Normas de Atuação Na Urgência de Obstetrícia...
Normas de Atuação Na Urgência de Obstetrícia...
Normas de Atuação Na Urgência de Obstetrícia...
NA URGÊNCIA
DE OBSTETRÍCIA
E GINECOLOGIA
DO HOSPITAL SANTA MARIA
2012
2ª EDIÇÃO
PRÓLOGO
A
primeira edição destas “Normas” foi publicada há cerca de quatro anos. O êxito que atingiu no
público-alvo (essencialmente os internos do internato complementar, os médicos especialis-
tas mais jovens e os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia) praticamente
que nos “obrigou” a meter ombros a esta segunda edição, na qual se reformularam alguns conceitos e
se atualizaram recomendações de acordo com os desenvolvimentos mais recentes.
Como escrevi no “Prólogo” à primeira edição, sempre entendi que os protocolos são documentos
demasiadamente estritos e regulamentadores para serem verdadeiramente eficazes na prática clínica
EDITORES diária, preferindo, de longe, que todos os intervenientes no trabalho dos blocos de partos disponham
Nuno Clode
de normas gerais que possam seguir quando estejam perante situações menos comuns ou sobre as
Carlos Calhaz Jorge
Luís Mendes da Graça quais tenham dúvidas. O formato que pretendemos dar a este volume espelha esse conceito, tendo
como objetivo dotar quem tem de tomar decisões de um conjunto de regras que, por estarem imedi-
atamente disponíveis, lhes trarão segurança e conforto no seu trabalho diário.
Espero que os destinatários do livro que agora apresentamos o venham a acolher com tanto entusias-
mo como aconteceu com a primeira edição.
Outubro de 2011
As opiniões expressas pelos autores são da sua exclusiva responsabilidade e não são vinculativas da Bayer Luís Mendes da Graça
2 3
Regime 24/4
Superior supressão ovárica e menores
ÍNDICE
flutuações hormonais comparativamente
1
ao regime convencional 21/7
Boa compliance- toma contínua2
ACTUAÇÃO PERANTE MULHER VÍTIMA DE AGRESSÃO SEXUAL ....................................................... 11
Rui Carvalho, Samuel Ribeiro
ANALGESIA DO TRABALHO DE PARTO................................................................................................ 13
Filipa Lança
CERCLAGE............................................................................................................................................ 17
Nuno Clode
CESARIANA.......................................................................................................................................... 21
Sónia Barata
CETOACIDOSE DIABÉTICA NA GRÁVIDA ............................................................................................ 29
Joana Pauleta
Nome do medicamento: Yaz 3 mg/0,02 mg comprimidos revestidos por película. Composição: 24 com-
primidos rosa claros (cada um: 3 mg de drospirenona e 0,020 mg de etinilestradiol - em complexo de CHOQUE ANAFILÁTICO........................................................................................................................ 33
ß-ciclodextrina; lactose 46 mg) + 4 comprimidos placebo (lactose 50 mg). Forma farmacêutica: Comprimido
revestido por película. Indicações terapêuticas: Contracepção oral. Posologia e modo de administração: Via Teresa Costa
de administração oral. Tomar todos os dias à mesma hora, se necessário com um pouco de líquido, pela
ordem indicada no blister. Toma de comprimidos: contínua, durante 28 dias consecutivos. Contra-indi- COLESTASE GRAVÍDICA ....................................................................................................................... 37
cações: Trombose, AVC, Presença de factores de risco de trombose arterial, Predisposição para trombose,
Pancreatite ou antecedente associado a hipertrigliceridemia grave, Doença hepática grave desde que os val- Susana Santo
ores da função hepática não tenham regressado ao normal, Insuficiência renal, Presença/antecedentes de
tumores hepáticos, Malignidades influenciadas por esteróides sexuais, Hemorragia vaginal não diagnostica- CÓLICA RENAL NA GRAVIDEZ............................................................................................................. 41
da, Antecedentes de enxaqueca com sintomas neurológicos focais, Hipersensibilidade. Advertências:
Patologias circulatórias (a utilização de qualquer COC acarreta um risco acrescido de TEV quando comparado Filipa Passos
com a não utilização. O risco adicional de TEV é maior durante o 1º ano em que uma mulher utiliza um COC.
Estudos epidemiológicos mostraram que o risco de TEV para COs contendo drospirenona é maior do que o CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA ..................................................................................................... 43
de COs contendo levonorgestrel e poderá ser similar ao risco para COs contendo desogestrel/gestodeno),
Tumores, Exame/consulta médica (Antes de se iniciar ou de se reinstituir o uso de Yaz, deverá ser feita a Joaquim Neves
história clínica completa e excluir a hipótese de gravidez. Deve ser medida a pressão arterial e ser feito o
exame físico da mulher. As mulheres devem ser informadas de que os contraceptivos orais não protegem de CORTICOSTEROIDES NA INDUÇÃO DA MATURAÇÃO PULMONAR FETAL.......................................... 45
doenças sexualmente transmissíveis), Eficácia reduzida (a eficácia dos COCs pode diminuir com o esquecimen-
to dos comprimidos, perturbações gastrointestinais ou medicação concomitante), Redução do Controlo do Nuno Clode, Luis Graça
Ciclo (com todos os COCs podem ocorrer hemorragias irregulares, especialmente durante os 1os meses de
utilização. Portanto, a avaliação de qualquer hemorragia irregular só terá significado após um período de DISTÓCIA DE OMBROS(DO) ................................................................................................................ 47
adaptação de cerca de 3 ciclos). Interacções: podem ocorrer com fenitoína, barbitúricos, primidona, carba-
mazepina, rifampicina, bosentano e medicação para o VIH (por ex. ritonavir, nevirapina) e possivelmente tam- Nuno Clode
bém oxcarbazepina, topiramato, felbamato, griseofulvina e erva de São João. As falhas contraceptivas também
foram relatadas com antibióticos, tais como penicilinas e tetraciclinas. Em mulheres sob tratamento prolon-
gado com substâncias activas indutoras de enzimas hepáticas, recomenda-se outro método de contracepção
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ............................................................................................ 51
fiável, não hormonal. Concentrações plasmáticas e nos tecidos poderão aumentar (ex. ciclosporina) ou Sónia Barata, Teresa Costa, Filipa Osório
diminuir (ex. lamotrigina). Efeitos indesejáveis: Instabilidade emocional, Dor de cabeça, Náuseas, Dor
mamária, Metrorragia (irregularidades menstruais geralmente diminuem durante tratamento continuado),
Amenorreia. Depressão, Diminuição da libido, Nervosismo, Sonolência; Tonturas, Parestesia; Enxaqueca, Veia DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ...................................................................................... 55
varicosa, Hipertensão; Dor abdominal, Vómitos, Dispepsia, Flatulência, Gastrite, Diarreia; Acne, Prurido, Teresa Costa, Sónia Barata
Erupção cutânea; Dor nas costas/extremidades, Cãibras; Candidíase/Secura vaginal, Dor pélvica,
Intumescência mamária, Mama fibrocística, Hemorragia uterina/vaginal, Corrimento genital, Afrontamentos,
Vaginite, Perturbação menstrual, Dismenorreia, Hipomenorreia, Menorragia, Esfregaço Papanicolaou suspeito; EMBOLIA DE LIQUIDO AMNIÓTICO (ELA)........................................................................................... 65
Astenia, Sudorese aumentada, Edema; Aumento de peso. Data da revisão do texto: 06/2011. Medicamento Sónia Barata
Sujeito a Receita Médica. Não Comparticipado. Para mais informações deverá contactar o titular da autoriza-
ção de introdução no mercado. BAYER PORTUGAL S.A., Rua Quinta do Pinheiro, nº5 2794-003 CARNAXIDE, NIF
500 043 256 Bibliografia: 1 Klipping C et al, Supression of Ovarian Activity with a Drosperenone-Containing FEBRE MATERNA INTRA-PARTO.......................................................................................................... 69
Oral Contraceptive in a 24/4 Regimen, Contraception, volume 78: number 1: July 2008. 2 Bachmann G et al, Nuno Clode
Efficacy and Safety of a Low-Dose 24-Day Combined Oral Contraceptive Containing 20 μg Ethinylestradiol and
L.PT.GM.07.2011.0146 5
3 mg Drospirenone. Contraception, volume 70: number 3: september 2004.
L.PT.GM.07.2011.0146
ÍNDICE
GRAVIDEZ ECTÓPICA (GE)................................................................................................................... 73 PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA (PVAC) ANTERIOR ...................................................................... 171
Teresa Costa, Sónia Barata, Maria Afonso, Filipa Osório Luis Graça
HEMORRAGIA PÓS-PARTO.................................................................................................................. 83 PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP............................................................................................. 175
Cláudia Araújo, Luisa Pinto Nuno Clode
HEMORRAGIAS DO 2º E 3º TRIMESTRES............................................................................................ 95 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS GINECOLÓGICOS................................................................................ 189
Ana Maria Coelho, Nuno Clode Inês Reis, Filipa Osório
HIPÓXIA FETAL AGUDA....................................................................................................................... 103 PROFILAXIA DA ENDOCARDITE BACTERIANA .................................................................................... 195
Nuno Clode Catarina Castro
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO ................................................................................................... 107 PROFILAXIA DA INFECÇÃO A STREPTOCOCUS β- HEMOLÍTICO DO GRUPO B (SGB)....................... 197
Susana Santo Maria Afonso
INFECÇÃO URINÁRIA NA GRAVIDEZ................................................................................................... 113 PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE VIH ............................................................................. 199
Filipa Passos Luísa Pinto
INTERRUPÇÃO MÉDICA DA GRAVIDEZ ............................................................................................... 117 PROFILAXIA DO TROMBOEMBOLISMO VENOSO ................................................................................ 203
Nuno Clode Joana Pauleta
MASTITES............................................................................................................................................ 125 CUIDADOS BÁSICOS NO PUERPÉRIO................................................................................................... 209
Alexandra Henriques Catarina Castro, Ana Mónica Centeno
NÁUSEAS E VÓMITOS NA GRAVIDEZ .................................................................................................. 129 REPARAÇÃO DE LESÕES TRAUMÁTICAS DO CANAL DE PARTO ......................................................... 215
Alexandra Henriques Susana Santo
ACTUAÇÃO INTRA-PARTO NA GRÁVIDA OBESA ................................................................................ 133 ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS (RPM)................................................................................. 221
Cláudia Araújo Susana Santo
PARAGEM CARDIO-RESPIRATÓRIA (PC-R) NA SALA DE PARTOS ...................................................... 135 SÍNDROME DE HIPERESTIMULAÇÃO OVÁRICA .................................................................................. 225
Filipa Lança Cátia Rodrigues, Ana Paula Costa
PARTO NA GRAVIDEZ MÚLTIPLA......................................................................................................... 139 SINFISIOTOMIA.................................................................................................................................... 229
Nuno Clode Nuno Clode
PARTO INSTRUMENTAL ....................................................................................................................... 147 SULFATO DE MAGNÉSIO COMO NEUROPROTECTOR FETAL ................................................................ 231
Nuno Clode Nuno Clode
PARTO PÉLVICO AJUDADO................................................................................................................... 155 VAGINITES............................................................................................................................................ 233
Nuno Clode Teresa Costa, Sónia Barata
PARTO PRÉ-TERMO (PPT)................................................................................................................... 161 VERSÃO FETAL POR MANOBRAS EXTERNAS (VE) ............................................................................. 237
Rui Carvalho Nuno Clode
6 7
ABREVIATURAS
ACO...................................................................Anticonceptivos Orais LR .....................................................................Lactato de Ringer
aPTT.................................................................Tempo de Tromboplastina Parcial activado LTB....................................................................Laqueação Tubária Bilateral
ATB...................................................................Antibioterapia Min...................................................................Minutos
BA.....................................................................Bolsa de Águas MTX..................................................................Metotrexato
Bpm .................................................................Batimentos por minuto NST...................................................................Non Stress Test
CE .....................................................................Concentrado de Eritrócitos OE.....................................................................Orifício Externo (do colo do útero)
CID....................................................................Coagulação Intravascular Disseminada OI......................................................................Orifício Interno (do colo do útero)
CMMF ..............................................................Consulta de Medicina Materno Fetal OIA ...................................................................Ocipito Ilíaca Anterior
CTG...................................................................Cardiotocografia OIP....................................................................Ocipito Ilíaca Posterior
DIP....................................................................Doença Inflamatória Pélvica PA ....................................................................Pressão Arterial
DIU ...................................................................Dispositivo Intra-Uterino PAM..................................................................Pressão Arterial Média
DO ....................................................................Distócia de Ombros PCR...................................................................Proteína C Reactiva
DPPNI ..............................................................Descolamento de Placenta Normalmente Inserida PC-R.................................................................Paragem Cardio-Respiratória
Dx ....................................................................Dextrose PMN.................................................................Polimorfonucleares
ELA...................................................................Embolia de Liquido Amniótico PO ....................................................................Per os
EV.....................................................................Endovenoso PPT...................................................................Parto Pré-Termo
EVA...................................................................Escala Visual Analógica PVAC ................................................................Parto Vaginal Após Cesariana
FCF ...................................................................Frequência Cardíaca Fetal RABA................................................................Rotura Artificial de Membranas
FR .....................................................................Frequência Respiratória RCF...................................................................Restrição de Crescimento Fetal
FSP ...................................................................Fundo de Saco vaginal Posterior RCR...................................................................Reanimação Cardio Respiratória
GE.....................................................................Gravidez Ectópica REBA ................................................................Rotura Espontânea de Membranas
Hb.....................................................................Hemoglobina RPM-PT ...........................................................Rotura Prematura de Membranas Pré-Termo
HBPM...............................................................Heparina de Baixo Peso Molecular SAAF ................................................................Sindroma Anticorpos Antofosfolipideos
HELLP ..............................................................Hemolysis Elevated Liver Enzymes and Low Platelets SAV...................................................................Suporte Avançado de Vida
HIG ...................................................................Hipertensão arterial Induzida pela Gravidez SC .....................................................................Subcutâneo
HTA...................................................................Hipertensão Arterial SDR ..................................................................Sindroma de Dificuldade Respiratória
IB......................................................................Índice de Bishop SDRA................................................................Sindroma de Dificuldade Respiratória do Adulto
IFP ....................................................................Incompatibilidade Feto-Pélvica SF .....................................................................Soro Fisiológico
ILA....................................................................Índice de Liquido Amniótico SIU....................................................................Sistema Intra-Uterino
IM.....................................................................Intramuscular SL .....................................................................Sublingual
IMC...................................................................Índice de Massa Corporal TEV...................................................................Tromboembolismo Venoso
IMG ..................................................................Interrupção Médica da Gravidez TP .....................................................................Trabalho de Parto
INR ...................................................................International Normalized Ratio TSA...................................................................Teste de Sensibilidade aos Antibióticos
IOT....................................................................Entubação Orotraqueal TVP...................................................................Trombose Venosa Profunda
KCL ...................................................................Cloreto de Potássio UCI....................................................................Unidade de Cuidados Intensivos
KOH..................................................................Hidróxido de Potássio VHS ..................................................................Vírus Herpes Simplex
LA.....................................................................Liquido Amniótico VIH ...................................................................Vírus Imunodeficiência Humana
8 9
ACTUAÇÃO PERANTE
MULHER VÍTIMA
DE AGRESSÃO SEXUAL
Por agressão sexual entende-se qualquer acto sexual realizado por uma ou mais pessoas sobre outra
sem o seu consentimento. A agressão sexual inclui penetração oral, vaginal ou anal pelo pénis do
agressor ou através do uso de objectos.
PROCEDIMENTOS:
1. Proceder ao diagnóstico e tratamento imediatos de lesões traumáticas que dele necessitem
2. Contactar o Instituto de Medicina Legal e conferenciar com colega médico-legista (21 8811800;
após as 17.00 horas – 91 7288312)
3. A observação da vítima e recolha de provas só deverá ser realizada pelo médico-legista de
urgência. Nunca proceder a exame ginecológico com excepção do referido no ponto 1
4. Exames laboratoriais
a. Hemograma
b. ALT
c. Creatinina
d. Teste de gravidez
e. Serologias para hepatite B, hepatite C, sífilis e VIH
f. Realizar colheitas para exsudado vaginal (pesquisa de Trichomonas vaginalis, Neisseria gonorr-
hoeae e Clamydia trachomatis) somente após colheita de provas médico-legais. Realizar
colheita eventual de produto oral ou anal para pesquisa de Neisseria gonorrhoeae e Clamydia tra-
chomatis.
5. Se o teste de gravidez for negativo, proceder à contracepção de emergência (ver protocolo de
contracepção de emergência)
6. Na inexistência de calendário vacinal actualizado deverá ser promovida a profilaxia do tétano,
segundo o seguinte esquema:
10 11
ACTUAÇÃO PERANTE MULHER VÍTIMA DE AGRESSÃO SEXUAL
14 15
ANALGESIA NO TRABALHO DE PARTO
4. Período expulsivo:
• Testar a sensibilidade do períneo. Se necessário, administrar bólus epidural adicional – Ropivacaína
CERCLAGE
0,2% ou Levobupivacaína 0,25% (5 a 10 ml)
• Se parto for instrumental efectuar um bólus epidural de Ropivacaína 3,75% (6 a 8 ml)
Intervenção cirúrgica realizada durante a gravidez que tem por objectivo o encerramento da porção
proximal do colo do útero de forma a corrigir temporariamente uma situação de incompetência cérvi-
Abordagem de eventuais efeitos adversos: co-ístmica (ICI). Pressupõe consentimento informado por parte do casal.
1. Hipotensão materna - Descida ≥ 20% do valor da PAM
Proceder ao preenchimento vascular com bólus rápido de 500ml de LR ou SF a 0,9%. Consoante a situação clínica a cerclage pode ser:
Se persistência da hipotensão, administrar efedrina 5 a 10 mg EV em bólus.
• Electiva – decisão baseada na história pregressa de ICI. É realizada às 15-16semanas.
2. Bradicárdia fetal - FCF < 110 bpm • Urgente – decisão baseada na evidência, na gravidez actual, de um encurtamento progressivo do
Proceder ao preenchimento vascular como acima descrito colo e procidência da bolsa de águas (BA) através do canal cervical
Adminstração de O2 à parturiente a 10L/min • Emergente – decisão baseada na visualização de BA através do colo já dilatado ou mesmo protu-
são de BA
3. Náuseas/Vómitos
Administrar Metoclopramida 10 mg EV
A cerclage pode ser realizada por via:
4. Prurido Intenso Transvaginal – McDonald e Shirodkar. A técnica de McDonald é mais simples e rápida de executar;
Administrar Hidroxizina 25 mg IM. associa-se a menor hemorragia; é possível desde que o colo seja anatomicamente identificável e estru-
Se não resolver, administrar Naloxona 0,1mg IM (cada ampola de Naloxona tem 0,4mg em 1 ml) turalmente íntegro.
Transabdominal – Cérvico-ístmica
5. Sedação (Ramsey > 3) e/ou Bradipneia (FR < 10)
Proceder à administração de O2 à parturiente a 10L/min
Complicações de cerclage (ocorrem complicações graves em <2%)
Administrar Naloxona 0,2 mg EV.
1. Intra-operatórias – rotura membranas (mais frequente se houver prolapso de BA), hemorragia
6. Retenção urinária (mais frequente com a técnica de Shirodkar)
Proceder a algaliação. 2. Infecção – na maior parte dos casos trata-se da emergência de uma corioamniotite já presente
antes da realização da cerclage – importância da selecção de casos!
7. Toxicidade aos anestésicos locais 3. Rotura de membranas diferida – muitas vezes associada a corioamniotite não diagnosticada. Tratar
Administar Tiopental 125 mg EV (se convulsões) e iniciar SAV. como rotura de membranas pré-termo (Ver em ROTURA DE MEMBRANAS PRÉ-TERMO). Retirar cer-
clage só se houver evidência de contractilidade ou critérios clínicos de corioamniotite
4. Desgarro da sutura
5. Estenose cervical
16 17
CERCLAGE
Técnica de Shirodkar
1. Após desinfecção adequada, exposição do colo com valvas rectas compridas e pinçar dos lábios do
CESARIANA
colo, efectua-se uma incisão transversal com cerca de 2cm na mucosa cervical anterior e na muco-
sa cervical posterior, junto à prega de reflexão cérvico-vaginal
Parto realizado por laparotomia.
2. Através de dissecção digital ou com tesoura romba, empurra-se anteriormente a bexiga expondo a
superfície anterior do colo e, atrás, o recto expondo a superfície posterior do colo.
3. Com pinças de Allis curvas pinça-se o bordo lateral direito do colo entre as duas superfícies desnudadas, CUIDADOS PRÉ-CIRURGICOS
4. Introduz-se a agulha às 12h fazendo-a sair às 7h. O ponto deve ser suficientemente profundo para
incluir o máximo possível de tecido cervical, mas nunca deverá atingir o canal cervical. Anestesia
• As grávidas que vão ser submetidas a cesariana programada devem realizar uma consulta de anes-
5. Pinça-se o bordo esquerdo do colo e procede-se como no passo anterior fazendo a agulha entrar às
tesia.
6h e sair á 1h.
• A escolha entre anestesia geral ou loco-regional depende:
6. Retiram-se as pinças de Allis. Confirma-se a correcção do procedimento da cerclage como na técni-
a. da urgência da cesariana
ca de McDonald.
b. do estado clínico materno
7. Suturam-se as incisões da mucosa com Vicryl® 00
c. da preferência do médico
8. Procede-se ao encerramento da sutura com 3 nós travados e atados firmemente. d. da preferência da grávida
9. Cortam-se as extremidades da fita deixando cerca de 5cm livres na vagina para facilitar a remoção
da cerclage Avaliação laboratorial
• hemograma
Procedimentos no pós-operatório • determinação do grupo sanguíneo e reservar sangue (concentrado de eritrócitos) se: alterações da
1. Repouso absoluto no leito por 48h. placentação, eclâmpsia, síndrome HELLP, hematócrito pré-cirurgia < 25%, anestesia geral, história
2. Restrição da actividade física por 1 semana e promover diminuição da actividade diária até às 35 de ≥ 3 cesarianas.
semanas de gestação
3. Tocólise por 24h com indometacina 100mg rectal 12/12h Profilaxia antibiótica
• dose única, administada antes da incisão cutânea
- cefoxitina (2g EV)
Remoção da cerclage
Se alergia à penicilina
1. De forma electiva às 37 semanas - metronidazol 500mg EV ou clindamicina 600mg + gentamicina (1,5mg/kg)
2. Em caso de contractilidade regular mantida
• se a grávida está medicada com um antibiótico antes da cesariana, não necessita de dose profiláctica
Bibliografia • se a antibioterapia prévia foi administrada por suspeita de corioamniotite, deve ser associada a clindamicina e
- Graça LM. Cerclage do colo do útero. In Medicina Materno-Fetal (4ªed). Graça LM (ed). Lidel, 2010 Lisboa manter até 24h de apiréxia - Ver em FEBRE INTRA-PARTO
20 - Nazir MA. Cervical Insufficiency. In Operative Obstetrics (2nd ed). O´Grady JP, Gimovsky ML (ed). Cambridge University Press 2008 21
CESARIANA
Profilaxia de tromboembolismo (TE) - Ver em PROFILAXIA DOTROMBOEMBOLISMO VENOSO 3. Abertura da aponevrose – pequena incisão da aponevrose na linha média, com extensão lateral
arciforme digital ou com tesoura.
Apresentação fetal e localização da placenta - Devem ser confirmados por ecografia antes da
cirurgia. 4. Descolamento digital da aponevrose dos músculos rectos e respectivo afastamento.
Algaliação - Todas as grávidas devem ser algaliadas imediatamente antes do procedimento. 5. Abertura do peritoneu parietal – deve ser feita de forma digital e o mais acima possível.
Tricotomia - Não é obrigatória mas há estudos que mostram que a tricotomia na zona da incisão 6. Abertura do peritoneu visceral - feita acima da prega de reflexão da bexiga. O rebatimento da
diminui o risco de infecção da ferida operatória, sobretudo se for realizada imediatamente antes da bexiga é obrigatório nas cesarianas electivas, sem trabalho de parto.
cirurgia
7. Histerotomia
Desinfecção da parede abdominal - Deve ser sempre realizada de preferência com solução de clo- • Realização de botoeira mediana feita com o bisturi
rohexidina ou, em alternativa, com soluções iodadas. Não é necessária a desinfecção vaginal • incisão segmentar transversa arciforme no segmento inferior, digital (preferível) ou com tesoura
• incisão segmentar vertical indicada em: grandes prematuros, situação transverso dorso-inferior,
Posicionamento da grávida - Em decúbito dorsal, com uma rotação esquerda de 10 a 15º. presença de grande fibromioma no segmento inferior e na cesariana seguida de histerectomia
electiva
TÉCNICA DE CESARIANA
Nota: a extracção dos fetos muito longe do termo pode ser mais complicada por diversos motivos. O
útero encontra-se menos distendido e o segmento inferior menos desenvolvido; o feto é mais frágil
1. Incisão cutânea – é preferível uma incisão transversa logo a força e a pressão para a sua extracção deve ser menor para evitar lesões iatrogénicas. Assim,
• transversa de Joel-Cohen - 3 cm abaixo da linha imaginária que une as espinhas ilíacas antero- embora a histerotomia possa ser segmentar transversa, em algumas situações pode ser alternativa
superiores uma incisão uterina vertical.
• tranversa de Pfannenstiel - arciforme 2-3 cm acima da sínfise púbica, com 10-12 cm
A incisão vertical mediana está indicada apenas se houver uma cicatriz mediana prévia.
8. Extracção fetal
Nota: Na cesariana realizada muito longe do termo, a incisão cutânea transversa não deve ser menor Feto em apresentação cefálica
por se tratar de um feto mais pequeno. Deve haver sempre espaço suficiente para que o parto seja o • não complicada- o obstetra insere a mão dominante através da histerotomia, apoiando a cabeça
mais atraumático possível. fetal na palma da mão e eleva-a, flecte-a e orienta-a através da histerotomia; em simultâneo, o aju-
dante exerce pressão no fundo uterino para ajudar na extracção fetal; de seguida são extraídos os
ombros através de uma tracção ligeira no pólo cefálico.
2. Abertura do tecido celular subcutâneo – deve ser realizada de forma digital. • se cabeça se encontrar muito descida
a) ajuda vaginal: um assistente insere a sua mão na vagina e empurra a apresentação para cima
22 de forma a que o cirurgião consiga apoiar o pólo cefálico na palma da mão 23
CESARIANA
b) extracção em apresentação pélvica – na impossibilidade de elevar a apresentação, seguir o 11. Encerramento peritoneal – não encerrar o peritoneu visceral; o encerramento do peritoneu
dorso fetal até localizar os pés do feto que devem ser traccionados para a histerotomia e proceder parietal parece associar-se a menor incidência de aderências
então como na extracção de feto pélvico com cuidado para evitar a hiperextensão do pólo cefáli-
co e a excessiva tracção sobre o pescoço. 12. Encerramento da aponevrose com sutura contínua, com fio reabsorvível nº1.
• se cabeça estiver flutuante proceder a:
a) extracção com ventosa obstétrica (aplicar a ventosa sobre ponto flexão) 13. Encerramento do tecido celular sub-cutâneo – sempre, se a espessura da parede for> 2 cm e
b) extracção com fórceps (aplicar em occipito-transversa) deve utilizar-se sutura 00 ou 000
c) versão interna e extracção em apresentação pélvica – identificar um (ou ambos) pé(s) do feto
e traccioná-lo(s) na direcção da histerotomia guiando em simultâneo externamente a cabeça 14. Encerramento cutâneo –sutura intra-dérmica, agrafes ou pontos separados.
fetal.
24 25
CESARIANA
Evolução – Deve observar-se uma melhoria clínica em 48-72h de terapêutica; caso contrário: A puérpera pode ser tratada em regime de ambulatório desde que os sinais de infecção aguda tenham
• pode tratar-se de resistência à antibioterapia empírica; desaparecido
• os níveis de gentamicina podem ser sub-terapêuticos
• devem considerar-se outras etiologias para o sindroma febril; TROMBOFLEBITE SÉPTICA PÉLVICA
• pode ter ocorrido retenção de produtos de concepção o que deve ser confirmado através de avalia- Tipos: tromboflebite da veia ovárica (TVO) e tromboflebite séptica pélvica profunda (TSPP)
ção ecográfica. A sua existência implica a realização de curetagem uterina e, se a puérpera estiver
sob antiobioterapia, deve ser administrada uma dose imediatamente antes do procedimento e adi- Clínica
cionar ampicilina ou vancomicina (se alergia penicilina) • TVO* – febre e dor abdominal localizada do lado da veia afectada com inicio 1 semana após a cirurgia.
• TSPP* – quadro de febre 3 a 5 dias após a cirurgia e que persiste mesmo com terapêutica antibió-
INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA tica. Ausência de evidência radiológica de trombose.
Clínica - febre com eritema, edema duro, calor e dor localizados no local da ferida operatória. * na maioria dos casos, sobretudo na TSPP, é um diagnóstico de exclusão. Não existem testes diagnósticos definitivos.
Eventualmente pode ocorrer a drenagem espontânea de pús e a separação dos bordos. Pode estar
associada a leucocitose. Tratamento - antibioterapia e anticoagulação
Associa-se muitas vezes a endometrite. • Antibioterapia empírica
Agentes: S. aureus, streptococcos aeróbios e bacilos gram-negativos aeróbios e anaeróbios. a) ampicilina-sulbactam 3g 6/6h ou piperacilina-tazobactam 4,5g 8/8h ou
clavunato de ticarcilina 3,1g 4/4h ou cefalosporina de 3ªgeração (ex. ceftriaxone 1g/dia) +
Tratamento - as feridas infectadas devem ser abertas, drenadas, exploradas, irrigadas e desbridadas. metronidazol 500mg 8/8h
Se houver evidência ou suspeita de afecção da fascia, a drenagem dever ser feita no bloco operatório.
Sempre que possível deve proceder-se a cultura do exsudado purulento devido à possibilidade de iso- Se intolerância aos beta-lactâmicos
lamento de S. aureus meticilino-resistente e para a orientação da antibioterapia definitiva
imipenem 500mg 6/6h ou meropenem 1g 8/8h ou ertapenem 1g/dia
• Irrigação – com uma seringa irrigar a ferida com soro fisiológico, com pressão suficiente para
• Anticoagulação:
remover o tecido sem vitalidade, exsudado e coágulos.
a) heparina não fraccionada (bolus inicial de 5000U) seguida de infusão de 16 a 18U/Kg de forma
• Desbridamento – o desbridamento mecânico é feito com pinça e bisturi ou tesoura.Todos os cor-
a obter 1,5 a 2x aPTT base
pos estranhos e tecido desvitalizado devem ser removidos. O desbridamento deve ser feito até se
identificar tecido de granulação. ou
• Antibióticos - as infecções superficiais que forem abertas não necessitam de terapêutica antibió- b) heparina de baixo peso molecular (ex. enoxaparina 1mg/Kg 12/12h)
tica estando esta indicada apenas se houver celulite.
Flucoxacilina 1g EV 6/6h ou Vancomicina 1g EV 12/12h (se alergia à penicilina) Na ausência de trombose documentada ou de estado de hipercoagulabilidade, descontinuar a
A antibioterapia definitiva é orientada pelo exame cultural do pús da ferida. anticoagulação após resolução do quadro febril por mais de 48h.
• Penso –feito frequentemente, tendo em conta a evolução da ferida. Se foi documentada radiologicamente trombose venosa, manter anticoagulação por 2 semanas,
com heparina de baixo peso molecular.
• Encerramento secundário – as feridas infectadas e que abram, cicatrizam por segunda intenção.
Em alguns casos a re-sutura pode ser mais segura e eficaz. Se se estiver perante um embolo séptico ou trombose pélvica extensa, manter anticoagulação com
26 27
CESARIANA
Avaliação laboratorial: Continuar hidratação durante 24-48 h até correcção total do défice
• Hiperglicémia (em casos raros – normoglicémia) Adicionar dextrose 5%, quando glicémia ≤ 250 mg/dl
• Acidémia (pH<7.3) Se Na+> 150 mEq/L, mudar para solução salina (NaCl) hipotónica (0,45%)
• bicarbonato (< 15 mEq/L)
Cálculo:
• Cetonémia Anion gap = [Na] – ( [Cl]+ [HCO3] ) 2.Administração de insulina
• Cetonúria Bolus inicial de 0,2 - 0,4 U/Kg de insulina Actrapid seguido de infusão de 6-10 U/h
• anion gap (≥ 15) Osmolaridade = 2 ([Na] +[K]) + ([glucose]/18) Duplicar infusão se não houver resposta uma hora após o tratamento
• osmolaridade (>320 mOsm/L) Diminuir infusão para 1-2 U/h quando a glicémia ≤ 250 mg/dl
Continuar a infusão durante 12-24 h após a resolução da cetose
CTG:
• Desacelerações tardias 3.Correcção dos electrólitos
• Traçado não reactivo Potássio
• Se < 3,0 mEq /L – infusão a 30-40 mEq/h
• Se > 5,5 mEq /L – esperar que os valores normalizem e em seguida adicionar solução intraveno-
Nota: Um traçado não reactivo, nesta situação, não é indicação para interrupção imediata da gravidez.
sa com concentração de 20 - 30 mEq/L
A cesariana de emergência pode agravar a cetoacidose diabética. Após correcção da hiperglicémia e
reversão da cetoacidose geralmente observa-se melhoria dos traçados, pelo que a estabilização • Manter o potássio a 4,5 – 5,0 mEq /L
materna é obrigatória.
Bicarbonato
Se pH< 7,1 ou HCO3-< 5mEq/L - adicionar 1 ampola (44mEq) de bicarbonato de sódio a 1 L de solu-
TRATAMENTO ção salina a 0,45%. Repetir se necessário.
Manifestações:
• Início súbito em segundos a minutos após a administração de um antigénio específico.
• Reacção bifásica (8-72h) em 1-20% dos casos – situação clínica em que há recorrência dos sinto-
mas após aparente resolução do quadro, sem exposição adicional ao alergénio.
• Sintomas cutâneos (prurido, rubor, urticária, angioedema, edema perioral e periorbitário)
• Dificuldade respiratória por obstrução das vias aéreas (alta – edema da laringe; baixa – broncos-
pasmo)
• Sintomas cardiovasculares (taquicardia, hipotensão, síncope, arritmias, choque cardiovascular)
• Sintomas gastrointestinais (náusea, vómito, diarreia)
Diagnóstico diferencial:
• Reacção vasovagal
• Perturbação psiquiátrica • Aspiração de corpo estranho
• Disfunção do miocárdio • Envenenamento agudo
• Tromboembolismo pulmonar • Hipoglicémia
• Perturbações sistémicas dos mastócitos • Convulsões (epilepsia, eclâmpsia)
• Asma
• Angioedema hereditário
Abordagem
RECONHECIMENTO PRECOCE (contactar equipa de anestesiologia) e
remoção do alergénio
32 33
CHOQUE ANAFILÁTICO
Diluir 1ml em 10 ml de SF, perfusão lenta de 2-10 g/min. (e de acordo com a pressão arterial). • UpToDate; Anaphylaxis: Rapid recognition and treatment, Acedido em Sept 2010.
Nota: Pelo risco de arritmias graves, a adrenalina deve ser administrada EV apenas em situações de
paragem cardíaca ou de hipotensão refráctaria .
34 35
COLESTASE GRAVÍDICA
A colestase intrahepática da gravidez (CIG) é uma entidade caracterizada pelo aparecimento de pruri-
do generalizado, na ausência de exantema cutâneo, ocorrendo quase exclusivamente no terceiro tri-
mestre da gravidez.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é por vezes difícil, sendo geralmente estabelecido com base em dados da ANAMNESE,
CLÍNICOS e BIOQUÍMICOS. O diagnóstico definitivo baseia-se na normalização do prurido e das altera-
ções hepáticas após o parto.
1. Sintomatologia
• prurido (generalizado, mais intenso nas regiões palmar e plantar e de agravamento vespertino)
36 37
COLESTASE GRAVIDICA
Regime de Internamento
≥ 36 semanas ou grávida sintomática (prurido intenso, subicterícia) ou agravamento das alterações
analíticas (ácidos biliares ≥ 40 mol/L, alteração das provas coagulação)
• Avaliação analítica bi-semanal (AST, ALT, GT, bilirrubina total e directa, ácidos biliares, TP e aPTT)
• NST 2x/d
• Ecografia para avaliação do crescimento fetal e avaliação semanal do índice de líquido amniótico e
fluxometria fetal.
• Terapêutica (vide regime ambulatório)
38 39
CÓLICA RENAL NA GRAVIDEZ
A cólica renal é uma situação rara na gravidez (incidência de 0,03 – 0,35% ; 1/2000 gestações) por-
que a dilatação ureteral fisiológica permite a expulsão dos cálculos em 75 a 85% dos casos. A gravidez
não aumenta o risco de nefrolitíase.
Factores mecânicos e hormonais induzem estase urinária na gravidez, com alterações visíveis (e mais
acentuadas à direita) a partir das 6 semanas que regridem entre 6 a 12 semanas após o parto. Não há
um diâmetro ureteral que distinga a dilatação ureteral obstrutiva da fisiológica, pelo que esta distinção
só pode ser feita quando é visualizada a causa da obstrução ou na presença de clínica sugestiva.
É mais frequente no 2º e 3º trimestres. A maioria das grávidas não tem história de nefrolitíase mas
podem ter antecedentes de infecções urinárias de repetição; 80% dos cálculos são de cálcio. A cólica
renal não parece associar-se a desfechos obstétricos adversos mas aumenta o risco de infecção urinária.
DIAGNÓSTICO
Sintomatologia clássica:
• Dor tipo cólica no flanco +/- irradiação para a pélvis ou virilha (90% dos casos)
• Hematúria micro ou macroscópica (75-95%)
Sintomatologia atípica:
• Dor abdominal vaga, náuseas, vómitos, disúria, polaquiúria
Nota: É obrigatório pedir urocultura para excluir pielonefrite pois que cerca de metade das grávidas
com cólica renal apresentam infecção urinária concomitante.
40 41
CÓLICA RENAL NA GRAVIDEZ
O exame de primeira linha na grávida com suspeita de litíase renal é a ecografia renal (sensibilidade
de 67%) no entanto, a ecografia pélvica endovaginal é mais sensível do que a ecografia transabdomi- CONTRACEPÇÃO
nal para detectar cálculos ureterais distais.
Se a ecografia for insuficiente poderá ser realizada uma pielografia com realização de uma única radio-
DE EMERGÊNCIA
grafia abdominal 5 a 30 minutos após a administração do contraste endovenoso.
Se a ecografia e a pielografia forem inconclusivas realizar RMN.
Uma vez confirmado o diagnóstico de litíase renal pedir doseamento de cálcio e fósforo no sangue para
A contracepção de emergência:
excluir hiperparatiroidismo.
• É equacionada sempre que ocorrer uma relação sexual (RS) não protegida numa altura fértil do ciclo
TRATAMENTO
menstrual
• Consiste na administração num curto espaço de tempo após RS, de uma dose hormonal elevada com
• 2/3 resolvem com terapêutica conservadora: o principal objectivo de inibir uma eventual ovulação.Também parece haver um efeito local no endo-
a) hidratação endovenosa métrio e consequente prevenção da implantação.
b) analgesia (diclofenac 75mg EV com segunda toma se necessário ao fim de 30 minutos; keto- • É mais eficaz nas primeiras 12 horas após as RS potencialmente fecundante, podendo a eficácia (ape-
rolac 60 mg EV; indometacina 100mg rectal; epidural). sar de diminuída) ser alargada às primeiras 72 horas.
• 1/3 só resolve com tratamento invasivo (nomeadamente se quadro de sépsis, dor severa persisten- Medicamentos que podem ser utilizados:
te ou obstrução de rim único):
a) colocação de um catéter ureteral em duplo J – deve ser mudado a intervalos de 4 a 6 semanas • Levonorgestrel – Norlevo 1,5®, Postinor® – 1 cp (toma única)
até o parto
b) nefrostomia percutânea ou a remoção do cálculo por ureteroscopia.
Pode originar sensação de fadiga generalizada, tensão mamária, cefaleias, mialgias, naúseas ou mesmo
vómitos. Esta sintomatologia pode ser minimizada com a administração prévia dum anti-emético –
Bibliografia metoclopramida (Primperan®). As perdas menstruais deverão surgir na altura em que a utente espe-
- Cunningham F, Leveno K, Bloom S et al. Renal and Urinary tract disorders. In: Williams Obstetrics (23ª ed). McGrawHill; 2005: 1033-1048 .
- Williams D, Davison J. Renal Disorders. In: Creasy and Resnik’s Maternal-Fetal Medicine (6ª ed). Creasy R, Resnik R, Iams J, Lockwood C, Moore T. Saunders;
ra a próxima menstruação; caso tal não aconteça 3 a 4 semanas após a contracepção de emergência,
2009: 905-927. deve ser realizado um teste de gravidez. Esporadicamente pode ocorrer menstruação irregular.
- Butler E, Cox S, Eberts E et al. Symptomatic nephrolithiasis complicating pregnancy. Obstet Gynecol 2000; 96:753-6.
- Colombo D, Samuels P. Renal Disease. In: Obstetrics Normal and Problem Pregnancies (5ª ed). Gabbe S, Niebyl J, Simpson J. Churchill Livingstone; 2007:
964-975. • Acetato de Ulipristal – ellaOne® – 1 cp (toma única – 30mg)
- Graça L. Nefropatias e gravidez. In: Medicina Materno Fetal. (3ªed) Graça L. Lidel 2005:553-558.
- Guberman C, Greenspoon J, Goodwin T. Renal/Urinary Tract, Gastrointestinal & Dermatologic Disorders in Pregnancy. In: Current Diagnosis & Treatment:
Obstetrics & Gynecology (10ª ed). Decherney A, Nathan L, Goodwin T, Laufer N. McGrawHill; 2007: 374-385.
- Modena A. Renal Disease. In: Maternal-Fetal Evidence Based Guidelines (1ª ed). Berghella V, Informa; 2007:103-112.
O acetato de ulipristal é um modulador dos receptores da progesterona e actua como inibidor ou retar-
dador da ovulação, mesmo após a libertação hipofisária da hormona luteinizante. Esta formulação
mostra eficácia na prevenção da gravidez mesmo 72 horas após a ocorrência das RS não protegidas,
42 43
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
mantendo a eficácia nas primeiras 120 horas (5 dias). A medicação pode originar sensação de fadiga
generalizada, dor abdominal, dismenorreia, cefaleias e naúseas. As perdas menstruais deverão surgir na CORTICOSTERÓIDES
altura ou no prazo de 1 semana após a data em que a utente espera a próxima menstruação; caso tal
não aconteça 3 a 4 semanas após a contracepção de emergência, deve ser realizado um teste de gra- NA INDUÇÃO DA MATURAÇÃO
videz. Não foram detectados casos de irregularidades menstruais tal como estão descritos na contra-
cepção com o levonorgestrel. PULMONAR FETAL
Bibliografia 1. A administração de betametasona ou dexametasona IM, pelo menos 24 horas antes de se dar um
parto pré-termo, evita ou reduz a incidência e a gravidade do síndrome de dificuldade respiratória
• Westhoff C. Emergency contraception N Engl J Med 2003;349:1830-5 (SDR) e da hemorragia intraventricular do recém-nascido (RN).
• Speroff L, Darney PD, Special uses of oral contraception in A Clinical Guide for Contraception (5ª ed). Speroff L, Darney PD(ed), Lippincott Williams &
Wilkins, Filadélfia, 2011
• Fine P, Mathé H, Ginde S, et al. Ulipristal acetate taking 48-120 hours after intercourse for emergency contraception Obstet Gynecol 2010; 115: 257-63
2. A dose recomendada é
Betametasona - duas doses de 12mg IM com 24h de intervalo
Ou
Dexametasona – quatro doses de 6mg IM com 6h de intervalo
3. Deve proceder-se à administração de corticosteróides sempre que seja previsível o parto pré-termo
(espontâneo ou iatrogénico) entre a 24sem+0d e a 34sem+0d.
4. A eficácia máxima da indução maturativa observa-se 24h após a última administração dos corticos-
teróides. No entanto, existe benefício para o feto mesmo quando o parto ocorre antes de completa-
do o protocolo, pelo que é sempre vantajoso efectuar pelo menos uma administração, excepto quan-
do o parto esteja iminente.
44 45
CORTICOSTEROIDES NA INDUÇÃO DA MATURAÇÃO
PULMONAR FETAL
ASPECTOS PARTICULARES
1. Na grávida medicada cronicamente com corticosteróides orais, caso haja necessidade de indução da
DISTÓCIA DE OMBROS (DO)
maturidade pulmonar fetal, deve ser prescrita betametasona ou dexametasona, pois apenas estes
são eficazes para este objectivo.
2. Caso a deterioração da situação fetal ou materna assim o determinem (por exemplo: corioamnioti- Emergência tocológica imprevisível e com elevado risco fetal. Ocorre ou por bloqueio do ombro ante-
te, pré-eclâmpsia grave, S. HELLP) não está indicado protelar o parto para dar tempo ao efeito máxi- rior do feto na sínfise púbica materna ou (menos frequente) por bloqueio do ombro posterior no pro-
mo dos corticosteróides montório.
3. Na gravidez múltipla, apesar dos níveis circulantes dos corticosteróides serem cerca de 20% inferio- GRUPOS DE MAIOR RISCO (antecipar a possibilidade de DO!)
res aos observados na gestação de feto único, não existe consenso sobre a necessidade de aumen- • Suspeita de macrossomia fetal
tar as doses dos fármacos. Assim, neste momento, excepto por razões investigacionais, deve optar-
• Grávida diabética
se por administrar as doses recomendadas na gravidez de feto único.
• Grávida obesa
• Multípara
4. Na grávida diabética (gestacional ou pré-gestacional) a administração de corticosteróides causará
um aumento da resistência à insulina, pelo que se deverá proceder à monitorização mais frequente • Gravidez pós-termo
da glicémia e, eventualmente, administrar insulina de acordo com protocolo previamente elaborado • RN anterior macrossómico
com o endocrinologista. • Parto anterior com DO (recorrência 7 vezes superior à da generalidade das grávidas)
• Período expulsivo prolongado numa parturiente de um dos grupos acima referidos e em que há
necessidade de realização de parto instrumental
Bibliografia
- Kurtzman J, Garite T, Clark R, e col. Impact of a “rescue course” of antenatal corticosteroids (ACS): A multi-center randomized placebo controlled trial. Am DIAGNÓSTICO
J Obstet Gynecol 2009.
- Battista L, Winovitch KC, Runmey PJ e col. A case-control comparison of the effectiveness of betamethasone to prevent neonatal morbidity and morta- 1. Sinal da tartaruga – Retracção da cabeça do feto imediatamente após a sua expulsão
lity in preterm twin and singleton pregnancies. Am J Perinatol. 2008;25;449-53. 2. Dificuldade na extracção do ombro anterior com tracção inferior do pólo cefálico
- Royal College of Obstetricians and Gynaecolgists. Antenatal Corticosteroids to reduce neonatal morbidity and mortality. Green Guideline nº 7. 2010
- Mercer BM. Assesment and Induction of Fetal Pulmonary Maturity. In Creasy & Resnik’s Maternal –Fetal Medicine. Principles and Practice (6ºed). Creasy
RK, Resnik R, Iams JD, Lockwood CJ, Moore TR (ed) Saunders Elsevier, Philadelphia 2009.
- ACOG Committee Opinion. Antenatal Corticosteroids Therapy for Fetal Maturation. Committee Opinion 475. Obstet Gynecol 2011;117;422-24
ATITUDES
1. Chamar por ajuda diferenciada, anestesista (necessária analgesia eficaz) e neonatologista
2. Impedir que a parturiente continue com os esforços expulsivos
3. Realizar ampla episiotomia
4. Manobra McRoberts (Fig. 1) – Hiperflexão das coxas da parturiente (2 ajudantes) e tracção do pólo
cefálico com ligeira rotação para tentar colocar o diâmetro biacromial num dos diâmetros oblíquos
da bacia materna
46 47
DISTÓCIA DE OMBROS (DO)
5. Pressão supra-púbica (Fig. 2) – A realizar em simultâneo com manobra de Mc Roberts (3º ajudante)
Nota: Nunca traccionar excessivamente o pólo cefálico
Nunca fazer pressão no fundo uterino
Manobras internas – devem ser realizadas pelo obstetra mais experiente. Pode ser necessário relaxa- Nos processos clínicos classificar DO em 4 graus consoante as manobras necessárias à sua resolução:
mento uterino para conseguir introduzir a mão do obstetra dentro da cavidade de forma a conseguir I – Resolveu-se com McRoberts e pressão supra púbica
rodar os ombros e extrair o membro superior. Nesse caso administrar Salbutamol EV (1 ampola de 5mg II – Resolveu-se com manobra de Wood
em 100ml de SF a 300ml/h durante 5 minutos) III – Resolveu-se através da extracção do ombro posterior
IV – Resolveu-se com manobras excepcionais
6. Manobra de Wood (“manobra do saca-rolhas”) com modificação de Rubin (Fig. 3) – introdução de
dois dedos do operador no canal de parto até atingir a face posterior do ombro mais acessível, que
deve ser rodado na direcção da parede anterior do tórax fetal. Simultaneamente, o ajudante fará
pressão supra-púbica no mesmo sentido (se estiver a ser rodado o ombro anterior) ou no sentido
contrário (ombro posterior). Se for o ombro anterior, rodá-lo 45º; se for o posterior, tentar rodar 180º
(tentar primeiro o ombro posterior). Uma vez conseguido que o diâmetro biacromial esteja coloca-
do num dos diâmetros oblíquos da bacia materna, tenta a tracção inferior da cabeça fetal
7. Extracção de membro posterior (Fig. 4) – Caso as manobras anteriores não resolvam a situação, ten-
tar-se-á extrair o membro superior do feto que esteja em posição posterior. Introduzir a mão do ope-
rador ao longo do membro posterior até atingir o cotovelo. Procede-se à flexão do cotovelo e, agar-
rando firmemente o antebraço obriga-se o membro a passar à frente do tórax fetal. A manobra pres-
supõe que se proceda à extensão da episiotomia ou a episiotomia bilateral.
Fig.1 - Manobra McRoberts. A hiperflexão é realizada por assistentes ou,
excepcionalmente, pela grávida
Manobras de excepção – devem ser realizadas no bloco operatório e sob anestesia geral.
8. Manobra de Zavanelli – Reposição da cabeça fetal no canal de parto de forma a ser possível realizar
uma cesariana. A cabeça do feto é rodada para occipito-anterior ou occipito-posterior, flectida e
empurrada para o canal de parto. Pressupõem relaxamento uterino muito vezes só conseguido com
anestésicos halogenados.
Agentes
Bibliografia • Neisseria gonorrhea
• Graça LM. Distócia ombros. Medicina Materno Fetal (4ª ed) Graça LM (ed) Lidel. Lisboa 2010
• Lanni SM, Seeds JW. Malpresentations. In Obstetrics. Normal and Problem Pregnancies (5ª ed) Gabbe S, Niebyl JR, Simpson JL (ed) Churchill Livingstone, • Chlamydia trachomatis
Philadelphia 2007
• COG Practice Bulletin 40: Shoulder Distoccia.(reaffirmed 2008) Obstet Gynecol 2002; 100: 1045
• Agentes da flora vaginal (anaeróbios e aeróbios)
• Baskett TF. Shoulder Dystocia. Best Prac Res Clin Obstet Gynecol 2002;16:57
• Noocon JL. Shoulder Dystocia. In Operative Obstetrics 2nd ed. O’Grady JP, Gimovsky ML (ed) Cambridge University Press 2008
• Ayres de Campos, D. Distócia de Ombros. In Emergências Obstétricas. Ayres de Campos D, Santos Silva I, Costa F. (ed) Lisboa, Lidel 2011 Factores de risco
• História prévia de DIP
• Múltiplos parceiros (> 2 em 30 dias) ou parceiro recente (há <30 dias)
• Adolescência
• Doença sexualmente transmissível (gonorreia, clamídia)
• Uso de DIU (> risco na altura da inserção e nas primeiras 3 semanas)
• Critérios adicionais: + Doxiciclina 100mg 2x dia PO (14 dias) com ou sem metronidazol*
• Temperatura axilar ≥ 38,3ºC ou
• Corrimento vaginal e/ou cervical patológico (mucopurulento) • Qualquer outra cefalosporina de 3ªgeração EV (p.ex. ceftizoxime 1g, EV em dose única ou cefotaxi-
• Leucócitos presentes na microscopia das secreções vaginais me, 1g, EV em dose única) + Doxiciclina 100mg 2x dia PO (14 dias) com ou sem metronidazol*
* O metronidazol (500mg PO 2x/d – 14d) deve ser associado quando existe risco aumentado de infecção por organismos anaeróbios (infecção
• Exsudado endocervical – Exame microbiológico (evidência de infecção por Neisseria gonorrhea suspeita ou confirmada por tricomonas ou Gardnerella vaginalis, ou instrumentação uterina nas últimas 2-3 semanas)
ou Chlamydia trachomatis)
• PCR aumentada, VS aumentada
NOTA: Os regimes que incluem quinolonas deixaram de ser recomendados. No entanto, se as cefalospo-
• Biópsia endometrial: evidência histopatológica de endometrite
rinas parentéricas não estiverem disponíveis, podem-se prescrever as fluorquinolonas (levofloxacina
• Ecografia transvaginal / RMN: abcesso tubo-ovárico; trompas de Falópio espessadas ou com 500mg PO 1x/dia, 14d ou ofloxacina 400mg PO 2x/dia, 14d), com ou sem metronidazol (500mg PO
líquido, presença ou ausência de líquido livre na cavidade pélvica; estudos Doppler sugestivos de 2x/dia, 14d), nas populações com baixa prevalência de infecção pela gonorreia.
infecção pélvica (ex: hiperémia tubária)
• Evidência laparoscópica
HOSPITALAR (CDC GUIDELINES 2010)
Nota: Todas as mulheres com DIP devem ser rastreadas para infecção a Neisseria gonorrhea, a Regime A
Chlamydia tr. e VIH. Cefotetan 2g EV 12/12h ou Cefoxitina 2g EV 6/6h + Doxiciclina 100mg PO 12/12h
a) Até 24h depois de melhoria clínica
Critérios para Hospitalização b) Após alta mantém Doxiciclina 100mg PO 2x dia (14 dias)
• Doença clinicamente grave (náuseas, vómitos, febre alta e dor abdominal intensa)
• Possibilidade de tratamento cirúrgico não excluída (apendicite, gravidez ectópica) NOTA: Se abcesso tubo-ovárico deve-se associar a clindamicina ou metronidazol à doxiciclina oral,
• Suspeita de abcesso pélvico após a alta.
• Intolerância (náuseas ou vómitos) ou suspeita de não cumprimento da medicação em ambulatório
• Ineficácia do tratamento em ambulatório (antibioterapia > 72h) Regime B
• Gravidez Clindamicina 900mg EV 8/8h + Gentamicina EV/IM 2mg/Kg iniciais, seguido por dose de manuten-
ção (1,5mg/Kg) 8/8h ou dose única diária (3-5mg/kg) EV/IM
• HIV+
a) Até 24h depois de melhoria clínica
b) Após alta mantém Doxiciclina 100mg PO 2x dia (14 dias) ou Clindamicina 450mg 4x dia PO (14 dias)
TRATAMENTO
Em ambulatório (CDC Guidelines 2010)
NOTA: Se houver abcesso tubo-ovárico optar por clindamicina oral, após a alta.
FOLLOW-UP
• Deve ocorrer uma melhoria do quadro clínico ao fim de 72h.
DOENÇAS SEXUALMENTE
• Se tal não acontecer deve-se proceder ao internamento (caso a doente se encontre em ambulató-
rio), reavaliação da situação clínica e eventual cirurgia.
TRANSMISSÍVEIS
• Testar VIH
• Testar para infecção por gonorreia, 4-6 semanas após o fim da terapêutica, nas mulheres com estas
infecções documentadas. I - DOENÇAS ULCERATIVAS GENITAIS
Tratamento do parceiro HERPES SIMPLEX (HSV-2 é o mais frequente, mas HSV-1 também pode ser o agente patogénico)
• Devem ser examinados e tratados os parceiros que tiveram contacto sexual com a doente nos 60
dias precedentes ao inicio dos sintomas ou, se a doente não referir actividade sexual nos últimos 60 Clínica
dias, tratar o último parceiro 1. Infecção primária – clínica variável
• Ceftriaxone 125mg IM (dose única) + Doxicilina 100mg 2x dia PO (10 dias) - Grave: úlceras genitais dolorosas, disúria, febre, adenopatias inguinais dolorosas, cefaleias.
- Moderada, Sub-clínica ou Assintomática
Cirurgia – quando não há resolução após terapêutica médica. 2. Infecção não primária – menor sintomatologia sistémica e menos alterações locais.
• Laparotomia/ laparoscopia: drenagem de abcessos pélvicos e lise de aderências 3. Infecção recorrente, permanente – sintomatologia semelhante às anteriores, mas de menor gravidade.
• Aspiração eco-guiada de abcessos pélvicos 4. Doença Grave - infecção disseminada, pneumonite, hepatite, meningite, encefalite
NOTA: se não foi conseguida a resolução após 7-10 dias de tratamento, poder-se-á prolongar terapêutica
54 55
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
• Terapêutica contínua supressora*: aciclovir 400mg PO 2x/dia ou SÍFILIS (referenciar à Infecciologia) - Treponema pallidum
valaciclovir 500mg PO 1x/dia ou
valaciclovir 1g PO 1x/dia Clínica
* Manter pelo menos um ano. • Sífilis primária
- típico: nódulo erosionado, tipicamente indolor, duro, único, localizado no local de inoculação
• Doença grave ou complicada: (colo, vagina, vulva, outros locais como orofaringe) e sem exsudado
• aciclovir 5-10mg/Kg EV 8/8h 2-7d (ou até melhoria clínica) seguido de terapêutica PO preco- - linfadenopatia satélite, inguinal, unilateral, indolor e sem sinais inflamatórios
nizada para o episódio primário até completar 10 dias, e referenciar à Infecciologia.
• Sífilis secundária
• Gravidez - febre e mal estar geral
• 1º episódio - aciclovir 400mg PO 3x/dia, 7-10d ou - linfadenopatias generalizadas
- valaciclovir 1g PO 1x/dia, 7-10d - rash cutâneo (qualquer localização)
• episódios recorrentes - aciclovir 400mg PO 3x/dia, 5d ou • Sífilis latente – sem manifestações clínicas
- aciclovir 800mg PO 2x/dia, 5d ou Latente recente – adquirida durante o ano precedente (ou, segundo a OMS, nos dois anos anteriores)
- valaciclovir 500mg PO 2x/dia, 3d ou Latente tardia – adquirida há mais de um ano
- valaciclovir 1g PO 1x/dia, 5d
• Sífilis terciária: neurosifilis; alterações da aorta; endarterite; perturbações oftalmológicas, auditivas,
• Doença grave – aciclovir 5-10mg/Kg EV 8/8h 2-7d seguido de terapêutica PO preconizada para etc.
o episódio primário até completar 10 dias e referenciar à Infecciologia.
Tratamento
• Supressão diária (grávidas com história de infecção herpética recorrente devem ser aconselha- • Sífilis primária, sífilis secundária ou sífilis latente recente
das a fazer supressão diária) • Penicilina G benzatinica 2,4milhões UIM (dose única)
• Se alergia à Penicilina:
56 57
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Doxiciclina (preferencial) 100mg 2x/dia PO 14d ou LINFOGRANULOMA VENÉREO (referenciar à dermatologia) - Chlamydia trachomatis (serotipos L1, L2
Azitromicina 2g, toma única, PO. e L3)
58 59
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
60 61
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Clínica Nota: tratar os co-habitantes e lavar toda a roupa de casa em uso (cama e pessoal)
• Lesão cutânea - pápula de base larga (dome shaped) com umbilicação central que se localiza-se
nas superfícies epiteliais (não atinge as mucosas). São geralmente múltiplas e de crescimento lento Bibliografia
- Centers for Disease Control and Prevention. Sexually transmitted diseases treatment guidelines 2010. MMWR 2010; 59.
- Beigi RH. Gonorrehea and Chlamydia in Infectious Diseases in Obstetrics and Gynecology, a systematic approach to management. ACOG 2009,
Escabiose Sarcoptes scabiei Washington.
As doentes devem ser referenciadas à consulta de Dermatologia
Clínica
• Prurido intenso, que se agrava durante a noite
• Lesões eritematosas; pápulas ou vesículas; pode haver escoriações (lesões de coceira); a localização
interdigital é típica
Tratamento
• Permetrina (creme 1%) - aplicar no corpo (excepto boca, nariz, olhos) e banho 8-14h após aplicação
• Lindano (1%): aplicar no corpo (excepto boca, nariz e olhos) e banho 8-12h após aplicação
• Na gravidez: utilizar apenas permetrina como acima referido
Nota: tratar os co-habitantes e lavar toda a roupa de casa em uso (cama e pessoal)
62 63
EMBOLIA DE LIQUIDO
AMNIÓTICO (ELA)
Síndrome grave, rara, não previsível e exclusiva da gravidez. Caracteriza-se pela presença de partículas
fetais nos vasos sanguíneos pulmonares maternos.
Diagnóstico
É de EXCLUSÃO. O diagnóstico definitivo é obtido através do exame anatomo-patológico de tecido pul-
monar post-mortem.
Diagnóstico diferencial
- TEP (tromboembolismo pulmonar) - aspiração de contéudo gástrico
- embolia gasosa - reacção transfusional
- anafilaxia - hemorragia pós-parto
- complicações anestésicas - sépsis
- EAM (enfarte agudo do miocárdio) - ruptura uterina
- arritmia cardíaca - DPPNI
- cardiopatia peri-parto - eclâmpsia
- dissecção da aorta
64 65
EMBOLIA DE LIQUIDO AMNIÓTICO (ELA)
ATITUDE MÉDICA • Disponibilizar derivados sanguíneos (concentrado eritrocitário, plasma fresco congelado, criopreci-
Para a adequada intervenção é muito importante a SUSPEIÇÃO da ELA. O sucesso será tanto maior pitado, factor VII recombinado)
quanto mais precoces forem iniciadas as medidas terapêuticas.
7. Transferência para uma Unidade de Cuidados Intensivos após o parto.
1. CHAMAR EQUIPA DE ANESTESIA
Bibliografia
2. Se paragem cardio-respiratória iniciar manobras de reanimação – ver PARAGEM CARDIO- • Conde-Agudelo A, Romero R. Amniotic fluid embolism: an evidence-based review. Am J Obstet Gynecol 2009;201:445.e1-13.
RESPIRATÓRIA
6. Terapêutica de SUPORTE
• Manutenção da oxigenação: administração de O2 e se necessário ventilação assistida;
• Administração de fluidos para controlo da PA: baseada nos parâmetros circulatórios do cateter central
• Em casos de hipotensão refractária à fluidoterapia administrar vasopressores (dopamina ou nore-
pinefrina)
66 67
FEBRE MATERNA INTRA-PARTO
CAUSAS
1. Corioamniotite
2. Analgesia epidural - associada, por vezes, a temperatura sub-febril (37,5º-38º) que surge na hora a
seguir à colocação do cateter, e que responde mal ao paracetamol, mas com PCR negativa.
3. Pneumonia
4. Pielonefrite
5. Infecção viral
6. Apendicite
CORIOAMNIOTITE
A causa mais frequente de febre materna intra-parto.
• Surge em 1-5% dos TP em gestações de termo com RBA (>20% se pré-termo)
• Agentes mais frequentes – Estrept. β-hemol., E. coli
• Associada a:
· Rotura prolongada membranas
· Múltiplas observações vaginais após rotura de membranas
· Monitorização fetal interna
· Portadora de Estreptococo -hemolítico do Grupo B
· Trabalho de parto prolongado
· Infecções prévias do tracto genital inferior
· Baixo nível sócio-económico
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FEBRE MATERNA INTRA-PARTO
Nota: As complicações maternas e neonatais não se associam com o intervalo entre o diagnóstico e o
parto. • A escolha de outro antibiótico é dependente do resultado de hemocultura
• Manter antibioterapia EV até 24h de apirexia
• Diagnóstico: • Não é necessário manter a puérpera com antibióticos orais depois de estar apirética
Febre acompanhada de pelo menos dois outros elementos:
a) Taquicardia materna e/ou fetal Nota: Proceder a cesariana APENAS pelas indicações obstétricas habituais.
b) Dor à palpação do útero
c) Corrimento purulento
d) Leucocitose com PCR+ PREVENÇÃO DA CORIOAMNIOTITE INTRA-PARTO
• Hemocultura – positiva em 5-10%. • Indução TP nas grávidas com RPM no termo – ver em ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS
• Terapêutica antibiótica profilática nas RPM-PT
Nota: Considerar que se está perante uma corioamniotite se estão presentes: febre materna e leucoci- • Seguir normas preconizadas na profilaxia da transmissão vertical do Estrept. β-hemol
tose com PCR+ havendo rotura de membranas e na ausência de sinais de outras causas de infecção. • Diagnóstico e terapêutica precoce de distócia
Localização:
• Tubária (92%)
• Ovárica
• Intersticial ou Cornual
• Abdominal
• Cervical
• Cicatriz de histerotomia (ex: cesariana)
• Heterotópica
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GRAVIDEZ ECTÓPICA (GE)
Abordagem cirúrgica
GRAVIDEZ CORNUAL OU INTERSTICIAL (2% das GE)
Laparoscopia
• Pacientes hemodinamicamente estáveis
Tratamento:
• Médico experiente
- médico: MTX local ou sistémico.
• Contra-indicações relativas: hemoperitoneu> 2000ml;
- cirúrgico: ressecção em cunha com salpingectomia por laparotomia ou laparoscopia; histerectomia
• Aderências pélvicas significativas
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GRAVIDEZ ECTÓPICA (GE)
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GRAVIDEZ ECTÓPICA (GE)
Tratamento
- GE inicial: MTX sistémico ou injecção de KCl local ecoguiado
HEMORRAGIA PÓS - PARTO
- GE avançada: tradicionalmente procede-se a remoção do feto por laparotomia, sem a remoção da
placenta. Um dos problemas nestas situações é a hemorragia do leito placentário. MTX pode ser
administrado como terapêutica adjuvante
GRAVIDEZ HETEROTÓPICA Perdas sanguíneas após o parto superiores a 500 ml ou, se inferiores a 500 ml, associadas a alterações
hemodinâmicas.
Diagnóstico – critérios ecográficos:
- gravidez intra-uterina e ETIOLOGIA
- sinais ecográficos de gravidez extra-uterina I - Hemorragia do pós-parto imediato (nas primeiras 24h pós-parto)
• Atonia Uterina (80%) - Incapacidade de contracção do miométrio após a dequitadura.
Tratamento – opções: Factores de risco: hiperdistensão uterina; utilização exagerada de uterotónicos ou fármacos
- salpingectomia laparoscópica (preferível) ou laparotómica útero-relaxantes; parto prolongado ou parto precipitado; multiparidade; idade materna avan-
- se estável: injecção (ecoguiada) de KCl ou de glicose hiperosmolar çada; corioamniotite; placenta prévia ou DPPNI.
• Lacerações do canal de parto (5-10%)
• Retenção de tecido placentário (incluindo acretismo placentário)
BIBLIOGRAFIA • Rotura uterina (rara – 1/2000 partos)
- Barnhart KT. Ectopic pregnancy. N Engl J Med 2009; 361:379-87. • Inversão uterina (rara – 1/2500 partos)
- Murray H, et al. Diagnosis and treatment of ectopic pregnancy. JAMC 2005; 173:905-12.
- Medical management of ectopic pregnancy. ACOG practice bulletin nº 94. Obstet Gynecol 2008; 111:1479-85.
• Coagulopatias hereditárias ou adquiridas
- Chetty M et al. Treating non-tubal ectopic pregnancy. Best Pract Obstet Gynecol 2009; 23:529-38.
- Tulandi T. Clinical manifestations, diagnosis and management of ectopic pregnancy. 2010 UpToDate.
- Rotas M, Haberman S, Levgur M. Cesarean Scar Ectopic Pregnancies. Obstet Gynecol 2006; 107:1373-81. II - Hemorragia do pós-parto tardio (>24h até à 6ª semana pós-parto)
- Seow K et al. Cesarean scar pregnancy: issues in management. Ultrasound Obstet Gynecol 2004; 23:247-53.
• Retenção de restos placentários
• Sub-involução dos vasos do leito placentário
• Endometrite puerperal
• Coagulopatias
Em raras ocasiões não é possível resolver a inversão com esta manobra sendo necessária a reversão 7- Utilização de uterotónicos
uterina por laparotomia com eventual histerotomia. (fig.2)
a) Ocitocina
• 5 U EV (bolus lento) seguidas de 40U em 500cc de dextrose 5% a 60ml/h
• Efeitos secundários: náuseas, vómitos, hipotensão (atenção ao risco de intoxicação aquosa pelo
efeito anti-diurético da ocitocina em doses elevadas!)
• Sem contra-indicações.
b) Misoprostol
A B C D • 800 g (4cp previamente humidificados) rectal em dose única.
Fig. 2 - Resolução cirúrgica da inversão uterina - por via abdominal é feita incisão na face posterior do útero desfazendo-se o anel de constrição.
• Efeitos secundários: náuseas, vómitos, diarreia, febre e calafrios.
• Sem contra-indicações.
Terapêutica conservadora
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HEMORRAGIA PÓS-PARTO
1º Face anterior
Fallopian tube
4 cm
Round Ligament
3 cm
3 cm
Broad Ligament
3 cm
2º Face posterior 3º Resultado final Fig. 8 - Técnica de Alcides Pereira Fig. 9 - Técnica de Alcides Pereira
Colocação de suturas transversas Colocação de suturas longitudinais
Fallopian tube
Ligament of ovary
III – Laqueação arterial
2. Laqueação de artéria ovárica (Fig 11) Deve ser administrado na dose de 60 g/Kg EV. A sua eficácia é avaliada pelo controlo visual/laborato-
• Escolher zona avascular do mesovário perto da junção do ligamento útero-ovárico com o ovário. rial da suspensão da hemorragia. Se a hemorragia se mantiver ao fim de 30 min., deve ser realizada
• Proceder a dupla laqueação com Vicryl 00 uma segunda administração.
Bibliografia
- Poggi S., Kapernick P. Pospartum Hemorrhage & the Abnormal Puerperium. Current Obstetric & Gynecologic Diagnosis & Treatment. (10ª ed) . De Cherney
A, Nathan L (ed) . Lange Medical Books. New York 2007
- Cardoso MC. Sindromes Hemorrágicos da Gravidez avançada e do pós-parto. In Medicina Materno Fetal (4ª ed) Graça LM (ed) Lidel. Lisboa 2010
Fig. 10 - Laqueação de artéria uterina Fig.11 - Laqueação de artéria ovárica
- Graça LM. Abordagem cirúrgica da Hemorragia Pós-parto. In Medicina Materno Fetal (4ª ed) Graça LM (ed) Lidel. Lisboa 2010
- François KE, Foley MR. Antepartum and Postpartum Hemorrhage In Obstetrics - Normal and Problem Pregnancies (5ª ed) Gabbe S, Niebyl JR, Simpson
JL (ed) Churchill Livingstone, Philadelphia 2007
- Pereira A, Nunes F, Pedroso S et al. Compressive uterine sutures to treat pospartum bleeding secondary to uterine atony. Obstet Gynecol 2005;106:569-72
IV – Histerectomia - Ver em PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS - Landon MB. Cesarean Delivery. In Obstetrics - Normal and Problem Pregnancies (5ª ed) Gabbe S, Niebyl JR, Simpson JL (ed) Churchill Livingstone,
Philadelphia 2007
- Danson D, Reginald PW. Internal Uterine Tamponade. In Postpartum Hemorrhage. B-Lynch C, Keith LG, Lalande B, Karoshi M (ed). Sapiens Publishing 2007
Utilização de Factor VIIa (rFVIIa) recombinante - Sobreeszozyk S, Breborowicz GH.The use of recombinant Factor VIIa. In Postpartum Hemorrhage. B-Lynch C, Keith LG, Lalande B, Karoshi M (ed). Sapiens
Publishing 2007
O rFVIIa é uma proteína sintética, livre de qualquer contaminação viral, com baixo risco de induzir ana-
filaxia e baixa capacidade trombogénica, bem tolerada, e que se liga a factores tecidulares do endoté-
lio vascular exposto, induzindo a cascada de coagulação.
A sua utilização está indicada nos casos em que, tomadas todas as medidas médicas e cirúrgicas para
parar a hemorragia, não foi possível sustê-la e há evidência de coagulopatia de consumo. Deverá ser
também de ponderar a sua utilização em situações em que há recusa por parte da grávida em receber
derivados sanguíneos (ex: Testemunhas de Jeová) e antes de iniciar atitudes cirúrgicas complexas –
histerectomia, laqueação arterial.
É um produto dispendioso e a sua utilização pressupõe a normalização de parâmetros hematológicos
através de suporte transfusional (Hg>7,0g/dl; INR < 1,5; Fibrinogenémia ≥ 1g/L; plaquetas ≥
50.000/mm3) pelo que a decisão quanto ao seu uso deverá ser tomada em conjunto com o Serviço de
Imuno-hemoterapia.
92 93
HEMORRAGIAS DO 2º E 3º
TRIMESTRES
OBJECTIVOS INICIAIS
Nota: o toque vaginal só deverá ser realizado após exclusão de placenta prévia/baixamente inserida
5. Ecografia abdominal
a. Avaliação de viabilidade fetal
b. Determinação da situação/apresentação fetal
c. Avaliação da morfologia fetal
d. Localização da placenta
e. Rastreio de imagens sugestivas da descolamento de placenta ou das membranas
6. Ecografia transvaginal
a. Avaliação de comprimento do colo
b. Exclusão de placenta prévia
c. Exclusão de vasa previa
94 95
HEMORRAGIAS DO 2º E 3º TRIMESTRES
Clínica
Conduta e Parto nas situações de vasa previa associadas (ou não) a placenta prévia
• Internamento às 32 sem • Hemorragia vaginal de sangue escuro não coagulado ou de tipo sero-hemático
• Indução maturativa pulmonar fetal Nota: As perdas sanguíneas vaginais podem não se relacionar com a gravidade do quadro clínico
• Cesariana electiva às 35 sem materno-fetal (instabilidade hemodinâmica, choque)
• Cesariana urgente se RPM ou hemorragia activa
• Dor abdominal - mais intensa nos quadros mais graves
• Contractilidade uterina aumentada – hipertonia, taquissistolia
DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA NORMALMENTE INSERIDA (DPPNI) • Útero doloroso à palpação
• Evidência de hipoxia fetal aguda (pode ser o primeiro sinal!)
Separação de placenta normalmente inserida antes do nascimento do feto: • Sinais de hipovolémia materna
Total – envolve toda a extensão da placenta e geralmente cursa com morte fetal
Parcial – envolve apenas uma porção da placenta Diagnóstico
A hemorragia pode exteriorizar-se ou permanecer oculta (1/4 dos casos). • É clínico!
• Ecografia - específica mas pouco sensível; permite:
Risco aumentado se: · confirmar o estado fetal
• Idade materna avançada · localizar a placenta - excluir placenta prévia
• Multiparidade
• Hábitos tabágicos e/ou ilícitos (cocaína) Critérios de diagnóstico ecográficos:
• Antecedentes de cesariana (e intervalo intergestacional < 1 ano) • Colecção hemática retroplacentária
• Antecedentes de DPPNI • Movimento do prato corial “em gelatina” com a actividade fetal
• Traumatismo abdominal directo • Hematoma marginal, subcoriónico ou intramniótico
• Aumento da espessura da placenta (> 5cm)
Nota: A maioria dos DPPNI associados a traumatismo materno significativo ocorrem nas 24h subse-
quentes pelo que a grávida deve ser sujeita a pelo menos 4h de monitorização fetal. Diagnóstico Diferencial (especialmente na ausência de hemorragia):
• Rotura uterina, amnionite, apendicite, pielonefrite
• Descompressão uterina súbita (hidrâmnios, pós-parto do 1º gémeo) • Patologia anexial (torsão de quisto ovário)
• RPM pré-termo – situações de oligoâmnios grave prolongado • Degenerescência fibromiomatosa
• Fibromioma - se localizado sob o local de implantação da placenta • Parto pré-termo
• Hemorragia subcoriónica no início da gestação • Dor músculo-esquelética
• HTA crónica / pré-eclâmpsia
• Trombofilias
98 99
HEMORRAGIAS DO 2º E 3º TRIMESTRES
Diagnóstico
• Ecografia – critérios de diagnóstico:
HIPÓXIA FETAL AGUDA
· Lacunas vasculares irregulares na placenta (“queijo suíço”)
· Diminuição da espessura miometrial justa-placentária
· Perda do “clear space” retroplacentário
· Protusão da placenta para a bexiga
· Doppler - fluxo turbulento nas lacunas Diminuição brusca da oxigenação fetal que, no traçado cardiotográfico, em geral se traduz por uma
• RMN – se ecografia inconclusiva e/ou para planeamento cirúrgico desaceleração da frequência cardíaca fetal com uma amplitude superior a 15bpm em relação à linha
de base e de duração superior a 3 minutos – desaceleração prolongada. Se a duração da desacelera-
ção for superior a 10min considera-se que se está perante uma bradicárdia fetal.
Conduta
• Internamento para planeamento e coordenação
• Interrupção da gravidez às 35-36 sem
Causas de hipóxia fetal aguda
• Apoio multidisciplinar (urologista, cirurgião ginecológico, imunohemoterapia, UCI)
• Hipercontractilidade uterina – taquissistolia, hipertonia
• Colocação prévia de catéteres ureterais (se necessário) • Hipotensão materna súbita
• Colapso cárdio-respiratório materno
Procedimento • Rotura uterina
• Cesariana electiva corporal com sutura hemostática dos bordos • Descolamento de placenta normalmente inserida (DPPNI)
• Nunca tentar dequitadura • Hemorragia feto-materna significativa
• Proceder a histerectomia total • Patologia funicular – prolapso (patente ou oculto) do cordão umbilical, laterocidência do cordão
umbilical, estiramento, nó verdadeiro
Bibliografia
• Oyelese Y, Ananth CV. Placental Abruption. Obstet Gynecol 2006;108:1005-16.
• Oyelese Y, Smulian J. Placenta Previa, Placenta Accreta and Vasa Previa. Obstet Gynecol 2006;107:927-941.
• Cardoso MC. Síndromes hemorrágicos da gravidez avançada e do pós-parto. In Medicina Materno Fetal (4ª ed) Graça LM (ed). Lidel Lisboa 2010.
ATITUDES GERAIS PERANTE UMA DESACELERAÇÂO PROLONGADA
• Belfort MA. Placenta Accreta. Am J. Obstet Gynecol. 2010, 203:430-9
1. AVALIAÇÃO DO COLO
A avaliação do colo do útero deve ser baseada no Índice de Bishop modificado. É considerado um colo
desfavorável se o índice for <6.
106 107
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
Estadio
-3 -2 -1,0 ≥ +1 PROSTAGLANDINAS E2
apresentação
Indicada para indução de trabalho de parto em grávidas com colo desfavorável (IB <6).
2. MÉTODOS DE INDUÇÃO
Formulações
• Gel Dinoprostone 0,5mg (intracervical) 6/6h; dose máxima diária 1,5mg
MÉTODOS DE INDUÇÂO • Gel Dinoprostone 2mg de 6/6h; dose máxima diária de 4mg
DO
Nota: a via vaginal é preferível à intracervical
TRABALHO DE PARTO
• Pessário Dinoprostone 10mg (Propess®) - sistema vaginal de libertação prolongada. Utilizado na
preparação do colo em gestações de termo sendo a grávida admitida na enfermaria de Obstetrícia
FARMACOLÓGICOS MECÂNICOS onde lhe será permitida a deambulação e realizados traçados cardiotocográficos de 2h de duração
com intervalos de 6h horas. Deve ser retirado ao fim de 24h ou quando se iniciar o trabalho de
AMNIOTOMIA
parto.
PROSTAGLANDINAS
E1 OCITOCINA STRIPPING Nota: a administração de ocitocina após utilização de dinoprostone gel deve respeitar um
E2 BALÂO TRANSCERVICAL intervalo de 6h; após retirar o pessário é apenas necessário um intervalo de 30-40 min
• Contra-indicações
- Hipersensibilidade ao fármaco
- Glaucoma
- Doença cardiorespiratória, hepática ou renal grave
- Cesariana nos antecedentes
108 109
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
110 111
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
6. CASOS PARTICULARES
• Restrição de crescimento fetal – Qualquer que seja o método utilizado é obrigatória a monitoriza-
INFECÇÃO URINÁRIA
ção fetal contínua
• Existência de cesariana anterior – vem em PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA ANTERIOR
NA GRAVIDEZ
• Gravidez múltipla – É obrigatória a monitorização fetal continua durante toda a indução do traba-
lho de parto. Perante colos desfavoráveis (IB < 6) preferir a utilização de pessário de Dinoprostone.
A infecção urinária é uma complicação frequente da gravidez; geralmente envolve o aparelho urinário
Bibliografia inferior sendo frequentemente assintomática.
- Sanchez-Ramos L, Delke I. Induction of labor and termination of the previable pregnancy. In High Risk Pregnancy – Manegement Option (4th ed) James
D, Steer P, Weiner CP, Gonik B (ed) 2011 Elsevier Saunders
- Wing DA. Induction of labor. www.uptodate.com. Acedido em Fevereiro 2011 Agentes Mais Frequentes
- Wing DA. Techniques for cervical ripening prior to labor induction. www.uptodate.com. Acedido em Fevereiro 2011-04-02 Os microorganismos mais frequentemente identificados nas uroculturas pedidas pelo Departamento
de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução, durante o ano de 2009 foram: Escherichia coli
(59%), Enterococcus faecalis (10%), Proteus mirabilis (7%), Klebsiella pneumoniae (6%),
Staphylococcus saprophyticus (4%), Streptococcus Grupo B (7%).
Diagnóstico
Urocultura
Bacteriúria UFC* ≥ 105/ml ou
Bacteriúria UFC* ≥ 102/ml + piúria** + sintomas agudos (síndrome uretral agudo)
*unidade formadora de colónias
**>10 leucócitos/ l urina não centrifugada ou >5 leucócitos/campo num sedimento centrifugado
Combur/ Urina II
A presença de nitritos ou piúria sugere o diagnóstico mas a acuidade diagnóstica é baixa. Os nitri-
tos são produzidos apenas pelas Enterobacteriaceae (E. coli, Proteus mirabilis, Klebsiella pneumo-
niae). A piúria pode existir na ausência de bacteriúria se: 1) medicação em curso com antibióticos;
2) contaminação com os produtos esterilizantes na colheita de urina asséptica; 3) contaminação
pelos leucócitos vaginais; 4) nefrolitíase; 5) nefrite intesticial crónica.
112 113
INFECÇÃO URINÁRIA NA GRAVIDEZ
Clínica e Terapêutica Quando os microorganismos mais frequentemente envolvidos apresentam padrões de resistência local
1. Bacteriúria Assintomática com taxas ≥ 20% para determinados antibióticos, estes não devem ser utilizados como terapêutica
• Tratar sempre; risco de infecção do tracto urinário superior (envolvimento renal oculto em 50% dos empírica. No Hospital de Santa Maria, e perante as Enterobacteriaceas, a ampicilina, a cefradina e o tri-
casos). metropin-sulfametoxazol tiveram resistências > 20%.
• Antibioterapia de acordo com o TSA e durante 5 dias (Tabela I).
• Urocultura 1 a 2 semanas após o fim da terapêutica. 3. Pielonefrite Aguda
• Sintomatologia: febre, calafrios, náuseas, vómitos, dor na região lombar/ flanco/pélvica e Murphy
2. Cistite renal associados ou não a queixas urinárias; pode coexistir contractilidade uterina.
• Envolvimento exclusivo da bexiga. • Hemograma (leucocitose com neutrofilia), PCR +, piúria (a ausência de piúria sugere um diagnós-
tico alternativo ou a presença de obstrução urinária).
• Sintomatologia variável: disúria, polaquiúria, urgência miccional, sensação de peso no hipogastro.
• Conduta:
• Antibioterapia empírica de acordo com a Tabela I; revisão da terapêutica após conhecimento do TSA
referente à urocultura colhida previamente ao início da antibioterapia. Antibioterapia por 5 dias • Internamento – perante um quadro clínico ligeiro, com estabilidade hemodinâmica e sem
sinais de parto pré-termo, pode ser ponderada terapêutica em ambulatório. Internamento
• Urocultura 1 a 2 semanas após o fim da terapêutica.
obrigatório se:
· Sintomatologia respiratória
· Náuseas e/ou vómitos
Tabela I. Antibioterapia empírica da infecção urinária não complicada
· Contractilidade uterina
Regime terapêutico Posologia · Desidratação
· Diabetes, nefrolitíase, anomalia anatómica
Regime 5 dias
· Vigilância apertada impossível
Amoxicilina + ácido clavulânico 500+125mg 8/8h ou 875+125mg 12/12h (Clavamox®, Clavamox DT®)
· 2º episódio de pielonefrite
Fosfomicina 3g toma única (Monuril®)
Nitrofurantoína (NFT)* 100mg 12/12h (Furadantina ®)
• Hidratação: cristalóides (manter débito urinário > 50ml/h).
Trimetoprim-sulfametoxazol** 160/800mg 12/12h (Bactrim Forte®)
• Avaliação analítica: hemograma, função renal, ionograma e urocultura (colher previamente ao
Cefradina 500mg 6/6h ou 8/8h (Cefradur®)
início da antibioterapia); colher hemocultura se febre > 39ºC, sépsis ou diabetes.
Amoxicilina+ 500mg 8/8h (Clamoxyl®)
• Antibioterapia empírica de acordo com a tabela II; revisão da terapêutica após conhecimento
Ciprofloxacina 250mg 12/12h
do TSA referente à urocultura.
LevofloxacinaΔ 250 mg/ dia
• Na ausência de melhoria clínica após 48h de antibioterapia pedir ecografia renal para excluir
abcesso ou obstrução; ponderar adicionar gentamicina à terapêutica.
* Sempre com duração de 7 dias; evitar se insuficiência renal ou défice de glicose 6P desidrogenase.
** Evitar o trimetoprim no 1ºtrimestre e as sulfonamidas no último mês da gestação. • Alta após 24h de apirexia com terapêutica oral até completar ciclo de 10-14 dias de antibioterapia.
+ Encontram-se descritas taxas de resistência da E.coli de 30-50%.
Δ
Administrar exclusivamente nos casos de resistência aos fármacos anteriores. • Urocultura 1 a 2 semanas após terminar antibioterapia.
114 115
INFECÇÃO URINÁRIA NA GRAVIDEZ
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INTERRUPÇÃO MÉDICA DA GRAVIDEZ
• Aborto incompleto - Na ausência de hemorragia ou infecção não é obrigatória a realização de • Considerar que aborto foi completo se não se identificar saco gestacional 6h após última adminis-
curetagem evacuadora mas a doente deve ser formalmente instruída para recorrer à Urgência se tração e/ou se espessura da cavidade < 15mm
existir hemorragia vaginal abundante, dor pélvica intensa ou febre.
• Se houver dor pélvica durante o tratamento com misoprostol
• Infecção - muito rara. Não está recomendada ATB profilática Paracetamol 1g 8/8h PO
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INTERRUPÇÃO MÉDICA DA GRAVIDEZ
II - 2º TRIMESTRE (≥12 sem e ≤ 24 sem ) pode interromper se as perdas sanguíneas forem normais.
• Internamento da grávida na Enfermaria de Obstetrícia (a partir do momento em que inicie aplica- • Realizar sempre ecografia após a expulsão do conteúdo uterino.
ções vaginais de misoprostol) e que deve ser levada para a Sala de Partos quando estiver em pro- • Todo o material colhido deve ser enviado para estudo histológico
cesso de expulsão do produto de concepção
• Na analgesia usar a meperidina EV/IM ou analgesia epidural. III - 3º TRIMESTRE (>24sem )
• Os antibióticos só devem ser utilizados se houver razões clínicas • Em geral são situações de morte fetal ou de malformações incompatíveis com a vida
• A grávida deve ser internada na Sala de Partos e deve proceder-se como descrito em Indução do
Procedimento Trabalho de Parto
Mifepristone 200mg (1 cp) seguido ao fim de 36-48 h de Misoprostol 400 mcg (2cp préviamente
humidificados) vaginal de 6/6horas até 3 administrações IV – MOLA HIDATIFORME (ou suspeita)
• Internamento
NOTA: A existência de cicatriz uterina não é contra-indicação absoluta para o uso de misoprostol (ou
• Avaliação analítica prévia à evacuação: β-hCG, hemograma, creatinémia, ionograma, provas de fun-
de qualquer prostaglandina) mas está associada a um risco de rotura uterina pelo que a sua utilização
ção hepática e tiroideia
deve ser rodeada do maior cuidado e vigilância
• Determinação de grupo sanguíneo e reservar 2U CE – sobretudo se o útero ≥ 14 semanas
• Se necessário dilatar previamente o colo com laminária
Contraindicações e efeitos secundários – ver acima • Proceder a aspiração do contéudo uterino sob ocitocina (20U em 500ml dextrose 5% a 15ml/h). A
sonda de aspiração deve ficar ao nível do OI do colo e ser avançada para o fundo uterino à medida
SE: que o volume uterino for diminuindo. Após a aspiração do conteúdo uterino pode proceder-se a
1. Não houver resposta repetir o esquema apenas com misoprostol nas 24h seguintes uma revisão da cavidade com cureta. É de esperar uma hemorragia vaginal importante no íinicio
2. Indução negativa ao fim de 48h retomar indução após pausa de 24h. do procedimento mas que vai diminuído à medida que se reduz o conteúdo uterino.
3. Não houver resposta com 2ª indução ponderar na utilização de: • Se o útero for ≥ 14 semanas a aspiração deve ser realizada com massagem do fundo uterino
· Prostaglandina E2 em gel intracervical (1mg) • Todo o material colhido deve ser enviado para estudo histológico
ou
· Laminária (retirar ao fim de 6horas) associada a um uterotónico Bibliografia
- Shulman LP, Ling FW. Surgical termination of pregnancy: first trimester. www.uptodate.com. Acedido em Fev 2011
ou - Shulman LP, Ling FW. Overview of pregnancy termination. www.uptodate.com. Acedido em Fev
· Algália de Foley com balão de 30 a 50ml de capacidade colocado intracervical e fixo na coxa - Spitz IM. Mifepristone for the medical termination of pregnancy. www.uptodate.com. Acedido em Fev 2011
- Shulman LP, Ling FW. Termination of pregnancy: second trimester. www.uptodate.com. Acedido em Fev 2011
da paciente até ser expulso em consequência da dilatação cervical. - Clark W, Shannon C, Winikoff B. Misoprostol as a single agent for medical termination of pregnancy. www.uptodate.com. Acedido em Fev 2011
- Antibiotic prophylaxis for gynecological procedures. ACOG practice bulletin 104. Obstet Gynecol;2009;113:1180-9
- Management of unintended and abnormal pregnancy. Paul M, Lichtenberg ES, Borgatta L (ed) Wiley Blackwell 2009
• Após a expulsão do feto podemos esperar a expulsão da placenta durante 60 min. Caso tal não - Garner EI. Gestational trophoblastic disease: management of hydatiform mole. www.uptodate.com. Acedido em Abril 2011
Celulite bacteriana das glândulas mamárias e tecido conjuntivo interlobular que se manifesta clinica-
mente por tumefacção, dor, calor, rubor, eventualmente febre, mal-estar e adenopatias axilares.
Caso não haja melhoria após 48h associar Clindamicina (Dalacin C®) 300 mg 6/6h PO 5. Drenagem do abcesso sob anestesia geral:
A doente deve ser referenciada à Consulta de Mastologia após 10 dias de antibioterapia • Incisão arciforme paralela à aréola, no local de maior declive;
• Colher exsudado purulento para cultura;
Critérios de internamento • Desbridamento cuidadoso das locas com destruição de todos os septos;
1. Má resposta ao tratamento em ambulatório • Lavagem com Soluto de Dakin + água oxigenada;
2. Suspeita de abcesso • A ferida tem que ficar aberta com drenagem durante 3-4 dias. A cavidade deve ser lavada sem-
3.“Ar séptico” – suspeita de bacteriémia/sépsis pre que se mudar o penso;
4. Imunodepressão • Quando não existir exsudado purulento deixar encerrar por segunda intenção.
5. Instabilidade hemodinâmica
6. Rápida progressão da infecção 6. Se a cultura identificar S. aureus meticilino-resistente deve ser pedido apoio ao Infecciologista e a
terapêutica deve incluir um dos seguintes antibióticos: timetropim-sulfametoxazol, tetraciclina,
clindamicina, vancomicina, rifampicina.
ABCESSO MAMÁRIO
Sintomas e sinais de um processo inflamatório agudo acompanhados de zona flutuante corresponden-
te à colecção purulenta. 7. Deve-se aconselhar e auxiliar a lactante (dando apoio psicológico, ajuda a posicionar o bebé,
administração de analgésicos) no sentido de manter o aleitamento da mama operada (a menos
que a incisão seja próxima do mamilo e impeça o aleitamento).
Atitude
1. Internamento hospitalar
8. Após a alta, deve ser mantida ATB oral durante 10 dias. Referenciar à Consulta de Mastologia.
2. Analgésicos/antipiréticos e anti-inflamatórios
3. ATB EV durante 48h
Bibliografia
4. No caso de abcesso não puerperal realizar ecografia prévia à drenagem. • Grube B, Giuliano A: Benign Breast Disease in Berek and Novak’s Gynecology. Berek JS. 14th Edition. Lippincott Williams & Wilkins, 637-668, 2007.
• Cunningham F, Leveno K, Bloom S, Hauth J, Gilstrap III L, Wenstrom K: The puerperium in Williams Obstetrics. 22nd Edition. McGraw-Hill, 695-710, 2005
• Dixon JM: Breast infection in ABC of Breast Diseases. Dixon JM. 3rd Edition. BMJ Books, Blackwell Publishing, 19-23, 2006.Beigi R: Mastitis in Infectious
Mastite puerperal Diseases in Obstetrics and Gynecology – a systematic approach to management. American College of Obstetricians and Gynecologists, 98-101, 2009.
• Spencer J. Management of mastitis in breastfeeding women. Am Fam Physician 2008;78:727-31.
• World Health Organization: Mastitis: Causes and Management, Publication Number WHO/FCH/CAH/00.13, World Health Organization, Geneva, 2000.
Cefazolina 1g 8/8h **ou Vancomicina 1g 12/12h
Início antes das 9 semanas de náuseas e/ou vómitos sem dor abdominal, febre ou cefaleias.
HIPEREMESE GRAVÍDICA
O extremo do espectro clínico. É um diagnóstico de exclusão.
Critérios
• Vómitos persistentes não relacionados com outras causas
• Um critério de desnutrição aguda (habitualmente cetonúria marcada)
• Diminuição ponderal ≥ 5% do peso pré-gravídico
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NÁUSEAS E VÓMITOS NA GRAVIDEZ
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ACTUAÇÃO INTRA-PARTO
NA GRÁVIDA OBESA
A. Medidas Gerais
1. Posicionar a grávida em decúbito lateral esquerdo de modo a melhorar a oxigenação materna e a
perfusão útero-placentária. Elevar a cabeça e o tronco de modo a prevenir a compressão das vias
aéreas e consequentemente melhorar a oxigenação.
2. Ponderar a colocação de um acesso venoso central ou de uma linha arterial se não for possível uma
via periférica.
3. Contenção elástica dos membros inferiores durante todo o trabalho de parto (especialmente a par-
tir do momento em que deixe de haver deambulação).
4. Assim que for possível, se não existirem contra-indicações, iniciar analgesia loco-regional pois ajuda
a maximizar a função pulmonar.
5. Logo que possível romper membranas e iniciar monitorização fetal por métodos internos
B. Em caso de Cesariana
1. Se não existirem contra-indicações optar pela analgesia loco-regional.
2. Se a anestesia for geral, 60 minutos antes da cesariana iniciar um inibidor da bomba de protões (ex.
pantoprazole) ou um bloqueador dos receptores H2 (ex. ranitidina, cimetidina) ou metoclopramida
de modo a prevenir as sequelas de uma eventual aspiração de suco gástrico.
3. Antibioterapia profilática - vem em CESARIANA
4. Prevenção do tromboembolismo pulmonar – vem em PROFILAXIA DO TROMBOEMBOLISMO VENOSO
5. Escolha da incisão
A escolha do local de incisão em grávidas obesas é controversa, optando-se na maioria dos casos pela
incisão transversal (Pfannenstiel). No entanto, em situações de cirurgias prévias com incisão mediana
infra-umbilical, deve optar-se por repetir essa incisão.
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ACTUAÇÃO INTRA-PARTO NA GRÁVIDA OBESA
PARAGEM CARDIO-RESPIRATÓRIA
(PC-R) NA SALA DE PARTOS
Na fase final da gravidez, a paragem cardíaca ocorre em cerca de 1:30 000 grávidas.
3. As compressões torácicas devem ser feitas ligeiramente acima do centro do esterno, para se ajusta- 2. Hipóxia: agravada pela obstrução causada pelo edema e lassidão dos tecidos moles das vias aéreas
rem à elevação do diafragma própria da gravidez; superiores, bem como pela anemia funcional e a diminuição da reserva respiratória.
Medidas: IOT precoce, antecedendo uma via aérea potencialmente difícil.
4. O suporte optimizado da mãe é a melhor terapêutica para o feto, sendo aconselhados, por isso, todos
os fármacos de reanimação disponíveis para as não-grávidas, bem como a desfibrilhação cardíaca 3. Eclâmpsia: deve excluir-se a possibilidade da PC-R ter ocorrido na sequência de uma eclâmpsia.
precoce quando indicada; Nesse caso proceder como preconizado em Pré-eclâmpsia/Eclâmpsia/S. HELLP
5. Numa grávida com mais de 20 semanas, se as tentativas de reanimação não forem bem 4. Alterações metabólicas: rever sempre a terapêutica em curso da grávida, nomeadamente diuréti-
sucedidas ao fim de 4 minutos, deve-se proceder a uma cesariana emergente pois a reanimação cos espoliadores de iões que podem originar uma hipocaliémia (atenção aos produtos naturais
da mãe depende da descompressão aorto-cava e a sobrevivência fetal sem sequelas neurológicas é tomados no domicílio).
possível se o parto ocorrer até ao 5º minuto após a PC-R. Medidas: cloreto de potássio a 8,4% (10 a 40 ml) se hipocaliémia
Assim, em toda a situação de PC-R, devem preparar-se para proceder a uma cesariana in loco uma 5. Tromboembolismo pulmonar: em caso de dificuldade respiratória súbita prévia à instalação da
equipa com um obstetra experiente – capaz de proceder a uma rápida extracção fetal. A cesariana PC-R, devem ser considerados prontamente dois diagnósticos – embolia de liquido amniótico e
deve ser realizada 1) sob RCR, 2) sem necessidade de analgesia, que é dispensável enquanto durar a tromboembolismo pulmonar.
perda de consciência, 3) sob assepsia mínima, 4) esperando uma hemorragia mínima enquanto Medidas: IOT imediata com FiO2 100%. Considerar a utilização de broncodilatadores, heparina ou
durar a hipotensão, 5) procedendo à histerrorafia e, caso haja reversão da PC-R, transferir à grávida fibrinolíticos
para o bloco operatório.
6. Tóxicos: o mais provável são os anestésicos locais no decurso de uma anestesia/analgesia epidural.
6. Se a extracção do feto não facilitar a reanimação materna, devem ser consideradas medidas como a Outra situação a ter em conta são as reacções alérgicas a qualquer fármaco iniciado por via endove-
toracotomia com massagem cardíaca directa e a circulação extra-corporal. nosa. A hipermagnesémia pode provocar PC-R.
Medidas: A intoxicação por magnésio é tratada com gluconato de cálcio (4-6 mg/Kg em bólus EV).
7. Durante a RCR na gravidez, podem ocorrer complicações maternas tais como a laceração hepática,
ruptura uterina, hemotórax e hemopericárdio.
Bibliografia:
- European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation 2005. Handley AJ, Koster R, Monsieurs K, Perkins GD, Davies S, Bossaert L. Resuscitation
8. O recém-nascido estará provavelmente com hipóxia e acidose, e também necessitará de RCR. (2005) 67S1, S7-S23
- Chestnut DH. Obstetric Anesthesia, Principles and Practice; Mosby Elsevier 2009, pp 900-901.
- Ayres de Campos, D. Hipoxia fetal aguda. In Emergências Obstétricas. Ayres de Campos D, Santos Silva I, Costa F. (ed) Lisboa, Lidel 2011
Algumas situações particulares que podem originar PC-R:
1. Hipovolémia: devido a perdas sanguíneas excessivas durante o parto (sobretudo se a grávida tiver
alguma alteração da coagulação), agravadas pela compressão da veia cava inferior pelo útero
Medidas: Deslocar imediatamente o útero para a esquerda, aumentar a velocidade do soro e pedir
concentrado de eritrócitos e plasma fresco congelado;
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PARAGEM CARDIO-RESPIRATÓRIA (PC-R) NA SALA DE PARTOS
PC-R SBV
- Manutenção da via aérea
- Máscara e Ambu 100% O2
PARTO NA GRAVIDEZ MÚLTIPLA
- Desvio do útero para a esquerda
1º Chamar Equipa de - Monitorização FC + TA + Sat O2
Reanimação (99344) - Colocação de cateter EV. (≥ 18G)
2º Iniciar SBV 30:2 - Lactato de Ringer em bólus
3º Providenciar desfibrilhador - RCR: ciclos de 30 compressões
4º Preparar bloco operatório cardíacas + 2 insuflações pul- Considerações Gerais
monares 1. A abordagem do parto gemelar e a decisão da via de parto devem ser definidas durante o período
antenatal.
SAV
FV / TVsp Assistolia / DEM
Avaliar o ritmo
2. São indicações para cesariana electiva as seguintes:
1º Choque 200J DURANTE A REANIMAÇÃO De imediato • Gravidez gemelar monoamniótica*
2º Choque 360J - Corrigir causas reversíveis SBV 30:2 • Gémeos siameses*
3º Choque 360J - Verificar a posição dos eléctrodos 2 minutos
• Gravidez múltipla> 2 fetos*
- Proceder ou confirmar:
De imediato · acesso venosos • Todas as indicações da gravidez de feto único
SBV 30:2 · via aérea / oxigénio • Feto A pélvico ou transverso.
2 minutos - Fazer compressões ininterruptamente • Feto B pélvico com hiperextensão do pólo cefálico.
quando a via aérea estiver segura
• Se o 2º gémeo for significativamente maior que o 1º (se o peso do gemeo B for superior em 500g
- Administrar ADRENALINA 1 mg EV cada 3
a 5 minutos
ou > 20% do peso do gémeo A)
- Considerar: • Inexperiência/ desconforto da Equipa Obstétrica
· Amiodarona * excepto se inviabilidade fetal
· Atropina
· Sulfato de Magnésio NOTA: A existência de antecedentes de cesariana não é indicação absoluta para cesariana mas contra-
indica manobras como a versão podálica interna e a grande extracção pélvica
Se Reanimação não conseguida em 4 minutos
3. Ter em mente as Complicações/Situações de maior risco nos partos gemelares
Gravidez > 20 semanas • Vasa previa
Gravidez < 20 semanas
• DPPNI
Manter SAV para salvar a mãe CESARIANA EMERGENTE • Hipóxia fetal intra-parto
• Hemorragia intraparto e pós-parto
• Endometrite puerperal
• Prolapso do cordão
• Apresentações anómalas
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PARTO NA GRAVIDEZ MÚLTIPLA
4. Nas gestações bicoriónicas, nunca ultrapassar a 39ª semana de gestação. Nas gestações monocorió- · Avaliar volume de liquido amniótico
nicas bi-amnióticas não ultrapassar a 37ª semans de gestação. Nas gestações monoamnióticas, pro- · Identificar apresentações
gramar o parto por cesariana entre a 32ª-34ª semana • Iniciar monitorização fetal contínua de ambos os fetos e, logo que possível, proceder à monitori-
zação interna do feto A.
5. Após o parto do gémeo B deve colher-se sangue do cordão de ambos os fetos (clampar os cordões • Analgesia epidural logo que possível
de maneira a poder distingui-los) para gasimetria
ATITUDE SE GÉMEO A E B CEFÁLICOS
6. As placentas devem ser avaliadas macroscopicamente e enviadas sempre para a Anatomia Patológica. 1. Parto pode ser por via vaginal para qualquer idade gestacional e para qualquer peso fetal
7. Após a dequitadura iniciar atitudes para a prevenção da hemorragia pós parto 2. Proceder como no parto simples em relação a:
• Massajar continuamente o útero • Indução do trabalho de parto (excepto na utilização de misoprostol)
• Administrar 20 U de ocitocina em 500ml de Dextrose a 5% (P4) a 50ml/h. • Perfusão de Ocitocina
• Se necessário, administrar Misoprostol rectal - 800 g (4cp previamente humidificados) • RABA da 1ª Bolsa e parto do gémeo A
• Durante todo o período expulsivo deve ser mantida a monitorização fetal. Deve estar disponível um
ecógrafo para certificação da apresentação do gémeo B.
NOTA: Não há consenso quanto ao tempo de latência entre o parto dos 2 fetos mas parece ser seguro
aguardar 30min. desde que haja evidência de bem-estar fetal. Longos intervalos de latência associam-
• Deve existir um responsável pelo parto (team leader) com experiência em parto instrumental e
se com o retrocesso da dilatação impedindo manobras de emergência.
manobras obstétricas.
ATITUDE SE GÉMEO A CEFÁLICO E GÉMEO B NÃO CEFÁLICO • Se gémeo B transverso e se existe experiência, a VERSÃO PODÁLICA INTERNA (Fig. 1B) seguida de
Via de parto depende de: grande extracção pélvica é uma opção.
• Tamanho do gémeo B – nunca optar por via vaginal se gémeo B for significativamente maior que 1. Introduzir a mão do operador no canal de parto
o gémeo A ou se tiver um peso estimado < 1500g 2. A mão a introduzir deve ser a que corresponde ao lado dos membros inferiores (MI) do feto
• Equipa obstétrica estar experiente/confortável com: (esquerda se os MI estão à direita e vice-versa)
· Parto pélvico ajudado 3. Havendo possibilidade de escolha deve segurar-se o MI anterior se o que se apresenta é o
· Versão podálica interna abdómen fetal ou o MI posterior se o que se apresenta é o dorso do feto. Se tal não for possí-
vel segurar o MI de mais fácil alcance
· Grande extracção pélvica
4. Sendo possível devem segurar-se ambos os pés.
5. Em simultâneo a mão exterior do operador mantém-se no fundo uterino e ajuda na versão
Após parto do gémeo A:
6. Deve ser exercida tracção no MI puxando-o para a linha média e proceder à versão
• Clampar o cordão
7. Proceder como na grande extracção pélvica
• Excluir o prolapso do cordão do gémeo B
• Repetir eco para confirmar posição e localizar o dorso de gémeo B
• Se CTG for tranquilizador esperar que a contractilidade se reinicie em 10 minutos; caso contrário,
deve reiniciar-se ocitocina
• Se gémeo B em apresentação pélvica incompleta modo nádegas e encravado, procede-se a
RABA da 2ª bolsa logo que contractilidade reiniciada seguida de parto pélvico ajudado (ver
PARTO PÉLVICO)
• Se gémeo B em situação transversa ou apresentação pélvica completa ou incompleta modo
de pés não deve ser tentada a versão externa (associa-se a menor taxa de sucesso que o parto
pélvico) procedendo-se a uma GRANDE EXTRACÇÃO PÉLVICA (Fig. 1 A)
1. Introduzir a mão do operador no canal de parto
2. Localizar por palpação ambos, ou pelo menos um pé do feto
3. Proceder a rotura de membranas
4. Agarrar o(s) pé(s) e proceder a tracção cuidadosa com o ajudante a pressionar continuamen-
te o fundo uterino de forma a manter flexão de pólo cefálico
5. Proceder ao parto pélvico ajudado
6. Pode ser necessário relaxar o útero com salbutamol. Neste caso o parto do gémeo B deve ser
o mais rápido possível para evitar “retrocesso da dilatação”.
7. Pode ser necessária anestesia geral
Fig. 1A Fig. 1B
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PARTO NA GRAVIDEZ MÚLTIPLA
A versão podálica interna : 7. Internamento com repouso absoluto no leito com instituição de HBPM e vigilância diária de:
• Nunca deve ser realizada se existe cicatriz uterina. • Sinais e sintomas de amniotite
• Não insistir se o gémeo não se rodar com facilidade. • Leucograma e PCR
• Bem estar fetal
Se as manobras não têm sucesso ou se há suspeita de sofrimento fetal agudo deve efectuar-se uma
cesariana. Bibliografia
• Graça L..M Gravidez Múltipla In Medicina Materno-Fetal (4ª ed) L M Graça (ed). 2010. Lidel Lisboa
• Centeno M, Clode N, Tuna, et al. Parto Diferido – Evolução materna e perinatal. Acta Obstet Ginecol Port 2009;3:128-133
PARTO DIFERIDO • Malone F, D’Alton M. Multiple gestation- Clinical characteristics and management. In Maternal fetal Medicine, Principles and practice (6th ed) Creasy R,
Resnik R , Iams J, Lockwood CJ, Moore TR (ed) Saunders Philadelphia 2009
Pretende prolongar a gestação após o parto de 1 (ou mais) dos gémeos, quando tal se verifica entre a • Multiple gestation: complicated twin, triplet, and high-order multifetal pregnancy. ACOG Practice Bulletin No. 56.. Obstet Gynecol 2004 (reaffirmed
20ª e a 26ª semanas. 2009);104:869–83.
• Ravishankar V, Quink JG. Multiple Gestation. In Operative Obstetrics 2nd ed. O’Grady JP, Gimovsky ML (ed). Cambridge University Press 2008
• Cleary-Goldman J, Chitkara U, Berkowitz R. Multiple Gestations. In Obstetrics. Normal and Problem Pregnancies 5th ed. Gabbe SG, Niebyl JR, Simpson JL
Os pais devem ser informados das probabilidades de insucesso/riscos. Obter consentimento informado (ed). Churchill Livingstone Philadelphia 2007
Contraindicado se:
• Gravidez monocorial
• Suspeita de infecção intra amniótica
• Evidência de hemorragia vaginal
• Contractilidade refractária à tocólise
• Pré-eclâmpsia
• Evidência de malformações fetais
• Suspeita de sofrimento fetal
• Patologia materna grave
Indicações
• Período expulsivo prolongado
• Necessidade de abreviar o período expulsivo (antecipar DO!)
• Suspeita de hipóxia fetal
Condições de aplicação
• Conhecimento adequado da técnica
• Compatibilidade feto-pélvica
• Encravamento da apresentação
• Determinação correcta da variedade e posição
• Dilatação completa
• Rotura de membranas
• Bexiga vazia
• Analgesia adequada
• Condições para cesariana de emergência
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PARTO INSTRUMENTAL
Classificação (ACOG)
Médio – Apresentação entre o estadio 0 e +2 4. Assegurar contractilidade uterina regular
Baixo – Apresentação no estadio +2 ou +3 5. Montagem e/ou verificação do instrumento, com lubrificação da campânula
6. Exame pélvico para confirmação da posição e estadio fetal
Perineal – Apresentação no estadio> +3 (escalpe visível) 7. Aplicação do centro da campânula sobre a sutura sagital e a cerca de 3 cm à frente da fontanela
posterior (ponto de flexão) – Fig.1
VENTOSA OBSTÉTRICA
Técnica destinada a auxiliar instrumentalmente o parto, baseando-se na criação de uma força externa Ponto de Flexão
de tracção ao escalpe fetal, conseguida através de um aparelho de vácuo. É essencialmente um instru- Fontanela posterior
mento de flexão, com capacidade limitada de tracção e rotação.
Contra-indicações
Fig.1
• Absolutas
• Incompatibilidade feto-pélvica 8. Iniciar o vácuo até 0,2 kg/cm2 (formação do caput)
• Apresentação que não a de vértice 9. Confirmar digitalmente a ausência de tecido materno (colo, mucosa vaginal) entre a apresentação e
• Desconhecimento da posição e estadio da apresentação a circunferência da campânula
• Coagulopatia fetal presumida 10. Prosseguir com a criação de vácuo que, nas ventosas maleáveis (ex: Kiwi), pode ser atingido num
minuto (pressão negativa máxima - 0,8kg/cm2)
• Relativas 11. Traccionar, em coordenação com o esforço materno e com as contracções uterinas, segundo
o eixo do canal de parto, mantendo o polegar da mão não dominante sobre a campânula e 1 ou
• Dilatação incompleta – excepcionalmente (situações de emergência) é possível aplicar e trac-
mais dedos no escalpe fetal – Fig.2. A tracção deve ser feita segundo a direcção do canal de parto
cionar se dilatação cervical ≥ 8cm desde que apresentação esteja encravada
(Curva de Carus) e evitando movimentos de balanço.
• Apresentação não encravada – apenas na extracção de 2º gémeo
• Após punção do escalpe fetal para colheita de sangue capilar
Técnica de aplicação
1. Parturiente em posição de litotomia
2. Proceder a desinfecção da vulva e períneo e esvaziamento vesical
3. Assegurar analgesia adequada
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PARTO INSTRUMENTAL
FÓRCEPS
Instrumento constituído por dois ramos, cruzados ou não, e que permite a tracção e rotação da apre-
sentação fetal.
Complicações 7. Aplicação de Fórceps de Simpson – Qualquer que seja a variedade, a aplicação nunca pode ser for-
Neo-natais (incidência 0,1-3/1000)
çada devendo ser feita sempre delicadamente
• Equimoses e lacerações do escalpe fetal
Maternas • Cefalo-hematomas
• Lacerações perineo/cervicais • Hematoma sub-aponevrótico Aplicação
• Hematomas vaginais • Hemorragia intra-craniana
• Hemorragia subconjuntival e retiniana Ramo introduzido em 1º lugar ⇒ Lei da colher posterior
• Icterícia neo-natal Posições Anteriores Posições Posteriores
Variedades esquerdas ==> RE Variedades esquerdas ==> RD
Nota: As complicações quando identificadas, devem ser sempre registadas no processo clínico. Variedades OP (directa) ==> RE Variedades OS (directa) ==> RE
Variedades direitas ==> RD Variedades direitas ==> RE
RE – ramo esquerdo; RD – ramo direito
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PARTO INSTRUMENTAL
4. Levar a colher para o parietal anterior, com o auxilio da mão guia, fazendo deslizar a colher sobre
a face fetal
5. Aplicar a colher posterior
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PARTO PÉLVICO AJUDADO
Apesar de actualmente a apresentação pélvica ser considerada como razão para o parto por cesariana
há situações em que pode ocorrer por via vaginal:
• A grávida desejar o parto por via vaginal
• A grávida for admitida em trabalho de parto avançado (pelve encravada e modalidade de nádegas)
• Diagnóstico incorrecto de apresentação cefálica
• Parto de segundo gémeo – ver em PARTO NA GRAVIDEZ GEMELAR
A B
• A estimulação ocitócica está indicada desde que haja distócia dinâmica (< 3 contracções/10minu-
tos) e não haja suspeita de incompatibilidade feto-pélvica
• A grávida deve evitar os esforços expulsivos até à dilatação completa
A parturiente deve ser estimulada a realizar esforços expulsivos o mais intensos possíveis durante as Fig. 2 - Manobra de Pinard
contracções, devendo o obstetra abster-se de manipular o feto durante o processo de expulsão espon-
tânea da pelve e até ao momento da visualização do umbigo. 2 – Parto dos membros superiores (MS)
• Enrolar o corpo fetal numa compressa grande – para facilitar preensão.
1 - Parto da pelve e membros inferiores • Ambas as mãos do operador seguram firmemente o corpo fetal apoiando-se nas coxas e com
• Permitir parto espontâneo da pelve até à visualização do umbigo fetal (Fig. 1). ambos os polegares sobre o sacro fetal. De seguida tracciona-se para baixo, de forma suave e con-
tinua, o corpo fetal
Nota: Não ter pressa no parto pélvico. Nunca traccionar a pelve fetal– risco de extensão de membros • Se os MS estiverem flectidos, o bordo da omoplata fetal está paralelo à coluna fetal. A rotação do
superiores (MS) ou da cabeça fetal corpo fetal no sentido retrógrado e anterógrado – manobra de Lovset - é o suficiente para permi-
tir a libertação dos MS. Se não se der a expulsão espontânea, dois dedos do operador seguem o
braço até ao cotovelo fazendo ligeira tracção para baixo e para fora (Fig. 3)
Fig. 3 - Extracção MS
• Realizar episiotomia ampla
• Em geral, neste momento o sacro roda para uma posição anterior; se tal não acontecer, deve-se
rodá-lo para que fique com o dorso anterior • Se os MS estiverem em extensão, o ângulo infe-
• Traccionar ligeiramente o cordão umbilical formando uma ansa rior da omoplata torna-se saliente e rodado
• A partir deste momento, o ajudante deve exercer, permanentemente, pressão supra-púbica ligeira para fora. Neste caso, rodar o corpo do feto 180º
de forma a manter flexão da cabeça fetal – manobra de Credé na direcção oposta ao MS em extensão e proce-
der como acima. Se necessário, para libertar o
• Se a expulsão dos membros inferiores for muito lenta proceder à manobra de Pinard (Fig. 2): intro-
outro MS, rodar 180º na outra direcção (Fig. 4)
duzir dois dedos ao longo da coxa até à região popliteia empurrando a coxa para cima e para fora Fig. 4 - Extracção MS com rotação de 180º do corpo fetal
156 157
PARTO PÉLVICO AJUDADO
• Caso não se consiga extrair o MS, o ajudante deve diminuir a pressão supra-púbica e, no intervalo Nas situações excepcionais em que não se conseguir a expulsão da cabeça a decisão da melhor
inter-contráctil, o operador eleva ligeiramente o feto introduzindo a mão ao longo do dorso fetal atitude deve ser tomada de forma rápida:
até identifica o MS em extensão. Nesse momento roda o corpo fetal 45º e segue com os dedos até • Proceder a sinfisiotomia (ver em SINFISIOTOMIA)
cotovelo puxando-o suavemente para baixo e para fora até libertar o MS. • Em situações de prematuridade em que pode o parto ocorrer sem dilatação total do colo, proceder
a incisões cervicais (de Duhrssen) – às 2, 6 e 10h
3 – Parto do pólo cefálico
Fase crucial e a mais delicada do parto pélvico. A pres- Bibliografia
são supra-púbica deve ser continuamente mantida - Graça LM, Clode N. O parto na apresentação pélvica.Versão Fetal por manobras externas.In Medicina Materno Fetal (4ª ed) Graça LM (ed) Lidel. Lisboa 2005
assegurando a flexão da cabeça. - Lanni SM, Seeds JW. Malpresentations. Obstetrics. Normal and Problem Pregnancies (5ª ed) Gabbe S, Niebyl JR, Simpson JL (ed) Churchill Livingstone,
Philadelphia 2007
- Gimovsky ML. Breech presentation. In Operative Obstetrics (2ª ed) O’Grady JP, Gimovsky ML (ed) Cambridge University Press 2008
• O corpo do feto deve repousar sobre o antebraço do Fig. 5 - Extracção da cabeça - Penn Z. Breech Presentation. In High Risk Pregnancy. Management options (4ªed) James D, Steer PJ, Weiner CP, Gonik B (ed) Elsevier 2011
operador. Com o esforço expulsivo materno e a pres-
são supra-púbica em geral ocorre o parto espontâ-
neo da cabeça fetal. Devem evitar-se expulsões
bruscas e sem apoio, assim como a hiperextensão
excessiva da coluna (Fig. 5)
Se tal não suceder deve realizar-se:
• Manobra Mauriceau –Smelie-Veit (Fig. 6)
Fig. 6
Dedo médio e indicador da mão direita são colocados
de cada lado do nariz fetal (não no maxilar inferior!)
forçando flexão da cabeça; dedo mínimo e anelar da mão esquerda sobre ombro esquerdo do feto, indi-
cador sobre ombro direito fazendo tracção para baixo e para fora até que seja observada a nuca fetal,
altura em que o corpo do feto é elevado na direcção do abdómen materno.
• Aplicação de Fórceps de Piper
Preferível à manobra anterior. Assistente eleva ligeiramente corpo fetal para permitir a introdução do
fórceps; operador em posição baixa (um joelho no
chão) aplica as lâminas como numa aplicação directa.
Após articulação das colheres, o corpo fetal repousa
sobre os ramos do fórceps e o operador aplica a mão
esquerda como descrito acima. A tracção do fórceps é
realizada para baixo e elevando-se progressivamente
à medida que a cabeça vai descendo (Fig 7).
Fig. 7
158 159
PARTO PRÉ-TERMO (PPT)
Definição:
Contractilidade regular, entre as 20 e as 37 semanas, condicionando modificações do colo uterino (apa-
gamento e/ou dilatação).
O parto pré-termo ocorre em cerca de 10% das gestações sendo a principal causa de morbilidade e
mortalidade neonatais.
Diagnóstico diferencial:
Incompetência cérvico-ístimica – modificações cervicais na inexistência de contractilidade uterina
Contractilidade pré-termo – contractilidade regular na inexistência de modificações cervicais
1. Atitude expectante:
• Em fetos muito longe do termo e sem viabilidade (20-23 sem. e peso estimado <550g). Nestes
casos, a atitude intervencionista deverá ser uma opção do casal e após consentimento informado
por equipa multidisciplinar.
•Em fetos com ≥ 34 Sem.
161
PARTO PRÉ-TERMO (PPT)
Comprimento colo <15mm Comprimento colo 15-25mm Comprimento colo ≥25mm B- CONTRA-INDICAÇÕES PARA TERAPÊUTICA TOCOLÍTICA
PPT provável PPT pouco provável PPT improvável 1. Maternas
• Situação Hipertensiva grave – eclâmpsia, pré-eclâmpsia grave, hipertensão arterial grave não
• Internamento controlável
• Internamento facultativo
• Repouso moderado • Cardiopatia grave
• Recomendar repouso
• Reavaliar ao fim de 2h. • Hemorragia vaginal significativa
• Qualquer condição médica/obstétrica que contra-indique manutenção da gravidez
Repouso Se, após as 28 semanas, o feto estiver numa apresentação de vértice, a cesariana deverá ser realizada
Excepto nas situações de parto pré-termo iminente com necessidade de monitorização fetal contínua segundo as indicações obstétricas habituais.
e tocólise endovenosa, recomendar apenas repouso moderado (procedimentos de higiene pessoal e
refeições fora do leito) Bibliografia
• Goldenberg RL. The manegement of preterm labor Obstet Gynecol 2002;100: 1020-35
• Iams JD. Preterm Birth. In Obstetrics: Normal and Problem Pregnancies (4ªed) Gabbe SG, Niebyl JR, Simpson JL (ed) Churchill Livingstone, Philadelphia
Fluidoterapia 2002
• Graça LM. Parto Pré-termo. Medicina Materno-Fetal (4ª ed) L M Graça ed. 2010. Lidel Lisboa.
Não tem eficácia no tratamento/prevenção do parto pré-termo • Roman AS, Pernoll M. Late pregnancy complications. Current Obstetrics & Ginecology (tenth edition) Decherney A, Nathan L, Goodwin T, Laufer N, ed.
2007. Mc Graw Hill
• Fonseca E, Celik E, Parra M, Singh M, Nicolaides, K. Progesterone and the risk of preterm birth among women with short cervix. N Engl J Med 2007;
F – VIA DE PARTO 357:462-9
• Sotiriadis A, Papatheodorou S, Kavvadias A, Makrydimas G. Transvaginal cervical lengh measurement for prediction of preterm birth in women with
Parto vaginal threatened preterm labor: a meta-analysis. Ultrasound Obstet Gynecol 2010; 35:54-64
Permitir se:
• Feto em apresentação de vértice ≥ 28 semanas
• Gravidez <25 semanas
• Entre as 25 e as 28 semanas, perante uma fase activa muito rápida ou a grávida em período expulsivo
• Anomalia fetal grave (independente da apresentação e idade gestacional)
Procedimentos:
• Monitorização fetal contínua
• Atrasar o mais possível a rotura de bolsa
• Se necessário estimular contractilidade com ocitocina
• Facilitar analgesia epidural
• Proceder à profilaxia de infecção a Estreptococo β-hemolítico
• Realizar episiotomia extensa de forma a facilitar período expulsivo
• Não utilizar fórceps de forma profilática
• Se necessário abreviar período expulsivo utilizar fórceps – a ventosa não deve ser utilizada antes
da 34ª semana
Cesariana
De forma sistemática se:
• feto vértice ≥25 semanas e < 28 semanas – excepto se a grávida se encontrar em período expul-
sivo ou numa fase activa muito rápida.
• feto em apresentação pélvica ≥25 semanas
168 169
PARTO VAGINAL APÓS
CESARIANA (PVAC) ANTERIOR
Desde que as situações sejam correctamente seleccionadas e a tentativa de parto vaginal seja devida-
mente monitorizada, não existem razões plausíveis para que não se conceda a hipótese de um parto
vaginal a uma percentagem significativa de gestantes que anteriormente tiveram uma cesariana. A
probabilidade de ser conseguido um parto vaginal em gestantes com uma cesariana anterior é de 60
a 80%, variando essa probabilidade com a conjugação de factores favoráveis e desfavoráveis.
Estes factores devem ser correctamente determinados, sendo obrigatoriamente incluídos no processo
de consentimento informado e esclarecido, que é um passo obrigatório para se optar por uma tentati-
va de PVAC.
170 171
PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA (PVAC) ANTERIOR
FACTORES DE RISCO PARA ROTURA UTERINA Selecção de candidatas e normas de actuação para PVAC
Risco de rotura AUMENTADO Risco de rotura ACEITÁVEL • Consentimento informado e esclarecido assinado pela grávida
• Indução do trabalho de parto • Trabalho de parto espontâneo • Uma única cesariana segmentar transversal nos antecedentes (se possível, colher a informação
• 2 ou mais cesarianas anteriores • Parto vaginal nos antecedentes sobre se a histerorrafia anterior foi efectuada com dupla sutura)
• Utilização de prostaglandinas • Longo intervalo entre as gestações • Canal de parto adequado
• Curto intervalo entre gestações • Parto pré-termo • Inexistência de outras cicatrizes uterinas ou de rotura uterina prévia
• Histerotomia corporal/Prolongamento em T de histerotomia segmentar • Inexistência de outros factores de risco
• Infecção em cesariana anterior • Feto único, apresentação de vértice
• Uma única sutura uterina em cesariana segmentar precedente
Nota: na gravidez gemelar é aceitável a prova de PVAC apenas em casos que não tenham contraindi-
Nota: mesmo nos casos considerados mais favoráveis, o risco de rotura uterina não é previsível cação para parto vaginal e em que haja desencadeamento espontâneo do TP
Trabalho de parto e parto • Sempre que possível, aguardar pelo desencadeamento espontâneo do trabalho de parto
• Utilização de ocitócicos • Se, na fase activa do TP, a contractilidade não for a adequada para que o TP progrida, só adminis-
A administração de fármacos com acção ocitócica para a preparação do colo ou para estimulação da trar baixas doses de ocitocina (iniciar com 1 mU/min – 6ml/h na diluição de 5U Ocitocina em
contractilidade aumenta o risco de rotura do útero. 500cc Dx5% - e nunca ultrapassando o máximo 10 mU/min)
Assim: • No caso do colo ser extremamente favorável (IB >7), ultrapassadas as 40 semanas poder-se-á
a) o misoprostol nunca deverá ser utilizado na indução do trabalho de parto ponderar uma indução com muito baixas doses de ocitocina (iniciar com 1 mU/min – 6ml/h na
b) o uso de PGE2 em gel intravaginal - nunca intracervical! - pode ser considerado seguro desde diluição de 5U Ocitocina em 500cc Dx5% - e nunca ultrapassando o máximo 10 mU/min)
que não seja associado com a administração de ocitocina • Imediata disponibilidade de bloco operatório e do respectivo pessoal
c) A utilização de ocitocina em perfusão para estimular a contractilidade (especialmente quan-
do o ritmo de perfusão ultrapassa as 20mU/minuto) relaciona-se com taxas de rotura uteri-
na 4 a 6 vezes superiores às observadas nos casos em que não foi administrada pelo que,
salvo em situações particulares, na prova de PVAC não deve ser usada
172 173
PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA (PVAC) ANTERIOR
Bibliografia
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• Macones GA, Cahill A, Pare E, e col. Obstetric outcomes in women with two prior cesarean deliveries: Is vaginal birth after cesarean delivery a viable
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2005; 106: 741. 1. Hipertensão transitória – HIG sem proteinúria associada e surgindo nas últimas semanas de
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• Macones GA, Peipert J, Nelson DB, e col. Maternal complications with vaginal birth after cesarean delivery: A multicenter study. Am J Obstet Gynecol 2005;
193: 1656. 2. Pré-eclâmpsia – HIG com proteinúria significativa associada (≥ 300mg/L na urina de 24h ou
• Cahill AG, Waterman BM, Stamilio DM, e col. Higher maximum doses of oxytocin are associated with an unacceptable high risk for uterine rupture in ≥2+(1g/L) em amostra ao acaso)
patients attempting vaginal birth after cesarean delivery. Am J Obstet Gynecol 2008; 199: 32.e1.
• Gregory KD, Korst LM, Fridman M, e col. Vaginal birth after caesarean: Clinical risk factors associated with adverse outcome. Am J Obstet Gynecol 2008; ou
198: 452.e1.
HIG sem proteinúria associada mas acompanhada de cefaleias ou alterações visuais ou epigastral-
• ACOG. Vaginal birth after previous cesarean delivery. ACOG Practice Bulletin 54, 2004.
gias ou trombocitopénia ou elevação das enzimas hepáticas
Sintomas associados: epigastralgia, dor no hipocôndrio direito, náuseas, vómitos, mal estar geral
Vigilância em Ambulatório (CMMF)
176 177
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP
178 179
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP
Perfusão: Bolus LENTO de 50mg (10 minutos) seguido de perfusão contínua (100mg diluídos em 4- Atitude obstétrica consoante idade gestacional/ situação clínica
100ml de soro fisiológico) condicionando o ritmo (20 a 50mg por hora) aos efeitos verificados sobre a
pressão arterial. <24 SEM 24-33 SEM ≥34 SEM
Se PA não controlada com labetalol em dose máxima- adicionar nifedipina oral, 10-20 mg cada 30
min., até dose máxima de 50mg
NAS PRIMEIRAS 24h:
Aconselhamento infor- PARTO
Nota: a associação de nifedipina com MgSO4 será de evitar pelo risco de serem potenciados os efeitos • Indução da maturidade pulmonar fetal
mado a progenitores
hipotensivos • Ecografia : ILA, Estimativa de peso
quanto a ITG
• Avaliação fetal contínua
• Avaliação materna
⇒ HIDRALAZINA EV - cada ampola tem 20 mg
Administração inicial SE :
SE Instabilidade hemodinâmica
• PA controlada ou
Se PA diastólica ≥ 130mmHg: • Estabilização do estado materno Edema agudo do pulmão
BÓLUS: 5mg (1/4 amp.) em 1min • Monitorização fetal tranquilizadora ou
• se a PA não baixar ao fim 10 min - adicionar 10mg em 1 min Fármacos anti-HTA em dose máxima
• se a PA se mantiver ≥ 110mmHg – adicionar 10mg em 1 min ou
Sintomas neurológicos apesar de MgSO4
• Após o bolus iniciar terapêutica de manutenção ou
32-33 SEM 24-31 SEM
Plaquetas <50.000mm3
Se PA diastólica ≥ 110mmHg e <130mmHg: 24 horas ou
Utilizar protocolo anterior ou optar por perfusão rápida (30-45 min) Elevação transaminases com epigastralgia
ou
• 20mg (1 amp.) diluída em 100ml de água destilada PARTO • Internamento em Obstetrícia
LDH > 1000UI/ml
• Suspender a perfusão logo que PA diastólica atingir 100mmHg e iniciar terapêutica de manutenção • Suspensão de MgSO4
ou
• Vigilância materna e fetal diárias
Creatinina ≥ 2.0 mg/dl e/ou oligoanúria
• Se necessário controlar TA
(<30ml/h) que se mantem por mais de 2 horas e
Terapêutica de manutenção Nifedipina oral 40-120mg/dia
que não responde a hidratação com 2 bolus de
Diluir 20mg de hidralazina (1 amp.) em 500ml de Dx 5% e iniciar a perfusão a um ritmo condi- • Proceder ao parto às 34 semanas
500ml de soro fisiológico
cionado pelo valor da PA obtido por medição contínua, nunca permitindo que PA diastólica desça ou
< 90mmHg RCF
ou
Suspeita de sofrimento fetal (CTG, Doppler)
ou
S. HELLP
180 181
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP
5- Atitudes no parto/puerpério citopénia grave (<20.000mm3), ascite ou insuficiência renal, que podem mesmo levar a agravamen-
VIA DE PARTO - A presença de pré-eclâmpsia grave NÂO é indicação formal para cesariana, sendo esta to do estado geral da doente. Estas doentes tem risco acrescido de EDEMA AGUDO DO PULMÃO e
decisão tomada de acordo com os critérios obstétricos habituais excepto se: NECROSE TUBULAR AGUDA, (pelos produtos de transfusão, pela mobilização dos fluídos e a disfunção
renal subjacente), pelo que requerem maior vigilância e terapêutica de suporte. Assim, nos casos acima
• < 30 semanas
considerados deve ser sempre contactada a UCI com o objectivo de ser reservada uma vaga
• IB < 5
• Evidência de sofrimento fetal Nota: Os obstetras não são intensivistas pelo que o contacto com estes deve ser assegurado desde a
• Existência de RCF admissão da grávida com pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia
• Outra apresentação que não a de vértice
• Trabalho de parto não estabelecido ao fim de 6-8h de indução
C- ECLÂMPSIA
Optando pela via vaginal, a indução do parto pode ser feita utilizando prostaglandinas (ou análogos)
ou ocitocina. Indicação formal para terminar a gestação
Internamento no Bloco de Partos
ANALGESIA - A utilização de analgesia/anestesia loco-regional intra-parto é o método ideal e está
apenas contra-indicada na presença de coagulopatia e/ou se plaquetas <80.000/mm3 (nestes casos, Tratamento de convulsões
utilizar opiáceos sistémicos se a opção for o parto vaginal) 1. Minimizar traumatismo materno – impedir queda do leito, impedir mordedura da língua (introdu-
ção de espátula)
OLIGÙRIA – Definida como débito < 30ml/h ou < 100ml/4h. Obriga a reavaliação da administração 2. Manter oxigenação adequada – lateralizar a grávida, aspirar secreções orais e iniciar adminstração
de fluidos (diminuir o ritmo de administração - pelo risco de edema agudo do pulmão - com eventual de O2 (8-10L/min) por mascara
ajuste da diluição dos fármacos), da perfusão de MgSO4 (controlo da magnésiémia e diminuição do 3. Controlo das convulsões com Sulfato Magnésio (MgSO4)
ritmo de perfusão) e do grau de hipotensão existente (diminuição marcada da PA diast. (<90mmHg) 4-6g MgSO4 em 15min
pode reduzir o débito por 2-3h). Limitar o uso de diuréticos (furosemide) às situações de edema 2-3 amp. diluídas em 100ml de água destilada a 400ml/h
agudo pulmão. Se as convulsões persistirem, diluir 2 amp. MgSO4 em 20ml de água destilada e administrar a
400ml/h em 5min EV
PROFILAXIA DAS CONVULSÕES - MgSO4 em perfusão deve ser mantido durante todo o TP e nas pri-
meiras 48h de puerpério. Nota: Se as convulsões persistirem após dois bolus de 2g de MgSO4 administrar
Diazepam 0,1-0,3mg/Kg (max- 20mg) em 1 min EV
TERAPÊUTICA ANTI-HIPERTENSIVA - No puerpério, a terapêutica anti-hipertensiva deve ser utilizada ou
se PA sistólica ≥155mmHg e/ou diastólica ≥ 105mmHg. Optar por labetalol (com doses acima indi- Lorazepam 0,02mg/Kg em 1min EV
cadas) ou nifedipina oral -10mg 6/6h - ou nifedipina de acção prolongada 12/12 h. Descontinuar tera-
pêutica após 48h de valores tensionais abaixo dos considerados patológicos.
4. Corrigir acidémia materna – Administrar bicarbonato sódio se pHart. l <7.10.
5. Determinação pH e gases obrigatória se convulsões sucessivas
OBTENÇÃO DE APOIO DA UCI - A maioria dos casos de pré-eclâmpsia grave e S. HELLP mostram
sinais de resolução nas primeiras 48h do pós-parto, com excepção dos casos de DDPNI e CID, trombo-
182 183
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP
Após estabilização da grávida Nota: Não é necessário proceder a avaliação imagiológica cerebral (RMN) desde que as convulsões
1. Monitorização materna contínua – PA, SatO2, Diurese sejam limitadas e não sejam seguidas de sinais neurológicos focais ou coma prolongado. Encarar outro
2. Vigilância continua – destacar médico e enfermeira dedicados à doente diagnóstico (acidente vascular cerebral, tumor SNC, infecção SNC, PTT, epilepsia, uso de drogas) caso a
3. Se necessário, proceder a contenção física da doente. convulsão surja antes da 20ª semana ou seja acompanhada de sinais neurológicos focais, coma pro-
4. Iniciar MgSO4 para profilaxia de convulsões em perfusão contínua. Proceder a magnesiémia seriadas longado ou se surgir 48h após o parto
(cada 2h)
5. Iniciar terapêutica anti-hipertensiva (se necessário) D- SÍNDROME HELLP
6. Monitorização fetal contínua Clínica inicial polimorfa: nauseas, vómitos, mal estar geral, epigastralgias. 1/3 dos casos surge no
puerpério
NOTA: É de esperar um episódio de bradicárdia fetal prolongada, diminuição transitória da variabili-
dade e eventuais desacelerações tardias imediatamente após a convulsão. Estes achados NÂO devem
ser motivo de cesariana de emergência Internamento no Bloco de Partos
1. Determinação da idade gestacional
7. Proceder ao parto 2. Vigilância contínua – destacar médico e enfermeira dedicados à doente
3. Vigilância materna
Indução TP (prostanglandinas ou análogos, ocitocina) se: • PA, Débito urinário (algaliação), balanço hídrico
• ≥ 30 semanas • Criação de via endovenosa – não ultrapassar 100-125ml/h de fluidos (≤ 40ml/Kg/24h)
• IB ≥ 5 • Vigilância do estado de consciência
• Apresentação cefálica de vertice • Vigilância de sintomas (epigastralgia, cefaleias, etc...)
4. Avaliação laboratorial 12/12h – hemograma, plaquetas, enzimas hepáticos provas de coagulação,
Cesariana se: função renal
• < 30 semanas 5. Avaliação do estado fetal
• IB < 5 • Determinação peso fetal
• Evidência de hipóxia fetal (CTG) • Avaliação ILA
• Existência de RCF • CTG
• Outra apresentação que não a de vértice • Fluxometria (artéria umbilical, artéria cerebral média) – sempre que possível
• Trabalho de parto não estabelecido ao fim de 6-8h de indução 6. Monitorização fetal continua
7. Iniciar MgSO4 para profilaxia de convulsões independentemente de valores de pressão arterial.
No puerpério Proceder a magnesiémias seriadas (cada 2h)
• Manter profilaxia convulsões com MgSO4 durante 48h. 8. Iniciar terapêutica anti hipertensora se necessário
• Manter monitorização materna contínua
• Obter apoio da UCI (pelas razões atrás referidas)
184 185
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP
ENFARTE HEPÁTICO – Febre, dor no hipocôndrio direito e elevação muito marcada de transamina-
ses (>1000U). Diagnóstico confirmado por ecografia ou TAC. Na grande maioria dos casos segue-se
PARTO a resolução espontânea.
CESARIANA – proceder como de habitual com atenção a colocar dreno supra-aponevrótico que deve
Em caso de rotura de hematoma, proceder a laparotomia; se não houver rotura, manter grávida em
ser mantido por 48h.
vigilância na UCI e com ecografia seriadas pois está descrita a reabsorção de hematoma
186 187
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA/S. HELLP
Nota: Os obstetras não são intensivistas pelo que o contacto com estes deve ser assegurado desde a
admissão da grávida com S. HELLP
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
Bibliografia
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Figura 2
3. Dissecção perivesical
· Dissecção do espaço vesico-uterino (romba ou com tesoura) sobre
o colo, com rebatimento da bexiga (Figura 3).
Figura 3
188 189
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS GINECOLÓGICOS
6. Laqueação dos vasos uterinos (Figura 6) • Histerectomia total com a técnica descrita para o útero não gravídico
· Individualização dos vasos uterinos • Histerectomia subtotal (vs total) - mais rápida - preferível se hemorragia
· Colocação de pinça uterina perpendicularmente à artéria grave e dissecção/identificação difícil do colo
uterina ao nível da união do colo e segmento inferior • Utilização de dupla sutura nas laqueações com “pontos em 8”
· Pode ser colocada uma 2ª pinça uterina abaixo da 1ª para maior • Inspecção periódica da bexiga para identificação de cistotomia acidental
segurança e uma hemostática acima do local de secção (ângulo • Localização do ureter se laceração do colo uterino se prolongar para o ligamento largo, ou se colo apagado
de +/- 45º com os vasos) para evitar o retorno sanguíneo • Nos casos de apagamento total do colo, evitar remover excesso de tecido vaginal
Figura 6
· Secção e laqueação começando pela pinça uterina
mais inferior, com fio de reabsorção lenta (Ex:Vicryl 1)
190 191
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS GINECOLÓGICOS
Figura 11 Figura 15
192 193
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS GINECOLÓGICOS
Figura 18 É recomendada, profilaxia da endocardite bacteriana (EB) apenas nas situações de “Alto Risco”:
Caso a parturiente já se encontre sob terapêutica anibioótica (ex: corioamniotite, pielonefrite) não é
necessário realizar profilaxia de EB
Bibliografia
• Wilson W. et al. Prevention of Infective Endocarditis: Guidelines from the American Heart Association. Circulation 2007;1736-1754
• Habib G. et al.Guidelines on the prevention, diagnosis,and treatment of infective endocarditis. European Heart Journal 2009, 30: 2369-2413
• Use of prophylactic antibiotics in labor and delivery. Practice Bulletin 120. Obstet Gynecol 2011;117:1472-83
194 195
PROFILAXIA DA INFECÇÃO
A STREPTOCOCUS β - HEMOLÍTICO
DO GRUPO B (SGB)
São indicações para profilaxia da infecção neonatal precoce a SGB
1- Exsudado vaginal/rectal positivo (efectuado às 35-37 semanas)
2- Bacteriúria positiva (qualquer que seja o tempo de gestação na ocasião do diagnóstico)
3- RN anterior com infecção documentada a SGB
Na ausência de rastreio realizado entre as 35-37 semanas (colheita de exsudado vaginal e rec-
tal), proceder à profilaxia da infecção neonatal precoce a SGB na presença dos factores de risco
seguintes:
TERAPÊUTICA ACONSELHADA
Via: EV (SEMPRE!)
Duração: Desde o momento da admissão no bloco de partos, até ao parto
Fármacos:
Penicilina - 5 milhões de unidades iniciais, seguidas de 2.5 milhões de unidades de 4/4h ou
Ampicilina - 2g iniciais, seguidos de 1g 4/4 h
196 197
PROFILAXIA DA INFECÇÃO A STREPTOCOCUS β-HEMOLÍTICO DO
GRUPO B (SGB)
Se alergia a Penicilina:
PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO
Elevado Risco de Anafilaxia1
Baixo Risco de Anafilaxia
Cefazolina 2g seguido de 1g
VERTICAL DE VIH
de 8/8h Se resistência a Clindamicina ou Se sensível à Clindamicina:
inexistência do antibiograma: Clindamicina 900mg 8/8horas
Vancomicina 1g de 12/12h
1. elevado risco de anafilaxia: história de anafilaxia, angioedema, dificuldade respiratória ou urticária, após terapêutica com penicilina ou cefalosporina.
Procedimentos obstétricos na grávida SGB positiva: ACTUAÇÃO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA FACE À GRÁVIDA COM SUSPEITA DE INFECÇÃO
A existência de um exsudado positivo para SGB não é contra-indicação para a monitorização fetal OU COM INFECÇÃO CONFIRMADA PELO VIH
interna ou para a avaliação do canal de parto (toque vaginal)
REALIZAÇÃO DE SEROLOGIA
Não há informação relativa à inocuidade do stripping de membranas na grávida SGB positiva. Deve ser pedida a serologia para o VIH (Laboratório do Serviço de Urgência), a TODAS as grávidas que
não tenham efectuado a sua determinação no 3º trimestre. Um resultado POSITIVO implica a imple-
Nota: Na gravida de < 37 sem. em trabalho de parto pré-termo ou com RPM-PT, caso seja desconhe- mentação das medidas abaixo indicadas sem esperar por um teste confirmatório (o qual deve no
cido o resultado do rastreio para SGB, deve ser colhido exsudado vaginal (introito vaginal) e rectal entanto ser sempre efectuado).
(zaragatoa deve passar o esfincter anal) e só após iniciar a profilaxia antibiótica preconizada que só se
deve manter caso entre em trabalho de parto (se a bolsa de águas se mantiver intacta) ou pelo menos TERAPÊUTICA
por 48 h em caso de RPM-PT O AZT intra-parto (EV) está recomendado para todas as grávidas infectadas pelo VIH, indepen-
dentemente do regime terapêutico anterior.
Bibliografia
- ACOG Committee Opinion 485. Prevention of early-Onset Group B Streptococcal Disease in Newborns. Obstet Gynecol 2011; 117:1019-27. As grávidas sob terapêutica HAART devem manter o seu esquema oral habitual durante o trabalho de
- Verani JR, McGee L, Schrag SJ. Prevention of perinatal group B streptococcal disease––revised guidelines from CDC, 2010. Division of Bacterial Diseases, parto - com excepção do d4T e do AZT (Zidovudina) por via oral, que devem ser suspensos.
National Center for Immunization and Respiratory Diseases, Centers for Disease Control and Prevention (CDC). MMWR Recomm Rep
2010;59(RR–10):1–36.
As grávidas infectadas que não fizeram qualquer terapêutica durante a gravidez e apenas estas,
devem, além do AZT EV, efectuar terapêutica com Nevirapina ( dose única PO) e 3TC. A associção
AZT/3TC deve ser mantida durante 7 dias após o parto. Neste caso deve ser contactado o colega de
infecciologia.
198 199
PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE VIH
Trombofilias:
Congénitas:
Deficiência da Proteína C
Deficiência da Proteína S
Mutação do factor V Leiden (resistência à Proteína C activada)
Deficiência de antitrombina III
Deficiência de plasminogénio
Hiperhomocisteinémia (gene da metileno tetrahidrofolato redutase - MTHFR)
Mutação do gene da protombina (G20210A)
Adquiridas:
Síndrome anticorpo antifosfolipídico (Ac anticardiolipina; anticoagulante lúpico)
Síndrome nefrótico ( níveis de antitrombina)
202 203
PROFILAXIA DO TROMBOEMBOLISMO VENOSO
206 207
PROFILAXIA DO TROMBOEMBOLISMO VENOSO
CONTRACEPÇÃO:
- Mulheres com factores de risco para TEV: não prescrever ACO combinados até ao 3º mês de puer-
CUIDADOS BÁSICOS
pério
- Mulheres com história de TEV: métodos definitivos, método de barreira, dispositivo intra-uterino,
NO PUERPÉRIO
contracepção hormonal com progestagéneos
• Analgesia:
- Paracetamol 1g PO (dose máx 1g 8/8h);
- Ibuprofeno 400mg PO se necessário, alternando com o paracetamol (dose máx 400mg 8/8h);
- Aplicação regular de gelo sobre a episiotomia (30 min, 4 a 5 vezes/d)
• Cuidados perineais: limpeza e desinfecção do períneo com solução iodada ou cloro-hexidina duas
vezes ao dia e sempre que necessário. Após a higiene manter a região o mais seca possível. Trocar o
penso higiénico com frequência ao longo do dia.
B) APÓS CESARIANA
• Avaliação da TA e pulso a cada 15 minutos durante as 1as duas horas após o parto.
• Avaliação do grau de contracção uterina e do volume das perdas hemáticas
• Transferência da puérpera para a Unidade de puérperas cerca de 2 horas após o parto se estiver cli-
nicamente estável.
208 209
CUIDADOS BÁSICOS NO PUERPÉRIO
• O levante deverá ser preconizado 12 horas após o parto e, até esse momento, deverá ser estimulada • Se ocorrer prurido:
a mobilização dos membros inferiores. Hidroxizina 25mg PO/EV de 6/6 h
• A alimentação (dieta geral ) pode ser iniciada 4 - 8 horas após a cesariana. • O penso deve ser levantado no 1º/2º dia pós-operatório (ou em qualquer altura, se neces-
• O catéter epidural é geralmente retirado 24 horas após o parto, no entanto, pode ser mantido sário) e substituído por penso impermeável na altura da alta
por 48 horas. • Extracção de pontos ou agrafes*
• se a incisão for transversa
• Analgesia:
· 3 a 4 dias após cesariana
# Primeiras 24 horas
· 5 a 7 dias se a grávida tiver factores de risco para complicações na cicatrização (obe-
sidade, diabetes, …)
• Se a cesariana decorreu sob anestesia loco-regional: • se a incisão for vertical
· Analgesia pelo catéter epidural: · 5 a 7 dias após cesariana
Morfina 3mg 12/12 horas (até 3 administrações) · 7 dias se existirem factores de risco para complicações na cicatrização
* podem pôr-se steristrips após remoção de pontos/ agrafes
· Analgesia EV.:
Paracetamol 1 g 6/6 h C) AMAMENTAÇÃO
Toradol 10mg 8/8h • Deve ser promovida a amamentação logo após o parto
• Deve ser feita a educação para a protecção dos mamilos (adequada higiene, utilização de discos
• Se a cesariana decorreu sob anestesia geral: protectores, utilização de Gretalvite® ou Cicamel® se ocorrerem fissuras mamilares)
· Paracetamol 1g EV 6/6 h • Em caso de engurgitamento mamário: Ocitocina - Syntocinon® (nebulização nasal antes da ama-
· Toradol 10 mg EV 8/8 h mentação)
· Nolotil® 2 g diluídos em 100 cc de soro fisiológico e administrado em 20min EV de • Se existirem contra-indicações para amamentação, proceder à supressão láctea
8/8 h, alternando com o paracetamol
ou Medidas gerais:
Tramadol 100 mg diluídos em 100 cc de soro fisiológico administrado em 20min EV de Evitar estimulação mamilar, usar soutien de suporte forte, aplicar gelo local e promover
8/8 h alternando com o paracetamol analgesia com paracetamol e ibuprofeno (medidas eficazes em 60 – 70 % das mulheres)
II –COMPLICAÇÕES D) OBSTIPAÇÃO
A) ENDOMETRITE – ver em CESARIANA Se ocorrer obstipação 24 horas após o parto e/ou for sintomática, medicar com:
- Lactulose (Laevolac® carteiras) 2x/dia (excepto se intolerância) e/ou
B) ANEMIA PÓS-PARTO - Microclister de citrato de sódio (Microlax®) (excepto se intolerância ou existirem lacerações peri-
• Se Hb ≤ 9 g/dl e > 7 g/dL: ponderar terapêutica com ferro EV neais de grau III/IV)
Dose habitual: 2 ampolas de Venofer® em 200 cc soro fisiológico (pode ser repetida 2 a 3
vezes/semana) E) INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA – Ver em CESARIANA
RECOMENDAÇÕES
O tratamento adequado dos traumatismos do períneo requer uma avaliação adequada dos
mesmos, sendo aconselhável:
1. Colocar a doente em posição de litotomía, requerer condições de iluminação adequadas e expor ade-
quadamente a lesão.
2. Utilizar analgesia adequada.
3. Observar os genitais externos, particularmente a face interna dos pequenos lábios.
4. Observação da mucosa vaginal; deve ser avaliado o número de lacerações sendo mandatória a iden-
tificação do vértice da laceração.
5. Realizar toque rectal para avaliar a existência de lesões do esfíncter anal e/ou da mucosa rectal. É impor-
tante salientar que mesmo nas situações de períneo integro pode haver lacerações de grau III/ IV.
6. O esfíncter anal externo (músculo estriado) tem coloração vermelho escuro enquanto que o esfínc-
ter anal interno (músculo liso) é esbranquiçado.
7. O esfíncter anal externo encontra-se em estado de contracção tónica, pelo que a laceração do
mesmo é acompanhada de retracção dos topos. É geralmente necessário pinçar os mesmos para a
sua correcta identificação.
214 215
REPARAÇÃO DE LESÕES TRAUMÁTICAS DO CANAL DE PARTO
B - LACERAÇÃO DO COLO tase deficiente, sobretudo no vértice da episiotomia. Pode também ocorrer de forma espontânea em
Causa de hemorragia importante. puérperas com períneo intacto
Associada a parto instrumental, parto precipitado ou parto sem dilatação completa. Origem - Laceração de pequenos vasos na fascia superficial.
Actuação Clínica - Dor vulvar (por vezes muito intensa), sensação peso perineal, massa perineal
1. Suporte hemodinâmico se necessário.
2. Analgesia e relaxamento eficaz da puérpera. Actuação
3. Tracção dos lábios anterior e posterior do colo com pinças de Allis 1. Suporte hemodinâmico se necessário.
4. Reconhecer o vértice da laceração. 2. Abertura e drenagem de hematoma.
5. Iniciar sutura continua com Vicryl® 0 sempre acima do vértice de laceração e prosseguir até ao bordo 3. Encerrar a loca por planos com fio absorvível.
do orifício externo do colo. 4. Penso compressivo que deve permanecer 12-24h.
6. Se não se conseguir identificar o vértice da laceração, colocar o ponto o mais acima possível e ir trac- 5. Algaliação até ocorrer diminuição significativa do hematoma.
cionando com o fio de forma a expor a zona mais distal ou iniciar a sutura nos bordos da laceração 6. Administração de antibióticos (cefoxitina 1g EV 8/8h 3dias).
ao nível do orifício externo do colo e, traccionando o fio, progredir a sutura continua no sentido pro- Nota: Não tentar laquear vasos
ximal até atingir o vértice da laceração (figura 3).
HEMATOMA VAGINAL
Associados ao uso de fórceps. Podem também ocorrer espontaneamente.
Origem - Lesão de tecidos moles com laceração de múltiplos vasos; geralmente estes hematomas acu-
mulam-se acima do plano do diafragma pélvico.
Classificação
Forma ligeira: distensão abdominal, náuseas, vómitos, ovários de <8cm
Forma moderada: evidência ecográfica de ascite, ovários 8-12cm
Forma grave: evidência clínica de ascite, derrame pleural, oligúria, hemoconcentração (hematócrito>
45%), alterações da coagulação e das provas de função hepática, ovários >12cm
224 225
SINDROME DE HIPERESTIMULAÇÃO OVÁRICA
Em internamento: Bibliografia
- Delvigne A, Rozenberg S. Epidemiology and prevention of ovarian hyperstimulation syndrome (OHSS): a review. Hum Reprod Update 2002; 8 (6): 579-
Avaliações sistemáticas 577
- pulso, PA, e FR 4/4h - Ovarian hyperstimulation syndrome. The Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Fertil Steril 2008; 90 (3): 168-193
Alívio sintomático
• Paracetamol se houver queixas álgicas
• Antieméticos se houver náuseas ou vómitos
• NÃO utilizar antiinflamatórios não esteróides por poderem reduzir a filtração renal
• Omeprazole 20mg/d EV
Reequilíbrio hidroelectrolítico
• Hidratação oral limitada ao conforto da doente
• Hidratação EV rápida inicial (se intolerância oral ou hemoconcentração) com Dx 5% em SF
1000ml/24h com redução posterior (500ml/24h) se débito urinário >20-30 ml/h
226 227
SINFISIOTOMIA
Técnica de excepção que deverá ser utilizada como último recurso em duas situações:
• Distócia de ombros que não se resolveu pelas técnicas habituais
• Retenção de cabeça última no parto pélvico
Pressupõem que: a) o feto se encontre vivo e que b) a decisão da sua realização seja tomada antes do
inicio de tracções forçadas que podem ter consequências traumáticas importantes para o feto.
Para a sua execução é necessária a presença de dois ajudantes.
Técnica
1. Caso a parturiente não esteja analgesiada proceder a infiltração com 10-15ml de lidocaína a 1%
na zona da sinfise da púbica, primeiro subcutâneo e depois profundamente
2. Esvaziar a bexiga e deixar em permanência um cateter uretral /Foley
3. A presença dos dois ajudantes permite manter uma flexão das coxas sobre abdómen/tórax e
impede a abdução das coxas além dos 90º - se tal acontecer, pode ocorrer lesão das articulações
sacro-ilíacas determinando instabilidade permanente e dor.
4. Introduzir os dedos indicador e médio da mão esquerda na vagina e deslocar lateralmente o cate-
ter uretral. O indicador deve ficar por baixo da sínfise púbica.
5. Confirmar a localização da sínfise púbica com uma agulha – que será sentida através do dedo
vaginal – e, utilizando-a como guia, com o bisturi a fazer incisão cutânea de forma a entrar na
região média da sínfise na junção do terço superior com o médio e penetrar até sentir pressão no
dedo indicador que se encontra abaixo. De seguida, sem extrair bisturi, cortar o terço inferior sec-
cionando fibras da articulação e o ligamento arcuado. Sem extrair bisturi, voltar ao ponto inicial,
rodar a lâmina 180º e seccionar o terço médio e superior.
6. Com a secção da articulação será possível introduzir o dedo vaginal (2,5cm) no espaço entre os
228 229
SINFISIOTOMIA
ramos ósseos.
7. Proceder à manobra obstétrica de extracção fetal impedindo que haja abdução das coxas
SULFATO MAGNÉSIO COMO
8. Como deixa de haver suporte para a parede vaginal anterior e uretra, é importante evitar todo o
traumatismo nessa zona pelo que o feto deve ser traccionado para uma zona abaixo do períneo e
NEUROPROTECTOR FETAL
não para cima da parede abdominal materna
9. Após o parto o operador deve fazer compressão por alguns minutos sobre a sínfise para promover
a hemostase. Encerrar a ferida cutânea. A administração materna do Sulfato de Magnésio (MgSO4) em todas as gestações em risco do parto
10. Prescrever antibioterapia de largo espectro ocorrer antes da 32ª semana tem por objectivo reduzir o risco de paralisia cerebral no recém-nascido
11. No puerpério: pré-termo.
a. Manter algaliação por 3 dias
b. Pedir apoio da Fisiatria Pelo risco materno da administração de Sulfato de Magnésio, a adesão a este protocolo obri-
c. Permitir ambulatório logo que a puérpera o deseje ga à escolha cuidadosa das grávidas, não devendo ser administrado com o objectivo acima
d. Dar alta quando a puérpera deambular normalmente e estiver assintomática (5 – 14 dias) definido se:
e. Recomendar que deve evitar esforços físicos moderados/violentos por 3 meses • Gravidez com ≥ 32+0 sem
• Existência de anomalia morfológica do feto incompatível com a vida
Complicações • Evidência de pré-eclâmpsia grave – a grávida deve já estar sob terapêutica com MgSO4
• Hemorragia: frequente e abundante. Tende a diminuir após o parto e com a pressão digital acima • Contraindicação materna para a administração de MgSO4 (miastenia gravis, insuficiência renal)
descrita.
• Infecção: abcessos retro-púbicos e osteite púbica ocorrem em cerca de 0,5%. Está indicada a anti- Está indicado apenas em gestações de idade gestacional ≥ 24 semanas e < 32 semanas e se:
bioterapia de largo espectro profilática • Existir evidência clínica de trabalho de parto pré-termo (modificações cervicais e contractilidade)
• Hematúria: por traumatismo da uretra. Obriga a manter algaliação até ao 3º dia de urina clara e em que seja previsivel que o parto ocorra nas 12h seguintes
• Incisão bexiga / uretra : manter algaliação por 10 dias • Houver RPM-PT
• Existir evidência de Incompetência Cérvico-Ístmica e em que seja previsível que o parto ocorra nas
Bibliografia 12h seguintes
- Maharaj D, Moodley J. Symphysiotomy and fetal destructive operations. Best Pract Res Clin Obstet Gynecol 2002;16:117 • Houver indicação médica ou obstétrica para interrupção da gravidez
- O’ Grady JP, Fitzpatrick T. Cesarean Delivery and Surgical Sterilization. In Operative Obstetrics 2nd ed. JP O’Grady, M Gimovsky (ed). Cambridge University
Press 2008
PROTOCOLO DE ADMINSTRAÇÂO DE MgSO4 COMO NEUROPROTECTOR FETAL
Dose carga: 6g de MgSO4 EV durante 30 min (diluir 3 ampolas de MgSO4 a 20% - cada ampola de
10ml de MgSO4 a 20% contém 2g de Mg2+ - em 100ml de soro fisiológico e administrar a um ritmo
de infusão de 300ml/h)
230 231
SULFATO DE MAGNÉSIO COMO NEUROPROTECTOR FETAL
Manutenção: MgSO4 EV a 2g/h (diluir 5 ampolas de MgSO4 a 20% em 500cc Dextrose 5% a ritmo
de infusão de 100ml/h) até ao parto ou até 12h de administração VAGINITES
Perfusão com MgSO4 pressupõem:
• Monitorização da diurese (algaliação)
• Monitorização da magnesiémia 2/2h
• Avaliação do reflexo patelar CANDIDÍASE VAGINAL
• Utilização obrigatória de bomba infusora Agente – Candida albicans
Tratamento Clínica
• Não complicada • Assintomática (> 50%)
• Tópico - butoconazol - creme 2% (5g) 3 dias; ou • Corrimento com cheiro fétido, branco acinzentado, espumoso e ausência de prurido
- clotrimazol -creme1% (5g) 7 dias; óvulos 100mg 7dias ou • Exame a fresco – “clue cells”, ausência de PMN, KOH a10%: cheiro fétido
- miconazol - creme 2% (5g) 7 dias; óvulos 100mg 7d; óvulos 200mg 3d; óvulo 1200mg 1dia
ou Diagnóstico
- tioconazol - creme 6,5% (5g) 1 dia ou • Gram negativos e
- terconazol - creme 0,4% (5g) 7d; creme 0,8% 3d; óvulos 80mg 3d ou • Pelo menos 3 dos seguintes critérios (Amsel):
• Oral - fluconazol 150mg, 1 dia (dose única) · Corrimento vaginal característico
• Complicada · Exame a fresco: Clue cells (> 20% das células epiteliais)
• Grávida - apenas terapêutica tópica: 7 dias · pH vaginal > 4,5
• Imunossupresssão - tópico mais prolongado: 7-14 dias · KOH a 10%: cheiro fétido
• Sintomas/sinais graves: terapêutica tópica igual aos casos de imunossupresão, ou flucona-
zol PO 150mg + 150mg com 3 dias de intervalo Tratamento
• Recorrente - terapêutica inicial: tópica, 7 a 14 dias ou oral (100, 150 ou 200mg 3/3dias, 3 • Todas as situações sintomáticas
tomas) seguida de terapêutica manutenção (6 meses): fluconazol 100, 150 ou 200 • Nas seguintes situações, mesmo assintomáticas: pré-histerectomia, pré-interrupção terapêutica
mg/sem (1ª linha), ou clotrimazol, tópico 200mg 2x/sem ou 500mg/sem cirúrgica da gravidez, grávida com antecedentes de parto pré-termo
• Sintomático - metronidazol – tópico (1 óvulo de 500mg/dia, 5 dias; gel 0,75% (5g) 5 dias) ou PO
Nota: Nas candidíases recorrentes deve pedir-se exsudado vaginal e a utilização de fluconazol obriga a monitoriza- (500mg 2x/dia, 7 dias) ou
ção da função hepática.
- clindamicina - tópico, creme 2% (5g) 1 aplicador/dia, 7 dias ou PO, 300mg 2x/dia, 7 dias ou
- tinidazol PO 2g 3dias ou 1g 5dias
Parceiro sexual: NÃO TRATAR (excepto se sintomático ou em situações recorrentes)
• Grávida - metronidazol PO, 500mg 2x/dia, 7 dias ou 250mg 3x/dia, 7 dias ou
- clindamicina PO, 300mg 2x/dia, 7 dias ou 100mg óvulos 3 dias.
VAGINOSE BACTERIANA
• Recorrente (≥ 3 episódios/ano) – metronidazol gel 0,75% 2x/semana, durante 6 semanas após
Agente - Gardnerella vaginalis (infecção polimicrobiana) tratamento inicial
Factores de Risco: Nota: não consumir álcool durante e até 24h após tratamento com metronidazol oral
• mais de 1 parceiro sexual
• mudança de parceiro sexual nos últimos 30 dias Parceiro sexual: NÃO TRATAR
• parceiro sexual feminino
• duche vaginal mensal ou nos últimos 7 dias
234 235
VAGINITES
TRICOMONAS
Agente – Trichomonas vaginalis
VERSÃO FETAL POR MANOBRAS
EXTERNAS (VE)
Factores de risco:
• Mudança de parceiro sexual
• Relações sexuais ≥ 2x/semana
• ≥ 3 parceiros no último mês Manobra obstétrica que tem por objectivo tornar uma situação transversa ou uma apresentação pél-
vica numa apresentação cefálica por meio da manipulação fetal através do abdómen materno.
• outra DST
Clínica CONTRAINDICAÇÕES
• Assintomática Absolutas
• Sensação de queimadura ou prurido vulvar; queixas urinárias (disúria, polaquiúria); dispareunia • Indicação para parto por cesariana
• Corrimento com odor fétido, arejado, amarelo-esverdeado; pontos hemorrágicos na vagina e colo – Placentação anómala, vasa previa, causa materna, etc…
colpite em framboesa (2%) • Hemorragia do 3º trimestre
• Exame a fresco - presença de Trichomonas vaginalis, polimorfonucleares abundantes • NST não reactivo
• Oligoamnnios (ILA ≤ 5)
Tratamento • Restrição de crescimento intra-uterino com fluxometria anómala
Indicado em todas as mulheres (sintomáticas e assintomáticas) e parceiros • Malformação uterina
• Regimes - metronidazol: PO 2g toma única ou PO 500mg 2x/dia, 7dias ou • Gravidez múltipla
- tinidazol 2g toma única PO • Apresentação pélvica com cabeça desflectida
Nota: não consumir álcool durante e até 24h após tratamento com metronidazol oral, ou 72h após tratamento com tinidazol
1. Através de ecografia avaliar: 10. Proceder a registo CTG dando alta à grávida quando se confirmar reactividade fetal
• A apresentação e localização do dorso fetal 11. Administrar gamaglobulina anti-D à grávida Rh negativa e em risco de isoimunização,
• Existência de circular cervical tenha tido ou não sucesso a manobra de versão.
• Índice de Liquido Amniótico
• Ausência de desflexão cervical Bibliografia
- Clode N, Graça LM. O Parto na Apresentação pélvica. Versão fetal por manobras externas. In Medicina Materno-Fetal 4ª ed. Graça LM (ed) Lidel, 2010
- External Cephalic Version. ACOG Practice Bulletin nº 13. American College of Obstetricians and Gynecologists. February 2000 (revised 2009)
2. Realizar CTG e confirmar critérios de reactividade fetal - Royal College of Obstetricians and Gynaecologists.The management of breech presentation. Guideline No 20.a. RCOG Clinical Green Top Guidelines, 2006.
3. Esvaziamento vesical
4. Posicionar grávida em decúbito dorsal ligeiramente inclinada para a esquerda. Para melhor
relaxamento da musculatura abdominal pedir à grávida para que mantenha as coxas em
abdução
5. Iniciar tocólise
Salbutamol – 5mg em 500cc Dext. 5% (iniciar a 15ml/h)
que deve ser aumentado 15ml/h de 20/20 minutos até:
• Palpação fácil de partes fetais ou
• Frequência cardíaca materna ≥ 100ppm
1
Qlaira® é o primeiro de uma nova classe de contraceptivos orais com estradiol
A mesma hormona produzida naturalmente pelo organismo feminino
L.PT.GM.07.2011.0148
Síndrome pré-menstrual, Leiomioma uterino, Espasmo uterino, Hemorragia uterina/vaginal, incl. spotting, Corrimento
vaginal, Secura vulvovaginal; Fadiga, Irritabilidade, Edema; Peso diminuído, Alterações de pressão sanguínea. Data da
revisão do texto: Novembro de 2010. Medicamento Sujeito a Receita Médica. Não Comparticipado. Para mais informa-
ções deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. BAYER PORTUGAL S.A., Rua Quinta do
Pinheiro, nº5 2794-003 CARNAXIDE, NIF 500 043 256 Bibliografia: 1. Jensen J. Expert Opinion on Pharmacotherapy
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Caraterísticas do Medicamento Qlaira®