O Sacrificio Do Carneiro Islamico Como o
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Deus intercede e diz a Abraão para sacrificar no lugar daquele dois car-
neiros. Esse ritual é relembrado todos os anos durante o Hajj (peregri-
nação a Meca), quinto pilar do Islã.3 Pilar este que todo muçulmano
deve realizar se tiver condição física e financeira. A matança dos carnei-
ros é realizada no último dia do Hajj e marca a segunda maior festa no
Islã, a Festa do Sacrifício (Eid Al-Adha).4
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Winnicott´s ideas mesh nicely with Van Gennep´s, Turner´s, and Bateson´s in
whose “play frame” […] “transitional phenomena” take place […]. When such
performance actualities are played out before audiences, the spectators have a
role to play. Winnicott puts into his own terms an audience´s “willing
suspension of disbelief ”. (id., p. 110)
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Calendário islâmico
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Dia 27 do mês do Ra- Lailat al-Qadr (Noite do Poder) Conhecida também como Noi-
madã é a data mais te do Decreto. Dia em que o
provável, mas pode profeta recebeu a primeira men-
ser dia 21, 23, 25, sagem do Alcorão.
27 ou 29 do mês do
Ramadã.
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Toda vez que passava um funeral, ele dizia: “Louvado seja Deus...”. Dia
do Sacrifício não é só cortar a garganta de um animal. Nós temos de fazer
sacrifícios. Nós levantamos de manhã e vamos fazer a oração... “O que você
deseja Abraão?”, perguntou Gabriel [anjo]. “Não quero nada. Deus sabe
da minha situação.” Deus disse: “Que o fogo seja brando com meu filho
Abraão”. Numa batalha o Profeta disse: “Nem pense que o paraíso vem de
graça”... o que agrada mais a Deus é quando uma pessoa vai batalhar pela
causa de Deus. Nós temos de nos sacrificar... Então, irmãos, temos várias
formas de nos sacrificar. Vamos pedir perdão a Deus. (Sermão do Eid Al-
Adha, de 20 de janeiro de 2005, na Mesquita de São Bernardo do Campo,
grifos meus)30
[...] ser devoto não é estar praticando algum ato de devoção, mas ser capaz
de praticá-lo. (Geertz, 1989, p. 110)
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“Fui aprendendo aos poucos. Hoje já conheço um pouco de árabe, sei ver
o calendário e não me perco. A gente aprende. Deus mostra o caminho, e
a gente segue. Como venho semanalmente à mesquita, sei de tudo que
está acontecendo e vou acompanhando. Agora estou ensinando a meu fi-
lho que é recém-revertido.” (Dona Cleusa)
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“A matança dos carneiros significa, para mim, que Deus me ama e que eu
não posso esquecer do sacrifício de Abraão. Devemos ser melhor a cada
dia. Allahu Akbar [Deus é Maior], só ele sabe, só ele vê. Devemos adorá-lo
e fazer o melhor sempre. Todos os anos nós recordamos o sacrifício do Pro-
feta Abraão. Assim lembramos que temos de fazer os nossos sacrifícios, que
devemos honrar a Deus, fazer o jejum, as orações...” (Rosângela, revertida)
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Alguns pontos são importantes para concluir este artigo e para iluminar
os significados atribuídos pelos muçulmanos à matança dos carneiros.
O primeiro deles refere-se ao carneiro como objeto transicional. Na rela-
ção estabelecida entre o homem e Deus (HOMEM-CARNEIRO-
DEUS), o carneiro simboliza essa intermediação. Já não é mais preciso
oferecer o filho em nome do amor a Deus, mas é preciso colocar algum
objeto no lugar desse sacrifício.
Se Abraão foi capaz de se sacrificar, os muçulmanos devem fazer o
mesmo em sua prática com o jejum e, na evocação simbólica, com a
matança dos carneiros. Isso implica dizer que a vivência da religiosidade
islâmica está no cotidiano e no extracotidiano, pois as expressões religio-
sas, o modo de construir seu comportamento, devem ser uma atuação
no cotidiano que se transforma em extracotidiano. A ação extraordiná-
ria, como é o caso da matança dos carneiros, tira o muçulmano do dia-
a-dia para observar/vivenciar a matança, como ficou explícito no ser-
mão do Sheik – “nós temos de nos sacrificar” – referindo-se às atitudes
que devem ser assumidas pelos muçulmanos.
Cabe notar que o ritual vivido pelos muçulmanos implica uma rela-
ção profunda com o sagrado, que invoca repetidas vezes a soberania di-
vina – Allahu Akbar, Deus é Maior –, que os fiéis repetem em especial
no dia do sacrifício dos carneiros. Tariq Ramadan afirma em seu texto o
quanto a identidade muçulmana passa pela fé, prática e espiritualidade.
A fé dá sentido à prática islâmica do abate do carneiro como símbolo,
como modo de recordar o pedido de Deus. A fé estabelece, segundo o
autor, o vínculo direto com Deus sem vinculá-lo a nada – a unicidade
de Deus é fonte de verdade. A fé toma o corpo, e a prática que se estabe-
lece (a oração, o jejum, o zakat etc.) é prova dessa entrega. A espiri-
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çulmano percebe a ação amorosa de Deus quando este pede para sacrifi-
car o carneiro e não o filho. O carneiro é elemento energizador da es-
trutura do ritual islâmico, provocando mudanças no fiel, fazendo que
ele perceba que necessita ser melhor a cada dia; é recordar cotidiana-
mente o sacrifício de Abraão.
O segundo ponto a ser destacado é o tempo que renova o mito no
ritual. É o tempo que se insere na vida dos muçulmanos, sejam eles ára-
bes ou brasileiros. Estes últimos aprendem o tempo e vivenciam-no in-
tensamente nos rituais, confirmando a idéia do tempo marcado pelas
relações sociais. Tempo e espaço são categorias importantes para a análi-
se do islã e do modo como engendram a sua simbólica religiosa. O tem-
po da festa, o tempo do Hajj, a Meca como espaço sagrado e concêntri-
co, para onde todos se voltam, a importância da mesquita na vida da
comunidade. A vida prescritiva dos muçulmanos faz que o tempo seja
elemento constitutivo e recorrente da prática cotidiana. Da mesma for-
ma, o espaço sagrado da mesquita, no qual as pessoas se submetem a
Deus, prostrando-se em sinal de devoção.
Se tempo e espaço fazem parte da estrutura do ritual, essas categorias
também inserem novos “rituais” que passam a fazer parte do calendário
de determinadas comunidades, como é o caso do caipira-árabe. Se essa
festa é considerada um “desvio” para alguns religiosos, por juntar ho-
mens e mulheres dançando, de outro modo, ela intensifica e promove
um novo caráter à sociabilidade dessas comunidades. Cabe lembrar que
o Brasil é considerado Dar-al-Muahadah (terra de tratado)35 e talvez,
por isso, festas como a caipira-árabe, realizadas na comunidade de San-
to Amaro, adicionem outros elementos como as danças coletivas (dabke)
e as quadrilhas realizadas em festas juninas.
O terceiro e último ponto: as festas intensificam os circuitos energi-
zados. O circuito, conforme nos aponta Magnani, apresenta
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Notas
1 Agradeço aos amigos psicólogos Arialdo Germano, Tommy Akira Goto, Rodrigo
Todelo, Beatriz Caruncchio e Roberto Guerreiro, por compartilhar comigo essa
temática tão cara à psicologia, aos amigos do Napedra, pela troca constante, a Janine
Collaço, pela leitura cuidadosa deste artigo que agora se revela menos obscuro, e a
Sylvia Caiuby Novaes, pelas infinitas leituras de meus textos.
2 Doutora e mestre em Antropologia Social pela USP, pesquisadora do Grupo de
Antropologia Visual (Gravi) e Núcleo de Antropologia da Performance e do Dra-
ma (Napedra). Diretora dos documentários Allahu Akbar, Sacrifício e Vozes do Islã.
www.lisa.usp; fcbf@usp.br
3 São cinco os pilares do Islã: Shahada – professar que não há Deus senão Deus, e o
profeta Muhammad é seu mensageiro –; fazer cinco orações diárias; pagar o Zakat,
que equivale a 2,5% da renda anual; fazer o jejum do mês do Ramadã; Hajj –
peregrinação a Meca.
4 A primeira e maior festa do Islã é o Eid Fitr (Festa do Desjejum), que acontece ao
final do mês do Ramadã, mês do jejum.
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tica da religião e dos costumes islâmicos é permitida no nosso território, não ha-
vendo perseguições ou outro tipo de discriminação mesmo os muçulmanos sendo
minoria religiosa.
36 Segundo Turner, o momento em que os profetas se afastam da estrutura social do
cotidiano corresponde àquele em que surge a experiência da communitas (1974a,
p. 138). A communitas surge espontaneamente, motivada por valores, crenças ou
ideais coletivos. Nesse sentido, é considerada como uma antiestrutura, o que não
significa, para o autor, ausência de estrutura, mas uma forma de organização social
alternativa que emerge momentaneamente nos interstícios da sociedade. Ela con-
siste, segundo o autor (id., p. 161), em uma relação entre indivíduos concretos,
históricos e idiossincráticos. Turner diz que os profetas, assim como os artistas,
tendem a ser pessoas liminares ou marginais.
37 Oração de sexta-feira.
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ABSTRACT: In this article I would like to explore the multiples senses that
muslins attributes to the sacrificial goat at the Feast of Sacrifice, Eid Adhha,
one of the most important celebrations of the Islamic calendar, second only
to Ramadan. This sacrifice is here analyzed from the perspective of D.W.
Winnicott´s psychoanalytical theory, as a sort of transitional object, “not
me” and “not not me”, the latest also supported by Richard Schechner when
focuses the actor’s experience. The idea developed here is to demonstrate
that the goat occupies the devotee’s place and establish an analogy between
the goat sacrifice and the sacrifice of the one that is a muslin.
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