Descemetocele No Olho Esquerdo de Equino

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 3

Ciência Animal, v.28, n.4, p.56-58, 2018.

Edição Especial (V CESMEV)

DESCEMETOCELE NO OLHO ESQUERDO DE EQUINO

(Descemetocele in equine left eye)

Carlos Donato Barbosa Alves JUNIOR1*; Ana Carolina Soares SALES2;


Matheus Pereira Peixoto LIMA1; Samuel Orranes Lira LEITE1
1
Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Av. Dr. Silas Munguba,
1700, Campus do Itaperi, Fortaleza-Ce. CEP: 60.740-000; 2Centro Hípico Harafah.
*Email: carlosjunior1122@hotmail.com

ABSTRACT
The objective of this report is to describe a case of descementocele resulting from facial
paralysis in a male equine of the Brazilian equine breed. The patient was admitted to the
Veterinary Center of the Harafah Horse Riding Center, presenting a head trauma and
difficulty in locomotion and balance. Through anamnesis and complementary tests, it was
reported that the animal had Otitis media due to infection with Coagulase positive
Staphylococcus. As a consequence of this disease the animal in question presented a facial
paralysis of the left side and with this a paralysis in its eyelids, damaging the lubrication of
the left eye of the animal, thus causing ulceration of the penultimate layer of the cornea,
evidencing a Descementocele. In view of this, the horse was referred to a treatment with
antibiotics and medication support, as a form of treatment. This report emphasizes the
importance of a rapid and correct diagnosis of this disease, which was determinant for the
establishment of appropriate treatment and recovery of the animal in question.
Key words: Descementocele. paralysis, equine.

INTRODUÇÃO
As doenças oftalmológicas têm diversas etiologias e podem comprometer em
maior ou menor grau a visão dos equinos. Essas doenças podem afetar todas as estruturas
do olho ou cada uma delas de maneira individualizada. O tratamento e a recuperação do
paciente dependem do agente etiológico, da estrutura ocular envolvida, da gravidade e da
cronicidade do caso (LAVACH, 1990).
A córnea é formada por 6 camadas sendo elas a película lacrimal pré-corneal, o
epitélio anterior e a membrana basal, o estroma, a membrana de Descemet (penúltima
camada) e o endotélio. Em ulceras profundas, em que o estroma está lesionado, a
membrana de Descemet se projeta para frente agindo em defesa da córnea para preservar o
globo ocular. Descemetocele são úlceras profundas em que a membrana de Descemet está
exposta, e as camadas da córnea, membrana basal e estroma estão comprometidas, sendo
necessária a intervenção cirúrgica como tentativa de manter o bulbo ocular, para recobrir a
lesão, fornecer proteção mecânica e elementos para a defesa da córnea e subsídio para sua
recuperação (JACINTO et al., 2016).

*Endereço para correspondência:


carlosjunior1122@hotmail.com
56
Ciência Animal, v.28, n.4, p.56-58, 2018. Edição Especial (V CESMEV)

A importância das enfermidades oftalmológicas reside no fato de que dependendo


do grau de comprometimento da visão o animal pode vir a ser inutilizado para o trabalho a
que se propõe (LAVACH, 1990).

MATERIAL E MÉTODOS
Foi atendido no Centro Veterinário do Centro Hípico Harafah, um equino, macho,
castrado, da raça Brasileiro de Hipismo, com quinze anos de idade e pesando
aproximadamente 600 kg de peso corporal. No terceiro dia do relato o animal desenvolveu
uma paralisia da face esquerda, que juntamente com o antibiograma e com a cultura
bacteriana da secreção auricular, foi possível fechar o caso como Otite média. Porém,
devido a paralisia facial o animal ficou com as suas pálpebras do olho esquerdo também
paralisadas, o que resultou em uma falta de lubrificação daquele olho. Após três dias da
paralisia, foi realizado o teste de Fluoresceína Sódica 1%, onde ficou comprovado que o
olho esquerdo do equino se encontrava ulcerado.
Diante disso, foi iniciado o tratamento com os seguintes medicamentos: Colírios
anti-inflamatórios e Antibióticos, 2 gotas, TID; Pomada Antifúngica, BID e com soro
autólogo, 0,5ml, BID. No dia 30 após a paralisia facial, a úlcera se desenvolveu
rapidamente, causando uma projeção da membrana de Descemet, com o objetivo de
defender a córnea para preservar o globo ocular. Diante desse fato, foi iniciado o
tratamento com Agrosil, 1frasco, SID, IM, durante sete dias. Foi interrompido o uso dos
colírios e da pomada, permanecendo apenas o soro autólogo, agora na quantidade de 1ml,
BID.
Durante os dias seguintes foi notório a melhora no aspecto visual do olho do
animal, porém o mesmo acabou perdendo a visão daquele olho, e por vontade da
proprietária não foi realizada a enucleação deste. No dia 50 após a paralisia facial, a
utilização do soro autólogo foi cessada e o animal foi liberado do tratamento para
Descemetocele.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso do teste de Fluoresceína Sódica 1% é essencial para a verificação da
presença ou não de úlceras na córnea de animais domésticos (GILBER, 2005), teste esse
que foi realizado no relato logo após a percepção da não lubrificação do globo ocular do
equino pela terceira pálpebra, obtendo um resultado positivo.
Segundo Maggs et al. (2008), o tratamento com medicamentos antibióticos e
antifúngicos faz parte do protocolo inicial para o tratamento de Descemetocele e de outras
lesões no globo ocular, assim condiz com o colírio antibiótico e com a pomada antifúngica
utilizadas inicialmente no relato.
O objetivo do tratamento quando ocorre uma Descemetocele é o da
autorregeneração daquela camada de tecido e células. Porém devido a ocorrência de
inflamações crônicas, existe a necessidade de um suporte que diminua a inflamação

*Endereço para correspondência:


carlosjunior1122@hotmail.com
57
Ciência Animal, v.28, n.4, p.56-58, 2018. Edição Especial (V CESMEV)

naquela região, por isso a escolha pelo colírio anti-inflamatório. O uso do soro autólogo
também mostrou eficiência in vivo na cicatrização da membrana Descemet (SLATTER,
2005), justificando assim o uso desse soro no animal do relato.

CONCLUSÃO
Devido a uma elevada casuística na clínica médica de equinos, as lesões de
córnea, em especial as Descemetoceles, possuem uma grande importância devido ao seu
mau prognóstico de cegueira quando o diagnóstico é tardio. Sendo diagnosticado com
precocidade e associado a medidas de tratamento eficientes, os animais acometidos com
essa doença têm alta possibilidade de cura.

BIBLIOGRAFIA
LAVACH, J.D. Large animal ophthalmology. St Louis: Mosby, 1990. 395p.
JACINTO, K.D.; RODRIGUES, B.M.; XAVIER, N.S.P; CAMPOS, W.N.S.;
TRAVAGIN, D.R.P. Flap conjuntival para tratamento de descemetocele em cão: relato de
caso. CONCCEPAR. 1.: Anais VII CONCCEPAR: Campo Mourão, PR.
GILGER, B.C. Diseases of cornea and sclera In: ANDREW, S.E., WILLIS, A.M. Equine
Ophthalmology. 2ª ed. St. Louis: Elsevier Saunders, 2005. p.157-251.
MAGGS, D.J.; MILLER, P.E.; OFRI, R. Fundamentals of Veterinary Ophthalmology. 4ª
ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2008. p.175-202.
SLATTER, D. Fundamentos em oftalmologia veterinária. 3ª ed. São Paulo: Roca, cap.11,
p.283-338, 2005.

*Endereço para correspondência:


carlosjunior1122@hotmail.com
58

Você também pode gostar