 206
Tendo em conta o respeito pelos princípios éticos inerentes à natureza deste tipo de
estudos, como descritos por Christensen (2004), foram desenvolvidos os procedimentos que
se apresentam seguidamente.
No que se refere ao cumprimento do princípio da Aprovação Institucional, efectua-
ram-se pedidos de autorização formais prévios dirigidos aos Presidentes dos Conselhos
Executivos das escolas seleccionadas (Anexo 9).
No que concerne ao princípio de Consentimento Informado, realizaram-se pedidos
de autorização prévios aos participantes a aos seus encarregados de educação, sendo
assegurados os princípios de Sigilo, através da declaração do cumprimento dos critérios de
anonimato dos dados (Anexo 10).
Foram ainda desenvolvidas sessões de compensação dirigidas aos estudantes da
Escola B (controlo) que não usufruíram do programa de intervenção PpP no ano 2008/2009.
estudantes. O horário estabelecido foi o seguinte: segunda-feira das 10h15 às 11h45 (7º A); terça-feira das
13h45 às 15h15 (7º B); segunda-feira das 15h30 às 17h00 (7º C); e terça-feira das 8h30 às 10h00 (7º D).
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 207
variáveis dicotómicas em estudo; e ainda o teste de Sinal para avaliar a evolução das
variáveis de nível ordinal.
Considerando que os resultados dos testes de normalidade K-S (Quadro 35)
efectuados relativamente a todas as variáveis dependentes e respectivas dimensões não
põem em causa os pressupostos da normalidade, salvo em quatro situações (score global e
dimensão II das expectativas no grupo de controlo em t0, dimensão II das expectativas e
aptidões sociais de empatia no grupo de controlo em t1) e, ainda, não pondo em causa o
pressuposto da homogeneidade (p=.05) optou-se pela utilização de testes paramétricos.
Além disso, como salienta Pestana e Gageiro (2005), a normalidade não é restritiva para a
aplicação do One-way Anova quando o número de participantes em cada grupo é
relativamente elevado (n = 70 e n =108).
p .923 .919 .617 .340 .655 .811 .306 .115 .355 .516 .068
Z 1.552 .983 1.633 1.094 1.145 .922 1.046 1.062 1.262 1.200 .987
Cont
p .016 .289 .010 .182 .145 .363 .224 .209 .083 .112 .284
Avaliação final (t1)
Exp Exp Exp Exp
Grupo EEPaA QAAS Emp Coop Asser AutC QCaA
I II III IV
Z .678 .614 .997 .757 .912 .859 1.066 1.087 1.103 .817 1.435
Exp
p .747 .845 .273 .615 .376 .451 .206 .188 .175 .516 .033
Z 1.172 .986 .835 1.497 1.215 .845 1.417 1.106 1.168 1.200 .718
Cont
p .128 .286 .489 .023 .104 .474 .036 .173 130 .112 .681
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 208
3. RESULTADOS
100
Que traduz a proporção de variância explicada pela intervenção.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 209
Grupo Grupo de
Conhecimentos Experimental Controlo Diferenças entre
acerca do álcool (n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
a) F = 10.042
Evolução t = 3.659 t = .483 p = .002
2
p = .000 p = .630 η = .054
Poder = .883
a) Análise de medidas repetidas, considerando a diferença de evolução entre o grupo experimental e o grupo de controlo
101
Apesar de terem sido encontradas correlações fracas, mas estatisticamente significativas (r = -.273;
p= .000) entre a variável evolução dos conhecimentos (t0-t1) e os conhecimentos em t0.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 210
Grupo Grupo de
Expectativas score Experimental Controlo Diferenças entre
Global (n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
102
Compararam-se os resultados obtidos antes e depois da introdução da covariável, utilizou-se o teste
F e realizaram-se testes de comparação múltipla, para identificar se os grupos diferem entre si. Embora se
observe maior dispersão nas expectativas no grupo experimental do que no grupo de controlo, as diferenças
observadas não são consideradas estatisticamente significativas, nem no score global nem nas dimensões
(diferenças de expectativas entre as avaliações, t1 e t0), exceptuando a dimensão I, conforme os resultados dos
testes de Levene (p < .05). A aplicação da ANCOVA, para além dos pressupostos da ANOVA, exige que as
co-variáveis sejam fixas e não contenham erros de medida, que se verifique a homogeneidade das rectas de
regressão (não correlação entre expectativas globais e o factor grupo), e ainda que haja associação linear entre
as variáveis em estudo (F = 6.30, p = .01; F = 1.758, p = .19; F = 6.59, p = .01; F = 3.89, p = .04; F = 12.676,
p = .00 Global, I, II, III e IV respectivamente). Os testes de Levene permitem concluir que existe homocedasti-
cidade, exceptuando a dimensão I (embora a ANCOVA seja robusta à violação de homogeneidade se for só um
factor) (Pestana e Gageiro, 2005).
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 211
Grupo Grupo de
Experimental Controlo Diferenças entre
Expectativas I
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
Avaliação inicial (t0) 29.93 8.63 32.20 7.61 t = 1.847
p = .066
Avaliação final (t1) 31.40 7.83 35.37 7.96 t = 3.270
p = .001
a) F = 1.547
t = 1.228 t = 4.082 p = .215
Evolução p = .223 p = .000 2
η = .009
Poder = .236
a) Análise de medidas repetidas, considerando a diferença de evolução entre o grupo experimental e grupo de controlo
Grupo Grupo de
Experimental Controlo Diferenças entre
Expectativas II
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
Quanto à dimensão III: expectativas acerca do álcool como factor de escape a esta-
dos emocionais negativos, conforme se pode verificar no Quadro 40, em ambas avaliações,
inicial e final, existem diferenças significativas entre os grupos (p = .000 e p = .000, respecti-
vamente).
Os resultados da evolução no grupo experimental sugerem um ligeiro aumento das
expectativas (p = .145), enquanto que no grupo controlo verifica-se um acentuado aumento
com significância estatística (p = .000). Apesar disso, a diferença na evolução entre os
grupos não se evidencia estatisticamente significativa (p = .191).
Grupo Grupo de
Experimental Controlo Diferenças entre
Expectativas IV
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
a) Análise de medidas repetidas, considerando a diferença de evolução entre o grupo experimental e grupo de controlo
103
Realizou-se uma análise complementar considerando como covariável as expectativas globais em
(t0) uma vez que a análise do r Pearson indica que esta apresenta uma correlação forte e significativa com a
dimensão III: expectativas acerca do álcool como factor de escape a estados emocionais negativos (r= .835,
p=.000), não sendo portanto necessário a sua integração na análise complementar.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 214
Aptidões Sociais
Quadro 42 – Comparação dos grupos quanto à evolução das aptidões sociais globais
(score global)
Grupo Grupo de
Aptidões Sociais Experimental Controlo Diferenças entre
Score Global (n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
Grupo Grupo de
Experimental Controlo Diferenças entre
Cooperação
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
t = - .161
Avaliação inicial (t0) 18.00 2.45 17.93 2.69 p = .872
t = .791
Avaliação final (t1) 16.79 2.97 17.16 3.12 p = . 430
a) F = 1.137
t = - 4.264 t = - 2.850 p = .208
Evolução 2
p = .000 p = .005 η = .006
Poder = .185
a) Análise de medidas repetidas, considerando a diferença de evolução entre o grupo experimental e grupo de controlo
Grupo Grupo
Experimental Controlo Diferenças entre
Empatia
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
t = -.941
Avaliação inicial (t0) 15.47 2.89 15.04 3.08 p = .344
t = -.501
Avaliação final (t1) 15.54 2.79 15.32 2.88 p = .617
a) F = .251
t = 2.19 t = 1.04 p = .617
Evolução 2
p = .827 p = 298 η = .001
Poder = .079
a) Análise de medidas repetidas, considerando a diferença de evolução entre o grupo experimental e grupo de controlo
Grupo Grupo de
Experimental Controlo Diferenças entre
Assertividade
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
Grupo Grupo de
Experimental Controlo Diferenças entre
Autocontrolo
(n = 70) (n = 108) grupos
Média DP Média DP
t = .447
Avaliação inicial (t0) 9.64 2.62 9.80 2.19 p = .655
t = 1.023
Avaliação final (t1) 9.14 2.18 9.47 2.04 p = .308
a) F = .262
t = -1.859 t = -1.704 p = .609
Evolução 2
p = .067 p = .091 η = .001
Poder = .080
a) Análise de medidas repetidas, considerando a diferença de evolução entre o grupo experimental e grupo de controlo
Estes resultados sugerem que a intervenção PpP não contribui para o aumento das
aptidões sociais dos adolescentes a frequentarem o 7º ano de escolaridade.
104
Consumo Regular (diário, semanal e mensal); Consumo Ocasional (de vez em quando e raramente)
e Abstinentes.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 218
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Experimental Controlo Diferenças
(n = 70) (n = 108) da evolução
Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação entre os
inicial t0 final t1 inicial t0 final t1 grupos
nº % nº % % nº % % % %
Percepção da Regular 15 21.40 18 25.70 21 19.44 25 23.10
frequência do con- Ocasional 28 40.00 27 38.60 2.8 40 37.04 56 51.90 18.5
sumo pelos pares Abstinentes 27 38.60 25 35.70 47 43.52 27 25.00 b)
2
Diferenças entre os grupos em t0 χ (2)= .430; p = .806 Z =3.112
2
Diferenças entre os grupos em t1 χ (2) = 3.391; p = .183 p = .001
Evolução do grupo
Z = -.772; p = .440 Z = -2.272; p = .023
Teste do Sinal a)
a) Baseado nas médias dos postos positivas
b)Teste Z para diferenças de proporções, realizado depois da fusão dos subgrupos regular e ocasional
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Experimental Controlo Diferença da
(n = 70) (n = 108) evolução
Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação entre os
inicial t0 final t1 inicial t0 final t1 grupos
nº % nº % % nº % % % %
Experiência Sim 29 41.40 42 60.00 30 27.80 57 52.80
18.6 25.0
de consumo Não 41 58.60 28 40.00 78 72.20 51 47.20
2
Diferenças entre os grupos em t0 χ (1) = 3.572; p =.059 Z = 0.999
2
Diferenças entre os grupos em t1 χ (1) = .897; p =.343 p = .317
Evolução do grupo
p = .000 p = .000
Teste de McNemar
105
Traduzida pelo relato da experimentação ou não do consumo de bebidas alcoólicas.
106
Consumo regular (diário, semanal e mensal); consumo ocasional (de vez em quando e raro) e
abstinentes.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 220
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Experimental Controlo Diferenças da
(n = 70) (n = 108) evolução
Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação entre os
inicial t0 final t1 inicial t0 final t1 grupos
Nº % nº % % nº % % % %
Consumo RO* 15 21.40 19 27.10 13 12.00 32 29.60
Cerveja 5.7 17.6
Abstinentes 55 78.60 51 72.90 95 88.00 76 70.40
2
Diferenças entre os grupos em t0 χ (1)= 2.826; p = .093 Z =2.312
2
Diferenças entre os grupos em t1 χ (1)= .128; p = .720 p = .020
Evolução do grupo
p = .388 p = .000
Teste de McNemar
* Regular e Ocasional
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Experimental Controlo Diferenças
(n = 70) (n = 108) da evolução
Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação entre os
inicial t0 final t1 inicial t0 final t1 grupos
nº % nº % % nº % % % %
Bebidas Consumo RO* 14 20.00 12 17.10 10 9.30 19 17.60
-2 8.3
Destiladas Abstinentes 56 80.00 58 82.90 98 90.70 89 82.40
2
Diferenças entre os grupos em t0 χ (1) = 4.200; p = .040 Z = 3.327
2
Diferenças entre os grupos em t1 χ (1) = .006; p = .938 p = .000
Evolução do grupo
p = .754 p = .035
Teste de McNemar
* Regular e Ocasional
Grupo Grupo de
Evolução
Evolução
Evolução
Evolução
Experimental Controlo Diferenças
(n = 70) (n = 108) da evolução
Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação entre os
inicial t0 final t1 inicial t0 final t1 grupos
nº % nº % % nº % % % %
Ocorrência de Sim 3 4.30 3 4.30 3 2.80 9 8.30
0 5.5
embriaguez Não 67 95.70 67 95.70 105 97.20 99 91.70
Diferenças entre os grupos em t0 a) p = .441 Z = 1.995
2
Diferenças entre os grupos em t1 χ (1) = 1.107; p = .293 p = .004
Evolução do grupo
p = 1.000 p = .070
Teste de McNemar
2
a) Utilizado o teste de Fisher por não se verificarem as condições de Cochran para a aplicação do teste de χ
4. DISCUSSÃO
(1994) e de Cruz e Dunn (2003) verificaram uma diminuição da associação das expectativas
positivas ao consumo de álcool. Também, Darkes e Goldman (1993), com estudantes
universitários, verificaram efeitos significativos na mudança das expectativas acerca do
álcool. Mackillop et al. (2006), com adolescentes, verificaram um efeito positivo da
intervenção apenas na dimensão das expectativas acerca do álcool como factor de redução
da tensão.
As expectativas acerca do álcool desempenham um papel importante no início do
consumo, aumentando e tornando-se mais estáveis com a idade e por isso mais resistentes
à mudança (Smith e Goldman, 1994; Sher et al., 1996; Cameron et al., 2003). Ora,
considerando que é durante a adolescência, em particular no seu início, que a grande
maioria dos indivíduos inicia o consumo de álcool, salienta-se a eficácia do programa PpP,
uma vez que na sua ausência as expectativas acerca do álcool apresentam um acentuado
aumento.
Tendo em conta as dimensões específicas das expectativas acerca do álcool
particularmente no que se refere ao efeito do PpP nas expectativas como factor facilitador
da relação com os outros (dimensão I), os resultados indicam que os adolescentes sujeitos
à intervenção apresentam uma evolução positiva no sentido da estabilização. Estes
resultados traduzem a estabilização da antecipação dos efeitos positivos de aumento do
poder interpessoal, tais como “estar” em grupo e com pessoas do sexo oposto e reflectem,
também, a estabilização das expectativas de que o álcool promove sensações positivas e
que propicia o estar à vontade com os outros, nomeadamente sentir-se mais sensual, mais
corajoso e mais criativo.
Estes resultados podem reflectir o entendimento por parte dos adolescentes, que
foram sujeitos ao programa, de que a facilitação dos processos de inter-relação não são
devidos aos efeitos farmacológicos do álcool mas sim resultantes dos próprios processos
sócio-emocionais, nomeadamente da vinculação emocional e da afiliação grupal, cuja
modulação psicofisiológica é mediada pelo sistema opióide endógeno (D’Amato e Pavone,
1993; Uchino et al., 1996; Thorsteinsson et al., 1998).
As expectativas acerca do álcool como factor de facilitação social são consideradas
importantes preditores do consumo de álcool (Wilhelmsen, 1997; Smith et al., 1995; Lilja et
al., 2003; Mackintosh et al., 2006). Smith et al. (1995), no estudo que realizaram com
adolescentes (n = 461), verificaram que as expectativas acerca do álcool como factor de
facilitação social eram preditores do consumo de álcool (2 anos depois) em adolescentes
sem experiências de consumo.
No contexto sociocultural português, o álcool faz parte integrante das festas e
festividades. Muitas vezes as primeiras experiências de consumo ocorrem em contexto
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 226
e permissividade social, sendo portanto difícil o adolescente chegar à idade adulta sem ter
experimentado bebidas alcoólicas.
Apesar dos efeitos do programa de intervenção PpP não serem estatisticamente
significativos nas experiências do consumo de bebidas alcoólicas, foram expressivos na
frequência do consumo de cerveja, bebidas destiladas, e vinho, exceptuando as outras
bebidas como o “champanhe”. Este é frequentemente associado às ocasiões festivas,
particularmente em contexto familiar, em que é habitual o “brinde” com esta substância. Por
outro lado, a cerveja e as bebidas destiladas são consideradas as bebidas de eleição no
consumo entre os adolescentes.
A estabilização da frequência do consumo de bebidas alcoólicas nos adolescentes
traduz um efeito positivo do PpP. Destaca-se este efeito, uma vez que é expectável o
aumento do consumo de álcool ao longo da vida, em particular durante a adolescência
(Pentz et al., 1990; Hansen e Graham, 1991; Lilja et al., 2003) e, ainda, considera-se que as
mudanças no consumo de álcool esperadas, após programas de intervenção desta
natureza, sejam frequentemente tardias (Dielman, 1994; Perry et al., 1996; McBride et al.,
2004).
Como em qualquer processo de investigação, é importante referir as limitações que
lhe são inerentes.
Assim, salientam-se as limitações relacionadas com o tipo de estudo – Quasi-expe-
rimental. Especificando, no que se refere à selecção da amostra, conforme anteriormente
descrito, não foi possível a distribuição aleatória dos sujeitos pelos grupos experimental e de
controlo devido aos factores intrínsecos ao campo de investigação. No entanto através do
estudo prévio de comparabilidade dos grupos e do uso de procedimentos estatísticos, como
por exemplo a análise da covariância, julga-se ter minimizado as possíveis interferências
desta limitação.
Também no que diz respeito às variáveis em estudo, apresentam-se as limitações
inerentes ao programa de intervenção (PpP), em particular as relativas à sua concepção,
implementação e avaliação.
Relativamente à concepção, a diversidade das componentes e a escassez da
descrição dos seus conteúdos dificultaram o estabelecimento de uma matriz conceptual que
permitisse a replicação de um programa. Assim, foi construído um programa baseado nas
evidências e contribuições de peritos neste domínio. Também no planeamento dos recursos
humanos, em particular na execução das Sessões Dirigidas, dada a inexistência de
enfermeiros especialistas de saúde mental no Centro de Saúde Norton de Matos, foi
necessário recorrer à prestação do investigador para essa função, o que poderia vir a
comprometer o principio da neutralidade.
Capítulo II – Efeito do Programa de Intervenção “Parar Para Pensar” na Prevenção … 235
Freitas. O PpP foi inserido no âmbito da Área Projecto e desenvolvido durante o ano lectivo
de 2006/2007. A avaliação da eficácia do programa de intervenção foi baseada na
comparação dos resultados obtidos na avaliação pré-teste e pós-teste em ambos os grupos.
Os resultados obtidos permitiram verificar que o PpP se revelou eficaz:
- na estabilização da frequência do consumo de bebidas alcoólicas (vinho, cerveja e
bebidas destiladas) e da ocorrência de episódios de embriaguez;
- no aumento dos conhecimentos acerca do álcool;
- na estabilização e/ou diminuição das expectativas positivas acerca do álcool;
- na estabilização da percepção acerca do consumo e da ocorrência de episódios de
embriaguez nos pares;
Não se verificaram efeitos estatisticamente significativos do programa de intervenção
PpP ao nível das aptidões sociais, nas experiências iniciais de consumo e na frequência de
consumo de bebidas alcoólicas como o “champanhe”.
Os efeitos positivos do programa de intervenção sobre os comportamentos relativos
ao consumo de álcool e embriaguez dos adolescentes reflectem importantes mudanças na
adolescência uma vez que as evidências indicam ser este um período da vida em que
aumentam os consumos. Por outro lado consideram-se resultados relevantes uma vez que
tais mudanças poderão repercutir-se no desenvolvimento actual e futuro do adolescente, e
ainda, constituir uma influência positiva na sua interacção com os outros.
Relativamente aos efeitos positivos do PpP nos conhecimentos e expectativas
acerca do álcool, e na percepção das experiências de consumo pelos pares, salienta-se a
sua interferência como mediador dos comportamentos relativos ao consumo de álcool e
embriaguez dos adolescentes. No que se refere ao aumento dos conhecimentos acerca do
álcool destaca-se a possibilidade deste poder interferir na percepção do risco no sentido de
reforçar a sua protecção.
Na mesma perspectiva, analisando a possível interferência no desenvolvimento dos
adolescentes, destacam-se os efeitos positivos nas expectativas acerca do álcool, uma vez
que estas aumentam e consolidam ao longo do tempo através das experiências directas e
indirectas de consumo de álcool, tornando-se com efeito mais resistentes à mudança. Por
outro lado, considerando o papel das expectativas acerca do álcool como preditor da
manutenção dos consumos salienta-se a potencial interferência do programa a médio e
longo prazo sobre os comportamentos de consumo de bebidas alcoólicas dos indivíduos.
Em referência aos efeitos positivos do programa de intervenção PpP sobre a
percepção das experiências de consumo pelos pares e considerando a Teoria das Normas
Sociais é de destacar a sua influência na decisão de consumir ou não bebidas alcoólicas,
Conclusão 241
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ANEXOS
Instrumentos de medida utilizados no Estudo 1
Anexos
Anexo 10: Formas dos termos de consentimento livre e esclarecido dos encarregados de
educação e dos participantes
Anexos
Anexos
Elementos de apoio à aplicação dos Questionários utilizados nos vários estudos
Anexo 11: Formas dos termos dirigidos aos directores de turma
Anexos
Anexos
Anexos
Anexos
Elementos de registo e controlo da implementação do programa de intervenção PpP
Anexo 12: Grelha de avaliação de implementação do programa
APÊNDICE
Apêndice: Programa de Intervenção “Parar para Pensar”
Considerando as especificidades de organização do apêndice, optou-se pela
sua apresentação num documento individualizado, que segue com a tese