Aula 7 - Degradação Dos Alfa-Cetoácidos
Aula 7 - Degradação Dos Alfa-Cetoácidos
Aula 7 - Degradação Dos Alfa-Cetoácidos
Na aula passada eu expliquei para vocês o destino do nitrogênio proveniente dos aminoácidos.
O aminoácido quando é catabolizado, ele pode ter seu nitrogênio, seu grupo amina transferido
para um cetoácido. Essa amina, nessa reação pode evoluir tanto na química de um aminoácido
quanto tem um objetivo de gerar um metabólito para excreção; aí o grupo amina é transferido
para o α-cetoglutarato, dando origem ao glutamato e desaminado permite a liberação de íons
amônia. A amônia é muito tóxica e deve ser convertida em outro aminoácido, no caso, a
glutamina. Então, quem sai das células dos tecidos extra-hepáticos é o aminoácido glutamina
que terá o papel de transportar no sangue esses grupos amina até o fígado onde é produzida a
ureia. Aí a glutamina é desaminada; dá origem a amônia novamente e através do ciclo da ureia
essa amônia é transformada em ureia para a excreção. Como resultado da desaminação do
aminoácido, também é produzido um esqueleto de carbonos quimicamente sob a forma de
um cetoácido; que vai ter o radical conforme a natureza do aminoácido que foi catabolizado;
degradado. Aí, três coisas são possíveis: o esqueleto de carbono do aminoácido pode ser
convertido em acetil-coA, piruvato ou eu algum intermediário do ciclo de Krebs. Então, a
primeira coisa importante a se dizer é que o catabolismo também de aminoácidos é
convergente. O esqueleto de carbonos pode ser degradado até CO2 e H2O. Então é possível
usar aminoácido como fonte de energia também? É; embora eu vá mostrar para vocês que isso
não seja comum, mesmo estando hipoglicêmicos. A opção pelo catabolismo completo até
ureia, CO2 e H2O ela é menos comum. Por que razão? Alguns aminoácidos tem seu esqueleto
de carbonos convertido até acetil-coA. Os aminoácidos que constituem proteína, dos 20
apenas 2 são exclusivamente degradados até acetil-coA; por isso considerados cetogênicos. A
acetil-coA quando produzida em quantidade superior a capacidade oxidativa do ciclo de Krebs,
no hepatócito, esse excesso de acetil-coA se torna corpo cetônico.
A maioria dos aminoácidos que formam proteína, eles quando desaminados dão origem ao
piruvato e a intermediários do ciclo de Krebs que podem ser degradados até CO2 e H2O;
porém serão mais úteis como matéria prima para a síntese de glicose; para a gliconeogênese.
Então aquilo que vocês aprendem na biologia, de que queimamos primeiro carboidrato, depois
gordura e depois aminoácidos, está errado. Hipoglicêmicos, você não vai optar pela queima
completa de aminoácidos. É possível, mas na hipoglicemia o mais importante é que o
catabolismo de aminoácidos no fígado ocorra de forma parcial; incompleta. Gere piruvato ou
intermediários do ciclo de Krebs no hepatócito desviados para a gliconeogênese.
Professor é possível degradar completamente o aminoácido? É. Quando isso vai acontecer?
Normalmente em uma dieta hiperproteica. Acaba sendo um paradoxo na bioquímica. Você
tem estímulo para o catabolismo de aminoácido, tanto em um indivíduo muito bem nutrido,
comendo bastante proteína quanto em um indivíduo desnutrido. Os tipos são diferentes. Uma
dieta hiperproteica a opção pelo catabolismo completo de aminoácidos é facilitar o excedente
de aminoácido obtido na dieta, porque aí você vai convertê-los em ureia, CO2 e H2O. Já na
desnutrição, em hipoglicemia, é estimulado o catabolismo de aminoácidos só que parcial, para
que sejam liberados principalmente precursores para a síntese de glicose. Na dieta cetogênica,
você vai observar um aumento na produção de ureia. Aí nesse caso, você tem uma dieta
hiperproteica e sem carboidrato; o aumento na produção de ureia vai estar relacionado a uma
gliconeogênese intensa a partir do esqueleto de carbono dos aminoácidos. O seu fígado está
desaminando intensamente aminoácidos e por isso a ureia está elevada e com isso o objetivo
de gerar substrato; matéria prima da glicose; piruvato e intermediários do ciclo de Krebs.
Acabou a atividade física, deve-se corrigir logo a glicemia. Ingere uma fruta, um pedacinho de
pão; ingere alguma coisa que tenha carboidrato para que você saia da condição de
hipoglicemia e provoque a inibição da gliconeogênese. O catabolismo completo gerando CO2,
H2O e ureia acontece predominantemente em uma dieta rica em proteína. Um indivíduo
saudável que utiliza suplemento de aminoácidos, você irá observar um aumento na produção
de ureia. Certamente esse indivíduo está ingerindo aminoácido em excesso e aí ele está
catabolizando esses aminoácidos. Aí ele faz catabolismo completo. Alguns aminoácidos são
usados como suplementos supostamente por serem energéticos. A ideia é que a desaminação
desses aminoácidos que são suplementados vai gerar mais intermediários para o ciclo de Krebs
e permitir a aceleração do ciclo.
A alanina quando desaminada dá origem ao piruvato. A alanina é um aminoácido. Por que foi
escolhida a alanina e não foram escolhidos outros aminoácidos? Aminoácido cetogênico não
faz sentido porque a cetogênese já está sendo favorecida a partir da β-oxidação intensa.
Lembrando que a hemácia não tem corpo cetônico; hemácia fermenta a glicose. É mais
importante favorecer a gliconeogênese do que a cetogênese. Optar por um aminoácido cuja
desaminação gera o piruvato, torna mais rápida a gliconeogênese. Porque se eu gerar α-
cetoglutarato, eu primeiro tenho que converter α-cetoglutarato em acetil-coA, succinato,
fumarato, malato, oxaloacetato para ele chegar a gliconeogênese. Então é a velocidade das
reações. A alanina já é convertida diretamente em piruvato. Outro argumento é que
fisiologicamente nós já fazemos isso. Durante o jejum normal entre as refeições se seu
músculo estiver catabolizando aminoácido; o grupo amina vai ser retirado, transferido para o
α-cetoglutarato, gerando glutamato, este vai ser desaminado gerando amônia. Amônia é
convertida em glutamina. Isso é normal. No jejum, o que o fígado faz? Cataboliza um
aminoácido através da desaminação e aí desamina um aminoácido qualquer. Esta amina no
músculo enquanto estamos em jejum será transferida para um piruvato gerando alanina. Isso
nós fazemos quando estamos hipoglicêmicos. Então na hipoglicemia ao invés do músculo
fornecer ao sangue glutamina, com o papel de transportar nitrogênio, o músculo fornece
alanina. Ele, o músculo, está enviando esta amina para o fígado convertê-la em ureia e excretá-
la. Só que na forma de alanina quando o fígado desaminá-la vai dar origem ao piruvato.
Embora o músculo não possa fornecer glicose para o sangue por não ter a enzima glicose 6
fosfatase, o músculo pode contribuir com o controle da glicemia fornecendo ao sangue
alanina. E aí, a alanina desaminada no fígado vai dar origem ao piruvato; precursor para a
síntese de glicose. Então, entenda a lógica; mais um argumento para a escolha deste
aminoácido alanina como um suplemento. É usado como argumento suplemento energético;
então lendo essa expressão, qual é a conclusão que você chega de imediato? Você vai
degradar o aminoácido completamente até ureia, CO2 e H2O e irá obter energia. Essa é a
conclusão que qualquer um que tenha a mínima noção de bioquímica irá chegar. Vai convergir
para o ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons. O que eu estou esclarecendo é: isso
é possível? Sim, é possível. Mas na verdade o que estará acontecendo e qual é a garantia que
você tem da informação que eu estou te dando? Hipoglicemia; se você está hipoglicêmico, o
que o seu fígado vai fazer é estar desaminando esse aminoácido e obtendo um cetoácido que
é precursor para a síntese de glicose. Aí essa glicose produzida pelo fígado é que será a fonte
de energia disponibilizada no sangue; não é o aminoácido.
CREATINA:
Veja: creatina não é substrato para a síntese de proteína. Tomar suplemento de creatina não
vai dar a você ganho de massa muscular. Você irá ganhar massa muscular estimulada pela
atividade física e não pela creatina. Usar a creatina pensando na resistência de suportar mais a
atividade física, também pode ser bobagem porque você gasta creatina no primeiro segundo
de atividade física. Ela foi útil naquele primeiro e no máximo segundo segundo da atividade
física. É para você iniciar; é a explosão. É claro que para um levantador de peso a maior
possível reserva de fosfocreatina melhora o desempenho dele. Para um corredor de 100
metros rasos também. Mas essa reserva de fosfato se esgota rapidamente. Você não vai ter
resistência física prolongada por estar tomando creatina. O papel dela é funcionar como um
tampão de grupo fosfato na célula. Ela armazena ,quando fosforilada, fosfato e pode
diretamente ser doado ao ATP. E aí possibilita a recuperação imediata de ADP. A ideia é
mostrar que essas reações se deslocam de um lado para o outro através das concentrações de
ADP e ATP.
Quando a fosfocreatina perde o seu fosfato ao ADP e a creatina é liberada; quando essa reação
acontece, a creatina ela é modificada quimicamente assumindo uma forma cíclica; fechada
que não pode ser fosforilada novamente. Essa forma cíclica da creatina e agora inativa por ela
não poder mais ser fosforilada, é denominada creatinina. Esta forma CREATININA é excretada
na urina por ser altamente hidrofílica. CREATINA é a amina que você pode fosforilar e estocar
na célula sob a forma de creatina fosfato; fosfocreatina. Sempre que dentro da célula a
concentração de ADP aumentar e isso ocorre quando a célula gasta mais ATP, a fosfocreatina
perde fosfato para esse ADP e permite o resgate imediato de ATP. Estalei o dedo. Como é que
os grupos musculares reagiram ao efetuar essa ação obtiveram ATP imediatamente? Através
da fosfocreatina. Piscou o olho. Levou um susto ou submeteu-se a uma circunstância de
estresse. Como é que o seu cérebro seu ATP disponível imediatamente para você reagir em
uma fração de segundos? Através da fosfocreatina; por isso ela é muito importante para o
tecido muscular e nervoso porque ela permite a disponibilidade imediata de todo o ATP da
célula. Qualquer ADP existente na célula em alta concentração imediatamente é fosforilado; só
que quando essa reação acontece; quando a fosfocreatina perde seu fosfato do ADP
recuperando a forma de ATP, a creatina é ciclizada; denominada agora CREATININA. Ela não
pode mais agora ser fosforilada. Então o destino dela é a excreção pela urina. A creatinina
assim com a ureia são metabólitos encontrados no sangue e na urina com o objetivo de
acompanhar a função renal. Qual é a lógica? Tanto a ureia quanto a creatinina são produzidos
constantemente no nosso organismo. A todo instante em alguma parte do seu corpo alguma
fosfocreatina está sendo consumida. O dia todo, a todo instante você está produzindo e
liberando no sangue creatinina para ser utilizada no rim e excretada pela urina. A mesma coisa
com relação a ureia a partir do catabolismo de aminoácidos. Então você faz a dosagem desses
metabólitos tanto no sangue como na urina e se você tiver acúmulo no sangue e menor
extensão na urina, identifica uma disfunção renal. Você não sabe ainda qual é o problema que
ocorreu com o rim. No primeiro indicativo de disfunção renal é a dosagem tanto na urina
quanto no sangue de creatinina. Assim como a de ureia. São moléculas metabólicas que você
produz o dia todo e altamente hidrofílicos; portanto fáceis de serem excretadas. Se estiver
ocorrendo algum prejuízo na excreção destes metabólitos, será indicativo de disfunção renal.
Esse caráter hidrofílico elevado da creatina e da creatinina que engana o indivíduo que está
usando suplemento. Sendo suplementado com a creatina, as concentrações intracelulares de
fosfocreatina aumentam e isso causa um desequilíbrio osmótico. A célula fica hipertônica
passa a absorver mais água; então o volume da célula aumenta; aparentemente você ganhou
massa muscular. Você não ganhou massa proteica, você ganhou volume; a célula absorver
bastante água e ganhou volume porque está cheia de fosfocreatina.
Na pediatria tem sido investigado defeito genético; falha em relação a atividade de creatina
quinase. Então o bebê teria dificuldade de armazenar fosfocreatina e em consequência disso
teria retardo no desenvolvimento mental. Isso ainda está em estudo.
Outra suposição que se faz é a seguinte: quando nós produzimos creatina durante a síntese
endógena de creatina, é consumido a molécula do aminoácido metionina. A metionina é um
aminoácido que possui enxofre na sua composição. Existe outro aminoácido,homocisteína,
que não forma nem proteína; é conhecido como um fator de risco importante que
compromete a saúde dos nossos vasos sanguíneos. A homocisteína tem 2 unidades de CH2 no
seu radical, diferentemente da cisteína. O que a homocisteína que é um fator de risco para a
estrutura dos nossos vasos tem haver com a aula de hoje? Durante a síntese de creatina, a
metionina tem um papel de doar um radical metil. Então quando a metionina perde esse
radical metil, ela se torna homocisteína. Então, o que estão investigando? Usar um suplemento
de creatina com o intuito de diminuir a produção endógena de homocisteína, que é um
causador do estresse oxidativo do nosso sangue. O que eles viram? Em cobaia, parece que o
suplemento de creatina não vai produzir creatina; retroinibição, regulação por feedback. O
organismo já está obtendo creatina na dieta e a síntese endógena de creatina fica inibida. Se
essa cobaias não precisa produzir creatina, nela, é diminuída a produção de homocisteína. Os
trabalhos mostraram que isso acontece na cobaia mas isso não acontece no ser humano.
Fazendo o mesmo experimento na nossa espécie, não houve alteração na concentração de
homocisteína.